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TESOURO DIRETO
Se você não pode contra a Selic, junte-se a ela

O leitor mais assíduo já percebeu o quanto temos nos dedicado para garimpar as
melhores oportunidades de investimento a partir dos desdobramentos da
Tempestade Perfeita.

A essa altura, aliás, creio que não precisamos mais nos estender no conceito, já
amplamente difundido e materializado.

Suas implicações, evidentemente, são em grande parte para o mal, sobretudo no que
diz respeito ao mercado de ações - vide a quantidade de pregões sangrentos na Bolsa
brasileira desde o início do ano!

Mas a vida de um investidor minimamente sensato não se resume à renda variável.

E para todos os efeitos, o cenário norteado pela combinação entre o eventual


downgrade do risco soberano brasileiro e a retirada dos estímulos à economia
americana também tem seus benefícios...

Questões como tapering, eleições e resultado fiscal do governo já aparecem


endereçadas e embutidas nos prêmios de risco. Evidência disso é a curva de juros,
que não tem feito outra coisa que não seja subir.
Temos hoje uma Selic acima dos dois dígitos ao ano, e não vemos a menor condição
de afrouxo monetário no Brasil no curto prazo - reforçando a atrativididade de
aplicações que ganham com o aperto.

É o caso de algumas modalidades do Tesouro Direto, segmento onde identificamos a


primeira grande oportunidade gerada pelas enxurradas do Perfect Storm.

O programa não é exatamente uma novidade. Está à disposição dos brasileiros desde
janeiro de 2002, quando foi implementado pelo Tesouro Nacional em parceria com a
CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia).

De lá pra cá, tem sido cada vez mais comum a voz de especialistas recomendando
algum título público como forma de proteger a parte do portfólio mais exposta às
oscilações do mercado.

Por conta disso, normal seria que a popularidade da aplicação deslanchasse na mesma
velocidade em que se multiplicam as sugestões. Na prática, porém, isto não acontece.

Uma breve olhada nas estatísiticas do governo revela a existência de um longo


caminho para que o Tesouro Direto participe com mais intensidade da rotina dos
poupadores brasileiros.

No encerramento do ano passado, por exemplo, eram apenas 378,2 mil CPFs
cadastrados no programa. A título de comparação, o Banco Central contabilizava no
fim de 2012 (último dado disponível) nada menos que 108,9 milhões de cadernetas
de poupança, de longe a aplicação mais popular do país.

No mesmo sentido, no que diz respeito ao estoque, a cifra de R$ 13,10 bilhões


(dividida conforme a tabela abaixo) acumulada até o final de maio também era pouco
relevante em relação ao saldo de R$ 633 bi da poupança em 30 de junho.
Fonte: Tesouro Nacional

Fonte: Banco Central

Para preencher uma lacuna

Entendemos que um dos motivos por trás dessa enorme discrepância seja justamente
a falta de informações práticas sobre os procedimentos necessários para desbravar o
mercado.
Para a grande maioria de potenciais investidores, não basta uma “mera” indicação de
quais títulos comprar. Tão ou mais importante é conhecer os fudamentos que os
regem e o que precisa ser feito (falamos do trabalho braçal mesmo) para conseguir
adquirí-los.

Pensando nisso, decidimos ensinar os fundamentos do Tesouro Direto a quem os


desconhecem. Aliás, entendemos que o momento não poderia ser mais apropriado.
Com o Relatório Focus precificando a tempestade perfeita como algo menos pontual
e mais perene, vemos uma alta probabilidade de câmbio e Selic para cima em 2014.

E se você não pode contra a Selic, ao menos por enquanto, junte-se à ela.

Pense em alternativas que ganham com os juros maiores. Nós pensamos, e


ponderando pela relação risco x retorno, não fomos capaz de encontrar uma melhor
que os títulos públicos via Tesouro Direto.

De antemão, já deixamos registrado nossa simpatia pelas NTN-Bs, beneficiadas em


tempos de inflação elevada, como o atual. Mas antes disso iremos prepará-lo para
atuar neste mercado com informações simples, porém de extrema importância para
que o processo corra de forma tranquila e com maiores chances de ser bem-
sucedido.

