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Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Praça Universitária, s/n, Setor Universitário,
CEP 74605-220, Goiânia, GO, Brasil.
Resumo
Será apresentada neste artigo uma análise comparativa sobre o comportamento experimental de placas de
concreto simples e armado apoiadas sobre fundação elástica. Foram ensaiadas cinco placas quadradas de
concreto, que possuíam as dimensões de 300 cm x 300 cm x 10 cm (grupo 1) e 100 cm x 100 cm x 3,4 cm
(grupo 2). A comparação se baseou no comportamento da placa quando carregada estaticamente no seu
centro geométrico em função do deslocamento vertical do ponto central, dos estágios de carregamento e
das relações momento-curvatura das peças ensaiadas. Para o mesmo deslocamento vertical, a relação
P/Pu,EXP permaneceu predominantemente a mesma para as placas dos dois grupos, mostrando um
comportamento representativo entre elas. Contudo, em termos numéricos, os resultados obtidos para as
placas do grupo 2 não forneceram valores razoáveis, restringindo a comparação entre os dois grupos de
placas com relação apenas ao seu comportamento. Segundo a distribuição de momento fletor, o momento
positivo máximo acentuado ocorreu sobre a roda. Foi notável o ganho na capacidade resistente da placa
com a adição de armadura mínima de flexão.
Palavras-Chave: pavimentação; pavimento de concreto; placas de concreto; pavimento de concreto estruturalmente
armado; fundação elástica.
Abstract
This article presents a comparative analysis of the experimental behavior of plain and reinforced concrete
slabs on elastic foundation. Five square slabs of concrete were tested with dimensions 300 cm x 300 cm x
10 cm (group 1) and 100 cm x 100 cm x 3,4 cm (group 2). The comparison based on slab behavior when
statically loaded in geometric center as a function of the vertical center displacement and of the relationships
moment-curvature of the specimens. For the same vertical displacement, the relationship P/Pu,EXP stayed
predominantly the same for the slabs of the two groups, showing representative slab behavior. However, in
numeric terms, the results obtained for the slabs of the group 2 didn't supply reasonable values, restricting
the comparison among the two groups of slabs with relationship just to its behavior. According to moment
distribution, the maximum positive moment occurred at the load application point. The gain in the resistant
capacity of the slab with the addition of minimum reinforcement was notable.
Keywords: pavement; concrete pavement; concrete slabs; structurally reinforcement concrete pavement; elastic
foundation.
1 Introdução
(a) (b)
Figura 2 - Distribuição das pressões nas camadas de solo subjacentes ao revestimento de (a) concreto; (b)
asfalto
P 1 ⎛ 2r ⎞
m + m' = − p0 r0 2 ⎜ 1 − 0 ⎟ (Equação 1)
2π 2 ⎝ 3 t ⎠
⎛ 3r ⎞ P c
po ro 2 ⎜ 1 − o ⎟= (Equação 2)
⎝ 4 t ⎠ π ro
onde ro corresponde ao raio da fissuração medido (vide Tabela 1); t é o raio da base do
4 3
9 ro 3r
cone de pressão sobre a placa e equivalente a t 2 + − o = 0 (vide figura 4); c é o
4ct c
raio de distribuição da carga com carregamento em área circular; m é o momento fletor
positivo último; m' é o momento fletor negativo último; e po é o valor de pico do cone de
3P
pressão resultante do solo e equivalente a .
π t2
Punção, segundo a NBR 6118 (2003) corresponde ao estado limite último determinado
por cisalhamento no entorno de forças concentradas. O modelo de cálculo proposto faz
verificação quanto ao cisalhamento em duas ou mais superfícies críticas, e somente para
as placas dotadas de armadura de flexão. A formulação não se aplica a placas de
concreto simples.
uC = 2(c1 + c2 ) (Equação 3)
Fsd
τ sd = (Equação 5)
u.d
dx + d y
onde τ sd é a tensão tangencial atuante, de cálculo; d = altura útil da laje ao longo
2
do contorno critico C ' , distante 2d da área de aplicação da força, sendo d x e d y alturas
úteis nas duas direções ortogonais da armadura; u é o perímetro do contorno critico C ' ;
Fsd é a força ou reação concentrada, de cálculo.
