Este documento apresenta os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher no Brasil. Os princípios incluem a humanização e qualidade da atenção à saúde das mulheres, considerando seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais, sexuais e culturais. As diretrizes estabelecem que o Sistema Único de Saúde deve garantir atenção integral às mulheres em todas as fases da vida, respeitando sua raça, etnia e outros fatores.
Descrição original:
Saúde Coletiva 1 - Princípios e Diretrizes Das Políticas Nacionais de Saúde (Lgbt e Gênero)
Título original
Saúde Coletiva 1 - Princípios e Diretrizes Das Políticas Nacionais de Saúde (Lgbt e Gênero)
Este documento apresenta os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher no Brasil. Os princípios incluem a humanização e qualidade da atenção à saúde das mulheres, considerando seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais, sexuais e culturais. As diretrizes estabelecem que o Sistema Único de Saúde deve garantir atenção integral às mulheres em todas as fases da vida, respeitando sua raça, etnia e outros fatores.
Este documento apresenta os princípios e diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher no Brasil. Os princípios incluem a humanização e qualidade da atenção à saúde das mulheres, considerando seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais, sexuais e culturais. As diretrizes estabelecem que o Sistema Único de Saúde deve garantir atenção integral às mulheres em todas as fases da vida, respeitando sua raça, etnia e outros fatores.
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À – disponibilidade de informações e orientação da clientela,
SAÚDE DA MULHER – PNAISM familiares e da comunidade sobre a promoção da saúde, assim
como os meios de prevenção e tratamento dos agravos a ela associados; PRINCÍPIOS – estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada dos A humanização e a qualidade da atenção em saúde são condições serviços e do desempenho dos profissionais de saúde, com essenciais para que as ações de saúde se traduzam na resolução participação da clientela; dos problemas identificados, na satisfação das usuárias, no – estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, controle e fortalecimento da capacidade das mulheres frente à identificação de avaliação continuada das ações e serviços de saúde, com suas demandas, no reconhecimento e reivindicação de seus participação da usuária; direitos e na promoção do autocuidado. As histórias das mulheres – análise de indicadores que permitam aos gestores monitorar o na busca pelos serviços de saúde expressam discriminação, andamento das ações, o impacto sobre os problemas tratados e a frustrações e violações dos direitos e aparecem como fonte de redefinição de estratégias ou ações que se fizerem necessárias. tensão e mal-estar psíquico-físico. Por essa razão, a humanização e a qualidade da atenção implicam na promoção, reconhecimento, DIRETRIZES e respeito aos seus direitos humanos, dentro de um marco ético que – O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado garanta a saúde integral e seu bem-estar. Segundo Mantamala para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que (1995), a qualidade da atenção deve estar referida a um conjunto contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da de aspectos que englobam as questões psicológicas, sociais, população feminina, o controle de patologias mais prevalentes biológicas, sexuais, ambientais e culturais. Isso implica em superar nesse grupo e a garantia do direito à saúde. o enfoque biologicista e medicalizador hegemônico nos serviços de – A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as saúde e a adoção do conceito de saúde integral e de práticas que mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as considerem as experiências das usuárias com sua saúde. especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos Humanizar e qualificar a atenção em saúde é aprender a populacionais (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas compartilhar saberes e reconhecer direitos. A atenção humanizada urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação e de boa qualidade implica no estabelecimento de relações entre de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, sujeitos, seres semelhantes, ainda que possam apresentar-se dentre outras). muito distintos conforme suas condições sociais, raciais, étnicas, – A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde da culturais e de gênero. A humanização da atenção em saúde é um mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e de processo contínuo e demanda reflexão permanente sobre os atos, etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as fronteiras da condutas e comportamentos de cada pessoa envolvida na relação. saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcançar todos os É preciso maior conhecimento de si, para melhor compreender o aspectos da saúde da mulher. outro com suas especificidades e para poder ajudar sem procurar – A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer uma impor valores, opiniões ou decisões. A humanização e a qualidade dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou da atenção são indissociáveis. A qualidade da atenção exige mais demandas antigas, em todos os níveis assistenciais. do que a resolução de problemas ou a disponibilidade de recursos – As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas em tecnológicos. E humanização é muito mais do que tratar bem, com sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação das delicadeza