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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MICRO GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DO ESCOAMENTO DE


ÁGUA NAS TUBULAÇÕES PRINCIPAIS DOS EDIFÍCIOS.

Thadeu Martins de Oliveira

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MICRO GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DO ESCOAMENTO DE


ÁGUA NAS TUBULAÇÕES PRINCIPAIS DOS EDIFÍCIOS.

Thadeu Martins de Oliveira

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de


Engenharia Elétrica do Centro Universitário
Augusto Motta (UNISUAM), como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Elétrica.

Orientador: Geraldo Motta Azevedo Júnior

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MICRO GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DO ESCOAMENTO DE


ÁGUA NAS TUBULAÇÕES PRINCIPAIS DOS EDIFÍCIOS.
Thadeu Martins de Oliveira

APROVADO EM: _________________________

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________
Geraldo Motta Azevedo Júnior, D.Sc. - Orientador

_______________________________________
André Luís da Silva Pinheiro, D.Sc.

_______________________________________
Antônio José Dias da Silva, M.Sc.

Rio de Janeiro
DEZEMBRO/2017
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais Marco Antonio de Oliveira e Lêda Maria Martins
de Oliveira, pela educação que me deram e por sempre me incentivarem, dedico também à
minha filha Maria Eduarda Rosa de Oliveira, que enche minha vida de alegria e que mesmo
sem saber, me da forçar para continuar em frente.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar saúde e condições de realizar esse sonho.
A minha esposa por ser uma companheira incrível, que sempre me apoiou e me ajudou
quando eu mais precisava. Ao meu orientador Geraldo Mota e aos professores Jarmeson
Bandeira e Flavia da Silva, que tiveram papel fundamental na execução desse trabalho. E
também a todos que contribuíram de alguma forma para que eu chegasse até aqui.
De Oliveira, Thadeu Martins. Micro Geração de Energia Elétrica Através do Escoamento
de Água nas Tubulações Principais dos Edifícios. 55 p. Trabalho de conclusão de curso
(Graduação em Engenharia Elétrica) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro,
2017.

RESUMO
Esse trabalho traz uma análise do potencial hídrico das tubulações principais de água potável
dos edifícios para micro geração de energia elétrica. São utilizados conceitos de projetos
hidráulicos e também de geração de energia parecidos com os utilizados em hidrelétricas.
Apresentam estudos de turbinas, geradores e ensaios feitos em laboratórios com um modelo
de turbina, que se apresenta no mercado com características semelhantes ao que esse projeto
necessita. O trabalho também apresenta um breve estudo do potencial dessa fonte para
geração de energia elétrica e indica formas de utilização dessa energia. O objetivo do mesmo
é a proposição desse sistema para que possa transformar parte dessa energia, que atualmente é
desperdiçada por completo, em energia elétrica, constituindo assim uma fonte de energia
limpa, barata, que independe do clima e abundancia em todo o planeta, haja vista o número e
edifícios existentes.

Palavras-chave: Gerador, turbina, micro geração de energia elétrica, instalações hidráulicas.


De Oliveira, Thadeu Martins. Micro Generation of Electric Energy Through the Drainage
of Water in the Main Pipes of Buildings. 55 p Monograph (Graduation in Electrical
Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio de Janeiro, 2017.

ABSTRACT
This paper brings a analysis of a hydric potential of the main potable water pipes for buildings
for micro eletric power generation. Concepts of hydraulic projects are used and electrical
power generation also similar to those used in hydroelectric power plant. Propound turbine
studies, generators and laboratory tests with a turbine model, that show itself in the market
with similar characteristics to What This project needs. This paper also introduce a briwf
study of the potential of This source for power generation and indicates ways of using This
energy. The point is to propose this system in order that it can transform part of that energy,
which is currently wasted, in electrical energy, to this effect constituting a source of clean,
cheap energy, which is independent of the climate and abundance in the whole planet,
considering the Number and existing buildings.

Key words: generator, turbine, microgeneration of electrical energy, hydraulic installations..


LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Gráfico da evolução da demanda de energia até 2050. .................... 4
Figura 2- Escoamento em regime permanente................................................. 7
Figura 3- Regimes de escoamento Laminar e Turbulento ................................ 8
Figura 4 – Exemplo de vazão ........................................................................... 9
Figura 5 – Energia Potencial........................................................................... 10
Figura 6 Energia Cinética ............................................................................... 10
Figura 7 Energia de Pressão .......................................................................... 11
Figura 8 Bernoulli ............................................................................................ 12
Figura 9 Presença de máquina no escoamento ............................................. 14
Figura 10- Estator de um Gerador Hidrelétrico CA. ........................................ 17
Figura 11 – Rotor de um gerador CC. ............................................................ 17
Figura 12- Rotor de polos salientes. ............................................................... 20
Figura 13- Rotor de polos não salientes. ........................................................ 20
Figura 14- Excitatriz sem escova. ................................................................... 21
Figura 15 A tensão nos terminais de saída do gerador CA é afetada por três
fatores (Ra, Xa e XRA). ............................................................................................. 22
Figura 16 Característica a vazio (tensão gerada x corrente de excitação) ..... 23
Figura 17 Defasagem geométrica entre os campos. ...................................... 23
Figura 18 Campo magnético resultante. ......................................................... 24
Figura 19 Defasagem geométrica entre os campos. ...................................... 25
Figura 20 Campo magnético resultante. ......................................................... 25
Figura 21 Defasagem geométrica entre os campos. ...................................... 26
Figura 22 Campo magnético resultante. ......................................................... 26
Figura 23 Característica a vazio (tensão gerada x corrente de excitação). .... 27
Figura 24- Rotor bobinado típicos de motores de indução. ............................ 28
Figura 25- Rotor tipo gaiola de esquilo. .......................................................... 28
Figura 26 Componentes de central hidrelétrica (adaptado do sitio de Furnas
Centrais Elétricas) ..................................................................................................... 30
Figura 27 Válvulas no meio do prédio ............................................................ 33
Figura 28 Válvulas no subsolo. ....................................................................... 34
Figura 29 Projeto com reservatório intermediário. .......................................... 34
Figura 30 Forma de ligação da turbina logo acima dos redutores de pressão 35
Figura 31 Turbina Pelton. ............................................................................... 37
Figura 32 Turbina Francis. .............................................................................. 37
Figura 33 Turbina Michel – Banki. .................................................................. 38
Figura 34 Rendimento da TMB. ...................................................................... 38
Figura 35 Turbina Kaplan tipo “S”. .................................................................. 39
Figura 36 Dimensões da turbina. .................................................................... 40
Figura 37 Pás da turbina e imã permanente. .................................................. 40
Figura 38 compartimento do estator. .............................................................. 40
Figura 39 Circuito elétrico do micro gerador. .................................................. 41
Figura 40 Esquema de ligação. ...................................................................... 43
Figura 41- Curva de Rendimento x Tensão. ................................................... 46
Figura 42- Estimativa da altura necessária para alcançar os 12V. ................. 46
Figura 43 Imagens do Ensaio. ........................................................................ 47
Figura 44 Teste para verificar o máximo rendimento da hidro gerador. ......... 49
Figura 45 Teste com a lâmpada de led........................................................... 50
Figura 46 Teste sem a turbina ........................................................................ 51
Figura 47 Teste com a turbina ........................................................................ 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Velocidades síncronas em rotações por minuto. ............................ 19
Tabela 2 Turbina x Queda d’agua para micro geração de energia. ................ 36
Tabela 3 Resultados encontrados no primeiro ensaio. ................................... 44
Tabela 4 Tabela de valores de Eficiência ....................................................... 46
Tabela 5 Valores medidos ................................. Erro! Indicador não definido.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPE - Empresa de Pesquisa Energética


M.C.A – Massa por coluna d’água
TP – Turbina Pelton
TF – Turbina Francis
TMB – Turbina Michel Banki
TS – Turbina Kaplan Tipo “S” ou Sifão
NBR – Norma Brasileira
CC – Corrente Contínua
CA – Corrente Alternada
ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica
RF – Rádio Frequência
PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas
PHR – Plano Horizontal Referencial
LISTA DE SÍMBOLOS
Pa – Pascal
J/m^3 – Joule por metro cúbico
J/kg – Joule por quilo grama
Mca - Metro coluna d’água
L - Largura
C - Comprimento
Q – Vazão
V – Volume
T - Tempo
v - Velocidade
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1
1.1. Apresentação do Problema .........................................................................................1
1.2. Definição do Problema ................................................................................................1
1.3. Objetivos ......................................................................................................................2
1.3.1. Objetivo geral ............................................................................................................2
1.3.2. Objetivos específicos .................................................................................................2
1.4. Motivação ........................................................................................................................2
1.5. Revisão Bibliográfica .......................................................................................................3
1.6. Justificativa ......................................................................................................................4
1.7. Metodologia.....................................................................................................................5
1.8. Organização do Texto ......................................................................................................5
CAPITULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................7
2.1. Cinética e Dinâmica dos Fluidos ......................................................................................7
2.1.1. Escoamento em regime permanente ou transiente ..................................................7
2.1.2. Escoamento laminar e turbulento .............................................................................7
2.1.3. Vazão – Velocidade média na seção .........................................................................8
2.1.4. Tipos de energias mecânicas associadas a um fluido ...............................................9
2.1.5. Equação de Bernoulli .............................................................................................. 11
2.1.6. Equação da energia e presença de uma máquina. ................................................ 14
2.2. Geradores...................................................................................................................... 16
2.2.1 – Geradores CA ........................................................................................................ 18
2.2.1.1 Geradores síncronos ............................................................................................. 18
2.2.1.2 Aspecto construtivo .............................................................................................. 19
2.2.1.3 Potência em geradores síncronos......................................................................... 21
2.2.1.4 Característica da tensão nos terminais do gerador AC. ....................................... 21
2.2.1.5. Reação da armadura no gerador CA. .................................................................. 22
2.2.1.6. Carga puramente resistiva. ................................................................................. 23
2.2.1.7. Carga puramente indutiva. ................................................................................. 24
2.2.1.8. Carga puramente capacitiva. .............................................................................. 25
2.2.1.9. Cargas intermediárias ......................................................................................... 26
2.2.2 Geradores de indução.............................................................................................. 27
2.2.2.1 Aspecto construtivo .............................................................................................. 28
2.2.3 Geradores CC ........................................................................................................... 28
2.3 Sistemas de Geração de Energia ................................................................................... 29
2.3.1. Sistema hidráulico. ................................................................................................. 29
2.3.2.1 Centrais reversíveis ............................................................................................... 31
2.3.2 Sistemas térmicos .................................................................................................... 31
CAPÍTULO 3. METODOS E MATERIAS ....................................................................................... 33
3.1. Escolha do Projeto do Edifício ...................................................................................... 33
3.2. Escolha da Turbina Hidráulica ...................................................................................... 36
3.2.1. Turbina Pelton (TP) ................................................................................................. 36
3.2.2. Turbina Francis (TF) ................................................................................................ 37
3.2.3. Turbina Michel Banki (TMB) ................................................................................... 37
3.2.4. Turbina Sifão (TS) ................................................................................................... 39
3.2.5. Bombas de água funcionando como turbinas ........................................................ 39
3.3. Escolha do Gerador ....................................................................................................... 41
3.4. Utilização da Energia Gerada ....................................................................................... 42
3.5. Forma de Ligação .......................................................................................................... 42
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS. ................................................................................ 44
4.1. Análise da Eficiência da Turbina Proposta ................................................................... 44
4.2. Possibilidade de Geração ............................................................................................. 52
CAPÍTULO 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES .............................................................. 54
Bibliografia................................................................................................................................ 55

