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POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À – disponibilidade de informações e orientação da clientela,

SAÚDE DA MULHER – PNAISM familiares e da comunidade sobre a promoção da saúde, assim


como os meios de prevenção e tratamento dos agravos a ela
associados;
PRINCÍPIOS
– estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada dos
A humanização e a qualidade da atenção em saúde são condições
serviços e do desempenho dos profissionais de saúde, com
essenciais para que as ações de saúde se traduzam na resolução
participação da clientela;
dos problemas identificados, na satisfação das usuárias, no
– estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, controle e
fortalecimento da capacidade das mulheres frente à identificação de
avaliação continuada das ações e serviços de saúde, com
suas demandas, no reconhecimento e reivindicação de seus
participação da usuária;
direitos e na promoção do autocuidado. As histórias das mulheres
– análise de indicadores que permitam aos gestores monitorar o
na busca pelos serviços de saúde expressam discriminação,
andamento das ações, o impacto sobre os problemas tratados e a
frustrações e violações dos direitos e aparecem como fonte de
redefinição de estratégias ou ações que se fizerem necessárias.
tensão e mal-estar psíquico-físico. Por essa razão, a humanização
e a qualidade da atenção implicam na promoção, reconhecimento,
DIRETRIZES
e respeito aos seus direitos humanos, dentro de um marco ético que
– O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado
garanta a saúde integral e seu bem-estar. Segundo Mantamala
para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que
(1995), a qualidade da atenção deve estar referida a um conjunto
contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da
de aspectos que englobam as questões psicológicas, sociais,
população feminina, o controle de patologias mais prevalentes
biológicas, sexuais, ambientais e culturais. Isso implica em superar
nesse grupo e a garantia do direito à saúde.
o enfoque biologicista e medicalizador hegemônico nos serviços de
– A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as
saúde e a adoção do conceito de saúde integral e de práticas que
mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as
considerem as experiências das usuárias com sua saúde.
especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos
Humanizar e qualificar a atenção em saúde é aprender a
populacionais (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas
compartilhar saberes e reconhecer direitos. A atenção humanizada
urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação
e de boa qualidade implica no estabelecimento de relações entre
de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência,
sujeitos, seres semelhantes, ainda que possam apresentar-se
dentre outras).
muito distintos conforme suas condições sociais, raciais, étnicas,
– A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde da
culturais e de gênero. A humanização da atenção em saúde é um
mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e de
processo contínuo e demanda reflexão permanente sobre os atos,
etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as fronteiras da
condutas e comportamentos de cada pessoa envolvida na relação.
saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcançar todos os
É preciso maior conhecimento de si, para melhor compreender o
aspectos da saúde da mulher.
outro com suas especificidades e para poder ajudar sem procurar
– A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer uma
impor valores, opiniões ou decisões. A humanização e a qualidade
dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou
da atenção são indissociáveis. A qualidade da atenção exige mais
demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
do que a resolução de problemas ou a disponibilidade de recursos
– As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas em
tecnológicos. E humanização é muito mais do que tratar bem, com
sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação das
delicadeza ou de forma amigável. Para atingir os princípios de
condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja no
humanização e da qualidade da atenção deve-se levar em conta,
âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com
pelo menos, os seguintes elementos:
outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a
– acesso da população às ações e aos serviços de saúde nos três
justiça, trabalho, previdência social e educação.
níveis de assistência;
– A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de
– definição da estrutura e organização da rede assistencial,
ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde,
incluindo a formalização dos sistemas de referência e contra-
executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à
referência que possibilitem a continuidade das ações, a melhoria do
alta complexidade).
grau de resolutividade dos problemas e o acompanhamento da
– O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis
clientela pelos profissionais de saúde da rede integrada;
de atenção à saúde, no contexto da descentralização,
– captação precoce e busca ativa das usuárias;
hierarquização e integração das ações e serviços. Sendo
– disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado, de
responsabilidade dos três níveis gestores, de acordo com as
acordo com os critérios de evidência científica e segurança da
competências de cada um, garantir as condições para a execução
usuária;
da Política de Atenção à Saúde da Mulher.
