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DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS

Aula 00 - Aula Demonstrativa


Prof. Pedro Ivo

Aula Demonstrativa – Ano 2018


Direito Processual Penal
Noções Introdutórias
Professor: Pedro Ivo

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DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS
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Aula 00 – Aula Demonstrativa

Caros concursandos de todo Brasil, sejam bem-vindos!

É com grande felicidade que inicio mais este curso aqui no Ponto, com foco
total na sua aprovação!

Antes de tudo, para que me conheçam um pouco melhor, farei minha


apresentação.

Meu nome é Pedro Ivo, sou servidor público há 18 anos e, atualmente, exerço o
cargo de Auditor-Fiscal Tributário no Município de São Paulo (ISS-SP).

Iniciei meus trabalhos no serviço público atuando na Administração Federal, na


qual, durante alguns anos, permaneci como Oficial da Marinha do Brasil.

Por opção, comecei a estudar para a área fiscal e, concomitantemente, fui


aprendendo o que é o “verdadeiro espírito de concurseiro”, qualidade que logo
percebi ser tão necessária para alcançar meu objetivo.

Atualmente, após a aprovação no cargo almejado, ministro aulas em diversos


cursos do Rio de Janeiro e de São Paulo, sou pós-graduado em Auditoria
Tributária, pós-graduado em Processo Penal e Direito Penal Especial e autor dos
livros “Direito Penal – Questões comentadas da FCC”, “Direito Processual Penal
– Resumo dos tópicos mais importantes para concursos públicos” e “1001
Questões Comentadas – Direito Penal – CESPE”, todos publicados pela Editora
Método.

Agora que já me conhecem um pouco, posso, com certa tranquilidade, começar


a falar de nosso curso.

Em primeiro lugar é importante que desde já firmemos uma parceria em busca


dos 100% de acertos em sua PROVA. Digo isto porque espero, nas próximas
semanas, poder estar conversando com vocês sobre o Direito Processual Penal
em suas casas, no trabalho, no metrô, no ônibus, enfim, em qualquer lugar em
que vocês estiverem lendo as aulas.

Trata-se efetivamente de uma conversa, sem formalismos desnecessários e


objetivando o maior grau de assimilação possível.

Nosso curso será no método QP, ou seja, Quase-Presencial.

“Mas professor... Eu nunca ouvi falar neste tal de “QP”, o que é isso?”

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É o método através do qual eu apenas não estarei fisicamente na sua frente,


mas buscarei com que se sintam em uma sala de aula, aprendendo a matéria
através de uma linguagem clara e objetiva, voltada para a sua aprovação.

Cada aula será composta de 40 a 60 páginas, com exceção da demonstrativa.


Ao término de cada encontro, apresentarei exercícios comentados (focados na
banca) a fim de fixar a matéria.

Para finalizar essa nossa primeira conversa, lembro que todas as dúvidas
poderão ser sanadas no fórum e que qualquer crítica ou sugestão poderá ser
enviada para pedro@pontodosconcursos.com.br.

Bom, agora que já estamos devidamente apresentados e você já sabe como será o
nosso curso, vamos começar a subir mais um importante degrau rumo à aprovação!!!

Bons estudos!!!

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Sumário

1. Direito Processual Penal – Noções Introdutórias ............................................4


Objeto e Classificações ............................................................................................................................. 4
Fontes ........................................................................................................................................................ 5
Sistemas Processuais .................................................................................................................................9
Princípios ................................................................................................................................................. 12

2. Lei Processual no Tempo e no Espaço ....................................................................24


Lei Processual no Espaço ........................................................................................................................ 24
Lei processual no Tempo ........................................................................................................................ 25
Lei Penal no tempo ................................................................................................................................. 13
Interpretação da Lei Processual Penal .................................................................................................... 28
3. Exercícios .......................................................................................................................................32

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AULA 00 - INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL E PRINCÍPIOS


PROCESSUAIS PENAIS

1.1 O PROCESSO PENAL

A Carta Magna dispõe em seu art. 1º, parágrafo único, que “todo poder emana
do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou, diretamente,
nos termos desta Constituição”.
Do texto constitucional retira-se claramente que o Estado é o titular de um
poder que deve ser exercido em prol da sociedade. Ocorre, contudo, que tal
poder não é ilimitado e, os limites, são impostos pelas normas legais, pelo
Direito.
Neste contexto é que surge o processo, meio através do qual o Estado poderá
exercer o seu poder jurisdicional de forma adequada, proporcional e razoável
aos anseios da sociedade.
A partir de agora começaremos a tratar do processo, mais especificamente do
Processo Penal e, para que você compreenda corretamente este importante
ramo jurídico, é importantíssimo aprender, antes de tudo, qual o seu conceito.

1.1.1 CONCEITO

Podemos dizer que o Direito Processual Penal é o conjunto de normas e


princípios que vai tornar possível a aplicação do Direito Penal, pelo Estado,
no caso concreto. Desta forma, o Processo Penal definirá a atuação do
Estado-Juiz na sua relação com o autor e réu, os três principais sujeitos
processuais.
O fim específico do Processo Penal é o de obter a certeza positiva ou
negativa, acerca da violação da lei penal, mediante a intervenção judicial.
Pode-se afirmar, portanto que o Processo Penal tem um duplo fim:

 FIM ESSENCIAL  Estabelecido em prol do interesse social


empenhado na punição dos delinquentes;
 FIM CORRELATIVO  Estabelecido em prol da tutela do interesse
privado e social concernente às garantias individuais, principalmente a
da liberdade.

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Para deixar ainda mais claro, imaginemos um mecânico de automóveis e as


peças do carro. Em grau de equivalência, teríamos a seguinte relação:

 PEÇAS DO CARRO  DIREITO PENAL;


 MECÂNICO  ESTADO;
 PROCESSO DE COLOCAÇÃO DAS PEÇAS PELO MECÂNICO NOS
VEÍCULOS PROCESSO PENAL;

ESTADO-JUIZ

SUJEITOS PROCESSUAIS

RÉU AUTOR

1.1.2 FONTES DO PROCESSO PENAL

Fonte, em sentido usual, é o lugar de onde provém algo. Desta forma,


podemos conceituar as fontes do processo penal como o ponto de partida
das normas, princípios e preceitos que norteiam este ramo jurídico.
Dentre os diversos doutrinadores, a classificação que você precisa ter
conhecimento é a que divide as fontes em formais e materiais. Vamos
conhecê-la:

1 - FONTES MATERIAIS  Quando falamos em fontes materiais, estamos


tratando de quem será responsável pela edição de normas específicas sobre
o Processo Penal no nosso País.

