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RESTRIÇÕES LEGAIS

De bens alheios ou de coisa futura – É nula a doação de bens que não sejam da
propriedade do doador, salvo se vierem a integrar, a tempo, o patrimônio do doador.

Universal – O artigo 548 do Código Civil taxa de nulidade absoluta a doação de todos
os bens do doador.

Parte Inoficiosa – Por outro lado, o artigo 549 do Código Civil impede a doação de
bens que ultrapassem o limite da sua disponível. Ou seja, se o doador possuir
herdeiros sucessíveis só pode dispor de metade do patrimônio, porque a outra metade
deve ser reservada à herança dos herdeiros legítimos. O cálculo deve ser efetuado no
momento da liberalidade e não na abertura da sucessão. A terminologia “inoficiosa” é
aplicada à hipótese porque, ao dispor de todo o patrimônio, o doador atenta contra o
dever de ofício do pai.

Vejamos alguns posicionamentos dos nossos Tribunais acerca da doação inoficiosa:

AÇÃO ANULATÓRIA - DOAÇÃO INOFICIOSA - REDUÇÃO - ART. 1.176 DO CC -


PRESCRIÇÃO - PRAZO - Os herdeiros necessários não podem ser privados de seu
direito sucessório, conferindo-lhe a lei meios necessários para tornar sem
efeito as liberalidades excessivas, efetuadas pelo testador em detrimento da
legítima. O prazo prescricional para a ação de redução de doação inoficiosa é
de 20 anos, iniciando-se sua contagem no momento da morte do doador. Não se
anula a escritura de doação em que foi ultrapassada a porção disponível do
patrimônio do doador, mas julga-se procedente em parte a ação anulatória,
para se declarar inoficiosa a liberalidade quanto à parte excedente àquela que
o doador poderia dispor em testamento. (TAMG - AC 217.357-9 - 7ª C - Rel.
Juiz Lauro Bracarense - DJMG 21.12.96).

“Civil e processual. Inventário. Contas-poupança abertas antes do


falecimento. Doação de pai para filhos. Adiantamento da legítima (art. 1.171
do CC/1916). Obrigação de prestar contas aos demais herdeiros. Inexistência.
Obrigação de colacionar. - Se o pai abre contas-poupança em conjunto com
alguns dos filhos e posteriormente retira-se da titularidade das referidas
contas, os valores nelas depositados não integram o patrimônio do espólio do
pai, pois tem-se verdadeira doação de pai para filhos, ou seja, adiantamento
da legítima (cfr. art. 1.171 do CC/1916). Recurso especial não conhecido”.
(STJ, 3ª Turma, REsp. 658244/CE)

“Ação ordinária de nulidade de doação cumulada com sonegação de bens e


perdas e danos. Doação inoficiosa. Legítima. 1. A anulação da doação no
tocante à parcela do patrimônio que ultrapassa a cota disponível em
testamento, a teor do art. 1.176 do Código Civil, exige que o interessado prove
a existência do excesso no momento da liberalidade. 2. Recurso especial
conhecido e provido, por maioria.” (STJ, 3ª Turma, REsp. 160969-PE).

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Entre cônjuges – Não será válida se subverter o regime de bens (Ex.: Maior de 70 anos
é obrigado a casar pelo regime da Separação Total de Bens [CC1641-II]), ficando,
nessa hipótese, vedada a doação entre eles.

Também não há sentido de haver doação, se o regime de casamento for o da


comunhão universal, porque o patrimônio doado retornaria ao doador em razão do
regime de casamento. (CC499)

Vejamos o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça a respeito da doação entre


cônjuges:

CASAMENTO - Regime de separação obrigatório de bens. Doação à cônjuge.


Nulidade. Ofensa aos arts 226, 230 e 312 do CC. Somente são permitidas
doações entre cônjuges, seja antes, seja após o casamento, se a tanto não se
opõe o regime matrimonial. Em se tratando de regime de separação
obrigatória, nula será a liberalidade por força do que dispõem os arts. 226, 230
e 312 do CC. (TJSP - Ap. 215.951-1/6 - 6ª C - Rel. Des. Orlando Pistoresi - J.
04.08.94) (RT 710/66) DOAÇÃO - Nulidade. Liberalidade do marido feita à
mulher. Inadmissibilidade. Regime obrigatório da separação de bens que
impede o ato. Art. 258, parágrafo único, II, do CC. Anuência dos herdeiros por
ocasião da doação, que não supre a incapacidade para a prática do ato.
Comunicabilidade, entretanto, dos aqüestos. (TJSP - AC 215.951-1 - 6ª C de
Férias H - Rel. Des. Orlando Pistoresi - J. 04.08.94) (RJTJESP 163/52)

Impedimentos:

Para descendentes ou cônjuge – O artigo 544 dispõe que a doação efetuada de


ascendente para descendente e entre os cônjuges importa em adiantamento da
legítima, ou seja, quando do falecimento do doador, o valor do bem doado conta para
fins de partilha entre todos os herdeiros, sendo deduzido o valor do bem doado
daquele que recebeu a doação. Isso só não será necessário, no caso de o doador
declarar, no ato de doação, que o valor daquele bem encontra-se na parte disponível
do seu patrimônio, ou seja, na metade.

É imprescindível que conste que o donatário fica dispensado da colação, caso


contrário ficará entendido como adiantamento da legítima.

Do cônjuge adúltero ao seu cúmplice – A lei prevê a anulabilidade do ato de


transferência por doação de patrimônio do doador para seu cúmplice, a ser requerida
pelo cônjuge enganado, conforme previsto no artigo 550 do Código Civil. Vale notar
que a lei não se referiu à concubina (relações estáveis), falando em cúmplice no
adultério, o que abrange relação sexual ainda que eventual.

Mortis Causa – Em testamento. Repudiado pela doutrina, a doação feita para valer
posteriormente a morte do doador, pois a doação tem que se tornar perfeita no
momento da liberalidade.

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Resulta Prejuízos aos Credores – Presumem-se fraudulentos atos de transmissão
gratuita de bens, quando os pratique devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência.

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