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ATUALIZAÇÃO

Pré-eclâmpsia

Preeclampsia
Alex Sandro Rolland de Souza
Carlos Noronha Neto
Isabela Cristina Coutinho
Carolina Prado Diniz
Marcelo Marques de Souza Lima

Centro de Atenção à Mulher – Setor de Medicina Fetal do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando
Figueira – SEMEFE – IMIP

causa no mundo, cursando ainda com elevada


Resumo taxa de morbimortalidade perinatal, oscilando
entre 5 e 20% (Cecatti et al.,1998; Costa et al.,
As síndromes hipertensivas representam uma 2002; Vega et al., 2003).
das alterações que ocorrem com maior freqüên- Estes altos índices de mortalidade materna
cia na gravidez. Sua incidência varia de 2 a 8% são, devido a uma gama de complicações, como
das gestações, encontrando-se entre as principais coagulação intravascular disseminada/síndrome
causas de morte materna e com elevada taxa de HELLP (10 – 20%), edema pulmonar e aspira-
morbimortalidade perinatal no mundo, oscilando ção (2 – 5%), insuficiência renal aguda (1 – 5%),
entre 5 e 20%. Devido a graves complicações que a descolamento prematuro de placenta (1 – 4%),
pré-eclâmpsia/eclâmpsia pode acarretar, o assunto eclâmpsia (< 1%), hemorragia ou insuficiência
será abordado visando melhorar a assistência ma- hepática (< 1%), tromboembolismo, hemorragia
terno-fetal. A correta classificação e o diagnóstico cerebral, entre outras (National High Blood Pres-
das síndromes hipertensivas são de grande impor- sure Education Program – NHBPEP, 2000; Sibai
tância para o acompanhamento destas gestantes. O et al., 2005). Dentre as principais complicações
sulfato de magnésio é a principal droga utilizada neonatais, temos: parto prematuro (15 – 67%);
nas pacientes com pré-eclâmpsia com o intuito de restrição de crescimento intra-útero (10 – 25%); e
prevenir futuras convulsões. morte perinatal (1 – 2%) (Sibai et al., 2005).
Em São Paulo, Brasil, no ano de 1999, foi ob-
PALAVRAS-CHAVE: Ultra-sonografia Doppler. servado que as síndromes hipertensivas encontra-
Eclâmpsia. Pré-eclâmpsia/Fisiopatologia. Gravi- vam-se como a primeira causa de morte materna,
dez de alto risco. seguido por hemorragia e infecções (Vega et al.,
2003). Da mesma forma, no Recife, observou-se
que a hipertensão foi responsável por 23,8% das
mortes maternas no período de 1992-1993 (Cecatti
Introdução et al., 1998) e por 19,4% no período de 1994-2000
(Costa et al., 2002).
As síndromes hipertensivas representam Nos países desenvolvidos a eclâmpsia ocorre
em todo o mundo uma das alterações que ocor- mais raramente, enquanto nos países em desen-
rem com maior freqüência na gravidez. Sua in- volvimento as estimativas são maiores. No Brasil,
cidência ocorre entre 2 e 8% das gestações, nos encontramos uma incidência em torno de um para
países desenvolvidos, podendo, no Brasil, chegar 1.000 partos (Oliveira & Domingues, 2004). Sendo
a 10% ou mais. Encontram-se entre as principais ainda maior em centros de referência, como no
causas de morte materna no Brasil e a terceira IMIP, em torno de 1 para 135.

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Pré-eclâmpsia

Em lugares onde a mortalidade materna Quadro 1 - Critérios de diagnóstico de pré-eclâmpsia grave.


