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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA
LICENCIATURA EM MÚSICA

IVONALDO SIMIÃO SEVERO

A MÚSICA COMO AGENTE TRANSFORMADOR DE CRIANÇAS, JOVENS E


ADULTOS NO PROJETO BANDA ESCOLA DE TAIPU.

Natal/RN
Junho/2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE MÚSICA
LICENCIATURA EM MÚSICA

IVONALDO SIMIÃO SEVERO

A MÚSICA COMO AGENTE TRANSFORMADOR DE CRIANÇAS, JOVENS E


ADULTOS NO PROJETO BANDA ESCOLA DE TAIPU.

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura


em Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN – como requisito como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Licenciado em
Música.

Orientador: Professor Edibergon Varela Bezerra EMUFRN

Natal/RN
Junho/2015
IVONALDO SIMIÃO SEVERO

A MÚSICA COMO AGENTE TRANSFORMADOR DE CRIANÇAS, JOVENS E


ADULTOS NO PROJETO BANDA ESCOLA DE TAIPU.

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura


em Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN – como requisito como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Licenciado em
Música.

Aprovada em 01 de junho de 2015.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Edibergon Varela Bezerra. – Orientador


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – Natal/RN.

Prof. Esp. José Simião Severo.


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – Natal/RN.

Prof. Esp. José Estevam de Oliveira.


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – Natal/RN.

Natal/RN
Junho/2015
Dedico este trabalho a todas as pessoas que
contribuíram para a minha formação e a todos que
aceitam o desafio de ensinar música em projetos
sociais.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Deus, porque ele sempre me agracia com vitórias.


A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo apoio e reconhecimento.
Agradeço aos meus familiares, pais, irmãos e amigos pelos incontáveis apoios durante
o curso. A minha esposa que sempre compreendeu e incentivou minha dedicação ao curso.
Aos professores da EMUFRN que muito colaboraram em minha trajetória acadêmica,
em especial ao professor Edibergon Varela Bezerra, grande colega, amigo e orientador desse
trabalho pela disposição, dedicação e respeito que sempre demonstrou.
Aos músicos Carlos Augusto, Bruno César e Roberto Fragoso, mentores do projeto
Banda Escola de Taipu, sempre abertos e dispostos a auxiliar nessa pesquisa.
E a todos que contribuíram direta ou indiretamente para concretização desse trabalho.
RESUMO

Enfoca o Projeto Banda Escola do município de Taipu/RN. Tem como objetivo


procura demonstrar como se dá o processo de ensino e aprendizagem de música em um
projeto social que trabalha com o ensino de instrumento de banda e qual a influência que esse
processo exerce na vida dos envolvidos. Como metodologia utiliza o estudo de caso, tendo
como ferramenta de investigação a pesquisa exploratória com utilização de questionários,
entrevistas semiestruturadas e a observação participante. Dessa forma, foi possível analisar e
evidenciar que o Projeto Banda Escola, apesar de pouco tempo de funcionamento, tem
demonstrado influência positiva na educação musical e na vida da maioria dos educandos
envolvidos. A partir deste trabalho foi possível perceber a relevância do projeto Banda Escola
na vida das pessoas envolvidas, bem como para o desenvolvimento sociocultural e musical.

Palavras-chave: Ensino de música. Projeto Banda Escola. Projetos sociais. Banda de música.
ABSTRACT

Focuses on the Banda School Project municipality of Taipu / RN. Aims seeks to
demonstrate how is the process of teaching and learning music in a social project that works
with the band instrument teaching and what influence this process has on the lives of those
involved. The methodology uses the case study, and as a research tool to exploratory research
with the use of questionnaires, semi-structured interviews and participant observation. Thus, it
was possible to analyze and highlight the Band School Project, although little uptime, has
shown positive influence on musical education and lives of the majority of the students
involved. From this work, it was possible to realize the relevance of Banda School project in
the lives of those involved, as well as the socio-cultural and musical development.

Keywords: Music Education. School Band Project. Social Projects. Marching Band.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – INSTRUMENTOS DE SOPRO DE METAIS ................................................... 20


FIGURA 2 – INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO ............................................................... 21
FOTO 1 – APRESENTAÇÃO DO TROMBONISTA GILBERTO CABRAL E ALUNOS DO
PROJETO ILHA DE MÚSICA ................................................................................................ 27
FOTO 2 – APRESENTAÇÃO DO GRUPO DE ALUNOS DA CONEXÃO FELIPE
CAMARÃO .............................................................................................................................. 28
FOTO 3 – ALUNOS E PROFESSORES, APÓS APRESENTAÇÃO DO PROJETO BANDA
ESCOLA ................................................................................................................................... 28
FOTO 4 – AULA DE GUITARRA NA ESCOLA DE MÚSICA DE MACAÍBA ................. 29
FOTO 5 – AULA COLETIVA DE TROMBONE MINISTRADA POR UM DOS
EDUCADORES DO PROJETO .............................................................................................. 31
FOTO 6 – AULA COLETIVA DE TROMPETE MINISTRADA POR UM DOS
MONITORES DO PROJETO .................................................................................................. 32
FOTO 7 – APRESENTAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE SOPRO AOS ALUNOS ............ 34
FOTO 8 – APRESENTAÇÃO MUSICAL DO PROJETO BANDA ESCOLA NA CÂMARA
DOS VEREADORES ............................................................................................................... 37
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 09
1.1 Metodologia ...................................................................................................................... 10
1.1.1 Estudo de caso ................................................................................................................ 10
1.1.2 Entrevista ........................................................................................................................ 11
1.1.3 Questionário ................................................................................................................... 11
1.1.4 Pesquisa bibliográfica ..................................................................................................... 12
2 PROJETOS SOCIAIS........................................................................................................ 13
2.1 O ensino de música em projetos sociais ......................................................................... 14
2.2 Projetos sociais por meio de bandas de música ............................................................ 15
3 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE BANDA DE MÚSICA NO BRASIL .................... 17
3.1 Formação instrumental ................................................................................................... 19
3.2 As bandas de música no Rio Grande do Norte ............................................................. 21
3.3 A importância das bandas para as comunidades ......................................................... 22
4 O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTO .............................................................. 24
4.1 Características das aulas no ensino coletivo ................................................................. 25
4.1.1 Metodologias utilizadas no ensino de música ................................................................ 26
4.2 Algumas experiências com ensino coletivo de música em projetos sociais no RN ..... 27
5 PROJETO BANDA ESCOLA........................................................................................ 30
5.1 Histórico e propostas do projeto .................................................................................... 30
5.2 Os processos de ensino e aprendizagem de instrumentos no projeto ......................... 21
5.3 Equipe técnica e horário de funcionamento .................................................................. 32
5.4 A expectativa do primeiro dia ........................................................................................ 33
5.5 A escolha dos instrumentos............................................................................................. 34
5.6 A escolha do repertório ................................................................................................... 35
5.7 Dificuldades enfrentadas para a execução do projeto .................................................. 36
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 39
ANEXOS ................................................................................................................................ 42
9

1 INTRODUÇÃO

As bandas de música no Brasil apresentam-se em diferentes contextos e geralmente


estão relacionadas às manifestações populares e eventos sociais, mostrando-se bastante
presente nas comunidades e influenciando a vida das pessoas. Desse modo, constituem um
espaço importante de ensino e aprendizagem musical, envolvendo muitas possibilidades de
educação demonstrando a sua importância cultural, histórica e social. A esse respeito
Swanwick (2003, p. 38) nos reforça: “A música não somente possui um papel na reprodução
cultural e afirmação social, mas também potencial para promover o desenvolvimento
individual, a renovação cultural, a evolução social, a mudança”.
Ultimamente as bandas de música vêm sendo trabalhadas em diversos projetos sociais
que desenvolvem ensino coletivo de música, Essa disseminação crescente de projetos sociais
que abordam o ensino de instrumentos musicais voltados para a formação de banda é
relevante, pois as instituições especializadas não conseguem atender a demanda de
interessados em aprender música, e especificamente instrumentos de banda. Como afirma
Nascimento (2007 p.01): “O ensino musical no Brasil, ainda se encontra deficiente quanto a
sua disponibilidade ao público. As instituições de ensino musical gratuitas existentes não
atendem a demanda por seus cursos, tendo que, na maioria das vezes, utilizar de algum tipo de
seleção como escolha”.
Este trabalho visa conhecer com mais profundidade a educação musical desenvolvida
em Bandas de Música e a influência que exerce na vida dos envolvidos. Para isso foi
escolhido como objeto de pesquisa o Projeto Banda Escola da cidade de Taipu - RN. Desta
forma foi realizada uma pesquisa no referido projeto com intuito de investigar, verificar e
analisar os processos educacional musical bem como a transformação social dentro de cada
comunidade contemplada com o ensino. A escolha do tema surgiu pelo interesse em bandas
de música e pela vontade pessoal de relatar e compartilhar boas experiências no âmbito do
ensino de música em contextos sociais; O desejo de adquirir mais conhecimentos acerca das
metodologias de ensino dentro de um projeto social também foi um fator motivador para a
escrita deste trabalho.
Para uma melhor compreensão e apresentação desse trabalho dividimos em cinco
partes. No primeiro faremos a parte introdutória, refletindo sobre o objetivo da pesquisa e o
processo de composição deste trabalho.
O segundo capítulo trará uma descrição acerca dos projetos sociais, dando ênfase aos
projetos voltados para o ensino coletivo de instrumentos de bandas de música marciais.
10

O terceiro capitulo, nos remeterá a uma trajetória histórica sobre bandas de música e
como se dá a formação instrumental, seguidamente relata-se sobre Bandas de música no Rio
Grande do Norte e sua importância para as comunidades.
O quarto capítulo abordará o ensino coletivo de instrumentos musicais analisando as
técnicas e os métodos de ensino utilizados. O capitulo apresentará ainda algumas experiências
de ensino coletivo de música em projetos sociais no estado do Rio Grande do Norte.
No quinto e último capitulo apresentaremos os resultados e análises dos dados
coletados da pesquisa realizada no projeto social Banda Escola firmado no município de
Taipu – RN.

