justiça particular (justiça na relação entre as partes) e justiça universal (justiça que envolve o todo, ou seja, a legislação e toda comunidade por ela protegida). Virtude: livro Ética a Nicomaco. O justo seria para ele o meio termo entre o excesso e a falta. Ex) alimentação e o chafariz – rio Amazonas.
a- Na perspectiva universal, a justiça é tomada no
sentido lato. O respeito à lei é a característica desse justo.A lei produzida na polis é diretamente relacionada com o justo.Uma má lei não é lei.Sendo lei somente a lei justa. Logo, a justiça nesse sentido não deixa de ser o cumprimento da lei. b-Justiça em sentido particular: Na sua apreensão especifica, considera-se justiça a ação de dar a cada um o que é seu. A justiça, assim, compreende uma ação de distribuição. Permite distribuir de modo justo os bens da sociedade. Subdivide em: b.1)Justiça distributiva: trata-se da justiça entre sociedade e particulares. Deve ser criada de modo proporcional. Nela se insere a importância do mérito (avaliação subjetiva do merecimento ou não de benefícios) para se fixar a justiça na distribuição dos bens. Ex) distribuição de medicamentos entre a população.
Essa justiça utiliza como parâmetro o dar a cada
um de acordo com o seu mérito. Aristóteles reconhecia que a justiça da distribuição é uma proporção. A proporcionalidade caracteriza o justo e a sua falta é o injusto. Ex) um professor será justo em sua correção quando distribuir notas de acordo com uma proporção, tendo por vista o mérito.De uma prova com 5 questões valendo cada uma 2, o aluno que acerta 4 ganhara 8. O aluno que acerta duas questões ganhará 4.Qualquer nota diferente dessa rompe com a proporção entre mérito e suas notas.Essa distribuição meritória da nota demonstra a justiça do professor.
b.2) Justiça corretiva: Aqui ela é tratada como uma
reparação do quinhão que foi, voluntariamente ou involuntariamente, subtraído de alguém por outrem.A perda de alguém corresponde uma correção equivalente. Ex) as questões de ordem penal.Aqui a distribuição seria aritmética, pois devolvo, apenas, aquilo que foi acrescido a alguém.
Observe que as duas espécies de justiça foram
incorporadas à noção do direito publico e do direito privado. A distribuição por mérito seria típica do primeiro. A segunda de ressarcimento seria típica do direito privado.
O justo para Atristóteles trata-se enquanto
proporção matemática entre aqueles relativamente iguais. Aplicar o critério da proporção entre os dessemelhantes resultaria em injustiças.
Como exemplo, um professor ao aplicar a mesma
prova à mesma turma e apurar as notas de acordo com o mérito é considerado justo. Mas, se ele aplicar a mesma prova a alunos universitários e a alunos do pré-primario, não será justa, pois o aluno pré-primario não poderá ser medido pelo mérito, pois sequer é alfabetizado. Assim, ficam de fora as mulheres, escravos, os filhos do âmbito d eaplicaçao do justo. A justiça, assim, mede-se entre os cidadãos do polis. Passa a ser, portanto, uma medida da elite.
Logo, só há como pensar em justiça num espaço
sem carência e sem excesso. A esse espaço ele chama de meio-termo, que é variável, a depender do tempo e lugar. Ex) alguém as margens do rio Amazonas delibera construir um chafariz em seu quintal. Esse ato mostra-se junto, pois há na região uma abundancia de água, capaz de não representara carência de ninguém. Diferentemente, se eu quiser construir esse chafariz no deserto do Saara.
Resumidamente pode-se dizer que o justo para
Aristóteles refere-se apenas aos cidadãos, livres e iguais entre si.
A justiça para Aristóteles é um agir. A justiça,
nesse sentido, é uma virtude que se revela pela ação. Ex) um juiz que conhece o justo, mas não o aplica concretamente não é justo. Equidade => A reflexão aristotélica sobre justiça culmina no livro V da Etica a Nicomaco, com exaltação da equidade.
Equidade significaria avaliar o justo no caso
concreto, visto que a lei possui um caráter geral e abstrato.
Para ele acima da justiça da lei, há justiça do caso
concreto, do bom julgamento de cada caso. A essa adaptação do geral ao especifico dá ele o nome de equidade.
Sendo a lei uma previsão ampla, a equidade atua
na omissão dela, estendendo o justo ate as minúcias.Nesse sentido, dizia o filosofo não pode ser o homem justo um mero cumpridor cego das normas, sem se atentar para as especificidades do caso concreto.Assim,a justiça de Aristóteles é humana, pois visa entender a fundo cada situação e, não, mero aplicador da lei como prega os positivistas.