é alta, muitas destas mortes estão associadas à
Pressão arterial sistólica q 160 mmHg
eclâmpsia, enquanto nos lugares onde a mortali-
dade é mais baixa existe uma maior proporção de Pressão arterial diastólica q 110 mmHg
mortes por pré-eclâmpsia. Esta causa básica de Proteinúria q 2 g em 24h
mortalidade vem diminuindo em muitos países de- Creatinina sérica > 1,2 mg%
senvolvidos, mas nos países em desenvolvimento, Oligúria < 500 mL em 24 h
apesar dos esforços, essas taxas ainda permanecem Sintomas persistentes visuais e/ou cerebrais
elevadas (Cecatti et al., 1998; Costa et al., 2002;
Edema pulmonar ou cianose
Vega et al., 2003).
Dor epigástrica ou no quadrante superior direito do abdome
Alteração de enzimas hepáticas
Plaquetopenia < 100.000 por μL
Diagnóstico e Classificação
• pré-eclâmpsia leve – hipertensão associada à
O De acordo com o NHBPEP (2000), as proteinúria, que não preenche os critérios acima
síndromes hipertensivas da gravidez podem ser de pré-eclâmpsia grave;
classificadas em (Sibai et al., 2005): • pré-eclâmpsia superposta – presença de hiper-
• Hipertensão crônica – definida como o aumento tensão crônica associada ao aumento súbito dos
dos níveis pressóricos no período pré-concep- níveis pressóricos e/ou da proteinúria ou evi-
cional ou diagnosticado antes da 20ª semana de dência de alguma disfunção orgânica, através
gestação. Inclui ainda os casos de hipertensão de sintomas ou exames laboratoriais;
diagnosticada após a 20ª semana de gravidez e • eclâmpsia – pré-eclâmpsia associada a convulsões
que não retorna aos níveis normais após a 12ª que não podem ser atribuídas a outras causas;
semana pós-parto. A hipertensão é definida como • hipertensão gestacional – hipertensão que
pressão sistólica q140 mmHg ou diastólica ≥ 90 não cursa com proteinúria, após a 20ª sema-
mmHg, aferidas em pelo menos duas ocasiões na de gravidez, em mulheres previamente
diferentes com intervalo de pelo menos 4 a 6 h; normotensas. O diagnóstico não é definitivo,
• pré-eclâmpsia – definida como hipertensão sendo realizado freqüentemente, após a 12ª
associada à proteinúria. Sendo a proteinúria defini- semana pós-parto. Desta forma, pode-se in-
da como excreção de 300 mg ou mais de proteínas cluir tanto os casos de hipertensão crônica
nas 24 h e caso não possa ser realizada, a proteinúria (quando a pressão se mantém elevada depois
é definida como concentração de 300 mg/L ou mais da 12ª semana pós-parto) como hiperten-
de proteínas (q 1 + de dipstick) em duas amostras são transitória (quando não se desenvolve
diferentes de urina com intervalo de pelo menos pré-eclâmpsia e os níveis tencionais voltam
4 a 6 h. O diagnóstico é realizado usualmente após ao normal no pós-parto) e pré-eclâmpsia em
a 20ª semana de gestação, embora casos precoces desenvolvimento (quando posteriormente
possam surgir na mola hidatiforme ou hidropsia surge proteinúria e/ou sintomas na gestação
ou no pós-parto).
fetal. Ou ainda, na ausência de proteinúria, quan-
do há associação com sintomas visuais e cerebrais
Observe a ausência das antigas recomen-
persistentes (cefaléia e turvação visual), dor no
dações em utilizar como critérios diagnósticos à
quadrante superior direito do abdome ou exames
presença de edema, que geralmente ocorre em
laboratoriais alterados (plaquetopenia e enzimas
grande parte das gestações normais e o aumento
hepáticas);
de 30 mmHg na pressão sistólica ou 15 mmHg na
• pré-eclâmpsia grave – pressão sistólica q
pressão diastólica.
160 mmHg e/ou diastólica q 110 mmHg associada
a proteinúria; hipertensão associada a proteinú-
ria grave (acima de 2,0 g nas 24 h); hipertensão
associada a comprometimento de múltiplos ór- Fatores de Risco
gãos (edema pulmonar e oligúria - < 500 mL/dia);
e hipertensão associada a sintomas persistentes A pré-eclâmpsia ocorre mais freqüentemente
(visuais, cerebrais e dor epigástrica ou no qua- em mulheres nulíparas. Entretanto, nestas pacien-
drante superior direito persistentes) ou exames tes, a doença geralmente é leve, surge próximo ao
laboratoriais alterados (plaquetopenia - < 100.000 termo ou no período intraparto (75%) e apresenta
por μL e enzimas hepáticas) (Quadro 1); um risco pequeno quanto ao prognóstico desfa-