14
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Atualmente o mundo vem passando por diversas mudanças, sejam elas climáticas
culturais e principalmente tecnológicas. E justamente por causa dessas mudanças, existem
diversas pesquisas por fontes de energia sustentáveis, fazendo com que fontes antes não
exploradas, viessem a ganhar atenção especial.
Um conceito chamado Energy Harvesting (colheita de energia), vem ganhado força,
pois consiste em um processo que converte a energia presente no ambiente, em energia
elétrica para alimentar dispositivos eletrônicos autônomos de baixa potência. Algumas dessas
fontes já são amplamente utilizadas, como por exemplo, a energia solar, eólica, força das
marés.
Alguns processos de geração na verdade utilizam fontes consideradas desperdiçadas,
por exemplo, Energia eletromagnética gerada por indutores, bobinas e transformadores,
vibração de motores e fontes de calor derivadas dos fornos, energia de rádio frequência (RF)
no ambiente por causa das emissoras de rádio e TV.
Em muitos casos essas fontes fornecem energia de forma irregular ou muito baixa, por
esse motivo normalmente a energia é armazenada em um capacitor, super capacitor ou
bateria. Esse conceito abre espaço para outros tipos de energia presentes nos diversos
ambientes.
Neste trabalho será proposto um aproveitamento da energia potencial e cinética
existente na tubulação de água em grandes edifícios, pois o escoamento d’água apresenta
energia suficiente para fazer uma turbina girar e assim gerar energia.

1.1. Apresentação do Problema

O crescimento populacional e o desenvolvimento tecnológico estão fazendo com que o


consumo de energia cresça e consequentemente que a geração de energia acompanhe esse
crescimento, tornando esse um grande desafio, já que não é simples gerar energia em grande
escala, os métodos convencionais demandam grandes investimentos, tempo de construção e
dependendo da forma como será feita essa geração irá ser necessário grandes áreas territoriais.
Essas formas de geração de grande porte mais convencionais ainda geram problemas
relacionados as meio ambiente.

1.2. Definição do Problema

1
Gerar energia elétrica para tender o crescimento da demanda, mas que essa energia
gerada seja de uma fonte autossustentável e que não traga nenhum prejuízo ao meio ambiente,
já que esses são alguns dos principais problemas dos métodos mais comuns de geração que
também necessitam de grandes investimentos para implantação e também que não necessite
de grandes áreas territoriais. Essas novas fontes de geração não precisam ser necessariamente
em grande escala, mas que contribua com para o equilíbrio do sistema elétrico. Outro ponto
crítico é o custo de geração e manutenção, ou seja, hoje em dia é necessário descobrir novas
fontes com um bom custo beneficio.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo geral

Analisar e propor um sistema de geração de energia elétrica a partir do aproveitamento


da energia potencial e cinética de um escoamento nas principais tubulações de água dos
edifícios.

1.3.2. Objetivos específicos

Visando atingir o objetivo principal, alguns objetivos específicos são requeridos,


dentre eles:
• Analisar o escoamento de água nas tubulações principais dos edifícios, levando
em consideração o número de consumidores;
• Desenvolver uma relação que possibilite determinar a quantidade de energia a
ser gerada de acordo com o fluxo d’água nos encanamentos;
• Indicar onde e como essa energia será aplicada;
• Efetuar testes para verificar capacidade da turbina;

1.4. Motivação

A motivação está justamente no grande desafio que é atender o crescente aumento na


demanda por energia elétrica de forma limpa, autossustentável, devido ao crescimento
populacional e o avanço tecnológico, mas também atender a questões ambientais, pois as
principais formas de geração de energia elétrica no Brasil e no mundo trazem algum tipo de
2
prejuízo ao meio ambiente. Além de contribuir para um mundo mais limpo e agradável para
as gerações futuras. Criando uma fonte de energia de custo acessível de implantação e
manutenção para todas as classes sociais.

1.5. Revisão Bibliográfica

A crescente utilização da energia elétrica induz a necessidade de buscar novos


sistemas de geração alternativa. A energia elétrica é um bem de consumo fundamental para o
desenvolvimento da indústria e da sociedade.
Neste contexto, observa-se a busca por fontes alternativa de geração tais como energia
eólica, energia solar, biomassa, biogás, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), Energias de
oceano.
(SVICK, 2013) Realizou um estudo do potencial de geração de energia elétrica do
sistema de esgoto em um prédio vertical para um possível aproveitamento para a geração de
energia elétrica.
(KOCK, 2014) Desenvolveu um estudo de uma micro usina hidro-cinética de custo
reduzido direcionada a geração de energia elétrica para agricultores.
(MACINTYRE, 1983) Aborda que uma das primeiras fontes de geração de energia
elétrica foi através do uso da roda d’agua.
(BONOW, IBAÑEZ e MELO, 2014) Realizou uma pesquisa bibliográfica a respeito
de uso de tecnologias para aproveitamento da energia potencial pluviométrica para geração de
energia elétrica, usando uma turbina do tipo Michel – Banki.
Uma proposta inovadora para contribuir com as alternativas de geração de energia
elétrica é a de pequenas turbinas instaladas nas tubulações. A conversão da energia potencial-
cinética ocorre devido a capacidade de rotação das pás de uma turbina devido o escoamento
de água, a turbina está acopladas a um gerador, gerando energia elétrica. Essa tecnologia já é
desenvolvida e estudada por algumas empresas nos Estados Unidos, onde realiza
experimentos com esse tipo de geração de energia em grandes tubulações de fornecimento de
agua da cidade.
Podem-se destacar três principais vantagens desta alternativa de geração: primeira é a
não dependência das condições climáticas, como o sol na energia solar e o vento na eólica;
segunda não impactar no meio ambiente, e terceira não interferir quimicamente e
biologicamente na qualidade da água.

3
Como proposta de estudo seria desenvolvido um sistema de conversão da energia
potencial – cinética em escala reduzida que seguiria os padrões já apresentados, para
utilização em prédios comerciais e residenciais, onde o gerador seria instalado na tubulação
do prédio com mini turbina que gerariam energia acumulada em uma bateria.
O fato deste modelo de geração estudado não possuir bibliografia, não ter
informações, matérias ou estudos relativas a este assunto, tornou o trabalho de certa forma
uma grande contribuição para literatura e um passo para a discussão sobre essa nova fonte de
geração para o uso comum da sociedade.

1.6. Justificativa

Segundo estudo da empresa de pesquisa energética (EPE, 2014) a demanda de energia


elétrica deve praticamente dobrar até 2050, conforme a Figura 1.
Figura 1- Gráfico da evolução da demanda de energia até 2050.

FONTE: EPE 2014

Essa previsão de aumento do consumo gera uma serie de discussões acerca dos
principais tipos de geração, a geração hidráulica é dependente de grandes áreas alagadas ou da
força dos rios, porém devido às alterações climáticas causadas pela poluição, constantemente
ocorrem grandes períodos de estiagem, fazendo a produção diminuir ativando assim outras
fontes de geração mais caras. Outra forma de geração é através da queima de carvão ou
combustível derivado do petróleo, que é um sistema mais caro e que contribui para poluição
do planeta, esse tipo de geração afeta indiretamente a hídrica, pois é um dos fatores que
contribuem para as mudanças climáticas.

4
Desse modo se faz necessário a pesquisa e aproveitamento de novas fontes de energia
limpas e renováveis, sejam elas capazes de alimentar um grande sistema ou até mesmo uma
pequena fonte capaz de alimentar pequenas cargas, o que tem o seu valor, pois ajudam a
evitar sobrecarga do sistema, contribuem para a redução dos gastos com energia elétrica, haja
vista que no Brasil a energia é uma das mais caras do mundo, e também podem contribuir
diante de outros problemas, como no caso da geração de energia através da energia cinética
das tubulações principais de edifícios, pois a utilização de uma turbina na tubulação principal,
pode significar um custo a menos para o morador, pois reduzirá a pressão da água nas
tubulações diminuindo a necessidade da utilização dos redutores de pressão e
conseguintemente reduzindo os gastos com manutenção do condomínio referente a possíveis
trocas de tubulações.

1.7. Metodologia

O trabalho será desenvolvido com base em estudo de um possível caso de instalação


de uma turbina na tubulação principal de um edifício, onde serão feitos testes para análise do
rendimento e capacidade energética. A metodologia desenvolvida será dividida em 4 etapas:
Etapa 1: Pesquisa bibliográfica em artigos, trabalhos relacionados.
Etapa 2: Definição do tipo de projeto hidráulico, materiais a serem utilizados e análise
das condições necessárias para realização.
Etapa 3: Verificação da capacidade de geração de energia.
Etapa 4: Avaliação dos resultados encontrados.

