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Ao Encontro Da Sombra - Connie Zweig PDF
Ao Encontro Da Sombra - Connie Zweig PDF
Sobre a obra:
Sobre nós:
AO ENCONTRO DA SOM B RA
Traduç ão
MERLE SCOSS
Sã o P a ulo
Krisk namurti
Robe rt Frost
C.G.J ung
Agradecimentos
Pr ólogo
CONNIE ZWEIG
Na m e ia - ida de , de f r onte i- m e c om m e us de m ônios. Muita s c oisa s que
e u c onside r a va bê nç ã os tor na r a m - se m a ldiç õe s. A la rga e str a da
e str e itou- se , a luz e sc ur e c e u. E na s tr e va s a sa nta e m m im , tã o be m
c uida da e tr a ta da , e nc ontr ou a pe c a dor a .
Minha vida pa r e c ia de str oç a da . Tudo a quilo que e u ha via "c onhe c ido"
c om o um a r e a lida de br a via , de sm a nc ha va - se a gor a c om o um tigr e de
pa pe l a o ve nto. Eu m e se ntia c om o se e stive sse m e tr a nsf or m a ndo
na quilo que e u nã o e r a , Tudo o que e u tr a ba lha r a pa r a de se nvolve r e
luta r a pa r a c r ia r se de sf a zia . O f io da m inha vida e r a puxa do; a
histór ia se de se nr e da va . E a que le s que e u de spr e za r a e de sde nha r a
na sc ia m e m m im — c om o um a outr a vida — m a s, a inda a ssim , a
m inha vida , a sua im a ge m no e spe lho, o se u gê m e o invisíve l.
A apr e se nt aç ão da sombr a
A r e j e iç ão da sombr a
Nã o pode m os olha r dir e ta m e nte pa r a e sse dom ínio oc ulto, A som br a
é , por na tur e za , dif íc il de se r a pr e e ndida . Ela é pe r igosa , de sor de na da
e e te r na m e nte oc ulta , c om o se a luz da c onsc iê nc ia pude sse r ouba r-
lhe a vida .
O e nc ont r o c om a sombr a
Conhe c e - t e a t i me smo
Em te m pos r e m otos, o se r hum a no r e c onhe c ia a s dive r sa s dim e nsõe s
da som br a : a pe ssoa l, a c ole tiva , a f a m ilia r e a biológic a . No dinte l do
te m plo de Apolo e m De lf os — e r igido na e nc osta do Monte P a r na so
pe los gr e gos do pe r íodo c lá ssic o e hoj e de str uído — os sa c e r dote s
gr a va r a m na pe dr a dua s f a m osa s insc r iç õe s, dois pr e c e itos que a inda
gua r da m im e nsa signif ic a ç ã o pa r a nós nos dia s de hoj e . O pr im e ir o
de le s, "Conhe c e - te a ti m e sm o", te m a m pla a plic a ç ã o ne ste livr o.
Conhe ç a tudo sobr e voc ê m e sm o, a c onse lha va m os sa c e r dote s do de us
da luz. P ode r ía m os dize r : Conhe ç a e spe c ia lm e nte o la do e sc ur o de
voc ê m e sm o.
Nada e m e xc e sso
Esse s a spe c tos da som br a a tinge m toda a nossa soc ie da de . No e nta nto,
a lgum a s soluç õe s que f or a m e xpe r im e nta da s pa r a c ur a r o nosso
e xc e sso c ole tivo pode m se r a inda m a is pe r igosa s que o pr oble m a .
Ba sta c onside r a r, por e xe m plo, o f a sc ism o e o a utor ita r ism o —
hor r or e s que surgir a m da s te nta tiva s r e a c ioná r ia s de de te r a de sor de m
soc ia l e a de c a dê nc ia e pe r m issivida de ge ne r a liza da s na Eur opa . Em
te m pos m a is r e c e nte s e c om o r e a ç ã o a ide ia s pr ogr e ssista s, o f e r vor
do f unda m e nta lism o r e ligioso e polític o voltou a de spe r ta r nos Esta dos
Unidos e na Eur opa , e nc or a j a ndo, na s pa la vr a s do poe ta Willia m B.
Ye a ts, que a "a na r quia se j a la nç a da sobr e o m undo".
Jung a te nuou a que stã o a o a f ir m a r que : "I nge nua m e nte , e sque c e m os
que por de ba ixo do nosso m undo r a c iona l j a z um outr o e nte r r a do. Nã o
se i o que a hum a nida de a inda te r á de sof r e r a té que ouse r e c onhe c ê -
lo."
"Um a gr a nde m uda nç a na nossa a titude psic ológic a e stá im ine nte ",
disse Jung e m 1959. "O únic o pe r igo ve r da de ir o que e xiste é o pr ópr io
hom e m . Ele é o gr a nde pe r igo c e sta m os, inf e lizm e nte , inc onsc ie nte s
de le . Nós som os a or ige m de todo o m a l vindour o."
A ac e it aç ão da sombr a
O obj e tivo de e nc ontr a r a som br a é de se nvolve r um r e la c iona m e nto
pr ogr e ssivo c om e la e e xpa ndir o nosso se nso do e u a lc a nç a ndo o
e quilíbr io e ntr e a unila te r a lida de da s nossa s a titude s c onsc ie nte s e a s
nossa s pr of unde za s inc onsc ie nte s.
Par t e 1
O que é a sombr a?
Todo home m te m uma sombra e , quanto me nos e la se inc orporar à sua
v ida c onsc ie nte , mais e sc ura e de nsa e la se rá. De todo modo, e la
forma uma trav a inc onsc ie nte que frustra nossas me lhore s inte nç õe s.
CG. J ung
Doris Le ssing
Introdução
Em 1917, e m se u e nsa io On the Psy c hology of the Unc onsc ious [ Sobr e
a P sic ologia do I nc onsc ie nte ] , Jung f a la da som br a pe ssoa l c om o o
outro e m nós, a pe r sona lida de inc onsc ie nte do nosso m e sm o se xo, o
inf e r ior r e pr e e nsíve l, o outr o que nos e m ba r a ç a ou e nve rgonha : "P or
som br a , que r o dize r o la do ' ne ga tivo' da pe r sona lida de , a som a de
toda s a que la s qua lida de s de sa gr a dá ve is que pr e f e r im os oc ulta r, j unto
c om a s f unç õe s insuf ic ie nte m e nte de se nvolvida s e o c onte údo do
inc onsc ie nte pe ssoa l."