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Pré-eclâmpsia

vorável da gestação. Ao contrário, a freqüência e


a gravidade da doença são maiores nas gestações Fisiopatologia
múltiplas, na hipertensão crônica, na gestação
anterior com pré-eclâmpsia, na diabetes mellitus e A despeito do conhecimento acumulado,
nas trombofilias preexistentes (Sibai et al., 2005). a pré-eclâmpsia/eclâmpsia continua sendo uma
Vários fatores de risco (Quadro 2) para a síndrome que leva a graves repercussões mater-
pré-eclâmpsia têm sido identificados, como: ris- no-fetais, e pouco se conhece a respeito da sua
co aumentado nas mulheres que tiveram pouca etiologia (Romero, 2003; Sibai et al., 2005; Roberts
exposição ao esperma do mesmo parceiro antes & Gammill, 2005). A elevação da pressão arterial,
da concepção; diminuição do risco nas mulheres principal sinal clínico da pré-eclâmpsia/eclâmpsia,
com passado de pré-eclâmpsia que mudaram de pode ser considerada como uma conseqüência da
parceiros; em homens que geraram filhos em uma doença e não a causa, já que parece ter como fun-
gestante com pré-eclâmpsia existe um aumento ção, compensar a diminuição do fluxo sangüíneo
do risco de gerar outro filho em mulher diferente materno-fetal (Romero, 2003).
também com pré-eclâmpsia; a primipaternidade; os Várias teorias são propostas na tentativa de des-
avanços da tecnologia da reprodução assistida, que vendar o evento, dentre elas, a de que a pré-eclâmpsia
afetam a interação do sistema imune materno pro- esteja associada a alterações imunológicas, como o
duzindo um aumento do risco; o aumento do índice marco inicial do processo fisiopatológico.
de massa corpórea, que se apresenta relacionada Alguns estudos sugerem que na pré-eclâmp-
com a resistência à insulina também são de risco; sia existam alguns aspectos imunogenéticos de
tem sido observado um aumento na taxa de trom- grande importância para sua fisiopatologia. Aven-
bofilias nas pacientes com pré-eclâmpsia; e baseado ta-se uma possível implicação do gene da síntese
no conceito de que a pré-eclâmpsia é o extremo do óxido nítrico e do sistema HLA na gênese da
final de uma resposta inflamatória, então, fatores pré-eclâmpsia. Desta forma, a resposta imunológi-
que aumentam a resposta inflamatória podem estar ca materna anormal ao trofoblasto determinará a
envolvidos no aumento do risco de pré-eclâmpsia má-adaptação placentária, desencadeando lesões
como infecções (infecção do trato urinário, doença endoteliais. Além disso, outro importante ponto
periodontal, chlamydia e citomegalovírus) e doen- é que esses fatores e o endotélio possam ser in-
ças reumatológicas (Sibai et al., 2005). fluenciados pelas grandes modificações ocasio-
nadas pela gestação, como a ativação da cascata
Quadro 2 - Fatores de risco para pré-eclâmpsia (adaptado de Sibai et al., 2005).
inflamatória normal na gravidez (Romero, 2003;
Fatores de risco relacionados ao casal Sibai et al., 2005).
• Pouca exposição ao esperma
Atualmente, sabe-se que a má adaptação
placentária é um pré-requisito na etiologia da
• Primipaternidade
pré-eclâmpsia, aceitando-se a clássica teoria de que
• Gestações após inseminação artificial, doação de oócitos, o evento básico constitui uma falha da remodelação
doação de embriões e infiltração das células trofoblásticas nas artérias
• Efeito protetor de mudança de parceiros nos casos de espiraladas, levando a hipoperfusão placentá-
pré-eclâmpsia em gestação anterior ria quando a necessidade de O2 pelo feto é alta
Fatores de risco relacionados à gestação e à mãe
(Aardema et al., 2004; Roberts & Gammill, 2005).
A subseqüente isquemia da circulação
• Extremos da idade materna
útero-placentária ocasiona a liberação de muitas
• Pré-eclâmpsia em gestação anterior substâncias vasoativas na circulação materna,
• Hipertensão crônica ou doença renal causando dano endotelial e conseqüente alteração
• Doença reumatológica de sua função. Essa injúria ao endotélio leva a uma
• Baixo peso ao nascer da mãe variedade de mudanças na interface sangue-tecido,
• Obesidade e resistência à insulina
incluindo agregação plaquetária, ativação do sis-
tema de coagulação, aumento da permeabilidade
• Diabetes mellitus pregestacional
da parede do vaso e aumento da reatividade e
• Infecções maternas do tono do músculo liso vascular (Romero, 2003;
• Trombofilias preexistentes Aardema et al., 2004; Sibai et al., 2005; Roberts &
• Suscetibilidade de genes maternos Gammill, 2005).
• História familiar de pré-eclâmpsia A clássica teoria da má adaptação placen-
• Tabagismo (risco baixo)
tária explica em parte a causa da pré-eclâmpsia,
mas não a sua totalidade. Pois, uma vez que a
• Degeneração hidrópica da placenta
isquemia placentária é crônica, ocorre restrição