Por fim, trazendo para o presente as ideias do
filósofo, uma grande colaboração que ele deu foi fornecer os fundamentos filosóficos para as AÇÕES AFIRMATIVAS, visto que elas se assentam na distributividade de bens sociais. i) cotas, distribuição de medicamentos, etc.
Em sua obra Racionalidade Pratica - livro I
destaca três tipos de raciocínio, o prático, o teórico e o poiético (ou das artes).
Raciocínio prático => Se atém a forma (formula).
Parte de uma abstração, cujo resultado será sempre o mesmo (certeza). Conhecimento científico Ex) a matemática 2+2=4
Raciocínio teórico => aqui entra o Direito. Leva em
consideração a matéria e a vontade do agente. O agir prático em relação ao outro (alteridade). Ex) homicídio 6-20anos.
As penas mudam de caso para caso, isso devido à
valoração da matéria. Ex) Agravante. Quem vai ponderar isso? O juiz. Então, necessariamente, a pena será imposta, mas o quantum dela vai variar dentro da discricionariedade do juiz. Claro que dentro dos limites da lei. O juiz aqui é reconhecido pela sua capacidade de agir com relação ao outro e não de abastrair (caso contrário a pena seria sempre a mesma).
Racionalidade poiética=> leva em consideração a
obra criada/ coisa exterior.Ex) um arquiteto é reconhecido pela sua obra.
Idade Média
História
Alguns preconceitos desse período merecem
destaque:
- Id. Média como a Idade das Trevas
(violento/corrupto). Isso ocorreu pode-se dizer com mais ênfase no sec. XX e não aqui.
Pelo contrario, foi nesse período que coisas
boas surgiram como as grandes religiões a islâmica e a ortodoxa, as universidades, os hospitais, musica, etc.
- Idade Média como a Idade bela (visão
romântica). Onde não havia problemas. Todos eram felizes, viviam no campo... Visão equivocada, pois houve servidão/inquisição, p.ex. Filosofia medieval 1. Santo Agostinho de Hipona (354 - 430)
Um dos precursores do movimento chamado
PATRÍSTICA (pais da igreja católica), aqueles que desenvolveram os fundamentos da igreja católica romana. Afriacano. Por um tempo foi maniqueísta (religião, onde o bem estava na alma e o mal no corpo) Mais tarde converteu-se ao cristianismo e aos 37 anos tornou-se sacerdote. Influenciado por Platão (mundo das ideias), porem o enxerga de maneira cristianizado. - critica feita a Platão: Pela razão, somente, não se chega a verdade. É preciso ter fé. Observe a relação de Agostinho com a igreja católica: bem x mal Justiça ? Defendia uma concepção de justiça na qual tudo estava baseado na dicotomia bem/mal, alma/corpo, divino/humano, absoluto/relativo etc. Assim, se a lei humana se encontrasse desenraizada de sua origem, seu destino só pode ser o erro e o mau governo das coisas humanas. Se o homem, por outro lado, se deixar inspirar divinamente, seus atos e instituições prosperarão. Não pecará.