Abr indo e sta se ç ã o, o poe ta Robe r t Bly usa um tom m uito pe ssoa l
pa r a c onta r a histór ia da som br a , num tr e c ho se le c iona do de A Little
Book on the Human Shadow [ Um P e que no Livr o sobr e a Som br a
Hum a na ) . A m e dida que va m os c r e sc e ndo, diz Bly , o e u r e pr im ido
tr a nsf or m a sse num sa c o a m or te c e dor — a "c om pr ida sa c ola que
a r r a sta m os a tr á s de nós" — que c onté m a s nossa s por ç õe s
ina c e itá ve is. Bly ta m bé m e sta be le c e um a liga ç ã o e ntr e a nossa sac ola
pe ssoa l e outr os tipos de sac olas: a s som br a s c ole tiva s.
"O que a som br a sa be ", Ca pítulo 3, é um a e ntr e vista f e ita e m 1989 por
D, P a tr ic k Mille r c om John A, Sa nf or d, a na lista de Sa n Die go e
m inistr o e pisc opa l, or igina lm e nte public a da na r e vista The Sun. Ao
longo de sua c a r r e ir a , Sa nf or d oc upou- se c om a s dif íc e is que stõe s do
m a l hum a no. Sua a ná lise psic ológic a da f a m osa histór ia de Robe r t
Louis Ste ve nson. "Dr, Je ky ll e Mr. Hy de " a pa r e c e no Ca pítulo 5 de sta
se ç ã o.
ROB ERT B LY
P or isso suste nto que o j ove m de 20 a nos c onse r va um a sim ple s f a tia
da que le globo de e ne rgia . I m a gine um hom e m que f ic ou c om um a
f ina f a tia — o r e sta nte do globo e stá na sa c ola — e que e le c onhe c e
um a m ulhe r ; diga m os que a m bos tê m 24 a nos de ida de . Ela c onse r vou
um a f ina e e le ga nte f a tia . Ele s se une m num a c e r im ônia e e ssa uniã o
de dua s f a tia s c ha m a - se c a sa m e nto. Me sm o unidos, os dois nã o
f or m a m um a pe ssoa ! É e xa ta m e nte por isso que o c a sa m e nto, qua ndo
a s sa c ola s sã o gr a nde s, a c a r r e ta solidã o dur a nte a lua - de - m e l. Cla r o
que todos nós m e ntim os a e sse r e spe ito. "Com o f oi sua lua - de - m e l?"
"Fa ntá stic a , e a sua ?"
Agor a , qua ndo vou a um a f e sta , sinto- m e dif e r e nte do que c ostum a va
m e se ntir a o c onhe c e r um hom e m de ne góc ios. P e rgunto a um
hom e m , "O que voc ê f a z?" e e le r e sponde , "Ne goc io c om a ç õe s". E
e le te m a r de que m pe de de sc ulpa s. Digo pa r a m im m e sm o, "Ve j a só:
a lgo de m im que e sta va no f undo de m im e stá e xa ta m e nte a o m e u
la do". Sinto a té um a e str a nha vonta de de a br a ç a r o hom e m de
ne góc ios. Nã o todos e le s, é c la r o!
2. A e voluç ão da sombr a
De a lgum m odo, qua se todos nós se ntim os que qua lque r qua lida de ,
um a ve z r e c onhe c ida , pr e c isa r á ne c e ssa r ia m e nte se r pa ssa da a o a to;
pois, m a is dolor oso do que e nf r e nta r a som br a , é r e sistir a os nossos
im pulsos e m oc iona is, supor ta r a pr e ssã o de um de se j o, sof r e r a
f r ustr a ç ã o ou a dor de um de se j o insa tisf e ito. Logo, pa r a e vita r te r de
r e sistir a os nossos im pulsos e m oc iona is qua ndo os r e c onhe c e m os,
pr e f e r im os sim ple sm e nte nã o vê - los e nos c onve nc e r de que e le s nã o
e stã o a li. A r e pr e ssã o pa r e c e m e nos dolor osa que a disc iplina . Ma s e la
é , inf e lizm e nte , m a is pe r igosa , pois nos f a z a gir se m a c onsc iê nc ia dos
nossos m otivos, ou se j a , de m odo ir r e sponsá ve l. Me sm o que nã o
se j a m os r e sponsá ve is pe lo m odo c om o somos e se ntim os, pr e c isa m os
a ssum ir a r e sponsa bilida de pe lo m odo c om o a g i m o s . P or ta nto,
pr e c isa m os a pr e nde r a nos disc iplina r. E a disc iplina e stá na
c a pa c ida de de , qua ndo ne c e ssá r io, a gir de m odo c ontr á r io a os nossos
se ntim e ntos. Essa é um a pr e r r oga tiva — be m c om o um a ne c e ssida de
— e m ine nte m e nte hum a na .
A r e pr e ssã o, por outr o la do, sim ple sm e nte de svia os olhos. Qua ndo
pe r siste nte , a r e pr e ssã o se m pr e le va a e sta dos psic opa tológic os; m a s
e la é , ta m bé m , indispe nsá ve l à f or m a ç ã o inic ia l do e go. I sso signif ic a
que todos nós por ta m os os ge r m e s da psic opa tologia de ntr o de nós.
Ne sse se ntido, um a psic opa tologia e m pote nc ia l é um a pa r te
inte gr a nte da nossa e str utur a hum a na , A som br a pr e c isa te r, de a lgum
m odo, e m a lgum m om e nto, e m a lgum luga r, o se u luga r de e xpr e ssã o
le gítim a . Ao c onf r ontá - la , te m os a e sc olha de qua ndo, de c om o e de
onde pode m os pe r m itir da r e xpr e ssã o à s sua s te ndê nc ia s de ntr o de um
c onte xto c onstr utivo. E qua ndo nã o é possíve l r e f r e a r a e xpr e ssã o do
se u la do ne ga tivo, pode m os a m or te c e r se u e f e ito a tr a vé s de um
e sf or ç o c onsc ie nte pa r a a c r e sc e nta r um e le m e nto a te nua nte ou, a o
m e nos, um pe dido de de sc ulpa s. E qua ndo nã o pode m os ( ou nã o
de ve m os) nos a bste r de f e r ir, pode m os pe lo m e nos te nta r f a zê - lo c om
ge ntile za e e sta r pr ontos pa r a a r c a r c om a s c onse quê nc ia s. Se
de svia m os vir tuosa m e nte os olhos, nã o te m os e ssa possibilida de ; e
e ntã o é pr ová ve l que a som br a , de ixa da a si m e sm a , nos a tr ope le de
um a m a ne ir a de str utiva e pe r igosa . Entã o, a lgo "a c onte c e " c onosc o e
é ge r a lm e nte qua ndo nos c a usa a s m a ior e s inc onve niê nc ia s; j á que
nã o sa be m os o que e stá a c onte c e ndo, na da pode m os f a ze r pa r a
a te nua r se u e f e ito, e j oga m os toda a c ulpa sobr e o nosso se m e lha nte .