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Pré-eclâmpsia

de crescimento fetal, principalmente nos casos cerebral média de pacientes com pré-eclâmpsia,
precoces, e pode não ocorrer com a doença tardia ultimando-se com um dano vascular, levando à
(Aardema et al., 2004). isquemia cerebral e à possível convulsão (Belfort
Outro exemplo é observado nos estudos utili- et al., 1999).
zando a análise dopplervelocimétrica das artérias ute- Uma nova proposta para o mecanismo da
rinas, no segundo trimestre de gestação. Estes estudos eclâmpsia tem sido sugerida como um “barotrauma
se baseiam na alta resistência das artérias uterinas cerebral”. Com a hipertensão persistente e a per-
encontradas no início da gravidez, e que se mantém fusão cerebral excessiva nas artérias, o diâmetro
elevada nas gestações com pré-eclâmpsia. Contudo, das artérias cerebral anterior, média e posterior é
os resultados são freqüentemente desapontadores, danificado por um processo de barotrauma. Isto
devido a um grande número de falso-negativos resulta em falha de regulação a este nível e o de-
(Parretti et al., 2003; Aardema et al., 2004), indi- senvolvimento de uma nova pressão de perfusão
cando que a resistência vascular útero-placentá- cerebral e encefalopatia hipertensiva. Os vasos
ria, no segundo trimestre, é normal em muitas sangüíneos distais são então expostos a pressões
mulheres que desenvolverão pré-eclâmpsia excessivas e edema cerebral vasogênico (ocasio-
(Aardema et al., 2004). nalmente citotóxico). Se este vasoespasmo for
Acredita-se, portanto, existir uma hetero- desenfreado, isquemia cerebral com hemorragia
geneidade de fatores envolvidos na gênese da pode ocorrer. Esta hipótese permite explicar tanto
pré-eclâmpsia. Dessa forma, foi observada dife- a presença de isquemia como de encefalopatia no
rença estatisticamente significante, através da mesmo paciente (Belfort et al., 2002).
dopplervelocimetria, nos valores do índice de
pulsatilidade nas artérias uterinas, com 22 sema-
nas de gestação, entre gestantes hipertensas com
prognóstico favorável, e gestantes hipertensas com Rastreamento
prognóstico desfavorável. Sendo assim, nas ges-
tantes não complicadas parece não haver aumento Na gestação normal ocorre a migração e inva-
da resistência útero-placentária. Ao contrário, nas são do citotrofoblasto extravilositário em direção às
gestantes com complicações, que apresentam ín- arteríolas espiraladas, com degeneração do endotélio
dices de resistência mais elevados, sugere-se um vascular e perda da camada músculo-elástica, tor-
processo de má-adaptação placentária (Aardema nando-as mais distensíveis e levando a progressiva
et al., 2004). dilatação destes vasos (Sibai et al., 2005). Isto se inicia
Como conseqüência final dessas alterações através da primeira onda de invasão trofoblástica,
fisiopatológicas, ocorre vasoespasmo generali- que ocorre entre a 6ª e 8ª semana com término entre
zado, levando a alterações funcionais e morfoló- a 12ª e 14ª semana de gestação, limitando-se ao segui-
gicas em vários órgãos, resultando na complexa mento decidual das arteríolas espiraladas. Ainda há a
manifestação clínica chamada de pré-eclâmpsia segunda onda de invasão trofoblástica, a qual atinge
(Aardema et al., 2004). a porção mais profunda das arteríolas, a miometrial,
Desta forma, a pré-eclâmpsia/eclâmpsia não durante a 16ª e a 20ª semana de gravidez. Desta for-
é apenas uma hipertensão induzida pela gestação, ma, ocorre o aumento do fluxo sangüíneo necessário
mas provavelmente secundária a interações imuno- para o crescimento da placenta e do feto.
genéticas e a uma má perfusão placentária, assim Esta fisiologia do fluxo das artérias uterinas se
como alterações da função endotelial materna. reflete na dopplervelocimetria, na qual o índice de
Quanto aos possíveis mecanismos de resistência diminui com evoluir da gestação (Parretti
surgimento de convulsões nas pacientes com et al., 2003). No início da gestação normal o estudo
pré-eclâmpsia, foi observado que o aumento da Doppler apresenta-se com alta resistência e presença
pressão arterial média em gestantes saudáveis da incisura protodiastólica. Com o evoluir da gra-
ocasiona uma diminuição da resistência cerebral videz, observa-se aumento da velocidade do fluxo
materna quando comparado a gestantes com pré- diastólico devido à segunda onda de migração tro-
eclâmpsia e gestantes saudáveis. Tal fato pode foblástica, que se caracteriza pela alteração do fluxo
ser explicado pelo mecanismo de auto-regulação, para baixa resistência e desaparecimento da incisura
no qual esta diminuição pode estar relacionada à protodiastólica a partir da 26ª semana de gestação.
abertura dos vasos ocluídos, ocasionando shunts A onda dopplervelocimétrica da artéria uterina
na circulação cerebral. Este efeito vasodilatador caracterizada com o índice de resistência alto e a per-
da auto-regulação mantém o fluxo sangüíneo ce- sistência da incisura protodiastólica uni- ou bilateral
rebral, até certo ponto. Com base neste dado, foi no segundo trimestre de gestação está associada
observada uma falha deste mecanismo, na artéria com mais de seis vezes ao aumento da taxa de pré-