1.8. Organização do Texto

O trabalho está organizado em seis capítulos descritos abaixo:


Capítulo 1: Apresenta uma breve introdução sobre o tema como também justificativa e
o que motivou e execução desse trabalho e uma revisão bibliográfica sobre as fontes
geradoras de energias alternativas.
Capitulo 2: Contém um embasamento teórico necessário para o desenvolvimento desse
trabalho, ou seja, a fundamentação teórica.

5
Capítulo 3: Nesse capítulo serão definidos os métodos e materiais, o tipo de projeto
hidráulico, turbinas e geradores que melhor se adaptam no projeto, forma de ligação e
possibilidades de utilização da mesma.
Capítulo 4: Nesse capítulo serão discutidos os resultados dos testes feitos em
laboratório com a turbina, relação custos benefícios do ponto de vista energético.
Capítulo 5: Serão apresentadas as considerações finais, bem como a conclusão do
trabalho.

6
CAPITULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Cinética e Dinâmica dos Fluidos

2.1.1. Escoamento em regime permanente ou transiente

Na mecânica dos fluidos, um escoamento em regime permanente significa que suas


propriedades são invariantes no tempo, ou seja, não ocorre mudança com o passar do tempo.
No escoamento em regime transiente observa-se que as propriedades do escoamento ocorrem
mudanças significativas ao longo do tempo que devem ser consideradas na caracterização do
mesmo. A Figura 2 ilustra um reservatório de grandes dimensões, em que, apesar de existir
uma pequena descarga do fluido na parte inferior, o nível não varia sensivelmente com o
passar do tempo, esse regime pode ser considero permanente.

Figura 2- Escoamento em regime permanente.

FONTE: Brunetti 2008

2.1.2. Escoamento laminar e turbulento

Na mecânica os fluidos existem dois tipos de regimes de escoamento dos fluidos


observados e caracterizado por Reynolds: o regime laminar e o turbulento. No regime laminar
as partículas do fluido escoam entre as camadas do fluido, não é observado cruzamentos nas
suas linhas de correntes e nas suas trajetórias. Para o regime laminar o movimento é lento e a
perda de carga do escoamento é função, principalmente da viscosidade do fluido. Para o
regime turbulento o movimento é mais rápido, as partículas não seguem uma trajetória e nem
uma linha de corrente definida, cruzando-se aleatoriamente ao longo do escoamento, neste
regime de escoamento as perdas de carga estão relacionadas, principalmente ao fator de atrito
do fluido com as paredes da tubulação devido a sua rugosidade. A Figura 3 ilustra os dois
regimes de escoamento.
7
Figura 3- Regimes de escoamento Laminar e Turbulento

FONTE: Autoria própria

O conceito de laminar tem origem no movimento traçado pelas partículas do fluído


agrupado em “lâminas”, ou seja, escoamento laminar é aquele que as partículas e deslocam de
forma organizada em lâminas individualizadas, sem interação e troca de massa entre elas, este
escoamento e observado a baixas velocidades.
O escoamento turbulento se comporta com movimento altamente desordenado do
fluido, ocorre em velocidades altas. O escoamento que alterna entre laminar e turbulento é
chamado de transitório.

2.1.3. Vazão – Velocidade média na seção

A vazão é um dos principais parâmetros para definir um escoamento, a vazão é função


do volume e tempo - Q (V, t) ou da velocidade pela área da seção transversal - Q(v, A). A
vazão consiste de volume de fluído que passa através de um conduto forçado ou seção em um
determinado tempo, pode-se observar uma vazão mássica, considerando a massa especifica do
fluido Qm (m, V, t) e a vazão volumétrica Q(V, t).

V (1)
Q
t

8
onde,
Q - Vazão;
V – Volume
t – tempo.

No Exemplo da Figura 4. No intervalo tempo t, o fluido se movimenta através da


seção de área A, a uma distância s. A quantidade de fluxo que atravessa a seção de área A no
intervalo de tempo t é v=sA. Logo, a vazão será:

Q  vxA (2)

Figura 4 – Exemplo de vazão

FONTE: Brunett (2008)

2.1.4. Tipos de energias mecânicas associadas a um fluido

a) Energia potencial – Para (BRUNETTI, 2008) é o estado de energia do sistema


devido à sua posição no campo da gravidade em relação a um plano horizontal de referência
(PHR). Essa energia que corresponde ao trabalho força peso sendo mediada pela relação de
massa do corpo, altura e aceleração da gravidade. Seja, por exemplo, um sistema de peso G
mg, cujo centro de gravidade está a uma cota z em a um PHR Figura 5.

9
Figura 5 – Energia Potencial

FONTE: Brunett (2008)

Como: Trabalho = Força x Deslocamento


Então: W = Gz = mgz
Mas, pelo que foi dito anteriormente, = W; logo:

E p
 mgz (3)

b) Energia Cinética – Segundo (BRUNETTI, 2008) é o estado de energia


determinado pelo movimento do fluido, para um objeto de massa m e velocidade v, conforme
Figura 6. A equação pode ser definida por:

mv2 (4)
Ec  2

Figura 6 Energia Cinética

FONTE: Brunett (2008)

c) Energia de pressão – Segundo (BRUNETTI, 2008) essa energia corresponde ao


trabalho potencial das forças de pressão que atuam no escoamento do fluido.
O tubo de corrente da Figura 7. Admitindo que a pressão seja uniforme na seção, então
a força aplicada pelo fluido externa no fluido do tubo de corrente, na interface área A, será F
10
= pA. No intervalo de tempo dt, o fluido irá se deslocar de um ds, sob a ação da força F,
produzindo um trabalho.

Figura 7 Energia de Pressão

FONTE: Brunett (2008)

Portanto:

E pr
  pdV (5)
V

d) Energia mecânica total do fluido E - Excluindo-se energias térmicas e levando em


conta apenas efeitos mecânicos, a energia total de um sistema de fluido será o somatório de
todas as energias atuantes, potencial, cinética e pressão.

2.1.5. Equação de Bernoulli

A equação de Bernoulli, segundo (BRUNETTI, 2008) devido ao grande número de


hipóteses simplificadoras, dificilmente poderá produzir resultados compatíveis com a
realidade. Pois se adotam algumas hipóteses que não condizem com a realidade, porem é de
suma importância para o estudo de escoamento.
As hipóteses são:
 Escoamento em regime permanente;
 Escoamento de um fluido considerado ideal;
 Escoamento sem máquinas hidráulicas, ou seja, sem um dispositivo que forneça ou
retire energia do fluido, na forma de trabalho. As que fornecem energia ao fluido
serão denominadas bombas' e as que extraem energia do fluido, 'turbinas;
 Escoamento sem perdas por atrito;
11
 Propriedades uniformes nas seções;
 Escoamento incompressível
 Escoamento sem trocas de calor.
Seja o tubo de corrente da Figura 8, entre as seções (1) e (2)
Figura 8 Bernoulli

FONTE: Brunett 2008

Deixando passar um intervalo de tempo dt, uma massa infinitesimal dm, de fluido a
montante da seção (1) atravessa-a e penetra no trecho (1)-(2) acrescentando-lhe a
energia:
dm1V12 (6)
dE1  dm1 gz1   p1dV1
2

Na seção (2), uma massa do fluido que pertencia ao trecho (1)-(2) escoa para
fora, levando a sua energia:

dm2V22 (7)
dE2  dm2 gz2   p2 dV2
2

Como pelas hipóteses (b), (c) e (f) não se fornece nem se retira energia do fluido, para
que o regime seja permanente é necessário que no trecho (1)-(2) não haja variação de energia
o que implica obrigatoriamente que:

12
dm1V12 dm V 2 (8)
dE1  dE2  dm1 gz1   p1dV1  dm2 gz2  2 2  p2 dV2
2 2

Como:
dm (9)

dV

Portanto
dm (10)
dV 

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V12 p1 V2 p (11)
z1   z  2  2
2g  2 2g 

A Equação (11) é a equação de Bernoulli, que permite relacionar cotas, velocidades e


pressões entre duas seções do escoamento do fluido.
Note-se, que a equação de Bernoulli expressa que ao penetrar por (1) uma partícula de

unitário, à qual estão associadas às energias , e , deverá sair por (2) uma partícula de

peso unitário à qual estejam associa as energias , e de forma que a soma delas seja

idêntica à soma em (1) para manter a energia constante no volume entre (1) e (2).
Como pressão é definida como sendo:
p (12)
h

Logo a energia de pressão por unidade de peso é a própria carga de pressão, observe
que a palavra carga substitui a expressão energia por unidade de peso. Fazendo:

p V2 (13)
H  z
 2g

Onde H é energia total por unidade de peso numa seção ou carga total na seção. Com a
noção de carga total podemos escrever a equação simbolicamente como:

13
H1  H 2 (14)

2.1.6. Equação da energia e presença de uma máquina.

Máquina, conforme a Figura 9, é qualquer dispositivo inserido no escoamento, que


forneça ou retire energia dele, na forma de trabalho. Nesse momento o que importa é apenas a
presença da máquina no escoamento.
Será intitulada bomba qualquer máquina que forneça energia e turbina qualquer
máquina que retire energia dele.
Figura 9 Presença de máquina no escoamento

FONTE: Brunett 2008

Se não houvesse máquina, sabe-se a energia por unidade de peso do fluido (1) é igual à
energia por unidade de peso em (2).

