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FÍSICA MECÂNICA

AULA 6

Prof. Cristiano Cruz


CONVERSA INICIAL
Desde a invenção da roda, ou talvez muito antes disso, o
movimento de corpos girando fascina o ser humano. A
observação dos planetas, que em movimento de rotação, giram
em torno de seu próprio eixo, mas ao mesmo tempo transladam
em trajetória circular ao redor do sol, assim como o movimento
de galáxias; o movimento de elétrons ao redor do núcleo dos
átomos; a rotação da roda (do carro, da bicicleta, etc.); e até
mesmo a rotação de rodas gigantes, ilustram perfeitamente o
estudo em questão que iremos realizar.

Todos os exemplos citados acima não podem ser tratados


plenamente como o movimento de um ponto ou de uma partícula
como até agora fizemos. Todos eles envolvem um objeto, corpo
que gira em torno de um eixo estacionário, em determinado
referencial inercial. Precisamos considerar os corpos com
tamanho e forma definidos e imutáveis, que não sofrem
deformação e que além do movimento de rotação também
podem ter combinado um movimento de translação. Esse modelo
idealizado de corpo é chamado de corpo rígido.

Portanto, nesta aula iremos tratar do movimento de


rotação de um corpo rígido.

CONTEXTUALIZANDO
Corpo rígido são objetos com tamanho e forma definidos e
imutáveis, que não sofrem deformação, podemos considerar um
corpo rígido o conjunto de partículas agrupadas de forma que a
distância entre as partes que constituem o corpo ou o sistema
não sofram mudança, ou seja, essas partículas não se alteram
para um referencial fixado no próprio corpo. Além do movimento
de rotação, o corpo rígido também pode ter combinado um
movimento de translação.
TEMA 1 - POSIÇÃO ANGULAR
O movimento de rotação do corpo rígido ocorre em torno
de um eixo fixo, entenda por eixo fixo, um eixo que permanece
em repouso em relação à algum referencial inercial e que não
muda de direção em relação a esse eixo. Por exemplo, o eixo de
um motor, o eixo da roda gigante, o eixo onde estão presas as
pás do liquidificador, etc. Analisando esse tipo de movimento,
iremos determinar algumas grandezas para descrevê-lo.

A figura abaixo apresenta um corpo rígido (uma pedra),


girando em torno de um eixo fixo que passa pelo ponto O,
perpendicular ao plano xy. Considerando a reta que liga o ponto
O ao ponto P que se encontra sobre o corpo rígido, note que a
linha OP fica fixa no corpo e gira com ele, podemos localizar a
posição do corpo no plano xy pelo ângulo θ que essa linha OP
forma em relação ao eixo positivo +Ox.

Figura 1 – Uma pedra girando em sentido anti-horário em torno


de um eixo fixo.

O ângulo θ é a coordenada angular, ou posição angular.


Este ângulo posiciona o corpo no plano de rotação e pode ser
positivo ou negativo. Quando a rotação ocorrer no sentido anti-
horário o ângulo θ será positivo e quando a rotação for em
sentido horário o ângulo é negativo.
O ângulo θ deve ser medido em radianos, lembrando que
1 rad é o ângulo em que o arco de circunferência possui o
mesmo comprimento do raio da circunferência, sendo dado pela
razão entre o arco de circunferência e o raio dessa
circunferência.

ou

Figura 2 – Um radiano é o ângulo em que o arco s possui o


mesmo comprimento do raio r.