– capacitação técnica dos profissionais de saúde e funcionários dos
– A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento
serviços envolvidos nas ações de saúde para uso da tecnologia
à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de
adequada, acolhimento humanizado e práticas educativas voltadas
vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim
à usuária e à comunidade;
como de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito
– disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;
capaz e responsável por suas escolhas.
– acolhimento amigável em todos os níveis da assistência, buscan-
– A atenção integral à saúde da mulher implica, para os prestadores
do-se a orientação da clientela sobre os problemas apresentados e
de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas
possíveis soluções, assegurando-lhe a participação nos processos
singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas,
de decisão em todos os momentos do atendimento e tratamentos
raciais, de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento
necessários;
deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem
discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e
crenças pessoais. Esse enfoque deverá ser incorporado aos – ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções
processos de sensibilização e capacitação para humanização das de métodos anticoncepcionais;
práticas em saúde. – estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da ações de planejamento familiar.
humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamentos Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e
do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter da humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições
atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informação inseguras, para mulheres e adolescentes:
das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saúde, – construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional pela
ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu Redução da Mortalidade Materna e Neonatal;
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das – qualificar a assistência obstétrica e neonatal nos estados e
demandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que municípios;
busquem o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que – organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal,
demonstrem o interesse em resolver problemas e diminuir o garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de
sofrimento associado ao processo de adoecimento e morte da urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e contra
clientela e seus familiares. referência;
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política de – fortalecer o sistema de formação/capacitação de pessoal na área
Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a de assistência obstétrica e neonatal;
participação da sociedade civil organizada, em particular do – elaborar e/ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e
movimento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição educativo;
técnica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na abortamento;
implementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, – apoiar a expansão da rede laboratorial;
estadual e municipal requer – cabendo, portanto, às instâncias – garantir a oferta de ácido fólico e sulfato ferroso para todas as
gestoras – melhorar e qualificar os mecanismos de repasse de gestantes;
informações sobre as políticas de saúde da mulher e sobre os – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
instrumentos de gestão e regulação do SUS. mortalidade materna.
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactuada Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de
entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais violência doméstica e sexual:
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situação
realidades regionais. de violência sexual e doméstica;
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde das – articular a atenção à mulher em situação de violência com ações
mulheres deverão ser executadas de forma articulada com setores de prevenção de DST/aids;
governamentais e não-governamentais; condição básica para a – promover ações preventivas em relação à violência doméstica e
configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a sexual.
obtenção dos resultados esperados. Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o
controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção
OBJETIVOS GERAIS pelo HIV/aids na população feminina:
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres – prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;
brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos – ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo com
e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, HIV e aids.
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina:
brasileiro. – organizar em municípios polos de microrregiões redes de
– Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina referência e contra referência para o diagnóstico e o tratamento de
no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos câncer de colo uterino e de mama;
de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de – garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de
qualquer espécie. reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia;
– Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da – oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas no
mulher no Sistema Único de Saúde. Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico de
DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/câncer invasor.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS E ESTRATÉGIAS Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob
Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as o enfoque de gênero:
portadoras da infecção pelo HIV e outras DST: – melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de
– fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; transtornos mentais no SUS;
– ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica na – qualificar a atenção à saúde mental das mulheres;
rede SUS. – incluir o enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres
Estimular a implantação e implementação da assistência em portadoras de transtornos mentais e promover a integração com
planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e setores não-governamentais, fomentando sua participação nas
adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde: definições da política de atenção às mulheres portadoras de
– ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo transtornos mentais.
a assistência à infertilidade; Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério:
– garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população – ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no climatério
em idade reprodutiva; na rede SUS.
Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade: 1. Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde
– incluir a abordagem às especificidades da atenção à saúde da voltados para a população masculina, abrangendo a disponibilidade
mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; de insumos, equipamentos e materiais educativos;
– incentivar a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à 2. Articulação com as diversas áreas do governo, com o setor
Saúde do Idoso no SUS. privado e a sociedade, compondo redes de compromisso e
Promover a atenção à saúde da mulher negra: corresponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da
– melhorar o registro e produção de dados; população masculina;
– capacitar profissionais de saúde; 3. Informações e orientação à população masculina, aos familiares
– implantar o Programa de Anemia Falciforme (PAF/MS), dando e a comunidade sobre a promoção, prevenção, proteção,
ênfase às especificidades das mulheres em idade fértil e no ciclo tratamento e recuperação dos agravos e das enfermidades do
gravídico-puerperal; homem;
– incluir e consolidar o recorte racial/étnico nas ações de saúde da 4. Captação precoce da população masculina nas atividades de
mulher, no âmbito do SUS; prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e
– estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da mulher cânceres, entre outros agravos recorrentes;
das SES e SMS com os movimentos e entidades relacionados à 5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o
saúde da população negra. atendimento do homem;
Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da 6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais
cidade: educativos;
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da 7.Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação
trabalhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a saúde, com participação dos usuários; e
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à 8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores
saúde. monitorar as ações e serviços e avaliar seu impacto, redefinindo as
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: estratégias e/ou atividades que se fizerem necessárias.
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher indígena.
Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, DIRETRIZES
incluindo a promoção das ações de prevenção e controle de Como formulações que indicam as linhas de ação a serem seguidas
doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids pelo setor saúde, as seguintes diretrizes devem reger a elaboração
nessa população: dos planos, programas, projetos e atividades. Elas foram
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidiárias. elaboradas tendo em vista a integralidade, factibilidade, coerência
Fortalecer a participação e o controle social na definição e e viabilidade, sendo norteadas pela humanização e a qualidade da
implementação das políticas de atenção integral à saúde das assistência, princípios que devem permear todas as ações. A
mulheres: integralidade pode ser compreendida a partir de uma dupla
– promover a integração com o movimento de mulheres feministas perspectiva:
no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde da • Trânsito do usuário por todos os níveis da atenção, na perspectiva
mulher. de uma linha de cuidado que estabeleça uma dinâmica de
referência e de contra referência entre a atenção primária e as de
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À média e alta complexidade, assegurando a continuidade no
SAÚDE DO HOMEM – PNAISH processo de atenção; e
• Compreensão sobre os agravos e a complexidade dos modos de
vida e situação social do indivíduo, a fim de promover intervenções
PRINCÍPIOS
sistêmicas que abranjam inclusive as determinações sociais sobre
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem objetiva
a saúde e a doença.
orientar as ações e serviços de saúde para a população masculina,
Em relação à factibilidade foram consideradas a disponibilidade de
com integralidade e equidade, primando pela humanização da
recursos, tecnologia, insumos técnico-científicos e estrutura
atenção. A presente Política enfatiza a necessidade de mudanças
administrativa e gerencial de modo a permitir em todo o país, na
de paradigmas no que concerne à percepção da população
prática, a implantação das ações delas decorrentes. No que tange
masculina em relação ao cuidado com a sua saúde e a saúde de
à coerência, as diretrizes que propostas são inteiramente
sua família. Considera essencial que, além dos aspectos
compatíveis com os princípios do SUS. A viabilidade da
educacionais, entre outras ações, os serviços públicos de saúde
implementação desta Política estará diretamente relacionada aos
sejam organizados de modo a acolher e fazer com que o homem
três níveis de gestão e do controle social, a quem se condiciona o
sinta-se integrado. A implementação da política deverá ocorrer de
comprometimento e a possibilidade da execução das diretrizes.