Se a máquina for uma bomba, o fluido receberá um acréscimo de energia logo


. Para restabelecer a igualdade, deverá ser somada a primeiro membro a energia
recebida pela unidade de peso do fluido na máquina. Logo:

H1  H B  H 2 (15)

A parcela é chamada “carga ou altura manométrica da bomba” e representa a


energia fornecida à unidade de peso do fluido que passa pela bomba.
Se a máquina for uma turbina,
, pois, por definição, a turbina retira energia do fluido. Para restabelecer a igualdade,
tem-se:

14
H1  HT  H 2 (16)

Onde “carga ou altura manométrica da turbina” ou energia retirada da unidade de


peso do fluido pela turbina.
Como se deseja estabelecer uma equação geral, a carga manométrica da máquina será
indicada por e a equação será escrita de forma única como:

H1  H M  H 2 (17)

Sendo: se a máquina for uma bomba e se a máquina for uma


turbina.
A Equação que considera a presença de uma máquina no escoamento entre as seções
(1) e (2) em estudo. Lembrando os significados de e , essa equação é escrita assim:

p1 V12 p V2 (18)
 z1   H M  2  z2  2
 2g  2g

Essa Equação mostra que a presença de uma máquina pode acarretar variações da
carga de pressão, da carga potencial e da carga cinética.
Portanto, muitos sistemas são projetados para transportar fluidos de um lado para
outro com vazão, velocidade e diferença de elevação e esses sistemas podem gerar trabalho
mecânico em uma turbina. Segundo (ÇENGEL e CIMBALA, 2007) a energia mecânica é a
forma de energia que pode ser convertida direta e completamente em trabalho mecânico por
um dispositivo mecânico com uma turbina por exemplo.
A turbina extrai energia mecânica de um fluido fazendo sua pressão cair, logo a
pressão de um fluido em escoamento também está associado a sua energia mecânica, pois na
verdade Pa é equivalente J/ , que é energia por unidade de volume, onde seu equivalente
tem unidade J/kg, que é energia por unidade de massa, porém a pressão não pode ser
considerada uma forma de energia Mas uma força de pressão atuando sobre um fluido em
uma distância produz trabalho, chamado trabalho de escoamento. Portanto a energia mecânica
de um fluido em escoamento é expressa por:

15
p V2 (19)
emec    gz
 2

Onde:
– energia de escoamento

J/ – Joule por metro cúbico


J/kg – Joule por quilo grama

2.2. Geradores

Geradores são máquinas que convertem energia mecânica em energia elétrica, e a


geração de energia ocorre quando há uma alteração no fluxo magnético decorrente do
movimento mecânico, que normalmente são rotativos, as tensões são geradas quando os
enrolamentos ou grupo de bobinas giram dentro de um campo magnético, ou quando um
campo magnético gira em torno do dos enrolamentos. Segundo (FITZGERALD, CHARLES
KINGSLEY e STEPHAN D UMANS, 2001)o fluxo concatenado em uma bobina específica é
alterado e uma tensão variável no tempo é gerada.
Nos motores e geradores no geral a parte móvel é chamada de rotor e a parte fixa
chamada de estator, nas máquinas CA normalmente o conjuntos de enrolamentos fica no
estator Figura 10 e já nas máquinas CC comumente ficam no rotor Figura 11.

16
Figura 10- Estator de um Gerador Hidrelétrico CA.

Fonte: Fitzgeral (2001)


Figura 11 – Rotor de um gerador CC.

Fonte: Fitzgerald (2001)

O gerador de CA é o meio mais utilizado para a produção da energia elétrica que


usamos atualmente. A tensão CA é usada na maioria das aplicações, devido à facilidade com
que o seu valor pode ser modificado com o auxílio de transformadores, possibilitando
aumento da tensão para melhorar a transmissão.

Os geradores elementares de CA e de CC têm o mesmo princípio de funcionamento,


diferenciando-se apenas na forma como coletam a tensão induzida na armadura (que é sempre
alternada).

Nos geradores de CC, a saída do gerador é proporcional à intensidade do campo e à


velocidade com que as bobinas e o campo interagem. Como os geradores de CA trabalham
normalmente com velocidade constante para manter a frequência constante, o controle da
tensão de saída é realizado por meio da variação da intensidade do campo.

17
No gerador de CC (dínamo) a parte rotativa é sempre a armadura. Contudo, em um
gerador de CA (alternadores) isto não é o comum. Nos geradores CA o enrolamento da
armadura – que é o enrolamento onde a tensão elétrica vai ser induzida – pode estar
posicionado tanto no rotor quanto no estator, sendo a configuração mais comum a de
armadura estacionária e campo rotativo.

De acordo com Chapman (2013) os geradores CA são divididos basicamente em duas


classes, síncronos que são geradores cuja corrente de campo magnético é fornecida por uma
fonte de potência CC. E os de indução que são geradores onde a corrente de indução é
fornecida por indução magnética em seus enrolamentos de campo.

2.2.1 – Geradores CA

Existem dois tipos básicos de geradores, os geradores CA de corrente alternada, CC de


corrente contínua. Porém os geradores síncronos e CC possuem segundo enrolamento que é
responsável pela corrente excitação, isso será visto com mais detalhes mais adiante.
Um ponto importante é que nem toda potência entregue a um gerador será convertida
em energia elétrica, pois devem ser consideradas várias perdas, a isso se da o nome de
rendimento do gerador o rendimento de um gerador CA é definida pela equação:
(20)
  P entrada x100%
Psaída

As perdas das máquinas CA são:

1. Perda elétrica ou no cobre


2. Perdas no núcleo
3. Perdas mecânicas
4. Perdas suplementares

2.2.1.1 Geradores síncronos

O rotor desse tipo de gerador consiste em um eletroímã alimentado por uma corrente
contínua, o campo magnético produzido por essa corrente flui pela bobina de campo
estacionário ou estator. Os geradores são considerados síncronos, porque a frequência elétrica
produzida está diretamente relacionada à velocidade mecânica de rotação do gerador. Logo,
equação abaixo relaciona a velocidade de rotação do rotor com a frequência elétrica
resultante.
18
p.n (21)
f 
120

Onde:

f → frequência da tensão gerada, Hz

p → número total de pólos da máquina

n → velocidade do rotor, rotações por minuto (rpm)

Como o rotor gira na mesma velocidade que o campo e essa velocidade deve ser
constante para ficar de acordo com a frequência, quantidade de rotação será definida de
acordo com a quantidade de polos existentes no gerador. Conforme Erro! Fonte de
referência não encontrada., ou seja, quanto maior o número de polos menor o número e
rotações.
Tabela 1- Velocidades síncronas em rotações por minuto.

Número
f = 60 Hz f = 50 Hz
de Pólos
2 3.600 rpm 3.000 rpm
4 1.800 rpm 1.500 rpm
6 1.200 rpm 1.000 rpm
8 900 rpm 750 rpm
10 720 rpm 600 rpm

2.2.1.2 Aspecto construtivo

Nesse tido de gerador o campo magnético é gerado no rotor, que pode ser de imã
permanente ou um eletroímã alimentado por uma corrente contínua para formar e campo, o
rotor do gerador que é acionado por uma máquina externa, primária.
Esse rotor pode ser construído de duas formas: Salientes e não Salientes. Os rotores de
polos salientes são aqueles que os polos não estão nivelados, ficando projetados para fora do
eixo, Figura 12- Rotor de polos salientes., já os de polos não salientes são exatamente o
inverso, os polos ficam alinhados na superfície do rotor, Figura 13- Rotor de polos não
salientes..

19
Figura 12- Rotor de polos salientes.

Fonte: Chapman (2013)

Figura 13- Rotor de polos não salientes.

Fonte: Chapman (2013)

Segundo (CHAPMAN, 2013) Os rotores de polos não salientes são usados


normalmente em rotores de dois e quatro polos, ao passo que os rotores de polos salientes são
usados normalmente em rotores de quatro ou mais polos.
Existe duas formar de alimentar o eletroímã com corrente CC. Através de anéis
coletores e escova ou um gerador síncrono montado diretamente no eixo.
Na utilização de anéis e escovas a corrente é levada até o rotor através de escovas
estacionárias de carvão fazendo contato com os anéis coletores a espira de fio que gira dentro
do campo é chamada de armadura. As extremidades da espira são ligadas a anéis, chamados
anéis coletores, que giram com a armadura. Esse tipo de fornecimento de potência CC
20
aumenta consideravelmente os custos com manutenção devido ao desgaste das escovas, se
essas partes se desgastarem ou ficarem sujas, o fluxo de corrente pode ser interrompido. Esse
tipo de alimentação é mais comum em geradores de pequeno. Já para os geradores de grande
porte são usadas são usados uma excitatriz sem escova, que nada mais é um gerador CA
acoplado no estator com circuito montado no rotor, esse pequeno gerador CA alimenta através
de indução magnética o indutor que tem sua tensão trifásica retificada por uma ponte de
diodos e excitando assim o rotor com corrente CC sem ser necessário anéis e escovas. Esse
tipo de sistema é mais caro, por esse motivo é mais usual em geradores de grande porte.Figura
14- Excitatriz sem escova..

Figura 14- Excitatriz sem escova.

Fonte: Chapman (2013)

2.2.1.3 Potência em geradores síncronos

Geradores convertem energia mecânica e em energia elétrica, ou seja, para gerar


energia elétrica depende de uma máquina primária para fazer o rotor girar, pode ser um motor
a diesel, a gasolina, uma turbina hidráulica, mas independente do tipo, sua velocidade tem que
ser constante ou muito próxima disso, pois pode provocar variações na frequência.

2.2.1.4 Característica da tensão nos terminais do gerador AC.

21
A tensão de saída de um gerador CA é semelhante à de um gerador CC. No gerador
CC, há duas causas para a queda de tensão interna: (1) a resistência da armadura; e (2) a
reação da armadura. A Figura 15 é a Equação abaixo indicam que há agora três causas para a
“queda” de tensão interna no gerador CA, que são: (1) a resistência da armadura; (2) a
reatância da armadura; e (3) a reação da armadura. Além disso, para um alternador, enquanto
os dois primeiros fatores sempre tendem a reduzir a tensão, o terceiro (reação da armadura)
pode tender a diminuí-la ou aumentá-la. Assim, a regulação de tensão do gerador CA difere
da do gerador CC, em dois aspectos importantes: (1) há uma queda de tensão devida à
reatância da armadura; e (2) o efeito de reação da armadura (dependendo do fator de potência
da carga) pode produzir um aumento da tensão gerada que tende a tornar mais elevada a
tensão nos terminais.

Figura 15 A tensão nos terminais de saída do gerador CA é afetada por três fatores (Ra, Xa e
XRA).

Fonte: Chapman (2013)

A variação de tensão causada pela reação da armadura depende do fator de potência da carga,
se é indutivo ou capacitivo. A reação da armadura afeta a intensidade do campo CC de modo
que, quando a carga é indutiva ela enfraquece o campo, e quando é capacitiva ela fortalece o
campo aumentando Vg.

2.2.1.5. Reação da armadura no gerador CA.

Em vazio (com rotação constante), a tensão de armadura depende do fluxo magnético


gerado pelos pólos de excitação, ou ainda da corrente que circula pelo enrolamento de campo
(rotor). Isto porque o estator não é percorrido por corrente, portanto é nula a reação da
armadura, cujo efeito é alterar o fluxo total. A relação entre tensão gerada e a corrente de

22
excitação é chamado de característica a vazio, Figura 16, onde se pode observar o estado de
saturação da máquina (máximo fluxo e máxima tensão).

