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‘LETRAMENTOS MÚLTIPLOS, ESCOLA E INCLUSÃO SOCIAL”, (Roxane Rojo)

Cassiany Marques Barros-ufms/cpaq-habilitação Letras Português/Espanhol

cassianymarques20@gmail.com

O Capítulo 6 do livro "Letramentos Múltiplos, Escola e Inclusão Social" de Rojo,


intitulado "Letramento(s) – práticas de letramento em diferentes contextos", oferece
uma análise crítica e provocativa das complexidades envolvidas nas práticas de
letramento em cenários sociais diversos. O capítulo questiona as definições tradicionais
e estreitas do letramento, estendendo o escopo dessa conceituação para englobar
dimensões culturais, sociais e comunicativas da linguagem.

Rojo inicia o capítulo ao desafiar a perspectiva tradicional de letramento como


habilidades de leitura e escrita. Ela argumenta que o letramento é, na verdade, uma
atividade contextualizada, inserida nas práticas sociais e culturais de indivíduos e
grupos. Isso ressoa com uma abordagem mais abrangente que transcende as habilidades
técnicas e reconhece o letramento como uma expressão complexa da identidade cultural
e social.

A autora destaca como o letramento é influenciado pela cultura e contextos sociais.


Roxane defende que as práticas de letramento não são universais, mas sim variáveis,
evoluindo em diferentes comunidades e contextos. Isso desafia a noção de que existe
uma única norma de letramento, evidenciando a necessidade de uma educação que
reconheça e valorize a multiplicidade de práticas.

Um aspecto crítico do capítulo é a discussão sobre a inclusão social. Rojo critica as


abordagens educacionais que impõem normas padronizadas de letramento, excluindo as
práticas culturais e linguísticas trazidas pelos alunos. Ela propõe uma pedagogia que
une os letramentos familiares e comunitários aos letramentos acadêmicos, preparando
os alunos para uma participação plena na sociedade e no mundo globalizado.

Além disso, Rojo explora a interseção entre letramento local e global. Ela destaca
como as práticas de letramento são influenciadas não apenas pelo contexto imediato,
mas também pelas influências globais, dada a interconexão das culturas e sociedades. A
autora enfatiza que uma educação eficaz deve capacitar os alunos a navegar entre
diferentes letramentos, fornecendo-lhes as ferramentas para entender, avaliar e se
comunicar em diversos cenários.

Em síntese, o Capítulo 6 apresenta crítica das práticas de letramento em diferentes


contextos, desafiando visões tradicionais e propondo uma abordagem inclusiva e
culturalmente sensível. A análise perspicaz de Rojo ressalta a importância de reconhecer
as práticas de letramento como expressões de identidade, bem como a necessidade de
preparar os alunos para uma sociedade cada vez mais globalizada e diversificada. Ao
desafiar normas tradicionais de letramento, o capítulo se destaca como uma contribuição
significativa para a discussão sobre educação, cultura e inclusão.

Letramento na Versão Forte: A versão forte do letramento vai além das habilidades
técnicas de ler e escrever. Ela reconhece a linguagem como uma prática social e cultural
complexa, influenciada pelas relações de poder e identidades culturais. O letramento
forte engloba a capacidade de interpretar, produzir e contextualizar textos em diversas
situações, considerando fatores culturais e sociais.

Letramento na Versão Fraca: A versão fraca do letramento concentra-se nas


habilidades técnicas de leitura e escrita. Essa abordagem tende a considerar o letramento
como uma série de ferramentas para a comunicação escrita, com menos ênfase nas
dimensões culturais e sociais.

Letramento Autônomo: O letramento autônomo enfatiza as habilidades individuais de


leitura e escrita, colocando o foco nas competências pessoais para decodificar e
compreender textos. Ele tende a negligenciar o contexto social e cultural em que a
linguagem é usada.

Letramento Ideológico: O letramento ideológico reconhece que a linguagem é


moldada por ideologias e relações de poder. Isso significa que a interpretação e
produção de textos estão sujeitas a influências ideológicas que podem afetar a
compreensão e a comunicação.

Letramentos Múltiplos, Multissemióticos e Críticos: Essas abordagens ampliam o


conceito de letramento para incluir diversas formas de comunicação, como imagens,
gestos e outras linguagens. Os letramentos críticos destacam a importância de analisar e
questionar as estruturas sociais e ideológicas presentes na linguagem.
Crenças Pré-concebidas: Letramentos Locais e Globais: Uma crença comum é que
os letramentos locais são menos importantes em um mundo globalizado. Isso pode levar
a uma supervalorização dos letramentos globais em detrimento das práticas de
letramento locais, desconsiderando a importância das identidades culturais e
comunidades locais.

Letramentos Escolares e Valorizados: Pode haver uma tendência a valorizar mais os


letramentos escolares, ou seja, aqueles associados a instituições formais e de prestígio,
como universidades. Isso pode levar à desvalorização dos letramentos considerados
menos prestigiosos, como aqueles relacionados a atividades cotidianas.

Em resumo, o capítulo "Letramento(s) – práticas de letramento em diferentes


contextos" oferece uma análise perspicaz sobre como o letramento está intrinsecamente
ligado às práticas sociais e culturais, defendendo a importância de reconhecer e
valorizar a diversidade de letramentos em uma perspectiva inclusiva e
educacionalmente enriquecedora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROJO, R. Letramento(s) – práticas de letramento em diferentes contextos. In: ROJO, R.


Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009,
p. 95-121.

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