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Para encontramos esta resposta, devemos recorrer à Constituição Federal


que, em seu art. 22, I, dispõe:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (grifo nosso)

Desta forma, caro (a) aluno (a), podemos afirmar que a única fonte material
do Direito Processual Penal é a UNIÃO, correto???
ERRADO!!! Excepcionalmente, lei estadual (ou distrital) poderá tratar sobre
questões específicas de Processo Penal, desde que permitido pela União por
meio de lei complementar. Observe o disposto no art. 22, parágrafo único,
da Carta Magna:

Art. 22
[...]
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas
neste artigo.

2 - FONTES FORMAIS  No que diz respeito às chamadas fontes formais,


diferentemente do que vimos anteriormente, estamos tratando da forma
como as normas jurídicas são exteriorizadas.
No Direito brasileiro temos como principal fonte formal a lei, que recebe a
denominação de fonte imediata.
Dentro desta classificação, podemos abranger a Constituição Federal, a
legislação infraconstitucional, os tratados, convenções e regras de Direito
Internacional e as súmulas vinculantes. Estas últimas estão incluídas no art.
103-A da Carta Magna nos seguintes termos:

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por


provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros,
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário

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e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,


estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei.

A principal característica da fonte formal imediata é o fato de ela vincular a


atuação do Estado, ou seja, se uma lei diz que o Juiz deve agir de uma
maneira “X”, obrigatoriamente terá que assim fazer.
Além da fonte IMEDIATA, também existem fontes MEDIATAS que, embora
não vinculem a atuação do Estado, servem de importante direcionamento na
atuação Estatal. São elas:

 OS COSTUMES  O costume, que no direito processual penal é


denominado “praxe forense”, é a regra de conduta praticada de modo
geral, constante e uniforme (elemento interno), com a consciência de
sua obrigatoriedade (elemento externo).
Embora não mencionado no artigo 3° do CPP, que admite a aplicação
da analogia e dos princípios gerais do direito, o costume é referido pelo
artigo 4° da Lei de Introdução do Código Civil como uma das formas
integradoras do Direito, em especial na lacuna da lei, podendo ser
considerado como forma de revelação do Direito Processual Penal.

Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e


aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito.
Art. 4o (LICC) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de
direito.
Fala-se em costume secundum legem (de acordo com a lei), extra
legem (na ausência de lei) e contra legem (contra a lei). O último,
segundo o direito moderno, é proibido.

 OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO  São regras que embora


não estejam escritas, mostram-se presentes e informam o
ordenamento jurídico

 A ANALOGIA  A analogia é uma forma de auto integração da lei.

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Na lacuna involuntária desta, aplica-se ao fato não regulado


expressamente um dispositivo que disciplina hipótese semelhante.
No entender de Bettiol consiste na extensão de uma norma jurídica de
um caso previsto a um caso não previsto com fundamento na
semelhança entre os dois casos, porque o princípio informador da
norma que deve ser estendida abraça em si também o caso não
expressamente nem implicitamente previsto.

 A DOUTRINA  É a manifestação de opinião dos renomados juristas


e estudiosos do direito.
 A JURISPRUDÊNCIA  Decisões reiteradas a respeito de um mesmo
assunto.

Alguns doutrinadores tratam de outras fontes, mas para você, que


fará uma PROVA de concurso, são essas as fontes que são de
conhecimento necessário. Podemos resumir o exposto da seguinte
forma:

REGRA: UNIÃO
MATERIAIS

EXCEÇÃO

FONTES ESTADOS (DELEGAÇAO POR LC)


1 - CF/88

2 - LEGISLAÇAO
IMEDIATAS INFRACONSTITUCIONAL

3 – TRATADOS, REGRAS E
CONVENÇOES DE DIREITO
FORMAIS INTERNACIONAL

14– –COSTUMES
SÚMULAS VINCULANTES
MEDIATAS
2 – PCP. GERAIS DO DIREITO

3 – ANALOGIA

4 – DOUTRINA

5 - JURISPRUDÊNCIA

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1.1.3 SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

1.1.3.1 SISTEMA INQUISITÓRIO

Os sistemas inquisitórios têm seu surgimento em Roma e na Europa


medieval. Foram adotados pelos regimes monárquicos e encontraram
guarida no direito canônico. Tais modelos foram adotados por quase
todas as nações europeias durante os séculos XVI, XVII, XVIII.
Esses sistemas encontram apoio em Estados Totalitários, onde
ocorrem supressões da liberdade e garantias individuais dos cidadãos.
Verifica-se, também, demasiada violência Estatal em face dos
indivíduos, sendo essa a grande característica que se pode apontar na
aplicação do Direito Penal.
Percebe-se, também, uma evidente inclinação do modelo em buscar,
preferencialmente, A CONDENAÇÃO COMO FIM SATISFATÓRIO DO
PROCESSO CRIMINAL.
Dentre as características desses modelos, pode-se dizer que a principal
é o acúmulo, pelo mesmo órgão, das funções de acusar, defender
e julgar.
Outra característica, na verdade uma conseqüência da primeira, é que a
colheita de provas é feita pelo próprio juiz.
Verifica-se ainda que o réu, aqui, é tratado como objeto das
investigações e não como sujeito de direitos. Sua culpa é presumida e,
no mais das vezes, responde ao processo recluso.
O processo é sigiloso, sendo que em algumas oportunidades, são
negadas as informações até mesmo ao acusado.
Como o próprio órgão julgador é o responsável também pelas funções
de acusação e defesa, compromete-se a imparcialidade que se espera
de todo julgamento. Entende-se que ao realizar a acusação, o julgador
já está, de certa forma, apresentando um juízo de valor quanto à
questão.

Rangel enumera as principais características dos sistemas inquisitórios:

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1. AS TRÊS FUNÇÕES (ACUSAR, DEFENDER E JULGAR)


CONCENTRAM-SE NAS MÃOS DE UMA SÓ PESSOA, INICIANDO O
JUIZ, EX OFFICIO, A ACUSAÇÃO, QUEBRANDO, ASSIM, SUA
IMPARCIALIDADE;
2. O PROCESSO É REGIDO PELO SIGILO, DE FORMA SECRETA,
LONGE DOS OLHOS DO POVO;
3. NÃO HÁ CONTRADITÓRIO NEM AMPLA DEFESA, POIS O ACUSADO
É MERO OBJETO DO PROCESSO E NÃO SUJEITO DE DIREITOS,
NÃO SE LHE CONFERINDO NENHUMA GARANTIA;
4. O SISTEMA DE PROVAS É O DA PROVA TARIFADA OU PROVA
LEGAL E, CONSEQUENTEMENTE, A CONFISSÃO É A RAINHA DAS
PROVAS.

Pode-se perceber, pelas suas características, que esses sistemas estão


em desacordo com os princípios constitucionais de um Estado
Democrático de Direito, que primam pela proteção aos direitos e
garantias individuais, resguardando a liberdade do cidadão como um dos
bens jurídicos de maior valor e merecedor de especial proteção.