Figura 16 Característica a vazio (tensão gerada x corrente de excitação).

Fonte: Fitzgerald (2001)

Em carga, a corrente que atravessa os condutores da armadura cria um campo


magnético, causando alterações na intensidade e distribuição do campo magnético principal.
Esta alteração depende da corrente, do cos φ e das características da carga.

2.2.1.6. Carga puramente resistiva.

Se o gerador alimenta um circuito puramente resistivo, é gerado pela corrente de carga


um campo magnético próprio. O campo magnético da armadura (rotor) produz dois pólos, r
Figura 17 defasados de 90º geométricos (em atraso) em relação aos pólos principais (estator),
e estes exercem sobre os pólos da armadura uma força contrária ao movimento, gastando-se
potência mecânica para se manter o rotor girando. O diagrama da Figura 18 mostra a alteração
do fluxo principal em vazio (φ0) em relação ao fluxo de reação da armadura (φR). A alteração
de φ0 é pequena, não produzindo uma variação muito grande em relação ao fluxo resultante
φ. Devido a queda de tensão nos enrolamentos da armadura será necessário aumentar a
corrente de excitação para manter a tensão nominal.

Figura 17 Defasagem geométrica entre os campos.

23
FONTE: Fitzgerald (2001)

Figura 18 Campo magnético resultante.

FONTE: Fitzgeral (2001)

Figura 17 e Figura 18: Reação da armadura para uma carga puramente resistiva.

2.2.1.7. Carga puramente indutiva.

Neste caso, a corrente de carga (I) está defasada em 90º elétricos (atrasada) em relação
à tensão (E), e o campo de reação da armadura (φR) estará consequentemente na mesma
direção do campo principal (φ0), mas em polaridade oposta. O efeito da carga indutiva é
desmagnetizante, ver Figura 19 e Figura 20. As cargas indutivas armazenam energia em seu
campo magnético e a devolvem totalmente ao gerador, não exercendo nenhum conjugado
frenante sobre a armadura (rotor). Neste caso, só será necessário energia mecânica para
compensar as perdas. Devido ao efeito desmagnetizante será necessário um grande aumento
da corrente de excitação para se manter a tensão nominal.

24
Figura 19 Defasagem geométrica entre os campos.

FONTE: Fitzgerald (2001)

Figura 20 Campo magnético resultante.

FONTE: Fitzgerald (2001)

Figura 19 e Figura 20: Reação da armadura para uma carga puramente indutiva.

2.2.1.8. Carga puramente capacitiva.

A corrente da armadura (I) para uma carga puramente capacitiva está defasada de 90º
elétricos (adiantada) em relação à tensão (E). O campo de reação da armadura (φR)
consequentemente estará na mesma direção do campo principal (φ) e com a mesma
polaridade. O campo da armadura (rotor), neste caso, tem um efeito magnetizante, ver Figura
21 Defasagem geométrica entre os campos.e Figura 22. As cargas capacitivas armazenam

25
energia em seu campo elétrico e a devolvem totalmente ao gerador, não exercendo também,
como nas cargas indutivas, nenhum conjugado frenante sobre a armadura (rotor). Devido ao
efeito magnetizante será necessário reduzir a corrente de excitação para manter a tensão
nominal.

Figura 21 Defasagem geométrica entre os campos.

FONTE: Fitzgerald (2001)

Figura 22 Campo magnético resultante.

FONTE: Fitzgerald (2001)

Figura 21 Defasagem geométrica entre os campos.Figura 22 Campo magnético resultante.:


Reação da armadura para uma carga puramente capacitiva.

2.2.1.9. Cargas intermediárias

Na prática, o que é encontrado são cargas com defasagem intermediária, entre


totalmente indutiva ou capacitiva e resistiva. Nestes casos o campo de reação da armadura
pode ser decomposto em dois campos, um transversal e outro desmagnetizante (carga
indutiva) ou magnetizante (carga capacitiva). Somente o campo transversal tem um efeito
26
frenante, consumindo desta forma potência mecânica da máquina acionante. O efeito
magnetizante ou desmagnetizante é compensado alterando-se a corrente de excitação. Figura
23 Característica a vazio (tensão gerada x corrente de excitação).

Figura 23 Característica a vazio (tensão gerada x corrente de excitação).

FONTE: Fitzgerald (2001)

2.2.2 Geradores de indução

Esses geradores são denominados de indução, pois a tensão do rotor é induzida no


enrolamento em vez de fornecida por uma conexão de fios, portanto não a necessidade eu
uma corrente de campo CC para fazer a máquina funcionar.
Segundo Chapman (2013) tem diversas limitações. Como lhe falta um circuito de
campo separado, um gerador de indução não pode produzir potência reativa. De fato, ela
consome potência reativa e, portanto, uma fonte externa de potência reativa deve ser ligada
permanentemente a ela para manter o campo magnético em seu estator. Essa fonte externa de
potência reativa também deve controlar a tensão de terminal do gerador – sem corrente de
campo, um gerador de indução não pode controlar sua própria tensão de saída. Normalmente,
a tensão do gerador é mantida pelo sistema de potência externo ao qual ela está ligada.
Por outro lado possui a vantagem de não precisar de um circuito de campo separado, o
que torna o seu sistema de funcionamento simples, e também não precisa trabalhar com
velocidade fixa, a partir de uma determinada rotação ele passa a gerar energia e conforme
aumenta a rotação aumenta também a potência gerada.

27
2.2.2.1 Aspecto construtivo

O estator desse tipo de gerador é igual ao estator do síncrono, o que difere a


construção do rotor, que tem dois tipos diferentes o gaiola de esquilo que segundo Chapman
(2013) consiste em uma série de barras condutoras que estão encaixadas dentro de ranhuras na
superfície do rotor e postas em curto-circuito em ambas as extremidade por grandes anéis de
curto-circuito Figura 24. O outro é o rotor bobinado que tem um conjunto de enrolamentos
semelhantes ao do rotor Figura 25.
Figura 24- Rotor bobinado típicos de motores de indução.

Fonte: Chapman (2013)

Figura 25- Rotor tipo gaiola de esquilo.

Fonte: Chapman (2013)

2.2.3 Geradores CC

28
Essas máquinas podem funcionar como geradores ou motores, ou seja, possuem as
mesmas características físicas, a única diferença fica por conta do sentido do fluxo de
potência.
Existem muitos tipos de geradores CC, porém eles se diferem somente pela forma, as
quais o seus fluxos são obtidos afetando a forma como eles variam com a carga.
Gerador de excitação independente. No gerador de excitação independente, o fluxo de
campo é obtido de uma fonte de potência separada do próprio gerador. Nele a corrente de
campo é fornecida por uma fonte CC externa e a corrente de excitação e a corrente de
armadura são iguais. Sua velocidade pode ser controlada variando sua corrente de campo, sua
tensão de armadura ou sua resistência de armadura.
Gerador de imã permanente. No gerador de imã permanente o fluxo é produzido pelo
imã permanente e sua velocidade só não pode ser controlada através da alteração da corrente
de campo, pois essa é fornecida pelo próprio imã. Justamente por esse motivo os geradores
CC de imã permanente são mais baratos e são menores no tamanho.
Gerador em derivação. No gerador em derivação, o fluxo de campo é obtido pela
ligação do circuito de campo diretamente aos terminais do gerador.
Gerador série. No gerador série, o fluxo de campo é obtido ligando o circuito de
campo em série com a armadura do gerador. Nele a velocidade tende a disparar quando
operando a vazio, pois tem a partida muita elevada, maior que de todos os outros geradores
CC.
Gerador composto cumulativo. No gerador composto cumulativo, estão presentes
ambos os campos em derivação e em série, e seus efeitos são aditivos. Mas é instável e tende
a disparar quando adicionado uma carga.
Gerador composto diferencial. No gerador composto diferencial, estão presentes
ambos os campos em derivação e em série, mas seus efeitos são subtrativos.

2.3 Sistemas de Geração de Energia

2.3.1. Sistema hidráulico.

Os aproveitamentos hidroelétricos figuram com destaque no cenário de expansão


futura do sistema interligado devido a grande quantidade de recursos naturais disponíveis em
território brasileiro (O Brasil tem o maior potencial da América Latina). Porém grande parte
destes recursos situam-se na região norte, onde o impacto ambiental decorrente da

29
implantação destes aproveitamentos gera bastante polêmica. Tendo em vista o relevo da
região, as áreas alagadas pelos reservatórios destes aproveitamentos podem atingir valores
consideráveis.

Outro inconveniente em tais aproveitamentos é o transporte de energia elétrica da


região norte aos centros consumidores, como a região sudeste. Devido as grandes extensões
entre as regiões, os sistemas convencionais de linhas de transmissão apresentam obstáculos
tecnológicos a sua implantação. Alternativas ainda estão em estudo como a transmissão

Através de corrente contínua e o uso de linhas de transmissão de meio comprimento de onda.

No caso da transmissão através de corrente contínua, já se tem como ponto positivo a

experiência brasileira no transporte de energia de Itaipu através de linhas de corrente


contínua.

As centrais de geração hidroelétrica podem seguir vários critérios de classificação.

Podem ser classificadas quanto a forma de captação, em centrais de derivação ou


desvio e centrais de represamento. Nas centrais de represamento, muitos dos componentes de
centrais hidrelétricas podem ser suprimidos de modo a simplificar o aproveitamento,
reduzindo seus custos. Podem ser classificadas quanto a potência, em micro centrais,
minicentrais, pequenas centrais, médias centrais e grandes centrais, cujas potências limites são
respectivamente: 100, 1000, 30000, 100000, e maiores de 100000 kW (De acordo com a
portaria ANEEL 394 de 4/12/1998). Podem ser classificadas quanto às dimensões de queda
em baixíssima queda, baixa queda, média queda e alta queda, cujas cotas limites são
respectivamente: 10, 50, 250, e maiores que 250 metros. Podem ser classificadas também
quanto a forma de utilização das vazões naturais, em centrais a fio d’água e centrais com
regularização diária, semanal, anual e plurianual. Outra classificação já comentada está na sua
função dentro do sistema interligado, em centrais de base, flutuantes e de ponta. Sendo que
esta última classificação não se restringe a centrais hidráulicas.