1.1 Metodologia

Para realização deste trabalho foi utilizado o estudo de caso e uma pesquisa
bibliográfica. Este estudo caracteriza-se como pesquisa exploratória de natureza qualitativa,
tendo como campo para coleta de dados o Projeto Banda Escola instituído na cidade de Taipu,
interior do estado do Rio Grande do Norte. A partir da coleta de dados, foi possível realizar a
análise dos passos referentes ao desenvolvimento do ensino coletivo de instrumentos no
referido projeto, objetivando a compreensão dos seus processos de ensino.

1.1.1 Estudo de caso

Estudo de caso é um método de pesquisa que surgiu como metodologia utilizada na


pesquisa pelas ciências sociais por ter um caráter de análise mais qualitativa. Assim, por meio
dele se procura um estudo mais profundo buscando-se entender as complexas inter-relações,
tanto sobre um indivíduo quanto da comunidade na qual ele está inserido. Desse modo, o
estudo de caso tem contribuído fortemente em diversas áreas de conhecimento como afirma
Yin (2005, p. 21):

Como esforço de pesquisa, o estudo de caso contribui, de forma inigualável,


para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais,
sociais e políticos. Não surpreendentemente, o estudo de caso vem sendo
uma estratégia comum de pesquisa na psicologia, na sociologia, na ciência
política, na administração, no trabalho social e no planejamento.

De acordo com Nisbet e Watt (1978 apud ANDRÉ, 2005, p. 47), o estudo de casos se
desenvolve em três fases: a fase exploratória, a fase de coletas de dados e a fase de análise
sistemática dos dados. Estas três fases são pontos importantes na corroboração do sucesso da
11

pesquisa no estudo de caso, tanto para a escolha dos objetivos e objeto de estudo, como na
organização de coleta de informações e análise dos dados.
Portanto, estas três etapas foram bastante importantes na elaboração desse trabalho,
pois possibilitou um aprofundamento acerca dos aspectos funcionais do Projeto Banda Escola.
Para isso o acompanhamento em alguns eventos que a banda participou e a observação das
aulas de música e ensaios foram imprescindíveis para a compreensão do processo de ensino-
aprendizagem musical.
Outros meios de coleta de dados como questionário, entrevista e pesquisa bibliográfica
foram utilizados como ferramentas de pesquisa para fundamentar esse trabalho.

1.1.2 Entrevista

Segundo Gray (2012, p. 299) “uma entrevista é uma conversa entre pessoas, na qual
uma cumpre o papel de pesquisador”. O autor ainda afirma que nesse modo de trabalho o
pesquisador deve elaborar questões, sendo elas estruturadas, semiestruturadas e não
estruturas, devendo ouvir as respostas para poder fazer outras questões e registrar os dados e
consequentemente fazer a análise do que foi exposto. Assim, as entrevistas foram de grande
valia para a composição desse trabalho, pois por meio delas como afirma Maffeezzolli (2008,
p. 102) “pode-se captar histórias e experiências únicas dos indivíduos, que podem propiciar o
conhecimento da realidade pesquisada”.
Foi utilizada uma entrevista semiestruturada com os idealizadores e coordenadores do
Projeto Banda Escola, objetivando conhecer os aspectos e elementos que constituem esse
contexto de ensino. Dessa forma foi possível conhecer as principais características do Projeto
bem como do contexto o qual está inserido.

1.1.3 Questionário

Também foi utilizado o questionário, com o objetivo de um maior aprofundamento do


tema. De acordo com Elliot (2012. p. 27) pode-se definir questionário como um instrumento
de pesquisa que se utiliza de técnicas investigativas para dentre outros propósitos elucidar
fatos, comportamentos, opiniões e sentimentos acerca do assunto estudado. Quanto ao número
de questões podem ser poucas ou muitas, dependendo do interesse do pesquisador, sendo elas
impressas ou disponibilizas virtualmente para os alvos da pesquisa.
O questionário aplicado aos alunos do projeto foi utilizado como ferramenta para
descobrir e compreender se o ensino de música tem colaborado para o enriquecimento da vida
12

social e cultural dos envolvidos, Nesse sentido esse instrumento foi indispensável para
esclarecer e elucidar e evidenciando os fenômenos ocorridos no Projeto Banda Escola.

1.1.4 Pesquisa bibliográfica

Para compor a pesquisa foi necessário estudar trabalhos de vários autores dentre eles:
Almeida (2010) que aborda em seu trabalho um estudo acerca das influências que o repertório
exerce na educação musical em bandas de música do Ceará e que aprendizagens esses
currículos proporcionam; Penna (2006) que destaca em seu artigo três questões reflexivas
sobre os desafios da educação musical, sendo elas: A função da educação musical para a
formação do indivíduo; O conhecimento da diversidade cultural e a interdisciplinaridade no
ensino de música, Binder (2006), que nos traz, em sua dissertação, uma retrospectiva histórica
sobre bandas de música no Brasil desde a colonização até os dias atuais. Estes são apenas
alguns dos diversos autores que colaboraram fortemente para o embasamento teórico do
trabalho.
13

2 PROJETOS SOCIAIS

De acordo com Santos (2003, p. 4) podemos definir projeto social como um


planejamento para solucionar um problema ou uma carência social. O autor ainda relata que
os aspectos mais importantes de um projeto social são: compreensão do contexto no qual se
pretende atuar; que os envolvidos tenham participação ativa; Clareza dos problemas e
objetivos a serem alcançados. Assim, é muito importante que os coordenadores de projetos
sociais estejam capacitados e dispostos a aprender ainda mais sobre o seu campo de atuação,
como afirma Freitas (2001 apud SANTOS, 2003, p. 13) “para o enfrentamento das questões
sociais precisamos mais do que vontade de acertar. A competência certa para propor, conduzir
e avaliar intervenções no campo social deve ser buscada”.
Sabe-se que nem sempre há êxito em projetos sociais. Dentre os vários motivos dos
fracassos em projetos sociais podemos destacar a falta de apoio financeiro, que geralmente é a
causa determinante; projeto mal elaborado, sem objetivos claros; falta de pessoas
comprometidas e competentes para assumir o trabalho ou mesmo sem a devida capacitação
para atuar, outros fatores políticos também podem influenciar negativamente os projetos, visto
que muitos se utilizam de tais projetos sociais para benefícios próprios como afirma Santos
(2003, p. 11):

É pouco provável que um projeto isolado possa resolver um problema ou


oferecer uma solução social que se presume negativa. Em geral, um projeto
pode estabelecer um impulso para a mudança, pode inicia-la, mas não basta,
por si mesmo, para que toda a transformação desejada ocorra. Não
reconhecer esse fato é perigoso, pois mesmo um bom projeto pode estar
sujeito a manipulações politicamente perversas, em sua implantação ou,
ainda, ser transformado em mera peça ideológica, a serviço de jogos do
poder.