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Pré-eclâmpsia

eclâmpsia (Sibai et al., 2005). Contudo, a sensibilidade poucos específicos, não sendo recomendados para o
do método em predizer a pré-eclâmpsia varia de 20 a uso de rotina na prática clínica (Sibai et al., 2005).
60% e o valor preditivo positivo de 6 a 40% (Sibai et
al., 2005). Alguns estudos vêm diminuindo o limite da
idade gestacional, com idades cada vez mais preco-
ces, obtendo resultados encorajadores para predizer Prevenção
complicações na gravidez (Aardema et al., 2004).
A presença da incisura protodiastólica pa- Vários estudos buscam um método eficiente
rece ser mais útil do que as alterações dos índices que reduza a incidência e a gravidade da pré-
Doppler na artéria uterina para identificar compli- eclâmpsia. Entretanto, essa metodologia ainda não
cações gestacionais. O índice de resistência é maior foi encontrada. Sugerem-se como algumas medidas
em mulheres que desenvolverão pré-eclâmpsia, que possam trazer algum benefício, porém sem
contudo estas diferenças são pequenas, sendo evidência para a sua recomendação, a dieta com
considerado insatisfatório como um teste de ras- restrição de proteína ou sal, exercícios, suplemen-
treamento eficiente (Parretti et al., 2003). tação com zinco, magnésio, vitaminas antioxidantes
Aardema et al., 2004, sugerem que os bai- (C e E) e com óleo de peixe ou outras fonte de ácidos
xos valores preditivos para os índices Doppler da graxos, heparina e heparina de baixo peso molecular
artéria uterina para método de rastreamento da e drogas anti-hipertensivas em mulheres com hiper-
pré-eclâmpsia possam ser devidos às diferenças tensão crônica (Quadro 3) (Sibai et al., 2005; Beazley
na resistência útero-placentária entre gestantes et al., 2005; Makrides & Crowther, 2005).
hipertensas com prognóstico bom, e gestantes hi- Particularmente, a suplementação de cál-
pertensas com prognóstico ruim, já que a maioria cio foi associada à redução da hipertensão e da
dos estudos não faz esta diferenciação (Parretti et pré-eclâmpsia em pacientes de alto risco e que apre-
al., 2003; Aardema et al., 2004). sentavam uma dieta pobre em cálcio. Contudo, em
Outros estudos vêm surgindo utilizando a pacientes com dieta normal de cálcio não foram en-
dopplervelocimetria da artéria uterina como ras- contradas diferenças significativas. Quanto ao efeito
treamento de pré-eclâmpsia no primeiro trimestre da suplementação dietética do cálcio sobre a morte
da gestação. Prefumo et al., 2004, através de estudo fetal e neonatal também não foram encontradas
anatomopatológico, sugeriram uma correlação diferenças significantes. Desta forma, os dados su-
estatisticamente significante entre a proporção gerem uma recomendação para a suplementação de
de vasos deciduais com invasão trofoblástica, e cálcio em pacientes de alto-risco e que se encontrem
baixos índices de resistência das artérias uterinas, em comunidade que ingira baixa quantidade dessa
sugerindo que a investigação Doppler das artérias substância (Sibai et al., 2005; Atallah et al., 2006).
uterinas também se associa com a invasão do tro- Baseado na fisiopatologia da pré-eclâmpsia,
foblasto em idades gestacionais precoces. com anormalidades da coagulação e alteração da
Chien et al., 2005, revisando 27 estudos, con- relação tromboxane A2 e prostaciclina, muitos
cluíram que a dopplervelocimetria da artéria uterina estudos randomizados investigam a atuação de
tem limitado valor como teste de rastreamento para baixas doses de aspirina (500 – 1.500 mg/L) na sua
pré-eclâmpsia. De forma semelhante, Bricker & prevenção. Desta forma, uma revisão sistemática,
Neilson, 2005, revisando cinco estudos que incluíram envolvendo 51 trials, sugere que a utilização de
14.338 mulheres, concluíram que a ultra-sonografia drogas antiplaquetárias, principalmente a aspirina,
Doppler de rotina em pacientes de baixo risco não reduz em 19% o risco de desenvolver pré-eclâmpsia,
traz benefícios para a mãe e o feto. 16% nas mortes fetais ou neonatais, uma pequena
Sendo assim, apesar dos resultados promis- redução de 7% no risco de nascimento antes de
sores dos primeiros estudos, atualmente não se 37 semanas completas e 8% de redução na inci-
recomenda a utilização da dopplervelocimetria de dência de recém-nascidos pequenos para a idade
rotina como teste de rastreamento universal para gestacional (Sibai et al., 2005; Duley et al., 2006).
pré-eclâmpsia. Entretanto, nas pacientes de alto Uma metanálise sugeriu que baixas doses de
risco, esta metodologia pode ser benéfica, prin- aspirina melhoram o prognóstico da gestação em
cipalmente se um tratamento preventivo efetivo mulheres com persistente aumento do índice de re-
esteja disponível (Sibai et al., 2005). sistência da artéria uterina com 18 e 24 semanas de
Vários marcadores bioquímicos, baseados gravidez. Entretanto, outros estudos foram contrários
na fisiopatologia da doença, têm sido relatados a esta afirmação. Desta forma, o uso de aspirina em
na literatura para predizer o desenvolvimento da baixas doses deverá ser utilizado, de forma indivi-
pré-eclâmpsia. Entretanto, até o momento, os es- dualizada e em pacientes de risco para desenvolver
tudos são inconsistentes e muitos marcadores são pré-eclâmpsia (Sibai et al., 2005).

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Pré-eclâmpsia

Quadro 3 - Métodos de prevenção da pré-eclâmpsia (adaptado de Sibai et al., 2005).