O passo-a-passo para operar no programa

Partindo do pressuposto de que você possua CPF e conta corrente, o passo-a-passo


começa com o cadastro em alguma instituição financeira (também chamada de
Agente de Custódia) que esteja habilitada no Tesouro Direto.

Acessando este link: https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/instituicoes-financeiras-


habilitadas, é possível encontrar a lista de todas as instituições habilitadas a oferecer o
produto a seus clientes, com as respectivas informações de contato.

O cadastro junto à uma instituição é necessário por ser ela a responsável pelos
dados do investidor junto à BM&F Bovespa, repasse de recursos financeiros
referentes aos eventos de custódia e de venda antecipada (pagamento de juros e
resgates), além do recolhimento dos impostos vinculados (IR e IOF).
Após o fornecimento das informações e envio da documentação exigida, você irá
receber via e-mail uma senha de acesso à area restrita do Tesouro Direto (conforme
a imagem abaixo), onde são realizadas as operações de compra e venda de títulos,
assim como consultas a saldos e extratos.
Caso o custodiante escolhido seja um agente integrado (isto é, possui seu sistema
integrado ao do Tesouro Direto), as compras poderão ser feitas no site da própria
instituição - embora o acesso à área restrita da página do Tesouro permaneça para
consultas complementares.

E se você precisar alterar suas informações depois de efetuado o cadastro, basta


solicitar as mudanças à instituição escolhida e apresentar a documentação necessária
- alterações de e-mail e senha podem ser realizadas pelo próprio investidor,
diretamente na área restrita.

Vai de tradicional ou programado?

Uma vez cadastrado, você pode optar por adquirir os títulos a qualquer momento
(investimento tradicional) ou agendar com antecedência e regularidade suas
aplicações (investimento programado). Abaixo, listamos as principais características
das duas modalidades:
Investimento Tradicional

+ Operações de compra e venda que podem ser realizadas a qualquer momento do


dia, dentro do período de funcionamento do programa (das 9h às 5h em dias úteis
e 24 horas por dia em fins de semana e feriados);

+ valor da compra poderá ser ajustado pela quantidade de títulos desejada ou pelo
montante total a ser investido;

+ operação de venda realizada da mesma maneira - nos dias de recompra,


normalmente às quartas-feiras, basta acessar a área restrita do site e indicar a
quantidade de títulos que deseja vender.

Investimento Programado

+ Contempla o agendamento de compras e vendas e a reaplicação automática dos


juros semestrais dos títulos (cupons) e do valor a ser resgatado na data do
vencimento;

+ tanto na compra quanto na venda, você pode agendar a operação envolvendo um


ou mais títulos durante o período que determinar;

+ até um dia antes da data marcada para a operação, todos os agendamentos feitos
poderão ser consultados, cancelados ou alterados;

+ caso um determinado título deixe de ser ofertado, você será avisado por e-mail e
poderá refazer sua programação - caso não altere seu agendamento, este será
cancelado automaticamente.

Reforçando o foco na formação de um patrimônio a longo prazo, gostamos bastante


desta segunda opção. Afinal, funciona como uma espécie de débito automático que, ao
invés de levar seu dinheiro embora, transforma-o automaticamente em um novo
investimento.

Limites, canais e prazos para a aplicação

Nas compras tradicionais, a parcela mínima de compra é de 10% do valor de um


título, desde que respeitado o limite financeiro mínimo de R$ 30,00. Já no
investimento programado, as compras devem obedecer à parcela mínima de 1% do
preço unitário do título, desde que respeitado o mesmo limite financeiro.

Por falar em limite, o valor máximo para compras em um único mês é de R$ 1 MM,
tanto para as compras tradicionais quanto para as programadas. Para vendas, por sua
vez, não existe uma restrição de valor.