forma integrada às demais políticas existentes, numa lógica
Diretrizes:
hierarquizada de atenção à saúde, priorizando a atenção primária
• Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de
como porta de entrada de um sistema de saúde universal, integral
promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde,
e equânime. Essa política tem como princípios a humanização e a
executado nos diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a
qualidade, que implicam na promoção, reconhecimento e respeito
atenção básica, com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta
à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas
de entrada do sistema de saúde integral, hierarquizado e
peculiaridades socioculturais. Para cumpri-los, devem-se
regionalizado;
considerar os seguintes elementos:
• Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do
controle social, de acordo com as competências de cada um,
garantindo condições para a execução da presente Política;
• Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da • Garantir o acesso aos serviços especializados de atenção
assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas as secundária e terciária para os casos identificados como
ações; merecedores destes cuidados;
• Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à • Promover a atenção integral à saúde do homem nas populações
Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis,
ações do Ministério da Saúde; transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em
• Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor situação de risco, em situação carcerária, entre outros,
Educação, como promotor de novas formas de pensar e agir; desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da equidade
• Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta para distintos grupos sociais; e
inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde • Associar as ações governamentais com as da sociedade civil
também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de organizada para efetivar a atenção integral à saúde do homem com
saúde reconheçam os homens como sujeitos que necessitem de protagonismo social na enunciação das reais condições de saúde
cuidados; da população masculina.
• Integrar as entidades da sociedade organizada na Ampliar, através da educação, o acesso dos homens às
corresponsabilidade das ações governamentais pela convicção de informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e
que a saúde não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa enfermidades que os atingem:
da cidadania; • Incluir o enfoque de gênero, orientação sexual, identidade de
• Incluir na Educação permanente dos trabalhadores do SUS temas gênero e condição étnico-racial nas ações educativas;
ligados a Atenção Integral à Saúde do Homem; • Estimular, na população masculina, através da informação,
• Aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possibilitar educação e comunicação, o autocuidado da saúde;
um melhor monitoramento que permita tomadas racionais de • Promover a parceria com os movimentos sociais e populares, e
decisão; e outras entidades organizadas para divulgação ampla das medidas;
• Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria das e
ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. • Manter interação permanente com as demais áreas
governamentais no sentido de efetuar, de preferência, ações
OBJETIVO GERAL conjuntas, evitando a dispersão desnecessária de recursos.
Promover a melhoria das condições de saúde da população
masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DE
da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E
fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos
serviços de assistência integral à saúde.
TRANSEXUAIS – PNSILGBT

OBJETIVOS ESPECÍFICOS PRINCÍPIOS


Organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo território A Política está embasada nos princípios assegurados na
brasileiro, a atenção integral a saúde do homem, dentro dos Constituição Federal de 1988 (CF/88), que garantem a cidadania e
princípios que regem o Sistema Único de Saúde: dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1988, art. 1.º, inc. II e III),
• Implantar e/ou estimular nos serviços de saúde, públicos e reforçados no objetivo fundamental da República Federativa do
privados, uma rede de atenção à saúde do homem que garanta Brasil de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
linhas de cuidado, na perspectiva da integralidade; raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”
• Fortalecer a assistência básica no cuidado com o homem, (BRASIL, 1988, art. 3.º, inc. IV). O direito à saúde compõe os
facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção direitos sociais e, para sua concretização, a Constituição dedicou à
necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e saúde um desenho bem arquitetado ao integrá-la ao Sistema de
dos agravos à saúde; Seguridade Social. Dessa forma, o desenvolvimento social passa a
• Formar e qualificar os profissionais da rede básica para o correto ser considerado como condição imprescindível para a conquista da
atendimento à saúde do homem; e saúde. Para atendimento específico do processo de adoecimento,
• Promover ações integradas com outras áreas governamentais. do sofrimento e da morte, foi criado um sistema único, público e
Estimular a implantação e implementação da assistência em saúde universal, o Sistema Único de Saúde (SUS). Os princípios
sexual e reprodutiva, no âmbito da atenção integral à saúde: constitucionais do SUS são: a) a universalidade do acesso,
• Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo compreendido como o “acesso garantido aos serviços de saúde
masculino, inclusive a assistência à infertilidade; para toda população, em todos os níveis de assistência, sem