Resultado Recomendação
Dieta e exercícios (I) Não reduz Evidência insuficiente
Restrição de proteína ou sal (II)
Suplementação com zinco e magnésio (I) Não reduz Não recomendado

Suplementação com óleo de peixe ou outras Sem efeito nas populações de alto e baixo risco Evidência insuficiente
fonte de ácidos graxos (I)
Suplementação com cálcio (I) Reduz a pré-eclâmpsia nas populações de alto Para mulheres de alto risco em
risco com dieta pobre em cálcio; Sem efeito no comunidades com dieta pobre em
prognóstico perinatal cálcio

Aspirina em baixas doses (I) Reduz 19% (Pré-eclâmpsia) Nas populações de alto risco
Reduz 16% (Morte fetal ou neonatal)

Heparina e heparina de baixo peso molecular (III-3) Reduz em mulheres com doença Faltam estudos randomizados;
renal e trombofilias não recomendado
Vitaminas antioxidantes (C e E) (II) Reduziu em um trial Evidência insuficiente
Drogas anti-hipertensivas em mulheres com Reduz o risco de desenvolver hipertensão grave Como prevenção não há evidência
hipertensão crônica (I) pela metade, mas não o risco de pré-eclâmpsia para a sua recomendação
I – IV: Níveis de Evidência.
IC 95% 0,15-0,86), infecção neonatal (RR 0,39; IC 95%
Conduta 0,39-0,97) e morte neonatal (RR 0,5; IC 95% 0,28-0,89),
sem evidenciar aumento de complicações maternas
A cura da doença requer a interrupção da ges- (Amorim et al., 1999).
tação, podendo não ser a melhor opção nos casos de Baseado na revisão de Sibai et al., 2005,
fetos muito prematuros (Santos et al., 2004). Desta foi proposta uma conduta para essas pacientes
forma, uma vez estabelecido o diagnóstico, deve-se (Figura 1). Em geral diante do diagnóstico de pré-
tomar a decisão de realização do parto ou conduta eclâmpsia deve-se determinar a correta idade ges-
expectante, em função da idade gestacional, da tacional, sendo indicado à interrupção da gestação
vitalidade fetal e da gravidade da doença. Sendo, com 38 semanas ou mais para toda paciente com
o principal objetivo da conduta na pré-eclâmpsia a pré-eclâmpsia, independente da gravidade, e nas
segurança da mãe (Sibai et al., 2005). pacientes com 34 semanas ou mais a interrupção
Para tanto, deve-se considerar tanto as mani- estará indicada nos casos de pré-eclâmpsia grave.
festações clínicas (cefaléia, alterações visuais, altera-
ções do status mental, dor epigástrica e no quadrante
superior direito do abdome, náusea ou vômitos,
oligúria e insuficiência respiratória) como os exames
laboratoriais (hemograma com plaquetas, transami-
nases, creatinina, proteinúria de 24 h, uréia, ácido
úrico, desidrogenase láctica, bilirrubinas, esfregaço
periférico e testes da coagulação) e a avaliação da vi-
talidade fetal (ultra-sonografia, dopplervelocimetria,
cardiotocografia e perfil biofísico fetal).
A corticoterapia representa uma importante
medida terapêutica nas gestantes com idade ges-
tacional abaixo de 34 semanas, na diminuição dos
riscos ocasionados pela prematuridade (Crowley,
2005). Nas pacientes com pré-eclâmpsia grave, entre
26 e 34 semanas de gestação, foi observado através de
um ensaio clínico randomizado e duplamente masca-
rado que a betametasona reduz significativamente a
síndrome respiratória do recém-nascido (RR 0,53; IC
95% 0,35-0,82), hemorragia intraventricular (RR 0,35; Figura 1 - Conduta na pré-eclâmpsia (adaptado de Sibai et al., 2005.

