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O “SILÊNCIO” DE PIO XII: A IGREJA CATÓLICA NO CENÁRIO DA SEGUNDA

GUERRA MUNDIAL
1939-1945
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Thiago Augusto de Oliveira Xavier1
Elisângela Socorro Maciel Soares2
Resumo

O presente artigo tem como objetivo esclarecer quais foram as ações do Papa Pio XII e da Igreja
Católica no caótico cenário da Segunda Guerra Mundial. Ações que muitas vezes permanecem no
anonimato dando ao Papa e a Igreja a errônea ideia de que nada foi feito, por estes, durante os turbulentos
anos do conflito. Iniciamos nossa discussão com um breve panorama de como encontrava-se o mundo
terminado o primeiro conflito, seguido de uma rápida discussão sobre a situação da Igreja pós-primeira
guerra mundial. Desenvolvemos nossa plena discussão com uma pequena biografia de Pio XII e
buscamos, fundamentados pelas nossas referencias bibliográficas, mostrar as suas e as ações da Igreja
Católica durante a Segunda Guerra Mundial a fim de remover a suposta ineficácia que paira sobre ambos.

Palavras Chave: Pio XII, Igreja Católica, Nazismo, Segunda Guerra.

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Abstract

This article aims to clarify what were the actions of Pope Pius XII and the Catholic Church in the
chaotic background of World War II. Actions that often remain anonymous, giving to the Pope and the
Church the erroneous ideal that nothing was done by then during the turbulent years of the conflict. We
begin our discussion with a brief overview of how the world found itself ended the first conflict, followed
by a brief discussion about the situation of the Church post the first World War. We developed our full
discussion with a short biography of Pius XII and seek, founded by our bibliography, showing their
actions and the Catholic Church during the Second World War in order to remove the mask of
ineffectiveness hovering over the both.

Keywords: Pius XII, Catholic Church, Nazism, Second World War

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1 Acadêmico do curso de Licenciatura em História pelo Centro Universitário do Norte – UNINORTE.

2 Professora Orientadora e Mestra em História pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM.

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Introdução
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O tema para este artigo surgiu na vivência das aulas de História do Mundo
Contemporâneo, quando se explorou e abordou o cenário político vivido pelo mundo no período
entre guerras e a eclosão do segundo conflito mundial.

Notou-se que há uma enorme discussão política sobre a temática e que muito se fala na
ascensão dos líderes que estiveram diretamente envolvidos no conflito, em especial Adolf Hitler
e Benito Mussolini, bem como da ideologia fascista que os levou ao poder sendo o nazismo na
Alemanha a sua expressão máxima.

Muito se discute sobre o fim da primeira guerra e de como a Alemanha – principalmente


ela – foi penalizada pelos países vitoriosos do conflito, sendo massacrada pelo tratado de
Versalhes, que de acordo com Geoffrey Blainey, tinha um cunho mais aproveitador
economicamente, uma vez que, como aborda o autor, o tratado tinha como objetivo tirar
vantagens econômicas da Alemanha derrotada através de perdas territoriais e materiais. Também
se fala na fragilidade da República de Weimar perante ao tratado e de como fora extremamente
criticada pelos partidos oposicionistas no cenário alemão; da crise de 30, oriunda da quebra da
bolsa de Nova York em 1929 que deu margem, somada a sempre ameaça de invasão comunista,
para a ascensão de Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália; bem como das reformas e medidas
tomadas pelos dois líderes que direta ou indiretamente levaram a um conflito armado de
proporções mundiais.

Muito se fala nos males causados pela nova guerra, principalmente nas atrocidades
cometidas pelos nazistas, no holocausto, que aqui utilizamos de forma mais ampliada, para se
referir não somente aos judeus, mas a todos os que foram punidos e executados nos campos de
concentração nazista: ciganos, homossexuais, inimigos políticos, comunistas, cristãos, etc., no
conflito em si e na política que girava em torno dele.

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Pouco se fala, porém, da questão religiosa dentro desse conturbado e caótico cenário
vivenciado pela humanidade em um mundo assolado por uma guerra até então nunca vista e a
mercê de uma nova. E quando se fala, em especial ao se referir à Igreja Católica, objeto de
estudo proposto neste artigo, é de forma depreciativa, muitas vezes induzidas pela má
informação ou pela “marginalização do catolicismo”3.

Por fim, desse “silêncio” a respeito da religião, aqui centrada na figura da Igreja Católica,
surgiu à dúvida que este artigo tem como objetivo procurar esclarecer: Como se comportou a
Igreja de Pedro durante o conflito mundial? Quais as ações tomadas por seus membros,
principalmente por seu líder, Pio XII – chamado muitas vezes de o “Papa de Hitler” – mediante
ao conflito?

Este artigo se enquadra no campo da História Cultural que ganhou ares com o movimento
iniciado por Marc Bloch e Lucien Febvre nos fins da década de 20 e início da década de 30 do
século XX. Em oposição a chamada história rankiana, uma história predominantemente política
centrada na narrativa dos grandes acontecimentos, na vida dos grandes homens ou das grandes
instituições, o movimento dos Annales iniciado por Bloch e Febvre na França, deu luz à uma
nova percepção de história: a de uma história problema, total e como diz Jacques Le Goff, uma
história nova, propondo uma nova forma de fazer história, alargando então os campos
historiográficos, a noção de documento histórico – que até então estava limitada aos ditos
documentos oficiais – e a própria noção de história, pois para Bloch:
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Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, por trás dos escritos
aparentemente mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas
daqueles que as criaram, são os homens que a história quer capturar. (...) o bom
historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que
ali está sua caça.4
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3Artur Mourão in HOLMES, J. Derek, BICKERS, Bernard W. A HistóriadaIgreja Católica, 2006, p.09
4 Marc Bloch – Apologia da História ou o oficio do historiador, p.54

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Por tanto, todo e qualquer ato/ação do homem no tempo, ou mesmo um vestígio por ele
deixado, se torna um objeto da história. Mesmo a história política tradicionalista combatida pelos
Annales passa a fazer parte dessa história problema.5
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E também por se dedicar a abordar a relação da Igreja Católica no cenário do segundo
conflito mundial, que não está ligada exclusivamente ao quadro social, mas também ao político,
já que durante e antes do conflito, o Papa manifestou-se sempre à favor da paz e contra as
doutrinas totalitárias e o comunismo ateu; e porque por mais que se tente negar, a Igreja Católica
contribuiu consideravelmente para a formação cultural do mundo ocidental.

Buscamos nas obras dos historiadores Erick Hobsbawm e Geoffrey Blainey, A Era dos
Extremos e Uma Breve História do Mundo nossa fundamentação para a construção do contexto
histórico do período em que nos propormos a analisar; e também nas obras de Eamon Dufy, J.
Derek Holmes e Bernard Bickers, Santos e Pecadores e a História da Igreja Católica para
compreender a inserção de nosso objeto de estudo nesse contexto, nos utilizando também da
História da Igreja de Giacomo Martina e de Henrique Cristiano José Matos em seu
"Caminhando Pela História da Igreja. Para analisar nosso objeto de estudo, além das obras já
citadas, também nos concentramos em trabalhar com as fontes disponíveis para essa construção,
em especial os periódicos do período, em especial os jornais A Tarde, de Manaus e Folha da
Manhã, de São Paulo, como também nos documentos da própria Igreja Católica, como encíclicas
e radio mensagens do papa Pio XII.