Figura 26 Componentes de central hidrelétrica (adaptado do sitio de Furnas Centrais


Elétricas)

30
Os componentes principais de uma central hidroelétrica são a barragem, os condutos
de captação e adução hidráulicos, a casa de máquinas e o sistema de restituição hidráulico.

2.3.2.1 Centrais reversíveis

As centrais hidráulicas reversíveis operam ainda com elementos de bombeamento de


modo a reverter o fluxo, atuando como elemento regulador ou armazenador de energia para o
sistema elétrico de potência. Sua principal vantagem está na maior flexibilidade operacional,
bem como no planejamento da localização da central. Embora o sistema de bombeamento
poça ser executado através de máquinas e tubulações independentes, atualmente, graças ao
recentes avanços tecnológicos, o conjunto de equipamentos usados na operação de geração
podem ser empregados também na operação de bombeamento, diminuindo assim os custos de
implantação.

2.3.2 Sistemas térmicos

As centrais térmicas podem produzir energia a partir de fontes de energia químicas ou


nucleares. No primeiro caso são denominadas centrais termoelétricas convencionais e no
segundo caso centrais termoelétricas nucleares. Os combustíveis utilizados nas centrais
convencionais são o petróleo e seus derivados, gás natural, gases provenientes da biomassa,
como biodigestores, bagaço de cana, além de outros gases de origem mineral. Já as usinas

31
nucleares utilizam como combustíveis elementos pesados como o urânio, o plutônio o tório
entre outros. A energia é produzida por um processo de fissão, no qual se libera calor.

Atualmente no Brasil, graças ao grande desenvolvimento na tecnologia de


aproveitamento do etanol, e o consequente desenvolvimento de equipamentos bicombustível,
também passou a ser incentivada, de forma a proporcionar maior flexibilidade operativa as
centrais termoelétricas, bem como aproveitar melhor o potencial energético do país. Algumas
centrais a gás já tem planos de conversão para operação como centrais bicombustível, no
entanto, estas adaptações tem altos custos de implantação e dependem de alteração de licença
ambiental. Assim é de se esperar que novos empreendimentos adotem a concepção
bicombustível no futuro. O programa do governo federal, PROINFA, voltado ao uso de fontes
alternativas de energia também colabora neste sentido. Muito embora este programa não tenha
surtido os resultados previstos, principalmente no que diz respeito a energia eólica, cujo
problema principal é a monopolização comercial dos geradores atualmente empregados
(atualmente somente uma empresa multinacional fabrica estes equipamentos em território
nacional), suas perspectivas são excelentes. Ressaltando ainda que o panorama de uso de
energia “limpa” no Brasil, em termos de energia elétrica é muito superior a média
internacional.

Os rendimentos máximos teóricos (sem perdas) das centrais térmicas obtidos a partir
da expressão de “Carnot” estão na faixa de 37 a 50% em ciclos com turbinas a vapor sem
recuperação, na faixa de 45 à 54% em ciclos com turbinas à vapor com recuperação e na faixa
de 42 à 47% em ciclos com turbinas à gás. Atualmente, com o desenvolvimento das turbinas a
gás foi possível estabelecer centrais de operação com ciclos combinados, de modo a aumentar
o rendimento global. Os ciclos combinados operam com um dos ciclos em altas temperaturas
e com outro ciclo em temperaturas menores, chamados de ciclo superior e ciclo inferior
respectivamente. Embora teoricamente seja possível se operar com combinações de fluídos
como o vapor de mercúrio, fluídos orgânicos e amônia, os ciclos combinados geralmente
utilizam o vapor d’água como fluído principal, devido ao seu domínio tecnológico e custos
relativos a esta escolha. Os ciclos combinados podem apresentar eficiência de “Carnot”
teórica (sem perdas) na faixa de 63 à 68%, o que representa uma grande vantagem em relação
aos ciclos não combinados.

32
CAPÍTULO 3. METODOS E MATERIAS

3.1. Escolha do Projeto do Edifício

Para que esse projeto tenha um resultado satisfatório é necessário encontrar um ponto
de grande pressão e boa vazão d’água, segundo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1998) estabelece que em condições estáticas (sem escoamento), a
pressão da água em qualquer ponto de utilização da rede predial de distribuição não deve ser
superior a 400 kPa, ou 40 m.c.a (metro por coluna d’água), por esse motivo os edifícios com
mais de 13 pavimentos convencionais ( pé direito de 3,00 m x 13 = 39m) abastecido por um
reservatório superior, obrigatoriamente devem utilizar válvulas redutoras de pressão.
Correspondência das unidades: 1kgf/cm² corresponde à pressão exercida por uma
coluna de 10 metros, ou seja, 10 m.c.a ou 100000 Pa.
Segundo (MACINTYRE, 1990), para solucionar esse problema existem algumas
alternativas possíveis, conforme a Figura 27, Figura 28 e Figura 29.
Figura 27 Válvulas no meio do prédio

FONTE: Mancityre (1990)

33
Figura 28 Válvulas no subsolo.

FONTE: Mancityre (1990)

Figura 29 Projeto com reservatório intermediário.

FONTE: Mancityre (1990)

34
Em virtude da necessidade de manutenção, condição arquitetônica e econômica não é
aconselhável utilizar áreas no interior das edificações para colocação de válvulas e
reservatórios como nas Figura 27 Figura 29, geralmente opta-se pela utilização das válvulas
no subsolo dos edifícios Figura 28.
Como a energia potencia é diretamente proporcional à altura, equação (3), fica fácil
identificar que o melhor ponto para instalação da turbina é antes das válvulas redutoras de
pressão. Outro fator que aponta este local como mais adequado para instalação da turbina, é
que atende uma grande quantidade de unidades consumidoras, o que pode proporcionar uma
maior vazão.
Logo, sugere-se que a turbina hidráulica seja instalada um pouco a frente dos redutores
de pressão para que se possa ter um melhor aproveitamento da energia potencia existente na
tubulação principal. E o projeto de instalação hidráulica de água fria, que proporciona a maior
energia potencial é o da Figura 28. Logo esse é o projeto mais indicado, o que não
impossibilita a instalação no modelo da Figura 27. A Figura 30 mostra como é o esquema de
ligação da turbina antes dos redutores de pressão.
Figura 30 Forma de ligação da turbina logo acima dos redutores de pressão

FONTE: Autoria Própria

Legenda:
1. Turbina
2. Registros
35
Portanto, projeto visa apenas o aproveitamento da energia proveniente das tubulações
que saem do reservatório superior, outras tubulações não são consideradas nesse estudo.
Existe um ponto de atenção, a turbina a ser instalada, por se tratar de uma turbina ela
retira energia do escoamento, porém não pode ser em grande escala, pois se a pressão da água
for muito reduzida pode vir a interferir no atendimento dos demais consumidores, ficando
fora dos padrões estabelecidos pela NBR5626/98.

3.2. Escolha da Turbina Hidráulica

As turbinas são construídas para transferir a energia potencial ou cinética do fluido


para os geradores. Atualmente existem diversos tipos de turbinas, abaixo serão demostradas
as principais que são utilizadas para micro geração de energia, segundo (FARRET, 1999) a
escolha depende do campo de aplicação, principalmente da altura da queda, vazão d’água.

Tabela 2 Turbina x Queda d’agua para micro geração de energia.

Tipo de Turbina Variação de Altura (m)


Turbina Pelton (TP) 20 - 500
Turbina Francis (TF) 2 - 150
Turbina Michel-Banki (TMB) 1,5 - 150
Turbina Kaplan, tipo "S" ou Sifão (TS) 0,8 - 5
FONTE: Farret (1999)

3.2.1. Turbina Pelton (TP)

A turbina Pelton (TP) mostrada na Figura 31, segundo (FARRET, 1999) para ser
usada com queda abaixo de 200 m é necessária a instalação de mais bicos injetores e
necessitaria de uma vazão mínima de 10 l/s. Ela não pode ser usada, pois nessa aplicação
ficará totalmente alagada, e não foi projetada para esse fim, outro fator seria o uso dos
diversos bicos injetores, já que fazer mais derivações na tubulação acarretaria em mais perdas
de energia do fluido.

36
Figura 31 Turbina Pelton.

FONTE: Farret, (1999)

3.2.2. Turbina Francis (TF)

A turbina Francis (TF) mostrada na Figura 32 até se apresenta como uma solução
possível pelo ponto de vista da altura, mas segundo (FARRET, 1999) ela é uma turbina que
apesar de trabalhar com baixa queda é necessário uma vazão de 100 l/s, logo ela também não
se enquadra como uma solução viável.
Figura 32 Turbina Francis.

FONTE: Farret (1999)

3.2.3. Turbina Michel Banki (TMB)

37
Turbina Michel Banki (TMB), mostrada na Figura 33, segundo (FARRET, 1999)
possui vazão de 25 a 700 l/s e podem operar com desníveis que atenderiam ao projeto.
Figura 33 Turbina Michel – Banki.

FONTE: Farret (1999)

Essa turbina merece uma atenção especial, pois comparada a outros tipos de turbina a
TMB tem curvas de rendimento quase horizontais, como pode ser visto na Figura 34, pois em
praticamente qualquer vazão ela tem bom aproveitamento, graças a um dispositivo de
regulagem de vazão variável que trabalha com pás giratórias. Porem essa turbina não foi
projetada para trabalhar submersa.
Figura 34 Rendimento da TMB.

FONTE: Farret (1999)

38
3.2.4. Turbina Sifão (TS)

A turbina Kaplan, Tiso “S” ou Sifão (TS) mostrado na Figura 35, de acordo com
(FARRET, 1999) essa turbina do tipo axial na forma de sifão está relacionada a baixas quedas
ou fio d’água, a pequenas potências e a grande variação de vazão ao longo do ano.
Figura 35 Turbina Kaplan tipo “S”.