⎛ f ck ⎞
τ rd 2 = 0,27⎜1 − ⎟ f cd (Equação 6)
⎝ 250 ⎠
A tensão resistente a uma distancia 2d da face do pilar, superfície crítica C ' , corresponde
a:
⎛ 20 ⎞3
τ rd 1 = 0,13⎜⎜1 + 2 ⎟ 100 ρ f ck (Equação 7)
⎝ d ⎟⎠
onde τ rd 1 é a tensão resistente na superfície crítica C ' ; d é a altura útil da laje ao longo do
contorno crítico C ' , em cm; ρ é a taxa geométrica de armadura de flexão aderente.
τ sd ≤ τ rd 2 (Equação 8)
τ sd ≤ τ rd 1 (Equação 9)
A tensão de tração atuante deve ser menor ou igual à máxima resistência à tração do
concreto. A resistência à tração f t é suposta igual a 4 2 f c (em psi). O cálculo da
capacidade resistente do cone será:
⎛ L ⎞ ⎡⎛ Le ⎞ ⎤
Pc = 0,96 fc ⎜ e ⎟ ⎢⎜ ⎟ + dh ⎥ (Equação 10)
⎝ tan θ ⎠ ⎣⎝ tan θ ⎠ ⎦
3 Procedimento Experimental
3.1 Considerações gerais
Placas
Parâmetros de Projeto Grupo 1 Grupo 2 Unidade
(P1 e P3) (P1A, P3A, P3B)
Comprimento da placa 3 000 3 000 mm
Largura da placa 100 100 mm
Espessura do pavimento (h) 100 34 mm
Módulo de elasticidade do concreto ( E c ) 28 160 28 160 MPa
Coeficiente de Poisson do concreto (ν) 0,20 0,20
Resistência à tração na flexão do concreto ( f ct , f ) 3,5 3,5 MPa
Resistência característica à compressão do concreto
35 35 MPa
( f ck )
Resistência característica de escoamento do aço de
armadura passiva ( f yk ) 500 600 MPa
As armaduras das placas do grupo 1 foram dimensionadas com armadura mínima na face
inferior e resistência à compressão do concreto ( f ck ) de 35 MPa. As dimensões nominais
de projeto das placas do grupo 2 como: comprimento, largura e espessura,
permaneceram proporcionais às dimensões do grupo 1, na relação 1:3.
Resistência
característica à Espessura da Taxa de armadura em uma
compressão do placa direção
Placas Tipo concreto (h) ( 00 )
( f ck )
MPa mm Face inferior Face superior
P1 Concreto simples 100 - -
35
P1A Concreto simples 34 - -
P3 Concreto armado 100 0,284 -
P3A Concreto armado 35 34 0,179 -
Concreto com
P3B 34 0,179 0,107
armadura dupla
3.2 Instrumentação
A leitura dos relógios comparadores foi efetuada até cerca de 80% da carga de ruptura
das placas. As leituras das deformações específicas tanto da superfície do concreto como
das barras de aço foram determinadas por extensômetros ligados a sistemas eletrônico e
manual de aquisição de dados. Os incrementos de carga aplicada à estrutura foram lidos
gradualmente por um sistema eletrônico de aquisição de dados.
4 Resultados
4.1 Comportamento carga aplicada no centro x flecha central
As curvas carga aplicada no centro x flecha central correspondentes às placas P1, P1A,
P3, P3A e P3B são apresentadas no gráfico da figura 8, que mostra o comportamento das
peças submetidas à carga estática. As flechas centrais foram obtidas pela leitura dos
deslocamentos verticais no centro da placa ( Dcentral – denominação genérica).