1.1.3.2 SISTEMA ACUSATÓRIO

É O SISTEMA ADOTADO NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO


O que caracteriza o processo acusatório é a rígida separação entre a
função de julgar, acusar e defender, a imparcialidade, a ampla defesa, o
contraditório e, em decorrência, a paridade entre a acusação e a defesa,
a publicidade e a oralidade dos atos processuais, entre outros.
Luigi Ferrajoli enfatiza que se pode chamar acusatório "todo sistema
processual que configura o juiz como um sujeito passivo rigidamente
separado das partes e o processo como iniciativa da acusação, a quem
compete provar o alegado, garantindo-se o contraditório (...) podemos,
ao contrário, chamar inquisitório o processo em que o juiz procede de
ofício na busca de provas, atuando em segredo e por escrito, com
exclusão de qualquer contraditório ou limitação deste.”
Ainda, seguindo a lição de Rangel as principais características desse
sistema são as seguintes:

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1. HÁ A SEPARAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES DE ACUSAR, JULGAR E


DEFENDER, COM TRÊS PERSONAGENS DISTINTOS: AUTOR, JUIZ E RÉU;
2. O PROCESSO É REGIDO PELO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS
PROCESSUAIS, ADMITINDO-SE, COMO EXCEÇÃO, O SIGILO NA PRÁTICA
DE DETERMINADOS ATOS
3. OS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA INFORMAM
TODO O PROCESSO. O RÉU É SUJEITO DE DIREITOS, GOZANDO DE
TODAS AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS QUE LHE SÃO OUTORGADAS;
4. O SISTEMA DE PROVAS ADOTADO É O DO LIVRE CONVENCIMENTO, OU
SEJA, A SENTENÇA DEVE SER MOTIVADA COM BASE NAS PROVAS
CARREADAS PARA OS AUTOS. O JUIZ ESTÁ LIVRE NA SUA APRECIAÇÃO,
PORÉM NÃO PODE SE AFASTAR DO QUE CONSTA NO PROCESSO;
5. IMPARCIALIDADE DO ÓRGÃO JULGADOR, POIS O JUIZ ESTÁ DISTANTE
DO CONFLITO DE INTERESSES INSTAURADO ENTRE AS PARTES,
MANTENDO SEU EQUILÍBRIO, PORÉM DIRIGINDO O PROCESSO
ADOTANDO AS PROVIDENCIAS NECESSÁRIAS À INSTRUÇÃO DO FEITO,
INDEFERINDO AS DILIGÊNCIAS INÚTEIS OU MERAMENTE
PROTELATÓRIAS.

Na verdade, o que se observa nesse sistema é a limitação do poder


estatal de intervenção na vida do indivíduo, que no caso do direito penal
se revela pela forma de intervenção do estado mais gravosa, retirando-
lhe a liberdade.
A Constituição Federal assegura o sistema acusatório no processo penal,
haja vista que:

 As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações


penais incumbem às polícias civis e à polícia federal, e inclusive
à militar, no que diz respeito aos crimes militares (CF/88 - art.
144 e §§);
 Estabelece o contraditório e a ampla defesa, com o meio e
recursos a ela inerentes – (CF/88 - art. 5o, inciso LV);
 A ação penal pública é promovida, privativamente, pelo
Ministério Público – art. 129, I, embora seja assegurado ao
ofendido o direito à ação penal privada subsidiária da pública –
(CF/88 - art. 5o, LIX);
 A função de julgar cabe a juízes constitucionalmente investidos
– (CF/88 - art. 5o, LIII e 92);
 Assevera a motivação das decisões judiciais – art. 93, IX, e a
publicidade dos atos processuais, podendo a lei restringi-la
apenas quando a defesa da intimidade ou o interesse público o
exigirem – (CF/88 - art. 5o, LX).

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1.1.3.3 SISTEMA MISTO

Abrange duas fases processuais distintas: A primeira é inquisitiva, na


qual ocorre uma investigação preliminar. A outra é a do julgamento, na
qual se aplica todos os conceitos e princípios do sistema acusatório.
Cabe ressaltar que, embora não seja um tema pacífico, a doutrina
majoritária entende que o inquérito policial, apesar de inquisitivo, não
integra o processo penal propriamente dito e, portanto, não há que se
falar em aplicabilidade do sistema misto no Brasil.

1.2 PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

O Direito Processual Penal é regido por uma série de princípios e o


conhecimento destes é de suma importância para a correta compreensão deste
ramo jurídico.
No Processo Penal brasileiro, os princípios representam os postulados
fundamentais da política processual penal do Estado e, como refletem as
características de determinado momento histórico, sofrem oscilações de acordo
com as alterações do regime político.
Como se vive sob a égide de um regime democrático, os princípios que regem o
Processo Penal devem estar em consonância com a liberdade individual, valor
tido como absoluto pela Carta Magna de 1988.
Os inúmeros princípios que norteiam o Processo Penal brasileiro encontram-se
determinados tanto pela Constituição Federal quanto pelo Código de Processo
Penal e serão agora tratados com suas principais características.

1.2.1 PRINCÍPIO DA VERDADE REAL

No processo penal, o Juiz tem a obrigação de colher o maior número de


provas possíveis a fim de determinar efetivamente como ocorreu o fato
concreto.
Segundo o STJ: “A busca pela verdade real constitui princípio que rege o
Direito Processual Penal. A produção de provas, porque constitui garantia
constitucional, pode ser determinada, inclusive pelo Juiz, de ofício, quando
julgar necessário”.

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Desta forma, para ficar bem claro, imaginemos a seguinte situação:


Tício mata Mévio e, durante o processo penal, o pai de Tício assume a culpa
do feito, exigindo, assim, que seu filho seja liberado. Será que o Juiz é
obrigado a aceitar o que está sendo dito?
A resposta é negativa, pois, como já dissemos, caberá ao judiciário, através
da colheita de informações, objetivar a verdade REAL e decidir através da
livre apreciação das provas.
Contudo, este princípio não é absoluto, pois há determinadas situações que
constituem ressalvas à verdade real, como, por exemplo, as provas obtidas
por meios ilícitos, as limitações ao depoimento de algumas testemunhas que
têm conhecimento do fato em virtude da profissão, ofício, função ou
ministério (art. 208, CPP) e a impossibilidade de apresentação de provas que
não tiverem sido juntadas aos autos com antecedência mínima de três dias
(veremos estes temas nas próximas aulas).
Diante do exposto, se em um processo penal é apresentado ao Juiz uma
interceptação telefônica ilegal, na qual o réu diz “EU MATEI” e,
concomitantemente, o depoimento de um padre, o qual tem o dever de
silêncio em razão do ofício, que diz que no mesmo dia do homicídio o réu se
confessou e contou tudo, nada disso servirá como prova.
Ainda dentro do mesmo processo, imaginemos que, como nos filmes, no
momento em que o Juiz ia proferir a decisão apareceu um cinegrafista
amador com imagens do momento do homicídio para apresentar. Isso
servirá como prova?
A resposta é negativa (impossibilidade de apresentação de provas que não
tiverem sido juntadas aos autos com antecedência mínima de três dias) e a
autoridade judicial terá que se basear somente nos autos, pois, neste caso,
”o que não está nos autos, não está no mundo”.