• Estimular a participação e inclusão do homem nas ações de preconceitos ou privilégios de qualquer espécie”; b) a integralidade
planejamento de sua vida sexual e reprodutiva, enfocando inclusive da atenção, “entendida como um conjunto articulado e contínuo de
a paternidade responsável; ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos,
• Garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária masculina exigido para cada caso, em todos os níveis de complexidade do
nos termos da legislação específica; sistema”; c) a participação da comunidade institucionalizada por
• Promover na população masculina, conjuntamente com o meio de lei regulamentar nos conselhos e conferências de saúde –
Programa Nacional de DST/Aids, a prevenção e o controle das Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990, art. 7.º,
doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV; inc. I, II, IV IX). A discriminação por orientação sexual e por
• Incentivar o uso de preservativo como medida de dupla proteção identidade de gênero incide na determinação social da saúde, no
da gravidez inoportuna e das DST/Aids; processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e
• Estimular, implantar, implementar e qualificar pessoal para a do estigma social reservado às populações de lésbicas, gays,
atenção às disfunções sexuais masculinas; bissexuais, travestis e transexuais. A Portaria nº 2836, de 1º de
dezembro de 2011 institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde redução das desigualdades e para consolidação do SUS como
(SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, sistema universal, integral e equitativo.
Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde
Integral LGBT). O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da DIRETRIZES
atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 Art. 3º Na elaboração dos planos, programas, projetos e ações de
da Constituição, e Considerando o direito à saúde garantido no art. saúde, serão observadas as seguintes diretrizes:
196 da Constituição Federal; Considerando o Decreto nº 7.508, de I - respeito aos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais,
28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de travestis e transexuais, contribuindo para a eliminação do estigma
setembro de 1990, e dispõe sobre a organização do Sistema Único e da discriminação decorrentes das homofobias, como a lesbofobia,
de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia, consideradas na
e a articulação interfederativa, especialmente o disposto no art. 13, determinação social de sofrimento e de doença;
que assegura ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado II - contribuição para a promoção da cidadania e da inclusão da
às ações e serviços de saúde do SUS; Considerando a Política população LGBT por meio da articulação com as diversas políticas
Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, sociais, de educação, trabalho, segurança;
Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral III - inclusão da diversidade populacional nos processos de
LGBT), aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) no ano formulação, implementação de outras políticas e programas
de 2009; Considerando o Plano Nacional de Promoção da voltados para grupos específicos no SUS, envolvendo orientação
Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBT, da Secretaria Especial sexual, identidade de gênero, ciclos de vida, raça-etnia e território;
de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), que IV - eliminação das homofobias e demais formas de discriminação
apresenta as diretrizes para a elaboração de políticas públicas; que geram a violência contra a população LGBT no âmbito do SUS,
Considerando as determinações da 13ª Conferência Nacional de contribuindo para as mudanças na sociedade em geral;
Saúde (BRASIL, 2008) acerca da inclusão da orientação sexual e V - implementação de ações, serviços e procedimentos no SUS,
da identidade de gênero na análise da determinação social da com vistas ao alívio do sofrimento, dor e adoecimento relacionados
saúde; Considerando a diretriz do governo federal de reduzir as aos aspectos de inadequação de identidade, corporal e psíquica
desigualdades sociais por meio da formulação e implantação de relativos às pessoas transexuais e travestis;
políticas e ações pertinentes; Considerando a prioridade na VI - difusão das informações pertinentes ao acesso, à qualidade da
implantação de políticas de promoção da equidade, garantidas no atenção e às ações para o enfrentamento da discriminação, em
Plano Plurianual (PPA) e nas diretrizes do Plano Nacional de todos os níveis de gestão do SUS;
Saúde; Considerando a necessidade de promover a articulação VII - inclusão da temática da orientação sexual e identidade de
entre as ações dos diversos órgãos do Ministério da Saúde e das gênero de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais nos
demais instâncias do Sistema Único de Saúde, na promoção de processos de educação permanente desenvolvidos pelo SUS,
ações e serviços de saúde voltados à população LGBT; incluindo os trabalhadores da saúde, os integrantes dos Conselhos
Considerando que a discriminação por orientação sexual e por de Saúde e as lideranças sociais;
identidade de gênero incide na determinação social da saúde, no VIII - produção de conhecimentos científicos e tecnológicos visando
processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e à melhoria da condição de saúde da população LGBT; e
do estigma social reservado às populações de lésbicas, gays, IX - fortalecimento da representação do movimento social
bissexuais, travestis e transexuais; Considerando que o organizado da população LGBT nos Conselhos de Saúde,
desenvolvimento social é condição imprescindível para a conquista Conferências e demais instâncias de participação social.
