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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DEFINIÇÃO DO LIMIAR DE POTÊNCIA QUE GARANTE A


VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS
EM AVIÁRIOS DE CRIAÇÃO DE FRANGO DE CORTE NA
REGIÃO OESTE DO PARANÁ

RENATA BORTOLATO FERREIRA

FOZ DO IGUAÇU – PR

2016
RENATA BORTOLATO FERREIRA

DEFINIÇÃO DO LIMIAR DE POTÊNCIA QUE GARANTE A


VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DE PAINÉIS FOTOVOLTAICOS
EM AVIÁRIOS DE CRIAÇÃO DE FRANGO DE CORTE NA
REGIÃO OESTE DO PARANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Esp. João Ricardo Motta

Coorientador: Eng. Maycon Georgio


Vendrame

FOZ DO IGUAÇU - PR

2016
AGRADECIMENTOS

Agradeço a meus pais, que me apoiaram totalmente nesta jornada devido a seus trabalhos
árduos pude me dedicar totalmente à graduação. Agradeço a minha mãe por me ensinar a
sempre seguir em frente e também a meu pai pelos princípios de honestidade e solidariedade,
seu exemplo é a base do meu caráter.

Ao meu orientador, Prof. Esp. João Ricardo Motta, pelos incentivos e por seu auxílio na
correção de cada detalhe durante a realização deste trabalho.

Ao meu coorientador e supervisor de estágio, Eng. Maycon Georgio Vendrame, por todo
conhecimento compartilhado, pela paciência em responder a tantas dúvidas, e por todas as
ideias, sem as quais este trabalho não seria realizado.

A meus amigos, que durante esses cinco anos de graduação me apoiaram e incentivaram,
vocês tornaram este período memorável.
“De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!”

Fernando Sabino, O Encontro Marcado


RESUMO

Este trabalho traz uma análise sobre o atual cenário mundial da geração fotovoltaica,
abrangendo o estado atual das políticas de incentivo a esta forma de geração e os principais
mercados consumidores e produtores de módulos fotovoltaicos, também é considerado as
tendências de crescimento da eficiência dos módulos. Por seguinte é feita uma análise do
cenário brasileiro, onde são considerados os principais fatores que influenciam na geração de
energia fotovoltaica, dentre eles a forma de compensação determinada pela Resolução
687/2015, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Com base nos modelos
financeiros para tomada de decisão é feito uma análise econômica da aplicação de um sistema
fotovoltaico em uma instalação avícola, considerando o consumo desta unidade, a tarifa de
energia vigente, as linhas de financiamento existentes para o pequeno produtor rural, e a
variação no custo de instalação do sistema fotovoltaico de acordo com a variação da potência
fotovoltaica instalada. Que resulta na definição do limiar de potência de 3 kWp para a
viabilização de implantação de um sistema fotovoltaico em conjunto com a atividade avícola.
Palavras-chave: geração fotovoltaica, geração distribuída, avicultura, análise financeira.
ABSTRACT

This paper presents an analysis of the current world scenario of photovoltaic power
generation, including the state of policies to encourage this form of generation and the main
consumer markets for producers of photovoltaic systems, efficiency gains of the solar cells are
also considered. Later, an analysis of the Brazilian scenario is made, where the main factors
that influence the generation of photovoltaic energy are considered, among them the form of
compensation determined by Resolution 687/2015, of the National Agency of Electric Energy
(ANEEL). Based on the financial models for decision making, an economic analysis of the
application of a photovoltaic system in a poultry facility is made, considering the consumption
of this unit, the current energy tariff, the existing lines of credit for the small farmers and the
variation in the cost of installing the photovoltaic system according to the variation of installed
power.That results in the definition of the power threshold of 3 kWp for the feasibility of
implantation of a photovoltaic system together with the poultry activity.

Keywords: photovoltaic generation, distributed generation, aviculture, financial analysis.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CPV Concentrated photovoltaic

DSSC Dye-Sensitized Solar Cell

EUA Estados Unidos da América

GD Geração Distribuída

GFV Geração Fotovoltaica

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

IR Imposto de Renda

LER Leilão de Energia de Reserva

PIN Programa de Irrigação Noturna

PIS/PASEP Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do


Servidor Público

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRORET Procedimentos de Regulação Tarifária

SFCR Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede

SFI Sistema Fotovoltaico Isolado

SFV Sistema Fotovoltaico

SIN Sistema interligado Nacional

VPL Valor Presente Líquido

TMA Taxa mínima de atratividade

TIR Taxa Interna de Retorno

TIRM Taxa Interna de Retorno Modificada

TRN Tarifa Rural Noturna


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Eficiência das células para diferentes tecnologias em laboratório. ........................ 19
Figura 2.2: Índice de geração de emprego por MW instalado para diversas fontes
e tecnologias. ............................................................................................................................ 22
Figura 2.3:Distribuição de empregos gerados pela indústria fotovoltaica nos EUA em 2015. 23
Figura 2.4: Histórico dos mercados incentivados. .................................................................... 24
Figura 2.5: Evolução da potência FV instalada no mundo. ...................................................... 26
Figura 2.6: Evolução da instalação FV nas regiões. ................................................................. 27
Figura 2.7: 10 países com as maiores potências fotovoltaicas instaladas e
acumuladas em 2015. ............................................................................................................... 28
Figura 2.8. Distribuição da produção de células fotovoltaicas em 2014. ................................. 30
Figura 2.9 Distribuição mundial da produção de módulos fotovoltáicos em 2014. ................. 31
Figura 3.1: Matriz oferta de eletricidade no Brasil. .................................................................. 32
Figura 3.2: Matriz oferta de eletricidade no mundo. ................................................................ 33
Figura 3.3: Evolução da capacidade instalada por fonte de geração. ....................................... 34
Figura 3.4. Composição do custo total de instalação de um SFV. ........................................... 35
Figura 3.5: Número acumulado de unidades consumidoras com SFV..................................... 36
Figura 3.6: Mapa FV brasileiro e da Europa ............................................................................ 38
Figura 3.7: Efeito da variação da temperatura das células sobre a curva característica I-V de um
módulo fotovoltaico.................................................................................................................. 39
Figura 3.8: Mapa da média anual de temperatura na superfície ............................................... 40
Figura 3.9: Classificação dos SFV. .......................................................................................... 41
Figura 3.10: Influência da geração e da demanda no autoconsumo de energia. ...................... 45
Figura 5.1. Fluxo de caixa de um projeto. ............................................................................... 52
Figura 6.1. Vista frontal do aviário em estudo. ........................................................................ 56
Figura 6.2 Vista superior do aviário em estudo. ....................................................................... 57
Figura 6.3. Custo dos equipamentos instalados por quilowatt-pico de acordo com a potência da
planta fotovoltaica. ................................................................................................................... 60
Figura 6.4. Custo total do SFV por quilowatt-pico instalado de acordo com a
potência da planta. .................................................................................................................... 61
Figura 6.5. Custo do inversor de acordo com a potência do SFV. ........................................... 62
Figura 6.6 Evolução da tarifa de energia elétrica e IPCA ........................................................ 65
Figura 6.7. Valor do VPL (R$) por potência do SFV instalado (kWp). ................................... 68
Figura 6.8. CAPEX de um SFV. .............................................................................................. 69
Figura 6.9. Cálculo do VPL para diversas potências com duas taxas de custo de capital........ 70
Figura 6.10. Cálculo da TIRM para diversas potências. .......................................................... 71
Figura 6.11. Energia consumida pela instalação e energia gerada pelo SFV de 21,15 kWp. .. 72
Figura 6.12. Análise financeira do SFV. .................................................................................. 73
Figura 6.13. Fluxo de caixa do SFV. ........................................................................................ 75
Figura 6.14 Fluxo de caixa SFV com potência de 3 kWp. ....................................................... 76
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Tarifas praticadas em alguns países que utilizam o mecanismo Feed-in. . 25
Tabela 3.1: Trajetória de redução de custos. ................................................................ 35
Tabela 4.1.Dados meteorológicos para Toledo (PR). ................................................... 49
Tabela 4.2. Tarifação na Unidade Consumidora .......................................................... 49
Tabela 6.1. Consumo anual de energia no aviário ........................................................ 58
Tabela 6.2 Fluxo de caixa do projeto ............................................................................ 67
Tabela 6.3. Informações financeiras do projeto. ........................................................... 74
Tabela 6.4. Informações financeiras do SFV de 3kWp. ............................................... 76
SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................................................... 14
1.1 Contextualização e descrição do problema ............................................................................... 14
1.2 Justificativa ............................................................................................................................... 15
1.3 Objetivo Geral .......................................................................................................................... 16
1.4 Objetivos Específicos ............................................................................................................... 16

2. Cenário mundial da energia fotovoltaica................................................................................... 17


2.1 Energia Fotovoltaica ................................................................................................................. 17
2.2 Benefícios da energia fotovoltaica ............................................................................................ 20
2.2.1 Sinergia com a carga ............................................................................................................ 20
2.2.2 Menores impactos ambientais .............................................................................................. 21
2.2.3 Confiabilidade ...................................................................................................................... 21
2.2.4 Emprego de mão de obra...................................................................................................... 22
2.3 Mecanismos de incentivo à geração fotovoltaica ...................................................................... 23
2.3.1 Feed- in ................................................................................................................................ 24
2.3.2 Net Metering ........................................................................................................................ 25
2.3.3 Certificado de Energia Renovável........................................................................................ 25
2.4 Distribuição da potência fotovoltaica instalada no mundo ....................................................... 26
2.5 Principais fabricantes de módulos fotovoltaicos ....................................................................... 28

3. Panorama da energia solar no Brasil ......................................................................................... 32


3.1 Matriz energética ...................................................................................................................... 32
3.2 Cenário econômico da geração fotovoltaica ............................................................................. 34
3.3 Distribuição da Irradiação Solar no Brasil ................................................................................ 37
3.4 Temperaturas médias no Brasil ................................................................................................. 39
3.5 Geração Distribuída .................................................................................................................. 40
3.5.1 Compensação de energia elétrica ......................................................................................... 42
3.5.2 Autoconsumo ....................................................................................................................... 44

4. Definição da avicultura no Paraná ............................................................................................. 47


4.1 Padrão tecnológico dos aviários ................................................................................................ 47
4.2 Irradiação .................................................................................................................................. 48
4.3 Tarifas praticadas ...................................................................................................................... 49

5. Conceitos de análise de investimentos ........................................................................................ 50


5.1 Fluxo de caixa ........................................................................................................................... 50
5.1.1 Componentes do fluxo ......................................................................................................... 51
5.2 Modelos determinísticos para tomada de decisão ..................................................................... 52
5.2.1 Payback simples ................................................................................................................... 53
5.2.2 Payback descontado ............................................................................................................. 53
5.2.3 Valor presente líquido .......................................................................................................... 53
5.2.4 Taxa interna de retorno (TIR) .............................................................................................. 54

6. Estudo de caso ....................................................................................Erro! Indicador não definido.


6.1 Dimensão do aviário ................................................................................................................. 56
6.2 Consumo de energia .................................................................................................................. 57
6.3 Linhas de crédito ....................................................................................................................... 58
6.3.1 PRONAF .............................................................................................................................. 59
6.3.2 INOVAGRO ........................................................................................................................ 59
6.4 CAPEX ..................................................................................................................................... 59
6.5 OPEX ........................................................................................................................................ 62
6.6 Receita operacional ................................................................................................................... 62
6.6.1 Tarifa de energia elétrica ...................................................................................................... 65
6.7 Fluxo de caixa geral .................................................................................................................. 66
6.8 Análise do VPL......................................................................................................................... 67
6.9 Análise da TIR modificada ....................................................................................................... 70
6.10 Análise do SFV com potência instalada de 21,15 kWp ............................................................ 72
6.10.1 Fluxo de caixa do SFV com potência instalada de 21.15 kWp ....................................... 74
6.11 Fluxo de caixa de um SFV com potência instalada de 3 kWp .................................................. 75

Conclusão .................................................................................................................................................. 78

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 80
1. Introdução

1.1 Contextualização e descrição do problema

A geração de energia fotovoltaica, apesar de consolidada em muitas regiões do mundo,


ainda é um mercado em expansão. Tendo apresentado um crescimento significativo em 2015,
essa tecnologia começa a se estender além da Europa e Ásia, chegando recentemente a países
da América e África (IEA, 2016). Os benefícios que tornam essa fonte de energia atraente
diante das convencionais consistem em ser uma fonte limpa, instalada próximo às unidades
consumidoras, dispensando custos com transmissão, e sua modularidade, é adaptável a novas
tecnologias e demandas.

O Brasil é um mercado promissor, onde a energia solar vem se apresentando como uma
alternativa para diversificação da matriz energética, reduzindo a vulnerabilidade da tarifa de
energia diante dos níveis dos reservatórios das usinas (NAKABAYASHI, 2014). Para viabilizar
e impulsionar a geração de pequeno porte, central geradora com potência instalada igual ou
inferior a 5MW para fontes renováveis não hídrica, em 2012 foi regulamentado o sistema de
compensação de energia elétrica e os aspectos regulatórios da conexão da geração distribuída
(GD) ao sistema de transmissão e distribuição (ANEEL, 2012), o que tornou possível a
existência de sistemas fotovoltaicos conectados a rede elétrica.

Apesar dos altos índices de irradiação apresentados no Brasil, a geração solar ainda
necessita superar alguns desafios para sua total consolidação, entre eles a falta de uma cadeia
produtiva nacional voltada a atender o mercado fotovoltaico, que é um dos fatores que eleva o
custo e dificulta a instalação de plantas solares, devido à vulnerabilidade do custo de instalação
das plantas diante das variações do câmbio (NAKABAYASHI, 2014).

Em paralelo à ampliação geração fotovoltaica, existe o contínuo crescimento da demanda


de energia em aviários, e assim uma necessidade de redução nos custo de energia elétrica, que
cada vez mais reduz a atratividade da atividade avícola (MDIC, 2016).

A atividade avícola é uma das atividades econômicas mais importantes do Paraná, que
representou em 2015 mais de dois bilhões de dólares em exportação de frango de corte
congelado (MDIC, 2016). É praticada desde a década de 70 no Brasil e atualmente é exercida
em grande parte por cooperativas, que agregam valor às suas commodities agrícolas por meio

14
15

da produção de proteína animal. Essa cadeia, principalmente no caso das cooperativas, é


integrada a pequenos produtores rurais (TOMBOLO; COSTA, 2006) e responsável por 60 mil

empregos diretos e cerca de 600 mil indiretos no Paraná (PR, 2016). Essa importante atividade
apresenta alto custo com energia elétrica, que representa cerca de 29,4% dos custo operacionais
efetivos, desta forma é levantada a necessidade de uma análise da aplicação de painéis
fotovoltaicos em aviários, buscando soluções que tornem a atividade avícola mais sustentável
e aumente sua viabilidade, considerando as características das pequenas propriedades rurais
(BIANCHINI, 2014).

1.2 Justificativa

A aplicação de sistemas fotovoltaicos como investimento para a redução dos custos com
energia elétrica é algo já consolidado, porém sua aplicação em instalações localizadas na área
rural ainda necessita ser estudada, pois ao se considerar aviários destinados à criação de aves
de corte há um alto consumo de energia e uma grande área disponível para a instalação dos
painéis, e assim uma oportunidade de viabilizar o projeto.

