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Bolsa Família

Manual de Gestão
de Condicionalidades
1ª edição

Secretaria Nacional de Renda de Cidadania - Senarc


Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS

Brasília, DF
2006
© 2006 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Permitida a reprodução, no todo ou em parte, sem alteração do conteúdo e com


a citação obrigatória da fonte: Secretaria Nacional de Renda de Cidadania/MDS.

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Brasília - DF
Tel.: (61) 3433-1500
Sumário

Apresentação 4

Introdução 6

1 O que é Gestão de Condicionalidades 12

2 Condicionalidades na área de Saúde 20

3 Condicionalidades na área de Educação 26

4 Integração Peti/PBF 31

5 Repercussão do descumprimento de
condicionalidades sobre o benefício 35

6 Acompanhamento das famílias em situação


de descumprimento de condicionalidades 43

7 Mapa de atribuições e responsabilidades


na Gestão de Condicionalidades 45

Anexos 54

Manual de Gestão
de Condicionalidades

Apresentação

Este Manual de Gestão de Condicionalidades é dirigido aos gestores e


aos técnicos que atuam na gestão das condicionalidades do Programa Bolsa
Família. Seu objetivo é tornar disponíveis informações essenciais referentes à
gestão de condicionalidades.

A sua publicação é parte da meta de qualificação da gestão descentralizada


do Programa. Sua elaboração contou com a importante colaboração do Minis-
tério da Saúde e do Ministério da Educação, responsáveis no âmbito federal
pelo acompanhamento das condicionalidades em suas respectivas áreas.

O manual está organizado da seguinte forma:

A introdução aborda a concepção das condicionalidades na lógica do Pro-


grama Bolsa Família, as razões que embasam o seu estabelecimento, um
breve histórico de como as condicionalidades foram tratadas nos Programas
Remanescentes, e como trabalhar o tema com as famílias beneficiárias.

O primeiro capítulo enfoca a gestão de condicionalidades a partir da pers-


pectiva da ação intersetorial. São listadas as instituições que estão envolvidas
com a gestão de condicionalidades no município, o apoio financeiro transferido
aos municípios para a gestão do PBF, para o qual os dados das condicionali-
dades são fundamentais. Este capítulo também indica os principais materiais
educativos e os conceitos mais importantes para a execução correta da gestão
de condicionalidades.

O segundo capítulo aborda as condicionalidades na área de Saúde. São


descritas as ações que as famílias devem realizar para permanecerem no Pro-
grama Bolsa Família, as atribuições dos entes federativos no acompanhamen-
to das famílias e os procedimentos para a realização do registro das informa-
ções no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).

O terceiro capítulo, que trata das condicionalidades de Educação, tem basi-


camente a mesma composição do capítulo anterior. Inicia-se com a descrição
das condicionalidades que as famílias devem observar para continuar no Pro-
grama e esclarece as responsabilidades pelo acompanhamento da freqüência
escolar.

O capítulo seguinte, o quarto, trata da integração do Programa de Erradica-


ção do Trabalho Infantil (Peti) com o Programa Bolsa Família. Abordam-se as
ações que as famílias devem realizar após a integração e como são distribu-
ídas as responsabilidades pelo acompanhamento das famílias que estão nas

 PROGRAMA
Bolsa Família
ações socioeducativas. Após a integração, os dois programas continuarão a
coexistir.

As famílias que deixam de cumprir qualquer uma das condicionalidades es-


tão sujeitas a sanções gradativas. Essas sanções repercutem, principalmente,
sobre o benefício monetário pago mensalmente às famílias. Esse é o tema do
quinto capítulo.

O sexto capítulo focaliza a estratégia em curso no Ministério do Desenvolvi-


mento Social e Combate à Fome para realizar o acompanhamento das famílias
que estão em situação de descumprimento de condicionalidades. Parte-se do
pressuposto de que as famílias que estão nesta situação apresentam maior
grau de vulnerabilidade e demandam, portanto, acompanhamento mais siste-
mático do poder público. A proposta é que esses beneficiários do Bolsa Família
sejam atendidos, no âmbito dos Centros de Referência da Assistência Social
(Cras), pelo Programa de Atenção Integral à Família (Paif).

O sétimo e último capítulo traz uma listagem das atribuições e responsa-


bilidades dos órgãos diretamente envolvidos na gestão de condicionalidades
do PBF.

Espera-se que este Manual de Gestão de Condicionalidades possa es-


clarecer suas principais dúvidas em relação à gestão de condicionalidades e,
ao mesmo tempo, fortalecer a ação intersetorial.

Boa leitura.

Manual de Gestão
de Condicionalidades

Introdução

O Bolsa Família é um programa de transferência de renda diretamente às


famílias pobres e extremamente pobres, o qual vincula o recebimento do be-
nefício ao cumprimento de condicionalidades (compromissos) nas áreas de
Educação e Saúde.

O Programa Bolsa Família (PBF) foi instituído pela Lei nº 10.836, de 9 de


janeiro de 2004, e regulamentado pelo Decreto nº 5.209, de 17 de setembro
de 2004. Tem por objetivos: aliviar a pobreza de forma imediata, por meio da
transferência de renda diretamente às famílias; contribuir para a redução da
pobreza entre gerações, por meio do acompanhamento das condicionalida-
des; e apoiar o desenvolvimento de capacidades das famílias, por meio da
articulação com programas complementares. Como o próprio nome sugere, o
Bolsa Família busca atender a toda a família.

O PBF integrou e unificou os atos e procedimentos de gestão de antigos


programas de transferência de renda do Governo Federal, chamados Progra-
mas Remanescentes, a saber:

• Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 21 de abril de 2001;


• Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória nº 2.206, de 6 de
setembro de 2001;
• Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de
2002; e
• Cartão Alimentação, instituído pela Lei nº 10.689, de 13 de junho de
2003.

1. O que são as condicionalidades

Basicamente, as condicionalidades são os compromissos assumidos pe-


las famílias nas áreas de Saúde e Educação para continuarem a receber o
benefício monetário do Bolsa Família. Na área de Saúde, os compromissos
consistem no acompanhamento da saúde de gestantes, nutrizes e crianças
menores de 7 anos de idade. Na área de Educação, as condicionalidades pre-
vistas são a matrícula e a freqüência escolar mínima de 85% para crianças e
adolescentes entre 6 e 15 anos. Todas as crianças e adolescentes das famílias
beneficiárias nessa faixa etária – inclusive aquelas para as quais não ocorre o
pagamento da parcela variável do benefício – devem cumprir essas condicio-
nalidades e ser acompanhadas.
As condicionalidades são consideradas parâmetros mínimos de acesso a
direitos que o Programa Bolsa Família se propõe a alcançar com cada uma
das famílias beneficiárias. O cumprimento da totalidade das condicionalidades
constitui, portanto, um dos fatores de êxito do Programa Bolsa Família em sua

 PROGRAMA
Bolsa Família
missão de contribuir para a superação da condição de pobreza ou extrema
pobreza das famílias beneficiárias.
Nesse sentido, o adequado cumprimento das condicionalidades constitui
a operacionalização de um dos propósitos do Programa Bolsa Família, que
é fazer que as famílias beneficiárias acessem as políticas sociais a que têm
direito, desenvolvam práticas de apoio mútuo no espaço doméstico e se vin-
culem a redes sociais existentes. Com isso, espera-se que, em médio e longo
prazos, as famílias tenham mais chances de superar sua situação de pobreza
ou extrema pobreza.

2. Por que estabelecer condicionalidades

Apesar da ampla oferta de serviços públicos existentes no Brasil, geral-


mente as políticas públicas, em especial as políticas sociais, são acessadas
em maior medida e com mais intensidade pelas famílias menos pobres do que
pelas famílias pobres ou extremamente pobres. Em grande parte, isso deve-
se ao histórico do desenho da oferta pública de serviços de saúde, educação
e assistência social, com base em um modelo de espera que fornece servi-
ços e benefícios àqueles grupos que os demandam. Esse modelo também
pressupõe que aqueles que não demandam esses serviços e benefícios não
necessitam deles.
O grupo da população que se encontra em condições de maior pobreza tem
tradicionalmente mais dificuldade para acessar os serviços e benefícios so-
ciais de que necessitam. Esse problema ocorre, em parte, devido à dificuldade
na acessibilidade da oferta existente e, em parte, à situação de desvinculação
dessas famílias das redes sociais existentes.
Com base nesse diagnóstico, concluiu-se, então, que seria necessário de-
senvolver estratégias que, de um lado, facilitassem o acesso das famílias mais
pobres aos serviços e benefícios disponibilizados para elas pelo Estado, e, de
outro, as vinculassem às redes sociais existentes. A estratégia escolhida pelo
Bolsa Família foi condicionar a transferência monetária a compromissos so-
ciais que deveriam ser cumpridos pela família e garantidos pelo poder público
no âmbito da saúde e da educação.
Em outras palavras, as condicionalidades foram propostas como um meca-
nismo para elevar o grau de efetivação de direitos sociais por meio da indução
da oferta e da demanda por serviços de saúde e de educação na esfera mu-
nicipal.
Ao estabelecer as condicionalidades que as famílias devem cumprir no Pro-
grama Bolsa Família, o Estado, em suas três esferas de governo, assume o
compromisso de assegurar as condições para que os serviços públicos de
saúde e educação estejam disponíveis e, também, induzir o acesso das famí-
lias mais pobres a esses direitos.
É importante lembrar que a oferta de tais serviços não implica responsabi-
lidades ou custos adicionais para os estados ou municípios. Primeiro, porque

Manual de Gestão
de Condicionalidades

eles já deveriam ser ofertados de forma universal para todos os habitantes de
seu território, independentemente do vínculo das famílias com o Bolsa Família
ou qualquer outro programa social. A universalidade dos sistemas de Saúde e
Educação, prevista na Constituição Federal de 1988, significa que todos de-
vem ser atendidos sem distinções, restrições ou custos. Segundo, esses ser-
viços já são financiados por recursos públicos provenientes dos orçamentos
da Seguridade Social e da Educação, nas três esferas de governo (municipal,
estadual e federal) e de outras fontes suplementares de financiamento. Isso
significa que cada esfera governamental deve assegurar o aporte regular de
recursos aos respectivos orçamentos da Seguridade Social e da Educação.
As condicionalidades também podem ser entendidas como uma maneira
de conectar a demanda à oferta por serviços públicos. Entendidas assim, pas-
sam a ter uma dupla finalidade. Para as famílias beneficiárias, o cumprimento
da agenda de condicionalidades visa à indução aos cuidados essenciais com
a saúde e a promoção de avanços na escolarização. Para o poder público,
as condicionalidades servem para estimular a ampliação da oferta local de
serviços públicos de saúde e de educação, monitorar as políticas públicas exe-
cutadas em âmbito municipal e identificar as famílias em situação de maior
vulnerabilidade e risco social, para que se dirijam a elas ações específicas.

3. Pressupostos conceituais das condicionalidades

Em recente estudo, denominado “Conseqüências e causas imediatas da


queda recente da desigualdade de renda brasileira”, pesquisadores do Ins-
tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirmam que o Brasil faz parte
do grupo dos dez países com pior nível de concentração de renda do mundo.
De acordo com esse Texto para Discussão n° 1.201, enquanto os 10% mais
ricos ficam com mais de 40% da renda, os 40% mais pobres repartem entre si
menos de 10% da renda. Uma das principais explicações para a manutenção
da desigualdade entre pobres e ricos é a deficiência de educação.
A baixa escolaridade impede que muitos saiam da pobreza. E, o que é pior,
faz que a pobreza seja transmitida de pai para filho, criando um ciclo intergera-
cional de reprodução da pobreza. Isso quer dizer que os filhos de pais pobres
têm mais chances de continuarem pobres. E quando crescerem e tiverem os
seus próprios filhos, eles terão grandes chances de serem pobres também. Se
nada for feito, esse processo continuará a se repetir de geração em geração.
Para quebrar esse ciclo é necessário, entre outras medidas e ações, permitir e
incentivar o acesso das famílias mais pobres aos cuidados básicos de saúde
e à educação de qualidade.
Se a baixa escolaridade é uma das principais causas do ciclo intergera-
cional de reprodução da pobreza, criar mecanismos para incluir e manter as
crianças na escola é a solução para romper esse ciclo. Essa idéia parte da
constatação de que quem tem mais anos de estudo possui mais renda e me-
lhor saúde.

 PROGRAMA
Bolsa Família
A experiência internacional tem mostrado que os rendimentos estão dire-
tamente relacionados à escolaridade. Ou seja, cada ano a mais de estudo
representa um ganho na remuneração que a pessoa terá no futuro. Entretanto,
em nosso país, fatores ligados ao grupo familiar, como inserção precoce no
processo produtivo ou o envolvimento em afazeres domésticos, e a dificuldade
de acesso aos estabelecimentos de ensino afastam muitas crianças e adoles-
centes dos bancos escolares.
O ingresso precoce no mercado de trabalho geralmente é acompanhado de
evasão escolar. Com poucos anos de estudo, o trabalho infantil não se conver-
te em maiores rendimentos quando a criança se torna adulta. E, o que é ainda
mais perverso, quanto menor a idade em que a criança começa a trabalhar,
menor é o rendimento que ela terá durante toda a vida.
O aumento dos anos de estudo, além de contribuir para ampliar os rendi-
mentos, estimula as pessoas para novos valores e aspirações. Particularmen-
te, no caso das mulheres, o aumento dos anos de estudo assegura nuances
próprias ao comportamento reprodutivo. Por isso, os aumentos na escolarida-
de feminina guardam estreita relação com reduções nas taxas de fecundidade,
natalidade e mortalidade infantil. Isso quer dizer que as mães com mais anos
de estudo têm menos filhos. E os filhos que nascem dessas mães apresentam
mais chances de sobreviver após o parto e nos primeiros anos de vida.
O rendimento das famílias também é essencial para a sobrevivência e bem-
estar de seus membros. No Brasil e em outros países é possível observar
uma forte associação entre renda, consumo de alimentos e estado nutricional.
Geralmente, são as famílias com os menores rendimentos que vivem mais
freqüentemente em condição de insegurança alimentar e experimentam um
grau mais elevado de carência alimentar. E a desnutrição infantil, gerada pela
falta de alimentos, que afeta o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças,
pode deixar seqüelas por toda a vida. Além disso, as unidades domiciliares
que dispõem de menor renda geralmente estão localizadas em áreas sem in-
fra-estrutura básica de saneamento, o que expõe todos os integrantes da fa-
mília ao risco de contrair doenças.
Em resumo: os filhos de famílias pobres têm mais chances de morrer logo
nos primeiros anos de vida por problemas de saúde e menos oportunidades
para estudar ao longo da vida. Por isso, as condicionalidades foram escolhidas
nas áreas de Saúde e Educação. Acredita-se que são capazes de, a médio e
longo prazos, romper o ciclo intergeracional de reprodução da pobreza e con-
tribuir para alterar o perfil da distribuição de renda no Brasil.

Manual de Gestão
de Condicionalidades

CICLO INTERGERACIONAL DE REPRODUÇÃO DA POBREZA

■ Na infância, uma criança com deficiência alimentar e nutricional po-


derá ter sua capacidade de aprendizado comprometida por toda a vida.
Se essa mesma criança conviver em um ambiente que não garanta con-
dições adequadas de higiene e não a estimule para o desenvolvimen-
to dos seus potenciais, provavelmente enfrentará problemas sérios de
saúde e limitações em suas ações. O baixo aproveitamento escolar e a
ausência de estímulos, somados, entre outras coisas, à inserção preco-
ce no mercado de trabalho, desencadeiam desinteresse pelos estudos,
o que pode provocar evasão e defasagem escolar. Na fase adulta, a
antecipação ao trabalho associada à baixa escolaridade representa uma
renda menor que, atrelada à falta de informações, induz a poucos inves-
timentos em mínimos sociais que garantam disposição e qualidade de
vida. A tendência dessa situação é se repetir entre gerações. Famílias
que se constituem sobre tais estruturas potencialmente reproduzem essa
prática aos filhos, constituindo o que chamamos de ciclo intergeracional
de reprodução da pobreza. Para romper esse ciclo vicioso é necessário
quebrar a continuidade dessa situação, abrindo novas oportunidades e
possibilitando a inclusão social.

4. Condicionalidades na criação do Bolsa Família

Em 2003, o Programa Bolsa Família unificou os procedimentos de gestão


e execução de quatro programas federais de transferência de renda: Bolsa
Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão Alimentação.

A unificação desses programas englobou três aspectos principais:

• A unificação do cadastro dos beneficiários. Todos os beneficiários


dos Programas Remanescentes que apresentem os critérios de elegibi-
lidade do Bolsa Família serão transferidos para o Programa.

• A unificação das condicionalidades. A associação de condicionali-


dades de duas áreas – Saúde e Educação – em um só programa cons-
titui um importante diferencial do Bolsa Família em relação aos Progra-
mas Remanescentes.

• A unificação dos procedimentos de gestão e execução do Bol-


sa Família no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), criado em janeiro de 2004. Até a criação do Bolsa Famí-
lia, cada um dos Programas Remanescentes era administrado em um
ministério diferente. Além disso, mantinham um caráter setorial, esta-
belecendo de forma independente os próprios critérios de elegibilidade

10 PROGRAMA
Bolsa Família
para ingresso e permanência. Isto tornava o trabalho intersetorial mais
difícil e a articulação das ações do poder público, inexistente.