Segundo o autor “é imprescindível que o projeto tenha infraestrutura básica e de


apoio”. Porém, deve-se salientar que o êxito de um projeto não é calculável pelo valor do
investimento, mas sim pelos objetivos alcançados.
Em várias cidades de nosso país é comum ver crianças e jovens sem ocupação
produtiva em ruas e praças, podendo os mesmos estar aproveitando o tempo livre para uma
formação complementar, assim não estariam tão expostos as mazelas da sociedade. Portanto,
os projetos sociais surgem pensando no futuro dessas pessoas e propõem medidas a serem
tomadas para intervir no processo de socialização dessas crianças, adolescentes e jovens. No
entanto, para que tenha efeito deve-se pensar em ampliar cada vez mais ações deste tipo,
14

como projetos voltados para esse público e que essa transformação, possível, não seja vista
apenas como uma demonstração, mas como possibilidades e oportunidades concretas.
O campo de atuação promovido por projetos sociais é diverso, dentre essa diversidade
podemos citar ações humanitárias, educacionais, esportivas e artística. No entanto, vale
salientar que todas essas ações devem ter como foco as pessoas envolvidas, sendo estas
definidas como público alvo das ações.
Os projetos sociais são geralmente financiados pelo governo, por Organizações não
governamentais, por instituições privadas, financeiras e instituições religiosas. De acordo com
Santos (2003, p. 3) “a atenção, de maneira geral e, em especial, entre as agências
financiadoras, tem se voltado para a efetividade das ações e, não apenas, para a eficiência e a
eficácia no cumprimento das metas.” Isso, de certa forma vem sendo positivo, pois os projetos
conseguem atender novas demandas de beneficiários.

2.1 O ensino de música em projetos sociais

Dentre as várias atividades desenvolvidas nos projetos sociais, a música é uma


possibilidade de atuação nesse contexto que vem sendo praticada. Essa prática ao longo dos
anos vem ganhando espaço na nossa sociedade, causando impacto positivo e interagindo
diretamente com ela, contribuindo para a formação cultural e até mesmo profissional de
crianças e jovens e adultos de baixa renda ou em situação de risco social. Guazina (2010)
pressupõe que a arte tem a capacidade transformadora e a música se apresenta como um novo
elemento capaz de favorecer reflexões sobre a esfera sociocultural nas quais se encontram os
sujeitos envolvidos.

A atuação dos projetos tem sido marcada pela concepção de que as práticas
musicais podem construir novas oportunidades de vida. E, mais além,
podem, ainda, modificar as realidades sociais de maneira positiva ao
realizarem ‘transformação social pela música’ (ou ‘inclusão social pela
música’) no enfrentamento das adversidades como desemprego, acesso
precário à educação e cultura, o enfrentamento da violência (boa parte dela
advinda do Estado), até lutas por direitos e legitimidade. Os projetos sociais
são uma forma de levar educação de forma democrática de levar educação e
cultura para a sociedade. (GUAZINA, 2010, p. 942).

Com propostas de cunho social, esses projetos atuam em comunidades possibilitando


desenvolvimento sociocultural individual e coletivo, fazendo, assim, parte do
desenvolvimento integral do homem e permitindo a conquista da cidadania desses indivíduos,
como pessoas críticas e participativas da sociedade.
15

Santos (2007, p 3) nos reforça:

os projetos sociais na área da educação musical despontaram com toda força


ao longo das últimas duas décadas, tomando significativas dimensões em
nossa sociedade, buscando suprir as deficientes iniciativas socioculturais
viabilizadas pelos governantes. Esses projetos, muitas vezes ligados a ONGs
e outras instituições do terceiro setor, focam um ensino da música
contextualizado com o universo sociocultural, tanto dos alunos quanto dos
múltiplos espaços em que acontecem.

Assim, os projetos sociais em música podem ser considerados como um importante


meio para o desenvolvimento de atividades socioeducativas quando trabalhado de forma
contextualizada com a realidade social de seu público, visto que têm alcançado significativos
resultados tanto musicalmente, culturalmente quanto socialmente.
Para Souza (2014, p. 16) “a música faz parte de um processo de socialização, através
do qual crianças, jovens e adultos criam suas relações sociais” cabendo aos profissionais da
música analisar e explicitar essas relações.
Atualmente vemos relatos na mídia de algumas iniciativas pedagógicas de projetos
sociais em música, que atuam na educação musical de forma significativa, embasada nessa
visão de transformação social e capacidade de valorizar as diferentes realidades socioculturais
dentro de variados contextos educativos. Pode-se dizer como afirma Muller (2004, p. 53) que
“há uma farta proliferação de atividades que envolvem música em comunidades, favelas,
associações de bairro, clubes e tantas outras formas de agrupamentos sociais”. Certamente
isso ocorre devido ao risco social ou a carência em que esses grupos se encontram. Assim
promovem atividades socioeducativas capazes de influenciar positivamente a representação
social sobre o fazer musical dos jovens de uma comunidade, afastando-os da violência.

2.2 Projetos sociais por meio de bandas de música

Os projetos sociais que abordam o ensino de música por meio de bandas têm
contribuído positivamente para o processo de reconstrução da identidade sócio cultural em
diversas comunidades, promovendo crescimento pessoal e integração entre os envolvidos.
Pode-se dizer, de acordo com Almeida (2011, p. 1), que “as bandas de música são, também,
um espaço de aprendizado e de ressignificação social e cultural.”.
Higino (2006, p. 12) ressalta que os projetos sociais voltados para bandas de música
exercem no mínimo três funções no seu contexto de atuação: comunitária, pedagógica e de
preservação do patrimônio cultural.
16

Neste sentido, o papel social das bandas de música torna-se bastante perceptível, visto
que por meio delas, busca-se perpetuar os valores tradicionais de uma determinada região,
preocupando-se com a manutenção de uma tradição, baseada na construção pessoal e coletiva
de seus membros. Faz-se desse modo, um movimento transformador da realidade de muitos
jovens, que poderiam estar às margens da criminalidade ou mesmo sem perspectiva de
atuação profissional. Neste sentido, Higino (2006, p. 129) coloca que:

O espaço social da banda de música promove a integração entre os jovens, a


afetividade, as amizades e o crescimento pessoal, constituindo fator
determinante para que os pais e a comunidade tenham interesse e o
valorizem como um ambiente saudável, capaz de manter os jovens longe da
violência urbana.

Segundo Cislaghi (2009, p. 19) as bandas de música exercem uma função de inclusão
social que “[...] permite afastar crianças e jovens da marginalidade social e possibilita uma
melhora na qualidade de vida das crianças e jovens atendidos, além de possibilitar uma
possível profissionalização”.
A esse respeito Silva (2012, p. 37) nos reforça: “As bandas também funcionam como
núcleos de formação profissional, preparando músicos para o mercado de trabalho, podendo
estes virem a ser integrantes de orquestras sinfônicas, bandas militares de demais ramos
profissionais da música.”
Através desta transformação por meio da tradição, em um contexto sociocultural
diferenciado, as bandas de música, percebe-se que há como objetivo, não só a formação
musical, mas também a formação pessoal de seus jovens músicos, possibilitando assim, a
construção de projetos de vida através do fazer musical. A esse respeito Almeida (2010 p.07)
ressalta: “Além do seu papel de levar a cultura musical as camadas mais populares, as bandas
assumiram, ao longo do tempo, a função e responsabilidade educativo-musical junto a uma
grande parte dos jovens que dificilmente teriam acesso a escolas formais de música”.
Vale salientar que há bandas que desenvolvem trabalhos sociais bem como e existem
projetos sociais que abordam a estruturação e formações de novas bandas de música, como é
o caso do projeto Banda Escola, que como meta busca estruturar a banda municipal
desativada e criar novas bandas em escolas no município de Taipu – RN; detalharemos este
projeto nos próximos capítulos.
17

3 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE BANDA DE MÚSICA NO BRASIL

O surgimento da Banda de Música se deu na Europa por volta do século XVI, porém,
elas não tinham a mesma instrumentação das bandas atuais, visto que os instrumentos eram
mais simples, comparando-se com os modelos instrumentais atuais. No sentido restrito
segundo Costa (2011, p. 242) podemos definir banda de música como um “conjunto que
abrange instrumento de sopro e percussão.”
Para Nascimento (2007, p. 18) a “A tradição da música no Brasil vem desde os
primeiros momentos de sua colonização, porém a falta de material bibliográfico da história
colonial brasileira no período que precede a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil
em 1808.” Tornando-se difícil para os pesquisadores descrever detalhadamente a música no
Brasil antes desse período.
O autor ainda esclarece que para melhor compreensão da música no período colonial
podemos analisa-la em duas fases. A primeira equivale à chegada dos portugueses onde nota-
se, por meio de relatos, mencionados também por Tinhorão (1976, p. 38), um intercambio
musical entre a música indígena e a portuguesa. José Ramos Tinhorão fez esta alusão por
meio de analises das cartas escritas por Pero Vaz de Caminha na fase inicial da colonização.
A segunda fase seria em 1808, com a chegada das Cortes portuguesas, as quais
trouxeram consigo as suas influências que modificariam a música na colônia para sempre,
porém com base nas influências partiam para produções próprias como afirma Costa (2011):

Com a chegada da Corte ao Brasil, o tráfego de composições e de


instrumentos europeus também aumentou. Os compositores e os regentes das
bandas encarregavam-se de pedir partituras de música erudita, vindas de
Lisboa e outros lugares. Porém, do estudo e cópia destas, partiam para a
produção própria. As bandas foram influenciadas por músicos italianos
migrados, através da apropriação dos repertórios e de instrumentos, que se
transformaram e tornaram-se cada vez mais performáticos. (COSTA, 2011,
p. 246).