D. PATRICK M ILLER
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
SANFORD:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
Ma s c om o pode m os ve r a dif e r e nç a e ntr e um a c oisa que pa r e c e
sinistr a e um a c oisa que é sinistr a ?
SANFORD:
A f unç ã o se ntim e nto e stá livr e de c onta m ina ç ã o e goc ê ntr ic a , Ela é
um a pur a a va lia ç ã o e m oc iona l, m a s ne m se m pr e lhe da m os ouvido.
Qua ndo o povo a m e r ic a no, f ina lm e nte , opôs- se à Gue r r a do Vie tnã ,
f oi por que a f unç ã o se ntim e nto a c a bou por e m e rgir : um núm e r o c a da
ve z m a ior de pe ssoa s c he gou a o j ulga m e nto e moc ional de que a que la
e r a um a gue r r a e r r a da e te r r íve l, m e sm o que suposta m e nte se r visse
a os nossos obj e tivos polític os. E é c la r o que e ssa s pe ssoa s e sta va m
c e r ta s, O j ulga m e nto de va lor da f unç ã o se ntim e nto é um
de te r m ina nte c onf iá ve l do be m e do m a l num a situa ç ã o — de sde que
a f unç ã o se ntim e nto te nha a s inf or m a ç õe s c or r e ta s. Se e la nã o te m
toda s a s inf or m a ç õe s ou se vê a pe na s um a pa r te do pr oble m a , e ntã o é
possíve l que c he gue a um a c onc lusã o e r r a da .
THE SUN:
SANFORD:
A pr im e ir a ve z que um a pe ssoa vê a som br a c om c la r e za , e la f ic a
m a is ou m e nos hor r or iza da . Alguns dos nossos siste m a s e goc ê ntr ic os
de de f e sa ne c e ssa r ia m e nte se r om pe m ou se dilue m , O r e sulta do pode
se r um a de pr e ssã o te m por á r ia ou um e ne voa m e nto da c onsc iê nc ia .
Jung c om pa r ou o pr oc e sso de inte gr a ç ã o — que e le c ha m ou de
indiv iduaç ão — a o pr oc e sso da a lquim ia . Um dos e stá gios da a lquim ia
é a m e lanose , qua ndo tudo e ne gr e c e de ntr o do va so que c onté m os
e le m e ntos a lquím ic os. Ma s e sse e stá gio de e ne gr e c im e nto é
a bsoluta m e nte e sse nc ia l. Jung disse que e le r e pr e se nta o pr im e ir o
c onta to c om o inc onsc ie nte , que é se m pr e o c onta to c om a som br a . O
e go e nc a r a isso c om o um a e spé c ie de de r r ota .
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
THE SUN:
SANFORD:
Ce r to. O e go é o ve íc ulo ne c e ssá r io pa r a a e xpr e ssã o do S e l f , m a s
voc ê pr e c isa que r e r pôr o e go na linha . E c om o Moisé s c onf r onta ndo-
se c om a voz de De us na sa r ç a a r de nte e de pois de sc e ndo pa r a
c onduzir o povo de I sr a e l pa r a f or a do Egito. Essa é a a ç ã o do e go
f or te .
ANTHONY STEVENS
No e nta nto, um a spe c to da Som br a que a inda e stá por se r e xor c iza do
— tã o pode r oso qua nto o de se j o se xua l m a s de c onse quê nc ia s m uito
m a is de sa str osa s — é o de se j o de pode r e de str uiç ã o. Que Fr e ud te nha
ignor a do e sse c om pone nte por ta nto te m po, a pe sa r de te r
te ste m unha do a P r im e ir a Gue r r a Mundia l e a subse que nte a sc e nsã o
do f a sc ism o, é sur pr e e nde nte , pa r a dize r o m ínim o. P ode m os
suspe ita r que tive sse a lgo que ve r c om a sua de te r m ina ç ã o de f a ze r de
sua te or ia da se xua lida de a s ba se s da psic a ná lise . ( "Me u c a r o Jung,
pr om e ta - m e nunc a a ba ndona r a te or ia da se xua lida de . Ela é , e m
e ssê nc ia , o que im por ta ! Olhe , de ve m os tr a nsf or m á - la num dogm a ,
num a f or ta le za ine xpugná ve l.") Anthony Stor r f e z a inte r e ssa nte
suge stã o de que e ssa a titude ta m bé m se de ve sse a o r e sse ntim e nto de
Fr e ud dia nte da de se r ç ã o de Alf r e d Adle r, que ha via a ba ndona do o
m ovim e nto psic a na lític o e xa ta m e nte por a c r e dita r que o de se j o de
pode r de se m pe nha va um pa pe l m uito m a is im por ta nte na psic ote r a pia
hum a na do que o de se j o se xua l.
JOHN A. SANFORD
P ode m os c om e ç a r c om pa r a ndo a de sc r iç ã o de He nr y Je ky ll c om a de
Edwa r d Hy de . Le m os que Je ky ll e r a um "hom e m de c inque nta a nos,
gr a nde , be m c onstituído, de r osto ba r be a do, c om um toque f ur tivo
ta lve z, m a s c om toda s a s c a r a c te r ístic a s de c a pa c ida de e ge ntile za ".
Assim , nã o há r a zã o pa r a supor m os que Je ky ll nã o possuísse m uita s
boa s qua lida de s. Ma s a suge stã o do "toque f ur tivo" tr a i o f a to de que ,
oc ulta sob a bonda de de He nr y Je ky ll, e xistia um a pe ssoa de c a r á te r
m a is duvidoso. De pois, Je ky ll dá m a ior e s de ta lhe s de si m e sm o:
"pr e zo o r e spe ito dos hom e ns sá bios e bons de ntr e os m e us
se m e lha nte s". I sso nos inf or m a que , j unto c om sua s r e se r va s na tur a is
de bonda de e ge ntile za , He nr y Je ky ll se ntia o de se j o de se r a pr ova do
pe los se us se m e lha nte s e por isso a ssum ia um a de te r m ina da postur a
dia nte da soc ie da de , ou se j a , a dota va um a pe rsona a gr a dá ve l que lhe
gr a nj e a va a a pr ova ç ã o e o r e spe ito dos outr os.