1.2.2 PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES

O princípio da iniciativa das partes é assinalado pelos axiomas latinos nemo


judex sine actore e ne procedat judex ex officio (estas expressões aparecem
em prova, atenção a elas), ou seja, não há juiz sem autor, ou o juiz não
pode dar início ao processo de ofício sem a provocação da parte interessada.
O CPP prevê expressamente o aludido princípio quando, por intermédio dos
arts. 24 e 30, dispõe que a ação penal pública deve ser promovida pelo

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Ministério Público, através da denúncia, e que a ação penal privada deve ser
promovida pelo ofendido ou por quem caiba representá-lo, mediante queixa.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-
lo caberá intentar a ação privada.

Tais dispositivos podem ser confirmados pelo art. 28 do mesmo diploma


legal, o qual dispõe que, nos casos em que o órgão do Ministério Público
deixa de oferecer a denúncia para requerer o arquivamento do inquérito
policial, ainda que o Juiz não concorde com as alegações do MP, não poderá
dar início à ação penal ex officio, devendo remeter os autos ao Procurador
Geral para que esse tome as providencias que julgar cabíveis.

1.2.3 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

Prevê a Constituição Federal que:

Art. 5º
[...]
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;

Consoante o texto constitucional, existe uma presunção de inocência do


acusado da prática de uma infração penal até que haja uma sentença
condenatória irrecorrível que o declare culpado, ou seja, é assegurado a todo
e qualquer indivíduo um prévio estado de inocência, que só pode ser
afastado se houver prova plena do cometimento de um delito.
Nos termos dos ensinamentos trazidos pelo jurista Antônio Magalhães
GOMES FILHO, o princípio em estudo não se limita a uma garantia política do
estado de inocência dos cidadãos, devendo também ser analisado sob o
enfoque técnico jurídico como regra de julgamento a ser adotada sempre

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que houver dúvida sobre fato relevante para a decisão do processo, quando
a presunção de inocência confunde-se com o princípio in dubio pro reo (na
dúvida, em favor do réu).
Ademais, a mencionada norma deve orientar o tratamento do acusado ao
longo de todo o processo, impedindo que ele seja equiparado ao culpado.
É importante ressaltar que este princípio não impede medidas coercitivas
previstas em lei como, por exemplo, a prisão temporária e provisória.
Entenderemos melhor isto quando tratarmos sobre as formas de prisão.

1.2.4 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

Dispõe a Carta Magna:

Art. 5º
[...]
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; (grifo nosso).

Trataremos primeiramente do contraditório, que nada mais é do que o


direito que detêm as partes de terem conhecimento de todas as provas que
a elas são imputadas para contradizê-las, contestá-las, enfim, preparar uma
defesa.
Assim, não existe no processo penal prova secreta e muito menos
aquele “salvador da pátria”, constantemente visto nos filmes, que
aguarda o último segundo do julgamento para apresentar a prova que
resolve tudo e prende o assassino...ESSE TIPO DE PROVA NA SUA
PROVA NÃO EXISTE...SÓ MESMO EM HOLLYWOOD.

A ampla defesa encontra correlação com o princípio do contraditório e é o


dever que assiste ao Estado de facultar ao acusado a possibilidade de
efetuar a mais completa defesa quanto à imputação que lhe foi realizada.

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1.2.5 PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS


POR MEIOS ILÍCITOS

Este princípio está firmado no art. 5º, da Constituição Federal, nos seguintes
termos:

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios


ilícitos;

Observe que o art. 157 do CPP, alterado pela lei nº 11.690/2008, também
discorre sobre o tema:

FUI Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do


EU!!! processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em
violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.

Perceba que o parágrafo primeiro do supracitado artigo cita as provas


derivadas das ilícitas. Deste modo, será válido como prova a arma do crime
cuja localização foi obtida por uma interceptação telefônica ilegal?
A resposta é negativa, pois a arma, embora lícita por si, deriva de uma
prova ilegal.
Cabe, por fim, ressaltar que a jurisprudência majoritária tem admitido o uso
de prova ilícita quando esta é o único meio do réu comprovar sua inocência.
Entenderemos melhor este tópico quadro tratarmos especificamente das
provas.

1.2.6 PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE

Segundo este princípio, a pretensão punitiva do Estado deve se fazer valer


por órgãos públicos, ou seja, a autoridade policial, no caso do inquérito, e o
Ministério Público, no caso da ação penal pública.

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1.2.7 PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE

A autoridade policial e o Ministério Público, regra geral, tomando


conhecimento da possível ocorrência de um delito, deverão agir ex officio
(daí o nome princípio da oficiosidade), não aguardando qualquer provocação.
Tal situação é excepcionada nos casos de ação penal privada, na qual, como
veremos em nossa próxima aula, será necessária a provocação da vítima.

1.2.8 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Vivemos em um Estado Democrático de Direito e, assim, a lei define um


devido processo para que uma penalização possa ser aplicada a um
indivíduo. A fim de evitar qualquer fuga por parte do Estado dos ritos
procedimentais estabelecidos no nosso ordenamento jurídico, o texto
constitucional nos traz:

Art. 5º
[...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;

Pode-se conceituar o princípio em estudo, de acordo com a lição do doutrinador


Marcos Alexandre Coelho ZILLI, como sendo uma garantia constitucional,
atualmente incorporada no campo dos direitos e garantias fundamentais, que visa
assegurar às partes interessadas o estabelecimento e o respeito a um processo
judicial instituído em lei e conduzido por um juiz natural, sendo que este deve ser
dotado de independência e imparcialidade, resguardando-se o contraditório, a
ampla defesa, a publicidade dos atos e a motivação das decisões ali proferidas.

1.2.9 PRINCÍPIO DO “FAVOR REI”

Também conhecido como princípio do in dubio pro reo, o princípio do favor


rei decorre do princípio da presunção de inocência anteriormente estudado.

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Baseia-se na predominância do direito de liberdade do acusado, quando


colocado em confronto com o direito de punir do Estado, ou seja, na dúvida,
sempre prevalece o interesse do réu.
O mencionado princípio deve orientar, inclusive, as regras de interpretação,
de forma que, diante da existência de duas interpretações antagônicas,
deve-se escolher aquela que se apresenta mais favorável ao acusado.
No processo penal, para que seja proferida uma sentença condenatória, é
necessário que haja prova da existência de todos os elementos objetivos e
subjetivos da norma penal e também da inexistência de qualquer elemento
capaz de excluir a culpabilidade e a pena.

1.2.10 PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ

Quando da determinação de um Juiz para um processo, a atuação


deste deve ser completamente imparcial, ou seja, desprovida de
qualquer interesse pessoal.

