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Posse

sexta-feira, 29 de abril de 2011


10:18 Origens históricas:
Distinção entre posse e propriedade. Como surgiu a idéia de posse em Roma? Havia, antes da ideia
Posse é o poder de fato sobre a coisa. A propriedade é domínio sobre a coisa. Há casos em que a de Possesio, a idéia de usus. O uso de algo durante muito
proprietário não possui o poder de fato sobre a coisa. Quando ocorre uma locação, por exemplo, o tempo resultava na usocapião, que resultava em propriedade.
proprietário deixa de ter a posse sobre o bem alugado. A possessão (pot (prefixo que dá ideia de poder)+ sedene
(seder)). Entende-se que a posse surgiu: inicialmente a
propriedade pertencia aos gens (conglomerado de pessoas),
Aquele que tinha o poder de fato sobre a coisa, poderia recorrer ao pretor através do "interdito*". depois passaram ao controle do Estado. O Estado fazia
concessões de terras aos particulares para a exploração.
Nesse caso, a propriedade (domínio) continuava do Estado e
havia somente a posse pelo precarium (pessoa que alugava a
Turbação: Esbulho: roubo (exemplo da colega terra, mas sem direitos sobre ela).
perturbação da Beatriz que pega o livro de Luiza, ficando
posse (exemplo que o mesmo sob sua posse). Nesse caso não
a colega Beatriz fica há manutenção de posse.
pegando o livro da
Luiza e rabiscando
nele, perturbando-a)
Nesse caso, há O possuidor é aquele que se considera dono da
manutenção de coisa. Há casos em que possuiu a coisa em nome
posse. do outro. Por exemplo, ao deixar a mala no
vestiário, sob a supervisão de alguém. Esse
alguém possui a posse, mas não possui a intenção
*Interdito é a tutela de proteção ao possuidor. Quem é possuidor tem já uma proteção garantida. de possuí-la. Nesse segundo caso ele possuiu a
Interdito é uma ação que visa a condenar o réu a restituir algo e cujo processo é mais rápido que o detenção da coisa. É importante frisar, portanto,
normal. que detenção é diferente de posse.

Elementos da posse (não adianta ter só um): Não existe "penhorar", mas sim "empenhar". Empenhar
Animus: demonstra que a pessoa tem a intenção de possuir (ter) a coisa - elemento subjetivo. uma jóia: você entrega jóias ao banco, eles emprestam o
Corpus: possuir a coisa de fato - elemento objetivo. dinheiro equivalente e ficam com a jóia até que a dívida
Estes elementos são utilizados da seguinte maneira: "fulano tinha o animus do bem". Ou: "fulano tinha seja paga. A jóia serve como uma garantia.
de fato o corpus da coisa".

(não é ter posse) Detenção: estar com a coisa fisicamente.

Há uma conclusão de que o animus é preponderante ao corpus. Por exemplo: Danilo possui uma vaca.
Num dado momento, esta vaca vai pastar no jardim vizinho, de Bruno. De quem é a posse? Uma vez que
Bruno não possuía o animus sobre a vaca, ele não possui a posse sobre a vaca.

Possessio naturalis = detenção


Possessio civilis =
Possessio ad interdita =

Posse de boa fé -
Posse justa e posse injusta
Posse ex justa causa
Posse ex injusta causa

Helcio Page 1
Propriedade Pretoriana
sexta-feira, 6 de maio de 2011
10:26

No início da sociedade romana, os bens imóveis eram públicos. O pater familias era um mero gestor da Curiosidade histórica - quem foi o primeiro adquiridor da
familia (conjunto de bens e escravos). propriedade particular foram os plebeus, que reivindicaram a
propriedade particular.

Propriedade pretoriana = honorária.


O que é isso?
Um ano depois que eu vendi uma propriedade eu reivindicava a propriedade. Os contratos muitas vezes
eram feitos "de gaveta", ou seja feitos informalmente. Isso poderia prejudicar o comprador. Não sendo
ele proprietário, tendo somente a posse, ele perdia o direito de reivindicatio sobre a propriedade. Fazer a mancipatio é dar a
O pretor romano não pode revogar as leis, pode apenas complementá -lo. Leis e costumes foram o iu propriedade.
civili. As decisões dos pretores são o iu honorario.
Várias vezes um réu, quando vai responder uma ação, tem três atitudes:
Ou confessa e ação termina logo ali.
Ou contesta, respondendo negando.
Ou pode trazer uma exceção processual - meio de defesa. Paralisar ação. (reivindicação de dolo)O pretor
só poderia paralisar a ação por 1 ano, que era o tempo pelo qual ele possuía o cargo. No ano seguinte o
novo pretor deveria fazer o mesmo. Mas, após dois anos, poderia haver propriedade por usucapião.
Mas poderia haver ainda outra coisa: o real proprietário poderia dar a propriedade a outra pessoa e esta
poderia reivindicar. Neste caso, não havendo dolo, o possuidor não tem a defesa da exceptio doli.
Exceção de coisa vendida e entregue acabava com esta possibilidade.