Problema central da filosofia medieval:
FÉ x Razão Verdade está na fé. A fé nos ilumina, nos leva a verdade Ampara a fé
- Seus pensamentos podem ser divididos em 6
ideias:
1°- Anterioridade do amor
Quando o homem estava no pecado ele estava buscando o amor. Ou seja, antes de encontrar Deus, buscava-se o amor nos vícios terrestres. Porem, o amor verdadeiro só existe ao encontrar Deus. 2°) Por que o cristão é mais livre que o pagão?Qual é a idéia de liberdade no cristianismo? Liberdade => fazer o que se quer fazer.Nossa vontade e desejos nos inclina a fazer o que nos dá vontade. Difere Liberdade para os cristãos => a religião nos libertaria desses desejos, o que nos impediria de cairmos no pecado. 3°) A fé precede a razão A fé ilumina a razão e nos leva a verdade absoluta (‘’iluminação de Sto Agostinho”) A razão não é por ele desvalorizada. Mas, sozinha é incompleta, não é nada.A fé que está na alma humana iluminara a razão. 4°) Se Deus é perfeito, por que existe a maldade no mundo? Mal? Não é / não é substancia/ não foi criado por Deus Física = frio? Ausência de calor = escuro? // de luz. Logo, a maldade não é criada por Deus. 5°) O que Deus fazia antes de criar o mundo? Por que ele criou o mundo? “ANTES de Deus criar o mundo.. => não existiu o antes, pois não existia o tpo, pois este foi criado por Deus. E como não existiu o antes, não houve motivo. O mundo foi criado por ato livre do amor de Deus. 6°) Historia não é cíclica, como dizia Aristóteles. Para Agostinho ela tem inicio- meio- fim. Como principio dos homens tem-se o pecado original – Cidade dos homens - , com o encontro com Deus caminhamos para a Cidade de Deus (juízo final). Justo? O justo para ele é uma graça divina e, portanto é imutável. Nesse sentido, seus conteúdos de justiça e injustiça são os mesmos para todos os povos e tempos. A lei seria reta e eterna, já que viria de Deus. Em suma para Agostinho a fé é o meio fundamental de acesso a virtude e ao justo. 2. Tomás de Aquino
Separa fé da razão. Por meio da razão ele buscou
mostrar a fé. Ideia de Deus é confusa, daí a importância de se pensar com a razão, para compreender a existência de Deus. Tomas de Aquino é um neoaristotélico. Ele foi o grande expoente da ESCOLÁSTICA, um movimento de racionalização do cristianismo com forte ênfase na dialética como método de conhecimento.
Em sua obra magna, a Suma Teológica, São
Tomás partiu do pensamento Aristotélico, admitindo uma ordem natural do mundo, abaixo da ordem divina. Foi um teórico da igreja católica responsável por reabilitar a razão e a ciência como preocupações fundamentais. Dessa forma, para Tomas os atos e a razão passam a ter papel relevante.De modo, que a fé e razão se dialogam numa relação de complementaridade. Justiça? Realização do bem comum. Para ele, o papel do Estado é realizar o bem comum. Se não promover esse objetivo, não pode ser considerado como uma forma justa de organização do poder político. Para Tomas de Aquino existem leis:
a- Divinas – criadas por Deus. Só ele conhece.
b- Universeais – leis eternas que se perpetuam no tempo. Ex) as arvores crescem. Chove. Os animais se reproduzem, etc. c- Natural – Inscrição divina dentro de nós, que nos faz desejar o bem e evitar o mal. Buscamos sempre nos comportar fazendo o bem. É natural, pois é da essência do ser humano criado POR DEUS. Ser humano tende a criar boas leis. d- Humana- leis criadas pela convenção humana de como devemos nos organizar em comunidade. Ex) Brasil todos motoristas dirigem na esquerda.
A fonte do bom e justo passa a ser fruto da razão.
Ex) Os dtos humanos, a dignidade da pessoa humana, igualdade, por exemplo, são frutos da nossa razão e não de Deus. Ex) o mais importante para o dto é proteger a vida? Vcs concordam? Sim, pelo fundamento da razão. Foi Deus quem deu essa razão? Não. A razão humana nos dá o padrão do comportamento, do justo e bom. Ética: ser ético é agir de acordo com os padrões divinos (ética teocêntrica). A Teoria do duplo efeito é uma tese da filosofia moral, normalmente atribuída a São Tomás de Aquino. Ela visa explicar em que circunstâncias é permitido tomar uma ação tendo ao mesmo tempo consequências positivas e negativas (ou seja, um duplo efeito). Ela enuncia diversas condições necessárias para que uma ação possa ser moralmente justificada mesmo quando comporte um efeito ruim: A ação deve ser ela mesmo boa ou moralmente neutra; O efeito positivo deve resultar do ato e não do efeito negativo; O efeito negativo não deve ter sido diretamente desejado, mas deve ter sido previsto e tolerado; O efeito positivo deve ser mais forte que o negativo, ou ainda, ambos devem ser iguais. Em suma, esta tese sustenta que existem situações onde é justificado produzir uma consequência ruim se ela é apenas um efeito colateral da ação e não intecionalmente buscado. Um submarino é torpedeado em uma guerra. Um dos compartimentos começa a encher-se de água. O comandante imediatamente manda que fechem a escotilha, a fim de que a água não invada o restante da embarcação. Ao fazer isso, porém, dez