A atividade avícola possui um alto consumo de energia elétrica com ambientação dos
aviários para o bom desenvolvimento das aves, onde a temperatura e a luminosidade são
controlados de acordo com a idade das aves. A tarifa de energia elétrica para a classe rural é
subsidiada, o que reduz o retorno do investimento com sistemas de geração fotovoltaicos, uma
vez que de acordo com o sistema de compensação praticado pela concessionária de distribuição
local, a receita operacional do sistema fotovoltaico é obtida através do valor que é deixado de
pagar à concessionária, por utilizar energia proveniente dos painéis solares ao invés da energia
da rede.

A utilização de energia renovável durante a criação de aves de corte, além da redução de


custo de produção, também traz oportunidades para a ampliação das exportações, uma vez que
em muitos países os consumidores valorizam produtos que em sua cadeia produtiva apresentam
baixo impacto ambiental e alto desempenho técnico, cenário a ser considerado visto que
aproximadamente 32% da carne de frango produzida no Brasil é destinada à exportação (ABPA,
2015). Outro ponto favorável à instalação do sistema é o consumo de eletricidade nos aviários
variar de acordo com a temperatura ambiente, isto é, quanto maior a temperatura, maior a
necessidade de climatização nas granjas, coincidindo com a geração fotovoltaica, que se eleva
16

de acordo com a irradiação, o que geralmente coincide com as maiores temperaturas


(BELUSSO, 2010).

Desta forma é importante analisar a geração do sistema fotovoltaico considerando a área


disponível, a quantidade de energia consumida e a tarifa paga pela unidade consumidora, e o
modelo de compensação da energia, buscando determinar um limiar de potência fotovoltaica
instalada que indique a viabilidade do projeto solar quando utilizado em aviários.

1.3 Objetivo Geral

Este trabalho pretende, de modo geral, definir o limiar de potência fotovoltaica instalada
que garante a viabilidade da aplicação de painéis fotovoltaicos em um aviário de criação de
frango de corte na região oeste do Paraná, com consumo mensal de energia elétrica em torno
de 5000 kWh.

1.4 Objetivos Específicos

 Levantar o consumo anual de energia elétrica em um aviário e suas principais


características;
 Levantar os custos de sistemas fotovoltaicos;
 Realizar uma análise da viabilidade financeira da utilização de sistemas
fotovoltaicos em aviários;
 Definir do limiar de potência fotovoltaica instalada que viabilize a instalação do
sistema fotovoltaico em um aviário.
2. Cenário mundial da energia fotovoltaica

2.1 Energia Fotovoltaica

A energia proveniente do sol é abundante e de fácil acesso, estando disponível em


praticamente toda a superfície terrestre. Ela é gerada pela fusão nuclear, processo no qual o
hidrogênio é convertido em hélio, liberando energia radiante. Essa energia é a fonte primária
responsável pela geração de praticamente todas as outras formas de energia, como por exemplo,
a geração de energia elétrica através de hidroelétrica, onde a luz solar é responsável pela
evaporação e assim pela existência do ciclo das águas (CRESESB, 2014).

A maior parte da energia solar se apresenta na superfície terrestre na forma de luz visível,
de raios infravermelhos e raios ultravioletas. Essa radiação pode ser convertida em energia
elétrica através de sistemas termos solares, nos quais primeiramente a radiação é obtida e
transformada em energia térmica, que posteriormente é responsável por mover uma turbina,
gerando energia cinética que será convertida em energia elétrica através de um gerador (REIS,
2016) (CRESESB, 2014).

Outra forma de se gerar energia elétrica utilizando a radiação proveniente do sol é através
do sistema fotovoltaico, o qual é constituído pela conversão direta da radiação solar em energia
elétrica, por meio do efeito fotovoltaico que ocorre nas células fotovoltaicas. Esse efeito se
baseia no aparecimento de uma diferença de potencial entre os terminais de uma célula
eletroquímica devido à absorção de radiação solar (TIEPOLO, 2015).

As primeiras células fotovoltaicas eram direcionadas à geração de energia elétrica em


satélites e apresentavam baixa eficiência. Em 1959 foi desenvolvida com sucesso uma célula
com eficiência de 10%. A partir de uma busca contínua por melhores eficiências, impulsionada
pela crise energética em 1973 e pela necessidade de viabilização de novas fontes de energia
limpa, se obteve um considerável desenvolvimento tecnológico e uma redução de custos dos
módulos, tornando essa tecnologia acessível (BARBOSA et al, 2012).

Primeiramente a tecnologia fotovoltaica foi aplicada em sistemas isolados, devido ao


interesse em evitar o custo com a infraestrutura necessária à conexão com redes de distribuição
distantes e mais recentemente com conexão à rede de energia elétrica por meio de acordos com
as distribuidoras locais (BARBOSA et al, 2012).

17
18

Os avanços na geração de energia a partir de células fotovoltaicas se dividem em três


gerações de tecnologias desenvolvidas. A primeira é onde se encontram as células de Silício
cristalino, classificadas em monocristalino (m-Si) e policristalino (p-Si), que representam mais
de 80% do mercado por possuírem a melhor eficiência comercialmente disponível, entre 14 e
22%. Os módulos formados com essas células possuem eficiência limitada a 12 e 17% (EPIA
e GREENPEACE, 2011).

A segunda geração é formada pelos filmes finos. Essa tecnologia apresenta relativa
flexibilidade, o que permite sua adaptação às características arquitetônicas da instalação. É
composta por silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e índio (CIS), índio e gálio (CIGS) e
telureto de cádmio (CdTe). Essa geração, apesar de apresentar uma eficiência superior à da
primeira, não a substitui, devido a problemas como disponibilidade de algumas matérias primas
a longo prazo, e no caso do Telúrio, complexidade no processo de fabricação, o que eleva o
custo dos painéis, e a toxidade de alguns elementos, o que também retarda sua utilização em
larga escala (EPIA e GREENPEACE, 2011) (SOUSA, 2011).

Já a terceira geração, apesar de promissora, ainda está se consolidando no mercado. É


composta por células orgânicas, células fotovoltaicas para concentração (CPV), células híbridas
sensibilizadas por corantes (DSSC) e células de multijunção. Muitas destas tecnologias ainda
estão em desenvolvimento (SOUSA, 2011).

A partir da descoberta destes novos materiais da terceira geração e também de formas


inovadoras de aproveitamento mais eficaz do espectro eletromagnético, por meio das células
de multijunção, há um aumento gradativo da eficiência das células tanto em laboratório quanto
comercial. Esses avanços vem possibilitando a expansão da utilização da energia fotovoltaica
no mundo, por meio de uma redução no seu custo. Apesar dos avanços já obtidos com as células
fotovoltaicas, existe expectativa de que nos próximos anos essa tecnologia continue a se
desenvolver, principalmente para as células comerciais, visto os resultados de laboratório e as
estimativas de eficiência que teoricamente as células podem alcançar, o que indica que as
células comerciais ainda tem muito a evoluir (EPIA e GREENPEACE, 2011).

Na Figura 2.1 é apresentada a evolução da eficiência das células em laboratório e a


tendência para os próximos anos.
Figura 2.1: Eficiência das células para diferentes tecnologias em laboratório.

Fonte: NREL, 2017.

19
20

A tecnologia atual com maior eficiência é a célula de multijunção, obtendo em laboratório


eficiência superior a 40%, conforme observado na Figura 2.1. Porém por ser uma tecnologia
recente e complexa, ainda apresenta um custo elevado e uma redução significativa na sua
eficiência quando utilizada em módulos, estando assim limitada a aplicações onde a energia
fotovoltaica é essencial, como em aplicações espaciais (BARBOSA, 2012) (CRESESB,2014).

A busca contínua por maior eficiência das células é justificada pela necessidade de
viabilização econômica desta tecnologia. A utilização da energia fotovoltaica em residências e
empresas se tornou uma forma de investimento, onde se busca retorno financeiro. Assim, para
ampliar a utilização dessa fonte renovável, é necessário elevar sua viabilidade econômica e
obter uma redução no custo dos módulos (CRESESB, 2014).

Para tornar os projetos fotovoltaicos mais viáveis financeiramente é preciso aumentar a


maturidade da tecnologia, comprovar a confiabilidade na geração de eletricidade e elevar a
produção acumulada dos módulos fotovoltaicos. Aumentar a eficiência dos módulos também é
uma forma de viabilizar a aplicação de Sistema Fotovoltaico (SFV), de acordo com a
disponibilidade de área para a instalação do sistema é viável projetos com módulos
fotovoltaicos mais eficientes, este utilizam uma área menor e geram mais energia (BARBOSA,
2012) (CRESESB, 2014).

2.2 Benefícios da energia fotovoltaica

A geração de energia a partir de painéis fotovoltaicos vem sendo incentivada em diversos


países, principalmente na América e Europa, devido à necessidade de diversificação da matriz
energética, busca de autossuficiência, comprometimento na redução de emissão dos gases de
efeito estufa e também interesse no desenvolvimento de uma nova indústria (ANEEL, 2010).
Alinhado a estas demandas, há diversos benefícios técnicos e sociais proporcionados por esta
fonte. De acordo com LCA consultores et al. (2012), podemos considerar quatro principais
vantagens proporcionadas pela fonte fotovoltaica, conforme apresentadas na sequencia deste
capítulo.

2.2.1 Sinergia com a carga

A geração de energia através de painéis solares é proporcional à irradiação solar


disponível, que ocorre quase sempre simultâneo às maiores temperaturas ambientes, apesar de
este fator reduzir a eficiência dos módulos. Assim, devido à mudança no período da demanda
21

máxima de carga, que deixou de ocorrer no horário de ponta, um sistema fotovoltaico conectado
com a rede passa a atuar em sinergia com a rede de distribuição, uma vez que a demanda
máxima anual ocorre nos momentos de maior temperatura, nos meses de verão e no horário das
14 às 16 horas, devido ao uso em larga escala de equipamentos de climatização neste período
como, por exemplo, o ar condicionado (EPE, 2015a).

Essa mudança no período em que ocorre a demanda máxima é verificada nos subsistemas
Sudeste/Centro-Oeste e Sul, regiões onde a atividade de serviços é mais intensa e os dias
apresentam temperaturas elevadas no verão, necessitando de um maior uso dos equipamentos
de climatização (EPE, 2015a) (EPE, 2015b).

2.2.2 Menores impactos ambientais

Fontes tradicionais de energia elétrica, como hidroelétricas e térmicas a carvão, impactam


diretamente o meio ambiente, seja por desmatamento, para construção de reservatórios e linhas
de transmissão, canalização de rios, exploração do carvão mineral e no processo de combustão
que gera CO2 (ANEEL, 2008). A geração por meio de placas fotovoltaicas, quando comparada
a estas fontes tradicionais, impacta de forma não significativa o ambiente, tendo como
vantagem a geração junto aos centros de consumo de energia, o que dispensa o uso de linhas de
transmissão (LCA consultores et al., 2012).

Apesar de considerada uma fonte limpa, a energia fotovoltaica apresenta seus próprios
problemas ambientais. Um dos desafios dessa indústria está em dar um destino adequado aos
módulos no fim de sua vida útil, motivo pelo qual atualmente muitas pesquisas estão
direcionadas à reciclagem dos materiais que compõem os módulos. Outro processo que degrada
o meio ambiente está associado à forma como os módulos são fabricados: neste processo há
emissão de CO2, porém existe um controle rígido dessa emissão devido à necessidade de manter
a imagem ecologicamente correta do produto (LCA consultores et al., 2012).

2.2.3 Confiabilidade

A geração de energia fotovoltaica é intermitente, devido à sensibilidade a alterações na


irradiação solar durante o dia, porém a tecnologia fotovoltaica apresenta uma confiabilidade de
funcionamento, devido as células de Silício cristalino já serem consolidadas, estando com mais
de 50 anos em desenvolvimento contínuo. Assim, os fabricantes conseguem assegurar a
22

eficiência dos módulos a longo prazo, tendo atualmente células comerciais que apresentam
queda de apenas 10% de eficiência após 10 anos de uso (LCA consultores et al., 2012).

2.2.4 Emprego de mão de obra

Por se tratar de uma tecnologia ainda em desenvolvimento, a utilização de energia


fotovoltaica movimenta toda uma cadeia produtiva, envolvendo desde pesquisas de novos
materiais até os serviços de instalação do sistema. Por consequência, é necessário o emprego
de grande quantidade de mão de obra especializada, principalmente nas empresas de instalação
de um SFV (LCA consultores et al., 2012).

De acordo com a Figura 2.2, a indústria fotovoltaica é responsável por gerar em torno de
30 empregos/MW instalado, um número considerável diante das demais fontes listadas, sendo
inferior somente ao número de empregos gerados pela da biomassa.

Figura 2.2: Índice de geração de emprego por MW instalado para diversas fontes e tecnologias.

Fonte: SIMAS, 2012.

Em muitos países, como é o caso do Brasil, não há fabricação nacional de módulos, o


mercado FV nesses países é atendido por meio de empresas que trabalham na integração de
sistemas FVs, essas empresas importam módulos e componentes para serem instalados. Esse
mercado tende a crescer devido à constante queda nos preços, e assim utilizar cada vez mais
mão de obra, necessária à adequação projetos, instalação e manutenção dos sistemas FV, e
23

também devido a mão de obra utilizada nos processos de tratamento dos resíduos (THE SOLAR
FOUNDATION, 2016).

Uma característica da tecnologia fotovoltaica é o pouco emprego de mão de obra no


processo de fabricação dos módulos, devido ao alto nível de automação do processo. Por
exemplo, nos Estados Unidos da América (EUA), em 2015, 14% dos postos de trabalho foram
empregados na etapa de fabricação em 2015, enquanto que o setor de demanda ocupou
aproximadamente 80% da força de trabalho, como pode ser observado na Figura 2.3.

Desenvolvimento Outros
de Projetos 6%
11%

vendas e
distribuição
12%

Instalação
57%

Fabricação
14%

Figura 2.3:Distribuição de empregos gerados pela indústria fotovoltaica nos EUA em 2015.

Fonte: Adaptado de THE SOLAR FOUNDATION, 2016. (Próprio autor).

2.3 Mecanismos de incentivo à geração fotovoltaica

Devido aos motivos citados acima, a fonte fotovoltaica apresenta-se como uma opção
válida para atender a diversas questões ambientais e energéticas existentes. Assim foram
implantados em alguns países mecanismos de incentivo a essa fonte, com o intuito de viabilizar
e incentivar os primeiros projetos, uma vez que comparada às fontes tradicionais a energia
fotovoltaica ainda apresenta um custo elevado (EPE, 2012).

Essas estratégias também visam tornar a indústria fotovoltaica nacional competitiva no


mercado, tendendo a se extinguir conforme a fonte renovável vai atingindo paridade tarifária
com as demais fontes existentes no país e se tornando viável financeiramente. Porém,
24

atualmente em torno de 96% do mercado mundial é incentivado, e 67% utiliza a tarifa Feed-in,
conforme apresentado na Figura 2.4 (IEA, 2015) (EPE, 2012).

Figura 2.4: Histórico dos mercados incentivados.

Fonte: Adaptado de IEA, 2015. (Próprio autor).