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1. O MUNDO PÓS 1ª GUERRA.

A história do mundo poderia ser escrita como uma sequência de guerras entre
clãs, tribos, nações e impérios. Inúmeras guerras, registradas ou não,
aconteceram nos últimos dez mil anos. Certamente, a paz é uma condição mais
normal que a guerra, mas a guerra e a paz estão unidas em sua causa. Assim, um
período memorável de paz depende do resultado da guerra anterior e da
imposição desse resultado. A paz entre as nações de uma determinada região é

5 Ciro Flamarion Cardoso & Ronaldo Vainfas – Domínios da História, p.77

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geralmente resultado de um acordo baseado na classificação de importância de
cada uma delas, o qual é fruto de uma guerra ou de uma ameaça de guerra6.

Para que possamos compreender as ações de Pio XII durante o seu pontificado, devemos
primeiro ter um vislumbre do contexto histórico em que ele assumiu o papado.

Eugenio Pacelli subiu ao trono de São Pedro em um mundo que comparamos a uma
panela de pressão prestes a explodir, ameaçado pela sombra de uma guerra que havia devastado
não só fisicamente o mundo, mas também psicológica e espiritualmente, e a mercê de um novo
conflito que por mais que os líderes mundiais tentassem a todo custo evitar, se tornava cada vez
mais iminente. Para Geoffrey Blainey, a segunda guerra mundial foi um resultado direto da
primeira. Como ele diz:

Sem a Grande Guerra (...) Hitler provavelmente seria desconhecido, pois foi da
amargura da derrota alemã que ele surgiu, assim como Mussolini surgiu como
ditador da Itália, principalmente por explorar a grande decepção pós-guerra de
seu povo7.

Uma das principais consequências da primeira grande guerra, o Tratado de Versalhes, é


considerado por Blainey como o grande fio condutor que levou o mundo a um novo conflito
mundial. Um tratado que para o historiador possuía a óbvia intenção de arruinar financeiramente
o estado alemão. Ele nos diz que durante as discussões em Versalhes, em 1919, por mais que se
tivessem grandes esperanças com a paz que se vislumbrava naquele momento, também estava
presente o desejo de vingança no qual muitas nacionalidades obtiveram a chance de erguer-se
como nações, como foi o caso da Polônia e da Hungria. “Foi uma festa para os cartógrafos”8,
diz Blainey.

Para o historiador Eric Hobsbawm, o Tratado de Versalhes estava fadado ao fracasso,


“condenado desde o início”9 e por isso não podia ser à base de uma paz estável, pois para ele, o
fato dos EUA, a maior potência mundial do pós-1914, se negarem a assinar o tratado e a fazer
parte da Liga das Nações, nenhum dos dois ou qualquer outro acordo que por eles não fossem

6BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo, 2ª Edição, 2007, p.192.


7Idem, p.195.

8Idem.

9HOBSBAWM, Erick. A Era dos Extremos, 1994, p.42.

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endossados não poderiam se sustentar por muito tempo. Sobre esse cenário, essa dança política
do pós-guerra, seus acordos e articulações, Hobsbawm nos diz:

(...) isso se aplicava quanto às questões econômicas do mundo quanto à sua


política. Duas grandes potências europeias, e na verdade mundiais, estavam
temporariamente não apenas eliminadas do jogo internacional, mas tidas como
não existindo como jogadores independentes - a Alemanha e a Rússia soviética.
Assim que uma ou as duas reentrassem em cena, um acordo de paz baseado
apenas na Grã-Bretanha e na França - pois a Itália também continuava
insatisfeita - não poderia durar. E, mais cedo ou mais tarde, a Alemanha ou a
Rússia, ou as duas, reapareceriam inevitavelmente como grandes jogadores.10

Retomando Blainey, percebemos que a década de 20 sofreu também com o aumento


considerável do desemprego, principalmente o urbano, uma consequência direta do conflito
como também dos “deslocamentos causados pela velocidade das mudanças”11, com o
surgimento de indústrias que desapareciam na mesma velocidade em que surgiam e a crise que se
sucedeu após a quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929, apenas acentuou ainda mais
esse quadro. Sobre a crise, Blainey nos diz:

A confiança financeira despencou, as pessoas pararam de comprar e, por


conseguinte, mais empregos foram destruídos. A taxa de desemprego subiu,
excedendo 30% em algumas nações industrializadas em 1932, seu pior ano.
Uma depressão econômica desse nível não tinha precedente; foi o empurrão de
que o comunismo e o fascismo precisavam, levando à Segunda Guerra Mundial,
que, na verdade, foi o resultado do que cada vez mais era visto como uma
Primeira Guerra Mundial inacabada12.

Percebemos uma série de fatores que fizeram da Segunda Guerra nada mais que uma
continuidade da Primeira, atentando-nos para a concepção de Eric Hobsbawm para essa guerra
continua. Para Hobsbawm, não se deve entender os conflitos como dois fatos distintos, mas uma
única guerra de 31 anos, uma guerra que definiu o “Breve Século XX” 13. Não há como
compreendê-lo sem ela, diz o historiador, pois foi um século marcado pelo conflito. Tratados e
acordos, como o de Versalhes, a Liga das Nações e a própria partilha do mundo entre as nações

10Idem.

11BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo, 2ª Edição, 2007, p.195.


12BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo, 2ª Edição, 2007, p.196.

13 O Breve Século XX é o termo usado por Erick Hobsbawm para classificar o período temporal que vai da eclosão
da primeira guerra mundial em 1914 ao copalso da URSS, os eventos que moldaram o período. Para o historiador, a
virada da década de 1980 para 1990 encerrou uma era e iniciou outra. Cf: HOBSBAWM, Erick. A Era dos
Extremos, 1994.

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vitoriosas, que tinham como objetivo efetivar uma paz duradoura entre os países do globo,
acabaram obtendo justamente o inverso do desejado, incitando a amargura e o desejo de
vingança naqueles que foram obrigados a aceitá-los. Adolf Hitler, apontado como o grande
maestro da fúnebre ópera que foi a Segunda Guerra, é um excelente exemplo do resultado destes
tratados, que como já abordamos, embora objetivassem a paz, acabaram por incitar o oposto ao,
de certa forma, oprimir as nações consideradas culpadas pela guerra.

Hitler nascera na Áustria em abril de 1889 e embora pouco se saiba sobre sua vida antes
de seu advento na vida pública após a primeira guerra, pois declaradamente assumia sentir
vergonha de suas origens humildes, além de que muito do que o próprio escreveu em seu livro,
Mein Kampf, tinha como objetivo mor sua promoção pessoal e portanto, embora valiosas, não
são fontes fidedignas. Sabe-se, porém, que o pai de Hitler foi um funcionário da alfândega e que
tivera cinco irmãos, dos quais apenas uma sobreviveu à infância.