A autora ainda relata que no Brasil as primeiras práticas musicais organizadas tiveram
início no período colonial através das bandas de escravos, que futuramente se tornariam as
bandas oficiais e de fanfarras entre outros grupos musicais. A esse respeito Nascimento (2007,
p. 20) afirma que a igreja e os negros exerceram entre os séculos XVII e XVIII forte
influência na música do país visto que os senhores de engenho contratavam professores de
música para lecionar alguns escravos, com intuito de formar conjuntos de escravos para
entretenimento. A esse respeito Tinhorão (1972 apud COSTA, 2011, p. 244) esclarece:
18

Ao lado da Igreja Católica, quem mais contribuiu para o aproveitamento da


vocação musical dos africanos trazidos ao país foram os próprios senhores
de escravos. Durante o século XVIII, as casas-grandes funcionaram como
verdadeiras sedes, concentrando a vida da comunidade, organizando, desta
maneira, o lazer das pessoas, através da realização de festas e da formação
de grupos de músicos.

No século XIX as bandas continuavam a ter forte expressão cultural na sociedade e a


igreja e os negros ainda marcavam profundamente a música no Brasil, como afirma Almeida
(2010 p. 23): “No século XIX, as principais bandas eram as de irmandade e as de fazenda, nas
quais os músicos, que eram escravos em sua maioria, tocavam em troca de sustento e às vezes
permutando alfabetização.” O autor esclarece ainda que nessa época o ensino de música era
puramente técnico voltado para execução instrumental.
Desse modo uma prática musical que se iniciou no século XVI ainda permanece viva
em todo o país até os dias atuais, embora se tenha agregado certo grau de sofisticação no
século XIX com desenvolvimento de instrumentos e técnicas de ensino e práticas
instrumentais coletivas aperfeiçoadas.
Pode-se dizer que o cruzamento entre a música europeia e africana delineou o que
chamamos de música brasileira como afirma Costa (2011, p. 114): “No caso do Brasil, as
representações no âmbito musical aparecem no sentido de ‘transculturação’, que significa a
interação recíproca entre duas culturas, a europeia e a afro”. Com o advento de novas culturas
ao longo do tempo a música brasileira ganhou novos elementos tornando-se diversificada e
característica.
Segundo Binder (2006, p. 8) após a Revolução Industrial que iniciada em meados do
século XVIII no Reino Unido e expandindo-se para o mundo inteiro no século XIX, foi
possível produzir instrumentos de metais em larga escala e aperfeiçoados e isso repercutiu
positivamente para as bandas que ganharam maior destaque:

as bandas se popularizaram e se multiplicaram, ganhando maior


receptividade. Essa popularização obteve força durante o século XIX, a
partir do momento em que houve a adaptação das válvulas aos instrumentos
de metais, tornando-os mais fáceis de serem executados. Além disso,
também está ligada ao desenvolvimento de novos métodos industriais de
manufatura, resultando na produção de instrumentos em larga escala, com
preço acessível a todas as classes. (BINDER, 2006 p. 16).

Segundo o autor, com esses avanços tecnológicos na fabricação de instrumentos, as


bandas começaram a se proliferar na Europa durante o século XIX. Até os regimentos
militares passaram a formar bandas em suas corporações. Visto que com a criação da Guarda
19

Nacional em 1831 a formação de bandas nos regimentos militares era obrigatório (SILVA,
2012, p. 24). Assim, no Brasil, muitos músicos tiveram a oportunidade de ingressarem nos
quadros militares como afirma Tinhorão (1998, p. 140),

Atraídos aos quadros militares pela sua rara qualificação, músicos civis
vestiram a farda e passaram a fazer parte do corpo de tropa, passando a
comportarem-se como simples funcionários contratados, aos quais recebiam
pagamentos na base de saldo de oficial. (TINHORÃO, 1998, p. 140).

Binder (2006 apud COSTA, 2011, p. 243) nos esclarece que nesse período “com a
exaltação do nacionalismo, houve a necessidade de criação de hinos cívicos e marchas.”
Nesse mesmo período, surgiram vários grupos musicais civis que serviam à corte e à igreja,
com vestimentas e marchas semelhantes aos dos militares, porém voltados para o patriotismo.
Essas transformações nas bandas de música as tornaram parte da vida cultural da população.
As bandas civis foram ganhando espaço a partir do século XIX com caráter muito
similar ao das bandas militares devido as atuações, repertório e vestimentas das mesmas como
relata Costa (2011, p. 248) “Foi através dessa atuação constante e diversificada que se
vinculou a banda de música civil a traços militares, como no repertório, uniforme e
instrumentação.” Granja, citado por Costa (2011, p. 250) descreve que a farda igualava todos
do grupo, incorporando aqueles considerados anônimos e sem regalias na sociedade a uma
realidade respeitada pelo público que por sua vez apreciava e aplaudia as diversas atuações.
A verdade é que com essa valorização “centenas de músicos de origem popular
encontravam oportunidade de viver de suas habilidades e de seu talento, contribuindo para
identificar com o povo, através da música de coreto e de festas cívicas”. (TINHORÃO, 1998,
p. 142). Certamente esse fato favoreceu o aumento de músicos instrumentistas ampliando o
quadro de bandas existentes no país, que atualmente, de acordo com a Fundação Nacional de
Arte (FUNARTE, 2015) chega a um total de 2468 registros de bandas, sendo elas em sua
maior parte vinculadas a prefeituras e associações, não constando nesse cadastro bandas
militares e religiosas, pressupondo-se, portanto que esse número seja muito maior. Segundo
Almeida (2011, p.43) Em meados do século XX o total de bandas existentes no Brasil não
passava de 500 grupos, desse modo é possível perceber que o número de bandas no país
continua crescente.

3.1 Formação instrumental


20

Ao longo do tempo formação instrumental das bandas marciais passou por


modificações sendo constituída atualmente por instrumentos de percussão e instrumentos de
sopro da família dos metais. Já outras bandas musicais tem sua formação instrumental
constituída por instrumentos de sopro da família das madeiras e instrumentos de sopro da
família dos metais e instrumentos de percussão. Já no caso das fanfarras, sua composição
como afirma Cislaghi (2009), “é formada por instrumentos de sopro característicos – cornetas
– e instrumentos de percussão – bombos, tambores, prato a dois, prato suspenso e caixa
clara”. Pode-se perceber que as nomenclaturas das bandas variam conforme a instrumentação.
Silva (2012) nos esclarece que a formação instrumental da banda se utiliza de duas
classes: metais e percussão, classificando-se da seguinte forma:
Instrumentos/metais: trombone, trompete, bombardino, tuba, trompa, sousafone; há
também instrumentos adicionais de uso facultativo como flautim, saxhorn, melofone e
flugelhorn também conhecido como fliscorne, sendo este último instrumento de metal da
família dos trompetes. Segue abaixo a ilustração de alguns desses instrumentos:

Figura 1 – Instrumentos de sopro de metais

Fonte: dados do pesquisador

Instrumentos/percussão: caixa, tarol, bumbo, prato, surdo; outros instrumentos


percussivos que também podem ser utilizados em bandas marciais são: quadritom, quitotom e
meia lua. A ilustração a seguir possibilita a visualização das imagens de alguns desses
instrumentos:
21

Figura 2 – Instrumentos de percussão

Fonte: dados do pesquisador

Como se percebe são diversos os tipos de instrumentos utilizados em bandas marciais,


sendo que há sempre algumas variações de formação instrumental de uma banda para outra.
Esses instrumentos são dispostos e organizados levando em consideração à estética, desse
modo “os tambores são posicionados a frente das cornetas e geralmente são apresentados em
número igual” (SILVA, 2012, p. 41).
A instrumentação moderna, segundo Binder (2008, p. 8) iniciou-se na França, durante
o reinado de Luís XIV, quando Jean Batist Lully substituiu as antigas charamelas
(instrumentos de sopro com palha dupla, de sons estridentes dos quais descendem o oboé e o
fagote) por fagotes e oboés “fornecendo assim, o modelo de banda do qual se derivaram os
padrões instrumentais posteriores utilizados em boa parte da Europa.”.

3.2 As bandas de música no Rio Grande do Norte

No Rio Grande do Norte, segundo a Fundação Nacional de Arte (FUNARTE, 2015)


há o cadastramento de 79 bandas em 2015, mas acredita-se que esse número pode ser muito
maior, pois não entram nessa contabilidade bandas militares e de congregações religiosas. A
(FUNARTE, 2015) aponta que a Região Nordeste é a região que mais cadastrou bandas
chegando a um total de 823 e o estado do Ceará desponta como o estado nordestino com
maiores números de cadastramento, chegando a 202 bandas.
Na realidade do RN podemos identificar que a maioria das bandas marciais faz parte
do quadro de prefeituras, havendo atualmente concursos para preenchimento de vagas.
22

A FUNARTE disponibiliza em seu site uma tabela1 listando todos os nomes das
bandas de música do Rio Grande do Norte, com seus respectivos endereços de
funcionamento.