Dentre os principais mecanismos adotados no mundo, se destaca os três principais:

2.3.1 Feed- in

De acordo com a ANEEL (2010, p. 5), pode-se definir a tarifa Feed-in como sendo:

O sistema Feed-in consiste no pagamento de uma tarifa mais vantajosa para as


centrais geradoras que utilizam fontes renováveis de energia, quando comparada
com as fontes convencionais.

De acordo com esta tarifa, as concessionárias deverão pagar um valor estipulado pelo
governo para cada kWh injetado na rede, proveniente de fonte renovável. Este valor apresenta
variações de acordo com a região onde é praticado, dependendo da estrutura tarifária aplicada
pela concessionária local, da tecnologia empregada pela fonte e da tarifa aplicada a cada fonte
(RODRÍGUEZ, 2002).

Para sistemas fotovoltaicos, há consideráveis variações de tarifa, tanto dentro de um


mesmo país, quanto para distintos, conforme observado à Tabela 2.1 (IEA, 2015).
25

Tabela 2.1: Tarifas praticadas em alguns países que utilizam o mecanismo Feed-in.

Tarifas Feed-in
Austrália Canadá China França Alemanha Portugal Japão
Níveis Inferiores
(USD/kWh) 0,05 0,25 0,1 0,09 0,38 0,09 0,3
Níveis Superiores
(USD/kWh) 0,54 0,35 0,16 0,36 0,41 0,19 0,34

Fonte: Adaptado de IEA, 2015. (Próprio autor).

Essa tarifa reduz as incertezas quanto à viabilidade do projeto, pois uma vez conhecido o
período no qual será aplicada a tarifa é possível estimar o retorno do investimento para esse
período. Assim, mesmo que esta tarifa não possua um valor elevado, ela incentiva investimentos
em projetos de energia renovável (RODRÍGUEZ, 2002).

2.3.2 Net Metering

O sistema de compensação ou Net Metering determina que, ao existir um gerador


conectado à rede não é necessário se consumir a mesma quantidade que se está gerando. Quando
o consumo é superior à geração, é possível utilizar a energia da rede, quando encontrado a
situação inversa, o gerador estará injetando energia na rede. Ao final do ciclo, é feita a diferença
entre toda a energia consumida e injetada na rede. Caso o consumo seja maior, será cobrado da
unidade consumidora a diferença líquida à tarifação normal, caso seja gerado mais que o
necessário, a concessionária poderá pagar esse excedente ao consumidor. No caso brasileiro, o
excedente é registrado como crédito a ser utilizado posteriormente dentro do sistema de
compensação (WAN e GREEN, 1998).

2.3.3 Certificado de Energia Renovável

Este mecanismo é uma forma de criar um novo mercado, preocupado com a procedência
dos produtos consumidos. De acordo com este incentivo, “as pequenas centrais geradoras
recebem certificados que atestam a expectativa de energia renovável a ser produzida, não tendo
qualquer relação com os contratos de compra e venda de energia assinados pelo proprietário”
(ANEEL, 2010, p.5).

Este mercado deve atender também a demanda de grandes empresas que necessitam se
adequar às metas ambientais de cada país, como aos limites de emissão de gases de efeito estufa.
Assim, esse mecanismo contribui para a validação das metas de emissão de carbono e também
26

no incentivo à geração de energia renovável, que por ter um mercado próprio pode aplicar
tarifas superiores às convencionais (ANEEL, 2010).

2.4 Distribuição da potência fotovoltaica instalada no mundo

Nos últimos anos o cenário mundial fotovoltaico vem sofrendo bruscas alterações,
impulsionado pelas políticas de incentivo à GFV. Recentemente, esta fonte vem crescendo
significativamente, e estima-se que havia 227 GW de potência fotovoltaica instalados no mundo
em 2015, um número dez vezes superior ao existente em 2009. Estima-se ainda que até o final
de 2016 a energia fotovoltaica produzida represente 1,3% da energia demandada no planeta
(IEA, 2016).

De acordo com a Figura 2.5 é possível observar o crescimento da potência fotovoltaica


instalada no mundo.

Figura 2.5: Evolução da potência FV instalada no mundo.


Fonte: Adaptado de IEA, 2016. (Próprio autor).

Esse crescente aumento na potência instalada vem sendo impulsionado, em grande parte,
pelo mercado Chinês, que nos últimos anos tem apresentando alto crescimento. Em 2015 foi
instalado 15,2 GW de potência fotovoltaica, na China, o país que mais investiu nesta fonte,
seguido pelo Japão que instalou 11 GW e os Estados Unidos que foi responsável pela instalação
de 7,3 GW (IEA, 2016).

Diferente dos anos anteriores, o mercado alemão decresceu, instalando 1,5 GW,
comparado com os 3,3 GW instalados em 2013 e os 1,9 GW em 2014. Esses números são
27

resultados das políticas menos protecionistas adotadas na Alemanha em relação à geração


fotovoltaica, com o intuito de efetuar a transição do mercado incentivado para o mais
competitivo. Houve redução nas tarifas Feed-in e mudanças nas regulamentações para inserção
da geração fotovoltaica no mercado de energia (IEA, 2016).

Como resultado desse cenário observa-se a Figura 2.6.

Figura 2.6: Evolução da instalação FV nas regiões.


Fonte: IEA, 2016.

De acordo com a Figura 2.6, é possível observar que a Ásia concentra grande parte das
instalações fotovoltaicas, apesar de ser um mercado recente que somente a partir de 2012 se
destaca no cenário mundial. Já os países Europeus detém o maior número de instalações desde
o início deste mercado, tendo a Ásia se igualado somente em 2015, quando o mercado se
encontrava concentrado na Europa com 42% das instalações fotovoltaicas, na Ásia com também
42% e na América com 13% (IEA, 2016).

Além destas três regiões, a geração de energia fotovoltaica vem crescendo em todos os
continentes devido a políticas de incentivo. Verifica-se uma expansão desta fonte inclusive em
países emergentes, por exemplo na África do Sul, México e Chile. Este crescimento está
tornando a energia solar uma importante fonte no atendimento à crescente demanda mundial.
De acordo com o cenário atual existe uma perspectiva de expansão da tecnologia fotovoltaica
principalmente na América e na Ásia. Já as perspectivas em relação à Europa são singulares,
28

devido ao processo atual de transição de um mercado incentivado para um mercado mais


competitivo, se espera uma estagnação no número de novas instalações. Já se pode observar
este cenário ao analisar os dez países que instalaram as maiores potências fotovoltaicas em 2015
(IEA, 2016).

Figura 2.7: 10 países com as maiores potências fotovoltaicas instaladas e acumuladas em 2015.

Fonte: IEA, 2016.

Conforme observado na Figura 2.7, muitos países que instalaram significativa potência
fotovoltaica em 2015 possuem pouca potência instalada acumulada. Isto decorre da expansão
dos novos mercados e estagnação de mercados já consolidados, como na Alemanha e Itália
(IEA, 2016).

2.5 Principais fabricantes de módulos fotovoltaicos

Um dos principais fatores que contribuem para o crescimento do mercado fotovoltaico é


a queda nos preços do sistema, com a redução de custos dos sistemas, os projetos FVs se tornam
mais viáveis economicamente, aumentando o número de plantas instaladas (IEA, 2016).

O preço final dos módulos fotovoltáicos depende dos custos obtidos ao decorrer de sua
cadeia produtiva. Assim, a produção de polisilício, principal matéria prima dos módulos,
influencia diretamente no valor final deste. Pelo fato do mercado fotovoltaico absorver 70% da
produção mundial de polisilício, a saturação e os grandes investimentos nesta indústria
contribuíram na redução dos preços das células em 2011 e 2012. Essa super oferta de polisilíco
29

no mercado acarretou em uma redução da produção em 2013, levando a uma baixa no estoque
e maior preço dos módulos em 2014, que se estabilizaram entre 20 e 22 USD/kg (IEA, 2015).

O mercado produtor de polisilício é dominado por grandes indústrias, que expandiram


sua capacidade, e com economia de escala podem fabricar a preços mais competitivos. Um
exemplo deste cenário é a China, onde 92% da produção de polisicilício é realizada por 10
empresas, entre elas a China Silicon, Daqo New Energy, e ReneSola Silicon Material (IEA,
2015).

Para se obter as células fotovoltaicas é necessário utilizar o polisilício altamente


purificado na fabricação de lingotes monocristalinos (sc – SI) ou multicristalinos (mc – SI), que
se diferenciam no grau de purificação. O primeiro também possui aplicação na indústria
eletrônica, enquanto o segundo somente é utilizado na confecção de células FV. Esses lingotes
são cortados em finas lâminas, denominadas wafers. A produção de wafers também é
concentrada no mercado chinês, que produziu 50,4 GW em 2014, sendo que sua maior indústria,
GCL-Poly Energy, foi responsável por 13GW (IEA, 2015).

Os preços das wafers em 2014 variaram em torno de 0,84 a 1,15 USD/wafer, valores
superiores ao praticados em 2013, que estiveram entre 0,81 e 0,85 USD/wafer. Apesar desse
ligeiro aumento, os preços ainda permanecem bastante baixos. O preço das mc-wafers se
elevam de acordo com a qualidade, pois contribui para aumentar a eficiência na conversão das
celulas solares. Já as wafers de sc-SI apresentaram valores em torno de 1,15 e 1,35 USD /wafer
(IEA, 2015).

A partir dessas wafers são produzidas as células fotovoltaicas, que por sua vez formam
os módulos. Estima-se que a produção de células em 2014 foi em torno de 46,7 GW, incluindo
células de silício cristalino e de filmes finos, sendo esse mercado composto de 28 GW
proveniente de indústrias chinesas. As principais empresas produtoras de células em 2014
foram a Yingli Green Energy e a JA Solar, que produziram 3,1 GW, seguidos pela Trina Solar
(2,7 GW) e a Jinko Solar (1,9 GW) (IEA, 2015).

Na Figura 2.8 podemos observar a distribuição da produção de células no mundo em


2014.
30

Outros países Cingapura


2% 2%

Taiwan
16%

Alemanaha
2%
EUA
2%
Malásia
6%
China
61% Korea
3%

Japão
6%

Figura 2.8. Distribuição da produção de células fotovoltaicas em 2014.

Fonte: Adaptado de IEA, 2015. (Próprio autor).

Conforme observado na Figura 2.8, a produção de células está altamente concentrada na


Ásia, região que está tendo um alto crescimento no mercado fotovoltaico nos últimos anos. Da
mesma forma, a produção de módulos também está concentrada nos países asiáticos. A Figura
2.9 ilustra a distribuição da produção mundial de módulos FV em 2014.

A China representou 61% da produção global em 2014, apresentando um total de 30,4


GW em módulos fotovoltáicos. A maior parte da produção chinesa é destinada a atender sua
demanda interna, com as perspectivas de crescimento do seu mercado, espera-se maior redução
nos custos dos módulos devido ao aumento na produção. Nos últimos anos já vem ocorrendo
uma redução nos custos dos módulos fotovoltaicos devido a saturação do mercado em 2014, o
custo dos módulos passaram a variar entorno de 0,6 USD/W em 2014, sendo que em 2013 se
concentravam no intervalo entre 0,7 e 0,73 USD/W. Outro fator que vem contribuindo com essa
atenuação do valor dos módulos é a consolidação de grandes empresas no mercado, por meio
de fusões, aquisição ou estabelecimento de empreendimentos em conjunto (IEA, 2015).
31

Japão Canadá
8% 2%
Korea
7%

Malásia
6%
EUA
2%
Alemanaha
2%
Taiwan
1%
Cingapura
2% China
Outros países 66%
4%

Figura 2.9 Distribuição mundial da produção de módulos fotovoltáicos em 2014.

Fonte: Adaptado de IEA, 2015. (Próprio autor).


3. Panorama da energia solar no Brasil

3.1 Matriz energética

Diferentemente do cenário mundial, a expansão da participação de fontes renováveis na


matriz energética brasileira não é um desafio. Apesar da geração fotovoltaica se constituir uma
energia limpa, esse não é o principal motivo que atrai incentivos a sua inserção no Brasil, pois
a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo, devido principalmente à grande
disponibilidade de recursos hídricos (TIEPOLO, 2015).

Ao analisar a Figura 3.1 e a Figura 3.2 é notória a diferença entre a matriz de eletricidade
brasileira e a mundial. Enquanto as fontes renováveis fornecem 75,5% da eletricidade
consumida no Brasil, no mundo essas fontes correspondem a somente 24,1%, o que confirma
o fato de o Brasil ter uma das matrizes mais verdes do mundo, principalmente diante da matriz
de eletricidade de países industrializados (MME/N3E, 2016) (TIEPOLO, 2015).

OFERTA DE ELETRICIDADE NO BRASIL


Solar
Biomassa Eólica 0,01%
Óleo
7,99% 3,50% 4,20%
Gás
Outras não-
renovaveis 12,89%
2,00% Carvão
3,10%
Urânio
2,40%

Hidro
63,93%

Óleo Gás Carvão Urânio Hidro Outras não-renovaveis Biomassa Eólica Solar

Figura 3.1: Matriz oferta de eletricidade no Brasil.

Fonte: Adaptado de MME/N3E, 2016. (Próprio autor).

32
33

OFERTA DE ELETRICIDADE NO MUNDO


Biomassa Eólica Solar
Outras não- 2,20% 3,31% 1,20% Óleo
renovaveis 3,51%
0,20%
Gás
22,44%
Hidro
17,33%

Urânio
10,52%

Carvão
39,28%
Óleo Gás Carvão Urânio Hidro Outras não-renovaveis Biomassa Eólica Solar

Figura 3.2: Matriz oferta de eletricidade no mundo.

Fonte: Adaptado de MME/N3E, 2016.

Apesar de ainda representarem somente uma pequena parcela da eletricidade ofertada no


mundo, as fontes renováveis vêm apresentando um expressivo crescimento nos últimos anos.
Da mesma forma, no Brasil, apesar das hidroelétricas, principal fonte de energia, terem
apresentado uma redução na sua participação na matriz de eletricidade devido a condições
hidrológicas desfavoráveis e dificuldade de exploração de novos potenciais hídricos, este
cenário acarreta no fortalecimento de outras fontes renováveis, que são necessárias para atender
à crescente demanda de energia. Estimou-se que em 1973 as renováveis representavam no
Brasil 90,6% da matriz de eletricidade, sendo que somente as hidroelétricas eram responsáveis
por 89% e o restante era proveniente de biomassa sólida. Atualmente existe uma participação
maior de outras fontes, por exemplo, as eólicas e a solar, que juntas correspondem por 3,51%
da matriz de eletricidade nacional. Em contrapartida as hidroelétricas representam somente 64%
da matriz (TIEPOLO, 2015) (MME/N3E, 2016).

De acordo com o previsto pelo Plano Decenal de Energia (MME/EPE, 2015) planeja-se
que a capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN) cresça de 133 GW em
dezembro de 2014, para 207 GW no final de 2024. Conforme mostrado na Figura 3.3, essa
34

expansão será dada principalmente através do crescimento da geração de energia por fontes
renováveis, com ênfase nas fontes eólica, solar, biomassa e PCH, que responderão por
aproximadamente 27,4% da capacidade do sistema. Somente a fonte solar terá uma capacidade
instalada de 7 GW, correspondendo a 3,3% da capacidade instalada total de geração.

Figura 3.3: Evolução da capacidade instalada por fonte de geração.