Blainey nos diz que Hitler adquiriu parte de seu anti-semitismo em sua estadia em Viena,
quando tentou ingressar na Academia de Belas-Artes, e parte do patriotismo que “borbulhava em
Berlim quando da deflagração da Primeira Guerra Mundial”14. Alistou-se no exército alemão e
recebeu a cruz de ferro pela sua coragem na frente ocidental, sendo um dos muitos soldados
atordoados pela perda da moral em sua pátria no fim do conflito. Sentindo-se traído, Hitler
infiltrou-se na carreira política e ganhou destaque em virtude das críticas que fazia ao Tratado de
Versalhes e a República de Weimar instalada na Alemanha após o conflito. Para Hitler, o Tratado
era uma afronta ao povo alemão e a República de Weimar corrupta, ineficaz e até mesmo
covarde que se curvou perante as exigências estabelecidas pelos tratados. Hitler os acusava de
traição e os culpava pelo estado em que a Alemanha se encontrava nas décadas de vinte e trinta.
Suas críticas, que, em nossa opinião, diziam justamente aquilo que todos queriam ouvir, mas que
não possuíam – talvez – a coragem para dizer, o levaram a assumir a chefia do partido político ao
qual ele havia se afiliado após ser dispensado pelo exército e que ele reorganizaria, no que
viemos a conhecer como o partido Nazista, como Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores
Alemães. Sobre Hitler, Blainey diz que:

14BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo, 2ª Edição, 2007, p.196.

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Hitler conhecia a Alemanha; sua brilhante oratória, auxiliada pelos treinamentos
astuciosos que recebera, aquecia os corações de muitos alemães que sentiam que
sua nação e seu mundo haviam sido injustamente torpedeados em 1918. Falava
com tanta energia física e emocional que sua camisa, depois de um discurso de
duas horas, ficava encharcada de suor. O recém-inventado alto-falante e o rádio
ajudaram a difundir sua mensagem; poucos líderes de partido na Europa foram
mais velozes do que ele em lançar mão de inovações15.

Hitler soube prosperar no caos em que se encontrava a Alemanha na década de 30,


tirando proveito da crise econômica que derrubara o pífio crescimento econômico obtido pela
República de Weimar naqueles anos. “Muitos alemães viam Hitler como um defensor bem-vindo
da lei e da ordem”16. Além disso, Hitler também soube usar o medo do comunismo, que
preocupava tanto fazendeiros quanto donos de lojas, para ganhar aprovação entre a massa alemã.

No entanto, Hitler, ao contrário do que a crença popular propagou ao longo dos anos, não
foi o único responsável pela eclosão da Segunda Guerra Mundial como vimos anteriormente e
como diz Eric Hobsbawm:

(...) a situação mundial criada pela Primeira Guerra era inerentemente instável,
sobretudo na Europa, mas também no Extremo Oriente, e, portanto não se
esperava que a paz durasse. A insatisfação com o status quo não se restringia aos
Estados derrotados, embora estes, notadamente a Alemanha, sentissem que
tinham bastantes motivos para ressentimento, como de fato tinham17.

Mesmo países que terminaram a Primeira Guerra com o status de vencedores, sentiam-se
insatisfeitos com seus ganhos territoriais, como no caso do Japão e da Itália, embora esta tenha
lutado boa parte da guerra no lado oposto do front. O Japão, segundo Hobsbawm, acreditava
merecer uma fatia maior do bolo que fora repartido em 1918 no Extremo Oriente.No caso da
Itália, Hobsbawm atribui ao triunfo do fascismo à insatisfação para com os tratados de paz
assinados em 1918 e a repartição territorial realizada. Ainda com relação ao Japão, o historiador
conclui que:

(...) os japoneses tinham uma aguda consciência da vulnerabilidade de um país


ao qual faltavam praticamente todos os recursos naturais necessários a uma
economia moderna, cujas importações estavam à mercê de interferências
marinhas estrangeiras, e as exportações à mercê do mercado dos EUA. A pressão
militar para a criação de um império territorial próximo na China, dizia-se, logo

15Idem.

16Idem.

17HOBSBAWM, Erick. A Era dos Extremos, 1994, p.43.

8  
encurtaria as linhas de comunicação japonesas, e assim as tornaria menos
vulneráveis18.

Hobsbawm aponta como marco para o deflagrar da nova guerra: a invasão da Manchúria
pelo Japão em 1931; a invasão da Etiópia pelos italianos em 1935; a intervenção alemã e italiana
na Guerra Civil Espanhola de 1936 a 1939; a invasão alemã da Áustria em 1938; e as exigências
alemãs à Polônia e sua eventual invasão que de fato levaram ao início da guerra19. O historiador
também alerta para a inércia dos demais países que possibilitou essas ações e o eventual
desfecho que ocasionaram: a não ação da Liga das Nações contra o Japão; a não tomada de
medidas efetivas contra a Itália em 1935; a não reação da Inglaterra e da França contra a quebra
do Tratado de Versalhes pela Alemanha Nazista; a não intervenção das mesmas tanto na Guerra
Civil Espanhola quanto na ocupação alemã da Áustria; a recusa da URSS a se opor a Hitler e o
Pacto Hitler-Stalin de 1939.

A Segunda Guerra começou, na Europa, em setembro de 1939, embora na Ásia, o conflito


já tenha se iniciado em 1937, e torna-se uma guerra global, por fim, em 1941. E por mais que um
lado ansiasse pelo conflito e outro tentasse evita-lo, nenhum esperava pela proporção que o
conflito tomou. O Japão não contou com o apoio norte americano em sua guerra contra a China e
os generais nazistas não se imaginavam em uma guerra contra a URSS até o momento em que
Hitler ordenou a invasão do país, rompendo seu acordo com Stalin, o “pesadelo de todo general
e diplomata alemão” 20.

Uma vez que não é o objetivo desse trabalho abordar plenamente o desfecho da Segunda
Guerra Mundial, devemos voltar nossas atenções para o nosso objeto, a Igreja Católica e
ponderar sobre a sua situação dentro desse cenário pós 1918. Uma situação delicada, pois se
encontrava desapropriada de seus bens territoriais em virtude do processo de unificação da
península italiana. É, porém, necessário que se fale um mínimo possível sobre as consequências
dessa guerra.

18Idem, p.44.

19Idem.

20Idem, p.45.

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A Segunda Guerra Mundial é sem sombra de dúvida uma das maiores tragédias que
ocorreram na rica história da raça humana. O número de vidas que por ela foi ceifada é
incalculável, pois nunca antes havia se imaginado um conflito de proporções tão grandes e
massivas, uma vez que dentro desses números encontram-se não apenas os soldados que nela
lutaram, mas os civis que foram tragados da vida na ilusória segurança de suas casas – quantos
não acordaram na calada da noite com o som lúgubre das sirenes anunciando um bombardeio?