O MDS tem a responsabilidade pela coordenação, gestão e operaciona-


lização do Bolsa Família. Em outras palavras, compete ao MDS a emissão
dos atos necessários à concessão e ao pagamento de benefícios, a gestão
do Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal, a supervisão
do cumprimento das condicionalidades e a articulação da oferta de programas
complementares com os ministérios setoriais e demais entes federados.
A consolidação dos dados dos beneficiários no Cadastro Único, a junção
das condicionalidades em torno do Bolsa Família e a unificação administrativa
no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome buscaram inte-
grar os esforços isolados dos diferentes programas, racionalizar custos opera-
cionais e focalizar no grupo familiar a política de combate à pobreza. Com isso,
foi possível potencializar os recursos aplicados pelo poder público nas ações
sociais e materializar as expectativas das diversas áreas da política social que
dão ênfase à necessidade de ação integrada.

4.1 Elementos determinantes no desenho das condicionalidades do


Bolsa Família

Com as condicionalidades do PBF, estabelecidas nas áreas de Saúde e


Educação, procurava-se, desde o início, manter coerência entre direitos so-
ciais garantidos constitucionalmente, capacidade de oferta pública dos servi-
ços e seu potencial de expansão.
Um elemento significativo no estabelecimento das condicionalidades foi o
reconhecimento e a valorização das necessidades diversas de saúde e educa-
ção dos distintos integrantes de cada família, de acordo com o curso da vida
de cada um. Nas condicionalidades, ficam reconhecidas as necessidades e di-
reitos de saúde das gestantes, mães em período de amamentação e crianças
menores de sete anos. As necessidades de educação contemplam os direitos
das crianças e dos adolescentes entre 6 e 15 anos.
Outro elemento essencial no estabelecimento das condicionalidades foi
o reconhecimento e a valorização do sistema familiar como tal, abordando-
se certos padrões mínimos de que a família necessita para poder funcionar
adequadamente como grupo social relevante. Por isso, as condicionalidades
incorporam elementos novos para as políticas sociais tradicionais e reforçam
elementos já existentes, como a participação ativa dos pais no acompanha-
mento do estado nutricional e na evolução da educação de seus filhos.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
11
1

O que é Gestão
de Condicionalidades
O Governo Federal, por intermédio do MDS, é responsável pela supervisão
do cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família, em articu-
lação com os Ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC). Nesse contex-
to, a definição, a normatização e o acompanhamento das condicionalidades
específicas de saúde e educação são atribuições dos ministérios competentes,
por meio de ações integradas e compartilhadas.
Assim, foi publicada a Portaria Interministerial nº 3.789, em novembro de
2004, na qual MDS e MEC estabelecem as atribuições e normas para o cum-
primento da condicionalidade de educação. No mesmo mês foi publicada a
Portaria Interministerial nº 2.509, na qual MDS e MS definem as atribuições e
normas para a oferta e o monitoramento das ações de saúde. A regulamen-
tação da Gestão de Condicionalidades está expressa na Portaria nº 551, de
novembro de 2005.
A Gestão de Condicionalidades do Programa Bolsa Família engloba ações
de acompanhamento periódico das famílias beneficiárias, registro de informa-
ções nos sistemas informatizados para acompanhamento das condicionalida-
des de saúde e educação, avaliação dos registros de descumprimento de con-
dicionalidades, notificação e aplicação das sanções às famílias em situação
de inadimplência, avaliação de recursos e ações que estimulem as famílias a
voltar a cumprir seus compromissos com o Programa. Esse conjunto de ações
envolve o exercício de atribuições complementares e coordenadas no âmbito
da União, estados, Distrito Federal e municípios.

GESTÃO DE CONDICIONALIDADES
É O CONJUNTO DE AÇÕES RELATIVAS A
■ Acompanhamento periódico das ações nas áreas de Saúde e Edu-
cação que as famílias devem realizar para que possam permanecer no
PBF;
■ Registro das informações referentes ao acompanhamento das condi-
cionalidades nos sistemas disponibilizados pelo MDS, MEC e MS;
■ Repercussão gradativa da aplicação de sanções referentes ao des-
cumprimento de condicionalidades sobre a folha mensal de pagamento;
■ Acompanhamento das medidas adotadas pelos entes federados para
garantir que as famílias beneficiárias do PBF tenham condições de cum-
prir as condicionalidades;
■ Acompanhamento das medidas adotadas pelos entes federados para
garantir que as famílias beneficiárias do PBF, que se encontram em situ-
ação de inadimplência, possam voltar a cumprir as condicionalidades.

12 PROGRAMA
Bolsa Família
1.1 Ação intersetorial

O território do município é o espaço onde as famílias vivem, recebem seus


benefícios e realizam seus gastos. Também é o lugar onde as áreas de Assis-
tência Social, Saúde e Educação ofertam o atendimento e realizam o acom-
panhamento das condicionalidades do PBF. Esse conjunto de ações precisa
estar articulado, para que a família tenha a oportunidade de receber o bene-
fício mensal a que tem direito, ter acesso à saúde e à educação, e também
conhecer quais são suas responsabilidades e compromissos com o PBF.
Uma importante tarefa do gestor municipal do Bolsa Família é planejar e
coordenar a ação intersetorial local de forma a estabelecer um canal de diálo-
go freqüente com todos os profissionais envolvidos na dimensão municipal do
Programa.
É possível identificar que o gestor municipal do PBF representa no mu-
nicípio a referência que o MDS representa em âmbito federal, embora com
enfoques diferenciados. Da mesma forma que o MDS coordena e planeja as
atividades do PBF em parceria com os Ministérios da Saúde e da Educação,
o gestor municipal deve coordenar a execução das ações locais em parceria
com as Secretarias de Saúde e Educação, em resposta às prerrogativas legais
instituídas para o Programa.
O gestor municipal do Bolsa Família deve coordenar a ação intersetorial
local para estimular as famílias que já estão cumprindo regularmente as con-
dicionalidades a continuar a cumpri-las, bem como fazer que as famílias que
não estão cumprindo seus compromissos passem a cumpri-los. Ele também
deve fornecer o apoio e o acompanhamento necessários para que as famílias
possam cumprir as condicionalidades. O gestor municipal do PBF atua nos
casos em que seja necessário informar os integrantes das famílias sobre a
importância de cada uma das condicionalidades e as ações que devem ser
realizadas para conseguir que sejam cumpridas.
O cumprimento das condicionalidades requer, junto com a mobilização e
gestão das próprias famílias, a ação e mobilização de recursos da rede de
instituições públicas nos níveis municipal, estadual e federal. São essas ins-
tituições que devem colocar à disposição das famílias uma oferta suficiente e
pertinente de bens, serviços e assistência técnica que possibilite o cumprimen-
to das condicionalidades por parte das famílias. Portanto, o trabalho do gestor
municipal do Bolsa Família é mobilizar e articular as pessoas envolvidas com
a execução, o acompanhamento e a fiscalização do Programa no município.
São elas:

• Responsável pela área de Saúde;


• Responsável pela área de Educação;
• Gestor municipal do Peti;
• Profissionais do Centro de Referência da Assistência Social (Cras); e
• Membros da instância de controle social do PBF.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
13
As ações intersetoriais para a gestão das condicionalidades dependem da
integração dos diversos representantes municipais relacionados ao Bolsa Fa-
mília, verificados no diagrama seguinte.

Uma tarefa essencial do gestor municipal do PBF é articular os represen-


tantes dessas instituições. Para isso, o planejamento das ações no âmbito
municipal torna-se imprescindível e cabe ao gestor municipal do PBF empe-
nhar esforços nesse sentido. Para fazer esse trabalho, ele deve manter-se
atualizado sobre as diretrizes nacionais e estaduais do Programa e contribuir
para que o fluxo de ações e informações chegue aos demais atores municipais
de forma articulada e coesa.
O gestor municipal do PBF é o elo conceitual, técnico e operacional do Pro-
grama e auxilia na operacionalização e articulação do PBF com outras áreas
do município. Por isso, ele precisa ter conhecimento da totalidade do Progra-
ma para orientar, informar e apoiar as ações dos parceiros e demais atores
municipais envolvidos na gestão. Sua tarefa é fundamental para a obtenção de
melhores resultados do Programa Bolsa Família.
Para atingir esses objetivos, torna-se essencial uma agenda de reuniões
com todos os responsáveis pela gestão do Programa no município. As reuni-
ões são necessárias para compartilhar assuntos importantes como: operacio-
nalização do Programa, quem são as famílias beneficiárias do PBF, onde estão

14 PROGRAMA
Bolsa Família
localizadas, quais famílias não cumprem condicionalidades, e como planejar
ações com essas famílias de forma a garantir a melhoria das condições de
vida.
As reuniões devem expressar também a troca de experiência e aprendizado
entre os participantes. Devem ser periódicas pois, além de planejar as ações
e estabelecer metas a serem alcançadas, é importante o acompanhamento da
sua execução e a avaliação dos resultados.
As experiências desenvolvidas em âmbito local são essenciais para reava-
liação e melhorias no Programa. Tanto o MDS quanto a coordenação estadual
e o gestor municipal do PBF precisam avaliar suas ações e propor atividades
e melhorias a partir dos resultados alcançados. Por exemplo: se um município
sabe que em determinado bairro, com predominância de crianças, o descum-
primento de condicionalidades na área de Saúde é recorrente, o gestor pode
planejar, em conjunto com os técnicos responsáveis, ações que tenham o pro-
pósito de inverter esse quadro.
Nesse sentido, o MDS teve como iniciativa evidenciar publicamente as ex-
periências do Programa por meio do “Prêmio Práticas Inovadoras do Programa
Bolsa Família”, no intuito de reconhecer trabalhos municipais relevantes e es-
timular projetos nos demais estados e municípios.
Os trabalhos premiados apresentaram temáticas diferenciadas como: In-
clusão Produtiva, Gestão do PBF, Programas Complementares, Cadastra-
mento/Capacitação, Acompanhamento Familiar, Gestão de Condicionalidades
e Construção de Índice de Vulnerabilidades. Essas experiências evidenciaram
questões importantes como:

• Construção da política pública, da ação intersetorial e da integração


de políticas;
• Diagnóstico, acompanhamento, monitoramento e avaliação mediante
informações e indicadores confiáveis;
• Importância das parcerias, especialmente com os agentes comunitá-
rios de saúde e com as instituições de ensino;
• Importância da mídia local;
• Acompanhamento das famílias mais vulneráveis;
• Atenção para os casos específicos – populações ribeirinhas, quilom-
bolas, indígenas;
• Implementação do PBF e a construção do Suas.
Para mais informações, visite o sítio do MDS (http://www.mds.gov.br) e
acesse o observatório das melhores práticas inovadoras do PBF para conhe-
cer as experiências premiadas.
Outro incentivo às ações intersetoriais locais foi a realização do 1º. Encon-
tro Nacional de Coordenadores de Cras: Acompanhamento das famílias
beneficiárias do Bolsa Família no Suas, promovido pelo MDS em junho de
2006. O objetivo do encontro foi integrar as ações do Bolsa Família no muni-
cípio, principalmente na atenção às famílias beneficiárias que se encontram

Manual de Gestão
de Condicionalidades
15
em descumprimento de condicionalidades. Estas seriam integradas nas ações
desenvolvidas pelos Cras na perspectiva de construção do Sistema Único da
Assistência Social (Suas).

1.2 Apoio para a gestão de condicionalidades

O adequado acompanhamento das condicionalidades pelo município é re-


conhecido como critério para a transferência de recursos financeiros aos mu-
nicípios.
Nesse sentido, foi publicada a Portaria nº 148, de 27 de abril de 2006, que
estabelece normas, critérios e procedimentos para o apoio à gestão do Pro-
grama Bolsa Família e do Cadastro Único nos municípios. O apoio financeiro é
transferido mensalmente, considerando-se o desempenho de cada município
na gestão do PBF. Para medir o desempenho dos municípios na gestão do Bol-
sa Família, foi criado o Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa
Família (IGD).
O IGD constitui-se em um indicador de avaliação dos cadastros válidos, da
atualização cadastral e do registro/acompanhamento das condicionalidades
de educação e saúde do Bolsa Família no município. Quanto maior o IGD, me-
lhor o resultado e maiores os recursos a serem transferidos. Isso significa que
o município receberá uma contrapartida financeira mensal para o investimento
em ações intersetoriais de melhoria da gestão, para o acompanhamento das
famílias e para a organização e oferta de programas complementares às famí-
lias beneficiárias.
O índice é atualizado mensalmente pela Senarc e os resultados são divul-
gados na página do MDS na internet (www.mds.gov.br).
Os recursos recebidos por intermédio do IGD podem ser utilizados para
realizar as seguintes atividades de gestão, acompanhamento, cadastramento,
implementação de programas complementares e fiscalização:

ATIVIDADES EM QUE PODEM SER


UTILIZADOS OS RECURSOS DO IGD

■ Gestão de condicionalidades;
■ Gestão de benefícios;
■ Acompanhamento das famílias beneficiárias, em especial daquelas
em situação de maior vulnerabilidade social;
■ Cadastramento de novas famílias, atualização e revisão dos dados
contidos no Cadastro Único;
■ Implementação de programas complementares, nas áreas de: alfa-
betização e educação de jovens e adultos, capacitação profissional, ge-
ração de trabalho e renda, acesso ao microcrédito produtivo orientado, e
desenvolvimento comunitário e territorial, entre outras;
■ Atividades relacionadas às demandas de fiscalização do PBF e do
Cadastro Único, formuladas pelo MDS.

16 PROGRAMA
Bolsa Família
Lembre-se: 50% dos recursos transferidos aos municípios dependem da
informação do acompanhamento das condicionalidades das áreas de Saúde
e Educação.

1.3 Controle social para a gestão de condicionalidades

As instâncias de controle social (ICS) são espaços de interação entre o


governo e a sociedade civil, propostas para incrementar a eficácia e a efeti-
vidade das políticas públicas. Materializada na forma de comitê ou conselho,
a ICS deve ser composta de forma paritária e intersetorial por representantes
do poder público e da sociedade civil. Obrigatórias por lei federal em diversos
setores, as ICS constituem canais de participação e representação da socie-
dade civil na gestão das políticas públicas nas três esferas de governo: federal,
estadual e municipal.
As instâncias de controle social do PBF foram criadas com a finalidade de
contribuir para o aprimoramento do Programa nos municípios e sua composi-
ção foi informada ao MDS por meio do termo de adesão. No que se refere à
gestão de condicionalidades, é importante que as ICS tenham acesso periódi-
co aos nomes dos responsáveis legais pelas famílias que deixaram de cumprir
as condicionalidades, as situações que levaram ao não-cumprimento e os pro-
cedimentos adotados. Essas informações, disponibilizadas pela administração
municipal, são indispensáveis para que a ICS possa elaborar uma estratégia
de aproximação e convencimento das famílias sobre a importância do cumpri-
mento das condicionalidades, bem como abreviar o tempo de averiguação de
possíveis irregularidades ou distorções. Também é importante que as ICS se
articulem com outros conselhos municipais setoriais nas ações de sua compe-
tência, de forma a contribuir para a oferta dos serviços públicos de educação
e saúde que permitam às famílias cumprir seus compromissos. As ICS podem,
ainda, auxiliar o gestor municipal do PBF na operacionalização do Programa
com transparência e critérios bem definidos.

1.4 Materiais educativos

As condicionalidades podem ser abordadas por meio de metodologias de


trabalho que combinem elementos informativos, educativos e mobilizadores.
Utilizando o material educativo, o gestor municipal do PBF e os responsáveis
técnicos pelas áreas de Saúde e Educação, juntamente com cada família, se
informam a respeito das condicionalidades e podem acompanhar o estado do
cumprimento de cada uma delas.
O principal material educativo do PBF dirigido às famílias beneficiárias é
a Agenda de Compromissos da Família. Ela é o ponto de partida do trabalho
de gestão de condicionalidades. A agenda foi feita com o objetivo de informar
os critérios de elegibilidade ao Programa, as condições para manutenção do

Manual de Gestão
de Condicionalidades
17
benefício, os valores do pagamento, as regras das condicionalidades e a im-
portância da atualização cadastral. Por isso, ela deve ser conhecida não só
pelas famílias mas também por todas as pessoas envolvidas na administração
local do Programa. A Agenda de Compromissos da Família pode ser baixada
do site do MDS, no link do Programa Bolsa Família.
O Manual do Gestor do Programa Bolsa Família, disponível na internet, é
outro material desenvolvido pelo MDS para auxiliar no processo de gestão,
execução e acompanhamento, e apresenta as diretrizes, os objetivos, as me-
tas e sistemáticas de funcionamento do Programa, esclarecendo as responsa-
bilidades de cada esfera de governo em sua implementação, acompanhamen-
to e controle.
Para acompanhar as famílias beneficiárias do PBF que tenham em sua
composição crianças menores de 7 anos, gestantes e nutrizes, a Coorde-
nação-Geral de Alimentação e Nutrição/DAB/SAS/MS elaborou o Manual de
Orientações Sobre o Bolsa Família na Saúde, que tem por objetivo orientar
os gestores sobre os procedimentos de como fazer o acompanhamento das
famílias e o registro no Sisvan. Esse manual pode ser acessado no sítio: www.
saude.gov.br/nutricao.
O Manual do Usuário do Sistema de Acompanhamento da Freqüência Es-
colar, disponível no sítio eletrônico do Ministério da Educação no endereço
http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br, fornece orientações sobre a utilização
do sistema por parte dos operadores.
Para acompanhar, prioritariamente, as famílias com crianças, adolescentes
e gestantes que descumpriram qualquer uma das condicionalidades das áreas
de Saúde e Educação foi disponibilizado pelo MDS o documento Orientações
para o Acompanhamento das Famílias Beneficiárias do Programa Bolsa Fa-
mília no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), no link www.
mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-basica/paif/, que apresenta
um conjunto de orientações e sugestões com o objetivo de oferecer uma me-
todologia para os serviços socioassistenciais de apoio às famílias, na garantia
dos direitos de suas crianças, adolescentes e gestantes.