ou de forma amigável. Para atingir os princípios de condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja no humanização e da qualidade da atenção deve-se levar em conta, âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com pelo menos, os seguintes elementos: outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a – acesso da população às ações e aos serviços de saúde nos três justiça, trabalho, previdência social e educação. níveis de assistência; – A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de – definição da estrutura e organização da rede assistencial, ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, incluindo a formalização dos sistemas de referência e contra- executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica à referência que possibilitem a continuidade das ações, a melhoria do alta complexidade). grau de resolutividade dos problemas e o acompanhamento da – O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis clientela pelos profissionais de saúde da rede integrada; de atenção à saúde, no contexto da descentralização, – captação precoce e busca ativa das usuárias; hierarquização e integração das ações e serviços. Sendo – disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado, de responsabilidade dos três níveis gestores, de acordo com as acordo com os critérios de evidência científica e segurança da competências de cada um, garantir as condições para a execução usuária; da Política de Atenção à Saúde da Mulher. – capacitação técnica dos profissionais de saúde e funcionários dos – A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento serviços envolvidos nas ações de saúde para uso da tecnologia à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de adequada, acolhimento humanizado e práticas educativas voltadas vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim à usuária e à comunidade; como de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito – disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos; capaz e responsável por suas escolhas. – acolhimento amigável em todos os níveis da assistência, buscan- – A atenção integral à saúde da mulher implica, para os prestadores do-se a orientação da clientela sobre os problemas apresentados e de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas possíveis soluções, assegurando-lhe a participação nos processos singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, de decisão em todos os momentos do atendimento e tratamentos raciais, de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento necessários; deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. Esse enfoque deverá ser incorporado aos – ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as opções processos de sensibilização e capacitação para humanização das de métodos anticoncepcionais; práticas em saúde. – estimular a participação e inclusão de homens e adolescentes nas – As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da ações de planejamento familiar. humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamentos Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter da humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informação inseguras, para mulheres e adolescentes: das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saúde, – construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional pela ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das – qualificar a assistência obstétrica e neonatal nos estados e demandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que municípios; busquem o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que – organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal, demonstrem o interesse em resolver problemas e diminuir o garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de sofrimento associado ao processo de adoecimento e morte da urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e contra clientela e seus familiares. referência; – No processo de elaboração, execução e avaliação das Política de – fortalecer o sistema de formação/capacitação de pessoal na área Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a de assistência obstétrica e neonatal; participação da sociedade civil organizada, em particular do – elaborar e/ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e movimento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição educativo; técnica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de – Compreende-se que a participação da sociedade civil na abortamento; implementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, – apoiar a expansão da rede laboratorial; estadual e municipal requer – cabendo, portanto, às instâncias – garantir a oferta de ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestoras – melhorar e qualificar os mecanismos de repasse de gestantes; informações sobre as políticas de saúde da mulher e sobre os – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da instrumentos de gestão e regulação do SUS. mortalidade materna. – No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactuada Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais violência doméstica e sexual: abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situação realidades regionais. de violência sexual e doméstica; – As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde das – articular a atenção à mulher em situação de violência com ações mulheres deverão ser executadas de forma articulada com setores de prevenção de DST/aids; governamentais e não-governamentais; condição básica para a – promover ações preventivas em relação à violência doméstica e configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a sexual. obtenção dos resultados esperados. Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção OBJETIVOS GERAIS pelo HIV/aids na população feminina: – Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres – prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres; brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos – ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo com e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, HIV e aids. prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina: brasileiro. – organizar em municípios polos de microrregiões redes de – Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina referência e contra referência para o diagnóstico e o tratamento de no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos câncer de colo uterino e de mama; de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de – garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de qualquer espécie. reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia; – Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da – oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas no mulher no Sistema Único de Saúde. Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/câncer invasor. OBJETIVOS ESPECÍFICOS E ESTRATÉGIAS Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as o enfoque de gênero: portadoras da infecção pelo HIV e outras DST: – melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de – fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher; transtornos mentais no SUS; – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica na – qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; rede SUS. – incluir o enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres Estimular a implantação e implementação da assistência em portadoras de transtornos mentais e promover a integração com planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e setores não-governamentais, fomentando sua participação nas adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde: definições da política de atenção às mulheres portadoras de – ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, incluindo transtornos mentais. a assistência à infertilidade; Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério: – garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a população – ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no climatério em idade reprodutiva; na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade: 1. Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde – incluir a abordagem às especificidades da atenção à saúde da voltados para a população masculina, abrangendo a disponibilidade mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; de insumos, equipamentos e materiais educativos; – incentivar a incorporação do enfoque de gênero na Atenção à 2. Articulação com as diversas áreas do governo, com o setor Saúde do Idoso no SUS. privado e a sociedade, compondo redes de compromisso e Promover a atenção à saúde da mulher negra: corresponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da – melhorar o registro e produção de dados; população masculina; – capacitar profissionais de saúde; 3. Informações e orientação à população masculina, aos familiares – implantar o Programa de Anemia Falciforme (PAF/MS), dando e a comunidade sobre a promoção, prevenção, proteção, ênfase às especificidades das mulheres em idade fértil e no ciclo tratamento e recuperação dos agravos e das enfermidades do gravídico-puerperal; homem; – incluir e consolidar o recorte racial/étnico nas ações de saúde da 4. Captação precoce da população masculina nas atividades de mulher, no âmbito do SUS; prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e – estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da mulher cânceres, entre outros agravos recorrentes; das SES e SMS com os movimentos e entidades relacionados à 5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o saúde da população negra. atendimento do homem; Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da 6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais cidade: educativos; – implementar ações de vigilância e atenção à saúde da 7.Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação trabalhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de – introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a saúde, com participação dos usuários; e noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à 8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores saúde. monitorar as ações e serviços e avaliar seu impacto, redefinindo as Promover a atenção à saúde da mulher indígena: estratégias e/ou atividades que se fizerem necessárias. – ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher indígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, DIRETRIZES incluindo a promoção das ações de prevenção e controle de Como formulações que indicam as linhas de ação a serem seguidas doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids pelo setor saúde, as seguintes diretrizes devem reger a elaboração nessa população: dos planos, programas, projetos e atividades. Elas foram – ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidiárias. elaboradas tendo em vista a integralidade, factibilidade, coerência Fortalecer a participação e o controle social na definição e e viabilidade, sendo norteadas pela humanização e a qualidade da implementação das políticas de atenção integral à saúde das assistência, princípios que devem permear