Fonte: Adaptado de MME/EPE, 2015.

Analisar as perspectivas de crescimento da capacidade instalada de geração no Brasil é


importante para observar os resultados das políticas de incentivo a fontes renováveis. A
expansão das fontes de energia é dada de acordo com as estratégias adotadas pelo estado para
incentivar essas fontes, a intensidade das políticas de incentivo adotadas reflete-se no
crescimento da capacidade instalada das fontes. De acordo com o Decreto nº 7.390/10, o Plano
Decenal de Energia é o responsável pelo plano setorial de mitigação e adaptação às mudanças,
assim a partir das perspectivas de expansão das fontes de energia é planejado ações para
acomodar as novas fontes e as expansões do sistema elétrico. Dessa forma, quando necessário
identificar a viabilidade do investimento em determinada fonte é preciso considerar os planos
governamentais para tal (REIS, 2016).

3.2 Cenário econômico da geração fotovoltaica

A viabilização econômica dos SFV de pequeno porte é dada em função do custos de


instalação do sistema e da tarifa de energia paga pelo consumidor (este último representa o
retorno do investimento feito na instalação do gerador). Assim, expansão das instalações
fotovoltaicas vem sendo impulsionada pela queda nos custos do sistema, o que gera um
crescimento no número de instalações e assim uma retroalimentação que impulsiona uma maior
35

redução no valor do SFV. Dessa forma, acompanhando o crescimento da capacidade


fotovoltaica instalada no Brasil e a queda no mercado mundial dos custos dos módulos
fotovoltaicos e inversores, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estimou o custo do SFV
instalado no Brasil, de acordo com o apresentado na Tabela 3.1 (MME/EPE, 2015).

Tabela 3.1: Trajetória de redução de custos.

Fonte: MME/EPE, 2015.

Os módulos fotovoltáicos utilizados nos SFV instalados no Brasil são praticamente todos
importados, assim o preço do sistema é relacionado à variação do dólar (NAKABAYASHI,
2014).

O custo de um SFV é dividido entre o preço dos módulos, inversores, componentes


necessários à conexão à rede e o custo de instalação e projeto, conforme ilustrado na fig. 3.4.

Figura 3.4. Composição do custo total de instalação de um SFV.

Fonte: IDEAL; AHK, 2016.

Acompanhando a queda nos preços dos SFV, estima-se que até 2023 o número de
instalações fotovoltaicas em residências e comércios chegue a 161 mil, totalizando uma
potência de 810 MW. Apesar da capacidade instalada ser inferior à existente em países como
EUA, Japão, China, Austrália e alguns países europeus, é necessário considerar que nestes
36

locais a matriz energética é composta majoritariamente por fontes fósseis, o que contribui para
que o governo promova políticas de incentivo a energias renováveis, com o objetivo de reduzir
as emissões, diversificar a matriz e em muitos casos contribuir para a obtenção da soberania
energética do país (MME/EPE, 2015) (EPE, 2012).

Na Figura 3.5 é possível observar a projeção do número de consumidores que instalarão


sistemas fotovoltáicos até o horizonte 2023.

160.000 Número acumulado de unidades consumidoras


com SFV
140.000
Residencial Comercial
120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

Figura 3.5: Número acumulado de unidades consumidoras com SFV.

Fonte: Adaptado de MME/EPE, 2015.

A projeção apresentada na Figura 3.5 é considerada conservadora por ser baseada na


continuação da aplicação da política net metering, apresentada no capítulo 2. Neste cenário não
existe incentivos para o horizonte analisado, somente a utilização da rede de energia para
armazenamento da geração. Justifica-se esta opção devido ao domínio das fontes renováveis na
matriz energética brasileira, e a expectativa de manutenção deste quadro (MME/EPE, 2015).

Apesar do número acumulado de unidades consumidoras residenciais com SFV serem


bem superiores às instalações comerciais, a potência instalada não diverge demasiadamente. As
instalações residenciais possuem geralmente menor potência instalada, e assim compensam
menor quantidade de energia gerada. Quando utilizado o mecanismo net metering não é
necessário consumir toda energia gerada, no Brasil há um prazo de 60 meses para realizar este
consumo. Já as instalações comerciais possuem uma potência instalada superior e também, em
37

algumas concessionárias, uma tarifa superior, o que eleva a viabilidade do projeto e possibilita
a instalação de um SFV com maior potência (MME/EPE, 2015).

Esse cenário positivo, onde existe um crescimento notório da potência fotovoltaica


instalada, somente é possível devido às características naturais brasileiras que favorecem a
utilização da energia solar. Apesar dos vários desafios ainda existentes para a consolidação
desta fonte, os níveis de irradiação solar no Brasil e as reservas nacionais de quartzo, utilizadas
na produção de silício com alto grau de pureza, células e módulos solares, impulsionam a
entrada de investidores e o desenvolvimento de um mercado interno (SANTOS; MELO, 2016).

3.3 Distribuição da Irradiação Solar no Brasil

A energia fotovoltaica é a conversão direta da energia solar, transmitida por meio da


irradiação solar, em energia elétrica. Portanto, é essencial conhecer a irradiação solar média da
localidade onde se pretende instalar o SFV, para se estimar o potencial fotovoltaico da
instalação e assim ser possível calcular a geração e posteriormente a viabilidade econômica do
projeto (SANTOS; MELO, 2016).

Com a finalidade de conhecer o potencial fotovoltaico existente no Brasil, foram


instaladas 20 estações da Rede Solarimétrica Nacional na década de 70. A partir destas estações
são catalogados dados de insolação diária, duração do dia e outros dados importantes para se
mapear os recursos de energia solar no Brasil (SANTOS; MELO, 2016) (CRESESB, 2014).

Com a evolução dos métodos computacionais, em 1998 foi publicado o Atlas de


irradiação solar do Brasil, contendo informações da irradiação solar que foram geradas através
de dados obtidos a partir de imagens de satélite e comparados com dados de irradiação medidos
na superfície da Terra por 22 estações do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Em
2006 houve a publicação mais recente na área de levantamento de dados solares, o Atlas
Brasileiro de Energia Solar, que contém um conjunto de mapas de diversos componentes da
radiação solar, entre eles os valores de irradiação média anual global horizontal e no plano
inclinado (inclinação igual à latitude do local). Estes dados foram utilizados como base no
desenvolvimento do Mapa Fotovoltaico Brasileiro – Total anual, que possui como critérios os
mesmos padrões de cores e escala adotado pela European Commission na elaboração dos mapas
europeus (TIEPOLO, 2015).

A partir destes dados é possível comparar a capacidade fotovoltaica do Brasil e da Europa,


importante para estimar o potencial brasileiro e as perspectivas futuras desta fonte. A escolha
38

da Europa foi feita devido à potência fotovoltaica instalada nesta região, onde estão contidos 5
dentre os 10 países com maior potência fotovoltaica instalada no mundo (IEA, 2016).

No Mapa Fotovoltaico Brasileiro foram utilizados os valores de irradiação incidente em


um plano inclinado orientado na direção do equador, devido à possibilidade de calcular a
energia elétrica que pode ser gerada por um SFV instalado nestas condições. Assim, a Figura
3.6 apresenta os valores de irradiação solar no plano inclinado e de produtividade, para potência
do sistema de 1 kWp e taxa de desempenho de 75 %, presente no território brasileiro e na
Europa (SANTOS; MELO, 2016) (CRESESB,2014).

Figura 3.6: Mapa FV brasileiro e da Europa

Fonte: TIEPOLO, 2015.

Conforme observado na Figura 3.6 o potencial fotovoltaico disponível no Brasil é


superior ao presente nos países Europeus, onde a geração fotovoltaica já é utilizada largamente.
Além de maior intensidade, a alta irradiação está presente em todo o território nacional, sendo
superior inclusive à disponível na Alemanha, país com a segunda maior potência fotovoltaica
acumulada (CRESESB,2014).

Outra característica é que na região sul do Brasil, onde se tem mais intensamente a prática
da atividade avícola, os índices de irradiação estão entre os mais baixos do país, porém ainda
são maiores que os apresentados na Europa, o que reforça a necessidade da avaliação da
39

viabilidade econômica de projetos fotovoltáicos no desenvolvimento em conjunto com a


avicultura (TIEPOLO, 2015) (BELUSSO,2010).

3.4 Temperaturas médias no Brasil

No item anterior foi apresentada a distribuição da irradiação no território brasileiro devido


à influência desta variável no desempenho dos módulos fotovoltáicos. Conforme a incidência
da radiação sobre os módulos aumenta, a corrente elétrica gerada por estes também será maior,
e assim a potência fornecida pelo sistema. Já o aumento da temperatura resulta na redução da
potência, a incidência da radiação e a temperatura ambiente implicam na variação da
temperatura das células que compõem os módulos fotovoltáicos, e conforme ela aumenta há
redução da tensão entre os terminais do módulo. Apesar de ocorrer uma pequena elevação na
corrente, esta não compensa a queda no valor da tensão e a potência fornecida pelo módulo
reduz. Afig. 3.7 ilustra o efeito da variação da temperatura sobre um módulo formado por 36
células de silício cristalino (c-Si) sob irradiância de 1000 W/m² (CRESESB,2014).

Figura 3.7: Efeito da variação da temperatura das células sobre a curva característica I-V de um módulo
fotovoltaico.

Fonte: CRESESB, 2014.

Conforme indicado na Figura 3.7 a variação da temperatura ambiente influencia


diretamente na eficiência dos módulos. Assim, ao avaliar as características naturais do Brasil
para o desenvolvimento da geração fotovoltaica, é necessário considerar juntamente com a
irradiação a temperatura média ao longo do território nacional. Para isso na Figura 3.8 é
apresentada a distribuição da temperatura média ao longo do território brasileiro (PEREIRA et
al., 2006).
40

Figura 3.8: Mapa da média anual de temperatura na superfície

Fonte: PEREIRA et al., 2006.

De acordo com a Figura 3.8 a temperatura na região sul do Brasil apresenta valores mais
amenos que no restante do território, tendo média anual em torno de 20º C, valor satisfatório
para a geração fotovoltaica. Assim apesar de apresentar os menores índices de irradiação dentre
as regiões brasileiras, existe uma compensação na eficiência dos módulos devido a temperaturas
mais baixas, tornando a região sul provida de um grande potencial fotovoltaico (PEREIRA et
al., 2006) (TIEPOLO, 2015).

3.5 Geração Distribuída

A geração fotovoltaica pode ser utilizada em instalações isoladas da rede ou conectadas


nesta, denominados Sistemas Fotovoltáicos Isolados (SFI) e Sistemas Fotovoltáicos
Conectados à Rede (SFCR). Um SFV é constituído de todos os equipamentos necessários para
a transformação da energia solar em energia elétrica e para disponibilizá-la para o consumo,
seja conectado à rede ou atendendo diretamente a carga isolada (GUEDES, 2014).

É possível classificar os sistemas de acordo com a sua aplicação, conforme ilustrado na


Figura 3.9.
41

Figura 3.9: Classificação dos SFV.

Fonte: URBANETZ, 2010.

Quando a geração fotovoltaica conectada à rede é aplicada em projetos de pequeno porte


e próximos à unidade consumidora, se configuram na forma de geração distribuída. Assim, além
das vantagens da utilização da GFV, existem também ganhos devido à redução no carregamento
das linhas e nas perdas com a transmissão e distribuição da energia, desde a usina até o centro
de carga (REIS, 2016).

Outro atrativo da geração distribuída é que esta adia investimentos nas linhas de
transmissão e reduz as exigências sobre os transformadores, e quando se tratar de geração
fotovoltaica, é possível adequar a geração às variações de longo prazo no consumo de energia
da unidade, devido à modularidade da fonte, que permite de acordo com o projeto instalar novos
módulos conforme é demandado (REIS, 2016).

As políticas de incentivo e inserção da geração distribuída ao sistema elétrico são recente


no Brasil, sendo que só recebeu seus aspectos regulatórios em 2012, por meio da Agencia
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que publicou a Resolução Normativa 482/2012,
estabelecendo as condições gerais para acesso das unidades de geração distribuída ao sistema
de distribuição e também o sistema de compensação da energia gerada (ANEEL, 2012)
(GUEDES,2014).

Em 2015 a ANEEL publicou uma revisão da Resolução 482/2012, a Resolução


Normativa 687/2015, que definiu os principais fundamentos da GD:

Microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência


instalada menor ou igual a 75 kW e que utilizem cogeração qualificada,
42

conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica,


conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades
consumidoras (ANEEL, 2015, p. 1).

Minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência


instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou
menor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada (...) (ANEEL, 2015, p. 1).

Sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a energia ativa


injetada por unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e
posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa.
(ANEEL, 2015, p. 1).

A partir da Resolução Normativa 482/2012 se iniciou um ambiente favorável à


implantação da geração de pequeno porte no Brasil. Como resultado houve um aumento
significativo no número acumulado de conexões à rede elétrica, que passaram de três, em
dezembro de 2012, para 533 em janeiro de 2015 (ANEEL, 2015).

3.5.1 Compensação de energia elétrica

De acordo com o definido na Resolução Normativa 482/2012 e na Resolução Normativa


687/2015, o sistema de compensação também chamada de net metering determina que a
unidade consumidora que gerar mais energia ativa do que está consumindo injetará o excedente
na rede elétrica, sendo cedida na forma de empréstimo gratuito à distribuidora, e constituindo
ao final do ciclo de faturamento crédito a esta unidade. Esse crédito deverá ser consumido nos
momentos em que o consumo for maior que a geração, dentro de um prazo de até 60 meses.
Para o funcionamento desse sistema, é necessário um medidor que registre tanto a energia ativa
injetada na rede pela unidade consumidora quanto a energia consumida da rede (CRESESB,
2014) (REIS, 2016) (ANEEL, 2015).

Podem aderir a este sistema de compensação os consumidores classificados como


(ANEEL, 2015):

 Unidade consumidoras com microgeração ou minigeração distribuída;


 Unidade consumidora integrante de empreendimento de múltiplas unidades
consumidores;
 Unidade caracterizada como geração compartilhada;
 Unidade consumidora caracterizada como autoconsumo remoto.
43

A Resolução Normativa 687/2015 também estabelece que não pode-se incluir a


participação ao sistema de compensação de energia, instalações em imóveis que tenham sido
alugados ou arrendados, em condições nas quais o valor do aluguel ou do arrendamento se dê
em reais por unidade de energia elétrica (ANEEL, 2015).

Independente da potência instalada, não é possível zerar a fatura de energia, ou seja,


apesar da unidade poder ter gerado ao final do ciclo de faturamento o total de energia
consumida, esta ainda deverá pagar à concessionária o valor devido ao custo de disponibilidade
do sistema elétrico. Para consumidores do grupo B (baixa tensão, igual ou inferior a 2.3 kV),
se tem os seguintes valores mínimos faturáveis, para o valor de moeda corrente equivalente
(REIS, 2016) (ANEEL, 2015) (ANEEL, 2010):

 Sistema monofásico ou bifásico a 2 (dois) condutores: valor equivalente a 30


kWh;
 Sistema bifásico a 3 (três) condutores: valor equivalente a 50 kWh;
 Sistema trifásico: valor em moeda equivalente a 100 kWh (ANEEL, 2010).