400
P3
Carga aplicada no centro (kN)
300
200
P1
100
P3A
Detalhe 1
P3B
0
0 2 4 6 8 10 12 14
A fase elástica das placas foi bem definida pela linearidade do trecho no Estágio I, com
um comportamento inicial bastante similar. A partir da carga correspondente à primeira
fissura as curvas, referentes às placas armadas P3, P3A e P3B, mudaram de inclinação
indicando uma perda de rigidez. Registrou-se, desse modo, um aumento maior na flecha
sem haver redução na carga imposta.
Após a fissuração, observou-se uma similaridade na forma das curvas carga aplicada no
centro x flecha central para as placas P3A e P3B, apresentadas no detalhe 1 da figura 9.
Não houve grande diferença entre as flechas medidas nas duas placas até o colapso,
assim como as magnitudes das cargas de ruptura.
25
P3
Carga aplicada no centro (kN)
20
15
P3B
10
P3A
P1A
5
0
0 2 4 6 8 10 12 14
correspondeu à cerca de 200%, enquanto que entre as placas P1A e P3A esse aumento
foi da ordem de 100%.
Não foi verificado um aumento significativo na carga de ruptura das placas dotadas de
armadura dupla em relação às placas com armadura simples. Este tímido desempenho
parece ser devido às condições desfavoráveis do espaçamento vertical das armaduras
positivas e negativas, na ordem de 13 mm, além da dificuldade de execução do ensaio, já
que a possível adição de pequenos erros experimentais no conjunto deve ter resultado
em valores absolutos inexatos.
A metodologia empregada por LOSBERG (1960), que dimensiona o pavimento como uma
placa armada e despreza a resistência à tração do concreto, apresentou valores bastante
próximos dos obtidos experimentalmente, com exceção de P1A, P3B.
Já os métodos de ruptura por punção, segundo a NBR 6118 para placas de concreto
armado, e do Parafuso de Ancoragem para placas de concreto simples mostraram-se
eficientes em relação ao carregamento aplicado no centro geométrico para as placas P3 e
P1. Os valores das cargas de ruptura teóricas foram próximos às experimentais, com
diferença inferior a 10%. O mesmo não ocorreu para todas as placas pertencentes ao
grupo 2.
Procedimento
Procedimento Experimental
Teórico
kN KN kN kN kN
P1 220,0 220,0 224,16 197,4 -
P3 200,0 655 651,55 - 590,44
P1A 12,8 12,8 6,80 43,36 -
P3A 7,0 25,9 29,05 - 16,14
P3B 10,0 24,8 35,85 - 15,33
1,0
P1
P3B
0,8
P3A
P/PuEXP (kN/kN)
0,6
P1A
0,4
0,2 P3
0,0
0 2 4 6 8 10 12 14
Flecha central (mm)
12
10
M P3
Momento fletor (kNm)
0
0 10 20 30 ϕ r 40 50 60 70 80
Curvatura ϕ (x10-6/mm)
1 − εc + εs
= φr = (Equação 11)
ρ d
Tendo a curvatura real das peças obtém-se o respectivo momento fletor através do
gráfico da figura 11.
E1bc
100
60
40
20 E1axs
0
-200 -100 0 100 200 300 400
10kN 70kN
140kN 200kN
-10
0,01Pu
-8 0,10Pu
-6 0,15Pu
Momento Fletor (kNm)
0,20Pu
-4
0,25Pu
-2
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 0,30Pu
0
10
Distância (m)
5 Conclusão
• O comportamento inicial das placas foi bastante similar, com fase elástica bem
definida pela linearidade do trecho no Estágio I. A partir da carga correspondente à
primeira fissura as curvas, referentes às placas armadas, mudaram de inclinação
indicando uma perda de rigidez. Registrou-se, desse modo, um aumento maior na
flecha sem haver redução na carga imposta.
6 Agradecimentos
7 Referências
Klingner, R. E.; Mendonca, J. A. Tensile Capacity of Short anchor bolts and welded
studs: A literature review. ACI Journal. Proceedings, v. 79, n. 4, jul-ag., p. 270-279,
1982.