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Pré-eclâmpsia

Nos casos de pré-eclâmpsia leve o acompa- aplicação. Além disso, podem ocorrer depressão
nhamento materno e fetal deverá ser rigoroso e respiratória e hemorragia pós-parto (Sibai, 2004).
indica-se a interrupção da gestação na piora das Ainda não existe um consenso da literatura
condições materna e fetal, no inicio do trabalho sobre o tempo, duração, dose e via de administra-
de parto, na rotura prematura das membranas ou ção do sulfato de magnésio. A rotina do Instituto
quando atingir a idade de 38 semanas de gestação. Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (IMIP)
Nas pacientes com pré-eclâmpsia grave abaixo de é utilizar o esquema de Zuspan (Quadro 4) em to-
23 semanas, devido ao risco materno, a interrupção das as pacientes com pré-eclâmpsia leve, grave e
da gestação deverá ser considerada; entre 23 e 32 iminência de eclâmpsia. Administra-se uma dose
semanas a conduta conservadora deverá ser realiza- de ataque de 6 g (em 40 min) e 1 g/h (manutenção),
da com a corticoterapia, drogas anti-hipertensivas e iniciando-se no momento do diagnóstico até 24 h
avaliação diária das condições materna e fetal; entre pós-parto. Nas pacientes com eclâmpsia utiliza-se
33 e 34 semanas, deverá ser realizada a corticote- a mesma dose de ataque e a manutenção de 2 g/h,
rapia e a programação da interrupção da gestação sendo a droga mantida até 24 h depois da última
(Figura1) (Santos et al., 2004; Sibai et al., 2005). crise convulsiva (Santos et al., 2004).
O tratamento com anti-hipertensivos diminui Quadro 4 - Esquema terapêutico de Zuspan.
a incidência de hipertensão grave, prevenindo com-
plicações cerebrovasculares e cardiovasculares, as ATAQUE: Sulfato de magnésio (MgSO4) – 6 g – Intravenoso – em
quais são causas mais comuns de morbimortalidade 30 min.
materna nos países em desenvolvimento. Entre- • MgSO4 10% - 6 ampolas – Diluir em 40 mL de solução
tanto, este tratamento não altera o curso natural da
glicosada – 120 mL/h em bomba de infusão.
doença (Magee et al., 1999; Sibai et al., 2005).
Outra importante medida terapêutica é a
utilização do sulfato de magnésio, que demons- MANUTENÇÃO: Sulfato de magnésio (MgSO4) – 6 g –
trou ser a droga ideal tanto para a profilaxia como Intravenoso – 1 g/h.
para o tratamento das convulsões eclâmpticas. • MgSO4 10% - 6 ampolas – Diluir em 440 mL de solução
Diversos ensaios clínicos multicêntricos e revisões glicosada – 84 mL/h em bomba de infusão.
sistemáticas comparando o sulfato de magnésio ao
diazepam, fenitoína ou coquetel de lítio indicam Devido aos vários efeitos ocasionados pelo
a efetividade e segurança da droga, em reduzir sulfato de magnésio, além de poder levar à depres-
tanto o risco de convulsões como de morte ma- são respiratória, a monitorização durante sua utili-
terna (Duley & Henderson-Smart, 2006; Duley & zação deve ser realizada de forma rigorosa, através,
Gülmezoglu, 2006; Duley et al., 2005). basicamente, de parâmetros clínicos para prevenir
O Magpie Trial (MAGnesium Sulphate for a toxicidade. Devem ser pesquisados os reflexos
Prevention of Eclampsia) foi um grande estu- tendinosos, a freqüência respiratória e a diurese. A
do multicêntrico internacional evolvendo 175 infusão da droga deve ser interrompida caso estejam
hospitais nos quatro continentes, em 33 países, abolidos os reflexos, constate-se diurese menor que
incluindo o Brasil, comparando o sulfato de 25 mL/h ou freqüência respiratória menor que 14
magnésio versus placebo. Observou-se que a incursões por minuto (Santos et al., 2004).
utilização do sulfato de magnésio nas pacientes
com pré-eclâmpsia grave reduz o risco de convul-
sões (RR 0,42; IC 95% 0,23-0,76), da mesma forma
que nas pacientes com pré-eclâmpsia não grave Prognóstico
(RR 0,42; IC 95% 0,26-0,67) (Duley et al., 2005;
Sibai et al., 2005). A pré-eclâmpsia é um grave problema obs-
Quanto ao real benefício da utilização do sulfa- tétrico com alta taxa de morbimortalidade ma-
to de magnésio para as pacientes com pré-eclâmpsia terna e perinatal, principalmente nos países em
leve, ainda é controverso na literatura. Em uma desenvolvimento. O prognóstico é dependente de
revisão englobando dois estudos com essas carac- alguns fatores, como: idade gestacional do início
terísticas não foi encontrada diferença significativa, da doença; gravidade da doença; qualidade da
na análise dos estudos isoladamente, assim como assistência; e a associação com outras doenças
agrupados (RR 0,90; IC 95% 0,52-1,54) (Sibai, 2004). pré-existentes (Sibai et al., 2005). Desta forma, o
Os possíveis efeitos colaterais da administra- prognóstico é geralmente favorável quando ocorre
ção parenteral do sulfato de magnésio são: hipo- o desenvolvimento de uma pré-eclâmpsia leve na
tensão, náusea, vômitos, sensação de calor, rubor, 36ª semana de idade gestacional. Ao contrário,
fraqueza muscular, vertigem e irritação no local da a morbimortalidade está aumentada quando a