O custo de disponibilidade somente é aplicado quando o consumo for inferior ao estimado


acima. A diferença entre o consumo efetivo e a energia definida pelo custo de disponibilidade
não é objeto de futura compensação (GUEDES, 2014). Para consumidores faturados com tarifa
do grupo A (alta tensão, superior a 2.3 kV) deve ser cobrado no mínimo a demanda contratada
da unidade consumidora (ANEEL, 2010).

Devido ao custo de disponibilidade, não é viavel a unidade consumidora gerar energia


suficiente para compensar o total consumido, porém, de acordo com a Resolução 687/2015 é
possível compensar a energia gerada em outras unidades consumidora, desde que sejam da
titularidade da mesma pessoa física ou jurídica (ANEEL, 2015) (GUEDES, 2014).

Outra limitação é que a unidade consumidora não pode instalar micro ou minigeração
com potência superior à carga instalada, no caso da unidade consumidora faturada no grupo B.
Para unidades consumidoras do grupo A, fica limitada à demanda contratada (ANEEL, 2015).

Assim, o faturamento da unidade consumidora, quando o consumo for maior que o custo
de disponibilidade, será a energia consumida, subtraído a energia injetada na rede, mais os
possíveis créditos acumulados em ciclos de faturamento anteriores, por posto tarifário, quando
existirem, sobre os quais deverá incidir todas as componentes da tarifa em R$/MWh (ANEEL,
2015).
44

Quando a unidade consumidora possuir diferentes postos tarifários, a compensação


deverá ocorrer primeiramente no posto tarifário onde houve a geração e posteriormente nos
demais, caso haja excedentes, devendo ser observada a relação dos valores das tarifas de energia
– TE (R$/MWh) (ANEEL, 2015).

No caso das propriedades rurais paranaenses enquadradas no Programa Nacional de


Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que optam por participar Programa de
Irrigação Noturna (PIN), de forma que usufruem de um desconto de 60% na tarifa sobre a
energia consumida no período entre as 21h30 e 6h00, a compensação da enérgica consumida
no período com desconto pela energia gerada no período sem desconto, conforme a Resolução
482/2012 e 687/2015, não é dada pela relação dos valores da tarifa de energia (R$/MWh), uma
vez que essa é a mesma para os períodos com e sem o desconto. Assim a compensação da
energia gerada no período sem desconto deverá ser compensada na mesma proporção (1 kWh
de créditos excedentes equivale a 1 kWh de energia consumida) que no período entre as 21h30
e 6h00, sendo o desconto aplicado sobre a tarifa homologada posterior à compensação dos
créditos. (SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2016) (COPEL, 2016b).

3.5.2 Autoconsumo

Quando há a geração de energia no mesmo instante em que está consumindo, esta energia
não é registrada pelo medidor, configurando autoconsumo de energia. Este cenário é limitado
pela variabilidade da produção de energia e da carga, sendo restrita no caso de geradores
fotovoltáicos, a instalações que apresenta maior consumo em períodos com alta radiação solar,
dependendo também da potência instalada na unidade. A perspectiva de autoconsumo é mais
elevada em países ensolarados, onde o consumo é parcialmente impulsionado por sistemas de
refrigeração, e para edifícios não residenciais, por exemplo, em escritórios ou supermercados,
o perfil de carga sugere uma melhor correspondência com o recurso solar, devido ao consumo
ser predominantemente em horário comercial e atingir seu máximo próximo ao meio do dia,
onde há maiores temperaturas e assim maior consumo, juntamente com o pico máximo de GFV.
Na fig. 3.10 é possível observar a curva gerada durante um dia ensolarado em uma instalação
com GFV e com perfil de carga residencial (IEA, 2014).
45

Figura 3.10: Influência da geração e da demanda no autoconsumo de energia.

Fonte: Adaptado de IEA, 2014.

Conforme ilustrado na Figura 3.10, no momento em que a geração de energia coincide


com o consumo existe pouca energia consumida ou injetada na rede, durantes os períodos em
que não há sol a energia consumida é totalmente proveniente da rede, reduzindo essa quantidade
conforme a geração aumenta, até o momento em que a geração superar o consumo e passa-se a
armazenar energia na rede.

Este consumo direto tem um impacto no retorno financeiro do projeto: no Brasil a fatura
de energia é composta por tributações estaduais, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
prestação de Serviços (ICMS), e federais, Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e a Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social (COFINS). De acordo com a Medida Provisória 675/2015 é isenta do
PIS/Pasep e da COFINS a energia gerada e injetada pelo consumidor na rede elétrica para
posterior consumo, como forma encontrada pelo governo a incentivar a GD (NAKABAYASHI,
2014).

No entanto, o ICMS tem como premissa o convênio ICMS nº 16, de 22 de abril de 2015,
do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), que regulamenta a isenção do ICMS
46

em instalações com GD. Porém, fica a critério da unidade federativa aderir ao convênio, e caso
o ICMS seja mantido, ele incide sobre toda energia consumida da rede, inclusive a energia
gerada e consumida posteriormente pela unidade consumidora geradora. Assim, é lucrativo
consumir diretamente a energia gerada; se esta não for registrada no marcador, não será faturada
com ICMS (REIS, 2016) (IEA, 2014) (MME, 2016).
4. Definição da avicultura no Paraná

Neste capitulo serão abordadas as principais características da avicultura no Paraná,


região escolhida para estudo devido à importância exercida por esta atividade na economia local
e pela associação da atividade avícola a pequenos produtores rurais, o que reforça a necessidade
de reduzir os custos com consumo de energia elétrica, pois geralmente o lucro da atividade é
vinculado a somente um aviário, sendo assim é necessário obter uma margem de ganho maior.
Outro fator é que o Paraná concentra grande parte dos abatedouros de frango do Brasil,
principalmente a região oeste do estado, região na qual segundo Belusso(2010) a atividade de
abate de frango pode ser considerada um cluster produtivo (BELUSSO, 2010).

Impulsionada pelas necessidades dos produtores rurais de diversificarem sua renda, a


partir de 1980 a avicultura no Paraná passou a ser praticada por cooperativas em integração
com agricultores. Estes são associados à cooperativa e precisam dispor de investimento
financeiro para construir os galpões, e na maioria é necessário construir o aviário com crédito
bancário (BELUSSO, 2010).

A produção de frango no oeste do Paraná muitas vezes está vinculada à manutenção da


mão-de-obra familiar em pequenas propriedades. Nesta região há um maior nível de
organização por parte dos avicultores, assim é possível fazer reinvindicações junto ao governo,
referente ao direcionamento de políticas públicas e de créditos, que possibilitam aos
agricultores condições de investir na atividade e tornar-se competitivos com grandes produtores
(BELUSSO, 2010) (TOMBOLO, 2006).

Nesse sistema de integração, a empresa integradora é responsável pelo fornecimento das


aves, de ração, de assistência técnica de manejo e controle de doenças e também pelo abate dos
frangos. Em contrapartida, os agricultores detêm o aviário, os equipamentos, são responsáveis
pelo fornecimento de água e luz e encargos trabalhistas e sociais. O produtor é responsável pelo
fornecimento das aves prontas para abate e a empresa pelo fornecimento dos insumos
(TOMBOLO, 2006).

4.1 Padrão tecnológico dos aviários

A avicultura brasileira acompanha os níveis de produtividade internacional, onde a


tecnologia está cada vez mais presente no desenvolvimento de novos produtos que tornam a
47
48

produção de aves mais eficiente, contemplando toda cadeia produtiva, desde a produção de
ovos ao abate das aves, tornando a avicultura brasileira detentora de um plantel de excelente
qualidade genética, de acompanhamento técnico intensivo, instalações padronizadas e
automatizadas, e um controle sanitário rigoroso (KAWABATA, 2008).

Apesar da tecnologia estar presente em diferentes níveis dentre as empresas, a


necessidade de ambientação para elevar a capacidade de alojamento dos aviários e ter uma
produção mais eficiente é comum. É preciso manter as condições de temperatura dentro do
aviário adequadas com a idade das aves e com as condições do tempo, e para isso são utilizados
equipamentos de climatização e um certo nível de automação nos aviários, que possuem
geralmente alarmes que sinalizam a falta de energia, sistema automático de distribuição de
ração, sistema de controle da iluminação, ventilação, da entrada de luz natural e dos
aquecedores, em muitos casos também possuem um gerador a diesel (BELUSSO, 2010)
(KAWABATA, 2008).

Todos estes equipamentos, apesar de garantir a eficiência no processo de produção de


aves, onde se produz mais aves em um menor espaço físico e com uma menor quantidade de
ração, tornam o consumo de energia elétrica elevado, conforme apresentado na Tabela 6.1, o
que compromete a viabilidade econômica da atividade, uma vez que eleva o custo de produção
e assim reduz o lucro do proprietário rural.

A seguir são apresentadas algumas características comuns das propriedades rurais


localizadas no Paraná, que serão importantes para o desenvolvimento deste trabalho.

4.2 Irradiação

A fim de estimar a irradiação incidente, será considerado um aviário localizado na região


de Toledo (PR), sem sombreamento, orientado para o norte geográfico, de acordo com os dados
disponíveis no CRESESB (2016). Na Tabela 4.1 é possível observar os valores de irradiação,
para uma inclinação igual à latitude (24°), posição que favorece a produção de energia nos
módulos fotovoltáicos (CRESESB, 2014).
49

Tabela 4.1.Dados meteorológicos para Toledo (PR).

Período Irradiação [kWh/m².dia]


Jan 5,12
Fev 5,56
Mar 5,43
Abr 5,26
Mai 4,81
Jun 4,06
Jul 4,69
Ago 4,64
Set 4,4
Out 5,32
Nov 5,35
Dez 5,64
Média 5,03
Fonte: CRESESB, 2016.

4.3 Tarifas praticadas

Pertinente a instalações rurais, o aviário aqui analisado possui conexão monofásica com
a rede de distribuição e é atendido em 2,3 kV, está localizando-se na área de concessão da
COPEL- Distribuição S.A que fatura a unidade consumidora no subgrupo B2, convencional
rural. A unidade também está enquadrada na Programa Tarifa Rural Noturna (TRN), que é uma
modalidade tarifária formada por tarifas de consumo de energia elétrica diferenciadas para o
período normal e o período com desconto. O intervalo com desconto é entre as 21h30 e as 06h,
momento no qual a energia consumida recebe um desconto de 60% na tarifa. Outra
característica da tarifa rural é a isenção de ICMS. A seguir, são apresentada as tarifas faturadas
na unidade consumidora em questão, Tabela 4.2.

Tabela 4.2. Tarifação na Unidade Consumidora

Tarifação na Unidade Consumidora

Tarifa de energia 0,348631 R$/kWh

Tarifa de energia
com desconto 0,139444 R$/kWh
Fonte: COPEL, 2016a.
5. Conceitos de análise de investimentos

Neste capítulo serão abordados os métodos utilizados para avaliação financeira de


projetos. Considerando-se os métodos tradicionais, que constituem-se em cálculo do payback
descontado, do Valor Presente Líquido (VPL) e da Taxa Interna de Retorno (TIR), devido à
disponibilidade de dados e à eficiência destes métodos, que servem como apoio para o
desenvolvimento de métodos de análise mais complexos (RODRIGUES E ROZENFELD,
2013).

5.1 Fluxo de caixa

Para a viabilização de um projeto, além de ser lucrativo, é necessário que a quantidade de


retorno gerado seja superior à apresentada por demais possíveis investimentos. Para possibilitar
a comparação entre projetos, neste trabalho serão utilizados indicadores baseados no fluxo de
caixa descontado. A montagem do fluxo de caixa é aplicada em projetos com uma saída inicial
de caixa seguida por uma séries de entradas, assim ele se divide em investimento inicial e
operação do projeto, etapa na qual são gerados os fluxos de caixa líquidos (RODRIGUES E
ROZENFELD, 2013).

Na elaboração do fluxo de caixa deve ser observado como premissa que somente são
considerados os incrementos, entradas ou saídas, ocorridos em determinados períodos de
tempo, e são representados por uma reta horizontal em intervalos contínuos. Os investimentos
são considerados no instante zero e as receitas e custos são considerados ao final de cada
período, durante o ciclo de vida planejado para o produto (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Os fluxos de caixa devem considerar taxas de descontos devido ao dinheiro de hoje valer
menos que o de amanhã, e um dinheiro seguro valer mais que um dinheiro incerto (BREALEY;
MYERS; ALLEN, 2011). A taxa de desconto é relacionada ao custo médio ponderado de
capital, bem como os conceitos de taxa mínima de atratividade (TMA) (ASSAF NETO, 1994).
Sendo a TMA “considerada o custo de capital que corresponde ao custo das fontes de
financiamento ou o custo de oportunidade” (BORDEAUX-RÊGO et al., 2008, p.32) e o custo
de oportunidade são as perdas que se tem por deixar de investir em outros projetos
(RODRIGUES E ROZENFELD, 2013) (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

50
51

5.1.1 Componentes do fluxo

Para se determinar o fluxo de caixa é necessário conhecer alguns componentes do


empreendimento, aqui serão listados os principais:

Investimento inicial

No instante zero é realizada a saída devido ao investimento no ativo, mais despesas de


instalação do ativo e variação do capital circulante líquido (diferença entre o ativo circulante e
o passivo circulante). O investimento total pode ser chamado de CAPEX (Capital Expenditure)
(BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Fluxos de caixas operacionais

É a diferença ente a receita operacional e os custos operacionais, após impostos. Os custos


decorrente de manutenção e outras demandas operacionais são denominados OPEX
(Operational Expenditure) (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Fluxo de caixa residual

É o resultado das entradas e saídas não operacionais ao fim do período de operação do


projeto, após o imposto de renda. Representa o valor obtido com liquidação dos ativos, não
inclui valores referentes à operação do projeto (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Perpetuidade

É dada pelo tempo de operação do empreendimento. Quando não se pode estimar o prazo
para término do projeto, considera-se a vida útil como indeterminada (BORDEAUX-RÊGO ET
AL., 2008).

Na Figura 5.1 é possível observar o quadro geral que constitui o fluxo de caixa global
para análise de um projeto, considerando as despesas financeiras e as amortizações.
52

(=) Receitas
(-) PIS/Confins
(-) ICMS
(=) Receita líquida
(-) Custo dos produtos vendidos
(=) Lucro operacional bruto
(-) Despesas administrativas
(-) Despesas comerciais
(-) Despesas gerais
(=) Lucro operacional
(-) Depreciação
(=) Lucro antes de juros e IR
(-) Despesas financeiras
(=) Lucro antes do IR
(=) Lucro líquido
(+) Depreciação
(=) Fluxo de caixa
(-) Amortizações
(+/-) Mudanças no capital de giro
(+/-) Investimentos ou desmobilizações de equipamentos
(=) Fluxo de caixa ao capital próprio – acionistas (FCCP)

Figura 5.1. Fluxo de caixa de um projeto.

Fonte: BORDEAUX-RÊGO et al., 2008.