1.5 Conceitos importantes

Para melhor compreensão da Gestão de Condicionalidades, é importante o


conhecimento de alguns conceitos:

■ Período de Acompanhamento: é o conjunto de meses que compre-


ende o início e o término de cada ciclo de acompanhamento das condi-
cionalidades para posterior avaliação dos resultados e repercussões no
benefício do PBF. Na área de Saúde, ao longo do ano, há dois períodos
de acompanhamento, compostos, cada um, de um semestre. Na área de

18 PROGRAMA
Bolsa Família
Educação são cinco períodos bimestrais de acompanhamento, excluin-
do-se os meses de dezembro e janeiro, destinados às férias escolares.
■ Período de Registro: é o conjunto de dias em que os sistemas defi-
nidos e disponibilizados pelos Ministérios da Saúde e da Educação estão
abertos para a inserção dos dados dos municípios referentes ao acom-
panhamento das condicionalidades.
■ Período de Consolidação: são os dias imediatamente posteriores
ao Período de Registro de que os Ministérios da Saúde e da Educação
dispõem para enviar ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome os bancos de dados dos sistemas.
■ Período de Apuração: é o tempo utilizado pelo MDS para analisar a
consistência dos dados enviados pelos Ministérios da Saúde e da Edu-
cação, identificar as famílias que descumpriram as condicionalidades e
aplicar as sanções. Quando os dados da saúde e da educação forem
consolidados em um mesmo período e houver famílias que descumpri-
ram condicionalidades das duas áreas, será contado apenas 1 registro
de descumprimento e aplicada a sanção correspondente.
■ Situação de Inadimplência: encontram-se nessa situação as famí-
lias que descumpriram qualquer uma das condicionalidades no período
de acompanhamento.
■ Situação Regular: encontram-se nessa situação as famílias que nos
últimos 18 meses não apresentaram qualquer registro de descumprimen-
to de condicionalidades.
■ Repercussão: é o resultado, sobre o benefício, das sanções aplica-
das às famílias em situação de inadimplência.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
19
2

Condicionalidades
na área de Saúde
2.1 Ações que as famílias devem realizar para permanecer no PBF

As condicionalidades na área de Saúde são voltadas para as gestantes,


as mães em período de amamentação e as crianças menores de 7 anos de
idade.

AS GESTANTES E MÃES
EM PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO DEVEM

■ Inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de


saúde mais próxima de sua residência, portando o cartão da gestante, de
acordo com o calendário mínimo previsto pelo Ministério da Saúde;
■ Participar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde
sobre aleitamento materno e promoção da alimentação saudável.

OS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS


MENORES DE 7 ANOS DEVEM

■ Levar a criança à unidade de saúde ou ao local de campanha de


vacinação, mantendo atualizado o calendário de imunização, conforme
preconizado pelo Ministério da Saúde;
■ Levar a criança à unidade de saúde, portando a caderneta de saúde
da criança, para a realização do acompanhamento do estado nutricional
e do desenvolvimento de outras ações, conforme o calendário mínimo
previsto pelo Ministério da Saúde.

2.2 Acompanhamento periódico das famílias na área de Saúde

O Ministério da Saúde é responsável por estabelecer e divulgar aos estados


e municípios as diretrizes técnicas e operacionais sobre o acompanhamento
das famílias, no âmbito da área de Saúde. O setor no Ministério da Saúde mais
diretamente envolvido com o acompanhamento das condicionalidades é a Co-
ordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN), vinculada ao
Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde.
Nos estados, compete às Secretarias Estaduais de Saúde divulgar e orien-

20 PROGRAMA
Bolsa Família
tar aos municípios as normas técnicas e operacionais estabelecidas pelo Mi-
nistério da Saúde, bem como designar um profissional de saúde para coorde-
nar o acompanhamento das famílias do PBF.
Nos municípios, as Secretarias Municipais de Saúde têm duas atribuições
principais. A primeira é ofertar as ações de pré-natal, vacinação, acompanha-
mento do crescimento e desenvolvimento da criança, além de atividades edu-
cativas em saúde, alimentação e nutrição. Essas ações fazem parte da aten-
ção básica à saúde e são rotineiramente ofertadas pelo município a toda a
população coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As atividades educativas são de extrema importância e devem abordar vá-
rios assuntos sobre saúde e nutrição, tais como:

• Aleitamento materno;
• Alimentação e nutrição da gestante;
• Alimentação e nutrição da criança;
• Estímulo ao consumo de alimentos regionais;
• Cuidados com a saúde da criança;
• Higiene dos alimentos;
• Importância do vínculo entre mãe e filho;
• Nutrição, crescimento e desenvolvimento;
• Alimentação saudável nas diferentes fases do curso da vida.
A segunda atribuição das Secretarias Municipais de Saúde é designar um
responsável técnico para coordenar o acompanhamento das famílias do PBF e
o processo de inserção e atualização das informações no aplicativo da Vigilân-
cia Alimentar e Nutricional (Sisvan), disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
O estabelecimento de parcerias é muito importante para que a Secretaria
Municipal de Saúde cumpra suas atribuições de maneira eficaz. Nesse senti-
do, a articulação com outras instituições que atuam na melhoria das condições
de vida da população pode potencializar a qualidade do acompanhamento das
famílias do Programa.
Para que o acompanhamento das condicionalidades funcione de maneira
adequada, o gestor municipal do PBF deve manter contato constante com o
responsável técnico indicado pelo titular da Secretaria Municipal de Saúde. O
responsável técnico é encarregado de coordenar o processo de registro das
informações das condicionalidades de saúde no Módulo de Gestão do Sisvan.
A participação da área de Saúde é fundamental para o sucesso da gestão local
das condicionalidades do PBF.

2.3 Registro das informações no Sisvan

O Ministério da Saúde é responsável pelo Sistema de Vigilância Alimentar e


Nutricional (Sisvan), que tem dois módulos: Municipal e Gestão.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
21
2.3.1 Módulo Municipal do Sisvan

O Módulo Municipal do Sisvan atende aos usuários do SUS. A população atendi-


da é formada por indivíduos, de qualquer fase do curso da vida (criança, adolescen-
te, adulto, gestante e idoso), que procuram espontaneamente um estabelecimento
assistencial de saúde (EAS) ou que são assistidos pela equipe de Saúde da Família
(ESF), agente comunitário de Saúde (ACS) e outros vinculados ao SUS.

O Módulo Municipal do Sisvan tem as seguintes características:

• Trabalha em ambiente local;


• Recebe e envia dados nutricionais da população;
• Gera relatórios analíticos, sintéticos e históricos individuais;
• Monitora famílias por EAS, distritos e municípios;
• Monitora a população por fases do curso da vida.
O Módulo Municipal do Sisvan pode ser obtido nos sites:

• www.datasus.gov.br e
• www.saude.gov.br/nutricao.
Em caso de dúvida para a utilização do Sisvan, procure a Regional do Da-
tasus ou entre em contato com o Suporte Técnico da CGPAN pelos telefones
(61) 3448-8230/3448-8287.

2.3.2 Módulo de Gestão do Sisvan

O Módulo de Gestão do Sisvan consolida e disponibiliza as informações do


monitoramento do estado nutricional da população acompanhada no Módulo
Municipal do Sisvan, e registra o acompanhamento das condicionalidades da
área de Saúde do Programa Bolsa Família. Para ter acesso, é necessário que
o município já tenha instalado o Módulo Municipal do Sisvan.

O Módulo de Gestão do Sisvan tem as seguintes funcionalidades:

• Opera em ambiente web (internet);


• Recebe e consolida dados nutricionais da população;
• Recebe e consolida dados da avaliação das condicionalidades de
Saúde do Programa Bolsa Família;
• Gera relatórios;
• Monitora a população por fases do curso da vida.
No Módulo de Gestão do Sisvan, o responsável técnico e sua equipe têm
acesso ao Mapa Diário de Acompanhamento, no qual devem registrar as infor-
mações de acompanhamento das famílias do PBF. O Mapa Diário de Acompa-
nhamento do Sisvan é o formulário disponibilizado pelo Ministério da Saúde e

22 PROGRAMA
Bolsa Família
serve, ainda, como instrumento de coleta de dados para registro no Sisvan.
O Mapa Diário de Acompanhamento do Sisvan permite a avaliação nutricio-
nal de todas as fases do curso da vida. Dessa forma, o município, de acordo
com sua capacidade técnica e operacional, poderá optar por estender o acom-
panhamento a toda a população atendida pelo SUS. Isso é o que o Ministério
da Saúde recomenda.

NÃO SE ESQUEÇA

■ O acompanhamento do estado nutricional de toda a população é feito


no Módulo Municipal do Sisvan;

■ O acompanhamento das condicionalidades de vacinação e de partici-


pação no pré-natal dos beneficiários do Bolsa Família é feito no Módulo
de Gestão do Sisvan.

2.4 Fluxo do processo de registro do acompanhamento das


condicionalidades da área de Saúde no preenchimento e digitação do
Mapa Diário de Acompanhamento

Equipe Responsável pelo Acompanhamento


das Condicionalidades de Saúde

1 – Acessa o Módulo de Gestão do Sisvan e imprime os Mapas Diários de


Acompanhamento;
2 – Distribui o Mapa Diário de Acompanhamento para as equipes das Uni-
dades de Saúde ou equipes de Saúde da Família.

Equipes das Unidades de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família

1 – Solicitam que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) façam a busca


ativa dos beneficiários do Bolsa Família em sua área de atuação.

Agentes Comunitários de Saúde (ACS)

1 – Dirigem-se à casa das famílias beneficiárias e as informam de que


precisam comparecer à Unidade de Saúde ou equipe de Saúde da Família
para fazer o acompanhamento das condicionalidades.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
23
Beneficiários do Bolsa Família com Perfil Saúde

1 – Comparecem à Unidade de Saúde ou equipe de Saúde da Família.

Equipes das Unidades de Saúde e/ou Equipe de Saúde da Família

1 – Coletam e registram no Mapa Diário de Acompanhamento os dados


dos beneficiários do PBF;
2 – Devolvem o Mapa Diário de Acompanhamento preenchido para a equi-
pe responsável pelo acompanhamento das condicionalidades de saúde.

Equipe Responsável pelo Acompanhamento


das Condicionalidades de Saúde

1 – Digita as informações dos Mapas Diários de Acompanhamento no Mó-


dulo de Gestão do Sisvan no prazo estabelecido;
2 – Identifica famílias beneficiárias com perfil de saúde não acompanha-
das para que os agentes comunitários de Saúde façam a busca ativa.

Na área de Saúde, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são a prin-


cipal ligação entre o Programa Bolsa Família e seus beneficiários. Por isso, é
fundamental que os ACS esclareçam a família sobre a participação no cum-
primento das ações que compõem as condicionalidades da área de Saúde.
Dessa forma, a família estará ciente da sua responsabilidade na melhoria das
suas condições de saúde e nutrição.

24 PROGRAMA
Bolsa Família
ORIENTAÇÕES PARA REALIZAR UM BOM TRABALHO
DE ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE

■ Visite regularmente os sítios do Ministério da Saúde (www.saude.gov.


br) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (www.
mds.gov.br) para ficar atualizado.
■ Leia sempre com atenção o Informe Bolsa Família, disponível sema-
nalmente no sítio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (www.mds.gov.br) e também enviado para os e-mails cadastrados.
Se o seu e-mail ainda não está cadastrado, mande uma mensagem para
bolsa.familia@mds.gov.br ou telefone para (61) 3433-1500 e solicite a
inclusão de seu e-mail.
■ Leia sempre com atenção o Informe Bolsa Família na Saúde, enviado
semanalmente por e-mail pelo Ministério da Saúde. Se você ainda não
recebe esse informe, solicite o cadastramento de seu e-mail pelo endere-
ço sisvan@saude.gov.br ou pelos telefones (61) 3448-8230/3448-8287.
■ Estabeleça parcerias para ofertar aos beneficiários do Programa Bol-
sa Família atividades educativas sobre promoção da saúde e alimenta-
ção saudável.
■ Estabeleça parcerias que ajudem os responsáveis a preencher e digi-
tar na internet as informações do Mapa Diário de Acompanhamento.
■ Aproveite para estender o acompanhamento de saúde a todos os
beneficiários do SUS no município.
■ Não deixe para a última hora o registro das informações do Mapa
Diário de Acompanhamento no Módulo de Gestão do Sisvan. Além da
sobrecarga de trabalho, você pode encontrar o sistema congestionado e
não conseguir enviar as informações.
■ Não conte com a prorrogação do período de registro.
■ Trabalhe de forma articulada com o gestor do PBF no município, o
responsável técnico pelo acompanhamento da freqüência escolar e o
coordenador do Paif no município. Uma sugestão é a realização de reu-
niões intersetoriais semanais e/ou com periodicidade definida.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
25
3

Condicionalidades
na área de Educação
3.1 Ações que as famílias devem realizar para permanecer no PBF

As condicionalidades na área de Educação são voltadas para crianças e


adolescentes entre 6 e 15 anos de idade.

OS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS E


ADOLESCENTES ENTRE 6 E 15 ANOS DEVEM

■ Matricular as crianças e adolescentes de 6 a 15 anos na escola;


■ Garantir a freqüência escolar a no mínimo 85% das aulas mensal-
mente. Se houver falta às aulas, é preciso informar à escola e explicar
a razão;
■ Informar ao responsável técnico sempre que alguma criança mudar
de escola. Assim os técnicos da prefeitura vão poder continuar acompa-
nhando a freqüência desses alunos beneficiários do PBF.

Efetivar a matrícula e garantir a freqüência escolar das crianças e adoles-


centes entre 6 e 15 anos é uma tarefa do responsável legal pela família. Eles
também devem informar à escola qualquer impossibilidade de comparecimen-
to do aluno à aula (com a devida justificativa) e também comunicar ao gestor
municipal do PBF toda e qualquer mudança de escola de seus dependentes.
Embora o responsável legal tenha responsabilidades a respeito das crian-
ças e adolescentes, todos os integrantes das famílias beneficiárias devem cola-
borar para o cumprimento das condicionalidades. Se alguém deixa de cumprir
qualquer uma das condicionalidades, toda a família é prejudicada, inclusive no
recebimento do benefício.

3.2 Acompanhamento da freqüência escolar

O Decreto no 5.209, de 17 de setembro de 2004, artigo 28, inciso II, esta-


belece que compete ao Ministério da Educação o acompanhamento da freqü-
ência mínima de 85% da carga horária mensal, em estabelecimento de ensino
regular, de crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. A Coordenação-Geral de
Acompanhamento de Programas do Departamento de Avaliação e Informa-
ções Educacionais da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade – Secad/MEC tem essa responsabilidade.

26 PROGRAMA
Bolsa Família
Para exercer essa função, o Ministério da Educação disponibiliza aos mu-
nicípios, via internet, o Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar.
Esse sistema fica disponível para a inserção das informações da freqüência
escolar das crianças e adolescentes beneficiários do Programa Bolsa Família
por períodos determinados, divulgados no próprio sistema. As orientações téc-
nicas e operacionais são prestadas pelo manual do usuário do sistema e/ou
por pronto atendimento telefônico no MEC.
O Ministério da Educação também é responsável por estabelecer e divulgar
aos estados e municípios as diretrizes técnicas e operacionais sobre o sistema
de freqüência escolar dos alunos.
No estado, o gestor estadual do Sistema de Acompanhamento da Freqüência
Escolar deve ser o titular da Secretaria Estadual de Educação, a quem
compete indicar um responsável técnico para coordenar o acompanhamento
da freqüência escolar em âmbito estadual. É importante que o gestor estadual e
o responsável técnico estabeleçam articulações com o Ministério da Educação
e com os municípios, objetivando a plena informação da condicionalidade em
educação. Em especial, eles devem informar ao gestor municipal a freqüência
escolar nas escolas estaduais sediadas nos municípios.
No município, o gestor municipal do Sistema de Acompanhamento da
Freqüência Escolar deve ser o titular da Secretaria Municipal de Educação.
Ele deve indicar um responsável técnico para coordenar o Sistema de
Freqüência Escolar no município. O responsável técnico será cadastrado
junto ao Ministério da Educação como operador municipal master. Além de
fazer o acompanhamento da freqüência escolar, o operador municipal master
também é responsável por avaliar a necessidade de credenciar os operadores
municipais auxiliares e os operadores diretores de escola, bem como efetuar os
descredenciamentos necessários. Uma vez cadastrado, o operador diretor de
escola poderá usar o sistema diretamente. Para que isso ocorra, é necessário
que a escola tenha acesso ao sistema e o diretor se comprometa a assumir
essa atribuição.
O acompanhamento da freqüência escolar é constitucionalmente atribuído
ao poder público. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990, os dirigentes de estabelecimentos de ensino devem
zelar junto aos pais ou responsáveis pela freqüência escolar, e comunicar ao
Conselho Tutelar os casos de maus tratos envolvendo seus alunos, reiteração
de faltas injustificadas e evasão, esgotados os recursos escolares. Isso se
aplica a todas as famílias, e não apenas às beneficiárias do PBF.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996, estabelece o registro de freqüência, a cargo da escola,
como um dos critérios a ser observado para a progressão escolar do aluno.
A informação da freqüência escolar dos alunos inscritos no Programa Bolsa
Família é responsabilidade dos dirigentes de estabelecimentos de ensino.
Conhecendo os fundamentos do Programa Bolsa Família a escola poderá
entender que a exigência do cumprimento da condicionalidade em educação
irá constituir forte fator de rompimento do ciclo intergeracional da pobreza, con-

Manual de Gestão
de Condicionalidades
27
tribuindo para reforçar a garantia de acesso ao direito básico de permanência
da criança na escola e combater a evasão escolar.
Ao informar a freqüência escolar, os operadores municipais registram in-
formações de crianças e adolescentes com freqüência inferior a 85% e iden-
tificam o motivo que causou a ausência às aulas. Esses dados, consolidados
por município, irão fornecer informações importantes para definir ações que
previnam o abandono escolar e combatam os riscos e vulnerabilidades a que
possam estar sujeitas as crianças e adolescentes da comunidade.