Para muitos, a guerra trouxe um novo nível de crueldade e descaso para com a vida, para
com a própria raça humana. Um descaso que muitas vezes se faz presente nas imagens dos
campos de concentração nazista divulgadas pelos aliados como propaganda antinazista em uma
tentativa de erradicar o “mal” da face da terra – ato que, para Blainey, não obteve sucesso21. Não
nos esqueçamos, porém, de que os campos de concentração não foram exclusivos da Alemanha
Nazista. Países Aliados também aderiram ao modelo de prisão em massa durante o período da
guerra. Nos Estados Unidos e até mesmo no Brasil, foram criados campos de concentração para
manter cativos aqueles estrangeiros de origem japonesa, italiana e alemã, suspeitos de atividades
antibrasileiras e/ou americanas; e na União Soviética tivemos os chamados gulags, campos de
trabalho forçado para onde se enviavam não só prisioneiros de guerra, mas também àqueles
contrários a ideologia comunista.

No campo da tecnologia, a guerra trouxe avanços consideráveis tanto em armamentos,


destacando-se nesse quadro a bomba nuclear, quanto em processamento de informações, onde
nasce o que viria a se tornar o pai dos computadores modernos. Ideologicamente, a guerra
dividiu o mundo entre o capitalismo americano e o socialismo soviético. O mesmo vale para a
economia, pois enquanto parte da Europa encontrava-se arruinada financeiramente, os Estados

21 Blainey, em seu livro – Uma Breve História do Século XX, 2006 –, disserta a respeito do motivo pelo qual o
movimento fascista, no caso o nazismo, sobrevive até os dias atuais. Para ele, não houve um esforço significativo
para conter o nazismo enquanto ideologia, mesmo que a propaganda anti-nazista nos faça acreditar nisso. De acordo
com Blainey, apenas aqueles nazistas mais próximos ao Führer foram condenados no Tribunal de Nuremberg, e com
o intuito de, de certa forma, dar uma satisfação ao restante do mundo; uma tentativa de mostrar que os ditos
culpados pela guerra não sairiam impunes de seus atos. No entanto, a condenação dos chamados hitleristas, não foi o
suficiente para extirpar a ideologia nazista do mundo, visto que após a guerra, vimos surgir os movimentos dos neo-
nazistas, skinheads e outros e não apenas exclusivos a Alemanha, mas em todo o cenário internacional. Blainey
atribui a isso ao medo dos aliados em deixar esse espaço ideologico vazio que poderia vir a ser ocupado pelos ideais
socialistas/comunistas.

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Unidos e União Soviética erguiam-se, das cinzas da guerra, como as duas grandes potências
mundiais.Por fim, sobre a guerra, Hobsbawm conclui que:

Temos como certo que a guerra moderna envolve todos os cidadãos e mobiliza a maioria;
é travada com armamentos que exigem um desvio de toda a economia para a sua
produção, e são usados em quantidades inimagináveis; produz indizível destruição e
domina e transforma absolutamente a vida dos países nela envolvidos. Contudo, todos
esses fenômenos pertencem apenas às guerras do século XX22.

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2. A IGREJA E O SÉCULO XX.

A eclosão de um conflito em proporções grandiosas como foi à guerra que se estendeu de


1914 a 1918 colocou o mundo em um período caótico, como pudemos observar. As estruturas
que forneceram a base para a sociedade do século anterior ruíram com o alvorecer do novo
século e quando a poeira da guerra baixou, pairava no ar a dúvida sobre o que o futuro havia
reservado para a humanidade.

Vimos que o período que abrange o término da primeira guerra e a eclosão da segunda é
um período de mudanças e crises. Vimos não apenas a reformulação geográfica, mas ideológica
do mundo, com o advento do fascismo na Itália e Alemanha, e a propagação do socialismo
soviético.

Foi, de fato, um período de intensa dificuldade para Pio XI, que assumiu o comando da
Santa Sé em 1922, iniciando de imediato um programa de recristianização da sociedade, uma vez
que a guerra desfizera o “mito do progresso liderado pela onipotência da razão”23.

Um dos primeiros sucessos de Pio XI a frente da Igreja é, sem sombra de dúvida, a


resolução da Questão Romana que se estendia havia anos. O papa juntamente com o líder
fascista Benito Mussolini, através de uma série de acordos oriundos de anos de conversação,
assina em 11 de Fevereiro de 1929 o Tratado de Latrão, por meio do qual é criado o Estado do

22 HOBSBAWM, Erick. A Era dos Extremos, 1994, p.51.

23 MATOS, Henrique Cristiano José. Caminhando Pela História da Igreja, 1996, p.185.

11  
Vaticano, pondo fim, então, a situação em que se encontrava a Igreja, desapropriada de um
território fixo após o processo de independência da Itália. Elisângela Maciel nos dá um panorama
rápido do documento em questão:

Em primeiro lugar, estabelecia que: o Vaticano se tornava independente com


total soberania em seus domínios; permitia linhas abertas de comunicação entre
o Vaticano e o mundo e a neutralidade em conflitos internacionais. Em segundo
lugar aparecia a definição das relações entre Igreja e Itália. E por último a Itália
se comprometia a indenizar a Igreja pela perda dos Estados Pontifícios.24

É necessário que se fale que a assinatura do Tratado foi recebida, em geral, com grande
aceitação popular, mas também com críticas, pois temia-se essa possível aproximação da Igreja
com um regime totalitário como o fascismo, já que as doutrinas e ideologias disseminadas pelo
regime totalitário iam contra a ideologia cristã disseminada pela Igreja Católica. Sobre essa
suposta aproximação, que para os críticos foi o preço a ser pago pela resolução da Questão
Romana, Giacomo Martina nos diz que:

(...) a Questão Romana já teria podido ser resolvida, então, sob um regime liberal, se
Vitório Emanuel III não tivesse dado seu veto. A responsabilidade deve ser atribuída
então não à Igreja, mas à monarquia. Em 1929, o fascismo tirou, sem dúvida nenhuma,
vantagens políticas do Tratado, ainda que este, como todos os acordos análogos, não
constituísse um reconhecimento das teorias sobre as quais o regime se apoiava.25

Essa aproximação apontada pelos críticos ao Tratado, pode ser refutada ao nos
depararmos com os momentos de tensão entre a Igreja e o Estado fascista, em especial a
repressão contra a Ação Católica em 1931 e em 1939 com a aplicação das primeiras leis raciais
que iam na direção oposta ao que fora assinado no Tratado.

A Ação Católica nasce para ser um dos principais braços que Pio XI usará no seu
processo de recristianização da sociedade, ou do aprofundamento cristão. Trata-se de um
programa iniciado pelo pontífice que convocou os leigos a militarem em prol da Igreja, muitos
dos quais, inclusive, descobriram sua vocação cristã através desse programa cujo foco principal
centrava-se na juventude, entrando assim em conflito com a chamada Ação Fascista, afinal, é
sabido que Mussolini, a fim de propagar o ideal fascista, tinha um apreço pelos jovens com o

24SOARES, Elisângela Socorro Maciel. A Igreja de Manaus, porção da Igreja Universal: a Diocese de Manaus
Vivenciando a Romanização (18292-1926), p. 62.
25 MARTINA, Giacomo. História da Igreja: De Lutero a Nossos Dias, Vol. IV, 1997, p.162.