Velocidade angular

Como vimos a coordenada angular θ especifica a posição


de rotação de um corpo rígido em dado instante. Suponha que
na figura abaixo a posição do ponto P marcado na pedra, no
instante de tempo t1, seja dada pela posição angular θ1 e no
instante de tempo t2, a posição seja dada por θ2. Veja figura
abaixo:
Figura 3 – Deslocamento angular ∆θ da pedra em rotação (corpo
rígido)

O deslocamento angular ∆θ realizado pela pedra no


intervalo de tempo ∆t = t2 – t1, é dado por:

∆θ = θ2 − θ1

Definimos velocidade angular média ωm do corpo em um


intervalo de tempo ∆t = t2 – t1 como a razão entre o deslocamento
angular ∆θ = θ2 − θ1 e o intervalo de tempo ∆t:

A velocidade angular instantânea ω é o limite de ωm


quando ∆t tende a zero, ou seja, a derivada de θ em relação ao
tempo:

A velocidade angular instantânea ω é o limite de ωm


quando ∆t tende a zero, ou seja, a derivada de θ em relação ao
tempo:
A velocidade angular pode ser positiva ou negativa,
dependendo da direção em que o corpo rígido está girando. Se a
rotação for em sentido anti-horário, o sinal da velocidade angular
será positivo e quando for no sentido horário, a velocidade
angular será negativa. Já a velocidade escalar angular, é o
módulo da velocidade angular, destituída de sinal.

Como todos os pontos de um corpo rígido giram o mesmo


ângulo em relação a determinado referencial no mesmo instante,
a velocidade angular é a mesma para todos os pontos desse
corpo rígido.

Se o ângulo θ for medido em radianos, a unidade de


velocidade angular é o radiano por segundo (rad/s). Usualmente
costuma-se utilizar como unidade revoluções por minuto
(rev/min ou rpm). A relação de conversão entre elas é:

Aceleração angular

Quando a velocidade angular de um corpo rígido varia em


um intervalo de tempo, o movimento de rotação possui
aceleração angular.

Se o instante de tempo t1 a velocidade angular do


movimento é t1 e no instante t2 passa a ser ω2, o movimento tem
aceleração angular. A aceleração angular média αm é dada
pela razão da variação da velocidade angular pelo intervalo de
tempo.

A aceleração angular instantânea α é o limite da αm


quando ∆t tende a zero:

A unidade de aceleração angular é o radiano por


segundo ao quadrado, rad/s2.

Assim como fizemos para descrever se o movimento linear


era acelerado ou retardado, para o movimento de rotação valem
as mesmas regras.

O movimento de rotação será acelerado quando os sinais


da aceleração angular e da velocidade angular forem iguais e
será retardado quando os sinais da aceleração angular e da
velocidade angular forem diferentes.

Rotação com aceleração angular constante

Assim como no movimento retilíneo com aceleração


constante, visto nas aulas anteriores, o movimento de rotação
com aceleração angular constante também é bastante simples.
As equações envolvidas em ambos os movimentos são muito
parecidas, basta apenas trocar x por θ, V por ω e a por α. Assim
temos:

A equação de posição angular em função do tempo:


A equação de velocidade angular em função do tempo:

E a equação que não depende do tempo, relacionando as


velocidades angulares inicial e final, a aceleração angular e o
deslocamento:

Essas equações são válidas somente quando a


aceleração angular α for constante, por isso tome cuidado para
não as aplicar em problemas com aceleração angular variável.

Vamos ver a explicação do professor Cristiano sobre tudo


o que aprendemos até agora? Não perca!
http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06-
P01.mp4?_ga=2.57141539.82408160.1505853188-
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TEMA 2 - RELAÇÕES ENTRE A CINEMÁTICA LINEAR E A


CINEMÁTICA ANGULAR
Muitas vezes ocorre a necessidade de expressar a
velocidade linear de determinado ponto localizado em um corpo
rígido em rotação. Para isso iremos relacionar a velocidade
angular com a velocidade linear.
Quando um corpo rígido realiza uma rotação em torno de
um eixo fixo, cada ponto localizado neste corpo rígido gira com a
mesma velocidade angular, no entanto a velocidade linear de
cada um desses pontos depende da distância em que esse ponto
se encontra do eixo de rotação, ou seja, depende do raio da
trajetória de rotação deste ponto, e sua velocidade linear é
diretamente proporcional à velocidade angular do corpo. Na
figura abaixo o ponto P está a uma distância r do eixo de
rotação, identificado por O, de maneira que ele gira em trajetória
circular de raio r. Para qualquer posição na trajetória de rotação
do ponto P pode-se relacionar o comprimento do arco s e o
ângulo θ (em radianos) pela equação:
s = rθ

Figura 4 – Velocidade linear de um ponto localizado em um corpo


rígido girando em torno de um eixo fixo no ponto O.