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Pré-eclâmpsia

doença se desenvolve antes de 33 semanas de


gestação ou encontra-se associada a doenças pre- Leituras Suplementares
existente (Sibai et al., 2005).
1. Aardema MW, Saro MCS, Lander M et al. Second
trimester Doppler ultrasound screening of the
uterine arteries differentiates between subse-
Considerações Finais quent normal and poor outcomes of hypertensi-
ve pregnancy: two different pathophysiological
As síndromes hipertensivas representam entities? Clin Sci (Lond) 2004; 106: 377-82.
uma entidade fisiopatológica de grande interesse 2. Atallah AN, Hofmeyr GJ, Duley L. Calcium sup-
na comunidade científica devido à sua freqüência plementation during pregnancy for preventing
e a graves repercussões materno-fetais. Antes hypertensive disorders and related problems
conhecida como Doença Hipertensiva Específica (Cochrane Review). In: The Cochrane Library,
da Gestação (DHEG), hoje como pré-eclâmpsia/ Issue 1, 2006. Oxford: Update Software.
eclâmpsia, há necessidade de divulgar a classifi- 3. Amorim MMR, Santos LC, Faúndes A. Corti-
cação mais recente para que haja uniformização costeroid therapy for prevention of respiratory
dos termos e o correto diagnóstico. distress syndrome in severe pre-eclampsia. Am
A utilização do sulfato de magnésio para a pro- J Obstet Gynecol 1999; 180: 1283-8.
filaxia de convulsões em gestante com pré-eclâmp- 4. Beazley D, Ahokas R, Livingston J et al. Vi-
sia grave/eclâmpsia já está bem documentada na tamin C and E supplementation in women at
literatura, sendo amplamente utilizada nos diversos high risk for pre-eclampsia: a double-blind,
centros médicos do mundo. Contudo, doses, proto- placebo-controlled trial. Am J Obstet Gynecol
colos, via de administração e tempo de utilização 2005; 192: 520-1.
ainda não apresentam uma uniformização. 5. Belfort MA, Saade GR, Grunewald C, Dildy GA.
Na pré-eclâmpsia leve, alguns estudos também Effects of blood pressure on orbital and middle
reforçam a utilização do sulfato de magnésio para cerebral artery resistances in healthy pregnant
profilaxia das convulsões. Entretanto, ainda não é women and women with preeclampsia. Am J
utilizada de rotina em todos os centros médicos do Obstet Gynecol 1999; 180: 601-7.
mundo, sendo objeto de estudos futuros. No IMIP 6. Belfort MA, Varner MW, Dizon-Townson DS et
baseado no estudo do Magpie também administra- al. Cerebral perfusion pressure, and not cerebral
mos o sulfato de magnésio para a pré-eclâmpsia leve, blood flow, may be the critical determinant of
já que consideramos que estas pacientes são de risco intracranial injury in preeclampsia: a new hypo-
elevado para desenvolver convulsões, se benefician- thesis. Am J Obstet Gynecol 2002; 187: 626-34.
do da utilização desta terapêutica. 7. Bricker L, Neilson JP. Routine Doppler ultra-
sound in pregnancy (Cochrane Review). In:
The Cochrane Library, Issue 2, 2005. Oxford:
Update Software.
Abstract 8. Cecatti JG, Albuquerque RM, Hardy E, Faúndes A.
Mortalidade materna em Recife: causas de óbitos
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frequent pathology. Its incidence varies from 2 to 8% 9. Chien PF, Arnott N, Gordon A et al. How useful
of the gestations. They are the main causes of mater- is uterine artery Doppler flow velocimetry in the
nal mortality with high rate of perinatal morbidity prediction of preeclampsia, intrauterine growth
and mortality in the world (5 to 20%). Magnesium retardation and perinatal death? An Overview.
sulfate is the most used medication for profilaxy of Br J Obstet Gynaecol 2000; 107: 196-208.
maternal seizures. Pre-eclampsia/eclampsia may 10.Costa AAR, Ribas MSSS, Amorim MMR, Santos
origin serious perinatal complications; therefo- LC. Mortalidade materna na cidade do Recife.
re this research will be developed for improving Rev Bras Ginecol Obstet 2002; 24: 455-62.
maternal and fetal care. The correct classification 11.Crowley P. Prophylactic corticosteroids for pre-
and diagnosis of the hypertensive disorders have term birth (Cochrane Review). In: The Cochrane
relevant importance for management. Library, Issue 2, 2005. Oxford: Update Software.
12.Duley L, Henderson-Smart D. Magnesium sul-
K E Y W O R D S : U l t r a s o n o g r a p h y D o p p l e r. phate versus diazepam for eclampsia (Cochrane
Eclampsia. Preeclampsia/Physiopathology. Review). In: The Cochrane Library, Issue 1,
High-risk pregnancy. 2006. Oxford: Update Software.
13.Duley L, Gülmezoglu AM. Magnesium sulphate

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Pré-eclâmpsia
p

versus lytic cocktail for eclampsia (Cochrane 20.Prefumo F, Sebire NJ, Thilaganathan B. Decre-
Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, ased endovascular trophoblast invasion in first
2006. Oxford: Update Software. trimester pregnancies with high-resistance
14.Duley L, Gülmezoglu AM, Henderson-Smart DJ. uterine artery Doppler indices. Hum Reprod
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pler velocimetry for the prediction of pre-eclampsia do da mortalidade materna no município de
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Ultrasound Obstet Gynecol 2003; 22: 160-5. Obstet 2003; 14: 52-9.

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