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que a citada lei – muito embora originalmente aprovada por maioria simples – ostenta
eficácia passiva de lei complementar. Explico: a Lei no 4.320/64 foi promulgada ao
tempo da Constituição de 1946; no entanto, com o advento da ordem constitucional
posterior, qual seja, a Constitução de 1967, o texto constitucional passou a exigir
fossem as normas gerais de Direito Financeiro veiculadas por lei complementar.
Ora, como o diploma que estabelecia as normas gerais de Direito Financeiro já
existia, a Lei no 4.320/64 foi recepcionada com eficácia passiva de lei complementar.
Noutros termos, houve uma complementarização impulsionada pelo fenômeno da
recepção, ocasião na qual a lei em comento passou a ostentar eficácia passiva de lei
complementar. Anos mais tarde, com a promulgação da Constituição da República
de 1988, a situação torna a se repetir, na medida em que semelhante exigência fora
mantida, circunstância que ensejou a recepção da Lei no 4.320/64 sob o status de lei
complementar. Na prática, pois, é de se notar que o diploma legal em questão só é
passível de ser alterado por intermédio de lei complementar.
Ainda no que concerne à Lei no 4.320/64, merece menção o fato de que a mesma
encontra-se na iminência de sofrer revogação. Isto porque, há alguns anos, vem
tramitando no Congresso Nacional projeto de lei complementar tendente a imprimir
concretude ao comando inserido no art. 165, § 9o, da Costituição. Com efeito, esse
dispositivo, consoante já mencionado, propugna seja editada lei complementar que
verse sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização
das leis orçamentárias; em suma, uma lei complementar cujo desiderato seja o de
estruturar o Sistema Orçamentário Brasileiro. Difícil crer, mas a lei complementar
em comento, a despeito de sua inegável relevância, ainda não existe, razão por que,
enquanto a mesma não advier, a Lei no 4.320/64 se encarrega de suprir esta inaceitável
lacuna.
Entretanto, os esforços do Congresso Nacional, no sentido de preencher o
comando inserto no § 9o do art. 165, são alvissareiros, relevando destacar a existência
de projeto de lei em estágio avançado – cuja iniciativa atribui-se ao então Senador
Tasso Jereissati –, o qual chegou a ser unificado com o projeto de outro ex-senador,
Renato Casagrande. Não custa aclarar que ambos os projetos – então unificados –, após
a aprovação, culminarão no que já vem sendo chamado de Lei de Responsabilidade
Orçamentária (LRO). Sendo assim, a Lei de Responsabilidade Orçamentária, cujo
projeto, repise-se, há alguns anos tramita no Congresso Nacional, revogará a vetusta
Lei no 4.320/64, imprimindo, enfim, concretude ao comando inserido no § 9o do
art. 165.
Diploma legal igualmente relevante é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
Lei Complementar no 101/2000, que, versando sobre normas gerais de finanças
públicas, foi fundamentalmente concebida de sorte a que se cumprisse o comando
consubstanciado no art. 169 da Constituição, o qual determina que a despesa com
pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
1.1.3. Orçamento
1
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 73.
cuja integração harmoniosa é a pedra de toque, devendo tais leis, ainda, se coadunar
com o planejamento global preconizado pelo art. 165, § 4o, da Constituição. As receitas
públicas e as despesas devem realizar-se seguindo os moldes preconizados em planos
anuais e plurianuais, resultado do que propugna o princípio do planejamento ou da
programação.
A tripartição do planejamento orçamentário pressupõe que a Lei Orçamentária
Anual deva respeitar as Diretrizes Orçamentárias, consonando ambas com o Plano
Plurianual.
As leis orçamentárias são de iniciativa vinculada, porque a autoridade que tem o
poder de iniciativa sobre elas, o chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1o, II, “b”/CR),
deve remeter o projeto do orçamento ao Congresso Nacional dentro do prazo previsto
pelo legislador. Tais leis são controladas pelo Poder Legislativo mediante a aprovação
de projeto de lei, existindo, porém, a possibilidade de o Poder Legislativo emendar tais
projetos.