O e r r o f unda m e nta l de He nr y Je ky ll f oi o se u de se j o de e sc a pa r à
te nsã o dos opostos de ntr o de si. Com o vim os, e le e r a dota do de um a
c e r ta c onsc iê nc ia psic ológic a , m a ior que a da m a ior ia da s pe ssoa s,
pois pe r c e bia a dua lida de de sua na tur e za ; e sta va c onsc ie nte de que
ha via um outr o de ntr o de si, c uj os de se j os e r a m c ontr á r ios a o se u
a nse io de se r a pr ova do pe la soc ie da de . Se tive sse a m plia do e ssa
c onsc iê nc ia e suste nta do a te nsã o dos opostos de ntr o de si, isso o te r ia
le va do a o de se nvolvim e nto da sua pe r sona lida de ; na lingua ge m que
e sta m os usa ndo, e le te r ia pa ssa do pe lo pr oc e sso de individua ç ã o. Ma s,
e m ve z disso, Je ky ll optou por te nta r e sc a pa r a e ssa te nsã o a tr a vé s da
dr oga tr a nsf or m a dor a , pa r a a ssim pode r se r ta nto Je ky ll qua nto Hy de
e de sf r uta r dos pr a ze r e s e be ne f íc ios de vive r, se m c ulpa ou te nsã o, os
dois la dos de sua pe r sona lida de . É bom nota r que , e nqua nto Je ky ll, e le
nã o se se ntia r e sponsá ve l por Hy de , "Af ina l de c onta s, a c ulpa e r a de
Hy de e só de Hy de ", de c la r ou c e r ta ve z.
Qua ndo volte i a o a nda r té r r e o, pa sse i por um quinta l onde nova m e nte
de sc obr i dive r sa s sa ída s pa r a a r ua ou pa r a outr a s c a sa s. Qua ndo
te nte i inve stigá - la s m a is de pe r to, um hom e m se a pr oxim ou r indo a lto
e gr ita ndo que é r a m os ve lhos c ole ga s da e sc ola pr im á r ia . Le m br e i
de le e , e nqua nto e le m e c onta va a sua vida , c a m inhe i a o se u la do pa r a
a sa ída e pa sse e i c om e le pe la s r ua s, Ha via um e str a nho c la r o- e sc ur o
no a r e nqua nto c a m inhá va m os por um a e nor m e r ua c ir c ula r e
c he gá va m os a um gr a m a do ve r de onde tr ê s c a va los r e pe ntina m e nte
pa ssa r a m ga lopa ndo por nós. Er a m a nim a is be los e f or te s, se lva ge ns
m a s be m - tr e ina - dos, e nã o ha via c a va le ir o na se la . ( Te r ia m e le s
f ugido a o se r viç o m ilita r ?) O la bir into de e str a nha s pa ssa ge ns,
c â m a r a s e sa ída s de str a nc a da s na a de ga f a z le m br a r a a ntiga
r e pr e se nta ç ã o e gípc ia do m undo subte r r â ne o que , c om sua s
possibilida de s ignor a da s, é um sím bolo f a m oso do inc onsc ie nte .
Mostr a , ta m bé m , c om o a pe ssoa e stá "a be r ta " a outr a s inf luê nc ia s no
la do inc onsc ie nte da som br a , e c om o e le m e ntos m iste r iosos e
e str a nhos pode m ir r om pe r. A a de ga , pode - se dize r, é a ba se da psique
do sonha dor. No quinta l da e str a nha c onstr uç ã o ( que r e pr e se nta o
obj e tivo psíquic o a inda nã o pe r c e bido da pe r sona lida de do sonha dor ) ,
um a ntigo c ole ga de e sc ola a pa r e c e de súbito, Essa pe ssoa
obvia m e nte pe r sonif ic a um outr o a spe c to do pr ópr io sonha dor — um
a spe c to que f e z pa r te de sua inf â nc ia m a s que e le e sque c e u e pe r de u.
Ac onte c e c om f r e quê nc ia que a s qua lida de s da inf â nc ia de um a
pe ssoa ( por e xe m plo, a a le gr ia , a ir a sc ibilida de ou ta lve z a c onf ia nç a )
de sa pa r e ç a m de r e pe nte , e a pe ssoa nã o sa be onde ou c om o a s
pe r de u, Esta é um a c a r a c te r ístic a pe r dida do sonha dor que a gor a
r e tor na ( do quinta l) e te nta r e f a ze r a a m iza de . Essa f igur a
pr ova ve lm e nte r e pr e se nta a c a pa c ida de ne glige nc ia da do sonha dor de
goza r a vida e o la do e xtr ove r tido de sua som br a .
Ma s logo e nte nde m os por que o sonha dor se se nte "inquie to" um pouc o
a nte s de e nc ontr a r o ve lho a m igo, a pa r e nte m e nte inof e nsivo. Qua ndo
pa sse ia c om e le pe la s r ua s, os c a va los ga lopa m à solta . O sonha dor
pe nsa que e le s ta lve z te nha m e sc a pa do a o se r viç o m ilita r ( o que
e quiva le a dize r, e sc a pa do à disc iplina c onsc ie nte que a té e ntã o
c a r a c te r izou sua vida ) . O f a to de os c a va los nã o te r e m c a va le ir o
m ostr a que os im pulsos instintivos pode m e sc a pa r do c ontr ole
c onsc ie nte . No ve lho a m igo e nos c a va los, r e a pa r e c e toda a e ne rgia
positiva que f a lta va a nte s e que e r a tã o ne c e ssá r ia a o sonha dor, Esse é
um pr oble m a que surge , c om f r e quê nc ia , qua ndo e nc ontr a m os o nosso
"outr o la do". A som br a ge r a lm e nte c onté m va lor e s que sã o
ne c e ssá r ios a c onsc iê nc ia m a s que e xiste m sob um a f or m a que tor na
dif íc il inte gr á - los à nossa vida . As pa ssa ge ns e o c a sa r ã o de sse sonho
ta m bé m m ostr a m que o sonha dor a inda nã o c onhe c e sua s pr ópr ia s
dim e nsõe s psíquic a s e a inda nã o é c a pa z de oc upá - la s.
WILLIAM A. M ILLER
Nossa pr oj e ç õe s
Um se gundo c a m inho pa r a c he ga r à som br a pe ssoa l é e xa m ina r
nossa s pr oj e ç õe s. A pr oj e ç ã o é um m e c a nism o inc onsc ie nte que
usa m os se m pr e que é a tiva do um tr a ç o ou c a r a c te r ístic a da nossa
pe r sona lida de que nã o e stá r e la c iona do c om a c onsc iê nc ia . Com o
r e sulta do da pr oj e ç ã o inc onsc ie nte , obse r va m os e sse tr a ç o pe ssoa l na s
outr a s pe ssoa s e r e a gim os a e le . Ve m os nos outr os a lgo que é pa r te de
nós, m a s que de ixa m os de ve r e m nós.
Qua ndo som os "f isga dos" por um a qua lida de positiva de outr a pe ssoa ,
pr oj e ta m os sobr e e la todos os tipos possíve is de qua lida de s positiva s.
I sso à s ve ze s a c onte c e e m e ntr e vista s de a va lia ç ã o de pe ssoa l e é
c onhe c ido c om o "e f e ito ha lo". O e ntr e vista do que a ssim "f isgou" o
e ntr e vista dor se r á , a os se us olhos, inc a pa z de e r r o. O e ntr e vista dor
que "a ur e olou" o e ntr e vista do c om qua lida de s pe ssoa is positiva s nã o
pe r c e be r a a s f or te s e vidê nc ia s e m c ontr á r io.