Imaginemos um julgamento em que o Juiz decidirá pela prisão ou


não de sua mãe e sua esposa... Ou de sua sogra (ai complica...)...
Será que podemos garantir que ele será completamente neutro?

Realmente é difícil responder a esta pergunta e, exatamente por isso, o


nosso ordenamento jurídico trouxe hipóteses em que, obrigatoriamente, o
Juiz deverá alegar sua impossibilidade de realizar o julgamento e outras
situações em que as partes poderão solicitar a mudança da autoridade
julgadora.

São as hipóteses de impedimentos e suspeições presentes nos arts. 254,


255 e 256 do Código de Processo Penal. Veremos mais detalhadamente este
tema ao tratarmos dos sujeitos processuais.

1.2.11 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE

A adoção desse princípio proíbe a paralisação injustificada da investigação


policial ou seu arquivamento pela autoridade policial. Também não permite
que o Ministério Público desista da ação.
Como garantia do aludido princípio, a lei processual penal traz diversos
dispositivos, como, por exemplo, a determinação dos prazos para a

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conclusão do inquérito policial (art. 10) e, ainda, a proibição da autoridade


policial de formular pedido de arquivamento. Observe o texto legal:

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos


de inquérito.

É importante ressaltar que a indisponibilidade encontra hoje ressalva na lei


nº 9.099/1995 que permite a transação penal nos crimes de menor potencial
ofensivo (contravenções e infrações cuja pena máxima não ultrapasse dois
anos de prisão, cumulada ou não com multa).

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

TRANSAÇÃO PENAL  EM TERMOS BASTANTE SIMPLÓRIOS: É UM


"ACORDO" QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO PROPÕE AO INFRATOR DE
QUE NÃO SERÁ DADA CONTINUIDADE AO PROCESSO CRIMINAL,
DESDE QUE ELE CUMPRA DETERMINADAS CONDIÇÕES IMPOSTAS
PELO PRÓPRIO MP (EX.: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE,
PAGAMENTO DE CESTAS BÁSICAS, ETC.). DESTA FORMA, NESTA
HIPÓTESE, TEMOS A DISPONIBILIDADE DO PROCESSO, PODENDO
SER EXTINTO EM CASO DE ACORDO.

1.2.12 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL

Consagrado pela CF/88, em seu art. 5º, LIII, o princípio do Juiz natural
estabelece que ninguém será sentenciado senão pela autoridade
competente, representando a garantia de um órgão julgador técnico e
isento, com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de
organização judiciária de cada Estado.
Juiz natural é, assim, aquele previamente conhecido, segundo regras
objetivas de competência estabelecidas anteriormente à infração penal,
investido de garantias que lhe assegurem absoluta independência e
imparcialidade.

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Decorre desse princípio a proibição de criação de juízos ou tribunais de


exceção, insculpida no art. 5º, XXXVII, que impõe a declaração de nulidade
de qualquer ato judicial emanado de um juízo ou tribunal que houver sido
instituído após a prática de determinados fatos criminosos, especificamente
para processar e julgar determinadas pessoas.
Faz-se necessário esclarecer que a proibição da constituição de tribunais de
exceção não significa impedimento à criação de justiça especializada ou de
vara especializada, já que, nesse caso, apenas são reservados a
determinados órgãos, inseridos na estrutura judiciária fixada na própria
Constituição, o julgamento de matérias específicas.
No mesmo sentido, o princípio do Promotor natural também encontra
amparo no art. 5º, LIII, da CF/88, ao determinar que ninguém será
processado senão por autoridade competente.
O mencionado dispositivo deve ser interpretado em consonância com o art.
127 e 129 da Carta Magna, ou seja, ninguém poderá ser processado
criminalmente senão pelo órgão do Ministério Público, dotado de amplas
garantias pessoais e institucionais de absoluta independência e liberdade de
convicção e com atribuições previamente fixadas e conhecidas.
A garantia do promotor natural consagra a independência do órgão de
acusação pública. Representa, ainda, uma garantia de ordem individual, já
que limita a possibilidade de persecuções criminais pré-determinadas ou a
escolha de promotores específicos para a atuação em certas ações penais.

1.2.13 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O princípio constitucional da publicidade, como já tratamos, é característica


fundamental do sistema processual acusatório.
Mirabete coloca que a publicidade:

"Trata-se de garantia para obstar arbitrariedades e violências contra o


acusado e benéfica para a própria Justiça, que, em público, estará mais livre
de eventuais pressões, realizando seus fins com mais transparência.
Esse princípio da publicidade inclui os direitos de assistência, pelo público
em geral, dos atos processuais, a narração dos atos processuais e a
reprodução dos seus termos pelos meios de comunicação e a consulta dos
autos e obtenção de cópias, extratos e certidões de quaisquer deles”

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1.2.14 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

O princípio do duplo grau de jurisdição visa assegurar ao litigante vencido,


total ou parcialmente, o direito de submeter a matéria decidida a uma nova
apreciação jurisdicional, no mesmo processo, desde que atendidos
determinados pressupostos específicos, previstos em lei.
Todo ato decisório do juiz que possa prejudicar um direito ou um interesse
da parte deve ser recorrível, como meio de evitar ou emendar os erros e
falhas que são inerentes aos julgamentos humanos; e, também, como
atenção ao sentimento de inconformismo contra julgamento único, que é
natural em todo indivíduo.
A doutrina diverge em considerar o duplo grau de jurisdição como um
princípio de processo inserido na Constituição Federal, já que inexiste a sua
previsão expressa no texto constitucional.
Todavia, a doutrina majoritária acredita que o duplo grau de jurisdição é um
princípio processual constitucional. Os doutrinadores fundamentam este
posicionamento na competência recursal estabelecida na Constituição
Federal.
Observe alguns exemplos desta previsão implícita do duplo grau de
jurisdição inserido na Carta Magna:

Art. 5º[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:[...]
II - julgar, em recurso ordinário:
III - julgar, mediante recurso extraordinário (...);

Diante disso, apesar de não constar de forma expressa na Constituição


Federal, pode-se dizer que o duplo grau de jurisdição ou garantia de
reexame das decisões proferidas pelo Poder Judiciário, pode ser incluído no

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estudo acerca dos princípios de processo penal inseridos no texto


constitucional.

Por fim, vamos resumir os princípios apresentados:

PRINCÍPIO COMENTÁRIOS

CABERÁ AO JUDICIÁRIO, ATRAVÉS DA


COLHEITA DE INFORMAÇÕES, ATINGIR A
DA VERDADE REAL
VERDADE REAL E DECIDIR ATRAVÉS DA
LIVRE APRECIAÇÃO DAS PROVAS.

O JUIZ NÃO PODE DAR INÍCIO AO


DA INICIATIVA DAS PARTES PROCESSO DE OFÍCIO, SEM A
PROVOCAÇÃO DA PARTE INTERESSADA.