5.2 Modelos determinísticos para tomada de decisão

A partir dos resultados obtidos com o fluxo de caixa é possível utilizar ferramentas que
auxiliam na avaliação econômica de projetos, onde confronta-se o fluxo de caixa gerado com
os investimentos. A seguir serão apresentados quatro métodos tradicionais que facilitam a
tomada de decisão (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).
53

5.2.1 Payback simples

Neste método é estabelecido um período, dentro do ciclo de vida do projeto, que servirá
como base para a análise de viabilidade. Este tempo é definido pelo investidor com base em
seus padrões de tempo de retorno do capital empregado, riscos associados e em sua posição
financeira. No cálculo do payback o investimento inicial é somado em todos períodos aos fluxos
de caixa líquidos até que a soma dos caixas futuros seja igual ao valor aplicado, momento em
que se tem o tempo de recuperação do investimento. No payback simples é ignorada a taxa de
desconto, assim não é considerada a variação do dinheiro com o tempo (RODRIGUES E
ROZENFELD, 2013) (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Nos casos em que o período de payback é inferior ao prazo máximo aceitável de


recuperação do capital o projeto é aceitável (NAKABAYASHI, 2014).

5.2.2 Payback descontado

De forma similar ao payback simples, este método calcula o tempo de retorno do capital
aplicado, porem agora considera a variação do dinheiro com o tempo, utilizando uma taxa de
desconto que substitui o efeito da inflação (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Tanto o payback simples quanto o descontado são úteis em situações onde o Valor
Presente Líquido (VPL) de dois projetos são muito próximos, e a recuperação mais rápida do
caixa se torne relevante. Uma desvantagem destes métodos é que não consideram a distribuição
do fluxo de caixa dentro do prazo de recuperação do investimento e nem os fluxos após esse
período (RODRIGUES E ROZENFELD, 2013) (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

5.2.3 Valor presente líquido

Este valor reflete no tempo atual das entradas e saídas do projeto, considerando que a taxa
de oportunidade do capital. É obtida a riqueza em valor monetário do investimento, medida
pela diferença entre as entradas e saídas no fluxo de caixa. Esta ferramenta considera o
momento em que houve o investimento, quanto é gerado de lucro, quando o fluxo de caixa
ocorreu e qual o risco associado (NAKABAYASHI, 2014) (RODRIGUES E ROZENFELD,
2013) (BORDEAUX-RÊGO et al., 2008).

A expressão que calcula o VPL é:


54

𝐹𝐶 𝑉𝑅
𝑉𝑃𝐿 = −I + ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑟)
𝑡
𝑡 + (1+𝑟)𝑛 eq. (5.1)

Na qual:

I é o investimento inicial;

FCt fluxo de caixa no período t;

r custo de capital;

VR valor residual ao final do período;

n número de períodos.

A partir da eq. 5.1 é possível identificar se o investimento é economicamente atrativo.


Se o VPL for maior que zero significa que o valor presente do retorno é maior que o capital
aplicado, caso o VPL seja igual a zero esse investimento é indiferente, e para um VPL menor
que zero o investimento não é economicamente atrativo, pois o valor do investimento é maior
que o valor presente das entradas (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Quando há mescla entre fonte de financiamento e capital próprio, a taxa de oportunidade


é o custo médio de capital, ponderado segundo a parcela de capital próprio e o financiado
utilizados (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Apesar do VPL utilizar todos os fluxos de caixa, não é possível utilizar somente este
método para avaliar um projeto. O VPL tem como premissa que os fluxos serão reinvestidos a
mesma taxa “r”, assim existe o risco do reinvestimento, também pode haver, para investimentos
de longa duração, grandes períodos com o fluxo de caixa negativo (RODRIGUES E
ROZENFELD, 2013) (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

5.2.4 Taxa interna de retorno (TIR)

TIR é a taxa na qual o VPL do projeto é nulo, isto é ,as entradas do caixa a valor presente
são equivalentes ao capital investido a valor presente. Essa taxa é obtida ao igualar a eq. 5.1 a
zero. Se a TIR for superior ao custo de capital do projeto, este é aceito, caso contrário o
investimento é economicamente rejeitado, pois o VPL do projeto será negativo. O melhor
investimento é aquele com o valor de TIR maior (NAKABAYASHI, 2014) (RODRIGUES E
ROZENFELD, 2013) (BORDEAUX-RÊGO ET AL., 2008).

Apesar de ser uma ferramenta de fácil análise, por se uma taxa, o cálculo da TIR é restrito
a projetos que sejam reinvestidos a mesma taxa interna de retorno e apresenta um cálculo
55

complexo quando há investimentos em mais de um período (BORDEAUX-RÊGO ET AL.,


2008).

Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM)

Devido à necessidade de calcular a taxa interna de retorno de investimentos com fluxo de


caixa invertido em mais de um período, esse método facilita para que se tenha uma TIR sem os
problemas com raízes múltiplas ou inexistentes (CAVALCANTE, 1998).

Para encontrar a TIR este método caminha com todos os valores positivos do fluxo de
caixa para o último período, considerando o custo do capital, e com os valores negativos para
o primeiro período, para assim ter um fluxo de caixa convencional, com apenas um valor
negativo. Após, a TIR é calculada normalmente através da eq. 5.1 igualada a zero
(CAVALCANTE,1998).
6. Análise da aplicação de um sistema fotovoltaico em um
aviário de criação de frango de corte

Neste capítulo serão abordadas as principais variáveis que influenciam na geração de


energia fotovoltaica. Foi escolhido como o objeto de estudo uma propriedade tradicional do
oeste Paraná.

Para o desenvolvimento do estudo da viabilidade de instalação de plantas fotovoltaicas


em aviários é necessário conhecer algumas características da instalação, a fim de estimar com
maior precisão a capacidade produtiva do gerador. Assim posteriormente serão apresentadas as
principais características técnicas de um aviário e os componentes do SFV necessários para se
poder avaliar a viabilidade econômica do projeto.

6.1 Dimensão do aviário

No desenvolvimento deste trabalho será considerado um aviário de médio porte, com


dimensão 150m por 12m, em estrutura de madeira e cobertura de cerâmica com inclinação de
50%, tendo a cobertura uma área total de 2162,46 m2, conforme ilustrado na Figura 6.1 e na
Figura 6.2. A capacidade deste galpão é para 25.000 aves.

Figura 6.1. Vista frontal do aviário análisado.

Fonte: Próprio autor.

56
57

Figura 6.2 Vista superior do aviário análisado.

Fonte: Próprio autor.

6.2 Consumo de energia

Devido à necessidade de climatização do ambiente para o bom desenvolvimento das aves,


os aviários apresentam diversos equipamentos destinados a manter a temperatura adequada
dentro do galpão e também para automação do sistema de alimentação das aves, conforme
apresentado na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 Equipamentos instalados no aviário.

Equipamentos Quantidade Potencia cv


Exaustor 6 1,5
Comedor 3 1
Distribuição Automática Ração 1 1,5
Motor Nebulizador 1 2
Motor forno 1 5
Lâmpadas 60 0,0272

Fonte: Próprio autor.


58

Esses equipamentos geram um alto consumo de energia elétrica e assim uma alta fatura
cobrada pela concessionária, em média R$ 2077,00 mensais, conforme os histórico de consumo
e pagamento apresentados no anexo A. Esse valor considera o desconto dado pela TRN sobre
a energia consumida durante o período noturno e os demais tributos atrelados à tarifa rural. A
partir dos dados presentes na fatura de energia, anexo A, pode-se observar o consumo de energia
em um aviário durante o período de 12 meses, conforme apresentado na Tabela 6.2. É possível
constatar que o consumo de energia elétrica ocorre predominantemente no período diurno,
devido às maiores temperaturas e assim à necessidade de utilização mais intensa dos
equipamentos de climatização. O consumo total da instalação em estudo é em torno de 59077
kWh/ano e mensal médio de 4923 kWh, e esse consumo influencia na viabilidade da atividade
avícola. De acordo com BIANCHINI (2014) a energia elétrica representa 29,4% do custo
operacional efetivo, assim o custo da energia elétrica impacta diretamente na receita de
pequenas propriedades rurais, onde muitas vezes a avicultura é a principal fonte de renda.

Tabela 6.2. Consumo anual de energia no aviário

Período Consumo Diurno(kWh) Consumo Noturno (kWh) Consumo Total (kWh)


jun/15 2646 1477 4123
jul/15 3490 1738 5228
ago/15 1548 779 2327
set/15 5760 2836 8596
out/15 1571 769 2340
nov/15 4822 2072 6894
dez/15 2034 886 2920
jan/16 4226 1877 6103
fev/16 3211 1383 4594
mar/16 4225 1939 6164
abr/16 4120 1857 5977
mai/16 2571 1240 3811
TOTAL 40224 18853 59077

Fonte: Próprio autor.

6.3 Linhas de crédito

Ao se considerar a aplicação de um SFV é necessário avaliar as linhas de crédito


disponíveis no mercado para custeio do investimento. O custo do capital financiado é a taxa
mínima de atratividade do projeto (TMA), assim impacta sobre os resultados do VPL e da TIR
modificada. É importante também validar a existência deste capital disponível, pois nas
59

atividades avícolas é recorrente os investimentos serem parcialmente custeados por capital de


terceiros (BIANCHINI, 2014).

6.3.1 PRONAF

Considerando-se a geração de energia em aviários inseridos no contexto da agricultura


familiar, se tem a oportunidade de acessar uma linha de crédito específica para pequenos
produtores, o PRONAF. Para ter acesso a essa linha é necessário que o agricultor apresente uma
Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), que comprova o trabalho em regime familiar e a
renda anual bruta inferior a R$360 mil. Utilizando a linha de crédito PRONAF Eco
sustentabilidade ambiental, os agricultores podem financiar equipamentos para a geração de
energia por fontes renováveis, eólica, solar, biomassa, entre outras, a uma taxa de juros de 2,5%
ao ano, sendo que o valor financiado pode chegar até R$165 mil e o prazo máximo a dez anos
(MDA, 2016) (BIANCHINI, 2014).

6.3.2 INOVAGRO

Neste programa de incentivo à inovação tecnológica na produção agropecuária


(INOVAGRO), é disponibilizado crédito para produtores rurais e cooperativas de produção
rural, visando atender a projetos de inovação tecnológica na propriedade rural. É
disponibilizado até R$1,1 milhão para empreendimento individual, a uma taxa de 8,5% a.a.,
com prazo de dez anos e com três anos de carência (BB, 2016).

6.4 CAPEX

Com a finalidade de avaliar o retorno financeiro do projeto, neste trabalho é considerado


o custo do SFV através de orçamentos obtidos no mercado. Utilizando valores obtidos através
de orçamentos comerciais de novembro de 2016, apresentados no anexo B, tem-se na Figura
6.3 o custo dos equipamentos de um SFV conectado à rede de acordo com a potência
fotovoltaica instalada.
60

6000

Custo (R$/kWp)
5000

4000

3000
R$

2000

1000

kWp

Figura 6.3. Custo dos equipamentos instalados por quilowatt-pico de acordo com a potência da planta
fotovoltaica.

Fonte: Próprio autor.

Os valores apresentados na Figura 6.3 não incluem os custos de instalação, projeto,


estrutura física e de conexão à rede de distribuição. Para incluir estes componentes são
considerados os valores apresentados pela Figura 3.4, que determina que 65% do custo do
sistema é dado em função dos equipamentos e os 35% restantes são decorrentes do custo de
instalação, projeto, estrutura física e instalação elétrica, estando inclusos nesta parcela também
os custos administrativos do projeto e de despesas gerais.

Pode-se observar na Figura 6.3 que o custo dos equipamentos por kWp instalado,
apresenta uma considerável queda de acordo com o aumento da potência instalada na planta
fotovoltaica, assim sendo necessário considerar o custo por kWp distinto entre sistemas de
diferentes potências, para isso foi encontrado com auxílio do curve fitting toolbox do software
Matlab, uma função que representa os pontos ilustrados no gráfico da Figura 6.1, utilizando o
método de ajuste de curva exponencial, com raiz quadrática do erro quadrático médio (RMSE)
de 126,5359. Na Figura 6.4 é apresentada a curva da função obtida no Matlab.
61

Custo(P) = (5,045*(P^(-0,7723)) + 5,217)*P*1000

Figura 6.4. Custo total do SFV por quilowatt-pico instalado de acordo com a potência da planta.

Fonte: Próprio autor.

A partir desta curva pode-se obter o custo do sistema para diferentes potências e assim é
possível analisar o VPL e a TIR para uma ampla faixa de potência instalada.

Outra importante característica dos sistemas fotovoltáicos é que os módulos apresentam


uma vida útil de 25 anos, porém durante este período há uma redução na sua eficiência. Ao final
dos 25 anos os módulos poderão ter uma queda máxima de potência nominal de até 20%. No
desenvolvimento deste trabalho, é considerado uma perda de rendimento dos módulos de 0,8%
a.a. (IDEAL; AHK, 2016) (CRESESB, 2014).

Outra premissa adotada é que a vida útil dos inversores é inferior a dos módulos
fotovoltaicos. Assim em conformidade com a vida útil dos inversores dada pelos fabricantes, é
considerado um novo investimento no décimo ano para a substituição do inversor. O custo do
novo inversor é dado por uma curva obtida com auxílio do curve fitting toolbox do software
Matlab, e para a obtenção desta curva foram utilizados dados do custo do inversor em função
da potência do SFV (kWp). Esses valores foram obtidos por meio de orçamentos comerciais
apresentados no anexo B. O Matlab aproximou os dados reais para uma curva, através do
método de aproximação polinomial, com raiz quadrática do erro quadrático médio (RMSE) de
3,7622x10³, que resultou na curva apresentada na Figura 6.5 (CRESESB, 2014) (LANDEIRA,
2013).
62

Custo = -1,801*(P^2) + 906,4*P+1357

Figura 6.5. Custo do inversor de acordo com a potência do SFV.

Fonte: Próprio autor.

De acordo com o observado na Figura 6.5, o aumento na potência instalada do SFV


implica em um maior custo para substituição do inversor, assim impacta diretamente no VPL e
na TIR do projeto. Para considerar este efeito na análise de sistemas para diferentes potências
foi utilizada a função dada pela curva da Figura 6.5, que estima o custo do novo inversor de
acordo com a potência fotovoltaica instalada.

6.5 OPEX

Em sistemas fotovoltaicos o custo de operação é decorrente do custo de manutenção do


sistema, devido à necessidade de limpeza das placas e manutenção do sistema elétrico. Ele
representa a valor presente do custo total de manutenção do SFV ao longo de sua vida útil, e
determinado por uma taxa fixa de 1% do valor do CAPEX ao ano (CRESESB, 2014).

6.6 Receita operacional

Primeiramente, para analisar a viabilidade de um SFV é necessário calcular a quantidade


de energia gerada pelo sistema, assim utilizando a eq. 6.1 é determinada a geração mensal de
um sistema fotovoltaico, a partir dos valores de irradiação (Ht), apresentados na tabela 4.1.

A eq. 6.1 utiliza como parâmetro a taxa de desempenho do sistema (PR – Performance
Ratio) que representa a relação entre o desempenho real do sistema e a irradiação incidente,
considera todas as perdas existentes no sistema fotovoltaico que reduzem seu desempenho,
entre elas estão as perdas na eficiência do inversor, perdas no cabeamento e conectores, sujeira
na superfície dos módulos, temperatura operacional elevada, dentre outros (CRESESB, 2014)
63

(TIEPOLO, 2015) (LORENZO, 2002). Neste trabalho é considerado um valor de 75% para a
taxa de desempenho do sistema, esta valor é adequado a sistemas que apresentam
principalmente perdas por temperaturas elevadas, queda de potencial nos fios e perdas
relacionadas a qualidade do inversor utilizado (BENEDITO, 2009).