Esse s e xe m plos de m onstr a m situa ç õe s inde se j á ve is m a s, de todo
m odo, c om pr ova m o pode r da pr oj e ç ã o positiva . P or ta nto, f a r ía m os
be m e m pe r c e be r a pr e se nç a da s dim e nsõe s positiva s pote nc ia is na
nossa som br a , be m c om o da s ne ga tiva s. Nossa te ndê nc ia é e num e r a r
a s qua lida de s que a dm ir a m os e a dm ir á - la s pr of unda m e nte nos outr os.
P or isso qua ndo nos ouvim os dize r : "Ah, m a s e u nunc a c onse guir ia se r
tã o bom a ssim ", f a r ía m os be m e m inve stiga r e sse s tr a ç os, pois e le s
sã o, se m dúvida , um a pa r te da nossa Som br a Dour a da .
Nossos "lapsos"
O OUTRO
Par t e 2
Anônimo
Edward C. W hitmont
Robe rt Bly
Introdução
8. Cr iando o f also e u
HARVILLE HENDRIX
Em sua s te nta tiva s de r e pr im ir c e r tos pe nsa m e ntos, se ntim e ntos e
c om por ta m e ntos, os pa is usa m vá r ia s té c nic a s. Às ve ze s, e m ite m
or de ns c la r a s: "Nã o m e diga que voc ê e stá pe nsa ndo a ssim ! ", "Me nino
c r e sc ido nã o c hor a ", "Nã o bote a m ã o a í ne ssa pa r te do se u c or po! ",
"Nunc a m a is que r o ouvir voc ê dize ndo isso! " e "Nã o é a ssim que a
ge nte a ge a qui na nossa f a m ília ! " Ou se nã o ( c om o f a z a m ã e qua ndo
va i c om o f ilho à loj a ) r a lha m , a m e a ç a m e e spa nc a m . Muita s ve ze s,
os pa is m olda m a c r ia nç a a tr a vé s de um pr oc e sso m a is sutil de
inva lida ç ã o — sim ple sm e nte opta m por nã o ve r ou nã o r e c om pe nsa r
c e r ta s c oisa s. P or e xe m plo, se os pa is dã o pouc o va lor a o
de se nvolvim e nto inte le c tua l, pr e se nte ia m os f ilhos c om br inque dos e
e quipa m e ntos e spor tivos, nã o c om livr os ne m c om k its de c iê nc ia . Se
os pa is a c r e dita m que a s m e nina s de ve m se r ge ntis e f e m inina s e os
m e ninos f or te s e a f ir m a tivos, e le s só r e c om pe nsa r ã o se us f ilhos por
c om por ta m e ntos a de qua dos a o se xo de c a da um . P or e xe m plo, se o
ga r otinho e ntr a na sa la r e boc a ndo um br inque do pe sa do, e le s dize m :
"Olha que ga r otã o f or te que voc ê é "; m a s, se é a m e nina que e ntr a
c om a que le m e sm o br inque do, e le s pr e vine m : "Cuida do pa r a nã o
e str a ga r se u lindo ve stidinho."
9. Re j e iç ão e t r aiç ão
KIM CHERNIN
Che ga m os a o la do do a ve sso do vínc ulo m ã e - f ilha , a o se u
indisf a r ç á ve l sa bor a m a rgo. I nve j a r a nossa pr ópr ia f ilha , que r e r
a quilo que e la te m , se ntir que tudo f oi c onse guido à s nossa s c usta s —
que te r r íve l e c r ue l ir onia inve j á - la e xa ta m e nte pe la s opor tunida de s
que ta nto a nsia m os por lhe pr opor c iona r !
JOHN A. SANFORD
No M undo Duplo
todas as v oze s ganham
e te rna suav idade .
Ra ine r Ma r ia Rilke
Par t e 3
C. G. J ung
J ohn A, Sanford
Int r oduç ão
CHRISTINE DOWNING
P a r a um a m ulhe r, ir m ã é a outr a pe ssoa m a is se m e lha nte a e la
m e sm a de ntr e toda s a s c r ia tur a s do m undo. Ela é do nosso m e sm o
se xo e ge r a ç ã o, c a r r e ga a m e sm a he r a nç a biológic a e soc ia l. Te m os
os m e sm os pa is; c r e sc e m os na m e sm a f a m ília e f om os e xposta s a os
m e sm os va lor e s, pr e m issa s e pa dr õe s de inte r a ç ã o.
I r m ã os/ir m ã s do m e sm o se xo pa r e c e m se r um pa r a o outr o,
pa r a doxa lm e nte , ta nto o e u ide a l qua nto o que Jung c ha m a "a
som br a ". Ele s e stã o e nvolvidos num pr oc e sso m útuo, únic o e
r e c ípr oc o de a utode f iniç ã o. Em bor a a f ilha c onc e ba a m ã e ta nto
qua nto a m ã e c onc e be a f ilha , o r e la c iona m e nto m ã e - f ilha nã o é tã o
sim é tr ic o qua nto o r e la c iona m e nto ir m ã - ir m ã . É c la r o que m e sm o
e ntr e ir m ã s e xiste a lgum a a ssim e tr ia , a lgum a hie r a r quia ; a or de m de
na sc im e nto e a ida de r e la tiva f a ze m c e r ta dif e r e nç a . Ma s, a o
c ontr á r io da e sm a ga dor a e qua se sa gr a da dif e r e nç a que se pa r a a m ã e
e o be bê , a s dif e r e nç a s e ntr e ir m ã s sã o sutis e r e la tiva s, num a e sc a la
pr of a na . As dif e r e nç a s e ntr e ir m ã s pode m se r ne goc ia da s, tr a ba lha da s
e r e de f inida s por e la s pr ópr ia s. De m odo ge r a l, o tr a ba lho de
a utode f iniç ã o m útua pa r e c e pr osse guir a tr a vé s de um a pola r iza ç ã o
que se m ic onsc ie nte m e nte e xa ge r a a s dif e r e nç a s pe r c e bida s e r e pa r te
os a tr ibutos e ntr e a s ir m ã s ( "Eu sou a inte lige nte , e la é a bonita ") .
Ta m bé m é f r e que nte que a s ir m ã s pa r e ç a m r e pa r tir os pa is e ntr e e la s
( "Eu sou a ga r otinha do pa pa i, voc ê a da m a m ã e ") . Eu sou que m e la
nã o é . Ela é o que e u m a is gosta r ia de se r m a s a c ho que nunc a se r e i,
e també m o que m a is m e orgulho de não se r m a s te nho m e do de vir a
se r.