3.3 A importância das bandas para as comunidades

As bandas de música desenvolvem trabalhos sociais que geralmente visam a formação


de instrumentistas para atuação na própria banda, mas esse trabalho vai além dessa proposta,
pois “as bandas de música são, também, um espaço de aprendizado e de ressignificação social
e cultural.” (ALMEIDA, 2011, p. 1).
Segundo Costa (2011, p. 242):

As bandas constituíram-se, muitas vezes, como uma das únicas


manifestações culturais das pequenas cidades interioranas. Podem ser
pequenas ou grandes e em diversos estilos, como de fanfarra, marcial, de
coreto, entre outros. Independente da classificação, elas estão presentes nos
momentos sociais mais importantes da cidade, sejam civis ou religiosos.

Para as comunidades as bandas vão além de simples atrações em diversos eventos


como desfiles cívicos, comemorações religiosas, etc. Elas também são espaços de
aprendizado, que oferecem oportunidades para jovens aprenderem a tocar instrumentos
musicais, bem como incluir-se socialmente, visto que ao participar cada educando passa a
desempenhar, numa perspectiva inclusiva, um papel na sociedade que tem como base a
educação musical e a difusão cultural. Almeida (2012, p. 1) nos afirma que “neste cenário, as
bandas de música tornam-se alvo da procura destes jovens, principalmente nas cidades de
interior, sendo ainda, uma das manifestações musicais mais presentes na sociedade no que diz
respeito à difusão da cultura e a educação musical”.
Desse modo, fica claro que as bandas aproveitam muitos talentos que poderiam ser
desperdiçados, visto que muitas cidades do interior não dispõem de escolas de música
especializadas e a deslocação da maioria desses jovens para estudar nas capitais se torna
muito difícil. Porém, alguns conseguem quebrar essas barreiras e vencer os desafios. E muitos
retornam aos projetos para poder colaborar com no seu processo de inclusão como relata
Ribeiro (2012, p. 3), “não é raro nos depararmos com relatos de músicos que, a partir de
experiências vividas, passaram a integrar projetos sociais com vistas à integração e
socialização de pessoas excluídas.”.

1
A referida tabela está anexada a este trabalho.
23

A autora relata ainda que desde o período colonial as bandas demonstraram grande
valor cultural no Brasil, pois por meio delas muitos músicos desenvolveram seus potenciais
chegando ao status de maestro, compositores ou instrumentistas. Além de ser um relevante
espaço de sociabilidade, também tornaram populares diversos gêneros musicais.
De acordo com Gonçalves (2009, p. 1) as atividades musicais de bandas civis
contribuem fortemente com a história de uma determinada região, transformando-a e
proporcionando a manutenção das mais tradicionais comemorações da comunidade, além de
exercer um papel social significativo no que diz respeito a formação e construção da
identidade dos músicos mais jovens.
24

4 O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTO

O ensino coletivo é uma metodologia utilizada para abranger um número maior de


alunos e essa forma de trabalho fortalece as relações interpessoais e troca de informações
decorrentes da interação bem como para incentiva novas descobertas e experimentações em
relação à interpretação e conhecimento musical. A esse respeito Tourinho (2007, p. 1) nos
reforça:

O ensino em grupo proporciona aos alunos a vivência com outros modelos


de comportamento musical, observando e ouvindo os outros colegas. Pode-
se argumentar em favor do ensino coletivo tento em vista que nele o
aprendizado se dá pela observação e interação com outras pessoas, a
exemplo de como se aprende a falar, a andar, a comer.

Segundo a mesma autora, uma das justificativas desse ensino é a de que o aprendizado
acontece bem mais rápido por causa do convívio em grupo e pela observação que os discentes
têm entre de si. Desse modo a integração social e as relações interpessoais colaboram
significativamente para o aprendizado como ressalta Ribeiro (2012, p. 8):

pode-se dizer que a música aproxima as pessoas para que estabeleçam


relações de amizade, hierarquia, valores humanos e papéis sociais
interdependentes. Estas relações interpessoais, sob o incentivo do professor,
levam os envolvidos com atividades musicais coletivas a se tornarem mais
conscientes de seu papel no respeito ao outro.

Assim, podemos evidenciar que a educação musical coletiva é agente facilitadora e


transformadora das relações, principalmente por se tratar de ensino em grupo. Este convívio
aliado à aprendizagem de instrumentos musicais vem proporcionando amplas possibilidades
no desenvolvimento de alunos enquanto sujeitos que estão atuando constantemente no meio
em que vivem. Cruvinel (2005, p. 18) ressalta: “A música na sociedade atual deve ser
entendida como um poderoso instrumento de transformação, não só do indivíduo, mas do ser
humano social, que vive em sociedade [...]”.
Para o ensino coletivo de instrumentos de banda não podemos deixar de mencionar o
método “Da capo” que por sua vez foi desenvolvido para o ensino coletivo de instrumentos de
banda em grupo, mas nada impede que seja utilizado no ensino individual. O seu mentor foi o
músico e pesquisador Joel Luís da Silva Barbosa. O Método contempla várias aulas para o
aprendizado de instrumentos, de teoria musical e desenvolvimento da percepção. Os alunos
tem contato com o instrumento desde as primeiras aulas, sendo que o aprendizado do
instrumento e da teoria ocorre simultaneamente, não necessitando aprender primeiramente
25

teoria musical e depois ter contato com o instrumento. Vários pesquisadores e professores
comprovam sua eficiência.

4.1 Características das aulas no ensino coletivo

O ensino coletivo é um processo que se caracteriza pela combinação de atividades


entre professores e alunos, de modo que os educandos estejam dispostos em grupo,
contemplando mais de um aluno por turma.
Gurgel (2013, p. 1569) nos relata que “o que é ensinado ou como se ensina dentro da
modalidade de ensino coletivo vai depender de cada professor e de seus objetivos”. Assim é
necessário que haja interação entre alunos e professor, que por sua vez, durante o
planejamento deve levar em consideração as particularidades de cada educando.
Entende-se, nesse contexto, que a atitude do educador é imprescindível para direcionar
as dinâmicas no grupo conduzindo-o para um bom desenvolvimento, visto que o ensino
coletivo possui uma dinâmica bastante característica e os discentes tem um ritmo próprio de
aprendizado. Portanto, é necessário que o professor tenha uma postura crítica em relação as
suas atitudes, e procure conhecimentos mais aprofundados acerca de técnicas instrumentais e
métodos de ensino, visto que é um modelo a ser seguido. A esse respeito Tourinho (2008
apud Gurgel, 2013, p. 1570) ressalta:

o professor é modelo, um exemplo ao tocar com facilidade e possuir domínio


da técnica instrumental. Mas também é o orientador, corrigindo e
incentivando os alunos, demonstrando com o instrumento e falando como se
faz, muitas vezes usando uma linguagem não verbal para se comunicar – um
olhar, um sorriso, um toque.

Os grupos os quais recebem ensino coletivo geralmente têm alunos com níveis
diversificados, pois o tempo de aprendizado de cada educando é variável, sendo necessária
por parte do educador uma continua avaliação visto que avaliar é um meio para orientar e
traçar novas técnicas que proporcione a aprendizagem musical. Esse processo deve ser
contínuo e sistematizado.
Segundo Andrade (2001, p. 8) há pesquisas e trabalhos significativos sobre avaliação
em outras áreas de conhecimento como Matemática, Português etc. Já em artes ainda
permanece a ideia de que é “difícil, uma vez que a avaliação não pode ser objetiva quando se
trata de áreas que envolvem a criatividade ou, no caso da música, o que deve ser avaliado nem
sempre tem uma resposta muito clara e simples.” Contudo, um aspecto que deve ser levado
em consideração no ato de avaliar turmas de música é o desempenho individual e coletivo.
26

4.1.1 Metodologias utilizadas no ensino coletivo de música

As metodologias de aprendizagem musical, o conhecimento pedagógico e a


aplicabilidade desses no ensino de música são ferramentas responsáveis por um aprendizado
significativo. Também o fato do ensino ser coletivo e não individual em sua maior parte, torna
o aprendizado ainda mais motivador como afirma Oliveira (2012, p. 30):

Tocar em conjunto, ouvir o som do outro, torna-se muito mais motivador do


que tocar para si, as dificuldades também são compartilhadas havendo ainda
grande interatividade entre os alunos onde o “fazer musical” em contato com
o outro propicia uma troca constante de conhecimento.