Segundo Lorenzo (2002), a geração mensal fornecida pelo sistema fotovoltaico é dada
pela eq. 6.1, de acordo com a potência da planta instalada.
𝐻𝑡
𝐸𝑐𝑎 = 𝑃 ∗ ∗ 𝑃𝑅 ∗ 𝐹𝑠 ∗ 𝐷𝑖𝑎𝑠 eq. 6.1
𝐺

Eca – Energia gerada pelo sistema fotovoltaico ao mês (kWh);


Ht – Irradiação sobre o plano com inclinação igual a latitude (kWh/m².dia);
PR – Taxa de desempenho do sistema;
P – Potência máxima entregue pelo gerador, medido com uma iluminação de 1000 W/m2 a 25
ºC de temperatura (kWp);
G – É a Irradiância na qual se determina a potência nominal das células e módulos fotovoltaicos,
normalmente 1000 W/m2;
Fs – É o fator que considera as perdas por sombreamento, “1” equivale ao sistema receber toda
luz solar e “0” ao sistema estar totalmente sombreado;
Dias – Total de dias do mês.

Após calcular os valores de geração para cada mês, durante um ano, é feito a compensação
destes valores em função do consumo apresentado pela unidade, disponíveis na tabela 6.1, a
compensação da energia ativa gerada é feita mensalmente, primeiramente sobre a energia
consumida sem o desconto da TRN, pois é neste período que a energia é gerada, e por último
sobre a energia consumida na tarifa com o desconto da TRN, caso seja gerada mais energia que
o total consumido no mês, essa energia irá ser compensada no mês seguinte, primeiro sobre o
consumo na tarifa sem o desconto da TRN e posteriormente sobre o consumo realizado na tarifa
com o desconto da TRN.

Quando o SFV é dimensionado para gerar mais energia do que a unidade consome não é
possível compensar toda energia gerada, pois todos os meses a energia gerada excederá a
consumida acumulando créditos de energia para serem compensados no mês posterior, porém
a energia gerada será novamente maior que a energia consumida, assim não será possível
consumir toda energia gerada e será gerado mais créditos, esses não serão consumidos e
expirarão após 60 meses.
64

Em um sistema fotovoltaico, submetido ao sistema de compensação, não há receita


operacional, o retorno do investimento é obtida através do valor que é deixado de pagar a
concessionária, é a redução no custo da fatura de energia elétrica (cost saving), devido ao
consumo da energia proveniente da geração fotovoltaica ao invés da energia proveniente da
rede de distribuição. Para o sistema analisado neste trabalho é conhecido o consumo mensal de
energia da unidade sem a geração fotovoltaica e também a tarifa aplicada pela distribuidora,
assim calculando a geração fotovoltaica em um dado mês, é possível identificar o valor mensal
que é deixado de pagar à concessionária. Para fins de análise de viabilidade econômica, neste
trabalho a redução no custo da fatura de energia elétrica é considerada a receita operacional do
SFV.

Considerando a quantidade de energia gerada menor que a quantidade de energia


consumida sem o desconto dado pela TRN:

𝑅𝑂 = (𝐸𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎) ∗ 𝑇𝑠𝑑 eq. 6.2

RO – Receita operacional (R$);

Egerada – Energia gerada pelo SFV (kWh);

Tsd – Tarifa sem desconto da TRN(R$/kWh).

Quando a energia gerada é maior que a energia consumida sem o desconto dado pela TRN
há também a compensação da energia consumida durante a tarifa com desconto, assim a receita
operacional será dada pela eq. 6.3, considerando que a energia gerada é menor que o consumo
total do mês.

𝑅𝑂 = (𝐸𝑠𝑑) ∗ 𝑇𝑠𝑑 + (𝐸𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝐸𝑠𝑑) ∗ 𝑇𝑐𝑑 eq 6.3

Esd – Energia consumida durante a tarifa sem o desconto da TRN e sem geração fotovoltaica
(kWh);

Tcd – Tarifa com o desconto da TRN (R$/kWh).

Outro caso ocorre quanto a energia gerada pelo SFV é maior que a quantidade total de
energia consumida pela unidade em mês:

𝑅𝑂 = (𝐸𝑠𝑑) ∗ 𝑇𝑠𝑑 + (𝐸𝑠𝑛) ∗ 𝑇𝑐𝑑 eq 6.4

Créditos Acumulados = 𝐸𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 − (𝐸𝑠𝑑 + 𝐸𝑠𝑛) eq 6.5

Esn – Energia consumida durante a tarifa com o desconto noturno (kWh);


65

Neste caso ocorre o acumulo de créditos de energia, pois não é possível compensar toda
energia gerada, o total de energia consumida neste mês é inferior ao total de energia gerada.

A receita operacional anual é obtida somando as receitas operacionais mensais.

6.6.1 Tarifa de energia elétrica

Devido à sensibilidade da receita operacional do sistema diante da tarifa de energia


elétrica, é necessário considerar uma taxa de reajuste tarifário ao longo do horizonte de
operação do sistema. Devido à tarifa não seguir uma trajetória bem definida, o cenário
considerado neste trabalho será uma média dos reajustes nacionais ocorridos entre 1995 e 2013,
conforme apresentado por NAKABAYASHI (2014), onde analisando a evolução da tarifa de
energia elétrica para os consumidores da classe residencial, comercial e industrial se obteve um
reajuste médio de 9,1%a.a.

Figura 6.6 Evolução da tarifa de energia elétrica e IPCA

Fonte: NAKABAYASHI, 2014.

Conforme apresentado na Figura 6.6 os reajustes na tarifa de energia variam


consideravelmente, isto se deve aos diversos fatores que impactam no valor da tarifa, entre eles
estão decisões políticas, planejamento do setor energético, intervenções governamentais,
cenário econômico do país e do mundo, entre outros.
66

No desenvolvimento deste trabalho foi considerando um cenário conservador, a taxa de


reajuste tarifário adotada foi 3,3%a.a durante os 25 anos de operação do sistema fotovoltaico,
esta taxa é abaixo do índice de inflação (IPCA), o que se configura um cenário pessimista para
a economia e para a viabilização do sistema fotovoltaico em análise, pois quanto maior a tarifa,
maior a atratividade do projeto (NAKABAYASHI, 2014).

6.7 Fluxo de caixa geral

Utilizando as informações apresentadas anteriormente, é relacionado todos os


componentes do fluxo de caixa do sistema, para um horizonte de projeto de 25 anos, abordado
do ponto de vista do agricultor, sendo o capital composta 100% de capital de terceiros, obtido
por meio de financiamento.

A taxa de reajuste da receita operacional é de 3,3%a.a. devido ao reajuste na tarifa de


energia, também é considerado a queda de 0,8%a.a. devido à redução na eficiência do SFV. No
fluxo de caixa apresentado na Tabela 6.3 não é considerado o imposto de renda, de acordo com
a legislação do imposto de renda das pessoas físicas (BRASIL, 1995, p. 22304), caso não haja
escrituração do livro caixa da atividade rural, implica na incidência do imposto de renda sobre
20% da receita bruta do ano-calendário, assim a redução no custo da fatura de energia não
impacta no valor do imposto de renda tributado, devido a isso o imposto de renda não é
considerado como componente do fluxo de caixa do SFV.

O investimento em ativo permanente é dado pelo valor do CAPEX de acordo com a


potência da planta instalada. Não é considerado investimento em seguro da instalação.
67

Tabela 6.3 Fluxo de caixa do projeto

Componentes do fluxo de caixa ano


(=) Receita Operacional Receita Operacional anual considerando
perdas na geração e reajuste na tarifa de
energia

(-) Despesas gerais Custo de operação do sistema, 1% do valor


do CAPEX

(-) Despesas financeiras Juros pagos referente ao financiamento

(=) Lucro operacional Lucro operacional bruto – Despesas gerais

(-) Amortização financeira Referente ao financiamento

(=) Fluxo de caixa

Fonte: Próprio autor.

6.8 Análise do VPL

Utilizando um módulo fotovoltaico com eficiência de 15,85% e potência de 255 kWp, é


implementado no software Matlab uma rotina para o cálculo do VPL para uma faixa de potência
entre 3 e 80 kWp, conforme apresentada no apêndice A, o fluxo de caixa utilizado para o cálculo
do VPL é dado a partir da receita operacional obtida pela compensação mensal da energia
fotovoltaica, juntamente com o CAPEX, o OPEX do sistema e o investimento na substituição
do inversor trazido ao período zero, a partir deste fluxo é implementado a função Present value
of varying cash flow (PVVAR) que retorna o VPL do fluxo de caixa.

O custo do capital utilizado nesta primeira análise é referente ao crédito disponibilizado


pelo programa PRONAF mais alimentos, que possui uma taxa de 2,5%a.a. Também foi
considerado um reajuste de 3,3%a.a. sobre a tarifa de energia e queda de 0,8%a.a. na receita
operacional devido as perdas na eficiência dos módulos.
68

Figura 6.7. Valor do VPL (R$) por potência do SFV instalado (kWp).

Fonte: Próprio autor.

A curva dada na Figura 6.7 representa o VPL de um SFV localizado na região de Toledo
(PR), atendido pela rede de distribuição rural, com o consumo tradicional de um aviário de
frango de corte, apresentado na Tabela 6.2.

Conforme observado o VPL apresenta um crescimento significativo de acordo com o


aumento da potência instalada do SFV, isto ocorre até uma potência de 35 kWp, neste ponto a
geração fotovoltaica é elevada e passa a compensar toda energia consumida durante o período
de aplicação da tarifa sem o desconto da TRN e começa a compensar parte significativa da
energia consumida durante a tarifa com o desconto da TRN. Decorrente da tarifa com desconto
da TRN ser inferior a tarifa sem o desconto, quanto maior a parcela de energia gerada que é
compensada com a energia consumida durante o período com desconto, menor o valor que é
reduzido na fatura de energia paga a concessionaria (cost saving) e assim menor a receita
operacional, o que leva a curva da Figura 6.7 a apresentar uma queda na sua taxa de crescimento
entre as potências de 35 kWp e 43 kWp, quando alcançada a potência de 43 kWp, a geração de
energia fotovoltaica supera o consumo, assim ao elevar a potência do SVF instalado, é elevado
o custo de operação do sistema e o CAPEX, mas não se eleva a receita operacional, porque não
há energia consumida para compensar esse incremento na geração, o que torna a taxa de
crescimento do VPL negativa.

Neste trabalho foi analisado a instalação do SFV em uma unidade consumidora


conectada a somente um aviário, mas no caso de haver mais de um aviário ou demais cargas
com consumo semelhante, conectadas a mesma unidade consumidora, o valor do VPL
69

continuaria a se elevar com incremento na geração fotovoltaica, seu máximo seria superior ao
obtido na Figura 6.7 para uma potência instalada de 35 kWp, pois haveria mais energia
consumida, e assim seria possível compensar uma quantidade maior de energia gerada.

Decorrente do programa PRONAF mais alimentos disponibilizar uma quantia limitada


de R$160 mil, a taxa de custo de capital de 2,5% a.a., não pode ser utilizada essa linha de
financiamento para potências superiores a 28 kWp, pois o CAPEX desse sistema é superior a
R$ 160 mil e neste trabalho é considerado que o capital utilizado para implantação do projeto
é totalmente obtido através de capital de terceiros, na Figura 6.8 é apresentado o CAPEX do
SFV para diferentes potências instaladas.

Figura 6.8. CAPEX de um SFV.

Fonte: Próprio autor.

Assim é calculado um novo VPL para um intervalo de potências instaladas, onde o custo
de capital para potências acima de 28,5 kWp, é dado pela taxa apresentada pelo programa
INOVAGRO, que é de 8,5% a.a., para potências inferiores a 28,5 kWp o custo de capital
continua sendo 2,5% a.a., na Figura 6.9 é ilustrado a curva do VPL resultante.
70

Figura 6.9. Cálculo do VPL para diversas potências com duas taxas de custo de capital.

Fonte: Próprio autor.

A Figura 6.9 apresenta o mesmo comportamento que a Figura 6.5 até a potência de 28,5
kWp, pois as duas curvas são dadas em função do mesmo custo de capital, assim a Figura 6.6
apresenta VPL máximo de R$ 120 mil para um SFV com potência instalada de 28,5 kWp,
quando a potência instalada é superior a 28,5 kWp o custo de capital se eleva, tornado o VPL
menor, pois a receita operacional a valor presente será menor, a curva agora passa a ter um
ângulo de inclinação negativo, porem quando atinge a potência de aproximadamente 43 kWp
essa inclinação aumenta, pois a receita operacional do sistema passa a ser constante diante da
elevação da potência da planta fotovoltaica instalada.

De acordo com a Figura 6.9 a taxa de custo de capital influencia diretamente no VPL do
projeto, ao se considerar a taxa de 8,5% a.a., o VPL apresenta valor negativo, sendo assim
explicito a necessidade de dispor de capital a baixo custo para a viabilização da aplicação de
um SFV em instalações rurais.

6.9 Análise da TIR modificada

Para o SFV analisado é calculado a TIR modificada para diversas potências instaladas
entre 3 a 80 kWp, conforme a rotina desenvolvida no Matlab e apresentada no apêndice A, a
partir do mesmo fluxo de caixa gerada para o cálculo do VPL do sistema é implementado a
função Internal rate of return (IRR) que retorna a TIRM do projeto, o fluxo de caixa
71

considerado nesta etapa inclui o CAPEX da planta fotovoltaica, o investimento na substituição


do inversor no décimo ano trazido a valor presente, o custo operacional e a receita operacional,
este último é calculado considerando a queda na eficiência dos módulos e o ajuste da tarifa de
energia ao longo dos 25 anos de operação da planta.

Na Figura 6.10 é apresentado o valor da TIR de acordo com a variação da potência do


SFV.

Figura 6.10. Cálculo da TIRM para diversas potências.

Fonte: Próprio autor.

Analisando a curva apresentada na Figura 6.10 é possível concluir que a maior TIR
modificada ocorre para um SFV instalado com a potência de 28,6 kWp, onde a TIRM é de
7,725%, porem para um sistema com esta potência instalada o VPL apresenta um valor negativo
de R$ -11 mil, conforme apresentado na Figura 6.7, devido ao custo do capital para essa
potência instalada ser de 8,5%a.a., assim a TIRM encontrada é inferior ao taxa mínima de
atratividade do projeto, o projeto não é aceito. A TIRM apresenta seu valor máximo para o
maior custo de capital em decorrência do custo de substituição do inversor no décimo ano, ao
se trazer a valor presente o custo do inversor se utiliza a taxa determinada pelo custo do capital,
e quanto maior a taxa do custo de capital menor o custo do inversor a valor presente. Para fins
de análise de um projeto fotovoltaico, neste trabalho é determinado a potência instalada do
sistema com base na maior TIRM com VPL positivo, assim as análises posteriores serão
realizada com base em um sistema com 21,15 kWp instalados, TIRM de 7,448% e VPL de R$
95 mil, para esta potência a receita operacional da planta fotovoltaica é máxima diante do custo
de instalação e de operação do SFV.
72

É importante considerar que um SFV com potência instalada de 21,15 kWp, nas
condições de irradiação consideradas neste trabalho, representa uma geração em média de 2415
kWh/mês, um valor elevado quando comparado a média de consumo residencial. Assim apesar
da tarifa rural ser subsidiada, o que reduz a receita operacional do projeto, existe uma
compensação na viabilidade do projeto devido ao alto consumo de energia do aviário, o que
possibilita a instalação de plantas fotovoltaicas com maiores potências e assim uma econômica
de escala, pois o custo do SFV por kWp instalado é menor para sistemas com maiores potências,
conforme foi apresentado na Figura 6.4. Outro fator atrativo a instalação de SFV na atividade
avícola é a disponibilidade de uma ampla área na cobertura do aviário para a instalação dos
módulos, pois SFV com potências altas ocupam áreas consideráveis, para um sistema de 21,15
kWp, por exemplo, é necessário dispor de 135 m² para instalação da planta fotovoltaica.