tripulantes que estavam no compartimento torpedeado morrem afogados. A ação de fechar a escotilha não é má em si, e nem sequer é praticada com má intenção. No entanto, ela terá como efeito inevitável a morte de dez tripulantes daquele compartimento, que serão afogados. A morte desses inocentes, causada indiretamente, não é um “meio” de salvar a embarcação. O meio é o fechamento da escotilha. Se, absurdamente, o comandante mantivesse a escotilha aberta, mas mandasse matar os dez tripulantes, não salvaria o submarino. Nesse exemplo, jamais se pode dizer que a salvação do submarino se deu por meio da morte de dez inocentes. A distinção entre meio e efeito é fundamental para que se resolvam certas questões cruciais da Bioética e do Biodireito. Muitos de nossos atos bons produzem efeitos maus indesejados, mas inevitáveis. Ao tomarmos uma aspirina para curar uma dor de cabeça, podemos causar dano ao estômago. Ao corrigirmos o próximo, às vezes ele se sente humilhado ou envergonhado. A questão do duplo efeito foi, inclusive, expressamente invocada no julgamento sobre o direito de greve dos servidores públicos: EMENTA: RECLAMAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAIS CIVIS. DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. SERVIÇOS OU ATIVIDADES PÚBLICAS ESSENCIAIS. COMPETÊNCIA PARA CONHECER E JULGAR O DISSÍDIO. ARTIGO 114, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. DIREITO DE GREVE. ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEI N. 7.783/89. INAPLICABILIDADE AOS SERVIDORES PÚBLICOS. DIREITO NÃO ABSOLUTO. RELATIVIZAÇÃO DO DIREITO DE GREVE EM RAZÃO DA ÍNDOLE DE DETERMINADAS ATIVIDADES PÚBLICAS. AMPLITUDE DA DECISÃO PROFERIDA NO JULGAMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO N. 712. ART. 142, § 3º, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO. AFRONTA AO DECIDIDO NA ADI 3.395. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA DIRIMIR CONFLITOS ENTRE SERVIDORES PÚBLICOS E ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ÀS QUAIS ESTÃO VINCULADOS. RECLAMAÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o MI n. 712, afirmou entendimento no sentido de que a Lei n. 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve dos trabalhadores em geral, é ato normativo de início inaplicável aos servidores públicos civis, mas ao Poder Judiciário dar concreção ao artigo 37, inciso VII, da Constituição do Brasil, suprindo omissões do Poder Legislativo. 2. Servidores públicos que exercem atividades relacionadas à manutenção da ordem pública e à segurança pública, à administração da Justiça --- aí os integrados nas chamadas carreiras de Estado, que exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária --- e à saúde pública. A conservação do bem comum exige que certas categorias de servidores públicos sejam privadas do exercício do direito de greve. Defesa dessa conservação e efetiva proteção de outros direitos igualmente salvaguardados pela Constituição do Brasil. 3. Doutrina do duplo efeito, segundo Tomás de Aquino, na Suma Teológica (II Seção da II Parte, Questão 64, Artigo 7). Não há dúvida quanto a serem, os servidores públicos, titulares do direito de greve. Porém, tal e qual é lícito matar a outrem em vista do bem comum, não será ilícita a recusa do direito de greve a tais e quais servidores públicos em benefício do bem comum. Não há mesmo dúvida quanto a serem eles titulares do direito de greve. A Constituição é, contudo, uma totalidade. Não um conjunto de enunciados que se possa ler palavra por palavra, em experiência de leitura bem comportada ou esteticamente ordenada. Dela são extraídos, pelo intérprete, sentidos normativos, outras coisas que não somente textos. A força normativa da Constituição é desprendida da totalidade, totalidade normativa, que a Constituição é. Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a regra. Ocorre, contudo, que entre os serviços públicos há alguns que a coesão social impõe sejam prestados plenamente, em sua totalidade. Atividades das quais dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a administração da Justiça --- onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária - -- e a saúde pública não estão inseridos no elenco dos servidores alcançados por esse direito. Serviços públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades desenvolvidas pela polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos quais a Constituição expressamente proíbe a greve [art. 142, § 3º, IV]. 4. No julgamento da ADI 3.395, o Supremo Tribunal Federal, dando interpretação conforme ao artigo 114, inciso I, da Constituição do Brasil, na redação a ele conferida pela EC 45/04, afastou a competência da Justiça do Trabalho para dirimir os conflitos decorrentes das relações travadas entre servidores públicos e entes da Administração à qual estão vinculados. Pedido julgado procedente.
(Rcl 6568, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal
Pleno, julgado em 21/05/2009, DJe-181 DIVULG 24-09-2009 PUBLIC 25-09-2009 EMENT VOL- 02375-02 PP-00736)