A som br a é r e le va nte a o nosso inte r e sse nos ir m ã os/ir m ã s por que Jung
diz que nos m itos, na lite r a tur a e nos nossos sonhos, a som br a é
ge r a lm e nte r e pr e se nta da c om o um "ir m ã o". Jung se ntia um f a sc ínio
e spe c ia l pe lo que c ha m a va "o te m a dos dois ir m ã os hostis"; um te m a
que , pa r a e le , sim boliza va toda s a s a ntíte se s e , de m odo e spe c ia l, a s
dua s a bor da ge ns oposta s no tr a to c om a inf luê nc ia pode r osa do
inc onsc ie nte : ne ga ç ã o ou a c e ita ç ã o, r e a lism o ou m istic ism o. O e studo
de sse te m a se m pr e r e m e tia Jung a os dois ir m ã os do c onto de E. T. A.
Hoff m a nn, The De v il' s Elix ir [ O Elixir do Dia bo] . A inte r pr e ta ç ã o que
Jung of e r e c e de sse c onto m ostr a que a ne ga ç ã o e o m e do que o
pr ota gonista se nte do se u m a lic ioso e sinistr o ir m ã o le va m à r igide z e
à e str e ite za de m e nte , a um a inf le xibilida de viole nta , à
unidim e nsiona lida de do "hom e m se m som br a ".1
DARYL SHARP
E pr osse guia :
M AG G IE SCARF
Com o a m a ior ia dos c a sa is, e le s f ize r a m e ssa "pa r tilha " por m e io de
um a c or do inc onsc ie nte , nã o- ve r ba liza do m a s m uito e f ic a z. No se u
r e la c iona m e nto, La ur a f ic a va c om o otim ism o e Tom c om o
pe ssim ism o; e la a c r e dita va e m tudo, e le e r a o c é tic o; e la que r ia
a be r tur a e m oc iona l, e le que r ia gua r da r- se pa r a si m e sm o; e la se
a pr oxim a va e e le se a f a sta va — o hom e m f ugindo da intim ida de .
Juntos, f or m a va m um orga nism o a da pta tivo ple na m e nte inte gr a do; só
que La ur a tinha que c uida r de toda a inspir a ç ã o e Tom , de toda a
e xpir a ç ã o.
M ICHAEL VENTURA
Ca sa r c onf or m e a m úsic a .
Come on ov e r
We ain' t fak in'
3
W hole lotta shak in’ goin’ on
O pe r dã o é um a pr om e ssa de t r a b a l h a r pa r a de sf a ze r, pa r a
tr a nsc e nde r, O c a sa m e nto m uito c e do of e r e c e a os e nvolvidos a
opor tunida de de pe r doa r. Houve m uita s c a de ir a s que br a da s, m uitos
pr a tos que br a dos — a té um a m á quina de e sc r e ve r que br a da , m inha
ve lha e a m a da Oly m pia m a nua l por tá til que e sta va c om igo de sde os
te m pos do c olé gio e que e u m e sm o a r r e be nte i — te ste m unha ndo quã o
de se spe r a do pode se r o de se spe r o c onj unto de todos os Mic ha e ls, Ja ns
e Br e nda ns. W hole lotta shak in’ goin' on: te m m u i t a c oisa para
sac udir, e , à s ve ze s, qua ndo voc ê e stá te nta ndo r om pe r a s c r osta s
e ndur e c ida s de ntr o de si m e sm o e de ntr o de c a da um dos outr os,
a lguns pr a tos e m á quina s de e sc r e ve r e m óve is pode m pa r tic ipa r do
pr oc e sso.
E isso é "o le nitivo que o c a sa m e nto of e r e c e " — ouvi e ssa e xpr e ssã o
e m dive r sos c onte xtos m a s, e xc e to ne sse se ntido, sou inc a pa z de
c om pr e e ndê - la . De sc obr ir o que é inque br á ve l e m m e io a tudo o que
f oi que br a do. De sc obr ir que a uniã o pode se r tã o ir r e dutíve l qua nto a
solidã o. De sc obr ir que os dois pr e c isa m c om pa r tilha r, nã o só o que
não c onhe c e m um do outr o, m a s ta m bé m o que n ã o c onhe c e m de si
m e sm os.
101
inte r ior e s um a da outr a , de sa f ia ndo- os, se duzindo- os, lisonj e a ndo- os,
e m bosc a ndo- os, f a ze ndo- os f a la r, a br indo- se a e le s, f ugindo de le s,
viola ndo- os, a pa ixona ndo- se por a lguns e odia ndo outr os, c onhe c e ndo
a lguns, f a ze ndo a m iza de c om outr os, pe ndur a ndo a lguns no ga nc ho do
a r m á r io do pa r c e ir o — c a bide s dos qua is pe nde m pa is, m ã e s, ir m ã s,
ir m ã os, outr os a m or e s, ídolos, f a nta sia s, ta lve z a té vida s pa ssa da s e a
v e rdade ira c onsc iê nc ia mitológic a que à s ve ze s e m e rge de ntr o de nós
c om ta l f or ç a que se ntim os o e lo que r e m onta a m ilha r e s de a nos e
a té m e sm o a outr os dom ínios do se r.
Par t e 4
J ohn P. Conge r
Int r oduç ão
O c or po hum a no vive há dois m il a nos à som br a da c ultur a oc ide nta l.
Se us im pulsos a nim a is, sua s pa ixõe s se xua is e sua na tur e za pe r e c íve l
f or a m ba nidos pa r a a e sc ur idã o e tr a nsf or m a dos e m ta bus por um
c le r o que só da va va lor a os dom ínios m a is e le va dos do e spír ito e da
m e nte e a o pe nsa m e nto r a c iona l. O a dve nto da e r a c ie ntíf ic a vir ia a
a f ir m a r que o c or po é um m e r o e nvoltór io de e le m e ntos quím ic os,
um a m á quina se m a lm a .
No Ca pítulo 19, e xtr a ído de Arc he ty pal M e dic ine [ Me dic ina
Ar que típic a ] , o m é dic o e a na lista j unguia no Alf r e d J. Zie gle r e xplor a
c om e loquê nc ia os sintom a s da doe nç a c om o sintom a s da vida nã o-
vivida . Ele e xplic a : "Qua ndo nossa s f a tuida de s se de sgove r na m ,
nossa s inf e r ior ida de s e qua lida de s r e c e ssiva s r e ve r te m a
m a nif e sta ç õe s c or por a is... Nossa som br a a dquir e substâ nc ia ."