FONTE: Farret (1999)

3.2.5. Bombas de água funcionando como turbinas

O inverso de bomba de água como turbina para micro centrais hidrelétricas tem
ganhado bastante popularidade, por proporcionar baixo custo de instalação, porém de acordo
com (FARRET, 1999) possuem desvantagens como, por exemplo, a eficiência se comparada a
queda usada para bombear água. Para o rendimento da turbina ser igual ao da bomba é
necessário que a altura e vazão sejam maiores para a mesma rotação. Já as turbinas possuem
um eficiente controle de fluxo, já a bomba não, isso explica o custo mais elevado das turbinas.
Dentre todas as turbinas apresentadas a que mais se aproxima do propósito do projeto
é a turbina TS, que trabalha a fio d’água, porém nenhuma delas foi feita pensando nesse tipo
de aplicação, logo se fez necessário utilizar outro tipo de turbina no projeto.

39
A próxima turbina que será apresentada foi adquirida no (Mercado Livre) e estudada
justamente por aparentemente ter sido desenvolvida para fins parecidos e foi utilizada com
base de estudo desse projeto de micro geração de energia Figura 36.

Figura 36 Dimensões da turbina.

FONTE: Mercado Livre

Essa peça é um micro gerador, que segundo o fornecedor, é capaz de gerar 12V e
10W, sua turbina é composta por 24 pás, que no interior do suporte dessas pás existe um imã
permanente conforme Figura 37.
Figura 37 Pás da turbina e imã permanente.

FONTE: Autoria própria

Essa turbina fica acoplada magneticamente ao suporte do estator, que fica acomodado
na parte interna conforme Figura 38 .
Figura 38 compartimento do estator.

40
FONTE: Autoria própria

Como essa peça é um hidro gerador com tensão estabilizada em 12 volts CC, o seu
circuito possui uma retificador trifásico, formado por diodos, um capacitor para minimizar as
quedas entre os semi ciclos, um diodo zenner para litar a tensão em 12V.como pode ser visto
na Figura 39.

Figura 39 Circuito elétrico do micro gerador.

FONTE: Autoria própria

Como pode ser verificado esse equipamento já vem pronto para gerar energia, porém
com uma potência muito baixa conforme já informado. Para aumentar a capacidade de
geração de energia seria necessário aumentar as proporções da turbina e analisar melhor o tipo
de gerador a ser utilizado.

3.3. Escolha do Gerador

41
Existem basicamente dois tipos de geradores, os de corrente continua (CC) ou de
corrente alternada (CA). Para essa aplicação acredita-se que a melhor opção sejam os
geradores CC de imã permanente, pois apresentam várias vantagens, eles eliminam a
necessidade de circuito de corrente de excitação eliminando assim as perdas que ocorrem no
cobre, não havendo necessidade de enrolamentos de campo faz com que sejam menores em
relação a outro gerador CC de mesma correspondência, eliminam também a necessidade do
sistema de anéis e escovas o que aumenta bastante os gastos com manutenção, logo os
sistemas são bem simples de operar, apresentam melhor rendimento, em geral são menores,
mais baratos. Porém não é só benefício à utilização deste tipo de gerador, por ser imã
permanente não pode ter essa corrente de excitação alterada como forma de controle de tensão
e também correção do fator de potência. Segundo (CHAPMAN, 2013) quando a corrente da
armadura ficar muito elevada e também quando houver aquecimento excessivo pode ocorrer a
desmagnetização dos imãs reduzindo permanentemente e orientando de outra forma o fluxo
residual presente neles.

3.4. Utilização da Energia Gerada

A melhor forma de aproveitar a energia gerada seria armazená-la em um banco de


baterias, pois como a geração de energia não será constante tanto no tempo em que estiver
sendo produzida quanto na quantidade, essa inconstância poderia gerar transitórios se fosse
interligada diretamente à rede, diminuindo assim a qualidade da energia gerada. Geradores
CC, quando começam a operar tem um pico de corrente, porém como essa energia será
armazenada, não trará grandes problemas. Essa energia pode ser facilmente utilizada para
circuitos de iluminação e lâmpada de emergência, seria mais interessante em circuitos que só
funcionam ou tem funcionamento no horário que a concessionária de energia cobra a tarifa
mais cara melhorando assim o custo benefício do projeto. Essa forma de utilização é propicia,
pois além dos benefícios citados acima, também existe a questão de que toda a energia não
consumida ficará armazenada, melhorando assim o custo benefício do sistema.

3.5. Forma de Ligação

42
O esquema de ligação é muito semelhante ao esquema adotado para geração eólica,
devidos às inconstâncias de geração. O esquema proposto de está descrito conforme Figura
40.

Figura 40 Esquema de ligação.

FONTE: Autoria própria

1. Turbina;
2. Gerador;
3. Controlador de carga;
4. Banco de baterias;
5. Inversor de frequência;
6. Disjuntor

Um ponto a ser observado é que segundo os critérios da (ANEEL, 2016), esse tipo de
ligação proposto não se enquadra no sistema de Micro e Minigeração Distribuída, já que todo
o excedente não é jogado na rede e sim armazenado.

43
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS.

4.1. Análise da Eficiência da Turbina Proposta

Como informado anteriormente, todos os cálculos de desempenho estão relacionados


ao hidro gerador mencionado. Foram feitos alguns ensaios no laboratório de hidráulica da
UNISUAM unidade Bangu, nos dias 16, 17 e 25/11/2017.
1º ensaio: Rendimento da turbina e eficiência energética.
Materiais utilizados: Coluna d’água com largura (L) = 35,2 cm, Comprimento (C) =
25,8 e inicialmente com água a uma altura de 75 cm, o hidro gerador em questão, um resistor
de 980 ohm, 2 multímetros, um em paralelo com o resistor e outro em série com o mesmo.
Descrição do ensaio: Abertura do registro no tempo t = 0s, com tensão inicial de 3,17
V e corrente de 1,25 mA. No momento em que a altura da água descia dois centímetros eram
registrados a tensão, corrente e o tempo gasto decorrido. Os resultados estão na Tabela 3.

Tabela 3 Resultados encontrados no primeiro ensaio.

Tensao (V) Corrente (A) Altura (m) Tempo (s) Potência gerada (W)

3,17 0,00468 0,75 0 0,0148356


3,06 0,00435 0,73 23,39 0,013311
2,94 0,0039 0,71 39,82 0,011466
2,85 0,00365 0,69 49,06 0,0104025
2,67 0,00326 0,67 49,57 0,0087042
2,56 0,00309 0,65 48,66 0,0079104
2,41 0,00283 0,63 49,44 0,0068203
2,22 0,00253 0,61 50,25 0,0056166
2,05 0,00219 0,59 51,76 0,0044895
1,93 0,00186 0,57 50,58 0,0035898
1,79 0,0015 0,55 53,72 0,002685
1,65 0,00108 0,53 51,01 0,001782
1,48 0,00093 0,52 52,32 0,0013764
1,32 0,00076 0,51 57,33 0,0010032
1,19 0,00041 0,49 59,08 0,0004879
0,99 0,00037 0,47 58,87 0,0003663
0,77 0,00019 0,43 58,28 0,0001463
0,08 0 0,41 31,18 0
0 0 0,4 0,91 0

FONTE: Autoria própria

Através desse ensaio é possível adquirir várias informações, como vazão, velocidade
do líquido, energia disponível na turbina e também o rendimento da mesma.
44
Utilizando as fórmulas equação (1) (2) e é possível descobrir a vazão em todos os
instantes e também a velocidade V1e V2 para aplicar no cálculo do rendimento da turbina e
assim verificar a eficiência energética da mesma.
Com a equação da área da circunferência:

A c
  .r 2 (22)

E o diâmetro medido da saída da turbina, foi possível calcular a velocidade V2, para
ser utilizada da fórmula da energia e presença de máquinas. Onde foram desconsideradas as
partes relativas à pressão, pois ambas estavam sujeitas a pressão atmosférica e z2 é o
referencial, logo tem altura = 0, portanto a equação (18) ficou reduzida a:

V22  V12 (23)


H M  z1 
2g

Já a potência disponível na turbina é expressa pela fórmula:

P  . p.Q (24)

Onde:
η = Rendimento da turbina;
ρ = Densidade da água = 1000 kg/m³
Q = Vazão (m³/s)

E por último fazendo a equação.

(25)
P gerada
P .100
Pdisponível

Foi encontrada a eficiência energética da turbina.

45
Aplicando todas essas fórmulas, é possível encontrar os valores conforme.
Tabela 4 Tabela de valores de Eficiência

Tensao Corrente Altura temp Volume Vazão Velocidade 1 Velocidade 2 H Potência disponível Potencia Efeiciência Energética
(V) (A) (m) o (s) (m3) (m3/s) (m/s) (m/s) turbina na turbina (W) Gerada (W) da Turbina (%)
3,17 0,00468 0,75 0 0 #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! #DIV/0! 0,0148356
3,06 0,00435 0,73 23,39 0,00182 7,765E-05 0,000855066 0,632779259 0,75041 0,582719718 0,013311 2,284288586
2,94 0,0039 0,71 39,82 0,00182 4,561E-05 0,00050226 0,371690278 0,71704 0,327065982 0,011466 3,505714633
2,85 0,00365 0,69 49,06 0,00182 3,702E-05 0,000407664 0,301685831 0,69464 0,257172122 0,0104025 4,04495632
2,67 0,00326 0,67 49,57 0,00182 3,664E-05 0,00040347 0,298581942 0,67454 0,247163112 0,0087042 3,52164201
2,56 0,00309 0,65 48,66 0,00182 3,733E-05 0,000411015 0,304165781 0,65472 0,244384037 0,0079104 3,236872633
2,41 0,00283 0,63 49,44 0,00182 3,674E-05 0,000404531 0,299367049 0,63457 0,23312666 0,0068203 2,925577021
2,22 0,00253 0,61 50,25 0,00182 3,615E-05 0,00039801 0,29454143 0,61442 0,222086864 0,0056166 2,529010452
2,05 0,00219 0,59 51,76 0,00182 3,509E-05 0,000386399 0,285948742 0,59417 0,20850045 0,0044895 2,15323276
1,93 0,00186 0,57 50,58 0,00182 3,591E-05 0,000395413 0,292619749 0,57436 0,206253309 0,0035898 1,74048117
1,79 0,0015 0,55 53,72 0,00182 3,381E-05 0,000372301 0,275515765 0,55387 0,187267917 0,002685 1,43377469
1,65 0,00108 0,53 51,01 0,00182 3,561E-05 0,00039208 0,290153046 0,53429 0,190245708 0,001782 0,936683418
1,48 0,00093 0,52 52,32 0,00091 1,736E-05 0,000191131 0,141444064 0,52102 0,090437547 0,0013764 1,52193425
1,32 0,00076 0,51 57,33 0,00091 1,584E-05 0,000174429 0,129083437 0,51085 0,080923228 0,0010032 1,239693506
1,19 0,00041 0,49 59,08 0,00182 3,074E-05 0,000338524 0,250519751 0,4932 0,151626067 0,0004879 0,321778444
0,99 0,00037 0,47 58,87 0,00182 3,085E-05 0,000339732 0,2514134 0,47322 0,146003385 0,0003663 0,250884594
0,77 0,00019 0,43 58,28 0,00363 6,233E-05 0,000686342 0,507917189 0,44315 0,276218265 0,0001463 0,052965361
0,08 0 0,41 31,18 0,00182 5,825E-05 0,000641437 0,474685917 0,42148 0,245526224 0 0

FONTE: Autoria própria

A partir dos valores encontrados na Tabela 4, foi possível criar gráficos de projeções,
mostradas nas Figura 41 e Figura 42, essas projeções possibilitaram identificar qual a altura
necessária da coluna de água para que a turbina tenha rendimento máximo e
consequentemente seu melhor rendimento.

