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Critérios de Correção do Exame Escrito da Época Normal de Direito das Obrigações

I , 2021/2022
I

a) Qualificação, tendo em conta o fator tempo, da prestação a que se obrigou o comprador.


A distinção entre prestações fracionadas ou repartidas e prestações duradouras em sentido
restrito.
Análise das consequências do não cumprimento da obrigação de pagar parte do preço na
compra e venda a prestações. Referência à regra geral do art.º 78.º e respetiva
fundamentação. Aplicação do art.º 934.º do CC: referência ao art.º 886.º e à necessidade,
para efeitos da resolução do contrato de compra e venda, de cláusula de reserva de
propriedade. Afastamento, independentemente desse facto, da possibilidade de resolução,
tal como de perda do benefício do prazo, pela circunstância de a prestação em falta não
ultrapassar 1/8 do preço.

b) Identificação do contrato celebrado como um contrato de adesão, contendo cláusulas


contratuais gerais. Justificação.
Verificação do não cumprimento do dever de comunicação a cargo do utilizador (art.º 5
do DL n.º 446/85); ónus da prova da comunicação; consequência da falta de comunicação:
a não inclusão da cláusula no contrato singular (art.º 8.º).
Identificação da cláusula controvertida como nula. A cláusula geral do art.º 15.º. As listas
de proibições, o seu âmbito de aplicação pessoal e a qualificação da cláusula em discussão
como absolutamente proibida, por força do disposto nas alíneas a), b) e c) do art.º 18 do
DL n.º 446/85. Justificação.
A possível manutenção do contrato singular, apesar da nulidade e da não inclusão.
Recurso ao direito supletivo e com base nesse recurso a viabilidade das pretensões da
compradora aderente.

II
a) Identificação do contrato como promessa bilateral.

Problema da validade formal:


Referência ao Princípio da equiparação e suas exceções.
Referência ao carácter formal do contrato prometido.
Verificação da irregularidade formal do contrato em análise, quanto ao disposto no art.º
410º, n.º 2. A invalidade formal do contrato promessa bilateral por falta da assinatura do
promitente comprador. O recurso aos mecanismos da redução (292.º) ou da conversão
(293.º) dos negócios jurídicos como expedientes de conservação do contrato. A opção
pela redução e respetiva fundamentação.
Afastamento da possibilidade de as partes terem atribuído eficácia real ao contrato, por
força da forma seguida e que não satisfaz os requisitos do art.413º do CC.

Recurso à execução específica: Análise do art. 830.º do CC


Qualificação prévia da quantia entregue pelo promitente-comprador como sinal, por força
da presunção do art. 441.º.
Análise das consequências decorrentes da existência de sinal, sobretudo no que tange à
execução específica. O art.830.º, n.º 2 e a presunção (ilidível) de sinal penitencial.
Análise da possibilidade ou impossibilidade de execução específica, atendendo ao
contrato de compra e venda posteriormente celebrado com terceiro (João). Tal contrato
foi celebrado por Celestino com o consentimento do promitente vendedor. Esse contrato
de compra e venda foi celebrado em cumprimento de um prévio pacto de preferência,
celebrado com João. Sobre este direito convencional de preferência, ainda que tivesse
eficácia real, prevaleceria o direito legal de preferência do co-herdeiro António,
prevalência que este não exerceu, já que autorizou a respetiva venda. Nessa medida, será
válido o contrato de compra e venda celebrado com João. A não oponibilidade ao terceiro
do direito do promitente comprador, por força da mera eficácia obrigacional do contrato
promessa. Possibilidade de execução específica em função da aplicação das regras do
registo predial.
Afastamento da execução específica por força da falta de consentimento do co-herdeiro
do promitente faltoso.

b) Problema da falta de consentimento do co-herdeiro do promitente vendedor e o não


prejuízo da legitimidade para prometer vender de António.
A identificação das disposições que não permitem alienação dos bens da herança indivisa
por um dos co-herdeiros sem o consentimento dos restantes, como uma das normas do
contrato prometido que pela sua razão de ser não deve ser extensiva ao contrato promessa;
Enquadramento e resolução do problema no âmbito das exceções ao princípio da
equiparação;
Identificação da razão de ser de tais normas e justificação da não extensão do seu regime
ao contrato promessa. A questão dos efeitos do contrato promessa em contraposição aos
efeitos do contrato prometido. Assim, opção pela validade do contrato promessa, não
obstante a falta de consentimento de C.
Violação do contrato-promessa e direitos do promitente comprador:
Garantias indemnizatórias (442.º, n.º 2):
Indemnização pelo dobro do sinal.
Tradição da coisa e possibilidade de indemnização pelo aumento do seu valor.
Tradição da coisa, crédito indemnizatório e direito de retenção.
Possibilidade de indemnização por eventuais benfeitorias (art.442.º, n.º 4)

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