3.3 Registro das informações no Sistema de Freqüência Escolar

O Ministério da Educação é responsável por desenvolver e manter o fun-


cionamento do Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar, dispo-
nibilizando-o na internet aos estados e municípios. O sistema está disponível
em http://frequenciaescolarpbf.mec.gov.br. Neste endereço é possível obter
o manual do usuário, solicitar o cadastro e entrar em contato com o MEC.
Uma vez cadastrado, o sistema permite aos usuários, dependendo do tipo de
acesso permitido, cadastrar usuários auxiliares e diretores de escolas, imprimir
formulário para escolas, distribuir relatórios para escolas, registrar freqüência,
buscar aluno não localizado, emitir relatório gerencial e de baixa freqüência e
enviar arquivos de prefeituras.

3.4 Fluxo de preenchimento e digitação de dados no Sistema de


Freqüência Escolar

Operador Municipal Master/Auxiliar

1 – Acessa o Sistema de Acompanhamento da Freqüência Escolar;


2 – Imprime a relação de alunos beneficiários do Bolsa Família por unida-
de escolar;
3 – Distribui a relação de alunos beneficiários do Bolsa Família para os
dirigentes dos estabelecimentos de ensino, juntamente com ofício que es-
tabelece o prazo final para a devolução das informações de acompanha-
mento da freqüência escolar.

Operador Diretor de Escola

1 – Orienta que a área administrativa da escola preencha o formulário de


acompanhamento da freqüência escolar dos alunos do Bolsa Família.

28 PROGRAMA
Bolsa Família
Área Administrativa da Escola

1 – Colhe a freqüência escolar dos alunos beneficiários junto aos profes-


sores com base nos dados registrados no Diário de Classe, identificando o
motivo das faltas às aulas, quando ocorridos. Como?
a) Registra os percentuais das freqüências inferiores a 85% da carga horá-
ria, indicando o motivo que provocou a freqüência inferior;
b) Marca os alunos não localizados na escola;
c) Deixa sem marcação os alunos que tiveram freqüência escolar superior
a 85%;
d) Encaminha o relatório ao responsável técnico da Educação.

Operador Municipal Master/Auxiliar

1 – Examina as informações contidas nos relatórios e toma as seguintes


providências:
a) Identifica a escola correta do aluno “não localizado” em outras escolas;
b) Devolve o formulário incorretamente preenchido ao dirigente do estabe-
lecimento de ensino, reafirmando o prazo de devolução;
c) Providencia a digitação dos dados coletados no Sistema de Freqüência
Escolar e confirma os registros nas Informações Gerenciais.

ORIENTAÇÕES PARA REALIZAR UM BOM TRABALHO DE


ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DA ÁREA DE EDUCAÇÃO

■ Visite regularmente os sítios do Ministério da Educação (www.mec.


gov.br) e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(www.mds.gov.br) para ficar atualizado.
■ Leia sempre com atenção o Informe Bolsa Família, disponível sema-
nalmente no sítio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (www.mds.gov.br) e também enviado para os e-mails cadastrados.
Se o seu e-mail ainda não está cadastrado, mande uma mensagem para
bolsa.familia@mds.gov.br ou telefone para (61) 3433-1500 e solicite a
inclusão de seu e-mail.
■ Estabeleça parcerias para ofertar aos beneficiários do Programa Bol-
sa Família atividades educativas e complementares.
■ Estabeleça parcerias que ajudem o município a registrar no sistema
disponível na internet as informações da freqüência escolar.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
29
■ Não deixe para a última hora o registro das informações da lista de
crianças por escola no Sistema de Acompanhamento da Freqüência Es-
colar. Além da sobrecarga de trabalho, você pode encontrar o sistema
congestionado e ter dificuldade para enviar as informações.
■ Cumpra os prazos estabelecidos, não deixando para informar nos
últimos dias. O final do período de registro é sempre conturbado; faça
seu planejamento e garanta o registro do acompanhamento das condi-
cionalidades de educação.
■ Trabalhe de forma articulada com o gestor do PBF no município, o
responsável técnico pelo acompanhamento da freqüência escolar e o
coordenador do Paif no município. Uma sugestão é a realização de reu-
niões intersetoriais periódicas.

30 PROGRAMA
Bolsa Família
4

Integração Peti/PBF
Em 1996, impulsionado pela Marcha Global Contra o Trabalho Infantil e
pela mobilização da sociedade civil organizada, o governo brasileiro iniciou
a implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). O Peti
concede bolsas para as famílias retirarem seus filhos da situação de trabalho
e repassa recursos financeiros aos municípios para que desenvolvam com
essas crianças ações socioeducativas em turno alternado ao da escola formal.
Para receber a bolsa do programa, as famílias têm que assumir compromissos
com o Governo Federal, garantindo: freqüência mínima das crianças e dos
adolescentes na escola equivalente a 85% do período total mensal; o não-re-
torno dos filhos menores de 16 anos ao trabalho; e a participação das famílias
nas ações socioeducativas de convivência e de ampliação e geração de rendi-
mentos que lhes forem oferecidas.

4.1 Ações que as famílias devem realizar na integração Peti/PBF

Em 2005, teve início o processo formal de integração entre o PBF e o Peti,


com a publicação da Portaria MDS n° 666, no dia 28 de dezembro. Entretanto,
diferentemente do que ocorreu com a unificação dos Programas Remanescen-
tes, que deixarão de existir, a integração entre o PBF e o Peti assumiu como
princípio a coexistência dos dois programas após a integração. No que diz
respeito às condicionalidades, as estratégias de integração prevêem que:
• As famílias beneficiárias do PBF, que tenham crianças em situação de
trabalho infantil, passam a cumprir as atividades complementares socio-
educativas e de convivência oferecidas pelo Peti nos municípios;
• As famílias beneficiárias do Peti, ao serem incluídas no PBF, além de
continuarem a ter de cumprir as condicionalidades da área de Educação,
as atividades socioeducativas e as atividades de convivência, passam
também a ter de cumprir as condicionalidades da área de Saúde.

Com a integração Peti/PBF, o MDS pretende aprimorar a gestão e ampliar


a cobertura para todas as famílias que atendem aos critérios de elegibilidade
de cada um dos dois programas.

IMPORTANTE

■ As famílias beneficiárias da integração Peti/PBF não poderão rece-


ber simultaneamente os benefícios dos dois programas, sejam estes
operacionalizados por meio da Caixa Econômica Federal ou mediante

Manual de Gestão
de Condicionalidades
31
convênios firmados pelos entes federados com o Fundo Nacional da
Assistência Social (FNAS), devendo ser bloqueado ou cancelado o be-
nefício financeiro de menor valor, por parte do gestor que identificar a
duplicidade de pagamentos (referência ao Art. 10, Portaria nº 666, de 28
de dezembro de 2005).

OS RESPONSÁVEIS PELAS CRIANÇAS


E ADOLESCENTES INSERIDOS NO PETI/PBF DEVEM

■ Retirar todos os filhos menores de 16 anos de atividades de trabalho


infantil;
■ Matricular as crianças de 6 a 15 anos na escola;
■ Garantir a freqüência escolar de no mínimo 85% das aulas a cada
mês. Se houver falta às aulas, é preciso informar a razão à escola;
■ Informar ao gestor do Programa quando alguma criança mudar de
escola. Assim os técnicos da prefeitura poderão continuar o acompanha-
mento da freqüência das crianças;
■ Garantir a permanência dos filhos nas atividades socioeducativas e
de convivência desenvolvidas em horário oposto ao escolar (antiga jor-
nada ampliada), por no mínimo duas horas diárias, inclusive em período
de férias;
■ Garantir o acompanhamento de saúde;
■ Participar de programas e projetos de qualificação profissional e de
geração de trabalho e renda oferecidos, entre outros.

4.2 Acompanhamento periódico das famílias na integração Peti/PBF

O MDS também é responsável por estabelecer e divulgar aos estados e


municípios as diretrizes técnicas e operacionais sobre assuntos relacionados
à integração Peti/PBF. Para fazer o acompanhamento periódico das famí-
lias quanto à participação nas atividades socioeducativas e de convivência,
o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) designou
a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS). As diretrizes e normas
para o acompanhamento e fiscalização das atividades socioeducativas e de
convivência serão disciplinadas em ato administrativo conjunto da Secretaria
Nacional de Renda e Cidadania (Senarc) e da SNAS.
Nos estados, compete ao gestor estadual do PBF apoiar a atualização do
cadastro das famílias do PBF em situação de trabalho infantil e apoiar a inclu-
são no Cadastro Único das famílias usuárias do Peti que recebam benefícios
financeiros operacionalizados mediante convênio firmado pelo Fundo Nacional
da Assistência Social (FNAS). Além disso, deve prover a oferta das atividades
socioeducativas e de convivência para as famílias em situação de trabalho

32 PROGRAMA
Bolsa Família
infantil e encaminhar à SNAS o resultado do acompanhamento de tais ativi-
dades.
Nos municípios, cabe ao gestor municipal do PBF atualizar o cadastro
das famílias do PBF em situação de trabalho infantil. Compete também a ele:
analisar as demandas de bloqueio ou de cancelamento de benefícios do Peti
oriundas das instâncias de gestão, participação ou controle social; incluir no
Cadastro Único as famílias usuárias do Peti; e acompanhar a realização das
atividades socioeducativas e de convivência para as famílias em situação de
trabalho infantil, encaminhando os resultados obtidos à SNAS.
As atividades socioeducativas e de convivência são de extrema importân-
cia, podendo ser abordados vários assuntos, tais como:

• Atividades artísticas e culturais em suas diferentes linguagens;


• Práticas desportivas que favoreçam o autoconhecimento corporal e a
convivência em grupo;
• Reforços escolares;
• Aulas de informática;
• Aulas e atividades de línguas estrangeiras;
• Educação para a cidadania e direitos humanos;
• Educação ambiental;
• Educação para a saúde (riscos do trabalho precoce, sexualidade, gra-
videz na adolescência, entre outros temas).

IMPORTANTE

■ Os gestores estaduais e municipais do PBF e do Peti devem manter


interlocução entre si e com os responsáveis técnicos pelas áreas de Saú-
de e Educação no acompanhamento e desenvolvimento das atividades
junto às famílias em situação de trabalho infantil.

Em relação às Instâncias de Controle Social (ICS) e Comissões de Erra-


dicação do Trabalho Infantil nas esferas estaduais e municipais, compete co-
municar aos gestores sobre as famílias em situação de trabalho infantil ainda
não inseridas em nenhum dos programas ou, se inseridas, que não estejam
cumprindo seus compromissos, bem como comunicar a respeito das famílias
beneficiárias que não estejam respeitando a freqüência às ações socioeduca-
tivas e de convivência devido à inexistência ou precariedade da oferta dessas
ações no âmbito local.
Para que o acompanhamento das condicionalidades, das atividades socio-
educativas e de convivência funcione, o gestor municipal do PBF e o gestor
municipal do Peti devem manter contatos periódicos com os responsáveis téc-
nicos de Saúde e Educação, integrar-se com as demais áreas afins no municí-

Manual de Gestão
de Condicionalidades
33
pio, acatar as sugestões propostas pelas instâncias de controle e comissões, e
operacionalizar a gestão das condicionalidades junto aos entes federados.

IMPORTANTE

■ As ICS e as Comissões de Erradicação do Trabalho Infantil devem


manter interlocução entre si e entre os Conselhos Tutelares e conselhos
municipais setoriais, especialmente os Conselhos Municipais da Assis-
tência Social e de Direitos da Criança e do Adolescente.

34 PROGRAMA
Bolsa Família
5

Repercussão do
descumprimento de
condicionalidades
sobre o benefício
As condicionalidades foram concebidas como um mecanismo para ligar a
oferta à demanda por serviços públicos de saúde, educação e assistência so-
cial.
Para estimular as famílias a cumprir as condicionalidades, o PBF dispõe
de dois mecanismos. O primeiro é a transferência de recursos. As famílias
continuam a receber os benefícios desde que mantenham as características
cadastrais que as tornaram elegíveis para ingressar no Programa e cumpram
a agenda de condicionalidades de Saúde, de Educação, as atividades comple-
mentares socioeducativas e as atividades de convivência.
O segundo mecanismo consiste na aplicação de sanções às famílias em
situação de inadimplência. As famílias tornam-se ou renovam sua condição de
inadimplente quando um ou mais integrantes descumprem as condicionalida-
des. Toda vez que a família torna-se ou renova sua condição de inadimplente
é gerado um registro de descumprimento de condicionalidade e aplicada a
sanção correspondente. As sanções têm algumas características, detalhadas
a seguir.
Primeiro, as sanções são gradativas. Isso significa que, à medida que os
registros de descumprimento de condicionalidades se acumulam, as sanções
se tornam mais rigorosas. São gradativas porque o objetivo não é punir as fa-
mílias em situação de descumprimento, mas permitir que as famílias possam
corrigir os problemas que acarretaram o descumprimento de condicionalida-
des. E também para permitir que as famílias em situação de inadimplência, as
mais vulneráveis, sejam identificadas e se tornem foco de outras ações do po-
der público, específicas para a causa do descumprimento, como, por exemplo,
negligência dos pais ou doença da criança.
Segundo, as sanções são indistintas. Significa que não há um descum-
primento de condicionalidade mais grave do que outro. Para o PBF, a família
deixar de vacinar os filhos menores de 7 anos não é mais nem menos grave
do que deixar de manter a freqüência escolar acima de 85% das crianças e
adolescentes entre 6 e 15 anos. Para cada descumprimento de condicionali-
dade, seja de saúde, seja de educação, será efetuado o registro e aplicada a
sanção correspondente.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
35
Terceiro, as sanções são compartilhadas pelo núcleo familiar. Isso significa
que a sanção incide sobre todo o núcleo familiar, não apenas sobre o membro
da família que recebe o benefício ou deixou de cumprir qualquer condicionali-
dade. Isso serve tanto para os membros da família que são beneficiários quan-
to para os não beneficiários. Em outras palavras, todas as gestantes, mães
em período de amamentação e pessoas menores de 15 anos devem cumprir
as condicionalidades, independentemente do valor repassado às famílias, sob
pena de sofrerem as sanções do Programa. Com base nas informações sobre
o descumprimento das condicionalidades, cabe ao MDS a tarefa de aplicar as
sanções, que repercutem sobre a folha mensal de pagamentos.
O quadro seguinte correlaciona, para cada registro de descumprimento de
condicionalidade, a sanção correspondente e seus efeitos sobre o pagamento
do benefício.

Registro Sanção Efeitos/Repercussão

■ Família passa a ser considerada em situa-


Não há sanção,
ção de inadimplência;
1º apenas
■ Família continua recebendo o benefício nor-
advertência
malmente.

■ Uma parcela de pagamento do benefício


fica retida por 30 dias.
■ Após 30 dias:
2º Bloqueio
. a família volta a receber o benefício
normalmente;
. a parcela bloqueada pode ser sacada.

■ Duas parcelas de pagamento do benefício


não são pagas à família.
■ Após 60 dias:
3º Suspensão . a família volta a receber o benefício
normalmente; mas
. as duas parcelas relativas ao período de
suspensão não são pagas à família.

■ Duas parcelas de pagamento do benefício


não são pagas à família.
■ Após 60 dias:
. a família volta a receber o benefício
4º Suspensão
normalmente; mas
. as duas parcelas relativas ao período de
suspensão não são pagas à família.

36 PROGRAMA
Bolsa Família
Registro Sanção Efeitos/Repercussão

■ Parcelas do benefício que ainda não foram


sacadas pela família são canceladas;
■ Parcelas do benefício que seriam pagas à
5º Cancelamento
família nos meses seguintes são interrompi-
das;
■ Família é desligada do PBF.

