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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO

Núcleo Regional de Açailândia


Rua Dom Pedro I, nº 425, Jacú, Açailândia - MA. Telefone/Fax: (0XX99) 3538 0557

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DA COMARCA


DE AÇAILÂNDIA

FRANCINETE MARIA DE AGUIAR, brasileira, solteira, do lar,


portadora do RG n.° 20920992002-0 e do CPF n.° 304.602.043-00 (doc. 01),
residente e domiciliada na Rua Goiás, n.º 254, Vila Tancredo, município de
Açailândia-MA (doc. 02), com telefone n.° (99) 3538-1159/9124-4846, por
intermédio da Defensora Pública que esta subscreve, investida no cargo nos
termos do art. 134 da CF/88, da Lei Complementar Estadual n.º 19/94 e da
Lei Complementar Federal n.º 80/94, com endereço profissional na
Defensoria Pública do Estado do Maranhão, situada na Rua Dom Pedro I,
n.º 425, Jacú, Açailândia - MA, com fundamento nos arts. 15 a 17 do
Decreto-Lei n.º 58/1937, vem, respeitosamente, diante de Vossa Excelência
propor a

AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA

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em face de MANOEL SÁTIRO PARENTE, brasileiro, comerciante, divorciado,


portador da Carteira de Identidade n.º 572920 SSP/MA, inscrito no CPF sob
o n.º 198.306.963-91, residente e domiciliado na Rua São Raimundo, n.º 20,
Centro, Açailândia-MA, com telefone n.º 99-9148-8495, pelas razões fáticas
e jurídicas a seguir aduzidas.

1 DOS FATOS E DO DIREITO

A Requerente firmou, em 10 de maio de 2005, com o Sr. Gustavo


Soares da Silva, Contrato Particular de Compra e Venda do imóvel, um
terreno localizado na Rua 10 de outubro, n.º 30, bairro Getat, medindo de
frente e de fundo 12 (doze) metros, laterais direita e esquerda com 25 (vinte e
cinco) metros, pelo preço de R$ 5.200,00 (cinco mil e duzentos reais), sendo
realizado o pagamento em 2 (duas) parcelas, conforme documento em anexo
(doc. 03).

A Requerente, de fato, pagou o valor acordado, mantendo-se


completamente adimplente com suas obrigações. Entretanto, o vendedor
nunca outorgou a escritura definitiva, mesmo com a insistência da autora.

Diante disso, a peticionária realizou busca a fim de se informar


acerca do registro do imóvel comprado pelo que descobriu que este se
encontra registrado em nome do Sr. Manoel Sátiro Parente (doc. 04). Após
efetuar o pagamento de todas as suas obrigações, Imposto sobre
Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), IPTUs em atraso e a Planta de Situação
de Imóvel Urbano para realizar a transmissão do imóvel (docs. 05/08), a
requerente procurou o Sr. Manoel, a fim de que assinasse o pedido de
Certidão Negativa ou Positiva de Ações Trabalhista para transferência de
imóvel exigida pela Vara de Trabalho de Açailândia, segundo informações
repassadas pelo Cartório do 1º Ofício (doc. 09), já que a Certidão Negativa
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de Ação Cível da Justiça Estadual já havia sido emitida (doc. 10). No


entanto, o Sr. Manoel se recusou a transferir a propriedade, argumentando
não se lembrar deste terreno.

A autora, então, procurou esta Defensoria que convocou o Sr.


Manoel Sátiro a fim de que se realizasse um acordo extrajudicial entre os
mesmos. No dia 24 de fevereiro do corrente ano, a requerente e o Sr. Manoel
compareceram na sede desta Defensoria e firmaram um Termo de
Conciliação no qual o Sr. Manoel comprometia-se, após visita ao imóvel da
requerente, a comparecer no Cartório do 1º Ofício e efetuar a transferência
do imóvel (doc. 11).

Porém, apesar do acordo firmado, após aproximadamente 1 (um)


mês, a autora informou a esta Defensoria o não cumprimento do acordo
extrajudicial por parte do Sr. Manoel Sátiro Parente, que se recusou a
transferir o imóvel com a justificativa de que não lembrava do mesmo,
apesar de constar na Prefeitura de Açailândia e em todos os documentos
supracitados (IPTU, ITBI, etc.) o nome do requerido como proprietário e
transmitente do imóvel em questão.