da saúde; Considerando que a exclusão social decorrente do
desemprego, da falta de acesso à moradia e à alimentação digna, OBJETIVO GERAL
bem como da dificuldade de acesso à educação, saúde, lazer, Promover a saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
cultura interferem, diretamente, na qualidade de vida e de saúde; transexuais, eliminando a discriminação e o preconceito
Considerando que todas as formas de discriminação, como no caso institucional, bem como contribuindo para a redução das
das homofobias direcionadas à população LGBT (lesbofobia, desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal,
gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia) devem ser integral e equitativo.
consideradas na determinação social de sofrimento e de doença;
Considerando a existência de dados que revelam a desigualdade OBJETIVOS ESPECÍFICOS
de acesso aos serviços de saúde pelas lésbicas e mulheres Art. 2º A Política Nacional de Saúde Integral LGBT tem os seguintes
bissexuais; Considerando a necessidade de atenção especial à objetivos específicos:
saúde mental da população LGBT; Considerando a necessidade de I - instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no
ampliação do acesso ao Processo Transexualizador, já instituído no SUS, com especial atenção às demandas e necessidades em
âmbito do SUS; Considerando a necessidade de ampliação das saúde da população LGBT, incluídas as especificidades de raça,
ações e serviços de saúde especificamente destinados a atender cor, etnia, territorial e outras congêneres;
às peculiaridades da população LGBT; e Considerando a II - ampliar o acesso da população LGBT aos serviços de saúde do
necessidade de fomento às ações de saúde que visem à superação SUS, garantindo às pessoas o respeito e a prestação de serviços
do preconceito e da discriminação, por meio da mudança de de saúde com qualidade e resolução de suas demandas e
valores, baseada no respeito às diferenças, resolve: Art. 1º Esta necessidades;
Portaria institui a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, III - qualificar a rede de serviços do SUS para a atenção e o cuidado
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de integral à saúde da população LGBT;
Saúde Integral LGBT) no âmbito do SUS, com o objetivo geral de IV - qualificar a informação em saúde no que tange à coleta, ao
promover a saúde integral da população LGBT, eliminando a processamento e à análise dos dados específicos sobre a saúde da
discriminação e o preconceito institucional e contribuindo para a população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial e territorial;
V - monitorar, avaliar e difundir os indicadores de saúde e de
serviços para a população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial
e territorial;
VI - garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS,
nos moldes regulamentados;
VII - promover iniciativas voltadas à redução de riscos e oferecer
atenção aos problemas decorrentes do uso prolongado de
hormônios femininos e masculinos para travestis e transexuais;
VIII - reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito
ao uso excessivo de medicamentos, drogas e fármacos,
especialmente para travestis e transexuais;
IX - definir estratégias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a
morbidade e a mortalidade de travestis;
X - oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos
que façam parte da população LGBT;

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