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ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO

1723, Novembro, 22, Natal


CARTA dos oficiais da Câmara de Natal ao rei [D. João V] sobre a incapacidade de
governar do capitão-mor do Rio Grande do Norte, José Pereira da Fonseca.
AHU-RIO GRANDE DO NORTE, Cx. 2, D. 11
AHU_ACL_CU_018, Cx. 2, D. 92

[fl. 1]
[À margem esquerda] Pareceo ao Conso Gl ser pelo represente a comando Mayor como for
certos nellas se mostra que ao Cappm mor ja he sem tudo por falta circule deste Verbo o q
não pareceu condilencia q de [foxxx] nos foros do q indo cappo de q pode resultar poderen
entrar no despetercho[?] nome hver como farão a [xxx] [conxxx] o q não pode nehu
disoversen mao exemplo e governo com d se vale o q l serem mto comumte q sejão tomar
rezolu

Senhor
Foi V.R.M. servido prover no Lugar de Capm mor desta capitania a Joze Pra de Afonseca, q
vindo Governalla entendemos nos principios convalecia esta mizeravel Cap ta das passadas,
trabalhozas tormentas, q por ella tinhão passado nas tiranias q sofreo ao Cap m mor defunto
Luis Frr.a Fr.e porq. se inculcava, e manifestava benigno, e verdad ramte publicava tinha
dezejo de fazer, no bom governo della, hum relevante serviço a V.R. Magg. de fortuna q
durou pouco, porq não podendo conseguir m tos tempos o contrafeito da sua condição, veyo
a usar dos seos antigos costumes, em ser inconstante, austero, retirado, e finalm te
descomposto, cauzado tudo de huns fernezins e picardrios[?], q em todas as conjunçoens
de suas o arebatão fora de si tanto q mtas vezes se deviza com signaes evidentes de
drudo[?], obrando como homem sem juizo, nem temor de D s cujo defeito o abelita incapas
de governar, pellos grdês desconsertos com q se porta, descompondo, e dezautorizando com
palavras mal soantes a qm lhe vai a caza, fidandose nella dias inteiros, p a não falar nem ver
a pesoa nenhuma temendo todos de o buscarem pa tratarem com elle os negocios q por
rezão de seu cargo esta obrigado a ouvir e sobretudo ser homem destemido a D s em todas
as suas acçoens, pouco observante da religião christan, enemigo capital do sacerdocio; e
finalmte Sor não sabemos porq caminhos o avemos de conservar em rezão da sua
inconstancia, em termos q possamos viver em pas, sobre a qual vassilamos; e o dezejo de
conseguir esta nos obriga a sermos tão repetidos nas queichas dos capitaens mores, porq
somte vem estes a esta Capta destruila em fazendas e creditos, e não a conservalla, e
amparalla como V.M. manda

[fl. 1v.]
[Acima e à margem esquerda] logo e com a ma advertencia q for por nela busca q se junta
faz este o [xxx] [xxx] pq ao falar estas ordens. Lxa occidental. 17 de outo d 724.
[Assinado com quatro rubricas]

E Dezeja por cujos motivos pedimos a V.R. lM. pello amor de Ds nos alivie de tão tiranas
pensoens, mandandonos governar por homens tementes a Ds e zelozos do R.l serviço, pa q
os abitantes desta capta vivão com suas cazas sossegados, sem o Reseyo continuo das
violencias q cada dia exprimentão.
Ds. a V.R.lM. g.de m.s a.s Rio Gr.de escripta em camara pello escrivão della Bento
Frra Mousinho aos 22 de Novro de 1723 annos.
De V.R.Magg.de
Leais e humildes vassalos.
João Guedes Allcosorado
Pedro Grs. da Novoa
Gregorio de Olivra e Mello
Franco Roiz Cora

[fl. 2, 2v. em branco]

[fl. 3]
1724
Os offes da Camara do Rio Gr.de dão conta da pouca capacide q o Capitão mor daquella
Capp.nia Jozeph Pra de Fonseca tem pa a governar e pedem a R.Mgde os mande governar por
homens tementes a deus e zello aos do serviço real.
Cons.do

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