NINGUÉM SERÁ CONSIDERADO CULPADO


DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ATÉ O TRÂNSITO EM JULGADO DE
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA.

TER CONHECIMENTO DE TODAS AS


PROVAS PARA EXERCER O DIREITO DE
DO CONTRADITÓRIO CONTRADIZÊ-LAS.

DA AMPLA DEFESA POSSIBILIDADE DE APRESENTAR TODO


TIPO (LÍCITO) DE PROVAS PARA PROVAR
O QUE AFIRMA.

SÃO INADMISSÍVEIS, DEVENDO SER


DESENTRANHADAS DO PROCESSO, AS
DA INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS PROVAS ILÍCITAS, ASSIM ENTENDIDAS
OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS AS OBTIDAS EM VIOLAÇÃO A NORMAS
CONSTITUCIONAIS OU LEGAIS.

A PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO


DEVE SE FAZER VALER POR ÓRGÃOS
DA OFICIALIDADE PÚBLICOS.

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A AUTORIDADE POLICIAL E O
MINISTÉRIO PÚBLICO, REGRA GERAL,
DA OFICIOSIDADE TOMANDO CONHECIMENTO DA POSSÍVEL
OCORRÊNCIA DE UM DELITO, DEVERÃO
AGIR EX OFFICIO.

NINGUÉM SERÁ PRIVADO DA LIBERDADE


DO DEVIDO PROCESSO LEGAL OU DE SEUS BENS SEM O DEVIDO
PROCESSO LEGAL.

IN DUBIO PRO REO – OU SEJA – NA


DÚVIDA ENTRE PRIVILEGIAR A
DO “FAVOR REI”
PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO OU O
RÉU, PREVALECE ESTE ÚLTIMO.

A ATUAÇÃO DO JUIZ DEVE SER


COMPLETAMENTE IMPARCIAL, OU SEJA,
DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ DESPROVIDA DE QUALQUER INTERESSE
PESSOAL. (HIPÓTESES DE SUSPEIÇÃO E
IMPEDIMENTOS).

ASSIM COMO O MP NÃO PODE DEIXAR DE


OFERECER A DENÚNCIA QUANDO DA
EXISTÊNCIA DE CRIME QUE SE APURA
MEDIANTE AÇÃO PENAL PÚBLICA,
DA INDISPONIBILIDADE
TAMBÉM NÃO PODE DESISTIR DELA APÓS
TÊ-LA INTERPOSTO. TAL PRECEITO
TAMBÉM É APLICADO À AUTORIDADE
POLICIAL NA FASE DO INQUÉRITO.

DO JUIZ NATURAL E DO
NINGUÉM SERÁ PROCESSADO NEM
SENTENCIADO SENÃO PELA AUTORIDADE
COMPETENTE.
PROMOTOR NATURAL

OS ATOS PROCESSUAIS DEVEM SER


PUBLICIDADE
PÚBLICOS

O LITIGANTE VENCIDO, TOTAL OU


PARCIALMENTE, TEM O DIREITO DE
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
SUBMETER A MATÉRIA DECIDIDA A UMA
NOVA APRECIAÇÃO JURISDICIO-NAL

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1.3 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO

A norma processual penal possui uma eficácia (aptidão para produzir efeitos)
que não é absoluta, encontrando limitação em determinados fatores, tais como:

1 – FATORES DE ORDEM ESPACIAL  Impõem à norma a produção de seus


efeitos em determinados lugares e em outros não.

2 – FATORES DE ORDEM TEMPORAL  Impõem à norma a produção de seus


efeitos em determinados períodos de tempo.
Diante do exposto, vamos analisar cada um destes fatores no processo penal
brasileiro.

1.3.1 LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO

Dispõe o Código de Processo Penal:

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro,


por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República,
dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente
da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos
crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e
100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;

O CPP traz para o processo penal o princípio da TERRITORIALIDADE,


segundo o qual a lei processual penal aplica-se a todas as infrações
cometidas em território brasileiro.
Apesar de deixar claro que a regra é a territorialidade, o próprio art. 1º do
CPP traz algumas exceções à territorialidade do Código de Processo Penal.
Vamos conhecê-las:

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A) OS TRATADOS, AS CONVENÇÕES E REGRAS DE DIREITO INTERNACIONAL;

A SUBSCRIÇÃO PELO BRASIL DE TRATADO OU CONVENÇÃO AFASTA A


JURISDIÇÃO CRIMINAL BRASILEIRA, FAZENDO COM QUE
DETERMINADOS CRIMES SEJAM APRECIADOS POR TRIBUNAIS
ESTRANGEIROS.

B) AS PRERROGATIVAS CONSTITUCIONAIS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA,


DOS MINISTROS DE ESTADO, NOS CRIMES CONEXOS COM OS DO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, E DOS MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL, NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE (CF/88, ARTS. 86, 89, § 2O,
E 100);

DETERMINADAS CONDUTAS, POR QUESTÃO DE POLÍTICA CRIMINAL,


NÃO SÃO JULGADAS PELO JUDICIÁRIO, MAS PELO LEGISLATIVO. NO
CASO EM TELA, TRATA-SE DE COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL.

C) OS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR.

O ART. 124 DA CF/88 DEFINE QUE CABE A JUSTIÇA MILITAR JULGAR OS


CRIMES MILITARES. ESSES DELITOS VÃO SER APURADOS DE ACORDO
COM O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR E NÃO CONFORME O
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

1.3.2 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

Este tema encontra-se definido no CPP da seguinte forma:

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo


da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Antes de compreendermos a abrangência do referido artigo, precisamos


entender alguns conceitos. Vamos a eles:

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 ATIVIDADE  Período situado entre a entrada em vigor e a


revogação de uma lei durante o qual ela está produzindo efeitos.

 EXTRATIVIDADE  É a incidência de uma lei fora do seu período de


vigência. Cabe ressaltar que se atinge atos anteriores à sua entrada
em vigor atribuímos o nome RETROATIVIDADE. Diferentemente, caso
produza efeitos após sua revogação, damos o nome de
ULTRATIVIDADE.

RESUMINDO:

Entendidos os conceitos, podemos iniciar a análise do art. 2º, segundo o


qual, conforme vimos, “a lei processual aplicar-se-á DESDE LOGO, sem
prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”.
Quando lemos este artigo, fica claro que o legislador adotou o princípio da
aplicação imediata das normas processuais, aplicando aos fatos a lei que
estiver em vigor no dia em que ele foi praticado (tempus regit actum).
Assim, pergunto:
Se a lei processual penal é mais benéfica para o réu, ela vai retroagir???
Se você respondeu “SIM, claro, isso está na Constituição”, a resposta
estááááá....INCORRETA!!! O que encontramos na Carta Magna é:

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Art. 5º
[...]

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; (grifo


nosso).