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intento de incutir em sua mentalidade a ideologia do regime. Sendo assim, a Ação Católica surge
como um grande baluarte na luta indireta contra o fascismo, pois como diz Martina, “ainda que
em meio a desconfianças, dissensões e choques, que se encerraram com maior ou menor
rapidez, chegou-se a um modus vivendi pelo menos tolerável e em certos momentos, com
autentica colaboração e a um consenso real (...)”26, enquanto que por outro lado, esse modus
vivendi tolerável não foi tão visto na relação de Pio XI com a Alemanha nazista.

Martina alerta para o fato de que os atritos da Igreja com o nazismo nasciam quase que
das mesmas causas que tinham gerado um conflito da mesma com o fascismo italiano. Causas
como o totalitarismo do movimento, suas pretensões sobre a educação da juventude e a própria
doutrina nazista que iam completamente de encontro a ideologia do Catolicismo. A diferença, diz
Martina, foi o fato de que “na Alemanha, diferentemente do que acontecia na Itália, se levavam
até as últimas consequências práticas os princípios teóricos”27.

Pio XI lutou veemente contra o nazismo, embora muitas vezes tenha se pensado que o
papa tenha sido condizente com o regime, principalmente em virtudes da suposta ausência de
ações mais efetivas da Igreja e de seu Pontífice contra o regime. Devemos nos ater, porém, à
obrigação deste em zelar pelo bem estar do clero como um todo, estando incluso o alemão, dos
quais alguns tendiam a aderir ao nazismo. Chegou-se, inclusive, a ser firmado um tratado entre a
Sé e a Alemanha, em que dentre várias garantias, conferia a liberdade da profissão e do público
exercício da religião católica no país. No entanto, quando a política hitlerista começou a romper
com os termos do tratado, restringindo a atividade do culto religioso, fechando escolas e
limitando o ensino religioso, o racha entre os dois países, Vaticano e Alemanha, tornava-se
iminente.

É considerado por muitos historiadores, inclusive Giacomo Martina, que tomamos como
referência neste artigo, que o grande marco do endurecimento das relações entre a Santa Sé e a
Alemanha nazista foi a publicação da encíclica papal Mit brennender Sorge, escrita em 14 de

26Idem, p.168.

27 idem, p. 175.

13  
Março de 1937, onde Pio XI procurou resumir a relação da Alemanha com a Igreja Católica
desde 1933, expondo as esperanças que a mesma havia depositado no acordo assinado com o
país e a luta contra esta depois; também procurou reafirmar os dogmas do Catolicismo que o
nazismo negava; e dentre vários outros pontos, condenou a forma com a qual o regime enaltecia
a raça acima de qualquer outra coisa e mais ainda, diminuía, aos olhos da Igreja, a imagem de
Deus ao compará-lo com outros deuses pagão:

Quem exalta raça, pessoas, Estado ou uma forma particular de governo, ou os


depositários do poder, ou qualquer outro valor fundamental da comunidade
humana (...) quem levanta essas noções acima do seu valor padrão e diviniza-los
ao nível da idolatria, distorcer e perverte a ordem do mundo planejado e criado
por Deus; ele está longe da verdadeira Fé em Deus e do conceito da vida que
sustenta a fé.28

O documento pegou o Reich de surpresa, diz Martina. Fora praticamente contrabandeado


para dentro a Alemanha pelos bispos e transmitido aos cristãos da Alemanha em missas nas
paróquias, acarretando uma mescla alegria e alívio pelos esclarecimentos e temor pelas
consequências que isso traria, pois Pio XI estava desafiando Hitler do modo mais claro possível
ao condenar visivelmente aquilo que o partido propagava.

A medida que os anos avançam e os atos do Reich vão direcionando o mundo para um
novo conflito armado, a relação da Santa Sé com a Alemanha vai se estreitando cada vez mais. O
advento das leis raciais faz surgir no Vaticano a ideia de uma nova encíclica que condene
veemente a política antissemita do nazismo, mas a morte de Pio XI impede a redação desta ao
mesmo tempo em que inicia uma nova fase dentro do Vaticano.

Pio XI também foi um devotado combatente ao comunismo bolchevique e ateu, o maior


perigo de todos, na visão do Papa, que não se abstém em destacar todos os danos que o
comunismo causaria ao homem, a família e a sociedade como um todo. Segundo Elisângela
Maciel, o liberalismo teve sua parte de culpa pela propagação do comunismo bem como pelas
atrocidades cometidas aos católicos nos lugares onde essa ideologia foi adotada, como no caso

28 PIO XI. Mit Brenneder Sorge. Enciclica de Pio XI, sobre a Igreja e o Reich Alemão, aos veneráveis irmãos,
arcebispos e bispos da Alemanha e outros ordinários em paz e comunhão com a Sé Apostólica, 1937.
In < http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/index.htm >

14  
do México e principalmente da Rússia, onde “o socialismo tomou o poder e se consolidou nos
moldes totalitários”29.

3. PIO XII, A IGREJA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Pio XII, nascido Eugenio Pacelli, assumiu o pontificado em 2 de março de 1939. Nascido
em 2 de março de 1876, em Roma, Pacelli fora o secretario de Estado do Vaticano desde 1901.
Em 1917 foi nomeado núncio apostólico de Munique e em 1920 em Berlim. Em tais anos,
Pacelli adquiriu, além de um vasto conhecimento, uma profunda admiração pela vida e cultura
alemã, além de ter ficado a par da situação da Igreja dentro da Alemanha. E essa admiração, há
quem diga, pode ter contribuído para a errônea visão de que Pacelli teria sido, enquanto Papa,
pró-nazista.

Mas será que Pacelli teria sido, de fato, um defensor do nazismo? A fama que caiu no
gosto popular se deve aos livros que foram escritos pós Segunda Guerra Mundial, em especial
por escritores anti-católicos, que tinham como objetivo denegrir a imagem do santo padre e da
própria instituição, como por exemplo, Dave Hunt em seu livro A Woman Rides The Beast, que
não só atesta para uma possível aliança entre o Vaticano e o partido Nazista, como também
afirma que a Santa Sé teria recebido centenas de milhões de dólares do governo de Hitler.

Outro autor que podemos citar é Jack Chick, cartunista também anticatólico que pedia a
condenação de Pio XII no tribunal de Nuremberg, como podemos perceber em seus próprios
dizeres:

O Papa Pio XII ajudou a construir a maquina de guerra nazista, e quando Hitler perdeu a
guerra, ele imediatamente pulou para o outro lado do muro após perceber as pichações
nas paredes. Pio XII deveria ter estado diante dos juízes de Nuremberg. Seus crimes de
guerra são dignos da pena de morte.30

É natural que se deixe levar por estas opiniões, no entanto, uma pesquisa dedicada em
obras bibliográficas nos revela que que Pacelli nunca foi partidário do nazismo e que mesmo

29SOARES, Elisângela Socorro Maciel. A Igreja de Manaus, porção da Igreja Universal: a Diocese de Manaus
Vivenciando a Romanização (18292-1926), p. 67.
30JackChick, Smokescreens (China, California: Chick Publications, 1983), 45. Em <http://www.catholic.com/
documents/how-pius-xii-protected-jews>, tradução nossa.