Assim, inobstante tal alienação, subsistem os direitos da ora


Requerente relativamente ao contrato de compra e venda em apreço, nos
precisos termos do artigo 5º do Decreto n.º 58, de 10 de dezembro de 1937,
que preceitua:

Art. 5º - A averbação atribui ao compromissário direito real oponível a


terceiro, quanto à alienação ou oneração posterior, e far-se-á vista do
instrumento de compromisso de compra e venda, em que o oficial
lançará a nota indicativa do livro, página e data do assentamento.

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(g.n.)

Como tal, cumpre ao Requerido, como cumpria ao promitente


vendedor, a final transferência, pelos meios legais, e em definitivo, do imóvel
em referência, para a ora Requerente, face ao citado Contrato de Compra e
Venda de todo em vigor, e sem qualquer obrigação pendente por parte da
Requerente, que quitou todos os pagamentos e encargos a ele relativos,
conforme comprovantes de pagamento em anexo, além de encontrar-se na
posse mansa e pacífica daquele lote desde a celebração do dito Contrato de
Compra e Venda, no ano de 2005.

Dessa forma, a Requerente tem direito de exigir a outorga definitiva


da escritura, conforme preceituam os artigos 15 e 16 do Decreto-Lei n.º 58,
de 10.12.37, in verbis:

Art. 15 - Os compromissários têm o direito de, antecipando ou


ultimando o pagamento integral do preço, e estando quites com os
impostos e taxas, exigir a outorga da escritura de compra e venda.

Art. 16 - Recusando-se os compromitentes a outorgar a escritura


definitiva no caso do art. 15, o compromissário poderá propor, para o
cumprimento da obrigação, ação de adjudicação compulsória, que
tomará o rito sumaríssimo.

A Súmula n.º 413 do STF e a Súmula n.º 239 do STJ, da mesma


forma:

Súmula 413, STF: O compromisso de compra e venda de imóveis,


ainda que não loteados, dá direito à execução compulsória, quando
reunidos os requisitos legais.

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Súmula 239, STJ: O direito à adjudicação compulsória não se


condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório
de imóveis.

A jurisprudência dominante nos Tribunais pátrios é no sentido de


que:

Adjudicação compulsória - Compromisso de compra e venda -


Instrumento particular não registrado - Validade - orientação do tribunal
- Precedentes - Recurso desacolhido. Segundo Jurisprudência da Corte, a
promessa de compra e venda somente reclama inscrição do
instrumento para sua validade e eficácia perante terceiros,
mostrando-se hábil à obtenção da adjudicação compulsória em
relação ao promitentes vendedor independentemente desse
registro.
(DJU 21921144 de 16/11/92 - Rec. Exp. nº 13.639/0 - SP - rel. Min.
Sálvio de Figueiredo - j. 20/10/92).

Civil. Processual Civil. Promessa de compra e venda de imóvel. Escritura


definitiva. Obrigação satisfeita. Reconhecimento do pedido.
Sucumbência. Ônus. - Havendo os promitentes compradores cumprido
a sua obrigação, possuem o direito subjetivo líquido e certo de exigirem a
outorga de escritura definitiva ou a adjudicação compulsória do imóvel. -
O reconhecimento do pedido não exime a parte, sucumbente do
pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios,
conforme exegese do art. 26 do Código de Processo Civil. - Apelações
desprovidas.
(Ac. un. da 3ª T do TRF da 1ª R - AC 89.01.247321-BA - Rel. Juiz
Vicente Leal - j. 10.05.93, DJU II 27.05.93, p. 20.109 - ementa oficial).