Como r é constante para o mesmo ponto P, iremos


realizar a derivada dessa equação em relação ao tempo e
tomando o módulo de ambos os lados, obtemos:

Como é o valor da velociadade linear v da partícula

em m/s, localizada no ponto P e é a velociade angular

escalar θ em rad/s. Substituindo temos uma relação entre a


velociadade linear de determinado ponto no corpo e a velocidade
angular do corpo.

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O módulo da velocidade linear é diretamente proporcional
ao produto de r pelo módulo da velocidade angular , logo,
quanto mais afastado do eixo de rotação o ponto P estiver, maior
será o módulo de sua velocidade linear. A direção do vetor
velocidade linear no ponto P, é tangente à sua trajetória circular
neste ponto.
A aceleração linear também pode ser representada em
função dos componentes angulares. Tanto a aceleração
tangencial atg , a qual têm direção paralela a velocidade linear
instantânea e tangente à trajetória circular, alterando a
velocidade linear da partícula, como a aceleração centrípeta arad
, com direção radial, apontando ao centro da trajetória circular,
responsável por alterar a direção da velocidade linear do ponto
P.
Derivando a equação da velocidade linear e velocidade
angular em relação ao tempo, temos:

Como e , então:

Onde θ é a aceleração angular responsavel pela variação


da velocidade escalar angular.
Já a componente radial da aceleração arad, está
associada a variação da direção da velocidade linear da partícula
que encontra-se no ponto P. Pela relação:

Substituindo:

Temos:

A soma vetorial da aceleração centripeta com a


aceleração tangencial fornece a aceleração linear .

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Figura 5 – Aceleração linear do ponto P – Soma vetorial da

CUIDADO - É importante lembrar que as relações


matemáticas vistas até agora, como s = rθ e qualquer outra
deduzida a partir dessa, valem somente quando o ângulo θ é

aceleração tangencial atg e aceleração radial arad

Vamos complementar nossos estudos, assistindo ao vídeo


do professor Cristiano!
http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06-
P02.mp4?_ga=2.121170945.82408160.1505853188-
2110232531.1485448053

TEMA 03 - ENERGIA NO MOVIMENTO DE ROTAÇÃO


Considerando que um corpo rígido é formado por
pequenas partículas, cada uma contribuindo com uma parcela da
massa total do corpo, quando esse corpo gira, essas partículas
possuem velocidade angular, outra característica que se deve as
partículas que formam o corpo é o momento de inércia, essa
grandeza é mensurada de acordo com a distribuição da massa
do corpo em relação ao eixo de rotação, ou seja, como essas
pequenas partículas de massa estão distribuídas ao redor do
eixo fixo. Podemos escrever a energia cinética do corpo em
termos de sua velocidade angular do corpo e de seu momento de
inércia.
Para obter essa equação continuaremos a considerar o
corpo rígido formado por diversas partículas, cada uma delas
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com massas m1 para primeira partícula, m2 para segunda e
assim por diante, m3, m4, ... mi. Cada uma dessas partículas é
posicionada perpendicularmente em relação ao eixo de rotação
pelas distâncias r1, r2, r3, r4 ... ri, podemos escrever a energia
cinética de uma das partículas, por exemplo a primeira partícula,
como:

Substituindo a velocidade linear pela relação:

Temos:

Se considerarmos cada uma das partículas que


constituem o corpo, a energia cinética total será dada pela soma
da energia cinética de todas as partículas.

Reescrevendo a equação e colocando em evidencia o


fator comum para todos os termos da equação, temos:

A quantidade entre parênteses, dada pelo somatório do


produto da massa de cada partícula pelo quadrado da distância r
ao eixo de rotação, é chamada de momento de
inércia do corpo em relação a este eixo de rotação,
representado por I.

