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Ano Lectivo 2008/09, Semestre: 2º
Unidade Curricular: Laboratório de Géneros Jornalísticos
Docente: Maria José Mata
Discente: Ana Catarina Ferreira
Nº 5033, Turma C
lhe ainda um casamento feliz: “fui aceite e foi aí que conheci o parvo do meu marido
que é alfaiate [risos], por volta de 1947”, relembra, com um olhar nostálgico.
Jacinta assume, porém, que, ao início, o
marido [à esquerda] não despertou em si
qualquer simpatia e que achava que ele
“tinha ar de mandão”. Apesar disso, e
depois de um ano e meio de namoro,
acabaram por casar e abrir o seu próprio
negócio.
Uma primeira experiência com a compra
de uma pequena alfaiataria na Rua do
Poço dos Negros não correu bem devido
a um “sócio mal intencionado” mas,
desfeita a sociedade, o casal comprou
uma loja maior, a “Alfaiataria Ferreira”.
O marido e alfaiate João Ferreira “Mantivemos o nosso espaço durante
acompanhou Jacinta ao longo da sua
caminhada pessoal e profissional.
quinze anos. Tivemos muitos funcionários,
muitos clientes famosos e muito trabalho,
mas foi um sucesso”, enaltece Jacinta, sem deixar de reconhecer que, mesmo com o
esforço que exigiram, estes foram “anos muito bons”. Para si, esta foi uma aposta
ganha e que “sem dúvida” valeu a pena. Quando se viu forçada, pela doença do
marido, a fechar a loja, Jacinta confessa ter sentido “muita tristeza” mas não esconde
a felicidade que foi ter feito obras “tão
lindas”, como as classifica.
Do casamento de Jacinta e João
nasceram dois filhos e, ao contrário do
que se possa pensar, não foi a filha a
revelar queda para a costura: “a minha
filha não sabe coser. Curiosamente, o
meu filho é que sabia, gostava e tinha
muito jeito!”, realça orgulhosa,
relembrando que foi o filho, com apenas
cinco anos, que ensinou uma das
funcionárias
da alfaiataria a coser à máquina, “numa
máquina delas industriais, enormes”. No Jacinta guarda, ainda hoje, muitos
entanto, ambos vieram a optar por instrumentos ligados à profissão, como este
caminhos diferentes dos escolhidos pesado ferro de engomar.
pelos pais.
Mesmo tendo em conta todas as dificuldades, Jacinta não hesita em declarar que a
profissão a fez sentir “realizada” porque nasceu “para coser” e admite que gostaria de
ter experimentado como profissional outras vertentes, entre elas “a decoração”.
Apesar de se revelar “pouco criativa”, já fez um bocadinho de tudo: bordados, arte
aplicada e até os cortinados da filha quando esta casou, aproveitando a “grande
sensibilidade para fazer coisas minuciosas”.
Quanto a outros hobbies, esta costureira elege a leitura como principal: “gosto de ler
livros, mas apenas aqueles com os quais aprenda alguma coisa”, sustenta.
A finalizar, Jacinta assume não gostar de cozinhar mas defende que “se é para fazer,
é para fazer bem feito”, ideia que seguiu à risca ao longo de toda a vida.