5.1 Prazo de validade da situação de inadimplência

Para cada período de acompanhamento, serão consideradas em situação


de inadimplência as famílias com um ou mais membros que descumpriram as
condicionalidades. A soma dos descumprimentos de todos os integrantes gera
um registro de inadimplência para a família. Para cada registro, é aplicada uma
sanção correspondente. A situação de inadimplência é válida por 18 meses.
Esse período renova-se toda vez que é assinalado um novo registro de des-
cumprimento de condicionalidade para a família. Assim, no primeiro registro
de descumprimento de condicionalidades, a família torna-se inadimplente e
recebe uma advertência que não afeta o pagamento do benefício. Se no prazo
de 18 meses, contados a partir desse registro inicial, for assinalado um novo
registro de descumprimento de condicionalidade, a situação de inadimplência
da família é renovada por mais 18 meses e o pagamento do benefício é blo-
queado por 30 dias. Essa sistemática se repete até que ocorra o quinto registro
de descumprimento de condicionalidade, o que leva a família a ser desligada
do Programa. Por outro lado, se nos últimos 18 meses não houver qualquer
registro de descumprimento de condicionalidade, os registros anteriores são
desconsiderados e a família fica em situação regular no Programa.

5.2 Situações em que os registros de descumprimento de


condicionalidades serão desconsiderados

Os registros de descumprimento de condicionalidades serão desconside-


rados:
• Caso fique demonstrada a oferta irregular ou inadequada de serviços
de saúde e/ou educação necessários para o cumprimento da condicio-
nalidade;
• Por motivo de força maior ou caso fortuito, reconhecidos pelo municí-
pio;
• Se devidamente justificados pelo município, estando de acordo o MEC
ou o MS, conforme o caso.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
37
5.3 Notificação das sanções às famílias

Cada registro de descumprimento de condicionalidades deve ser comu-


nicado por escrito ao responsável legal pela família por parte do gestor mu-
nicipal do PBF, por meio do Formulário Notificação de Descumprimento de
Condicionalidade, constante no anexo I da Portaria nº 551. A notificação trata
da formalização do descumprimento da condicionalidade, de sua implicação
sobre os valores a serem recebidos e das conseqüências para a continuidade
da participação da família no Programa. Esse formulário está disponível na
página do PBF na internet.
As páginas 39 e 40, apresentam cópias dos anexos I e II da Portaria nº 551,
os quais exemplificam, respectivamente, o Formulário Notificação de Descum-
primento de Condicionalidade e o Formulário de Recurso.
Adicionalmente, o MDS poderá estabelecer mecanismo complementar de
comunicação do descumprimento de condicionalidades ao responsável legal,
sem prejuízo à responsabilidade do município.

38 PROGRAMA
Bolsa Família
Manual de Gestão
de Condicionalidades
39
40 PROGRAMA
Bolsa Família
5.4 Previsão de recurso

Caso não concorde com a notificação, o responsável legal tem 30 dias de


prazo para entregar ao gestor municipal do PBF o Formulário de Recurso, no
qual apresenta a justificativa para o cancelamento do registro do descumpri-
mento de condicionalidade. O Formulário de Recurso está disponível no anexo
II da Portaria nº 551 e também na página do PBF na internet. O Formulário
de Recurso deve ser fornecido, pelo gestor municipal do PBF, ao responsável
legal.

5.5 Previsão de resposta ao recurso

O gestor municipal do PBF tem 30 dias para decidir sobre o recurso e co-
municar por escrito sua decisão ao responsável legal pela família. O gestor
municipal do PBF deve encaminhar cópia dos recursos às ICS do Programa
que, por sua vez, também se manifestarão quanto à manutenção ou exclusão
da sanção aplicada à família.

5.6 Reingresso de famílias no Programa

O reingresso no Programa de famílias que tiveram seu benefício cancela-


do, mesmo após todos os esforços envidados pelo município para que aquelas
famílias cumprissem as condicionalidades, ocorrerá somente após 180 dias, a
contar a partir da data de desligamento do PBF, e desde que:

• Mantenham as condições de elegibilidade para participação no PBF;


• Haja disponibilidade de vagas para a concessão de novos benefícios
no município, de acordo com os critérios de expansão do Programa; e

• Inexistam famílias elegíveis já cadastradas e que ainda não tenham


sido beneficiadas.

5.7 Procedimentos quanto às famílias sem informação de


acompanhamento de condicionalidades

Problemas de atualização cadastral, principalmente quanto à alteração de


endereço, têm impedido a realização do acompanhamento das condicionali-
dades de algumas famílias, que recebem o registro de “não localizadas” no
sistema. As famílias com gestantes, nutrizes e crianças ou adolescentes de até
15 anos que não forem localizadas pelo município serão consideradas sem in-
formação de acompanhamento. Sem as informações, não há acompanhamen-

Manual de Gestão
de Condicionalidades
41
to das condicionalidades e nem é possível conhecer e atuar junto às famílias
mais vulneráveis.
Com o propósito de estimular tanto os municípios quanto as famílias a re-
alizarem a atualização das informações cadastrais, a Portaria n° 551 prevê
a aplicação de sanção às famílias “não localizadas” ou sem informação de
acompanhamento das condicionalidades. Assim, essas famílias, a critério do
MDS, poderão ter seus benefícios bloqueados por 60 dias e, posteriormente,
suspensos e cancelados.

5.8 Sanção para a ausência de informação pelos municípios

O sucesso do PBF depende da coordenação de esforços entre os governos


federal, estaduais e municipais. Nesse sentido, pressupõe a realização, pelo
município, dos procedimentos de gestão das condicionalidades, execução e
acompanhamento de todo o Programa. Caso isso não ocorra, poderá haver
denúncia ou rescisão da adesão do município ao Programa, nos termos da
Portaria MDS nº 246, de 20 de maio de 2005. Além disso, a ausência de infor-
mação proporciona redução dos recursos financeiros repassados ao município
por meio do Índice de Gestão Descentralizada (IGD).

42 PROGRAMA
Bolsa Família
6

Acompanhamento das
famílias em situação de
descumprimento de
condicionalidades
O Governo Federal elegeu o Programa Bolsa Família como o eixo estrutu-
rante a partir do qual devem se articular as diversas iniciativas governamen-
tais e não governamentais de combate às diferentes dimensões da pobreza.
A estratégia é articular de forma eficaz, em cada município e região do Brasil,
as ações, programas e políticas complementares executadas pelos diversos
atores do governo e da sociedade civil.
Nesse contexto, o MDS está desenvolvendo sistemática para apoiar os mu-
nicípios na ampliação e melhoria do acompanhamento das famílias beneficiá-
rias do Programa Bolsa Família (PBF) por intermédio do Programa de Atenção
Integral à Família (Paif). Essa sistemática destina-se aos beneficiários do PBF
que residem nas áreas de atuação do Paif, determinada pela abrangência do
Centro de Referência da Assistência Social (Cras), que engloba um total de até
1.000 famílias/ano.
O Cras é uma unidade pública estatal de base territorial, localizada em áre-
as de vulnerabilidade social, e que atua com as famílias e indivíduos em seu
contexto comunitário. É responsável pela oferta do Paif.
O Paif é ofertado por meio dos serviços socioassistenciais, socioeducativos
e de convivência, e de projetos de preparação para a inclusão produtiva volta-
dos para as famílias, seus membros e indivíduos, conforme suas necessidades
identificadas no território. Esse programa é parte importante do Sistema Único
de Assistência Social (Suas), de integração dos serviços socioassistenciais e
dos programas de transferência de renda.
O público prioritário da articulação Paif/PBF são as famílias com crianças,
adolescentes e gestantes que se encontram em situação de inadimplência com
o Bolsa Família. Ou seja, aquelas famílias que deixaram de cumprir qualquer
uma das condicionalidades das áreas de Saúde ou Educação. São famílias
mais vulneráveis, que demandam uma sistemática específica de acompanha-
mento familiar, mais do que advertência, bloqueios e as demais sanções pre-
vistas na legislação. Se um objetivo importante do Bolsa Família é reduzir a
pobreza entre gerações, é preciso buscar e apoiar as famílias no cumprimento
dos direitos fundamentais preconizados pela Constituição Federal de 1988.
O objetivo do acompanhamento realizado pelo Paif não é punir essas famí-
lias, mas direcionar para elas outras ações sociais específicas que contribuam

Manual de Gestão
de Condicionalidades
43
para reduzir seu acentuado grau de vulnerabilidade social.
Com o objetivo de oferecer uma metodologia para os serviços socioas-
sistenciais de apoio às famílias, na garantia dos direitos de suas crianças,
adolescentes e gestantes, o MDS publicou, ainda em fase preliminar, o guia
Orientações para o Acompanhamento das Famílias Beneficiárias do Programa
Bolsa Família no Âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que
apresenta um conjunto de orientações e sugestões para a realização do acom-
panhamento familiar. A versão eletrônica desse documento pode ser obtida no
site do MDS.

44 PROGRAMA
Bolsa Família
7

Mapa de atribuições
e responsabilidades na
Gestão de Condicionalidades
Em relação à Gestão de Condicionalidades, as atribuições de cada um dos
entes federados estão definidas em três portarias:
• Portaria Interministerial MEC/MDS nº 3.789, de 17 de novembro de
2004 – estabelece atribuições e normas para o cumprimento da condi-
cionalidade da freqüência escolar no Programa Bolsa Família;
• Portaria Interministerial MS/MDS nº 2.509, de 18 de novembro de 2004
– dispõe sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento
das ações de saúde relativas às condicionalidades das famílias benefi-
ciárias do Programa Bolsa Família;
• Portaria MDS nº 551, de 9 de novembro de 2005 – regulamenta a ges-
tão de condicionalidades do Programa Bolsa Família.

Assim, a Gestão de Condicionalidades envolve o exercício de atribuições


complementares e coordenadas no âmbito da União, estados, Distrito Federal
e municípios.

7.1 Atribuições e responsabilidades da União

7.1.1 Responsabilidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Com-


bate à Fome

• Realizar a articulação intersetorial, promover o apoio institucional e


supervisionar as ações governamentais para o acompanhamento das
condicionalidades do Programa Bolsa Família;
• Apoiar a descentralização do acompanhamento das condicionalidades
de saúde das famílias do Programa Bolsa Família, em conformidade
com as diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde;
• Capacitar, em articulação com o Ministério da Saúde, os responsáveis
técnicos e gestores estaduais e municipais, no âmbito da saúde, sobre
a gestão do Programa Bolsa Família;
• Apoiar a capacitação, em articulação com o Ministério da Educação,
dos gestores estaduais e municipais e responsáveis técnicos sobre o
sistema de freqüência escolar;
• Disciplinar e proceder os encaminhamentos necessários à repercus-

Manual de Gestão
de Condicionalidades
45
são financeira na folha de pagamentos do Programa Bolsa Família, em
caso do não-cumprimento pelas famílias da agenda de saúde prevista
no artigo 6º da Portaria Interministerial nº 2.509;
• Proceder à repercussão do descumprimento da condicionalidade do
Programa Bolsa Família, no que se refere à freqüência escolar, a partir
das informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação;
• Disponibilizar as informações sobre a folha de pagamentos do Progra-
ma Bolsa Família, visando integrar políticas setoriais com o Ministério
da Educação;
• Disponibilizar periodicamente a base do Cadastro Único atualizada ao
Ministério da Saúde e ao Ministério da Educação;
• Editar normas complementares;
• Disponibilizar os dados consolidados de descumprimento das condi-
cionalidades das áreas de Saúde e Educação, no âmbito das famílias
beneficiárias do PBF, aos estados, Distrito Federal e municípios, aos
órgãos de controle social formalmente constituídos, ao MEC e ao MS.

7.1.2 Responsabilidades do Ministério da Saúde

• Designar a Secretaria de Atenção à Saúde como a área técnica res-


ponsável pela gestão federal do acompanhamento das condicionalida-
des de saúde do Programa Bolsa Família;
• Estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o acompanha-
mento das famílias, no âmbito da saúde, e a sua divulgação aos estados
e municípios;
• Elaborar e manter em funcionamento os aplicativos da Vigilância Ali-
mentar e Nutricional, para o acompanhamento das famílias do Progra-
ma Bolsa Família;
• Capacitar os responsáveis técnicos e gestores estaduais para o apoio
aos municípios na implementação das ações de acompanhamento das
famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde;
• Analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do
Programa Bolsa Família, gerados pelos municípios, e encaminhá-los ao
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
• Disponibilizar os relatórios de acompanhamento das famílias do Pro-
grama Bolsa Família, no âmbito da saúde, aos estados, Distrito Fede-
ral, municípios e ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome.

7.1.3 Responsabilidades do Ministério da Educação

• Indicar a área técnica responsável pela gestão federal do sistema de


freqüência escolar;
• Estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o sistema de

46 PROGRAMA
Bolsa Família
freqüência escolar e a sua divulgação aos estados, Distrito Federal e
municípios;
• Manter em funcionamento o Sistema de Freqüência Escolar, disponi-
bilizando-o a estados, Distrito Federal e municípios;
• Promover a capacitação dos gestores municipais e estaduais visan-
do à implementação e ao desenvolvimento das ações relacionadas ao
acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;
• Analisar os dados consolidados de acompanhamento da freqüência
escolar dos alunos, para orientar políticas educacionais;
• Disponibilizar, ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, informações decorrentes do acompanhamento da freqüência es-
colar;
• Elaborar e divulgar, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, o calendário anual da freqüência escolar.

7.2 Atribuições e responsabilidades dos estados

7.2.1 Responsabilidades do titular da Secretaria Estadual de Saúde

• Indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coor-


denar o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no
âmbito da saúde;
• Participar da instância de gestão intersetorial do Programa Bolsa Fa-
mília prevista no artigo 13 do Decreto nº 5.209, de 2004, no âmbito es-
tadual;
• Divulgar as normas sobre o acompanhamento das famílias pelo setor
público de Saúde aos municípios, em conformidade com as diretrizes
técnicas e operacionais do Ministério da Saúde;
• Apoiar, tecnicamente, os municípios na implantação da Vigilância Ali-
mentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do
Programa Bolsa Família;
• Apoiar, tecnicamente, os municípios na implementação das ações bá-
sicas de saúde previstas nos artigos 1º e 6º da Portaria Interministerial
nº 2.509;
• Coordenar e supervisionar, em âmbito estadual, a implantação da Vi-
gilância Alimentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das
famílias do Programa Bolsa Família;
• Analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do
Programa Bolsa Família, gerados pelos municípios, visando constituir
diagnóstico para subsidiar a política estadual de saúde e de segurança
alimentar e nutricional.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
47
7.2.2 Responsabilidades do titular da Secretaria Estadual de Educação

• Indicar um responsável técnico para coordenar o acompanhamento da


freqüência escolar em âmbito estadual;
• Integrar a Coordenação Estadual do Programa Bolsa Família, confor-
me o artigo 13 do Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004;
• Divulgar, aos municípios, as normas sobre o acompanhamento das
famílias pelo setor público de Educação, em conformidade com as dire-
trizes técnicas e operacionais do Ministério da Educação;
• Apoiar os municípios na implantação do Sistema de Freqüência Es-
colar, com vistas ao acompanhamento das condicionalidades de edu-
cação;
• Disponibilizar, aos órgãos municipais de Educação, as informações
necessárias ao acompanhamento da freqüência escolar dos alunos da
rede estadual;
• Apoiar a implementação de ações de educação e de promoção social
em âmbito municipal;
• Coordenar, em âmbito estadual, a implantação e o desenvolvimento
do Sistema de Freqüência Escolar, com vistas ao acompanhamento das
condicionalidades de educação;
• Analisar os dados consolidados de acompanhamento dos alunos, ge-
rados pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsidiar a
política estadual de educação.

7.2.3 Responsabilidades do coordenador estadual do Bolsa Família

• Promover a capacitação dos municípios para realizar a gestão de con-


dicionalidades;
• Oferecer apoio técnico aos municípios para a execução da gestão de
condicionalidades;
• Fornecer infra-estrutura para a transmissão de dados aos municípios
que necessitarem;
• Acompanhar, quando for o caso, a integração dos programas estadu-
ais de transferência de renda com condicionalidades ao Bolsa Família,
realizada por meio de pactuação assinada entre o Governo Federal e os
governos estaduais.

7.3 Atribuições e responsabilidades dos municípios e do Distrito Federal

7.3.1 Responsabilidades do titular do órgão municipal de Saúde

• Indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coor-


denar o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no
âmbito da saúde;

48 PROGRAMA
Bolsa Família
• Participar da coordenação intersetorial do Programa Bolsa Família pre-
vista no artigo 14 do Decreto nº 5.209, de 2004, no âmbito municipal;
• Implantar a Vigilância Alimentar e Nutricional, que proverá as informa-
ções sobre o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Famí-
lia;
• Coordenar o processo de inserção e atualização das informações de
acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família nos aplicati-
vos da Vigilância Alimentar e Nutricional;
• Prover as ações básicas de saúde que são mencionadas nos artigos
1º e 6º da Portaria Interministerial nº 2.509;
• Estimular e mobilizar as famílias para o cumprimento das ações men-
cionadas no artigo 6º dessa portaria;
• Promover as atividades educativas sobre aleitamento materno e ali-
mentação saudável;
• Capacitar as equipes de saúde para o acompanhamento de gestantes,
nutrizes e crianças das famílias do Programa Bolsa Família;
• Prover, semestralmente, o acompanhamento das famílias atendidas
pelo Programa Bolsa Família;
• Informar, ao órgão municipal responsável pelo Cadastro Único, qual-
quer alteração identificada sobre os dados cadastrais das famílias bene-
ficiadas pelo Programa Bolsa Família.

