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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA / MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Disciplina:Texto e Ensino Prof. Dr. Eliana Dias - Apresentação: Ademir de Almeida e Gabriela Vitório

O IMPORTANTE PAPEL DO
TEXTO NAS AULAS DE
LÍNGUA MATERNA
CLEIDE INÊS WITTKE
(UFPEL)

PROBLEMATIZAÇÃO
O ensino de língua materna, na maior parte das realidades brasileiras, não está construindo os
efeitos de ensino e aprendizagem desejados. As aulas têm se tornado, na maior parte das vezes,
em uma atividade mecânica, destituída de sentido.
Por que isso ocorre? Quais são os problemas enfrentados no ensino de língua materna na
escola? O que pode e deve ser alterado para que essa prática didático-pedagógica se constitua em
um processo que desenvolva a capacidade comunicativa de nosso aluno, dando-lhe segurança para
que interaja adequadamente nas mais variadas situações sociais de sua vida? Tais
questionamentos remetem a outros, tais como: O que ensinar? Para quem? Com que finalidade? E
de que modo?
Pesquisadores convergem num ponto comum: é de fundamental importância que se eleja o
texto, e os gêneros textuais sob uma perspectiva mais ampla de ação e circulação, como objeto de
ensino e de análise.

1 . PERSPECTIVA INTERACIONISTA

1.1 NOS ESTUDOS DA LINGUAGEM

Exigência de reorganizar-se não somente o objeto de estudo, mas também a metodologia de


ensino, com o objetivo de buscar o desenvolvimento da capacidade comunicativa do aluno, tanto
no que se refere à competência de fala como de escrita (letramento).

1.2 NOS DOCUMENTOS ORIENTADORES

Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, 1999): “faz-se necessário reformular o conceito e o


papel do ensino de gramática. É fundamental substituir os tradicionais exercícios de identificação
e classificação das regras da língua, que enfatizam sua nomenclatura (via metalinguagem), pela
realização de diferentes estratégias de leitura, oralidade, produção textual e análise linguística”.
Esse modo diferenciado de olhar e de trabalhar a língua está diretamente relacionado à
ressignificação das concepções de texto, contexto, sujeito e sentido (KOCH, 2006).
Tal mudança, inclusive, também produzirá efeitos na avaliação e aferição dessas competências
comunicativas.
E COMO O PROFESSOR DEVE TRABALHAR O TEXTO EM SALA DE AULA,
SEGUNDO A AUTORA?

O texto é entendido como um ponto em uma teia de relações, como um momento em um processo
provisório no desenvolvimento da capacidade comunicativa do aluno. Ele assume então a função de
dar materialidade viva aos gêneros textuais, previamente instituídos e reconhecidos na e pela
sociedade. A análise do texto deve obrigatoriamente perpassar questões acerca de quem se
expressa, a quem se dirige, com qual intenção, de que modo se expressa, onde circula esse texto,
elementos enunciativos e pragmáticos que caracterizam o caráter funcional do gênero textual.

É mais do que nunca fundamental a prática de desconstrução e construção de diferentes gêneros


textuais, oferecendo subsídios para que o aluno entenda e faça uso dos mesmos, nas diferentes
atividades da esfera humana (BAKHTIN, 1992), na medida em que interage com o outro, na escolha do
modo como vai dizer aquilo que pretende comunicar. O professor (e, ressalte-se não apenas o de
língua materna) deve assumir então a função de mediador entre o texto e o aluno.

O TEXTO/GÊNERO TEXTUAL COMO OBJETO DE ESTUDO

A autora sugere que o professor traga ESTRATÉGIAS QUE ASSEGUREM


diferentes tipos de textos à sala de aula, em um COESÃO E COERÊNCIA;
crescendo: “partir dos gêneros textuais mais USO DO VOCABULÁRIO DE MODO
familiares, para depois explorar outros, CRIATIVO E DINÂMICO;
possibilitando aos alunos uma inserção cada vez
maior na sociedade”. ESTABELECER RELAÇÕES ENTRE
A CLASSE E A FUNÇÃO DOS
VOCÁBULOS NA UNIDADE MAIOR,
É de fundamental importância que o professor A FRASE;
proponha estratégias variadas de leitura e de
produção textual (ou, em outra perspectiva, EXERCITAR O USO DE FRASES QUE
ENVOLVAM PROCESSOS DE
diversos modos de organização do discurso), COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO.
atentando a:

METODOLOGIA PROPOSTA

A autora alinha-se às abordagens interativistas: o ensino de língua materna: visa ao domínio do


funcionamento da língua em uso, e não à prática mecânica de metalinguagem, com o mero objetivo
de identificar, classificar e descrever.

O docente, como desdobramento lógico, almeja criar situações autênticas em que o aluno possa
conhecer, desenvolver e aperfeiçoar sua capacidade de interagir, através da fala e da escrita, no
meio em que vive, levando-o à autonomia social, política e histórica (a prática da interação verbal
adequada como instrumento de emancipação).
GÊNEROS TEXTUAIS X TEXTOS

Com base nos PCNs, a autora entende o texto como uma sequência verbal, completa e una,
constituída por relações estabelecidas via elementos de coesão e coerência.
Por outro lado os gêneros, concretizados por meio dos textos, são artefatos culturais
historicamente construídos e, que, para serem devidamente analisados e fruídos, devem levar em
consideração suas condições de produção e recepção (quem produz a mensagem e a quem ela é
direcionada) e de circulação (veículo em que circula a mensagem).
A interação comunicativa estabelecida entre o produtor e o receptor, pressupõe regras, valores
e normas de conduta, advindas dos papéis sociais que os sujeitos desempenham na sociedade.

TIPOS TEXTUAIS x GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS


TEXTUAIS
O tipo textual diz respeito à forma, ou seja às características que
organizam a sequenciação linguística e estrutural de dado texto, segundo as Narração
intenções comunicativas manifestadas por seu produtor. Descrição
Dissertação*
O gênero textual remete ao uso. Na medida em que os seis tipos
textuais circulam em nossa sociedade, em diferentes situações de uso, Diálogo
exercendo função comunicativa, passam a desempenhar o papel de
Injunção
gêneros textuais, ampliando seu círculo de atuação, chegando a formar um *(hoje subdividida em
número ilimitado de exemplares. argumentação
e exposição)

FORMAÇÃO INICIAL DOS ACADÊMICOS EM LETRAS

Dada a ênfase que os PCNs em língua materna dão ao texto/gênero textual, imprescindível se
torna uma mudança de postura na elaboração e execução dos currículos dos Cursos de Letras, com
vistas a dar mais lastro às estratégias de leitura, de análise linguística e de produção textual,
conjugando teoria e prática principalmente nos projetos de pesquisa, investigando questões
linguísticas pertinentes às metodologias de ensino de Língua Portuguesa.

CONCLUSÃO

O intuito da autora é mostrar ao professor de língua em serviço, bem como ao futuro


profissional, a importância de trabalhar o texto/gênero textual não como pretexto para
estudar e decorar regras gramaticais, mas como meio de interação verbal, enquanto objeto
repleto de significações a espera de interlocutores em busca de diálogo, na medida em que
constroem sentidos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
WITTKE, Cleide Inês. O Importante Papel Do Texto Nas Aulas De Língua Materna. Anais do SIELP.
Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012.
Disponível em: http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/uploads/2014/06/volume_2_artigo_074.pdf

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