Desse modo, pode-se perceber que o trabalho em grupo proporciona vivências


significativas, mas deve-se salientar que o método de ensino grupal utiliza-se de técnicas
diferentes do ensino individual.
Fidalgo (1996, apud CAJAZEIRAS, 2004, p. 26) relata que a educação musical
inserida no contexto da banda de música é organizada “de forma peculiar, aliando-se
características de ensino formal e outras de ensino não formal, numa adaptação prática que
leva a resultados rápidos e satisfatórios”.
No que se referente aos métodos de ensino de música não podemos deixar de falar dos
chamados Métodos Ativos que vem sendo amplamente discutidas nas várias instituições que
contemplam ensino superior de música.
Da mesma forma que a pedagogia e outras áreas de conhecimento seguem alguns
teóricos como parâmetros para a prática educativa, no âmbito musical não é diferente,
seguindo modelos pedagógicos musicais, porém, nem todos esses modelos podem ser
denominados ou considerados métodos, alguns são abordagens ou propostas
(FONTERRADA, 2008, p. 119). A autora ainda ressalta que, no século XX, diferentes
educadores musicais influenciaram e revolucionaram as gerações seguintes com suas teorias,
metodologias, propostas e abordagens de ensino sendo eles, responsáveis pela consolidação
da concepção do que é Educação Musical além de gerar frutos para novas tendências na área
da pedagogia musical. Dentre esses teóricos podemos citar: Émile Jaques Dalcrose, Edgar
Willems, Carl Orff. Zoltán Kodály, Shinichi Suzuki, esses autores foram os responsáveis pela
primeira geração dos métodos ativos. Tais métodos ainda são muito utilizados, porém, com
base neles educadores criam elaboram ou desenvolvem sua própria técnica de ensino, visto
que cada realidade é única, mesmo com similaridades.
27

4.2 Algumas experiências com ensino coletivo de música em projetos sociais no RN.

Em todo o Estado do Rio Grande do Norte existem vários projetos que utilizam o
ensino coletivo de instrumentos musicais como ferramenta de inclusão social, dentre eles
podemos citar:
Projeto Ilha de Música: Criado pelo músico Gilberto Cabral e sua esposa musicista
Inês Latorraca. O projeto funciona há nove anos e situa-se na comunidade da África, na
Redinha, considerada uma das mais violentas da cidade. Cerca de 40 jovens, de idade entre 8
e 18 anos, aprendem gratuitamente a tocar um instrumento musical. “Eu faço questão que eles
aprendam tudo, tanto o instrumento melódico, quanto harmônico e rítmico, porque estarão
preparados para o mercado”, argumenta Gilberto o idealizador do projeto. A imagem a seguir
mostra o músico Gilberto à direita e alguns de seus alunos à esquerda

Foto 1 – Apresentação do trombonista Gilberto Cabral e


alunos do projeto Ilha de Música

Fonte: ALVES, 2012

Conexão Felipe Camarão: Sendo outro projeto de renome no nosso estado, atua na
capital do Rio Grande do Norte desde 2002, criado por Vera Santana tem como proposta
educar jovens e crianças através da música e de costumes regionais. Abaixo segue uma
imagem de uma apresentação musical com alunos do referido projeto:
28

Foto 2 - Apresentação do grupo de alunos da


Conexão Felipe Camarão.

Fonte: POTIGUAR, 2011


Projeto Banda Escola: Criado em 2013, com a proposta de ensinar e divulgar a arte
musical no município de Taipu, interior do estado, possibilitando conhecimento musical e
alternativas de atuação profissional, ajudando crianças, jovens e adultos a ingressarem no
mercado de trabalho. Segue abaixo a imagem de professores e alunos do projeto:

Foto 3 - Alunos e professores, após apresentação musical do


Projeto Banda Escola.

Fonte: dados do autor

O ensino de música nesse projeto em sua maior parte se dá coletivamente e envolve


leitura, percepção rítmica, melódica e execução instrumental. Sendo estes alguns dos fatores
transformadores na vida dos participantes. Esse projeto desenvolve concepções
contemporâneas no ensino musical.
29

Escola de Música de Macaíba: Considerada um projeto de grande dimensão, por ser


conveniada com a Escola de Música da UFRN, tem se destacado desde sua criação em 2006,
proporcionando aos educandos a possibilidade de atuarem como profissionais da música. As
modalidades atendidas são as seguintes: violino, viola clássica, violoncelo, violão,
contrabaixo, guitarra, teclado, bateria, flauta e teoria musical, também instrumentos de sopro
(banda de música) e canto coral (infantil e adulto).

Foto 4 - Aula de guitarra na Escola de Música de Macaíba.

Fonte: dados do autor

Ainda há vários outros projetos voltados para o ensino de música no nosso estado, que
trabalham o ensino da música em seus aspectos teóricos e práticos, contudo esses trabalhos
são ainda pouco divulgados nas mídias.
30

5 PROJETO BANDA ESCOLA

O projeto Banda Escola é uma proposta social e cultural voltada para crianças,
adolescentes e adultos oriundos de famílias de baixa renda do município de Taipu, interior do
Rio Grande do Norte que estejam matriculados na rede pública municipal de ensino.
O projeto surge na cidade como proposta inovadora de se implantar ensino de música
nas escolas de forma significativa.

5.1 Histórico e propostas do projeto

O projeto foi iniciado no dia 20 de agosto de 2013 tendo como mentores músicos que
desenvolveram suas habilidades musicais em projeto social voltado para a formação de banda
de música; Atualmente todos são músicos efetivos e atuantes na Banda Municipal de Ceará-
Mirim/RN. A intenção era que o projeto incluísse socialmente o máximo de alunos possível
dentre crianças (entre 7-11 anos) adolescentes, jovens e adultos (entre 12-60 anos), por meio
da música, estimulando-os e valorizando-os como cidadãos úteis e responsáveis. Porém, esse
propósito é apenas um desejo de expansão do projeto que hoje atua em seis escolas e tem
como principais objetivos:
 Trabalhar, ensinar e divulgar a arte musical no município, possibilitando
alternativas de atuação profissional, ajudando jovens a ingressarem no mercado
de trabalho;
 Ampliar a banda de música da cidade, que além de funcionar como laboratório
de musicalização aos estudantes de música, cumpre com seu papel social
através de apresentações realizadas nas festividades cívicas e religiosas do
município;
 Divulgar o trabalho desenvolvido pela prefeitura com a apresentação de
concertos populares realizados na cidade (sede e distritos);
 Realizar concertos didáticos nas escolas da rede municipal de ensino com o
intuito de divulgar a música como arte e o trabalho desenvolvido com apoio da
prefeitura;
 Formação de agentes multiplicadores do conhecimento sobre teoria e prática
musical;
 Musicalização de crianças, jovens e adultos, não só na formação musical, mas
prepara-los como verdadeiros cidadãos.
31

O projeto busca auxiliar no processo de inclusão social resgatando a dignidade e o


exercício de cidadania de crianças jovens e adultos desses distritos. Bem como favorecer a
diminuição da evasão escolar. A prefeitura da cidade abraçou a causa e a cada ano busca,
com recursos próprios, ampliar esse trabalho que vem mostrando resultados satisfatórios.

5.2 Os processos de ensino e aprendizagem de instrumentos no projeto

Os instrumentos ensinados no projeto são os de percussão e de sopro, especificamente


instrumentos de bandas, mas a flauta doce é utilizada como instrumento inicial para se
dominar a técnica de leitura e assim consequentemente aprender outro instrumento. Outros
instrumentos como violão e teclado são lecionados apenas a uma pequena parcela interessada,
porém esse grupo é bastante reduzido pelo fato de haver poucos violões e não estar em
primeiro plano na formação de banda.
Depois de quatro meses de início do projeto, os alunos já colocavam em prática seus
aprendizados através de apresentações em diversos espaços sociais: praças, igrejas, escolas,
no fórum e em outros eventos realizados no município.
Também há o intuito do projeto em formar em cada distrito sua própria banda de
música por meio de multiplicadores, porém este é um passo em longo prazo.

Foto 5 – aula coletiva de trombone, ministrada por um dos


educadores do projeto.

Fonte: dados do autor

Tirar o som do instrumento é o primeiro aspecto trabalhado no ensino do trombone no


qual o monitor orienta a usar a técnica do “besourinho” como se estivesse imitando o som de
um besouro, para isso utilizando inicialmente somente o bocal do instrumento e com
exercícios de figuras como semibreve, semínima e colcheia. Em seguida com os instrumentos
32

montados os educandos praticam escalas nas formas ascendentes e descendentes, sendo


orientados a praticarem vários outros exercícios. Desse modo, nota-se que o processo de
aprendizagem se dá de forma rápida. Porém, alguns alunos apresentam dificuldades no que se
refere a respiração e controle da afinação.
A próxima imagem ilustra alguns aspectos das aulas de trompete.