7.3.2 Atribuições do responsável técnico encarregado de coordenar o


acompanhamento das condicionalidades da área de Saúde

• Capacitar a equipe de saúde quanto ao preenchimento do Mapa Diá-


rio de Acompanhamento, principalmente em relação aos dados nutricio-
nais, ao aleitamento materno e às doenças associadas ou relacionadas
à alimentação e nutrição;
• Distribuir, para cada unidade de saúde e/ou equipe do ACS/ESF, o
Mapa Diário de Acompanhamento já impresso com o NIS, nome e en-
dereço dos beneficiários do Bolsa Família a serem acompanhados. O
Mapa Diário de Acompanhamento já preenchido está disponível para
consulta e impressão no Módulo de Gestão do Sisvan. Há também a
opção de imprimir o Mapa Diário de Acompanhamento em branco, ou
seja, sem a relação dos beneficiários do Bolsa Família. Nesse caso, es-
sas informações deverão ser preenchidas pelo Agente Comunitário de
Saúde (ACS) no momento da visita domiciliar ou durante a execução de
outra medida adotada pela equipe de Saúde local;
• Orientar a equipe de Saúde para que anote no Mapa Diário de Acom-
panhamento os dados de todas as crianças e/ou gestantes beneficiárias
do Programa Bolsa Família;
• Solicitar que, ao final do dia, do mês, ou em prazo estipulado como
rotina, as equipes de Saúde devolvam ao responsável técnico o Mapa

Manual de Gestão
de Condicionalidades
49
Diário de Acompanhamento preenchido com as informações sobre as
condicionalidades;
• Providenciar a digitação das informações do Mapa Diário de Acom-
panhamento no Módulo de Gestão do Sisvan. Para evitar o acúmulo
de trabalho e possíveis congestionamentos nas vias de transmissão de
dados, recomenda-se realizar a digitação dessas informações antes dos
dias anteriores à data final do período de registro;
• Participar da coordenação intersetorial do Programa Bolsa Família;
• Indicar famílias do Cadastro Único para serem incluídas no PBF.
7.3.3 Responsabilidades do titular do órgão municipal de Educação

• Indicar um responsável técnico para coordenar o Sistema de Freqüência


Escolar;
• Instituir uma instância de recurso aos beneficiários que permita a re-
visão de procedimentos operacionais relacionados com o acompanha-
mento da freqüência escolar;
• Integrar a Coordenação Municipal do Programa Bolsa Família, confor-
me o artigo 14 do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;
• Promover a atualização das informações necessárias ao acompanha-
mento da freqüência escolar, principalmente o código de identificação
da escola, estabelecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e a série ou o ciclo escolar dos alu-
nos;
• Promover a apuração mensal da freqüência escolar dos alunos nos
respectivos estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, plane-
jando ao longo do bimestre a recepção, a consolidação e a transmissão
das informações;
• Orientar as famílias sobre a importância da participação efetiva no
processo educacional das crianças e adolescentes para a promoção e
melhoria das condições de vida, na perspectiva da inclusão social;
• Orientar e sensibilizar as famílias para o cumprimento das responsabi-
lidades mencionadas no artigo 11 da Portaria Interministerial nº 3.789;
• Apoiar ações educativas, visando assegurar o desenvolvimento inte-
gral dos alunos e combater a evasão e o abandono escolar;
• Capacitar os profissionais de educação para o acompanhamento da
freqüência escolar dos alunos;
• Articular com a Secretaria Estadual de Educação o estabelecimento
de fluxo de informações para o efetivo acompanhamento da freqüência
escolar dos alunos da rede estadual;
• Pactuar com as escolas da rede privada o estabelecimento de fluxo
de informações para o efetivo acompanhamento da freqüência escolar
dos alunos;
• Supervisionar os lançamentos efetuados no Sistema de Freqüência

50 PROGRAMA
Bolsa Família
Escolar, responsabilizando administrativa, civil ou penalmente quando
comprovada irregularidade de procedimentos.

7.3.4 Atribuições do responsável técnico encarregado de coordenar o


acompanhamento das condicionalidades da área de Educação

• Sensibilizar as escolas – dirigentes, professores e área administrativa


– sobre o significado e a importância do acompanhamento da freqüência
escolar no âmbito do Programa Bolsa Família como fator de perma-
nência de crianças e adolescentes na escola e de combate à evasão
escolar;
• Promover a coleta mensal da freqüência dos alunos beneficiários, pla-
nejando e estabelecendo estratégias adequadas conforme a realidade
de cada município;
• Estabelecer acordo com as escolas privadas para esse procedimen-
to;
• Estabelecer fluxo de informação com as escolas dos municípios vizi-
nhos nas quais estudam crianças que moram com suas famílias em seu
município;
• Articular com as escolas estaduais sediadas no município a coleta dos
dados da freqüência. Havendo necessidade, solicitar formalmente esse
apoio por meio das secretarias municipal e estadual, e ainda junto ao
gestor estadual do Programa Bolsa Família – área de Educação;
• Atuar com efetividade junto à área social responsável pelo cadastro
das famílias para localizar os alunos não encontrados nas escolas, para
que seja regularizada a situação de todas as crianças beneficiárias;
• Fazer o registro da freqüência coletada no sistema lembrando que,
para cada aluno, é fundamental informar uma das seguintes condições:
freqüência superior a 85% (deixar em branco), freqüência inferior a 85%
(registrar percentual e motivo) ou aluno não localizado (marcar). Não
deixar aluno sem informação;
• Informar na funcionalidade “freqüência total por escola” somente os
casos em que de fato todos os alunos daquela escola tiveram freqüência
superior a 85%;
• Informar a freqüência dos alunos relacionados no código Inep 9999
(escola não identificada) somente após processar o registro do código
Inep da escola na qual foram localizados e informar a série atual. Caso
a escola não apareça na base do Inep, registrar ao menos a série esco-
lar atual. O registro da freqüência desse conjunto conta com orientação
específica no Manual Operacional do Sistema;
• Supervisionar os registros lançados por meio das informações geren-
ciais disponíveis, atentando para a responsabilização administrativa, ci-
vil e penal se comprovada irregularidade de procedimentos;
• Encaminhar os dados consolidados da freqüência escolar ao gestor

Manual de Gestão
de Condicionalidades
51
municipal e à instância de controle social do PBF no município, com
destaque para os motivos que provocaram a baixa freqüência, a fim de
que sejam tomadas as providências e ações adequadas para resolução
dos problemas identificados.

7.3.5 Responsabilidades do gestor municipal do PBF

• Articular, capacitar e mobilizar os agentes envolvidos nos procedimen-


tos de acompanhamento das condicionalidades;
• Mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a impor-
tância do cumprimento das condicionalidades;
• Realizar o acompanhamento sistemático das famílias com dificuldades
no cumprimento das condicionalidades, avaliando as causas e promo-
vendo, sempre que necessário, a redução da situação de risco por meio
da inserção da família em programas e ações voltados para combater
os efeitos da vulnerabilidade identificada;
• Notificar, formalmente, o responsável legal pela família, quando iden-
tificar o descumprimento de condicionalidade, conforme modelo padrão
constante do anexo I da Portaria nº 551, sem prejuízo de outras formas
definidas em normas complementares;
• Encaminhar, para conhecimento da instância de controle social do
Programa, a relação das famílias que devem ter o benefício cancelado
em decorrência do descumprimento de condicionalidades;
• Inscrever as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza na
base do Cadastro Único e manter atualizado e organizado todo o Ca-
dastro;
• Realizar a gestão dos benefícios como bloqueio, desbloqueio e cance-
lamento de repasses financeiros das famílias com irregularidades;
• Promover a apuração e o encaminhamento às instâncias cabíveis de
possíveis situações irregulares;
• Promover o acesso aos serviços de educação e saúde, a fim de per-
mitir o cumprimento das condicionalidades;
• Acompanhar as famílias no cumprimento das condicionalidades;
• Acompanhar as famílias beneficiárias, em especial as que se encon-
tram em situação de maior vulnerabilidade social;
• Estabelecer parcerias com instituições governamentais e não-gover-
namentais, para oferta de programas complementares aos beneficiários
do PBF.

7.3.6 Responsabilidades da instância municipal de controle social

• Acompanhar a oferta, por parte dos governos locais, dos serviços pú-
blicos necessários ao cumprimento das condicionalidades do Programa
Bolsa Família pelas famílias beneficiárias;

52 PROGRAMA
Bolsa Família
• Articular-se com os conselhos de políticas setoriais existentes no mu-
nicípio para assegurar a oferta dos serviços para o cumprimento das
condicionalidades;
• Conhecer a lista dos beneficiários que não cumprirem as condicio-
nalidades, periodicamente atualizada, e sem prejuízo das implicações
éticas e normativas relativas ao uso da informação;
• Analisar o resultado e as repercussões do acompanhamento das con-
dicionalidades no município;
• Contribuir para o aperfeiçoamento da rede de proteção social, estimu-
lando o poder público local a acompanhar as famílias com dificuldades
no cumprimento das condicionalidades que devem observar em decor-
rência de sua participação no Programa.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
53
Anexos

ANEXO I
PORTARIA INTERMINISTERIAL MEC/MDS N° 3.789,
DE 17 DE NOVEMBRO DE 2004
(Publicada no DOU n° 221, em 18 de novembro de 2004)

Estabelece atribuições e normas para o cumprimento da Condicionalidade da Fre-


qüência Escolar no Programa Bolsa Família.

O Ministro de Estado da Educação e o Ministro de Estado do Desenvolvimento


Social e Combate à Fome, com base no disposto na Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de
2004, na Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no § 3° do art. 54 da Lei n° 8.069,
de 13 de julho de 1990, no uso das atribuições que lhes confere o art. 28 do Decreto
n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, e considerando que constitui fundamento do
Programa Bolsa Família a associação de transferência de renda ao direito básico de
acesso à educação e permanência na escola;

Considerando que a concretização do direito à educação compreende responsa-


bilidades tanto por parte do Estado quanto da sociedade e dos indivíduos, cabendo à
União, Estados, Distrito Federal e Municípios o papel de oferecer os serviços básicos
de educação, de forma digna e com qualidade, elemento fundamental para a inclusão
social das famílias beneficiadas;

Considerando que a escola é um espaço de construção de conhecimento, formação


humana e proteção social às crianças e adolescentes e que o baixo índice de freqüência
escolar é um dos indicadores de situação de risco que deve ser considerado na defini-
ção de políticas de proteção à família;

Considerando que há necessidade de interferir nos baixos índices de freqüência e


evasão escolar no ensino fundamental, que são relacionados com a situação socioe-
conômica e cultural das famílias, dentre outras situações que interferem no desenvolvi-
mento integral do aluno, resolvem:

Art. 1° Estabelecer atribuições e normas de cumprimento da Condicionalidade da


Freqüência Escolar das crianças e adolescentes de 6 a 15 anos de idade que compo-
nham as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.
§ 1° Caberá ao Poder Público a oferta de serviços de educação com acompanha-
mento da freqüência escolar dos alunos.
§ 2° Caberá às famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família zelar pela freqüên-
cia escolar em estabelecimento regular de ensino.

Art. 2° A freqüência escolar deverá ser apurada mensalmente pelos estabelecimen-


tos regulares de ensino para verificação do índice mínimo de 85% (oitenta e cinco por
cento) da carga horária mensal.
§ 1° O índice percentual da freqüência escolar mensal do aluno será calculado com
base nos dias letivos do calendário escolar de cada sistema ou estabelecimento de
ensino.

54 PROGRAMA
Bolsa Família
§ 2° As horas cumpridas pelos alunos em atividades complementares, em caráter
de jornada escolar estendida, não serão consideradas para efeito de apuração da fre-
qüência escolar.
§ 3° A obtenção, pelos alunos, de índices mensais de freqüência escolar inferiores
a 85% (oitenta e cinco por cento) deverá ser avaliada pelo dirigente do estabelecimento
de ensino, com vistas à comunicação aos pais ou responsáveis no sentido de restabe-
lecer a freqüência mínima e, conforme o caso, informar ao Conselho Tutelar para as
medidas cabíveis.

Art. 3° O resultado da apuração mensal da Freqüência Escolar deverá ser consoli-


dado bimestralmente de forma descentralizada, conforme calendário agendado.
§ 1° As informações serão registradas no sistema de freqüência escolar com acesso
permitido por meio de senha individual, cuja utilização atribui responsabilidade pela
veracidade das informações.
§ 2° O registro de freqüência escolar no sistema de que trata o caput será realiza-
do:
I – para cada aluno com índice mensal de freqüência escolar inferior a 85% (oitenta
e cinco por cento); e
II – para cada estabelecimento de ensino em que a freqüência escolar de todos os
respectivos alunos inscritos no Programa Bolsa Família seja superior a esse percen-
tual.

Art. 4° Definir como atribuições dos dirigentes dos estabelecimentos de ensino que
contarem com alunos beneficiários do Programa Bolsa Família:
I – identificar e disponibilizar ao gestor municipal dados atualizados dos alunos e
ocorrências, como mudança de endereço, transferência, abandono e falecimento;
II – no caso de transferência de escola, informar o nome do estabelecimento de
ensino de destino;
III – cumprir os prazos estabelecidos no calendário para a apuração, registro e en-
caminhamento da freqüência escolar dos alunos para o gestor municipal;
IV – comunicar ao Conselho Tutelar fatos relativos ao Art. 56 do ECA;
V – informar, quando for o caso, as justificativas apresentadas pelo responsável do
aluno para freqüência inferior a 85% da carga horária mensal ao gestor municipal.

Art. 5° O gestor do sistema de freqüência escolar no município deverá ser o titular


do órgão municipal de educação.

Art. 6° São atribuições do gestor municipal do sistema de freqüência escolar:


I – indicar um responsável técnico para coordenar o sistema de freqüência escolar;
II – instituir uma instância de recurso aos beneficiários que permita a revisão de pro-
cedimentos operacionais relacionados com o acompanhamento da freqüência escolar;
III – integrar a Coordenação Municipal do Programa Bolsa Família, conforme o Art.
14, do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;
IV – promover a atualização das informações necessárias ao acompanhamento
da freqüência escolar, principalmente o código de identificação da escola estabelecido
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP e a
série ou o ciclo escolar dos alunos;
V – promover a apuração mensal da freqüência escolar dos alunos nos respectivos
estabelecimentos de ensino, público ou privado, planejando ao longo do bimestre a
recepção, a consolidação e a transmissão das informações;

Manual de Gestão
de Condicionalidades
55
VI – garantir, por meios diversificados, considerando as realidades do seu municí-
pio, a coleta de freqüência escolar;
VII – orientar as famílias sobre a importância da participação efetiva no processo
educacional das crianças e adolescentes para a promoção e melhoria das condições
de vida, na perspectiva da inclusão social;
VIII – orientar e sensibilizar as famílias para o cumprimento das responsabilidades
mencionadas no artigo 11 desta Portaria;
IX – apoiar ações educativas visando assegurar o desenvolvimento integral dos
alunos e combater a evasão e o abandono escolar;
X – capacitar os profissionais de educação para o acompanhamento da freqüência
escolar dos alunos;
XI – articular com a Secretaria Estadual de Educação o estabelecimento de fluxo de
informações objetivando o efetivo acompanhamento da freqüência escolar dos alunos
da rede estadual;
XII – pactuar com as escolas da rede privada o estabelecimento de fluxo de informa-
ções objetivando o efetivo acompanhamento da freqüência escolar dos alunos;
XIII – supervisionar os lançamentos efetuados no sistema de freqüência escolar,
responsabilizando administrativa, civil ou penal quando comprovada irregularidade de
procedimentos.
Parágrafo Único. O gestor poderá propor ao Poder Público Municipal o estabeleci-
mento de parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais, gover-
namentais ou não-governamentais, para o fomento de atividades emancipatórias das
famílias na perspectiva da inclusão social.

Art. 7° O gestor do sistema de freqüência escolar no estado deverá ser o titular da


Secretaria Estadual de Educação.

Art. 8° São atribuições do gestor estadual do sistema de freqüência escolar:


I – indicar um responsável técnico para coordenar o sistema de freqüência escolar
em âmbito estadual;
II – integrar a Coordenação Estadual do Programa Bolsa Família, conforme o Art. 13,
do Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004;
III – divulgar, aos municípios, as normas sobre o acompanhamento das famílias
pelo setor público de educação, em conformidade com as diretrizes técnicas e opera-
cionais do Ministério da Educação;
IV – apoiar os municípios na implantação do sistema de freqüência escolar, com
vistas ao acompanhamento dos alunos;
V – disponibilizar aos órgãos municipais de educação as informações necessárias
ao cumprimento do acompanhamento da freqüência escolar dos alunos da rede esta-
dual;
VI – apoiar a implementação de ações de educação e de promoção social em âm-
bito municipal;
VII – coordenar em âmbito estadual, a implantação e o desenvolvimento do sistema
de freqüência escolar, com vistas ao acompanhamento dos alunos;
VIII – analisar os dados consolidados de acompanhamento dos alunos, gerados
pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsidiar a política estadual de
educação.
Parágrafo Único. O gestor poderá propor ao Poder Público Estadual o estabeleci-
mento de parcerias com órgãos e instituições municipais, estaduais e federais, gover-
namentais ou não-governamentais, para o fomento de atividades emancipatórias das
famílias na perspectiva da inclusão social.