JOHN P. CONG ER
Estr ita m e nte f a la ndo, a som br a é a pa r te r e pr im ida do e go e
r e pr e se nta a quilo que som os inc a pa ze s de r e c onhe c e r a r e spe ito de
nós m e sm os, O c or po que se oc ulta sob a s r oupa s m uita s ve ze s
e xpr e ssa de m odo f la gr a nte a quilo que c onsc ie nte m e nte ne ga m os, Na
im a ge m que a pr e se nta m os a os outr os, ge r a lm e nte nã o que r e m os
m ostr a r a nossa r a iva , a nossa a nsie da de , a nossa tr iste za , a nossa
lim ita ç ã o, a nossa de pr e ssã o ou a nossa c a r ê nc ia . Já e m 1912,
e sc r e via Jung: "De ve - se a dm itir que a ê nf a se c r istã sobr e o e spír ito
le va ine vita ve lm e nte a um a insupor tá ve l de pr e c ia ç ã o do la do f ísic o do
hom e m e , a ssim , pr oduz um a e spé c ie de c a r ic a tur a otim ista da
na tur e za hum a na ."1 Em 1935, Jung f a zia pa le str a s na I ngla te r r a sobr e
sua s te or ia s e m ge r a l e , de pa ssa ge m , m ostr ou c om o o c or po pode
a pr e se nta r- se c om o som br a : Nã o gosta m os de olha r pa r a o la do da
som br a de nós m e sm os; por ta nto, há m uita s pe ssoa s na nossa
soc ie da de c iviliza da que pe r de r a m de todo sua s som br a s, pe r de r a m a
te r c e ir a dim e nsã o e , c om isso, pe r de r a m o c or po. O c or po é um
a m igo e xtr e m a m e nte duvidoso, pois pr oduz c oisa s da s qua is nã o
gosta m os: há um e xc e sso de c oisa s sobr e a pe rsonific aç ão de ssa
sombra do e go. Às ve ze s e la f or m a o e sque le to no a r m á r io e todos,
na tur a lm e nte , que r e m livr a r- se de le .2
Em bor a Jung f osse um hom e m vibr a nte , a lto e "c or pór e o", na ve r da de
e le pouc o f a lou sobr e o c or po. Qua ndo c onstr uiu a tor r e e m Bollinge n,
e le voltou a um a vida m a is pr im itiva , bom be a ndo a sua pr ópr ia á gua
de poç o e r a c ha ndo a sua pr ópr ia le nha . Sua c or por a lida de ,
e sponta ne ida de e e nc a nto indic a va m c e r ta sa tisf a ç ã o e um "e sta r e m -
c a sa " c om o se u pr ópr io c or po. Dive r sa s de sua s de c la r a ç õe s
oc a siona is m ostr a m um a a titude e m r e la ç ã o a o c or po que , e m bor a
m a is de sa pe ga da e m a is m e ta f ór ic a , e sta va e m ha r m onia c om a s
ide ia s de Wilhe lm Re ic h.
P a r a Re ic h, o m e io de a lc a nç a r a c a m a da c e ntr a l do hom e m e r a
de sa f ia r a c a m a da se c undá r ia da som br a . A r e sistê nc ia tor nou- se ,
pa r a Re ic h, um a e spé c ie de ba nde ir a que a ssina la va a á r e a de
e nc our a ç a m e nto e m ostr a va o c a m inho pa r a a lc a nç a r o â m a go do se r
hum a no. "Ne sse â m a go, e m c ondiç õe s soc ia is f a vor á ve is, o hom e m é
e m e ssê nc ia um a nim a l hone sto, la bor ioso, c oope r a tivo, a m or oso e , se
m otiva do, r a c iona lm e nte hostil."11
JOHN C. PIERRAKOS
Explor e m os o c onc e ito do m a l a bor da ndo- o a pa r tir do se u oposto, o
be m . Na sa úde , que é o be m ou a ve r da de da vida , a r e a lida de do se r
hum a no, a e ne rgia e a c onsc iê nc ia e stã o be m unif ic a da s, O hom e m
se nte e ssa unida de . Há pouc o te m po um m úsic o que ve io pa r a um a
c onsulta disse m e que , qua ndo toc a va a pa r tir do se u se r inte r ior, os
m ovim e ntos do se u orga nism o sim ple sm e nte f luía m de m odo
e spontâ ne o; e r a m e le s que toc a va m o instr um e nto. Ele s se libe r ta va m ,
se c oor de na va m e c r ia va m sons be líssim os, Qua ndo o se r hum a no
e stá num e sta do sa udá ve l, sua vida é um c onsta nte pr oc e sso c r ia tivo.
Ele é inunda do por se ntim e ntos de a m or e de unida de c om os outr os
se r e s hum a nos. A unida de é a pe r c e pç ã o de que e le nã o é dif e r e nte
dos outr os. Ele que r a j udá - los; ide ntif ic a - se c om e le s: pe r c e be que
tudo o que a c onte c e a e le s a c onte c e a si m e sm o. Um a pe ssoa
sa udá ve l te m um a dir e ç ã o positiva na sua vida . Ela "que r " a sua vida
num a dir e ç ã o positiva e , a ssim , e nc ontr a o suc e sso — e m se us
ne góc ios, e m se us pe nsa m e ntos, e m sua se nsa ç ã o de c onte nta m e nto
c onsigo m e sm a . Ne sse e sta do, e xiste pouc a ou ne nhum a doe nç a , e
ne nhum a m a lda de .
LARRY DOSSEY
Esta r e m os, nos dia s de hoj e , r e de sc obr indo a orga nic ida de do m undo
c onhe c ida pe los pr im itivos ha bita nte s do pla ne ta ? Ta lve z. Está c la r o
que nã o te m os a s r e sposta s que gosta r ía m os de te r e m r e la ç ã o a o
e nte ndim e nto da sa úde e da doe nç a ; e stá c la r o que a nossa soc ie da de
se c onsom e de r e sse ntim e nto pe la s pr om e ssa s nã o c um pr ida s e pe la
de sum a nida de que pe r c e be na m e dic ina m ode r na . Ma s, na m inha
opiniã o, e ssa r a iva ( de c uj a e xistê nc ia nã o se pode duvida r ) nã o e stá
be m dir igida . É um a r a iva que se dir ige a be r ta m e nte c ontr a o
"siste m a " — m a s um siste m a que é , na r e a lida de , nós m e sm os.
Esta m os de sa ponta dos c om nós m e sm os por te r m os sido iludidos e por
te r m os de ixa do que nos ve nde sse m o e sque c im e nto de a lgo que um
dia c onhe c e m os, de sa ponta dos por te r m os c or ta do nossos la ç os
orgâ nic os c om o m undo e m que vive m os. Esta m os a pr e nde ndo, de
m odo dolor oso e pr of undo, que longe vida de nã o e quiva le a qua lida de
de vida . Esta m os pe r c e be ndo a va c uida de de c onc e itos ta is c om o "o
inte r va lo livr e de doe nç a s". Nã o pode m os ignor a r que a lgo vita l e stá
f a lta ndo à nossa sa úde — a lgo se m o qua l sa úde nã o é sa úde .