O Plano Plurianual – vocacionado a viger por quatro anos – é um planejamento
conjuntural de longo prazo com vistas ao atingimento do desenvolvimento econômico,
devendo ser remetido à analise do Poder Legislativo em até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro, conforme proclama o art. 35, § 2o, I,
do corpo transitório da CRFB/88 – até que advenha a lei complementar pugnada
pelo art. 165, § 9o, da Carta Magna. É por intermédio do PPA que o Poder Executivo
expõe sua decisão sobre como e onde gastar, revelando o que considera indispensável
não só ao suprimento dos anseios da coletividade, mas também à diminuição das
desigualdades que acentuam o abismo entre as regiões do País. O PPA se estende
do segundo ano de mandato do governante até o primeiro ano de mandato do
governante vindouro. O propósito almejado pelo legislador é o de que plano desta
magnitude – responsável por orientar os investimentos a serem realizados pela
iniciativa privada – não sofra solução de continuidade, isto é, não oscile ao sabor dos
ventos e das contingências políticas ocasionais. No entanto, a via é de mão dupla:
cumpre atentar que, caso não encampada pelo novo Governo a programação esmiuçada
quando da elaboração do PPA anterior, o imobilismo será a marca do Governo da
ocasião, uma vez que a execução do orçamento suportará os efeitos gerados pela
falta de tempo para que sejam avaliadas as prioridades do País, substratos do PPA.
Firme no objetivo de galgar à estabilidade econômica, o PPA aborda as metas fiscais a
serem atingidas por tipo de programa e ação, bem como lista as despesas de duração
continuada, condicionando toda a programação do orçamento ao planejamento de
longo prazo. Nenhum investimento que ultrapasse o ano financeiro pode ser iniciado
sem estar previsto no PPA ou amparado por lei autorizativa, ex vi do disposto no art.
165, § 1o, da CRFB/88, de modo que o plano impõe ao Poder Público – não se trata
de mera sugestão – limites à sua atuação intervencionista e parâmetros à programação
que implique despesas e receitas vinculadas a mais de um exercício2, fato que cerceia
2
TORRES, Ricardo Lobo. O orçamento na Constituição. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário. 2. ed.
Rio de Janeiro: Renovar, 2000. v. V, p. 64.
3
A LRF, em sua dicção original, previa a inserção de um Anexo ao PPA, bem como o prazo de sua remessa ao Poder Legislativo.
Todavia, o então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso vetou tais previsões, sob a alegação de que os prazos
consignados em lei eram demasiadamente restritos e de que o Anexo de Políticas Fiscais confundia-se com o Anexo de Metas
Fiscais, peça integrante da LDO. Destarte, os prazos de tramitação legislativa do PPA continuam sendo os prescritos nas
Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais.
4
Com efeito, a função econômica é a incumbida de apresentar alternativas voltadas à compatibilização da arrecadação com
os gastos, com vistas ao desempenho adequado das funções do Estado, não sufocando as forças produtoras com os gastos
da máquina administrativa.
ter havido avanços. No entanto, a LRF falhou ao não esmiuçar o conteúdo do Anexo
de Metas Fiscais, especificando, por exemplo, que as prioridades devem ser arroladas
conforme seu grau de importância, mesmo porque as prioridades – como bem se
sabe – remanescem sujeitas a gradações. Consoante o acima esposado, após o advento
da LRF, não é errôneo atribuir à LDO o caráter de vetor do processo de planejamento,
haja vista que, a despeito do conteúdo que lhe fora imposto pela Carta Magna, o
novel diploma mostrou-se pródigo no que concerne às atribuições a serem assumidas
pelas Diretrizes Orçamentárias. Diante dessa ampliação, o texto da LDO passou a
albergar regras atinentes não só aos critérios de elaboração da LOA, mas também
regras destinadas a definir a forma de utilização e o quantum da reserva contingencial
a ser utilizado, além de ter sido alçada essa lei à sede da fixação do índice de preços
para fins de recomposição monetária do valor da dívida mobiliária refinanciada, sem
descurar da disciplina de programação financeira e do cronograma de execução mensal
de desembolso, dentre outras funções lá arroladas5.
No outro extremo, está a Lei Orçamentária Anual, a qual versa acerca do
Orçamento Fiscal dos três Poderes, órgãos e entidades da Administração Direta
e Indireta, do Orçamento de Investimento das empresas estatais e do Orçamento da
Seguridade Social (princípio da universalidade), tendo como função a compatibilização
com o PPA. A LOA, consoante já se firmou, visa a executar em cada exercício o
planejamento a longo prazo, consubstanciado no PPA, nos moldes do art. 165, § 5o,
da CRFB/88 e do art. 5o da LC no 101/2000. A LOA deve estar pronta no dia 1o de
janeiro, sendo certo que o seu projeto deverá ser encaminhado até 4 meses antes do
fim do exercício, conforme reza o art. 35, § 2o, III, do ADCT.
Muito embora se concretize através de três documentos diferentes, que se
harmonizam e se integram finalisticamente, o orçamento é uno. De feito, nos
moldes do que preconiza o princípio da unidade, a peça orçamentária há de ser única,
abarcando todos os gastos e receitas, consoante dispõe o art. 165, § 5o, da Constituição
da República, de sorte a imprimir a devida unidade à orientação política no que se
refere aos objetivos nela plasmados.