Helcio Page 2
Como adquirir propriedade - I
sexta-feira, 6 de maio de 2011
10:47

Há vários modos de adquirir propriedade.


Os modos de aquisição da propriedade ou são originários ou são derivados. Propriamente dita. Entrega real do objeto.

Derivados
1. Mancipatio - é a cerimônia para transferir coisa de grande valor a uma outra pessoa. Actio publicana - tradição simbólica: por meio da
2. In iure cessio - cessão no tribunal. Se a mancipatio ficar difícil de fazer, é mais fácil ir até ao pretor. É entrega de parte da mercadoria entrega-se toda
uma simulação: ocorre uma ação de reivindicatio por parte do proprietário antigo e este admite que não ela (chave da casa, do carro, do armazém). Se a
é mais proprietário realmente. chave já foi entrega, já houve transição da
3. Traditio - Transferência real da propriedade. Entrega real do objeto. Entrega da posse com respectiva propriedade.
transferência da propriedade.

Os exemplos para traditio foram de bens imóveis - que só poderiam ser feitas a partir da mancipatio. Lunga mana.

Tradicio bravi manu.

Ficta Constituto possserio. Cláusula


na compra e venda que faz
nascer a propriedade.
Considerado como dado o
objeto.

Helcio Page 3
Como adquirir propriedade - II
terça-feira, 10 de maio de 2011
07:32

• Ocupação bélica Para ver a origem da propriedade no Brasil: no início havia


Modos originários • Ocupação • Caça e pesca capitanias e, portanto, as terras pertenciam todos ao Estado ou a
• "res derelicta" Ordem de Cristo, organização religiosa que foi responsável pela
• tesouro descoberta do Brasil.
• Invenção Mas, em que momento que as Terras passaram a ser da Coroa
Portuguesa.
De acordo com o Direito Civil, as Terras se tornaram portuguesas
por ocupação.
O Tratado de Tordesilhas, à luz do Direito Romano não
• Acessio funcionaria, pois não se pode determinar que algo é de alguém
sem que haja ocupação.
Por exemplo, para que um peixe se torne sua propriedade, você
deve pescá-lo, ou seja, deve ocupá-lo.
• Especificação No caso de alguém que fere um peixe com um anzol, mas outro
• Móvel a imóvel
pescador o pega, de quem é o peixe? Do pescador que o pegou,
• Móvel a móvel > c. composta: não
pois ele ocupou o peixe. Quem ocupa primeiro é o proprietário.
• Móvel a móvel > c. unitário...

• Confusão • Líquidos
• sólidos

Ocupação Bélica: as coisas dos inimigos são como se fossem coisas de ninguém. Não de pode pegar Ao achar dinheiro no chão, você não se torna
coisas de um estrangeiro. Mas pode-se pegar coisas de um inimigo declarado. Essa ocupação de coisas o proprietário daquilo. O dever é procurar o
do inimigo é muito antiga. Conforme Roma vai expandindo, essa legislação mudou e quanto aos espólios proprietário e ainda receberá uma
de guerra, passaram a pertencer ao Estado. recompensa.

Ocupação "res derelicta". Na classificação de coisa, há a coisa abandonada. Derrelito quer dizer
abandonado. A partir do abandono aquele que pegar é dono. Abandonar, para o Direito, é um conceito
técnico. Abandono, no Direito, não é deixar de cuidar, mas renunciar a coisa. Após haver a vontade de
abandono, o primeiro que pegar a coisa se torna o proprietário. O momento da aquisição é após a
vontade de abandono.