O momento de inercia depende de como a massa do


corpo está distribuída no espaço em relação ao eixo de rotação,
quanto mais afastada a massa estiver em relação ao eixo, maior
será o momento de inércia. A unidade do momento de inércia no

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S.I. é o quilograma vezes metro ao quadrado (kg.m2).
Conhecendo-se o momento de inércia, pode-se escrever a
energia cinética do corpo rígido como:

Ao usarmos essa equação devemos ter cuidado para


expressar a velocidade angular , pois a unidade desta deve ser
radianos por segundo. Assim obteremos a energia cinética K em
Joules.
A interpretação física para essa equação mostra que
quanto maior for o momento de inércia do corpo, maior será sua
energia cinética quando girar com determinada velocidade
angular. De acordo com o teorema trabalho-energia cinética,
quanto maior o trabalho realizado para acelerar o corpo até a
velocidade considerada, maior será sua energia cinética. Dessa
maneira, quanto maior for o momento de inércia de um corpo,
mais difícil será fazê-lo girar a partir do repouso, ou mais difícil
será pará-lo quando estiver girando.
Para um conjunto de massas que podem ser
consideradas puntiformes, o cálculo do momento de inércia é
feito pela relação , o somatório do produto de cada massa
pela distância r, por exemplo, a figura abaixo representa um
sistema de duas massas, mA e mB, que giram em relação ao eixo
C fixadas por hastes de massa desprezível.

O momento de inércia do conjunto em relação ao eixo de


rotação C será:

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No entanto, quando o corpo é uma distribuição uniforme e
contínua de matéria, como um eixo cilíndrico, a soma do produto
de cada elemento de massa pela sua coordenada r em relação
ao eixo, torna-se uma integral, ou seja, necessitamos usar o
cálculo integral para obter o momento de inércia. Para algumas
formas geométricas conhecidas o cálculo do momento de inércia,
encontra-se em tabelas.

Tabela 1 – Momento de inércia para corpos com distribuição uniforme


de massa.

Teorema dos Eixos Paralelos


O momento de inércia de um corpo não possui um valor
único, pois depende da posição do eixo de rotação, logo
determinado corpo possui diversos momentos de inércia, um
para cada eixo de rotação possível. O teorema dos eixos
paralelos relaciona o momento de inércia do corpo em relação
ao eixo que passa pelo centro de massa do corpo Icm com o
momento de inércia em outro eixo paralelo a esse Ip, afastado
uma distância d, pela relação:

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Figura 6 – Eixo de rotação paralelo ao eixo que passa pelo centro de
massa.

Segundo a equação do teorema dos eixos paralelos, o


momento de inércia em relação ao eixo que passa no centro de
massa é menor que o momento de inércia em qualquer outro
eixo paralelo. Isso mostra que é mais fácil girar um corpo quando
o eixo passa pelo centro de massa que qualquer outro eixo
paralelo.
Chegou a hora de ver o que o professor Cristiano vai
acrescentar a nossa aula, vamos conhecer mais sobre energia
no movimento de rotação e teorema dos eixos paralelos.
Confira!
http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06-
P03.mp4?_ga=2.157910451.82408160.1505853188-
2110232531.1485448053

TEMA 04 - DINÂMICA DO MOVIMENTO DE ROTAÇÃO


De acordo com a segunda lei de Newton, quando uma
força resultante atua em um corpo provocando o movimento de
translação, essa força produz aceleração no corpo em questão
durante o movimento. Da mesma maneira se a força resultante
aplicada produzir um movimento de rotação, isso implicará em
uma aceleração angular. A força que provoca a ação giratória no
corpo, produz uma torção.

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A grandeza física que mede o quanto de torção a força
aplicada produziu no corpo é chamada torque. O torque
resultante produzido pela força determina a aceleração angular
sofrida por esse corpo.