Foto 6 – Aula coletiva de trompete ministrada por um dos


monitores do projeto

Fonte: dados do autor.

Na aula de trompete o monitor trabalha inicialmente com poucos alunos, após os


alunos aprenderem a técnica do instrumento, as turmas passam a se unir formando grupos
maiores. O monitor propõe a execução de exercícios desde a primeira aula onde cada
educando se esforça para conseguir a melhor sonoridade do instrumento. As aulas consistem
orientações sobre postura, respiração, posicionamento das mãos, exercícios de escalas e
excussões de músicas.
Os alunos estudam tanto a teoria musical quanto a pratica do instrumento, porém por
diversas vezes a técnica da imitação é utilizada, visto que esse procedimento pedagógico tem
demonstrado bons resultados. Quanto a essa utilização do instrumento sem uso de partituras
Ramos e Marino (2002, p. 35) nos esclarece: “o aluno poderá explorar e experimentar os
recursos do instrumento, desenvolver a coordenação motora e expressar-se de improvisações
e criações musicais sem interferência da partitura”. Isso nos remete a alguns aspectos do
método desenvolvido por Shinichi Suzuki.

5.3 Equipe técnica e horário de funcionamento


33

A equipe técnica do projeto é formada por quatro professores dos quais apenas um não
tem formação técnica acadêmica, mas obteve técnica e métodos de ensino suficientes para
tocar na banda de música municipal de Ceará-Mirim e ministrar aulas de instrumentos de
banda. Três dos educadores possuem nível técnico e superior. Os mesmos estão sempre se
aperfeiçoando, participando de eventos e congressos sobre técnicas de instrumentos de banda.
Desse modo, conhecem diversas tendências pedagógicas musicais e criam seus próprios
métodos de trabalho. Esse espírito de investigação é necessário para que os professores não
paralisem em seus conhecimentos e não ensinem por um único método.
Todos os educadores do projeto tiveram trajetórias musicais iniciadas em projetos
semelhantes ao que desenvolvem.
Os horários de funcionamento das seis escolas atendidas em 2015 estão organizados
no contra turno, de modo que o alunado passa dois dias semanais em turno integral fazendo
refeição (almoço) na escola e se dirigindo para a aula de música que ocorre em outros
espaços, pois as escolas atendidas funcionam em dois turnos. Desse modo, o grupo sempre
desenvolve esse trabalho em ambientes alternativos como sedes, quadras, galpões e muitas
vezes até embaixo de árvores.
Mesmo com as turmas tendo aulas apenas duas vezes por semana e com duração em
torno de duas horas e trinta minutos, o planejamento mostrou-se suficiente para proporcionar
aos alunos seu maior objetivo, que é o ensino musical, socialização, convivência em grupo,
relacionamento, disciplina e dedicação.

5.4 A expectativa do primeiro dia

Pelos relatos e observações pode-se perceber que ver e ouvir um instrumento musical
de sopro como flauta doce e transversal nunca havia sido vivenciado por aquelas crianças e
jovens, que com seus olhos e ouvidos atentos se encantavam pelas melodias executadas pelos
instrumentistas. Esse encanto inicial provavelmente seja o primeiro impulso para muitos que
após essa apreciação buscam ter como meta o aprendizado da técnica instrumental. Cabendo
aos educadores alimentar e mediar essa fascinação.
Na primeira visita ao projeto, os professores, fizeram a apresentação dos instrumentos
aos alunos novos. Tendo como objetivo principal, naquele momento, conquistar aquelas
crianças para serem novos alunos e desmistificar a ideia de que o estudo do instrumento fosse
visto como algo de difícil. Procurou-se então, fazer uma apresentação com repertório popular
para que as melodias fossem facilmente identificadas pelo público. Esse primeiro momento
34

foi muito importante para que houvesse um contato positivo tanto em relação aos professores
quanto para com os instrumentos apresentados a fim de torná-los atrativos. Para isso a
dinâmica de apresentação e execuções de repertórios variados foi importante, visto que várias
músicas chamaram a atenção. O sistema de seleção dos alunos inicialmente partiria do
interesse dos alunos ali presentes. Foram disponibilizadas algumas vagas além da quantidade
de instrumentos disponíveis, visto que desistências sempre são previsíveis nos primeiros
momentos
A imagem abaixo ilustra um desses momentos nos quais os monitores apresentam a
sonoridade de alguns instrumentos aos educandos.

Foto 7 – Apresentação de instrumentos de sopro aos alunos

Fonte: dados do autor

Os educadores tiveram que conquistar o alunado, que por sua vez se mostrava curioso
e tímido para o instrumento, mostrar as diversas possibilidades musicais tocando músicas
eruditas e populares próximas ao contexto musical vivido por eles foi uma forma de conquista
inicial.

5.5 A escolha dos instrumentos

A escolha do instrumento é feita pela preferência dos alunos, mas os professores


mediam o processo de escolha, direcionando os alunos a escolherem os instrumentos
adequados até mesmo para o tipo físico do educando, dessa forma instrumentos mais pesados
não são direcionados aos alunos mais franzinos, porém esse fator não é determinante para a
escolha do instrumento, visto que a aptidão ou a preferência e a experimentação pode ser
definir o instrumento de cada estudante.
35

Direcionou-se inicialmente o grupo de flautas aos alunos de menor idade, em média


entre 8 e 12 anos, pois a flauta além ser um instrumento musicalizador, é de baixo custo,
podendo ser adquirido facilmente por alguns pais. Os estudos iniciais foram desenvolvidos
com a prática do ritmo como elemento primordial para os passos posteriores. Depois busca-se
despertar no aluno sempre a memória musical, assim as notas são estudadas inicialmente sem
nenhum tipo de anotação, papel, partitura ou apostila. Desse modo, a familiarização com
padrões musicais antecedem a escrita musical.
A partir daí são direcionados exercícios das notas, surgindo às primeiras músicas,
todas memorizadas e executadas. Gradativamente, introduzem-se outros instrumentos com as
mesmas músicas já memorizadas e desenvolvendo o estudo do novo instrumento e da leitura
em pauta com as figuras musicais.

5.6 A escolha do repertório

O repertório que o grupo adotou é bastante variado, executando-se músicas dos mais
diversos estilos, canções do folclore Infantil, chorinho, temas clássicos dentre outros. Quanto
ao grau de dificuldade das músicas Tourinho e Oliveira (2003, p. 22) nos orientam:

Deve ser fonte de aprendizagem, nem tão fácil que não ofereça um desafio
nem tão difícil que seja tocado no limite da compreensão e da fluência. Da
mesma forma deve oferecer a possibilidade de explorar fraseado, dinâmica,
textura, possibilitando ao aluno o crescimento técnico e musical.

Deste modo, as músicas escolhidas para serem trabalhadas no projeto seguem esse
modelo, proporcionando ainda mais a aprendizagem musical, uma vez que sua escolha leva
em consideração o desenvolvimento técnico do aluno. Tanto o repertório escolhido quanto os
exercícios das aulas são adaptados para melhorar o desempenho dos alunos. Para que o ensino
possa ser aplicado dentro do contexto escolar, os professores sistematizam e combinam
metodologias para a realidade escolar.
Não há um método especifico fixado, mas os educadores procuram mesclar várias
técnicas, geralmente ensinam da forma que aprenderam, porém incluindo elementos
facilitadores para o aprendizado.
São desenvolvidos diversos estudos específicos para cada instrumento, tais como
exercícios para independências dos dedos, uso correto da palheta, batidas e dedilhados de
acordo com os estilos musicais. Mas por diversas vezes é necessário adaptação do repertorio e
dos exercícios, devido as diferenças de tempo de aprendizado entre os alunos. Para as
36

dificuldades de reprodução de alguma figura rítmica, os educadores abordam um pouco do


aspecto pedagógico de alguns educadores musicais como Dalcroze e Willems com a
utilização de movimentos corporais para a experimentação corporal dos ritmos estudados.
Mesmo com o repertório pronto é comum que antes de tocar qualquer peça tenha uma
preparação psicológica e física orientadas pelos discentes que ressaltavam sobre a
concentração e a consciência do que se iria fazer no instrumento, antes analisando a postura e
a afinação de cada instrumento.

5.7 Dificuldades enfrentadas para a execução do projeto

As maiores dificuldades enfrentadas durante o processo de ensino foram


principalmente a estrutura física das escolas que não comporta aula de música sendo
necessário que as aulas; acontecessem em espaço improvisado, portanto não há salas
adequadas e no período chuvoso as salas enchem de água por conta das inúmeras infiltrações.
Os professores por diversas vezes chegam a dar aulas em baixo de árvores. Nas escolas não há
máquina para fotocópia, nem lugar apropriado para guardar os instrumentos. Outro fator é
carência dos jovens, além do ensino da música, os educadores junto a organização da escola
providenciam almoço para os alunos, alimentando-os na medida do possível. Também faltam
instrumentos para a demanda, que chega a passar de 50 alunos em alguns distritos.
Nascimento (2007, p. 32) afirma:

A aquisição de bons instrumentos é um fator primordial para tal qualidade,


pois instrumentos muito usados, mal conservados ou de qualidade ruim não
proporcionam uma afinação correta ou requerem um esforço físico
exagerado por parte do instrumentista para executar certas notas.