56 PROGRAMA
Bolsa Família
Art. 9° Definir como atribuições do Ministério da Educação no Programa Bolsa Fa-
mília:
I – indicar a área técnica responsável pela gestão federal do sistema de freqüência
escolar dos alunos;
II – estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o sistema de freqüência
escolar dos alunos e a sua divulgação aos estados e municípios;
III – manter o funcionamento do sistema de freqüência escolar, disponibilizando-o a
estados e municípios;
IV – promover a capacitação dos gestores municipais e estaduais visando a imple-
mentação e desenvolvimento das ações relacionadas ao acompanhamento da freqüên-
cia escolar dos alunos;
V – analisar os dados consolidados de acompanhamento da freqüência escolar dos
alunos, para orientar políticas educacionais;
VI – disponibilizar, ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
informações decorrentes do acompanhamento da freqüência escolar;
VII – elaborar e divulgar, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, o calendário anual da freqüência escolar.
Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, o Ministério da
Educação poderá apoiar o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições mu-
nicipais, estaduais e federais, governamentais e não governamentais, para o desenvol-
vimento de ações educativas aos alunos e às famílias.

Art. 10 Definir como atribuições do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate


à Fome:
I – realizar a articulação intersetorial, promover o apoio institucional e supervisio-
nar as ações governamentais para o cumprimento das condicionalidades do Programa
Bolsa Família;
II – apoiar a capacitação, em articulação com o Ministério da Educação, dos ges-
tores estaduais e municipais e responsáveis técnicos sobre o sistema de freqüência
escolar;
III – disponibilizar periodicamente a base do cadastramento único atualizada ao
Ministério da Educação;
IV – disponibilizar as informações sobre a folha de pagamentos do Programa Bolsa
Família, visando integrar políticas setoriais com o Ministério da Educação;
V – proceder a repercussão do descumprimento da condicionalidade do Programa
Bolsa Família, no que se refere à freqüência escolar, a partir das informações disponi-
bilizadas pelo Ministério da Educação.

Art. 11 Definem-se para o responsável legal das famílias atendidas pelo Programa
Bolsa Família as seguintes responsabilidades:
I – efetivar, observada a legislação escolar vigente, a matrícula escolar em estabe-
lecimento regular de ensino;
II – garantir a freqüência escolar de no mínimo 85% (oitenta e cinco por cento) da
carga horária mensal do ano letivo;
III – informar imediatamente à escola, quando da impossibilidade de compareci-
mento do aluno à aula, apresentando, se existente, a devida justificativa da falta.

Art. 12 O Ministério da Educação e o Ministério do Desenvolvimento Social e Com-


bate à Fome, no âmbito desta Portaria, poderão celebrar convênios e acordos de coo-
peração entre si, ou com Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades civis legal-
mente constituídas.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
57
Art. 13 Para efeito de cumprimento do estabelecido nesta Portaria o Distrito Federal
equipara-se aos Municípios.

Art. 14 Os Estados, Distrito Federal e Municípios que reunirem as condições técni-


cas e operacionais para a realização do acompanhamento da freqüência escolar po-
derão exercer essa atribuição, mediante a realização de Termo de Cooperação com o
Ministério da Educação e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
admitida a adaptação das regras estabelecidas nesta Portaria.

Art. 15 Os conselhos municipais, estaduais e nacional de educação poderão ter


acesso, nos seus respectivos níveis de competência, aos dados e informações do
acompanhamento da condicionalidade da freqüência escolar objetivando subsidiar de-
finições de ações e políticas educacionais.

Art. 16 Os alunos beneficiários do Programa Bolsa Escola terão a freqüência esco-


lar acompanhada em conformidade com o disposto nesta Portaria.

Art. 17 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TARSO GENRO
Ministro de Estado da Educação

PATRUS ANANIAS
Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ANEXO II
PORTARIA INTERMINISTERIAL MS/MDS N° 2.509,
DE 18 DE NOVEMBRO DE 2004
(Publicada no DOU n° 223, em 22 de novembro de 2004)

Dispõe sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das ações


de saúde relativas às condicionalidades das famílias beneficiárias do Programa Bolsa
Família.

O Ministro de Estado da Saúde e o Ministro de Estado do Desenvolvimento Social


e Combate à Fome, com base no disposto na Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de 2004,
que cria o Programa Bolsa Família, no uso das atribuições que lhes confere o art. 28 do
Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, e Considerando que uma das principais
características do Programa Bolsa Família é a associação da transferência de renda
com o acesso aos direitos sociais básicos de saúde e nutrição, constituindo-se como
elemento fundamental para a inclusão social das famílias;

Considerando que a concretização desses direitos compreendem responsabilida-


des tanto por parte do Estado quanto da sociedade e dos indivíduos, cabendo à União,
Estados, Distrito Federal e Municípios a responsabilidade de ofertar os serviços básicos
de saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, de forma digna e com quali-
dade;

58 PROGRAMA
Bolsa Família
Considerando que a desnutrição que prevalece no país atinge, preponderantemen-
te, as crianças de famílias pobres, em localidades de baixo desenvolvimento social e
humano, refletindo-se em altas taxas de mortalidade infantil, cuja reversão requer a
garantia de atenção à saúde, numa abordagem familiar; e

Considerando que é imperativo atuar na diminuição das desigualdades e empreen-


der esforços para equalizar as chances de todas as famílias a uma vida digna, resol-
vem:

Art. 1° Dispor sobre as atribuições e normas para a oferta e o monitoramento das


ações de saúde relativas às condicionalidades das famílias beneficiárias do Programa
Bolsa Família.
§ 1° Caberá ao setor público de saúde a oferta de serviços para o acompanhamento
do crescimento e desenvolvimento infantil, da assistência ao pré-natal e ao puerpério,
da vacinação, bem como da Vigilância Alimentar e Nutricional de crianças menores de
7 (sete) anos.
§ 2° As famílias beneficiárias com gestantes, nutrizes e crianças menores de 7
(sete) anos de idade deverão ser assistidas por uma equipe de saúde da família, por
agentes comunitários de saúde ou por unidades básicas de saúde, que proverão os
serviços necessários ao cumprimento das ações de responsabilidade da família.

Art. 2° Compete às Secretarias Municipais de Saúde no Programa Bolsa Família:


I – indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coordenar o acom-
panhamento das famílias do Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde, sendo reco-
mendado, preferencialmente, um nutricionista;
II – participar da coordenação intersetorial do Programa Bolsa Família prevista no
art. 14 do Decreto n° 5.209, de 2004, no âmbito municipal;
III – implantar a Vigilância Alimentar e Nutricional, que proverá as informações sobre
o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;
IV – coordenar o processo de inserção e atualização das informações de acompa-
nhamento das famílias do Programa Bolsa Família nos aplicativos da Vigilância Alimen-
tar e Nutricional;
V – prover as ações básicas de saúde que são mencionadas nos artigos 1° e 6°
desta Portaria;
VI – estimular e mobilizar as famílias para o cumprimento das ações mencionadas
no artigo 6° desta Portaria;
VII – promover as atividades educativas sobre aleitamento materno e alimentação
saudável;
VIII – capacitar as equipes de saúde para o acompanhamento de gestantes, nutri-
zes e crianças das famílias do Programa Bolsa Família, conforme o manual operacional
a ser divulgado pelo Ministério da Saúde;
IX – prover, semestralmente, o acompanhamento das famílias atendidas pelo Pro-
grama Bolsa Família;
X – Informar ao órgão municipal responsável pelo Cadastramento Único qualquer
alteração identificada sobre os dados cadastrais das famílias beneficiadas pelo Progra-
ma Bolsa Família.
Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, as secretarias mu-
nicipais de saúde poderão estabelecer parcerias com órgãos e instituições municipais,
estaduais e federais, governamentais e não-governamentais para o fomento de ativida-
des complementares às famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
59
Art. 3° Compete às Secretarias Estaduais de Saúde no Programa Bolsa Família:
I – indicar um responsável técnico – profissional de saúde – para coordenar o acom-
panhamento das famílias Programa Bolsa Família, no âmbito da saúde, sendo reco-
mendado, preferencialmente, um nutricionista;
II – participar da instância de gestão intersetorial do Programa Bolsa Família previs-
ta no art. 13 do Decreto n° 5.209, de 2004, no âmbito estadual;
III – divulgar as normas sobre o acompanhamento das famílias pelo setor público
de saúde aos municípios, em conformidade com as diretrizes técnicas e operacionais
do Ministério da Saúde;
IV – apoiar, tecnicamente, os municípios na implantação da Vigilância Alimentar e
Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;
V – apoiar tecnicamente os municípios na implementação das ações básicas de
saúde previstas nos artigos 1° e 6° desta Portaria;
VI – coordenar e supervisionar, em âmbito estadual, a implantação da Vigilância Ali-
mentar e Nutricional, com vistas ao acompanhamento das famílias do Programa Bolsa
Família;
VII – analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do Progra-
ma Bolsa Família, gerados pelos municípios, visando constituir diagnóstico para subsi-
diar a política estadual de saúde e de segurança alimentar e nutricional.

Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, as secretarias es-


taduais de saúde poderão apoiar o estabelecimento de parcerias com órgãos e insti-
tuições municipais, estaduais e federais, governamentais e não-governamentais para
o fomento de atividades complementares às famílias atendidas pelo Programa Bolsa
Família.

Art. 4° Compete ao Ministério da Saúde no Programa Bolsa Família:


I – designar a Secretaria de Atenção Básica da Saúde, como a área técnica respon-
sável pela gestão federal do acompanhamento do cumprimento das condicionalidades
de saúde das famílias do Programa Bolsa Família;
II – estabelecer as diretrizes técnicas e operacionais sobre o acompanhamento das
famílias, no âmbito do setor saúde, e a sua divulgação aos estados e municípios;
III – elaborar e manter em funcionamento os aplicativos da Vigilância Alimentar e
Nutricional, para o acompanhamento das famílias do Programa Bolsa Família;
IV – capacitar os responsáveis técnicos e gestores estaduais para o apoio aos mu-
nicípios na implementação das ações de acompanhamento das famílias do Programa
Bolsa Família, no âmbito da saúde;
V – analisar os dados consolidados de acompanhamento das famílias do Programa
Bolsa Família, gerados pelos municípios e encaminhá-los para o Ministério do Desen-
volvimento Social e Combate à Fome;
VI – disponibilizar os relatórios de acompanhamento das famílias do Programa Bol-
sa Família, no âmbito da saúde, aos Estados, Distrito Federal, Municípios e Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Parágrafo Único. Além das atribuições descritas anteriormente, o Ministério da
Saúde poderá apoiar o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições muni-
cipais, estaduais e federais, governamentais e não governamentais para o fomento de
atividades complementares às famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família.

Art. 5° Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no


Programa Bolsa Família:

60 PROGRAMA
Bolsa Família
I – realizar a articulação intersetorial, promover o apoio institucional e supervisio-
nar as ações governamentais para o cumprimento das condicionalidades do Programa
Bolsa Família;
II – apoiar a descentralização do acompanhamento das condicionalidades da saúde
das famílias do Programa Bolsa Família, em conformidade com as diretrizes e princí-
pios do Sistema Único de Saúde;
III – disciplinar e proceder aos encaminhamentos necessários à repercussão finan-
ceira na folha de pagamentos do Programa Bolsa Família, quando do não cumprimento
pelas famílias da agenda de saúde prevista no artigo 6° desta Portaria;
IV – capacitar, em articulação com o Ministério da Saúde, os responsáveis técnicos
e gestores estaduais e municipais, no âmbito da saúde, sobre a gestão do Programa
Bolsa Família;
V – disponibilizar periodicamente a base do Cadastro Único atualizada ao Ministério
da Saúde.

Art. 6° São definidas como responsabilidades das famílias atendidas no Programa


Bolsa Família:
I – para as gestantes e nutrizes, no que couber:
a) inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais
próxima de sua residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário
mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde;
b) participar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre alei-
tamento materno e promoção da alimentação saudável.
II – para os responsáveis pelas crianças menores de 7 (sete) anos:
a) levar a criança à Unidade de Saúde ou ao local de campanha de vacinação,
mantendo, em dia, o calendário de imunização, conforme preconizado pelo Ministério
da Saúde;
b) levar a criança às unidades de saúde, portando o cartão de saúde da criança,
para a realização do acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento e de
outras ações, conforme o calendário mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde.
III – informar ao órgão municipal responsável pelo Cadastramento Único qualquer
alteração no seu cadastro original objetivando a atualização do cadastro da sua famí-
lia.
Parágrafo Único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
informar e orientar as famílias sobre seus direitos e responsabilidades no Programa
Bolsa Família e sobre a importância da freqüência aos serviços de saúde para a melho-
ria das condições de saúde e nutrição de seus membros.

Art. 7° O Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate


à Fome poderão celebrar convênios e acordos de cooperação entre si, e com Estados,
DF, municípios e entidades civis legalmente constituídas.

Art. 8° Os conselhos municipais, estaduais e nacional de saúde, nos seus respec-


tivos níveis de atuação, poderão ter acesso aos dados e informações do acompanha-
mento da condicionalidade de saúde, objetivando subsidiar a definição de ações e po-
líticas de saúde ou nutrição.
Parágrafo Único. Na esfera federal, a atribuição do conselho nacional citada no ca-
put será exercida por intermédio da Comissão Intersetorial de Alimentação e Nutrição.

Art. 9° O acompanhamento de saúde e nutrição previsto na Medida Provisória

Manual de Gestão
de Condicionalidades
61
n° 2.206, de 10 de agosto de 2001, para as famílias inscritas no Programa Alimentação
será regido pelos termos desta Portaria.

Art. 10 Fica revogada a Portaria n° 1.920, de 22 de outubro de 2002, do Ministério


da Saúde.

Art. 11 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

HUMBERTO COSTA
Ministro de Estado da Saúde

PATRUS ANANIAS
Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ANEXO III
PORTARIA GM/MDS N° 551,
DE 9 DE NOVEMBRO DE 2005
(Publicada no DOU n° 217, de 11 de novembro de 2005)

Regulamenta a gestão das condicionalidades do Programa Bolsa Família.

O MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, no uso


das atribuições conferidas pelo art. 27, inciso II, da Lei n° 10.683, de 23 de maio de
2003, modificada pela Lei n° 10.869, de 13 de maio de 2004, e no art. 2° do Decreto nº
5.209, de 17 de setembro de 2004, e

CONSIDERANDO:

Que o Programa Bolsa Família – PBF, criado pela Lei n° 10.836, de 9 de janeiro
de 2004, e regulamentado pelo Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, tem por
objetivos a inclusão social das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, por
meio da transferência de renda vinculada a condicionalidades, o desenvolvimento das
famílias em situação de vulnerabilidade sócio-econômica, e a promoção do acesso aos
direitos sociais básicos de saúde e de educação;

Que as condicionalidades são contrapartidas sociais que devem ser cumpridas pelo
núcleo familiar para que possa receber o benefício mensal;

O disposto no art. 3° da Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que determina que “a


concessão dos benefícios dependerá do cumprimento, no que couber, de condiciona-
lidades relativas ao exame pré-natal, ao acompanhamento nutricional, ao acompanha-
mento da saúde, à freqüência de 85% (oitenta e cinco por cento) em estabelecimento
de ensino regular, sem prejuízo de outras previstas em regulamento”;

Que o objetivo das condicionalidades é assegurar o acesso dos beneficiários às


políticas sociais básicas de saúde, educação e assistência social, de forma a promover

62 PROGRAMA
Bolsa Família
a melhoria das condições de vida da população beneficiária e propiciar as condições
mínimas necessárias para sua inclusão social sustentável;

Que, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome


- MDS, o Ministério da Educação - MEC estabeleceu atribuições e normas para o cum-
primento da condicionalidade da freqüência escolar, e o Ministério da Saúde – MS esta-
beleceu atribuições e normas para o cumprimento das condicionalidades de saúde, por
meio das Portarias Interministeriais MEC/MDS n° 3.789, de 17 de novembro de 2004, e
MS/MDS n° 2.509, de 18 de novembro de 2004; e

A necessidade de regulamentar a gestão e a repercussão do descumprimento das


condicionalidades sobre os benefícios financeiros do Programa Bolsa Família, definin-
do as sanções aplicáveis às famílias beneficiárias dessa política;

RESOLVE:

Art. 1º Regulamentar a gestão das condicionalidades do PBF, bem como, no que


couber, dos Programas Remanescentes, em conformidade com a Lei n° 10.836, de
9 de janeiro de 2004, o Decreto n° 5.209, de 17 de setembro de 2004, e as Portarias
Interministeriais MEC/MDS n° 3.789, de 17 de novembro de 2004, e MS/MDS n° 2.509,
de 18 de novembro de 2004, editadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome - MDS e os Ministérios da Educação – MEC e da Saúde - MS, res-
pectivamente.
§ 1° A gestão das condicionalidades envolverá o exercício de atribuições comple-
mentares e coordenadas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e municípios.
§ 2° Para efeitos desta Portaria, gestão de condicionalidades é o conjunto de ações
relativas:
I – Ao acompanhamento periódico das famílias beneficiárias, no que se refere ao
cumprimento das condicionalidades previstas no PBF, de acordo com a legislação e os
atos normativos estabelecidos pelo MDS e/ou pelo MEC e MS;
II – Ao registro de informações referentes ao acompanhamento das condicionalida-
des, pelo Município, nos sistemas disponibilizados pelo MEC e MS;
III – Ao conjunto de medidas adotadas pela União, Estados, Distrito Federal e Mu-
nicípios no sentido de propiciar que famílias beneficiárias do PBF tenham condições
de cumprir as condicionalidades previstas, bem como medidas tomadas no sentido de
evitar que famílias beneficiárias do Programa permaneçam em situação de descumpri-
mento de condicionalidades;
IV – À repercussão gradativa da aplicação de sanções referentes ao descumpri-
mento de condicionalidades sobre a folha mensal de pagamento do Programa.