Torque (τ)
A grandeza física que fornece a medida quantitativa de
como a ação de uma força pode provocar ou alterar o movimento
de rotação de um corpo é chamada torque, ou momento. Para
provocar o movimento de rotação em um corpo, ou para alterar
um movimento já iniciado, não só o módulo, a direção e o sentido
da força aplicada são importantes, mas também o ponto de
aplicação dessa força no corpo. Veja na figura abaixo, uma
chave de grifo amarela é utilizada para apertar um parafuso de
três maneiras diferentes. Na primeira a força é aplicada na
extremidade do cabo da chave, afastada do eixo de rotação do
parafuso, ponto O, na figura do meio à força é aplicada no

eixo de rotação do parafuso e na última, a força é aplicada


mais próximo ao eixo de rotação do parafuso, mais próxima de
O.

Figura 7 – Torques diversos para apertar um parafuso.

A força que irá provoca o maior torque no parafuso em


relação ao ponto O é a força , pois ela está aplicada mais

afastada do eixo de rotação do parafuso, a força aplica um


torque nulo, pois quando a força é aplicada no eixo de rotação
esta força não produz torque e a força é a força que realiza
menor toque, isso porque, além de possuir menor módulo, ela é
aplicada a uma distância menor em relação ao eixo de rotação.

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A distância em relação ao eixo de rotação e o ponto de
aplicação da força é chamada braço da alavanca e é
representado por l. O esforço de torção depende mutuamente do
módulo da força aplicada perpendicular ao braço da alavanca e
também do valor de l. Portanto para uma força de módulo F
aplicada com linha de ação perpendicular ao braço da alavanca a
uma distância l ao ponto do eixo de rotação o torque (τ)
produzido é dado por:

Repare que o torque é sempre calculado em relação a um


ponto específico, geralmente o eixo de rotação, porém se
deslocarmos a posição deste ponto, escolhendo outro ponto
como referência o torque da força também irá mudar. Outra
observação a ser feita é em relação ao sentido de rotação, toda
vez que a força aplicada produzir uma rotação em torno do ponto
O no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio (sentido anti-
horário) o torque será positivo e quando essa força girar o corpo
no sentido horário o torque será negativo.
A unidade de torque no S.I. é o Newton.metro, apesar de
já termos utilizado essa combinação de unidades quando
discutimos sobre trabalho e energia, na qual essa combinação de
unidades era chamada de Joule, como torque não é trabalho,
nem energia, ele deve ser expresso como Newton.metro.
Quando a força aplicada no braço da alavanca não for
perpendicular a ela, veja figura abaixo:

Figura 8 – Torque devido uma força inclinada em relação ao braço da


alavanca.

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Nesse caso, o módulo do torque realizado pela força em
relação ao ponto O, deve ser calculado pela relação:

Torque e Aceleração Angular de um Corpo Rígido


Assim como a segunda lei de Newton é fundamental para
o movimento de translação de uma partícula, a equação que
relaciona o torque com a aceleração angular é para a dinâmica
de rotação de um corpo rígido. Veremos que o somatório dos
componentes do torque ao longo do eixo de rotação de um corpo
que gira é diretamente proporcional ao produto do momento de
inércia do corpo pela sua aceleração angular.
Para isso iremos considerar que o corpo rígido é
constituído por um grande número de partículas que interagem
entre si por forças internas e giram ao redor do eixo de rotação
posicionado no eixo cartesiano Oz.

Figura 9 – Corpo rígido girando em torno do eixo z, a partícula m1 que


constitui o corpo, está sujeita a uma força F1.
A figura mostra uma partícula m1 que constitui o corpo
rígido. Quando esse corpo gira, a partícula m1 descreve uma
trajetória circular de raio r1 e está sujeita a força F1 tangente a
trajetória de rotação.
De acordo com a segunda lei de Newton a força externa
aplicada na partícula m1 produz nesta uma aceleração tangencial
a1, dada por:

Substituindo a aceleração tangencial a1 em termos da


aceleração angular do corpo,
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E multiplicando ambos os lados da equação por , temos:

O lado direito desta equação é o módulo do torque 1 da


força F1 em relação ao eixo de rotação. Como a rotação
acontece no plano xy o torque tem direção do eixo de rotação, no
caso, eixo z. Como não há outra força que afete o movimento de
rotação da partícula no eixo z, então o torque resultante que atua
sobre a partícula 1 em relação a esse eixo será:

Como a quantidade é o momento de inércia da


partícula 1 em relação ao eixo de rotação, podemos escrever:

Para as outras partículas o torque resultante sobre cada


partícula pode ser calculado por uma equação semelhante a
essa, para partícula 2, o torque será:

Para partícula 3:

E assim por diante para todas as outras partículas que


fazem parte do corpo rígido.
O torque total será dado pela soma de todos os
torques individuais de cada partícula:

Pela equação, é o somatório de todos os torques em


torno do eixo de rotação que atua sobre todas as partículas e
é o momento de inércia total do corpo em torno do eixo
de rotação, que multiplica a aceleração angular  do corpo
rígido. Resultando na equação abaixo:

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Essa equação é a segunda lei de Newton para o
movimento de rotação. O torque resultante sobre um corpo rígido
de vido a forças externas é igual ao momento de inércia do corpo
em relação ao eixo de rotação vezes a sua aceleração angular
em rad/s2.

Momento Angular
No decorrer desta aula relacionamos algumas grandezas
do movimento de rotação de um corpo rígido com grandezas
semelhantes encontradas no movimento de translação de uma
partícula. Neste sentido, a grandeza relacionada ao momento
linear de uma partícula, vista no movimento retilíneo, relaciona-
se com o movimento de rotação pelo momento angular, uma
grandeza vetorial representada por .
Seja uma partícula m com massa constante,
localizada em relação a um sistema de referencial inercial pelo
vetor posição , que se movimenta com velocidade  e possui
momento linear dado por no plano xy. O momento
angular dessa partícula será determinado por:

Figura 10 – Momento angular de uma partícula de massa m.

Nas condições descritas, o movimento da partícula ocorre


no plano xy e neste caso a direção do vetor momento angular é
perpendicular ao plano xy, se o eixo de rotação estiver localizado
na origem dos eixos cartesianos e a rotação em sentido anti-

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horário, sua direção será ao longo do eixo +Oz e seu módulo
será determinado por:

Sendo l o braço da alavanca, determinado pela a distância


perpendicular do ponto O à linha da direção do vetor .
Se uma força resultante for aplicada na partícula de massa
m, realizando um torque, sua velocidade e seu momento linear
variam, podendo variar também seu momento angular. Se
derivarmos a equação do momento angular em relação ao
tempo, obteremos a taxa de variação do momento angular.

O termo é o produto vetorial da velocidade por ela


mesmo, e devido a definição de produto vetorial seu resultado é
zero. E no termo , substituindo pela força resultante ,
obtemos:

Ou seja, a taxa de variação do momento angular de uma


partícula é igual ao torque da força resultante que atua sobre ela.
Iremos estender essa ideia para determinar o momento
angular para um corpo rígido que gira em torno do eixo Oz com
velocidade angular ω. Considere uma partícula de massa mi que
pertence ao corpo rígido que gira no plano xy com o eixo de
rotação posicionado no eixo cartesiano Oz. A velocidade dessa
partícula é em qualquer posição é sempre perpendicular ao

vetor posição , neste caso, o ângulo ϕ = 90ο para qualquer

partícula pertencente ao corpo rígido. Sendo a velocidade


, o módulo do momento angular Li, será:

Nesta configuração, sendo a rotação no plano xy, o


sentido do vetor momento angular de cada partícula, de acordo

14 com a regra da mão direita, será o eixo +Oz. Veja a figura:


Figura 11 – Regra da mão direita para determinar o sentido do vetor
momento angular.