Figura 41- Curva de Rendimento x Tensão.

FONTE: Autoria própria

Figura 42- Estimativa da altura necessária para alcançar os 12V.

46
FONTE: Autoria própria

Analisando esses resultados juntamente com o modelo de projeto proposto, que é a


turbina instalada no subsolo dos edifícios, com altura aproximada de 40 metros, fica claro que
a turbina conseguiria facilmente trabalhar na potência máxima, porém também fica claro que
a mesma teria uma baixíssima eficiência energética, comprometendo dessa forma a
viabilidade do projeto. Porém conforme já exposto no capítulo anterior, um aumento nas
dimensões da turbina juntamente com um gerador de imã permanente com melhor
rendimento, essa questão possa ser resolvida.
2º Ensaio: Diferença de pressão antes e depois da turbina.
Materiais utilizados: Piezometro, coluna d’água com L = 35,2 cm, C = 25,8 cm e
inicialmente com água a uma altura de 75 cm e o hidro gerador em questão.
Descrição do ensaio: Foi aberta a torneira e medido a diferença de pressão do líquido
antes e depois da turbina, conforme Figura 43.
Figura 43 Imagens do Ensaio.

47
FONTE: Autoria própria

Utilizando a formula de pressão


P  .g.h (26)

Onde:
ρ = Densidade da água = 1000 kg/m³
g = aceleração da gravidade
h = altura

Logo para descobrir a diferença de pressão é necessário calculara variação de pressão,


, ou seja, a uma altura de 75 cm ele apresenta uma
grande variação de pressão.
3º Ensaio: Máximo Rendimento.
Materiais Utilizados: uma bomba d’água, um reservatório com escala em litros, hidro
gerador, uma lâmpada de led, que tem especificação de 12V DC e 300mA, multímetro e
Piezometro mostrado na Figura 44.
Descrição do ensaio: Utilizando a vazão da bomba, foi ligada a lâmpada de led
diretamente nos terminais do hidro gerador para verificar se era capaz de acendê-la conforme
48
Figura 45 e utilizado o Piezometro para verificar a variação de pressão entre a entrada e a
saída da turbina.

Figura 44 Teste para verificar o máximo rendimento da hidro gerador.

FONTE: Autoria Própria

49
Figura 45 Teste com a lâmpada de led.

FONTE: Autoria Própria

Não foi possível verificar o valor exato, pois a diferença de pressão entre os dois
pontos é tão grande que não foi possível devido a escala que o laboratório possui não ser
suficiente. Como o cálculo de perda de carga ficaria complexo, pois existem varias tubulações
entre a bomba e a turbina, foi feito um quarto ensaio para verificar a diferença de vazão com e
sem a turbina. Na Tabela 5 estão os valores medidos com e sem a lâmpada.

Tabela 5 Valores medidos

Tensão Corrente
(V) (mA)
Sem
13.03 132,1
Lâmpada
Com
8,8 113,7
Lâmpada
FONTE: Autoria Própria

4º Ensaio: Vazão com e sem a turbina


Materiais utilizados: Bomba d’água, hidro gerador, reservatório com escala em litros e
cronometro.

50
Descrição do ensaio: Marcar o tempo necessário para encher o reservatório até a marca
de 20 litros, com e sem a turbina.
A Figura 46 e Figura 47 mostram os tempos.
Figura 46 Teste sem a turbina

FONTE: Autoria Própria

Figura 47 Teste com a turbina

FONTE: Autoria Própria

A partir do resultado do ensaio 4 é possível calcular a vazão utilizando e equação (1).


Sem a turbina:

51
20 (27)
Q  1,333litros / segundo
15

Com a turbina:
20 (28)
Q  0,263litros / segundo
76

A utilização turbina representa uma redução de aproximadamente 80% na vazão.


Fica nítido que a turbina retira muita energia do escoamento e também pelos
resultados encontrados nem toda essa energia é transformada em energia elétrica.
Após essa série de testes fica constatado que o hidro gerador comprado, não atende as
especificações contidas no anuncio, pois a potência ativa entregue por ele ficou em torno de
50% do anunciado, mesmo trabalhando com seu rendimento máximo.
Analisando separadamente a turbina, ficou constatado que a mesma, não atende as
especificações mínimas para esse projeto, pois a variação de pressão e consequentemente a
baixa vazão em sua saída inviabilizam a sua utilização no projeto proposto, pois isso
representaria um grande problema para o abastecimento das unidades consumidoras que
ficaram após a turbina, já que no modelo com a turbina no subsolo a água demoraria muito a
subir para atender os demais andares acarretando baixa pressão ou falta d’água. Fica claro que
o desenvolvedor dessa turbina não acertou ao projeta-la devido ao baixíssimo rendimento
apresentado pela mesma.

4.2. Possibilidade de Geração

Será feita uma pequena projeção para ser ter uma ideia da quantidade de energia que é
possível gerar utilizando esse sistema de geração de energia.
Utilizando-se um caso genérico de um edifício com de 14 andares, sendo 4
apartamentos por andar e considerando que em cada apartamento tenha 3 pessoas e que cada
uma tenha um consumo diário de água de 200l. Como o sistema proposto atende somente a
metade dos andares, logo, 7 andares x 4 apartamentos x 3 pessoas por apartamento x 200l =
16.800l que é igual a 16,8 m³ de água por dia passariam pela turbina.
Como visto no ensaio 1, quanto mais alta a coluna d’água maior o rendimento da
turbina, mas segundo (FARRET, 1999) é razoável considerar o rendimento da turbina sendo
52
60%, outro ponto para esse cálculo, seria que no lugar da vazão utilizar o volume total de
água que passará pela turbina, para se ter uma estimativa de quanto é possível gerar de energia
com esse sistema. Nesse caso será utilizada a fórmula abaixo para essa aproximação.

P  T . g .g..V .H (29)

Onde:
= Rendimento da turbina;
= Rendimento da turbina;
ρ = Densidade da água = 1000 kg/m³
g = Aceleração da gravidade = 9,8m/s²
V =Volume - m³
H = Altura da queda - m
P = 0,6 x 0,6 x 9,8 x 1000 x 16,8 x 42 = 2.489,53 kW/dia ou seja 103,732 kW/h

Fica evidente que esse cálculo é apenas uma demonstração do que esse sistema é
capaz, pois ouros fatores estão envolvidos e devem ser levados em consideração, uma vez que
nem todos irão utilizar a água ao mesmo tempo, fazendo que esse cálculo varie
consideravelmente.

53
CAPÍTULO 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Como as turbinas utilizadas para geração de energia não foram feitas para trabalhar na
forma de geração proposta nesse trabalho, esse projeto levou em consideração os resultados
obtidos a partir dos testes realizados com o hidro gerador que foi adquirido, visto que a
principio foi feita para um propósito parecido, no entanto se mostrou pouco eficiente, no que
diz respeito à eficiência energética, mas esse problema é mais simples de ser resolvido se
acoplado um gerador de melhor rendimento à turbina, que por sua vez se mostrou como o
principal desafio para o sucesso desse tipo de geração.
A principal dificuldade encontrada para o sucesso desse projeto foi o modelo de
turbina utilizado, uma vez que os resultados dos testes feitos em laboratório demonstraram
que ela gera uma redução na vazão, de aproximadamente 80%, consequentemente a pressão é
também reduzida, essa redução na pressão é tamanha, que não foi possível mensurar
utilizando o piezômetro, a deficiência da turbina também ficou evidente ao se analisar o
rendimento da máquina, que ficou abaixo de 1%.
Portanto, esse projeto não é viável devido ao modelo de turbina proposto, já que não
seria possível atender, conforme determina a NBR5626/98, as unidades consumidoras que
ficaria após a turbina, dado que a baixa vazão acarretaria um fornecimento precário sendo
possível até gerar falta de água nos horários de maior consumo. Por outro lado as análises
mostram a existência de um potencial para geração de energia elétrica que ainda é
desconhecido e totalmente inexplorado, principalmente para edifícios com mais de 13
pavimentos, visto que o projeto hidráulico de água fria desses prédios contribui para esse
potencial de geração. Outro ponto que torna esse projeto ainda mais interessante é que novos
edifícios surgem todos os dias e cada vez mais altos, sem mencionar os milhares já existentes,
que também podem ter suas tubulações adaptadas para esse tipo de geração. Os cálculos de
possibilidade de geração desse projeto foram elaborados pensando em unidades residenciais,
porém acreditasse que em prédios comerciais onde a concentração de pessoas é muito maior,
essa proposta de geração possa ter uma viabilidade ainda maior, haja vista que são nesses
locais onde as pessoas passam a maior parte do dia e consequentemente consomem mais água.
Como sugestão para trabalhos futuros, sugere-se estudo e desenvolvimento de uma
turbina que possa ter um bom rendimento, mas também reduza minimamente a vazão em sua
saída, para não impactar no fornecimento. Outro trabalho sugerido é a questão da qualidade
da energia gerada e as proteções, pois o sistema tende a ser muito intermitente.

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