15  
antes dele ser eleito Pontífice Máximo da Igreja Católica, o então cardeal já se empenhara na luta
contra os partidos fascistas e contra a Guerra que era uma realidade esperada pelos homens e
mulheres daqueles anos, como em um discurso por ele falado em 1935, onde afirma que os
nazistas são “imitadores que encobriram antigos erros com um manto novo que estão possuídos
pela superstição do culto ao sangue e à raça”31. Sabe-se também que Pacelli enviara uma série
de observações e notas de protestos para Berlim.

Eamon Duffy nos diz que Pacelli nascera para o papado: “Austero, extremamente devoto,
com uma aparência digna das pinturas de El Greco, encaixava-se perfeitamente na ideia que se
faz de um santo católico”32.

Embora seus esforços pela paz tenham iniciado ainda em seus dias como cardeal, é como
pontífice que seus esforços vão ser duplicados e se tornam mais visíveis, pois como “líder
espiritual de todas as nações, ele devotou os primeiros meses de pontificado a um esforço
desesperado para evitar a guerra”33. Esforço visível nas notas estampadas em jornais, como a
da edição de 9 de Maio de 1939 da Folha da Manhã, de São Paulo, em que podemos ver o
esforço do santo Padre a fim de obter uma solução pacífica para a questão germano-polonesa.34
No mesmo jornal, mas na edição do dia 28 de Agosto daquele mesmo ano, podemos ler com
maior visibilidade esse esforço de Pio XII em prol de uma solução pacífica:

(...) Hoje, quando a despeito de nossas exortações reiteradas, mau grado o interesse
particular que manifestamos, os conflitos internacionais se tornam cada vez mais
prováveis, hoje, que a terrível catástrofe de uma guerra pode se desencadear, fazemos o
mais veemente apelo aos governantes e aos povos, a fim de que deponham as armas e
renunciem às ameaças e tentem dar remédio aos conflitos atuais com o único meio
existente: as negociações entre os governos.(...) A eles nos dirigimos, para que com
vontade, calma e serenidade, encoragem todas as tentativas pacificas, a fim de que a força
da Razão e não das armas, façam com que impere a Justiça.35

31 GRAHAM, Robert. Pius XII and the Holocaust, 1988, p.106.

32 DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores – A História dos Papas, 1998, p.263.

33 Idem.

34Folha da Manhã, Edição de 09 de Maio de 1939, São Paulo.


35Folha da Manhã, Edição de 25 de Agosto de 1939, São Paulo.

16  
Apesar de seus esforços, porém, Pio XII não conseguiu impedir os desfechos e o conflito
armado, tão esperado e temido, iniciou-se naquele mesmo ano de 1939. E uma vez iniciada a
Guerra, Pio XII teve de ponderar e lutar para manter a Santa Sé longe de ambos os lados do
conflito. E esse ato de neutralidade é usado pelos escritores anticatólicos como uma prova crucial
do descaso do pontífice para com o sofrimento causado pela guerra. No entanto, temos que
observar essa atitude por uma nova ótica.

Precisamos compreender que a Igreja Católica, como instituição religiosa, não poderia
tomar partido de um ou outro lado da guerra, pois caia sobre ela, mais do que em qualquer outra
instituição ou mesmo país, o peso de ter que se preocupar e auxiliar os católicos que lutavam de
ambos os lados da guerra que se propagava pelo mundo. E Pio XII, sendo o líder espiritual destes
católicos, não poderia, jamais, optar por um lado ou outro sem por em risco mais do que a vida
destes homens e mulheres, mas também sua fé. Sendo assim, o que vemos não é uma prova do
descaso da Igreja para com os que sofriam com o conflito, mas sim uma forma que a própria
encontrou para resistir ao conflito e proteger, assim, aqueles que estavam sob a sua proteção
espiritual.

A mesma ótica é valida para analisarmos as críticas de que Pio XII nada fez para impedir
o holocausto nazista que tirou a vida de muitas pessoas, cristãos inclusive. Segundo Duffy, “a
doutrina oficial da Igreja condenava as teorias raciais que estava na base da política nazista”36,
e nos diz também que ao longo do conflito a rede de informações do Vaticano acumulou um
vasto arquivo acerca das atrocidades que o governo nazista cometeu contra os judeus e as demais
vítimas do holocausto. E sabendo disso, somos tentados a nos perguntar: Porque, então, Pio XII
não denunciou ao mundo tais atrocidades? E para muitos a resposta mais óbvia é, novamente, a
ideia de que o Papa fora condizente, em seu silêncio, com os anseios de Hitler.

Acreditamos que esse silêncio de Pio XII tem um significado completamente diferente se
analisarmos as fontes disponíveis com mais atenção. Duffy, por exemplo, nos diz que ao longo
da guerra, Pio XII assumiu para si a função de diplomata entre as nações beligerantes, função

36DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores – A História dos Papas, 1998, p.263

17  
que visível em notas publicadas em jornais ao longo do mundo, como a do jornal “A Tarde”, do
Amazonas, que trás a seguinte mensagem do Papa: “Nós temos na alma a tristeza e ansiedade e
não deixaremos jamais de tudo fazer para substituir o ódio pela serenidade da paz”.37

Conforme verificado e problematizado nas fontes, podemos afirmar nossa preposição de


que essa atitude do Papa em não se manifestar em apoio a nenhum lado dos envolvidos no
conflito pode ter salvado muito mais vidas do que se Pio XII tivesse cedido as pressões que lhes
eram impostas. Novamente atentamos para o fato de que o bispo de Roma é o líder espiritual de
toda a comunidade cristã do mundo e cai sob suas costas a responsabilidade, mesmo que
indiretamente, por estas almas e por tanto, não é difícil de imaginar as consequências que a
comunidade cristã sofreria se Pio XII tivesse tomado partido na guerra. Um exemplo do que
tentamos esclarecer é a declaração de Domenico Tardini, Secretário de Estado da Santa sé: “Não
se pode esquecer que vivem no Reich 40 milhões de católicos. A que estariam eles expostos
depois de um ato destes da Santa Sé?”38.

Na Itália, Pio XII dedicou-se para manter sua cidade, Roma, incólume, como nos diz
Martina. Quando Roma foi bombardeada em 43, Pio XII não hesitou em dirigir-se pessoalmente
aos locais atingidos para não só levar palavras de conforto a multidão em pânico, mas também
ajudas imediatas necessárias naquele momento. E com relação a situação dos judeus, Pio XII não
foi condizente como alardeiam os críticos, pelo contrário, procurou de todas as formas cabíveis a
ele, sem que pusesse em risco a comunidade cristã que estava sob a sua tutela, auxiliar os judeus
em sua aflição.

Joseph Lichten, advogado e diplomata polonês-americano conhecido por suas


contribuições para um melhor relacionamento entre judeus e católicos, em Pius XII and The
Jews, nos alerta para o fato de que o silêncio papal não foi benéfico apenas para a comunidade
cristã, mas para a própria comunidade judia que Pio XII, ao contrário do que pregaram os
anticatólicos, ajudou de diversas maneiras. Lichten nos apresenta o depoimento de um casal de

37A Tarde, Edição de 07 de Agosto de 1943, Manaus.