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO


COMPULSÓRIA. PRELIMINAR DE NULIDADE DA CITAÇÃO.
Compulsando os autos, se constata que a parte adotou todas as
providências no sentido de fazer localizar o demandado na ação
originária onde busca a adjudicação compulsória com relação ao imóvel
que adquiriu do ora Apelante, a qual não lhe passou a competente
escritura pública. Daí, a citação se efetuou inicialmente por edital ante a
não localização do representante legal, sendo, portanto, desconhecido
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seu paradeiro, o que redundou na citação editalícia, que atendeu em sua


plenitude a regra insculpida no art. 232, inciso III do Código Processual
Civil, tendo aquela sido publicada adequadamente, cumprindo, assim, as
formalidades de direito. Quanto à citação por AR, o ato citatório atendeu
na sua plenitude as regras ditadas no art. 221 e seguintes do Diploma
Processual Civil. Com efeito, apesar do AR estar assinado por pessoa
diversa da que poderia constar nos Estatutos da pessoa jurídica, entendo,
no caso vertente, válida a citação feita em pessoa que não recusou a
apresentação, cujo ato não afasta, até mesmo, a hipótese de estar à frente
da administração da empresa. Preliminar rejeitada. Unanimidade.
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO
COMPULSÓRIA. Os referidos lotes de imóvel, adquiridos pela apelada
e seu esposo por compra junto ao apelante foram devidamente quitados,
e nos autos se comprova estar adimplida a obrigação referente ao
pagamento do preço, deixando, no entanto, o vendedor de diligenciar
quanto à transferência definitiva dos imóveis, obrigando a busca da tutela
jurisdicional para possibilitar o registro em Cartório de Imóveis. A Ação
mereceu julgamento favorável, conforme dispõe o Decreto-lei no 58, de
10 de dezembro de 1937 (alterado pela Lei nº 6.014, de 27.12.1973), que
versa sobre o loteamento e a venda de terrenos para pagamento em
prestações. Nenhum amparo encontra a tese do apelante quando
afirma ser inviável a adjudicação por se tratar de contrato de
compra e venda não registrado em Cartório, eis que a pacífica
jurisprudência dita no sentido que, para fins de interposição de
Ação de Adjudicação, é prescindível o registro do contrato de
promessa de compra e venda no Cartório de Imóveis, pois o
registro imobiliário apenas lhe atribui direito real oponível a
terceiros. Quanto à outorga uxória, esta também se fazia dispensável na
promessa de compra e venda, como bem destacado no Parecer da
Procuradoria Geral de Justiça, eis que se refere a obrigação meramente
pessoal assumida pelo marido da apelada. Apelo conhecido e improvido.
Unanimidade.
(TJMA, APELAÇÃO CÍVEL Nº 042472/2005, QUARTA CÂMARA
CÍVEL, Rel. Desª ETELVINA RIBEIRO GONÇALVES, Julgamento
em 06/06/2006)
(g.n.)

A legislação processual prevê, quando da recusa do promitente


vendedor em cumprir a obrigação, possa o Juiz tomar as providências

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necessárias para o adimplemento, nos termos dos artigos 466-B c/c 461 do
CPC, in verbis:

Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não


cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído
pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do
contrato a ser firmado.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de


fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou,
se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§1º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado
prático correspondente.
§2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa
(Art.287).
§3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida
liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em
decisão fundamentada.
§4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença,
impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável
para o cumprimento do preceito.
§5º Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias, tais como a busca e apreensão,
remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de
atividade nociva, além de requisição de força policial.

2 DO PEDIDO

Pelo exposto, requer:

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a) Seja o Requerido citado para outorgar a escritura definitiva de


compra e venda no prazo de 5 (cinco) dias e, se não o fizer, seja a presente
ação julgada procedente e o imóvel adjudicado à Requerente, com a
condenação do Requerido nos consectários legais;

b) Os benefícios da Justiça gratuita, na forma da Lei n° 1.060/50,


por não dispor a requerente de meios para arcar com as despesas do
processo sem comprometer o sustento próprio, conforme declaração em
anexo (doc. 12);

c) Que sejam assegurados a esta Defensoria Pública as


prerrogativas previstas no artigo 24 da Lei Complementar Estadual n.º
19/94 e artigo 128 da Lei Complementar n.º 80/94, mormente no que
pertine a contagem de todos os prazos em dobro e intimação pessoal em
qualquer processo e grau de jurisdição.

Provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,


em especial a documental e o depoimento pessoal do réu, sob pena de
confissão e revelia.

Dá-se a causa o valor de R$ 5.200,00 (cinco mil e duzentos reais).

Termos em que pede deferimento.

Açailândia-MA, 06 de julho de 2011.

CLARICE VIANA BINDA


Defensora Pública Estadual
Núcleo de Açailândia/MA

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