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1 Ana Carolina Bueno de Melo, Lucas Henrique da Silva, Vitor Mota Martins, estudantes do 3º ano do
Ensino Médio do Colégio “O Bosque”, Santo André/SP.
2 Agnes Pedrosa Bucci, professora Graduada em Letras-Inglês pelo Centro Universitário Fundação
sua libertação pode afortuná-lo, perceber-se-á o quão proveitoso pode ser uma
sociedade que toma o veganismo como padrão.
feito em parceria com Friedrich Engels e O Capital (1867), de autoria própria. Este
conceito de Marx baseia-se na ânsia de comprar determinado objeto apenas pelo
deleitamento de tê-lo, mesmo não precisando. A mercadoria sofre tanto
merchandising, que o fato de não a possuir gera uma situação de desconforto no ego
do indivíduo, ocasionando, assim, a falsa sensação de necessidade pelo consumo de
determinado produto.
Essa mesma mídia que leva as pessoas a comprar sem necessidade,
persuade-as outrossim a comer carne, consumir derivados do leite, vestir couro,
participar de eventos que exploram o trabalho animal e usar químicos testados nos
mesmos. Contudo, devido à cegueira causada pelo marketing, os bastidores dessas
produções são omitidos pelos emissores dos anúncios, já que caso os receptores
tomem conhecimento do que realmente acontece na fabricação dos bens de
consumo, os mesmos, provavelmente, deixariam de adquirir certos artigos, ou
diminuiriam a quantidade que consome.
Pode-se comparar tal assunto com uma cena do filme “Matrix” (1999), na qual
Morpheus oferece duas pílulas a Neo, uma azul e outra vermelha. A primeira dá a
chance de o personagem voltar para sua vida comum, trivial e supérflua; já a segunda,
mostrará o que há por trás do mundo que é julgado como real e normal. Este é o ponto
que é necessário alcançar: negar o comum, ir em busca da verdade; ou segundo a
“Alegoria da Caverna”, consoante Platão, sair do estado de ignorância e migrar para
o mundo inteligível, das ideias.
que o grande estresse motivado pela criação em gaiolas de bateria- nas quais
permanecem durante toda a vida- gera distúrbios psicológicos, deste modo,
propiciando atos agressivos para com suas companheiras. A parte decepada possui
diversos sensores neurológicos, deste modo, causando dores intensas durante e após
o procedimento, visto que há um crescimento de um tecido fibroso no local
machucado. A eficácia deste método chega a ser questionada por alguns
especialistas, pois tal processo diminui o apetite do bicho e pode ocasionar danos
irreversíveis nos olhos e na língua. (TAVARES, 2012).
Atos instintivos também são dificultados para as aves supramencionadas,
como ciscar, abrir as asas e gastar as garras- as quais, por fim, enroscam-se nas
grades do cárcere. O banho de poeira é outra atividade natural e essencial para a
manutenção da qualidade das penas, a tentativa de praticar tal ação em um ambiente
inapropriado causa ferimentos no corpo. (TAVARES, 2012).
Os bovinos também fazem parte deste “corpo social” que sofre frequentes
abusos da indústria, apesar disso, o criadouro industrial não é comum para os animais
de abate, os quais vivem grande parte da vida em campos, para posteriormente serem
transferidos para as baias de terminação, onde são engordados para abate. Não
obstante, o tempo que os animais permanecem ao ar livre diminuiu nas últimas
décadas, de dois anos para seis meses. (TAVARES, 2012).
Não obstante, dentro do grupo bovino existe o subgrupo dos bezerros, para
comercialização do baby beef (vitela), um tipo de carne macia e mais clara. Era
comum matar os bezerros logo após o nascimento, mas para aumentar o peso do
mesmo, a criação em confinamento foi aderida, a qual dura cerca de 5 meses até o
abate. O animal é separado da mãe com poucos dias de vida e é colocado em um
recinto separado dos outros. A jaula em que o novilho se instala não é de metal, para
que o mesmo não lamba as paredes a fim de absorver ferro, visto que este elemento
químico pode escurecer a carne e tirar suas características de “recém-nascido”. A
dieta artificial gera diarreia crônica e problemas digestivos. (TAVARES, 2012).
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Com o passar dos anos, o abate humanitário se tornou mais comum no meio
da pecuária bovina, porém ainda existem locais que utilizam técnicas arcaicas, como
a machadada no crânio do animal e a degolação, ambas praticadas com o animal
ainda vivo.
Há também a produção de carne suína, a qual ocorre totalmente em sistemas
de confinamento, o qual prende os porcos desde o nascimento até a morte. Os
animais passam o início da vida em pé e dormindo em superfícies que machucam,
essas condições podem causar traumas irreversíveis nos animais. Enquanto um
porcino bucólico leva até treze semanas para ser desmamado, o industrial desmama
em questão de dias. Isso ocorre porque a ração é enriquecida com químicos que
permitem o leitão ganhar peso mais rapidamente. (TAVARES, 2012).
Devido ao desmame precoce o animal gera um vício de sucção e machuca
diversas áreas do próprio corpo e também de outros animais, causando o
canibalismo– o qual é “tratado” com a amputação dos dentes e da cauda-, e a ingestão
de fezes e de urina. Os machos são castrados ainda jovens e sem anestesia, tal
procedimento diminui a agressividade e melhora o sabor da carne. As fêmeas em
idade de acasalar são emprenhadas e levadas para baias de gestação, as quais
limitam os movimentos da porca, pois a gaiola tem o tamanho de um animal adulto.
(TAVARES, 2012).
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As fêmeas são abatidas quando não são mais úteis como reprodutoras, isto
é, no caso de não voltarem para o cio, terem problemas de fecundação, dificuldade
no parto, gravidez falsa e abortos, além de problemas de saúde como mastite, metrite
e agalaxia.
Destarte, é possível entender os processos que o alimento oriundo do
supermarketing passa até chegar nos supermercados, para que o consumidor, sem
saber do que acontece no backstage industrial, compre sem hesitar.
alimentos que podem resolver tais carências. Alguns destes compostos só podem
encontrados em produtos de origem animal devido à adição de compostos químicos
à dieta dos bichos.
As proteínas apresentam grande importância na saúde do homem, visto isso,
diversos ativistas, que não apoiam o veganismo, alegam que a dieta não contém
proteínas necessárias para o organismo. Entretanto, vegetais variados consumidos
ao longo de um dia podem suprir toda a necessidade proteica de um ser humano.
Uma fonte rica em cadeias de aminoácidos e de fácil acesso é a soja, a qual
é um grão extremamente versátil em relação à cozinha, visto que pode substituir
inúmeros ingredientes. Algumas pessoas relatam que a produção de soja é inimiga
da floresta, dado que os agricultores usam o desmatamento para cultivar tal cultura,
deste modo, culpando os veganos pela destruição das florestas nativas. Não obstante,
é de comum conhecimento que mais da metade da produção de tal grão serve de
ração para os animais da pecuária. Dessa forma, a diminuição da produção de carne
será acompanhada pelo decrescimento da produção do grão e também do déficit do
desflorestamento.
Existem muitos substitutos vegetais para os alimentos de origem animal,
ainda falando de proteínas, podemos citar leguminosas como o feijão, a lentilha e o
grão-de-bico. Veja os principais alimentos vegetais mais proteicos na tabela abaixo:
O governo deve se tornar ciente de tais gastos e admitir que uma população
majoritariamente vegana pode diminuir o enviromental footprint (pegadas ambientais)
do país.
Referências Bibliográficas
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Departamento de Nutrição, 2010.