38 APUD. MARTINA, Giacomo. História da Igreja: De Lutero a Nossos Dias, Vol. IV, 1997, p. 212.

18  
judeus que se diziam gratos pelo papa não ter falado abertamente, afinal de contas, eram
fugitivos e fugitivos não queriam ser apontados, pois temiam atrair ainda mais a atenção da
Gestapo. Licthen conclui: “Se o Papa tivesse protestado, Roma se tornaria o centro das
atenções”39.

Ainda quanto aos judeus, sabe-se que enquanto muitos países negaram a entrada de
refugiados judeus em seu território, o Vaticano emitiu um número considerável de documentos
falsos que permitiam aos judeus se passarem por cristãos para que assim, escapassem dos
nazistas. Quando pesados tributos foram impostos aos judeus romanos, durante o período em que
a cidade foi invadida pelas tropas nazistas, Pio XII não mediu esforços para arrecadar o que
pudesse em ouro para emprestar a comunidade hebraica. E mais, ainda utilizou diversas
instituições católicas, dentro e fora de Roma, para abrigar e assim salvar centenas de judeus. E a
mesma ajuda, concreta e silenciosa, ofereceu aos países envolvidos no conflito, como França,
Romênia, Bélgica e Hungria.

As cartas enviadas ao papa, mesmo durante a guerra, por autoridades judaicas mostram a
eficácia de Pio XII em suas ações. Dentre várias, destacamos a seguinte, oriunda do rabino chefe
da comunidade judaica de Jerusalém, Isaac Herzog:

O povo de Israel nunca irá esquecer o que Sua Santidade e seus ilustres delegados,
inspirados pelo eterno principio da religião que forma as próprias fundações da
verdadeira civilização, estão fazendo pelos nossos desafortunados irmãos e irmãs na hora
mais trágica da nossa história, o que é a prova viva da Providência Divina neste mundo40.

Ao analisarmos os documentos oficiais acerca de Pio XII, como suas encíclicas e


mensagens radiofônicas, podemos perceber sua preocupação com o mundo e com o desfecho de
uma nova guerra. Preocupação visível em um trecho de sua encíclica Summi Pontificatus escrita
em outubro de 1939:

(...) Enquanto escrevemos estas linhas, veneráveis irmãos, chega-nos a apavorante notícia
que se desencadeara o terrível tufão da guerra, não obstante todos os nossos esforços para
esconjura-lo. A nossa caneta como que hesita em prosseguir, quando imaginamos o
abismo de sofrimentos de inúmeras pessoas (...). O Nosso coração enche-se de angústia,

39 LICHTEN, Joseph. A Question Of Moral Judgement: Pius XII and The Jews, in Graham, 1998, p. 99,
tradução nossa.
40 GRAHAM, Robert. Pius XII and the Holocaust, 1988, p.62, tradução nossa.

19  
ao prevermos tudo o que poderá medrar da tenebrosa semente da violência e do ódio,
depositada hoje nesses sulcos sanguinosos que a espada acaba de abrir41.

Pio XII também demonstrou sua preocupação com um mundo assolado pela guerra em
suas mensagens radiofônicas. Temos de destacar aqui o potencial do rádio naqueles dias como
sendo a principal fonte de difusão, não só de notícias, mas também de ideias, daquele período. E
Pio XII, ciente do tempo em que vivia, não se absteve em utilizar esse meio para levar ao mundo
sua palavra, sempre pedindo pela paz, demonstrando preocupação com o bem estar da sociedade
como um todo, como já demonstramos em linhas anteriores. Na mensagem transmitida ao
mundo no dia 24 de dezembro de 1941, Pio XII expõe sua angústia:

!
Nós todavia com a angústia, que nos oprime a alma, ponderamos, e vemos, como num
sonho mau, os terríveis embates de armas e de sangue deste ano que agora finda; a infeliz
sorte dos feridos e dos prisioneiros; os sofrimentos corporais e espirituais, as
mortandades, destruições e ruínas, que a guerra aérea leva e despenha sobre grandes e
populosas cidades (...) os milhões de pessoas que o imane conflito e a dura violência vão
lançando na miséria e na fome42.

Como podemos ver, baseado em nossas análises, Pio XII não foi condizente, muito
menos inútil com relação a guerra. Ele agiu, da maneira que pode, que encontrou e que julgou a
correta não para ele, mas para os cristãos como um todo. E uma vez que já demonstramos isso
em nossas linhas, devemos agora voltar nossas atenções para as ações da Igreja como um todo no
caótico cenário em que se encontrava o mundo durante a guerra.

É incorreto, extremamente incorreto, afirmar que a Igreja Católica nada fez em prol dos
inocentes durante o conflito. Em nossas pesquisas, pudemos detectar justamente o contrário.
Vimos, em nossas referências bibliográficas, que a Igreja tomou sim atitudes e basta olharmos
para as intervenções do próprio Papa para detectarmos que tais afirmações são incorretas, frutos
de uma tentativa de difamar e criminalizar a Igreja; afirmações que de longe destoam da real
verdade, quando sabemos que muitos padres e bispos morreram em prol de suas ações, agindo
como mediadores e libertadores de reféns, como podemos perceber nas palavras de Martina:

41PIO XII. Summi Pontificatus, 1939. In: Documentos da Igreja, 1998, p.20.
42idem, p.101

20  
Nos momentos extremos, bispos e sacerdotes ou se impuseram aos alemães com a
disposição de morrer juntamente com os reféns condenados a morte, conseguindo desse
modo salvá-los (...) ou morreram com seus fiéis, como Inocênci Lazzeri (...) o primeiro a
ser morto entre 138 pessoas, os certosinos de Farneta, perto de Lucca, mortos depois de
terem dado assistência até o último de uma centena de perseguidos, e os cinco sacerdotes
da montanha acima de Marzabotto, mortos juntamente com mais de setecentas pessoas
vítimas dos últimos dias da guerra43.

Ainda de acordo com Martina, devemos analisar essas ações com cautela, pois o contexto
social em que a Igreja estava inserida dentro de tais países foi de suma relevância para as ações
tomadas pelos sacerdotes. No caso da França, por exemplo, em que desde a revolução havia-se
um certo sentimento de distanciamento da população para com a Igreja, criticou-se muito os
bispos e padres que apoiaram o regime instalado por Petáin durante a guerra, havendo pouca ou
quase nenhuma manifestação de indignação por parte do clero com as atitudes que foram
tomadas no país. Para Martina, “a própria natureza da III República, fundamentalmente
anticlerical, socialista (...) que combatera os religiosos”44 pode explicar a atitude de não
manifestação tomada pela maioria dos bispos, mesmo diante das medidas antijudaicas tomadas
durante o regime uma vez que o antissemitismo já havia sido amplamente difundido na França. A
oposição ao regime ganha força, somente, a partir de 1941 diante do perigo iminente causado
pelo crescimento do antissemitismo. Uma onda de protestos contra as prisões de judeus por parte
dos bispos e sacerdotes pode ser observada durante esse período em uma rápida pesquisa, bem
como a divulgação de textos que alertavam e lembravam do caráter anticristão do regime nazista.
Um exemplo da atuação do clero na luta contra o regime nazista pode ser visto na seguinte
passagem:

E se, de um lado, jovens se dedicavam à resistência, deixando suas famílias, caindo na


luta fuzilados pelos alemães, morrendo como autênticos franceses e como autênticos
cristãos (...), seminaristas e sacerdotes, de outro lado, começavam a se engajar como
trabalhadores na Alemanha, com a única finalidade de assistir religiosamente aos
milhares de operários franceses que viviam sem nenhuma ajuda espiritual no país
alemão45.