todas as ações. A mulheres: integralidade pode ser compreendida a partir de uma dupla – promover a integração com o movimento de mulheres feministas perspectiva: no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde da • Trânsito do usuário por todos os níveis da atenção, na perspectiva mulher. de uma linha de cuidado que estabeleça uma dinâmica de referência e de contra referência entre a atenção primária e as de POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À média e alta complexidade, assegurando a continuidade no SAÚDE DO HOMEM – PNAISH processo de atenção; e • Compreensão sobre os agravos e a complexidade dos modos de vida e situação social do indivíduo, a fim de promover intervenções PRINCÍPIOS sistêmicas que abranjam inclusive as determinações sociais sobre A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem objetiva a saúde e a doença. orientar as ações e serviços de saúde para a população masculina, Em relação à factibilidade foram consideradas a disponibilidade de com integralidade e equidade, primando pela humanização da recursos, tecnologia, insumos técnico-científicos e estrutura atenção. A presente Política enfatiza a necessidade de mudanças administrativa e gerencial de modo a permitir em todo o país, na de paradigmas no que concerne à percepção da população prática, a implantação das ações delas decorrentes. No que tange masculina em relação ao cuidado com a sua saúde e a saúde de à coerência, as diretrizes que propostas são inteiramente sua família. Considera essencial que, além dos aspectos compatíveis com os princípios do SUS. A viabilidade da educacionais, entre outras ações, os serviços públicos de saúde implementação desta Política estará diretamente relacionada aos sejam organizados de modo a acolher e fazer com que o homem três níveis de gestão e do controle social, a quem se condiciona o sinta-se integrado. A implementação da política deverá ocorrer de comprometimento e a possibilidade da execução das diretrizes. forma integrada às demais políticas existentes, numa lógica Diretrizes: hierarquizada de atenção à saúde, priorizando a atenção primária • Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de como porta de entrada de um sistema de saúde universal, integral promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde, e equânime. Essa política tem como princípios a humanização e a executado nos diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a qualidade, que implicam na promoção, reconhecimento e respeito atenção básica, com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas de entrada do sistema de saúde integral, hierarquizado e peculiaridades socioculturais. Para cumpri-los, devem-se regionalizado; considerar os seguintes elementos: • Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as competências de cada um, garantindo condições para a execução da presente Política; • Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da • Garantir o acesso aos serviços especializados de atenção assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas as secundária e terciária para os casos identificados como ações; merecedores destes cuidados; • Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à • Promover a atenção integral à saúde do homem nas populações Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis, ações do Ministério da Saúde; transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em • Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor situação de risco, em situação carcerária, entre outros, Educação, como promotor de novas formas de pensar e agir; desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da equidade • Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta para distintos grupos sociais; e inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde • Associar as ações governamentais com as da sociedade civil também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de organizada para efetivar a atenção integral à saúde do homem com saúde reconheçam os homens como sujeitos que necessitem de protagonismo social na enunciação das reais condições de saúde cuidados; da população masculina. • Integrar as entidades da sociedade organizada na Ampliar, através da educação, o acesso dos homens às corresponsabilidade das ações governamentais pela convicção de informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e que a saúde não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa enfermidades que os atingem: da cidadania; • Incluir o enfoque de gênero, orientação sexual, identidade de • Incluir na Educação permanente dos trabalhadores do SUS temas gênero e condição étnico-racial nas ações educativas; ligados a Atenção Integral à Saúde do Homem; • Estimular, na população masculina, através da informação, • Aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possibilitar educação e comunicação, o autocuidado da saúde; um melhor monitoramento que permita tomadas racionais de • Promover a parceria com os movimentos sociais e populares, e decisão; e outras entidades organizadas para divulgação ampla das medidas; • Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria das e ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. • Manter interação permanente com as demais áreas governamentais no sentido de efetuar, de preferência, ações OBJETIVO GERAL conjuntas, evitando a dispersão desnecessária de recursos. Promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DE da morbidade e mortalidade através do enfrentamento racional dos LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde. TRANSEXUAIS – PNSILGBT
OBJETIVOS ESPECÍFICOS PRINCÍPIOS
Organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo território A Política está embasada nos princípios assegurados na brasileiro, a atenção integral a saúde do homem, dentro dos Constituição Federal de 1988 (CF/88), que garantem a cidadania e princípios que regem o Sistema Único de Saúde: dignidade da pessoa humana (BRASIL, 1988, art. 1.º, inc. II e III), • Implantar e/ou estimular nos serviços de saúde, públicos e reforçados no objetivo fundamental da República Federativa do privados, uma rede de atenção à saúde do homem que garanta Brasil de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, linhas de cuidado, na perspectiva da integralidade; raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” • Fortalecer a assistência básica no cuidado com o homem, (BRASIL, 1988, art. 3.º, inc. IV). O direito à saúde compõe os facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção direitos sociais e, para sua concretização, a Constituição dedicou à necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e saúde um desenho bem arquitetado ao integrá-la ao Sistema de dos agravos à saúde; Seguridade Social. Dessa forma, o desenvolvimento social passa a • Formar e qualificar os profissionais da rede básica para o correto ser considerado como condição imprescindível para a conquista da atendimento à saúde do homem; e saúde. Para atendimento específico do processo de adoecimento, • Promover ações integradas com outras áreas governamentais. do sofrimento e da morte, foi criado um sistema único, público e Estimular a implantação e implementação da assistência em saúde universal, o Sistema Único de Saúde (SUS). Os princípios sexual e reprodutiva, no âmbito da atenção integral à saúde: constitucionais do SUS são: a) a universalidade do acesso, • Ampliar e qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo compreendido como o “acesso garantido aos serviços de saúde masculino, inclusive a assistência à infertilidade; para toda população, em todos os níveis de assistência, sem • Estimular a participação e inclusão do homem nas ações de preconceitos ou privilégios de qualquer espécie”; b) a integralidade planejamento de sua vida sexual e reprodutiva, enfocando inclusive da atenção, “entendida como um conjunto articulado e contínuo de a paternidade responsável; ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, • Garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária masculina exigido para cada caso, em todos os níveis de complexidade do nos termos da legislação específica; sistema”; c) a participação da comunidade institucionalizada por • Promover na população masculina, conjuntamente com o meio de lei regulamentar nos conselhos e conferências de saúde – Programa Nacional de DST/Aids, a prevenção e o controle das Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990, art. 7.º, doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV; inc. I, II, IV IX). A discriminação por orientação sexual e por • Incentivar o uso de preservativo como medida de dupla proteção identidade de gênero incide na determinação social da saúde, no da gravidez inoportuna e das DST/Aids; processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e • Estimular, implantar, implementar e qualificar pessoal para a do estigma social reservado às populações de lésbicas, gays, atenção às disfunções sexuais masculinas; bissexuais, travestis e transexuais. A Portaria nº 2836, de 1º de dezembro de 2011 institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde redução das desigualdades e para consolidação do SUS como (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, sistema universal, integral e equitativo. Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral LGBT). O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da DIRETRIZES atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 Art. 3º Na elaboração dos planos, programas, projetos e ações de da Constituição, e Considerando o direito à saúde garantido no art. saúde, serão observadas as seguintes diretrizes: 196 da Constituição Federal; Considerando o Decreto nº 7.508, de I - respeito aos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de travestis e transexuais, contribuindo para a eliminação do estigma setembro de 1990, e dispõe sobre a organização do Sistema Único e da discriminação decorrentes das homofobias, como a lesbofobia, de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia, consideradas na e a articulação interfederativa, especialmente o disposto no art. 13, determinação social de sofrimento e de doença; que assegura ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado II - contribuição para a promoção da cidadania e da inclusão da às ações e serviços de saúde do SUS; Considerando a Política população LGBT por meio da articulação com as diversas políticas Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, sociais, de educação, trabalho, segurança; Travestis e Transexuais (Política Nacional de Saúde Integral III - inclusão da diversidade populacional nos processos de LGBT), aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) no ano formulação, implementação de outras políticas e programas de 2009; Considerando o Plano Nacional de Promoção da voltados para grupos específicos no SUS, envolvendo orientação Cidadania e dos Direitos Humanos de LGBT, da Secretaria Especial sexual, identidade de gênero, ciclos de vida, raça-etnia e território; de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), que IV - eliminação das homofobias e demais formas de discriminação apresenta as diretrizes para a elaboração de políticas públicas; que geram a