Quanto aos canais para aplicação no Tesouro Direto, são três, valendo tanto para os
investimentos tradicionais quanto aos programados:

+ Diretamente no site do Tesouro: com a sua senha, você acessa a área


restrita do site e realiza a compra e venda dos títulos ou sua programação de
investimento;

+ Diretamente no site da instituição financeira: quando a instituição


escolhida for um agente integrado, o que significa que você pode comprar e vender
títulos no site da própria instituição, a qualquer momento, com os mesmos preços
e taxas do site do Tesouro Direto;

+ Por meio de sua instituição financeira: neste canal, você autoriza sua
instituição a negociar os títulos em seu nome.

Após a confirmação da compra, o sistema do Tesouro Direto informará a data limite


para que os recursos necessários referentes à aquisição estejam disponíveis na conta
da instituição financeira - você deverá entrar em contato com ela para saber os
dados da conta onde irá depositar o dinheiro.

Quando ocorrer o vencimento de um título ou o pagamento de cupom de juros, os


recursos estarão disponíveis na sua instituição a partir das 13h do mesmo dia do
pagamento. Já o montante resultante da venda estará disponível a partir das 13h do
dia seguinte à operação.

É importante lembrar, no entanto, que em ambos os casos a data e horário do


depósito na conta dependerão dos procedimentos operacionais de sua instituição -
no link: http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos_novosite/
consulta_ranking.asp, você pode obter mais informações sobre o prazo de repasse
dos recursos pelas instituições.

Quais os custos do programa?

Para encerrar por hoje, explicaremos os custos do Tesouro Direto, os quais se


resumem aos impostos sobre os rendimentos e às taxas cobradas referentes aos
serviços prestados (tanto pela sua instituição como pela BM&F Bovespa).

Os impostos cobrados são os mesmos que incidem sobre as demais operações de


renda fixa, como fundos de investimento e CDBs. São eles: o IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), para resgates da aplicação em menos de 30 dias, e o IR
(Imposto de Renda), com alíquota regressiva a depender da duração do investimento,
conforme o gráfico abaixo:
Vale lembrar que há incidência de impostos sobre os rendimentos financeiros
auferidos na venda antecipada, no pagamento de cupom de juros (o IOF não incide
sobre os cupons de juros; somente o IR) e no vencimento dos títulos. Os dias para
efeito de tributação são contados a partir da data de início da aplicação.

Quanto às taxas cobradas no Tesouro Direto, são duas, sendo uma pela sua
instituição financeira e outra pela BM&F Bovespa. Em geral, elas são signficativamente
menores que as cobradas em outros produtos de renda fixa oferecidos no mercado,
a saber:

+ Taxa cobrada pela BM&F Bovespa

Taxa de custódia de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de
guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos. É provisionada
diariamente a partir da liquidação da operação de compra (D+2).

+ Taxa cobrada pela instituição financeira

A taxa é livremente pactuada com o investidor. O Tesouro Direto disponibiliza


em  seu site (no link https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/ranking-da-taxas) um
ranking com as taxas cobradas por cada instituição. Cabe ao investidor confirmá-las
no momento da contratação. Pode ser cobrada anualmente, modalidade mais
comum, ou por operação - para esclarecimentos quanto ao pagamento, contate a
instituição correspondente.

Com todas estas informações em mãos, você está pronto para operar no Tesouro
Direto, restando apenas escolher em qual título investir.
Analistas Responsáveis

Beatriz Nantes, CNPI


Assistentes de Análise
Felipe Miranda, CNPI
João Françolin
Gabriel Casonato, CNPI

Rodolfo Amstalden, CNPI*

Roberto Altenhofen, CNPI

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pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. O
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As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o debate entre os
analistas da Empiricus e os destinatários. Os destinatários devem, portanto, desenvolver suas próprias análises e
estratégias.

Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros aqui
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Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17º da Instrução
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+ As recomendações do relatório de análise refletem única e exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram
elaboradas de forma independente.

+ Os analistas são sócios e participam dos lucros da Iguatemi Gestão, que mantém em fundos e carteiras de
valores mobiliários que administra ativos objeto de análise por parte da Empiricus Research, podendo daí
resultar conflito de interesses.    
*O analista Rodolfo Amstalden é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo cumprimento do
disposto no Art. 16, parágrafo único da Instrução ICVM 483/10.

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