Para determinar o momento angular do corpo rígido como


um todo, precisamos somar a contribuição do momento angular
de cada uma das partículas pertencentes ao corpo rígido, logo,
somando ambos os membros da equação do momento angular,
temos:

Essa relação será válida quando o eixo de rotação do


corpo for um eixo de simetria, logo quando um corpo rígido gira
em torno do eixo de simetria, seu vetor momento angular
permanecerá ao longo desse o eixo, com o seu módulo
determinado por:

Sendo I o momento de inércia do corpo rígido e  o


módulo do vetor velocidade angular que possui a mesma direção
e o mesmo sentido do vetor momento angular, logo a relação
será válida:

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Como visto, para qualquer sistema de partículas, corpos
rígidos ou não, a taxa de variação do momento angular total é
igual à soma dos torques de todas as forças que atuam sobre as
partículas, matematicamente:

Substituindo o momento angular por sua equação


correspondente, temos:

Conservação do Momento Angular


A lei da conservação do momento angular será válida
quando o torque externo resultante que atua em um sistema de
partículas ou corpo rígido for igual a zero, neste caso, o momento
angular do sistema permanece constante.

Quando há conservação do momento angular, podemos


escrever que o momento angular do sistema em determinado
instante inicial é igual ao momento angular em outro instante
qualquer final:

Para saber mais sobre tudo o que estudamos até agora,


assista ao vídeo do professor Cristiano! Não perca!
http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06-
P04.mp4?_ga=2.161541429.82408160.1505853188-
2110232531.1485448053

SÍNTESE
Posição Angular - Para descrever a rotação de um corpo
rígido em torno de um eixo fixo, chamado eixo de rotação,
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supomos que uma reta de referência está fixa no corpo,
perpendicular ao eixo e girando com o corpo. Medimos a posição
angular θ da reta em relação a uma direção fixa.
Deslocamento Angular - Um corpo que gira em torno de
um eixo de rotação, mudando de posição angular de θ1 para θ2,
sofre um deslocamento angular em que ∆θ é positivo para
rotações no sentido anti-horário e negativo para rotações no
sentido horário.
Velocidade Angular - Se um corpo sofre um
deslocamento angular ∆θ em um intervalo de tempo ∆t,
a velocidade angular média do corpo, ωméd, é dado pela razão
entre o deslocamento angular e o intervalo de tempo.
Aceleração Angular - Se a velocidade angular de um
corpo varia de ω1 para ω2 em um intervalo de tempo Δt = t2 − t1,
a aceleração angular média αméd do corpo é dado pela razão
entre a variação da velocidade angular e o intervalo de tempo.
Equações Cinemáticas para Aceleração Angular
Constante - O movimento com aceleração angular
constante (α = constante) é um caso especial importante de
movimento de rotação.
Relações entre as Variáveis Lineares e Angulares - Um
ponto de um corpo rígido em rotação, a uma distância
perpendicular r do eixo de rotação, descreve uma circunferência
de raio r. Se o corpo gira de um ângulo θ, o ponto descreve um
arco de circunferência de comprimento s dado por:
s = r. θ
em que θ está em radianos.
A velocidade linear do ponto é tangente à circunferência; a
velocidade linear escalar v do ponto é dada por
v = r. ω
em que ω é a velocidade angular escalar do corpo em
radianos por segundo.

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Energia Cinética de Rotação e Momento de Inércia
A energia cinética K de um corpo rígido em rotação em
torno de um eixo fixo depende da velocidade de rotação e do
momento de inércia do corpo.
Teorema dos Eixos Paralelos
O teorema dos eixos paralelos relaciona o momento de
inércia I de um corpo em relação a qualquer eixo ao momento de
inércia do mesmo corpo em relação a um eixo paralelo ao
primeiro passando pelo centro de massa.
Torque
É uma ação de girar ou de torcer um corpo em torno de
um eixo de rotação, produzida por uma força.
A unidade de torque do SI é o newton-metro (N·m). O
torque é positivo, se tende a fazer um corpo inicialmente em
repouso girar no sentido anti-horário, e negativo, se tende a fazer
o corpo girar no sentido horário.

REFERÊNCIAS
YOUNG, H. D e FREEDMAN, R. A.; Sears e Zemansky;
Física I - Mecânica. São Paulo - 12ª ed.: Pearson, 2008.
RESNICK, R., HALLIDAY,D. e MERRILL, J.;
Fundamentos de Física Mecânica. São Paulo - 9ª ed. vol1:
LTC, 2012.

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