Desse modo, podemos dizer que a má conservação, por não ter espaço adequado para
guardar, e a qualidade de alguns instrumentos utilizados no projeto é um fator que também
influenciam fortemente no aprendizado dos alunos. O fato deles não terem acesso ao
instrumento durante a semana, também prejudica bastante o avanço em menor quantidade de
tempo. Muitas vezes os docentes passam parte da aula seguinte repassando assuntos da
semana, pela falta da prática na semana. A mesma dificuldade é enfrentada por todos os
professores envolvidos, falta de materiais para limpeza dos instrumentos e quantidades
insuficientes de instrumentos para a demanda. Apesar das dificuldades citadas acima, O
projeto é sempre solicitado a se apresentar nas festividades da cidade e em eventos da
prefeitura, como mostra a imagem seguinte:
37

Foto 8 – Apresentação musical do Projeto Banda Escola na Câmara


dos vereadores.

Fonte: dados do autor

Com relação ao fardamento dos estudantes pode-se perceber que ainda não foi
possível adquirir fardamento sofisticado, similar ao fardamento militar. Assim, mesmo os
alunos que se destacam e que são aproveitados para compor a banda principal, utilizam a
mesma camiseta para identifica-los como educandos do projeto.
O empenho e a força de vontade de todos os envolvidos na questão é um fator
primordial para o bom desempenho do projeto, devendo-se destacar o estimulo dos
educadores e educandos.
Assim, fica claro que trabalhos como esse influencia a cultura local, sendo valorizado
pelo seu papel social e reconhecido pelos objetivos alcançados, bem como pelo
comportamento que crianças e jovens passam a ter na família e nos demais espaços sociais
onde demonstram o aprendizado da música com compromisso e responsabilidade.
38

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na análise dos dados coletados, pode-se concluir que a Banda de Música é
um excelente recurso pedagógico e facilitador da inclusão social. Ela possibilita trabalhar a
autoestima e oferece grande poder de sociabilidade e fonte de prazer, além de desenvolver
uma relação mais estreita com familiares e a sociedade, fortalecendo seus laços. Observou-se,
ainda, que tanto os alunos como a família e a sociedade local percebem que a Música é uma
importante ferramenta de integração. Também constatamos durante os trabalhos o senso de
responsabilidade, na medida em que as crianças e jovens do projeto demonstraram estar
conscientes de sua responsabilidade e papel diante das atividades as quais eram submetidas.
Verdadeiramente, a banda de música é uma importante ferramenta de integração social
e vem se tornando cada vez mais presentes em projetos sociais valorizando significativamente
as relações humanas.
Sobre a manutenção do projeto, é fundamental reforçar que o reconhecimento dos
benefícios deste trabalho para o município de Taipú fez com que a administração pública
local reforçasse o apoio, comprando novos instrumentos e implementando o “Banda Escola”
em vários distritos.
Enfim, os resultados na pesquisa revelaram que a partir do trabalho de educação
musical desenvolvido pelo projeto “Banda Escola”, os alunos apresentaram um nível
satisfatório de desenvolvimento musical, social, psicológico e estético, comprovando que a
música é um agente transformador da realidade sociocultural e psíquica dos indivíduos
envolvidos, viabilizando a interação social e promovendo a autoestima, o respeito, o senso de
responsabilidade e a cooperação.
39

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

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42

ANEXOS:

ENTREVISTA COM CRIADORES E MONITORES DO PROJETO


BANDA ESCOLA

1 Quais os objetivos do projeto?


R=
O Projeto Banda Escola pretende promover a iniciação musical e inclusão social de
crianças, adolescentes e jovens, visando principalmente garantir a continuidade da instituição
Banda de Música, Compositor Antônio Saldanha e a preservação de sua tradição;
O Projeto pretende absorver grande demanda de jovens, sobretudo aqueles em situação
de risco social;
A tradição da Banda de Música, Compositor Antônio Saldanha e sua brilhante
trajetória são um marco cultural na cidade de Taipu o que a tornou um celeiro na formação de
músicos e compositores, sempre atraindo e incentivando iniciantes;

2 Qual a importância da banda de música para a comunidade?


R=
A Banda de Música, Compositor Antônio Saldanha já foi um referencial cultural na
região, principalmente por revelar grandes músicos e compositores. Haja vista o seu vasto
repertório, em sua maioria, constituído de peças compostas por músicos da própria
corporação. Um clássico exemplo são os arranjos feitos para a big band;
A Banda de Música, Compositor Antônio Saldanha, ao longo de sua trajetória
adquiriu o respeito e reconhecimento tanto no âmbito local, como regional. Haja vista
apresentações realizadas na Praça principal;
As inúmeras apresentações no município e região despertavam o interesse
principalmente dos mais jovens incentivando a formação musical.

3- Há quanto tempo funciona o projeto?


R=
Iniciamos dia 20 de agosto de 2013 com aulas nas terças feiras das 13:30 as 17h, e das
19:30 as 21h
Em outubro passamos a ter dois ensaio/aulas nas terças e sextas das 13:30 as 17h, e
das 19:30 as 21h. Nas quartas das 07h30min às 11h.
43

4-- Quais os principais objetivos do projeto/serviço/ambiente


R=
Trabalhar, ensinar e divulgar a arte musical no município, possibilitando alternativas
de atuação profissional, ajudando jovens a ingressarem no mercado de trabalho;
Ativar e ampliar a banda de música da cidade, que além de funcionar como laboratório
de musicalização aos estudantes de música, cumpre com seu papel social através de
apresentações realizadas nas festividades cívicas e religiosas do município;
Divulgar o trabalho desenvolvido pela prefeitura com a apresentação de concertos
populares realizados na cidade (sede e distritos);
Realizar concertos didáticos nas escolas da rede municipal de ensino com o intuito de
divulgar a música como arte e o trabalho desenvolvido com apoio da prefeitura;
Formação de agentes multiplicadores do conhecimento sobre teoria e prática musical;
Musicalização de crianças, jovens e adultos, não só na formação musical, mas prepara-
los como verdadeiros cidadãos.
O intuito do projeto e formar em cada distrito sua banda de música.

5--Quem são os participantes? Faixa etária, história de vida, bairro que moram, há
quanto tempo participam do projeto.
R=
Contamos com crianças de 7 a 11 anos na iniciação musical com flauta doce
De 12 a 60 anos nos seguintes instrumentos, sax, trompete, Sax orne, trombone, clarineta,
flauta transversal, tuba, percussão em geral.
Na sede contamos com as aulas de musicalização, iniciação com flauta doce, violão,
instrumentos para banda de música, percussão.

6--Prováveis dificuldades que são encontradas para realização do ensino de música


nesses ambientes segundo os professores-monitores (especifique e justifique).
R=
A carência dos jovens, além do ensino da música, mantemos lanches e refeições para os
alunos, alimentando o corpo e a alma. O número de instrumentos, pois são mais de 50 alunos
no projeto só nesta comunidade. Local precário, pois muitas vezes damos aula de baixo das
arvores.
44

PROJETO BANDA ESCOLA


QUESTIONÁRIO PARA ALUNOS – PESQUISA DE CAMPO

1 – Você tinha algum contato com a música antes de participar do projeto?


( ) Sim ( ) Não

2 – Como ficou sabendo desse projeto?


( ) Amigos ( ) Parentes ( ) Escola ( ) Outros__________________

3 – O que te motivou a participar do projeto?


( ) Por minha vontade
( ) Convite de amigo
( ) Através da escola
( ) Por vontade de meus pais/ou responsáveis
( ) Outros______________________________________

4 – Você esta feliz por ser estudante de música?


( ) Sim ( ) Não

5 – Do que mais você gosta no projeto? (pode marcar mais de um quadrinho)


( ) Tocar / apresentações
( ) Fazer aulas em grupo
( ) Estudar teoria
( )Praticar o instrumento
( ) Conhecer novas músicas

6 - O contato da música melhorou sua vida?


( ) Sim ( ) Não

7 - O que você espera da Música?


( ) Ser um músico profissional
( )Ter ela como lazer
( )Ser mais um conhecimento importante
( )Que ela ajude também outras pessoas
45
46
47
Esta versão foi revisada e aprovada pelo(a) orientador(a), sendo aceite, pela
Coordenação de Graduação em Música, como versão final válida para depósito
no Repositório de Monografias da UFRN.

____________________________
Durval da Nóbrega Cesetti
Coordenador de Graduação

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