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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Estado do Paraná
Vistos e examinados,
I. RELATÓRIO.
Trata-se de recurso de apelação cível interposto em face da
sentença proferida nos autos nº 0001543-82.2015.8.16.0069, que julgou
improcedentes os pedidos formulados na inicial, condenando os autores ao
pagamento das custas e despesas processuais, bem como honorários
advocatícios, estes fixados em R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).
Inconformados, os autores alegam, em suas razões recursais,
em síntese, que sofreram a abordagem policial quando seguiam sentido
Cianorte-Maringá, por policiais que não agiram com o procedimento
adequado, causando danos ao veículo e risco aos autores em decorrência da
falta de cautela.
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE
O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr.jus.br
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APELAÇÃO CÍVEL N.º 1725723-9 (es)
O magistrado singular julgou improcedentes os pedidos, sob o
fundamento de que os autores não lograram êxito em comprovar as
alegações presentes na exordial, “sendo a versão da defesa muito mais crível
em cotejo com tudo o que se apurou pelas provas produzidas, não havendo
portanto, como se concluir que a atuação dos policiais civis tenha desbordado
dos limites da normalidade para a situação que se apresentou, o que enseja,
consequentemente, a conclusão de que inexistiu qualquer espécie de abuso a
justificar a indenização pretendida”.
Desta decisão insurgem-se os autores, requerendo, em
resumo, a reforma da sentença de primeiro grau, reconhecendo do excesso
na abordagem policial, com a consequente condenação do Estado ao
pagamento de danos morais; e a minoração dos honorários advocatícios, os
quais requerem sejam fixados entre 10% e 20% do valor da causa, nos
termos do art. 85, §2º, do NCPC e da Lei 10.406/2002.
A parte agravada apresentou contrarrazões em evento 157.1.
Inicialmente a apelação não foi conhecida, em vista de não
haver preparo do recurso. Realizado juízo de retratação (fls. 75/76) referente
a decisão do relator em não conhecer do recurso interposto, possibilitou-se o
recolhimento das custas recursais de acordo com o artigo 99, § 7º, do CPC.
Juntado comprovante das custas pelo autor em fls. 78 a 93.
Vieram conclusos.
É o breve relatório.
II. FUNDAMENTAÇÃO.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, o recurso
merece conhecimento.
Passo à análise do mérito.
O art. 37, §6º, da Constituição Federal define a
responsabilidade do ente público como objetiva.
Veja-se o conteúdo do referido artigo:
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tratava de operação realizada por agentes da lei.
Certamente se o equipamento de alerta da presença policial
estivesse instalado no lugar adequado (em cima do veículo), haveria alguma
indicação de que se tratava de policiais. Porém, como se destacou nos
depoimentos, tal equipamento não foi acoplado ao teto do automóvel (parte
externa), sob a justificativa de que o objeto cairia em alta velocidade, o que
também revela falha do serviço. Disseram os policiais, então, que o Giroflex
foi colocado no painel do Audi, mas há sérias dúvidas de que poderia haver
correta visualização, porque os vidros estavam revestidos de insulfilm escuro.
Todos os elementos probatórios, portanto, levam à
responsabilização do Estado, pela teoria da responsabilidade objetiva (risco
administrativo), não obstante tenham sido os agentes absolvidos no processo
administrativo disciplinar.
Trata-se de caso emblemático em que a ação do estado,
mesmo não presente o dolo dos seus agentes, acaba por causar prejuízo a
terceiros.
Que as vítimas tenham tentado fugir da perseguição é uma
atitude normal para o cidadão médio e sua esposa, tomados de pavor com o
que imaginavam ser uma ação de bandidos. E a circunstância de o policial ter
descido do veículo com a arma em punho nem por isso atenuaria esse temor.
Primeiro, toda a ação se desenvolveu muito rapidamente, sendo possível que
os autores não tivessem percebido que se tratava de policiais. Segundo,
ainda que fosse visível a identificação, não é incomum que meliantes forjem
batidas policiais para realizar roubos.
Merecem destaque o ambiente de escuridão e manobras
arriscadas do veículo descaracterizado, fazendo com que o condutor
procurasse escapar do que imaginava ser uma emboscada, preparatória de
roubo ou de sequestro, parando somente depois de ouvir tiros que acertaram
a carroceria da Montana.
À vista disso, não restam dúvidas de que a Administração
Pública tem o dever de indenizar os danos materiais e morais sofridos pelos
apelantes.
Dano moral
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No tocante ao quantum indenizatório, diante da notória
dificuldade em arbitrar o valor para indenizações por dano moral e também
da ausência de critérios legais objetivos, a doutrina tem lançado mão de
certos parâmetros.
Devem ser considerados: as circunstâncias do caso concreto, o
alcance da ofensa e a capacidade econômica do ofensor e do ofendido.
Além disso, a indenização deve ser suficiente para compensar
a vítima pelo dano sofrido e, ao mesmo tempo, sancionar o causador do
prejuízo de modo a evitar futuros desvios.
O valor indenizatório nestes casos deve assegurar à parte
ofendida justa reparação sem, contudo, incorrer em enriquecimento ilícito.
Veja-se julgado deste Tribunal:
Dano material
A parte autora comprovou os danos patrimoniais sofridos,
como se verifica pelo orçamento da chapearia (mov 1.10) demonstrando que
o apelante teve que despender para o conserto o valor de 818,58 (oitocentos
e dezoito reais e cinquenta e oito centavos).
O orçamento apresenta valor não objetivamente impugnado na
contestação, refletindo, de modo adequado, o vulto do prejuízo
experimentado.
O termo inicial da correção monetária (também com base no
IPCA), e dos juros de mora (poupança) corresponderá à data do orçamento.
Sucumbência
Tendo em vista a inversão da sucumbência, condeno o Estado
do paraná ao pagamento das custas processuais e honorários ao procurador
dos autores que, por apreciação equitativa, levando em conta o tempo
dedicado à causa e qualidade do trabalho apresentado, arbitro em 15% sobre
o valor das condenações atualizadas.
III. DECISÃO
Acordam os Magistrados integrantes da 3ª Câmara Cível, por
unanimidade, em conhecer e dar provimento ao recurso de apelação, nos
termos do voto do Relator.
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Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores JOSE LAURINDO DE SOUZA
NETTO, Presidente sem voto, EDUARDO CASAGRANDE SARRÃO, MARCOS SERGIO
GALLIANO DAROS.
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