Perceba que a CF/88 fala da retroação da lei penal e não da processual


penal.
A retroatividade existe, no entanto, sob outro aspecto. As normas
processuais penais serão aplicadas aos processos em andamento, ainda
que o fato tenha ocorrido antes de sua entrada em vigor e mesmo que seja
em prejuízo do réu.
Podemos exemplificar esta situação da seguinte forma: Tício praticou um
crime hediondo e, na data do fato havia a possibilidade de concessão de
fiança e liberdade provisória. Após alguns meses, durante o processo penal
de Tício, veio lei estabelecer que para crimes hediondos não será possível os
dois institutos anteriormente citados.
Conforme dito, a nova lei atingirá o processo de Tício, mesmo sendo em
prejuízo do réu... ou seja... no caso de questões em prova que exijam o
conhecimento da aplicação da lei processual penal no tempo em processos
que estejam em andamento, se ela prejudica o Réu, AZAR o dele!!!

Assim, as consequências para o ordenamento jurídico da regra instituída


pelo Art. 2º são:

 OS ATOS PROCESSUAIS PRATICADOS NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DA LEI


REVOGADA NÃO ESTARÃO INVALIDADOS EM VIRTUDE DO ADVENTO DE NOVA
LEI, AINDA QUE IMPORTE ESTA EM BENEFÍCIO AO ACUSADO.
 A NOVA NORMA PROCESSUAL TERÁ APLICAÇÃO IMEDIATA, NÃO IMPORTANDO,
ABSOLUTAMENTE, SE O FATO OBJETO DO PROCESSO CRIMINAL FOI
PRATICADO ANTES OU DEPOIS DE SUA VIGÊNCIA

Observe o esquema:

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NORMA 01

NORMA 02 (APLICAÇÃO)

PROCESSO PENAL EM ANDAMENTO

1.4 INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

De acordo com Alberto Marques: “... a interpretação é a operação intelectual


que determina o sentido e o alcance da norma jurídica. Determinar o alcance da
norma significa determinar a que casos ela se aplica. Determinar o sentido da
norma significa apurar qual a solução que a norma preconiza para o caso em
exame”.
O tema interpretação é tratado pelo Código de Processo Penal nos seguintes
termos:
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito

Vamos agora desmembrar o Art. 3º e entendê-lo: A lei processual penal


admitirá:

 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA  Ocorre quando o intérprete


percebe que a letra escrita da lei ficou aquém de sua vontade, ou seja,
a lei disse menos do que queria e a interpretação vai ampliar seu
significado. Vejamos o seguinte julgado do STJ em que encontramos
um exemplo claro de interpretação extensiva.

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LEP (Lei de Execuções Penais) Lei nº 7210/84

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir,
pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena. (grifei)

STJ – HC 58926/SP
1. A Lei de Execução Penal busca a reinserção do recluso no convívio social e evidencia, nos
termos de seu art. 28, a importância do trabalho para o alcance de tal objetivo.
2. O art. 126, caput, da referida Lei, integra essa concepção de incentivo ao trabalho, uma vez
que, além de sua finalidade educativa e ressocializadora, tem outro aspecto importante que é o
da atenuação de parte da pena privativa de liberdade através da redução que é feita à razão de
um dia de pena por três dias de trabalho (remição da pena).
3. A interpretação extensiva do vocábulo 'trabalho', para alcançar também a atividade
estudantil, não afronta o art. 126 da Lei de Execução Penal. É que a legislação, com o
objetivo de ressocializar o condenado para o fim de remição da pena, abrange o estudo, em face
da sua inegável relevância para a recuperação social dos encarcerados.
4. Ordem concedida para assegurar ao paciente o direito à remição da pena em relação aos dias
de estudo efetivamente cursados.

 APLICAÇÃO ANALÓGICA  A analogia consiste em aplicar a uma


hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso
semelhante.
Exemplo: O legislador, através da lei A, regulou o fato B. O julgador
precisa decidir o fato C. Procura e não encontra no direito positivo uma
lei adequada a esse fato. Percebe, porém, que há pontos de
semelhança entre o fato B (regulado) e o fato C (não regulado). Então,
através da analogia, aplica ao fato C a lei A.

 SUPLEMENTO DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO  Na lição


de Carlos Roberto Gonçalves, “são regras que se encontram na
consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo que não
escritas.”

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Por enquanto é “só”!

Espero revê-lo (a) em nossa primeira aula.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

“Sonhar é preciso, agir na direção da realização de


um sonho é fundamental.”

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este


Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros
de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos
ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade
(Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação


analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

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EXERCÍCIOS

1. (Adaptada / Juiz - TJ-MS) Com relação ao Princípio Constitucional da


Publicidade, com correspondência no Código de Processo Penal, é
correto afirmar que

a) a publicidade ampla e a publicidade restrita não constituem regras de maior


ou menor valor no processo penal, cabendo ao poder discricionário do juiz a
preservação da intimidade dos sujeitos processuais.
b) a publicidade restrita tem regramento pela legislação infraconstitucional e
não foi recepcionada pela Constituição Federal, que normatiza a publicidade
ampla dos atos processuais como garantia absoluta do indivíduo.
c) de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, com nova
redação dada pela EC 45/2004, os atos processuais serão públicos, sob pena de
nulidade, cabendo ao juiz limitar a presença, nas audiências, de partes e
advogados.
d) a publicidade restrita é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade ampla é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.
e) a publicidade ampla é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade restrita é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.

GABARITO: E
COMENTÁRIOS: O princípio da publicidade encontra exceções previstas na
Constituição Federal e também na legislação infraconstitucional. Assim, a
doutrina classifica a publicidade em plena (ampla, popular, imediata ou geral) e
restrita (especial, mediata, interna ou para as partes).
A primeira refere-se a publicidade sem exceções (ampla), quando os atos
podem ser assistidos por qualquer pessoa, abertos a todo o público. Esta é a
regra geral, devendo qualquer hipótese de restrição ser expressamente prevista
em lei.
A publicidade restrita se apresenta quando um número reduzido de pessoas ou
apenas as partes e seus defensores podem estar presentes aos atos do
processo. Tal limitação a regra geral da publicidade popular encontra amparo
quando o decoro, a defesa da intimidade e o interesse social aconselhem que

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não sejam divulgados determinados atos, também a fim de evitar escândalos,


inconvenientes graves ou perigo de perturbação da ordem.

2. (Adaptada / Escrivão - PC-CE) No que diz respeito às disposições


constitucionais aplicáveis ao processo penal, é correto afirmar que

a) ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e


fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime impropriamente militar, definidos em lei.
b) a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem.
c) não será admitida ação privada nos crimes de ação penal pública
d) ninguém será considerado culpado até a publicação de sentença penal
condenatória.
e) o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial, salvo as hipóteses em que a identificação colocar em
risco a atividade policial.