CAPÍTULO I

Das Condicionalidades e Atividades que as compõem

Art. 2° São condicionalidades do Programa Bolsa Família, de acordo com o art. 3°


da Lei n° 10.836, de 9 de janeiro de 2004, os arts. 27 e 28 do Decreto 5.209, de 17 de
setembro de 2004 e as Portarias Interministeriais MEC/MDS n° 3.789, de 17 de novem-
bro de 2004 e MS/MDS n° 2.509, de 18 de novembro de 2004:
I – Na área de educação, a freqüência mínima de 85% (oitenta e cinco por cento)

Manual de Gestão
de Condicionalidades
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da carga horária escolar mensal de crianças ou adolescentes de 6 a 15 (seis a quinze)
anos de idade que componham as famílias beneficiárias, matriculados em estabeleci-
mentos de ensino; e
II – na área de saúde, o cumprimento da agenda de saúde e nutrição para famílias
beneficiárias que tenham em sua composição gestantes, nutrizes ou crianças menores
de 7 anos.

Art. 3° O cumprimento das condicionalidades de que trata o art. 2° dependerá da re-


alização, pelas famílias beneficiárias do PBF, no que couber, das seguintes atividades:
I – No que se refere às condicionalidades da área de educação:
a) efetivar, observada a legislação escolar vigente, a matrícula escolar das crianças
e adolescentes de 6 a 15 anos em estabelecimento regular de ensino;
b) garantir a freqüência escolar de no mínimo 85% (oitenta e cinco por cento) da
carga horária mensal do ano letivo, informando sempre à escola quando da impos-
sibilidade de comparecimento do aluno à aula, apresentando, se existente, a devida
justificativa; e
c) informar, de imediato, sempre que ocorrer mudança de escola dos dependentes
de 06 a 15 anos, para que seja viabilizado e garantido o efetivo acompanhamento da
freqüência escolar.
II – Na área de saúde:
a) para as gestantes e nutrizes, no que couber:
1) inscrever-se no pré-natal e comparecer às consultas na unidade de saúde mais
próxima de sua residência, portando o cartão da gestante, de acordo com o calendário
mínimo preconizado pelo MS;
2) participar de atividades educativas ofertadas pelas equipes de saúde sobre alei-
tamento materno e promoção da alimentação saudável.
b) para os responsáveis pelas crianças menores de 7 (sete) anos:
1) levar a criança à Unidade de Saúde ou ao local de campanha de vacinação, man-
tendo atualizado o calendário de imunização, conforme preconizado pelo MS;
2) levar a criança às unidades de saúde, portando o cartão de saúde da criança,
para a realização do acompanhamento do estado nutricional e do desenvolvimento e de
outras ações, conforme o calendário mínimo preconizado pelo MS.
§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, assim como as ins-
tâncias de controle social do PBF, deverão informar e orientar as famílias sobre seus
direitos e responsabilidades no âmbito do programa.
§ 2° O beneficiário deverá informar ao órgão municipal responsável pelo Cadastra-
mento Único qualquer alteração no seu cadastro original objetivando a atualização do
cadastro da sua família.

CAPÍTULO II

Das Atribuições dos Gestores

Art. 4° No que se refere ao acompanhamento do cumprimento de condicionalida-


des, serão observadas a Portaria Interministerial MEC/MDS n° 3.789, de 2004, e a
Portaria Interministerial MS/MDS n° 2.509, de 2004.

Art. 5° Fica delegada à Secretaria Nacional de Renda de Cidadania – SENARC, do


MDS, a edição de normas complementares para o cumprimento do estabelecido nesta
Portaria.

64 PROGRAMA
Bolsa Família
Art. 6° Os dados consolidados de descumprimento das condicionalidades de edu-
cação e saúde, no âmbito das famílias beneficiárias do PBF, serão disponibilizados
aos Estados, Distrito Federal e Municípios, aos órgãos de controle social formalmente
constituídos e ao MEC e MS.

Art. 7° Constituem-se responsabilidades dos Estados, no que se refere à gestão de


condicionalidades do PBF:
I – Oferecer condições para que seja realizado o acompanhamento das condiciona-
lidades previstas no programa, pelo município, quando o acesso ao serviço se realizar
em estabelecimento estadual ou mediante o acompanhamento de equipe que preste
serviços ao Estado;
II – Atuar em cooperação com os municípios nas situações previstas no inciso I, de
maneira a garantir o registro das informações relativas ao acompanhamento de condi-
cionalidades;
III – Articular, capacitar e mobilizar agentes envolvidos nos procedimentos de acom-
panhamento das condicionalidades;
IV – Mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a importância do
cumprimento das condicionalidades;
V – Apoiar os municípios localizados em seu território na realização da gestão de
condicionalidades do Programa.

Art. 8° Constituem-se responsabilidades dos municípios, no que se refere à gestão


de condicionalidades do PBF:
I – ofertar, adequada e regularmente, os respectivos serviços de educação e saúde,
nos termos da legislação pertinente;
II – realizar, periodicamente, e conforme calendário, o acompanhamento do cum-
primento das condicionalidades previstas, em observância ao disposto nas Portarias
Interministeriais MEC/MDS n° 3.789, de 2004, e MS/MDS n° 2.509, de 2004; e
III – registrar as informações relativas ao acompanhamento do cumprimento de
condicionalidades, com a utilização dos sistemas de informação disponibilizados pelo
MEC e pelo MS.

Art. 9° Ao Gestor Municipal do PBF caberá:


I – articular, capacitar e mobilizar os agentes envolvidos nos procedimentos de
acompanhamento do cumprimento das condicionalidades;
II – mobilizar, estimular e orientar as famílias beneficiárias sobre a importância do
cumprimento das condicionalidades;
III – realizar o acompanhamento sistemático das famílias com dificuldades no cum-
primento das condicionalidades, avaliando as causas e promovendo, sempre que ne-
cessário, a redução da situação de risco por meio da inserção da família em programas
e ações voltados para combater os efeitos da vulnerabilidade identificada;
IV – notificar formalmente o responsável legal da família, quando identificar o des-
cumprimento de condicionalidades, conforme modelo padrão constante do Anexo I des-
ta Portaria, sem prejuízo de outras formas definidas em normas complementares; e
V – encaminhar, para conhecimento da instância de controle social do programa, a
relação das famílias que devem ter o benefício cancelado em decorrência do descum-
primento de condicionalidades.

Art. 10 Caso o município não realize os procedimentos de gestão das condicionali-


dades a que se refere esta portaria, o MDS poderá denunciar ou rescindir o acordo de

Manual de Gestão
de Condicionalidades
65
adesão do município ao PBF, disciplinado por meio da Portaria n° 246, de 20 de maio
de 2005.

Art. 11 É vedado ao município:


I – instituir outras sanções às famílias além das previstas nesta Portaria;
II – instituir outras condicionalidades à família, excetuando aquelas que venham
integrar termo específico decorrente de processo de integração de programas de trans-
ferência de renda condicionada;
III – utilizar formas de comunicação humilhantes ou constrangedoras a respeito do
descumprimento das condicionalidades de educação ou de saúde; e
IV – adiar de forma injustificada a comunicação do resultado de recurso ao reque-
rente.

CAPÍTULO III

Das Atribuições das Instâncias de Controle Social

Art. 12 Cabe às instâncias de controle social do PBF, no que se refere à gestão de


condicionalidades:
I – Acompanhar a oferta por parte dos governos locais dos serviços públicos neces-
sários ao cumprimento das condicionalidades do programa Bolsa Família pelas famílias
beneficiárias;
II – Articular-se com os conselhos de políticas setoriais existentes no município para
assegurar a oferta dos serviços para o cumprimento das condicionalidades;
III – Conhecer a lista dos beneficiários que não cumprirem as condicionalidades, pe-
riodicamente atualizada, e sem prejuízo das implicações éticas e normativas relativas
ao uso da informação;
IV – Acompanhar e analisar o resultado e as repercussões do acompanhamento do
cumprimento de condicionalidades no município; e
V – Contribuir para o aperfeiçoamento da rede de proteção social, estimulando o
Poder Público local a acompanhar as famílias com dificuldades no cumprimento das
condicionalidades que estas devem observar em decorrência de sua participação no
programa.

CAPÍTULO IV

Das Sanções

Art. 13 A aplicação das sanções decorrentes do descumprimento das condiciona-


lidades do PBF será gradativa, e realizada de acordo com o número de registros de
descumprimento identificados ao longo do tempo de permanência da família no PBF.
§ 1° Para os efeitos desta Portaria, uma condicionalidade será tida como descum-
prida quando for registrada a não ocorrência de quaisquer das atividades previstas nos
incisos do art. 3° desta Portaria, no período de acompanhamento definido em portarias
interministeriais.
§ 2° Para cada período de acompanhamento:
I – a família beneficiária do PBF que apresentar um ou mais dos registros mencionados-
no parágrafo anterior será considerada inadimplente com o programa; e
II – serão consideradas em situação regular no programa as famílias que, sub-
metidas ao acompanhamento do cumprimento de condicionalidades, não apresentem

66 PROGRAMA
Bolsa Família
qualquer registro da espécie tratada no parágrafo anterior deste artigo.
§ 3° Não haverá registro, para efeito da aplicação de sanções, quando o descum-
primento de condicionalidade for devidamente justificado pelo município, estando de
acordo o MEC e o MS.
§ 4° As datas para transmissão e recebimento de informações relativas aos perío-
dos de acompanhamento respeitarão os calendários estabelecidos pelo MDS, de forma
conjunta com o MEC e o MS, observado o prazo necessário para a geração da folha
de pagamentos do PBF.

Art. 14 As famílias beneficiárias do PBF que não realizarem as atividades previstas


nos incisos do art 3° desta Portaria ficam sujeitas às seguintes sanções do programa,
sem prejuízo da penalidade prevista no art. 14, § 1°, da Lei n° 10.836, de 2004, e das
definidas em outras normas:
I – Bloqueio do beneficio por 30 dias;
II – Suspensão do benefício por 60 dias;
III – Cancelamento do beneficio.
Parágrafo Único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela SENARC,
no âmbito de suas atribuições, podendo ser aplicadas cumulativamente.

Art. 15 O bloqueio de benefício a que se refere o inciso I obedecerá às normas e


procedimentos para a gestão de benefícios do PBF e terá efeito sobre (01) uma parcela
de pagamento do benefício a que faz jus a família, havendo o subseqüente desbloqueio
do benefício, e será aplicada a partir do segundo registro de inadimplência quanto às
obrigações previstas no art. 3° desta Portaria.

Art. 16 A suspensão de benefício a que se refere o inciso II obedecerá às normas e


procedimentos para a gestão de benefícios do PBF e terá efeito sobre (02) duas parce-
las de pagamento do benefício a que faz jus a família, e será aplicada a partir do tercei-
ro registro de inadimplência quanto às obrigações previstas no art. 3° desta Portaria.

Art. 17 O cancelamento de benefício a que se refere o inciso II obedecerá às normas


e procedimentos para a gestão de benefícios do PBF, e será imposto exclusivamente
depois da aplicação acumulada de duas suspensões a que se refere o art. 16.
§ 1° O cancelamento do benefício terá os seguintes efeitos:
I – Cancelamento das parcelas de pagamento ainda não sacadas pela família;
II – Interrupção da disponibilização de parcelas de pagamento nos meses subse-
quentes;
III – Desligamento da família do PBF.
§ 2° Uma vez cancelado o benefício, a família apenas poderá obter nova conces-
são, após o prazo de 180 dias do referido cancelamento, caso:
I – mantiverem-se as condições de elegibilidade da família para participação no programa;
II – existir disponibilidade orçamentária e financeira para a concessão de novos
benefícios no município, de acordo com os critérios de expansão do PBF; e
§ 3° A nova concessão de que trata o parágrafo anterior dependerá da inexistência,
no município, de outras famílias elegíveis para o PBF, cadastradas e que ainda não
tenham sido beneficiadas.

Art. 18 A aplicação das sanções previstas no art. 14 desta Portaria deverá ser acom-
panhada de notificação por escrito ao responsável legal, a ser realizada pelo município,
conforme o modelo padrão constante do Anexo I.

Manual de Gestão
de Condicionalidades
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§ 1° No primeiro registro de inadimplência quanto às obrigações previstas no art. 3°
desta Portaria, a família será notificada por escrito nos termos do caput, em caráter pre-
ventivo, sem que ocorra a aplicação das sanções a que se refere o art. 14, I, II e III.
§ 2° A notificação de que trata o § 1° não gerará efeitos sobre o valor do benefício a
ser recebido pela família beneficiária do programa.

Art. 19 As sanções previstas nesta Portaria poderão ser revistas mediante recurso
do responsável legal, conforme o modelo padrão contido no Anexo II, a ser apresentado
pelo responsável legal ao Gestor Municipal do PBF no prazo de 30 (trinta) dias, conta-
dos a partir da data de recebimento, pela família, da notificação prevista no art. 18.
§ 1° O Gestor Municipal do PBF disporá de 30 (trinta) dias para deliberar e comuni-
car a decisão ao requerente.
§ 2° Ao receber o recurso previsto no § 1°, o Gestor Municipal do PBF enviará cópia
do expediente à instância local de controle social do PBF.

Art. 20 Não haverá aplicação de qualquer sanção para as famílias que não cumpri-
rem as condicionalidades do PBF, caso fique demonstrada a oferta irregular ou inade-
quada do respectivo serviço ou por força maior ou caso fortuito.
§ 1° Nos casos previstos no caput, caberá à esfera administrativa responsável pelo
serviço de que trata o caput demonstrar sua oferta regular e adequada.
§ 2° A força maior e o caso fortuito devem ser reconhecidos pelo município.

Art. 21 Cada registro de descumprimento das obrigações previstas no art. 3° desta


Portaria será válido por 18 (dezoito) meses.
§ 1° Será aplicada a penalidade correspondente quando houver novo registro de
descumprimento de condicionalidade no período de vigência de um registro, previsto
no caput deste artigo.
§ 2° Decorridos 18 (dezoito) meses da emissão do registro de que trata o caput, e
não havendo novo registro nesse período, serão desconsiderados, no que se refere à
aplicação de sanções gradativas, os registros anteriores de descumprimento de condi-
cionalidades.

Art. 22 O MDS poderá estabelecer, em articulação com o agente operador do pro-


grama e sem prejuízo da responsabilidade do município de notificar por escrito o res-
ponsável legal, mecanismo complementar de comunicação, ao responsável legal, do
descumprimento de condicionalidades.

Art. 23 As famílias beneficiárias do PBF serão consideradas sem informação de


acompanhamento de condicionalidades nas seguintes situações:
I – Se as crianças ou adolescentes de 6 a 15 anos não forem localizados pelo muni-
cípio em nenhum estabelecimento de educação básica, em dois períodos consecutivos
de acompanhamento das condicionalidades de educação; e
II – Se a gestante, nutriz ou as crianças menores de 7 (sete) anos não forem locali-
zados pelo município, por meio das unidades regulares de saúde locais, em um período
de acompanhamento das condicionalidades de saúde.
§ 1º As famílias sem informação do acompanhamento das condicionalidades poderão
ter seus benefícios bloqueados, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, a critério do MDS.
§ 2º Decorrido o prazo de 60 (sessenta) dias mencionado no § 1°, e persistindo a au-
sência de informação de acompanhamento de condicionalidades, as famílias poderão ter
seus benefícios bloqueados, suspensos e posteriormente cancelados, a critério do MDS.

68 PROGRAMA
Bolsa Família
CAPÍTULO V

Das Considerações Finais

Art. 24 O adequado acompanhamento das condicionalidades pelo município, com-


provado pelo acesso periódico e correta utilização dos sistemas disponibilizados pelo
MEC e pelo MS, poderá ser levado em consideração pelo MDS como critério para
priorizar:
I – procedimentos de expansão da cobertura do PBF nos municípios; e
II – a realização de transferência voluntária de recursos consignados ao orçamento
do MDS, respeitada a legislação que disciplina os programas implementados por este
órgão.

Art. 25 Os procedimentos relativos à gestão de condicionalidades tratados nesta


Portaria poderão ser executados por meio de sistemas informatizados criados para
esse fim específico pelo MDS.

Art. 26 Para os efeitos desta portaria, o Distrito Federal, no que couber, é equipara-
do aos municípios.

Art. 27 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

PATRUS ANANIAS DE SOUZA


Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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