Já no caso da Alemanha, a situação nos parece ser muito mais complicada do que em
outros lugares. Sabemos que qualquer tentativa de resistir e ou questionar o regime era encarada

43 MARTINA, Giacomo. História da Igreja: De Lutero a Nossos Dias, Vol. IV, 1997, p.216.

44Idem, p.223.
45 Idem, p.224.

21  
como traição pelos partidários e muitos foram enviados às prisões por pouco menos, por tanto, a
situação do clero alemão era delicada. De início, como já abordamos neste artigo, a Igreja, por
intermédio de seu líder, Pio XII, tentou chegar a um acordo com a Alemanha Nazista, mas que se
mostrou ineficaz pela própria ideologia do regime que ia de encontro aos valores católicos.

Dentro desse quadro, é Martina quem nos dá uma melhor visão sobre como se comportou
o episcopado alemão, dividindo-o em duas vertentes, uma mais dedicada em protestos
formalmente oficiais por meio e cartas, observações e notas oficiais ao Governo nazista e uma
outra que se esforçava em tomar atitudes mais radicais, alguns chegando inclusive a tomar parte,
indiretamente, em uma das tentativas de insurreição contra Hitler. O clero vacilava entre o
silêncio e o protesto, e os motivos nos são óbvios: muitos padres, bispos e sacerdotes foram
presos e executados pelo regime nazista por tomarem partido contra, portanto, é de se imaginar
que houvesse um certo receio por parte dos mesmos ao se ponderar sobre um possível protesto.

Tais prisões, exílios e execuções são, ao nosso ver, uma visível prova da resistência
clerical dentro não só da Alemanha, mas do mundo como um todo ; um visível esforço e
empenho sempre em prol das virtudes cristãs, como podemos vislumbrar nas palavras de
Martina: “também na Alemanha a Igreja tinha dado prova de sua vitalidade, de sua capacidade
de resistência e tinha testemunhado com muitas vítimas os grandes valores evangélicos do amor,
da fraternidade e da paz”46.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos que muitos dos textos anticatólicos difundidos após o término do conflito
caíram com facilidade nas graças do gosto popular em virtude de uma expectativa não alcançada
da população com reação a oposição da Igreja frente à guerra. Ora, em momentos de grande
tragédia ou aflição, como no caso de um conflito global de tal proporção, é natural que a
humanidade e aqueles que mais sofrem – os inocentes de um modo geral – busquem por refúgios
que possam lhes confortar em momentos de puro desespero, e sendo assim, que refúgio maior
que não seio da sua Igreja os cristãos de um mundo imerso em calamidade poderiam encontrar?

46Idem, p. 230

22  
Portanto, nos parece óbvio que a expectativa por uma reação mais visível por parte da Igreja
fosse esperada pela sociedade cristã como um todo, mas não só por ela, pois é inegável a força e
a influência da palavra do Papa dentro da sociedade.

Devemos ter, porém, sempre em mente o que tanto abordamos em linhas anteriores, que
uma reação mais aberta por parte de Pio XII não seria tão benéfica quanto se acreditava que
seria, pois da feita que a Igreja se posicionasse, tomasse partido de um lado do conflito, colocaria
em risco a vida dos cristãos que se encontravam do lado oposto deste. Coube, portanto, ao Papa,
mediar essa situação e encontrar uma alternativa que não prejudicasse os cristãos como um todo,
o que não significa que este foi complacente em sua neutralidade, pois como vimos, Pio XII agiu
sim, em prol dos indefesos e dos injustiçados pela guerra e que poucas vezes ganham vozes
dentro da história. E mais, vemos nos atos de Pio XII que sua preocupação e seus esforços não
limitaram-se apenas ao mundo cristão, mas a todos aqueles que, direta ou indiretamente,
encontraram-se prejudicados e oprimidos pelas forças que dominavam o conflito, e o caso mais
óbvio para exemplificar este termo é o dos judeus, que ao contrário do que se propagou logo
após o conflito, foram auxiliados sim pelo santo padre, não só de uma, mas de muitas maneiras
possíveis.

Pio XII não foi incisivo, de fato, mas também não foi ineficaz. Seus esforços, mesmo que
silenciosos, ajudaram a salvar uma centena de vidas em todo o continente europeu. O papa
sempre zelou pela paz, desde os primeiros anos de seu pontificado como vemos em notas de
jornais por nós utilizados como fonte de pesquisa, como o jornal A Tarde, do Amazonas, tão
distante da guerra, que demonstra a visibilidade e a força do discurso papal, mostrando que as
palavras de escritores como Jack Chick, e tantos outros, nada mais foram que tentativas de
difamar e manchar a imagem de Pio XII e da Igreja Católica como um todo, aproveitando-se do
cenário em que o mundo se encontrava e distorcendo a realidade para esse fim. Uma tentativa
que conseguiu surtir efeito nos primeiros anos após o conflito, como percebemos em nossas
leituras, mas que logo foi dissipado não só pelos escritores católicos, mas também por escritores
judeus que direta ou indiretamente foram auxiliados pelas ações do papa. Uma magnífica

23  
demonstração do que estamos falando é a declaração de um dos mais célebres judeus do século
XX, Albert Einstein, que aqui utilizaremos para encerrar nosso artigo:

Apenas a Igreja Católica protestou contra o assalto hitlerista da liberdade. Até então, eu
nunca havia me interessado pela Igreja, mas hoje, eu sinto uma grande admiração por
esta, que sozinha teve a coragem para lutar pela verdade espiritual e pela liberdade
moral47.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E FONTES DE PESQUISA

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Fontes

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São Paulo: Paulinas, 1998.

PIO XI. Mit Brenneder Sorge. 1937. Disponível em: http://www.vatican.va/ - Acessado
em 17/06/2013.

47 EINSTEIN, Albert. In LAPIDE, Pinchas E. Three Popes and the Jews, 1967, p.251, tradução nossa.

24  
!
Jornal Folha da Manhã, Edição de 09 de Maio de 1939, São Paulo.

Jornal Folha da Manhã, Edição de 25 de Agosto de 1939, São Paulo.

Jornal A Tarde, Edição de 07 de Agosto de 1943, Manaus.

Biografia de Pio XII. Disponível em: http://www.vatican.va/ - Acessado em 19/05/2013.

Referências

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- Acessado em: 07/05/2013, 15/05/2013 e 27/05/2013.

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo: Fundamento,
2006.

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Fundamento, 2007.

CORNWELL, John. Hitler’s Pope: The Secret History of Pius XII. Penguin Group US,
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DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores – A História dos Papas. São Paulo: Cosac &
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25  
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Horizonte: O Lutador, 1996.

MARTINA, Giacomo. História da Igreja: De Lutero a Nossos Dias, Vol. IV: A Era
Contemporânea. São Paulo: Loyola, 1997.

26  

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