Meio através do qual o Estado busca obter fundos. Nos termos aventados por Luiz
Emygdio F. da Rosa Junior6, o crédito público tem a ver com a faculdade de que é
dotado o Estado de obter, em empréstimo, recursos de quem deles dispõe, assumindo,
em contrapartida, a obrigação de restituí-los nos prazos e condições fixados; nada mais
é do que um contrato de empréstimo público, através do qual o Estado complementa
a sua receita. Destarte, os empréstimos públicos são operações pelas quais o Estado
recolhe no mercado externo e interno os recursos, assumindo a obrigação de reembolso
5
MATIAS PEREIRA, José. Finanças públicas: a política orçamentária no Brasil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 153.
6
ROSA JUNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de direito financeiro e direito tributário. 19. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2006, p. 103.
a capital, acrescido de vantagens e em condições por ele fixadas nos títulos que emite.
Convém observar que tais empréstimos têm a natureza jurídica de contrato de direito
administrativo, não obstante algumas poucas opiniões doutrinárias em sentido
contrário. Alguns autores, como Kyioshi Harada7, se posicionam no sentido de que o
crédito público não se confunde com o empréstimo público, já que a noção de crédito
público seria mais ampla, possuindo dupla conotação, a envolver tanto as operações
nas quais o Estado toma dinheiro como aquelas em que fornece pecúnia.
Neste passo, a obtenção de crédito público vai se materializar através de empréstimos
às entidades públicas ou privadas, ou por meio da colocação de títulos no mercado.
Assim, o resultado das operações de crédito em que o Poder Público aparece como
tomador configura a dívida pública, relevando frisar que remanescem excluídas do
conceito de dívida pública as dívidas que se caracterizam como dívidas – em verdade,
despesas – da Administração Pública decorrentes de preceitos constitucionais ou
legais (pagamento de servidores, aluguéis, condenações judiciais). Os empréstimos,
mesmo enquadrando-se como genuínos ingressos, perderam o caráter de medida
extraordinária, e integram o orçamento fiscal, juntamente com o pagamento de juros
e das amortizações, sem qualquer ofensa ao princípio da exclusividade em matéria
orçamentária, disposto no art. 165, § 8o, da Carta Magna.
Imperioso sublinhar que, ao se dirigir ao mercado, em competição com outros
investimentos, o Estado acaba por suportar a fixação das condições do empréstimo pelo
credor.
1.2. Finalidade
7
HARADA, Kyioshi. Direito financeiro e tributário. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 117-118.
1.3. Conceito
8
FRANCO, António L. de Souza. Finanças públicas e direito financeiro. 4. ed. Coimbra: Almedina, 1998. v. I, p. 41.
9
Ibid., p. 13.
Gabarito: E).
Gabarito: D).
Justificativa:
A) Errado
Art. 24, da CRFB/88: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II – orçamento;
B) Errado
Art. 30, da CRFB/88: Compete aos Municípios:
I – legislar sobre assuntos de interesse local;
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
C) Errado
Art. 99, § 3o, da CRFB/88: Se os órgãos referidos no parágrafo 2o não encaminharem as
respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de
acordo com os limites estipulados na forma do parágrafo 1o deste artigo (Incluído pela
Emenda Constitucional no 45, de 2004).
D)Certo
E) Errado
A LC no 101/2000 (LRF) estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
A Lei no 4.320/64 estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal.
Gabarito: A).
Justificativa:
Art. 24, da CRFB/88. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
Art. 24, § 3o. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
Gabarito: A).
Justificativa:
a) É a incorreta. Art. 167, VI e § 5o, da CRFB/1988, incluído pela EC no 85/2015.
b) Correta. Art. 167, V, da CRFB/1988.
c) Correta. Art. 167, IX, da CRFB/1988.
d) Correta. Art. 167, VIII, da CRFB/1988.
e) Correta. Art. 28, caput, da LRF.
Gabarito: B).
Justificativa:
a) Errada. Art. 6o da Lei no 4.504/64.
b) Correta. Art. 2o, § 2o, do Dec. no 91.152/85.
c) Errada. Art. 6o, § 1o, da Lei no 4.594/64.
d) Errada. Art. 10, X, a, da Lei no 4.594/64.
e) Errada. Art. 1o, V, da Lei no 4.594/64.
Gabarito: B).
d) No que diz respeito ao controle exercido sobre as contas, o Tribunal de Contas tem
a incumbência de julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, mas não as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
prejuízo ao Erário Público.
e) O conteúdo dos controles sobre despesas públicas concentra-se em torno dos princípios
da legalidade, da legitimidade e da economicidade, inclusive quanto à aplicação das
subvenções e renúncia de receitas.
Gabarito: E).
Gabarito: D).
Gabarito: D).