Sempre que alguém não quer algo, há um ritual do lixo: jogar na cesta. O problema do lixo: ter a certeza
que foi jogado fora ou não. Para tanto, há rituais socialmente aceitos que indicam que aquilo foi jogado
fora. Jogar algo num cesto com um plástico dentro é o mesmo que jogar fora. Os catadores de lixo de Quem encontra minério em terra alheia, tem
São Paulo; nem sempre se pode pegar o lixo. Supondo que você pegue o lixo para ver o que você quer o privilégio do Estado para poder explorar, mas o
que você não quer. Atualmente, não se pode pegar lixo, pois transportar lixo é uma questão de saúde minério é do Estado. Algo mais precioso pertenceu,
pública, cabendo ao Estado este transporte. Mexer no lixo alheio pode ser algo inconstitucional. Mexer inicialmente do dono do imóvel e depois do Estado.
no lixo alheio com a finalidade de investigar a vida alheia consiste numa violação ao direito à
privacidade.

Dependendo do autor, ou o autor é uma espécie de ocupação, ou o tesouro é uma espécie de invenção.
Supondo que o dono da coisa a esconda. Quem esconda uma coisa preciosa, acaba por formar um
tesouro. Tesouro é um conjunto de coisas ocultas preciosas escondidas no passado que não há mais
saber de quem pertence. A quem pertence o tesouro? Se o tesouro é encontrado numa propriedade de
alguém, ele é divido entre quem achou e entre o dono da propriedade.

Helcio Page 4
Como adquirir propriedade - III
terça-feira, 10 de maio de 2011
08:15

Há como renunciar a um bem imóvel?


Não vale somente a intenção de querer renunciar a um bem imóvel, como funciona como um bem Pode renunciar a um escravo? Quem
móvel. Num bem imóvel é preciso é cerimônia para mostrar que o terreno passa a não ser de ninguém. renunciar a um escravo, o primeiro
 A usucapião. Transforma a posse em propriedade. Nasce para sanear um vício de forma jurídica. Se que ocupar será o dono.
alguém renunciou ao terreno, alguém ocupou de boa fé, sem que isso fosse pagamento de dívida, sem
que fosse herança, sem fosse vendido, etc. Tudo o que um possuidor de boa fé construir num terreno
que possui a posse, ele será restituído se o proprietário voltar.

A invenção é um modo de aquisição da propriedade.

Se surge uma ilha no mar no mar, vale o usucapião.


móvel imóvel Se surgir uma ilha no rio,vale quem for o dono do
terreno do rio.
Supondo que estou plantando com sementes e algumas caem no vizinho. Se cair no solo e germinar, a
semente vira acessório do solo e passa a ser propriedade do vizinho.
Aluvião: terra que é levada pelo rio e sai da sua propriedade. A areia passa a pertencer para onde ela
foi.
Avulsão: terreno que anda pelo rio (pedaço de terra que se desprendeu). Passa a pertencer a quem for
o dono do terreno em que o terreno parar.

móvel móvel coisa composta Propriedade dormiente: propriedade que não


Se alguém usar meus pregos para consertar uma mesa, a pessoa precisa devolver os pregos para mim. pode ser reivindicada, pois está composta na
Se eu pegar coisa para formar uma coisa composta, eu devo devolver a coisa. Não vale aqui aquela regra propriedade de alguém. Por exemplo, uma viga
que diz que se uma coisa vira acessório de uma coisa maior (por exemplo, sementes que germinam em que foi usada numa casa. Essa viga, se a casa vier
um solo, passam a pertencer ao solo). a ruir volta para o seu proprietário original.

Fazer coisa nova com o material alheio: pegar barro para fazer tijolo, mármore para fazer escultura. A
substância que dá essência > o ouro, ao ser utilizado para fazer um anel, não descaracteriza o ouro, só
muda sua forma. O mesmo para o barro, o mesmo para o mármore (teoria materialista). Outros
Especificante aquele que fez a coisa nova.
acreditam que o que dá essência a algo é sua forma (teoria da forma). Justiniano utilizou a seguinte
solução: se a coisa puder voltar a coisa original, devolve-se, se não, não. Hoje em dia, se há trabalho
investido na formação > valor agregado. Se o trabalho for ínfimo, devolve-se para o dono original.

Helcio Page 5
Direito Reais
sexta-feira, 20 de maio de 2011
10:24

Propriedade Sobre coisas alheias


Co propriedade

De gozo De garantia
servidões superfície
Hipoteca
Prediais pessoais Penhor
Fiducia

Paene Usufruto
innumerabiles Uso
Habitações
Trabalho de escravo
utilitas

Causa perpetua

vincinitas

A servidão é uma e indivisível. A servidão prejudica todo imóvel alheio.

Helcio Page 6

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