GABARITO: B
COMENTÁRIOS: Vamos analisar as assertivas, com base no art. 5º da
Constituição Federal.
Alternativa “A”  LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos
casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
(ERRADA)
Alternativa “B”  LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
(CORRETA)
Alternativa “C”  LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal; (ERRADA)
Alternativa “D”  LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória; (ERRADA)
Alternativa “E”  LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; (ERRADA)

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3. (Adaptada / Juiz - TJ-PB) A lei processual penal posterior que, de


qualquer modo, favoreça o agente deverá ser aplicada aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.

Errada. No caso da lei processual penal, serão utilizados os dispositivos que


estiverem vigendo na data do julgamento, ainda que outra lei PROCESSUAL
dispusesse de modo diverso a época do fato. Ressalta-se que os atos praticados
não precisam ser repetidos caso haja mudança na lei.

4. (Adaptada / Juiz - TJ-PB) De acordo com o entendimento


majoritário, a lei processual penal posterior e mais gravosa ao réu não
deve ser aplicada a fatos cometidos na vigência de norma anterior, em
decorrência do princípio tempus regit actum.

Errada. A lei processual penal rege-se pelo princípio da aplicação imediata.

5. (Adaptada / Advogado - Nossa Caixa) A regra que, no processo


penal, atribui à acusação, que apresenta a imputação em juízo através
de denúncia ou de queixa- crime, o ônus da prova é decorrência do
princípio

a) do contraditório.
b) do devido processo legal.
c) do Promotor natural.
d) da ampla defesa.
e) da presunção de inocência.

GABARITO: E
COMENTÁRIO: Segundo o princípio da presunção de inocência (ou da não
culpabilidade), o reconhecimento da autoria de uma infração criminal pressupõe
sentença condenatória transitada em julgado.
Assim, antes desse marco, todos são presumivelmente inocentes, cabendo à
acusação o ônus probatório em sentido contrário.

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6. (Adaptada/ Analista Judiciário - TJ-PA) A nova lei processual penal

A) é de incidência imediata, pouco importando a fase em que esteja o processo.


B) não é aplicável aos processos, ainda em curso, iniciados na vigência da lei
processual anterior.
C) não é aplicável aos processos de rito ordinário, ainda em andamento,
quando de sua vigência.
D) é aplicável, inclusive, aos processos já findos.
E) é aplicável somente aos processos, ainda em curso, da competência do
Tribunal do Júri.

GABARITO: A
COMENTÁRIOS: questão que exige o conhecimento da aplicabilidade da lei
processual. Como vimos, no processo penal a incidência é imediata.

7. (Adaptada / Juiz Substituto – TJ-MS) Relativamente aos princípios


processuais penais, é incorreto afirmar que:

A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso de dúvida o


réu seja absolvido.
B) o princípio da presunção de inocência recomenda que processos criminais em
andamento não sejam considerados como maus antecedentes para efeito de
fixação de pena.
C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a defesa
técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão judicial, seja nas
alegações finais escritas, seja nas alegações orais.
D) o princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos casos
em que o co-réu possui foro por prerrogativa de função quando o réu deveria
ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau.
E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo admissível
que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única disponível para a acusação
e o crime imputado seja considerado hediondo.

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GABARITO: E
COMENTÁRIOS: A única alternativa incorreta é a “E”, pois, como vimos, o
princípio da vedação de provas ilícitas só é excepcionado em favor do RÉU,
quando for a única prova existente para que este comprove sua inocência.

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (Adaptada / Juiz - TJ-MS) Com relação ao Princípio Constitucional da


Publicidade, com correspondência no Código de Processo Penal, é
correto afirmar que

a) a publicidade ampla e a publicidade restrita não constituem regras de maior


ou menor valor no processo penal, cabendo ao poder discricionário do juiz a
preservação da intimidade dos sujeitos processuais.
b) a publicidade restrita tem regramento pela legislação infraconstitucional e
não foi recepcionada pela Constituição Federal, que normatiza a publicidade
ampla dos atos processuais como garantia absoluta do indivíduo.
c) de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, com nova
redação dada pela EC 45/2004, os atos processuais serão públicos, sob pena de
nulidade, cabendo ao juiz limitar a presença, nas audiências, de partes e
advogados.
d) a publicidade restrita é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade ampla é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.
e) a publicidade ampla é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade restrita é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.

2. (Adaptada / Escrivão - PC-CE) No que diz respeito às disposições


constitucionais aplicáveis ao processo penal, é correto afirmar que

a) ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e


fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime impropriamente militar, definidos em lei.
b) a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem.
c) não será admitida ação privada nos crimes de ação penal pública
d) ninguém será considerado culpado até a publicação de sentença penal
condenatória.

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e) o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial, salvo as hipóteses em que a identificação colocar em
risco a atividade policial.

3. (Adaptada / Juiz - TJ-PB) A lei processual penal posterior que, de


qualquer modo, favoreça o agente deverá ser aplicada aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.

4. (Adaptada / Juiz - TJ-PB) De acordo com o entendimento


majoritário, a lei processual penal posterior e mais gravosa ao réu não
deve ser aplicada a fatos cometidos na vigência de norma anterior, em
decorrência do princípio tempus regit actum.

5. (Adaptada / Advogado - Nossa Caixa) A regra que, no processo


penal, atribui à acusação, que apresenta a imputação em juízo através
de denúncia ou de queixa- crime, o ônus da prova é decorrência do
princípio

a) do contraditório.
b) do devido processo legal.
c) do Promotor natural.
d) da ampla defesa.
e) da presunção de inocência.

6. (Adaptada/ Analista Judiciário - TJ-PA) A nova lei processual penal

A) é de incidência imediata, pouco importando a fase em que esteja o processo.


B) não é aplicável aos processos, ainda em curso, iniciados na vigência da lei
processual anterior.
C) não é aplicável aos processos de rito ordinário, ainda em andamento,
quando de sua vigência.
D) é aplicável, inclusive, aos processos já findos.

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E) é aplicável somente aos processos, ainda em curso, da competência do


Tribunal do Júri.

7. (Adaptada / Juiz Substituto – TJ-MS) Relativamente aos princípios


processuais penais, é incorreto afirmar que:

A) o princípio da presunção de inocência recomenda que em caso de dúvida o


réu seja absolvido.
B) o princípio da presunção de inocência recomenda que processos criminais em
andamento não sejam considerados como maus antecedentes para efeito de
fixação de pena.
C) os princípios do contraditório e da ampla defesa recomendam que a defesa
técnica se manifeste depois da acusação e antes da decisão judicial, seja nas
alegações finais escritas, seja nas alegações orais.
D) o princípio do juiz natural não impede a atração por continência nos casos
em que o co-réu possui foro por prerrogativa de função quando o réu deveria
ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau.
E) o princípio da vedação de provas ilícitas não é absoluto, sendo admissível
que uma prova ilícita seja utilizada quando é a única disponível para a acusação
e o crime imputado seja considerado hediondo.

GABARITO

1-E 2-B

3-E 4-E

5-E 6-A

7-E *****

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