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O direito à moradia é pressuposto de uma vida digna, pois permite ao indivíduo repousar
para sentir-se disposto e realizar suas atividades, lhe dá guarita contra o frio e outras intemperes
da natureza, é refúgio contra a violência que assola a sociedade, colocando-o longe da exposição
alheia, e, principalmente, permite o exercício do direito à privacidade, de modo que sua
individualidade seja resguardada no seio do lar, junto à família, amigos e companheiros.
Seguindo este raciocínio, a moradia é uma conquista adquirida pela humanidade,
fazendo parte dos direitos fundamentais de segunda geração, os direitos sociais, de modo que
a constituição e as leis ordinárias vêm reconhecendo-os ao longo dos anos. Nesse sentido, o
artigo 7º, IV, aduz que o salário mínimo atenderá às necessidades básicas do trabalhador, dentre
elas, a moradia. Mais adiante, no título VII, capítulo II, o constituinte originário estatuiu a política
urbana, que tem como um dos objetivos norteadores o desenvolvimento das funções sociais da
cidade e o bem-estar de seus habitantes, estabelecendo aqui, institutos fundamentais para
efetividade deste direito como o usucapião urbano, que dá direito de propriedade ao possuidor
do imóvel até 250 m², por cinco anos, ininterruptamente, e sem oposição para moradia de sua
família.
Posteriormente, no ano 2000, foi editada a emenda constitucional 26, que introduziu a
moradia no rol dos direitos do art. 6º, reforçando o a proteção já antes dada pela constituição.
E por fim, a lei 10.257/2001, regulamentou os artigos 182 e 183 da CRFB/88, especificando a
execução da política urbana a serem executadas pelos municípios.
A evolução normativa do direito à moradia, nos mostra que houve um
contingenciamento do direito à propriedade, pois percebe-se que ela não é um fim em si
mesmo, mas um meio para obtenção de uma vida digna nos limites da lei e da constituição,
devendo, portanto, ter uma função social nos termos do art. 5º, XXIII.