violência contra a população LGBT no âmbito do SUS, Considerando as determinações da 13ª Conferência Nacional de contribuindo para as mudanças na sociedade em geral; Saúde (BRASIL, 2008) acerca da inclusão da orientação sexual e V - implementação de ações, serviços e procedimentos no SUS, da identidade de gênero na análise da determinação social da com vistas ao alívio do sofrimento, dor e adoecimento relacionados saúde; Considerando a diretriz do governo federal de reduzir as aos aspectos de inadequação de identidade, corporal e psíquica desigualdades sociais por meio da formulação e implantação de relativos às pessoas transexuais e travestis; políticas e ações pertinentes; Considerando a prioridade na VI - difusão das informações pertinentes ao acesso, à qualidade da implantação de políticas de promoção da equidade, garantidas no atenção e às ações para o enfrentamento da discriminação, em Plano Plurianual (PPA) e nas diretrizes do Plano Nacional de todos os níveis de gestão do SUS; Saúde; Considerando a necessidade de promover a articulação VII - inclusão da temática da orientação sexual e identidade de entre as ações dos diversos órgãos do Ministério da Saúde e das gênero de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais nos demais instâncias do Sistema Único de Saúde, na promoção de processos de educação permanente desenvolvidos pelo SUS, ações e serviços de saúde voltados à população LGBT; incluindo os trabalhadores da saúde, os integrantes dos Conselhos Considerando que a discriminação por orientação sexual e por de Saúde e as lideranças sociais; identidade de gênero incide na determinação social da saúde, no VIII - produção de conhecimentos científicos e tecnológicos visando processo de sofrimento e adoecimento decorrente do preconceito e à melhoria da condição de saúde da população LGBT; e do estigma social reservado às populações de lésbicas, gays, IX - fortalecimento da representação do movimento social bissexuais, travestis e transexuais; Considerando que o organizado da população LGBT nos Conselhos de Saúde, desenvolvimento social é condição imprescindível para a conquista Conferências e demais instâncias de participação social. da saúde; Considerando que a exclusão social decorrente do desemprego, da falta de acesso à moradia e à alimentação digna, OBJETIVO GERAL bem como da dificuldade de acesso à educação, saúde, lazer, Promover a saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e cultura interferem, diretamente, na qualidade de vida e de saúde; transexuais, eliminando a discriminação e o preconceito Considerando que todas as formas de discriminação, como no caso institucional, bem como contribuindo para a redução das das homofobias direcionadas à população LGBT (lesbofobia, desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal, gayfobia, bifobia, travestifobia e transfobia) devem ser integral e equitativo. consideradas na determinação social de sofrimento e de doença; Considerando a existência de dados que revelam a desigualdade OBJETIVOS ESPECÍFICOS de acesso aos serviços de saúde pelas lésbicas e mulheres Art. 2º A Política Nacional de Saúde Integral LGBT tem os seguintes bissexuais; Considerando a necessidade de atenção especial à objetivos específicos: saúde mental da população LGBT; Considerando a necessidade de I - instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no ampliação do acesso ao Processo Transexualizador, já instituído no SUS, com especial atenção às demandas e necessidades em âmbito do SUS; Considerando a necessidade de ampliação das saúde da população LGBT, incluídas as especificidades de raça, ações e serviços de saúde especificamente destinados a atender cor, etnia, territorial e outras congêneres; às peculiaridades da população LGBT; e Considerando a II - ampliar o acesso da população LGBT aos serviços de saúde do necessidade de fomento às ações de saúde que visem à superação SUS, garantindo às pessoas o respeito e a prestação de serviços do preconceito e da discriminação, por meio da mudança de de saúde com qualidade e resolução de suas demandas e valores, baseada no respeito às diferenças, resolve: Art. 1º Esta necessidades; Portaria institui a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, III - qualificar a rede de serviços do SUS para a atenção e o cuidado Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política Nacional de integral à saúde da população LGBT; Saúde Integral LGBT) no âmbito do SUS, com o objetivo geral de IV - qualificar a informação em saúde no que tange à coleta, ao promover a saúde integral da população LGBT, eliminando a processamento e à análise dos dados específicos sobre a saúde da discriminação e o preconceito institucional e contribuindo para a população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial e territorial; V - monitorar, avaliar e difundir os indicadores de saúde e de serviços para a população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial e territorial; VI - garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS, nos moldes regulamentados; VII - promover iniciativas voltadas à redução de riscos e oferecer atenção aos problemas decorrentes do uso prolongado de hormônios femininos e masculinos para travestis e transexuais; VIII - reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito ao uso excessivo de medicamentos, drogas e fármacos, especialmente para travestis e transexuais; IX - definir estratégias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a morbidade e a mortalidade de travestis; X - oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos que façam parte da população LGBT;