6.10 Análise do SFV com potência instalada de 21,15 kWp

Para a análise da geração fotovoltaica em relação a energia consumida, na Figura 6.11 é


comparado o consumo do aviário em discussão e a geração da planta fotovoltaica com potência
instalada de 21,15 kWp, durante um período de doze meses.

Energia consumida sem desconto(kWh)


10000 Energia consumida com desconto (kWh)
Energia gerada(kWh)

8000

6000

4000

2000

0
jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16

Figura 6.11. Energia consumida pela instalação e energia gerada pelo SFV de 21,15 kWp.

Fonte: Próprio autor.

É importante analisar que para o sistema instalado com potência de 21,15 kWp, a
quantidade de energia gerada supera a quantidade de energia consumida durante a tarifa sem o
desconto da TRN, energia consumida entre as 6h00 e as 21h30, em apenas poucos meses, isso
ocorre devido ao sistema de compensação, a receita operacional do projeto é maior quando a
geração é compensada com a energia consumida na tarifa mais alta, na tarifa sem o desconto
73

da TRN, assim para um sistema com potência instalada de 21,15 kWp a quantidade de energia
gerada somente supera a quantidade de energia consumida sem o desconto da TRN e
compensada com a energia consumida com desconto da TRN em quatro meses e por uma
quantidade pequena de energia, conforme apresentado na Figura 6.11.

Também a partir da Figura 6.11 é evidenciado que a geração fotovoltaica apresenta


variações ao decorrer do ano, isto é resultante da variação da irradiação incidente e da
temperatura ambiente, fatores que influenciam diretamente na geração de energia fotovoltaica,

A partir da geração calculada é obtida a receita operacional do SFV, a qual é usado para
construir a análise financeira do projeto, juntamente com o CAPEX e o OPEX, conforme será
exposto na Figura 6.12.

Devido ao valor do CAPEX ser inferior a R$ 160 mil, o custo de capital adotado para a
construção do fluxo de caixa foi de 2,5%. É possível observar variações no valor da receita
operacional ao decorrer dos anos, isso existe em função da perda de eficiência dos módulos e
da correção da tarifa de energia, é observado aumento da receita devido ao fator adotado para
correção da tarifa de energia ser maior que o fator de perda de eficiência dos módulos
fotovoltaicos.

150.000,00

100.000,00

50.000,00

0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

50.000,00

100.000,00

150.000,00
Investimento Receita Saldo

Figura 6.12. Análise financeira do SFV.

Fonte: Próprio autor.


74

Considerando a curva do valor acumulado presente na Figura 6.12, o custo de substituição


do inversor está incluso no valor do investimento realizado no período zero, na Tabela 6.4 é
indicado as principais informações financeiras obtidas através do fluxo de caixa deste projeto.

Tabela 6.4. Informações financeiras do projeto.

Informações Financeiras do Projeto

CAPEX R$ 120.446,83

Custo inversor R$ 15.406,58

OPEX R$ 1.204,47/ano

Receita Operacional R$ 9.831,8/ ano

VPL R$ 95.759,83

TIRM 7,448%

Payback descontado 14,43 anos

Fonte: Próprio autor.

Conforme indicado na Tabela 6.4, o projeto analisado apresenta VPL positivo ao final
de 25 anos de operação, a TIRM encontrada é maior que o custo de capital e o payback
descontado é menor do que a vida útil do sistema, assim as ferramentas de análise financeira
indicam que a aplicação de um SFV com potência de 21,15 kWp em conjunto com a atividade
avícola é viável, porem também é necessário considerar as particularidades do projeto, como
por exemplo, é preciso analisar se será possível reinvestir as receitas operacionais a taxa da
TIRM e se o fluxo de caixa deste projeto apresenta valor negativo em algum período, de forma
ser necessário a aplicação de capital para o pagamento das amortizações do financiamento.

6.10.1 Fluxo de caixa do SFV com potência instalada de 21.15 kWp

Considerando o sistema de amortização de acordo com a tabela Price, é construído um


fluxo de caixa com dez saídas anuais referentes ao pagamento do financiamento, incluso o juros,
assim na Figura 6.13 é representado a receita operacional do SFV, a amortização do
financiamento e o fluxo de caixa para cada período.
75

20.000,00

15.000,00

10.000,00

5.000,00

0,00
0 1 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00
Investimento Receita Fluxo de caixa

Figura 6.13. Fluxo de caixa do SFV.

Fonte: Próprio autor.

Ao observar o fluxo de caixa na Figura 6.13 é identificado períodos com fluxo de caixa
negativo, isso ocorre devido a receita operacional ser inferior a amortização do financiamento,
assim é necessário que o agricultor aplique capital no sistema, durante os dez primeiros anos de
operação da planta. Esse cenário deve ser considerado ao se analisar a viabilidade de aplicação
de painéis solares em conjunto com a atividade avícola.

6.11 Fluxo de caixa de um SFV com potência instalada de 3 kWp

Conforme apresentado na Figura 6.9 e Figura 6.10, foi realizado o cálculo do valor do
VPL e da TIRM para um SFV com potência superior a 3 kWp, tendo o VPL apresentado valor
positivo e a TIR valor superior ao custo de capital para um sistema neste limiar de potência, a
seguir é apresentado o fluxo de caixa para um SFV com potência instalada de 3 kWp,
considerando amortização anual do financiamento e o investimento em substituição do inversor
no décimo ano.
76

3.000,00

2.000,00

1.000,00

0,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
1.000,00

2.000,00

3.000,00

Investimento Receita Fluxo de caixa


4.000,00

Figura 6.14 Fluxo de caixa SFV com potência de 3 kWp.

Fonte: Próprio autor.

Neste SFV também é necessário a aplicação de capital para pagamento do amortecimento


do financiamento nos dez primeiros anos de operação da planta, as informações financeiras
deste projeto são apresentadas a seguir, na Tabela 6.5.

Tabela 6.5. Informações financeiras do SFV de 3kWp.

Informações Financeiras do Projeto

CAPEX R$ 22.129,90

Custo inversor R$ 1.433,57

Amortização financiamento R$ 2.820,42

OPEX R$ 221,30/ano

Receita Operacional R$ 1.433,57/ ano

VPL R$ 7.582,71

TIRM 4,14%

Payback descontado 19,17 anos

Fonte: Próprio autor.


77

Por meio da análise da TIRM, do VPL e do payback descontado, conforme apresentados


na Tabela 6.5, é possível afirmar que é viável a instalação de um SFV com potência próxima a
3 kWp em conjunto com a atividade rural,porém também é necessário analisar que o payback
descontado desse sistema é longo, em torno de 19 anos, valor próximo a vida útil do SFV que
é de 25 anos, e que a TIRM está próxima do custo de capital do projeto.
Conclusão

As instalações avícolas apresentam-se como uma oportunidade para a expansão da


geração fotovoltaica, apesar da tarifa rural ser subsidiada, o elevado consumo de energia
elétrica, em comparação ao consumo residencial, proporciona uma economia de escala no custo
de instalação do projeto fotovoltaico, e juntamente com a disponibilidade de crédito a uma tarifa
baixa para pequenos produtores rurais, torna o VPL do projeto fotovoltaico positivo e a TIRM
maior que custo do capital, apesar do projeto ainda possuir um payback longo, maior que o
prazo de pagamento do financiamento.

Conforme analisado neste trabalho, entre o intervalo de 3 a 28,5 kWp instalados, a


viabilidade econômica do projeto fotovoltaico aplicado a aviários é comprovada por meio do
VPL e da TIR positivas, a potência superior de 28,5 kWp é determinada pelo limite máximo de
capital disponibilizado pelo programa PRONAF, pois a taxa de 2,5% a.a. oferecida pelo
programa influencia diretamente na viabilidade do projeto, quando essa taxa é alterada para
8,5% devido a utilização do programa INOVAGRO, o VPL se torna negativo.

A análise financeira desenvolvida sobre o projeto fotovoltaico é sensível a variações na


tarifa de energia, uma vez que impacta diretamente na receita operacional, pelo projeto
apresentar um horizonte de investimento de 25 anos, é necessário considerar a correção da tarifa
de energia ao longo dos anos, assim neste estudo foi considerado uma taxa fixa de correção,
porém para uma análise econômica mais profunda, é preciso realizar um estudo profundo da
expectativa de variações no valor da tarifário, que depende de vários fatores, planejamento e
expansão do setor elétrico, crescimento econômico do país, incidência pluviométrica, entre
outros.

A aplicação da análise financeira desenvolvida neste trabalho a outras instalações


avícolas, implica na variação do consumo de energia, e assim na receita operacional do projeto.
Quando considerado os mesmos valores de irradiação solar, tarifa de energia, localização da
instalação e taxa de custo de capital, instalações com maior consumo terão um VPL maior, pois
o valor de energia consumida na tarifa sem desconto da TRN também será maior, é interessante
estender esta análise para propriedades com mais de um aviário que são tarifadas na mesma
unidade consumidora. Outra consideração feita foi a compensação da energia gerada devido a
tarifa rural noturna existente no Paraná, em instalações avícolas que não participam deste
programa a potência fotovoltaica de máxima TIR com VPL positivo será maior que a

78
apresentada anteriormente, para as mesmas condições, ao invés da TIRM ser de 7,448% para
um sistema com potência instalada de 21,15 kWp, haverá uma TIRM maior para um sistema
com potência instalada maior, pois a receita operacional irá crescer conforme é elevada a
potência instalada a uma taxa constante até que a geração fotovoltaica supere o consumo total,
não existirá a queda na taxa do ganho do VPL entre as potências de 35 kWp a 43 kWp, conforme
apresentado na Figura 6.7.

Outro fator que influencia na viabilidade econômica do projeto fotovoltaico é o custo de


instalação da planta fotovoltaica, existe uma tendência de redução deste custo, conforme
apresentada na Tabela 3.1, devido a maturidade da tecnologia e o crescimento da demanda
mundial, assim há uma perspectiva para a expansão dos geradores fotovoltaicos na área rural,
sendo previsto o aumento de viabilidade dos projetos ao longo do tempo.

79
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84

ANEXO A – FATURA DE ENERGIA


85

ANEXO B – ORÇAMENTOS DE SFV


86
87
88
89
90
91
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APÊNDICE A – ROTINA DESENVOLVIDA NO SOFTWARE MATLAB

A seguir encontra-se o programa desenvolvido para o cálculo da TIRM e do VPL para diversas
potências entre 3 e 80 kWp.

% Dados do projeto
ir = [5.56 5.43 5.26 4.81 4.06 4.69 4.64 4.4 5.32 5.35 5.64 5.12]; %
Irradiação solar no loca (kWh/m².dia)
irmed = 5.19; % Irradiação solar média anual (kWh/m².dia)
dia = [30 31 30 31 30 31 30 31 28 31 30 31]; % dias do mês
ef = 0.1585; %Eficiência das placas FV
Pplaca = 255; %Potência dos módulos
consuD = [2646 3490 1548 5760 1571 4822 2034 4226 3211 4225 4120
2571];
consuN = [ 1477 1738 779 2836 769 2072 886 1877 1383 1939 1857 1240];
vidautil = 25; %anos
y = 0.008; % perca de eficiência anual dos módulos
taxa= 0.033; %reajuste anual da tarifa de energia
k = zeros([1 12]); % Energia consumida da rede sem desconto noturno
(kWh)
f = zeros([1 12]); % Energia consumida com desconto noturno(kWh)
valorD = zeros([1 12]); % valor a pagar a concessionaria pela energia
comsumida sem desconto noturno (R$)
valorN = zeros([1 12]); % valor a pagar a concessionaria pela energia
comsumida com desconto noturno(R$)
valorT = zeros([1 12]); % valor total a pagar a concessionaria pela
energia comsumida da rede (R$)

trd = 0.348631; %Tarifa de energia sem desconto (R$/kWh)


trn = 0.139444; %Tarifa de energia com desconto (R$/kWh)
Dvalor = 0; %valor deixado de pagar a concessionaria devido a
utilização da energia FV
Pfinal = 10000; %Potência do SFV instalado (kWp)
inter = 10;
VPL = zeros([1 ((Pfinal-1000)/inter)]);
VPLF = zeros([1 ((Pfinal-1000)/inter)]);
TIR = zeros([1 ((Pfinal-1000)/inter)]);
t = zeros([1 ((Pfinal-1000)/inter)]);
CAPEX = zeros([1 ((Pfinal-1000)/inter)]);
v=1;
for j=400:inter:Pfinal
if j<400
j=400;
end
Pinst = (j)/(irmed*0.75*30); %kWp
g = 0; % valor compensado de um mês para outro
% Geração e compensação
for p=1:12
gera(p) =(Pinst*0.75*ir(p)*dia(p)); % kWh
comp(p) = gera(p) - consuD(p)+ g;
if comp(p)>0
k(p) = 0;
comp(p) = comp(p) - consuN(p);
if comp(p) > 0
f(p) = 0;
g = comp(p);
else
g=0;
f(p)= comp(p)*-1;
93

end
else
k(p) = comp(p)*-1;
f(p) = consuN(p);
g=0;
end
valorD(p) = k(p)*trd;
valorN(p) = f(p)*trn;
valorT(p) = valorD(p) + valorN(p);
end

if g< (sum(k)+sum(f))

g= g*0.5*trd + g*0.5*trn;
else
g=sum(k)*trd+sum(f)*trn;
end

Dvalor = sum(consuN)*trn + sum(consuD)*trd - (sum(valorT)-g);

t(v) = Pinst;
CAPEX(v) = (5.045*(Pinst^(-0.7723))+ 5.217)*Pinst*1000; %R$

if CAPEX(v)< 160000
r = 0.025; %custo do capital
else
r=0.085; %custo do capital
end

OPEX = CAPEX(v)*0.01; %R$


FLUXO = zeros([1 (vidautil+1)]);
ROP =0;

INV= ((-1.801*(Pinst^2)+906.4*Pinst+1357))/((1+r)^10);
FLUXO(1) = (CAPEX(v)+ INV)*-1;
ROP = FLUXO(1);

for i=1:(vidautil+1)
FLUXO(i) = FLUXO(i)+((Dvalor/(1+y)^(i-1))*((1+taxa)^(i-1))-
OPEX);
ROP = ROP + (((Dvalor/(1+y)^(i-1))*(1+taxa)^(i-1))-OPEX)/(1+r)^i;

end
VPL(v) = pvvar(FLUXO,r); %calcula o VPL
TIR(v)=irr(FLUXO); %calcula a TIRM
v=v+1;
end

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