O que é e sse "a lgo", e sse e le m e nto f a lta nte ? Ac ho que e sse a lgo é "a
som br a que a doe nç a é ", a som br a que se m pr e a c om pa nha a luz da
sa úde . É a liga ç ã o orgâ nic a que se ntim os c om o m undo, a c onvic ç ã o
de que o m undo nã o pode se r f or ç a do a a c e ita r f or m a s que nã o sã o
pa r te de sua na tur e za . E a disponibilida de pa r a a c e ita r a doe nç a c om
ta nta c onvic ç ã o qua nto a c e ita m os a sa úde , sa be ndo, a o f a zê - lo, que
ne nhum a de ssa s e xpe r iê nc ia s te m se ntido se m a outr a .
A se xua lida de a inda é "de m oniza da " nos nossos dia s. Fr a c a ssa r a m
toda s a s te nta tiva s de tom á - la tota lm e nte inof e nsiva e de a pr e se ntá - la
c om o a lgo "c om ple ta m e nte na tur a l". P a r a o hom e m m ode r no,
a lgum a s f or m a s de se xua lida de c ontinua m a te r a spe c to m a u, pe c a dor
e sinistr o.
O que e stá a gindo a qui sã o a ntigos pr e c onc e itos. Entr e c e r tos povos
pr im itivos, os hom e ns nã o ousa va m te r c onta to se xua l c om a s
m ulhe r e s a nte s de se guir pa r a a ba ta lha .
1. Que o home m te m dois princ ípios e x iste nte s re ais: um c orpo e uma
alma.
Willia m Bla ke
Par t e 5
I Timóte o, 6: 10
Paul Williams
Thomas Be rry
Int r oduç ão
No Ca pítulo 22, John R. 0' Ne ill, pr e side nte da Esc ola de P sic ologia
P r of issiona l da Ca lif ór nia , a pr e se nta um e xc e r to de se u f utur o livr o,
The Dark Side of Suc c e ss [ O La do Esc ur o do Suc e sso] . ONe ill,
e m pr e sá r io e c onsultor, of e r e c e - nos pista s pa r a c onse guir m os um a
r e a liza ç ã o sa udá ve l, pe r m a ne c e ndo c ie nte s dos a spe c tos da som br a .
Na s á r e a s nã o- e m pr e sa r ia is, c a da pr of issã o ta m bé m te m o se u
obj e tivo de c la r a do, sua m issã o de a j uda r ou de c ur a r, be m c om o o
se u la do oc ulto. No Ca pítulo 23, o a na lista j unguia no Adolf
Gugge nbühl- Cr a ig e xplor a a m bos os la dos da s pr of issõe s de
a ssistê nc ia : o m é dic o he r oic o e o e sc a nda loso c ha r la tã o, o pa dr e
divino e o f a lso pr of e ta , o de dic a do psic ote r a pe uta e o im postor
ignor a nte .
B RUCE SHACKLETON
Com o a m a ior ia dos víc ios, o tr a ba lho c om pulsivo pode te r sua s r a íze s
nos pa dr õe s f a m ilia r e s. Em a lguns la r e s, m e ninos e m e nina s sã o
r e c om pe nsa dos a pe na s e m f unç ã o de se u de se m pe nho; se u se nso de
va lor pe ssoa l f ic a tota lm e nte liga do à ide ia de ve nc e r. Em outr os
la r e s, um ge nitor de sse tipo tr a nsm ite e sse pa dr ã o à c r ia nç a , que o
he r da a ssim c om o he r dou a c or dos olhos. E e m c e r tos c a sos é o
f r a c a sso de um pa i inc om pe te nte que inc ita a c r ia nç a a busc a r o
suc e sso, a tor na r- se , na ve r da de , a som br a do pa i.
JOHN R. O'NEILL
Supõe - se que toda s a s pe ssoa s que r e m te r ê xito; qua nto m a is, m e lhor.
Ma s obse r va m os, r e c e nte m e nte , a lgum a s distor ç õe s pe c ulia r e s na
de f iniç ã o de ê xito, e a gor a tr a ze m os c onosc o a som br a dos r e sulta dos
de ssa tr a nsiç ã o. Em ge r a l, indivíduos e orga niza ç õe s de sf r uta m de um
pe r íodo de ê xito f ulgur a nte que m a is ta r de se e m pa na . O ê xito, a o
c he ga r, pa r e c e tr a ze r e m si um a a nsie da de : Se r á que e le va i dur a r ?
Com o posso obte r a inda m a is? Se r á que e u o m e r e ç o? E se e u o
pe r de r ? P or e ssa r a zã o, o ê xito se tr a nsf or m a r a pida m e nte de j úbilo
e m pr e oc upa ç ã o, de a le gr ia e m f a diga c r ônic a , e m de pr e ssã o ou
num a c r ise pe ssoa l de signif ic a do.
Ha via m a is pa r te s de le oc ulta s que visíve is. Esse c onte údo vita l que
ne ga m os c ontr ola a dir e ç ã o da nossa vida , nosso níve l de e ne rgia e
nossa biogr a f ia pe ssoa l. Se c ontinua m os a e nte r r a r e ssa s pa r te s de nós
m e sm os na e sc ur idã o, ine vita ve lm e nte pa ga r e m os c om a m oe da da
nossa a lm a .
•Somos dotados de tale ntos e spe c iais. Esta m os ve ndo o r osto da nossa
som br a qua ndo de sc obr im os que c om e ç a m os a tom a r c e r tos a r e s de
e go inf la do, ta is c om o a c r e dita r que pode m os f a ze r a va lia ç õe s
inf a líve is a c e r c a dos outr os ou e vita r e r r os hum a nos.
•M atamos o me nsage iro. Esta m os a c a m inho de f utur os sof r im e ntos
qua ndo a c usa m os a pe ssoa que tr a z inf or m a ç õe s c ontr á r ia s à s nossa s
de e xc ê ntr ic a , le r da de e spír ito, inve j osa ou inc a pa z de c a pta r o
pa nor a m a ge r a l. Com e ç a m os a se guir o c ostum e m e die va l de "m a ta r
o m e nsa ge ir o" qua ndo, na qua lida de de líde r e s, nos isola m os e
r e str ingim os c a da ve z m a is o nosso c ír c ulo de c onse lhe ir os
c onf iá ve is.
•Pre c isamos e star no c omando. Qua ndo a a r r ogâ nc ia e stá pr e se nte , o
e go c om e ç a a se a f ir m a r e m de m onstr a ç õe s de a utor ida de ta is c om o
pr e oc upa r- se e m se r c ha m a do de "se nhor ", te r a sse nto e m luga r de
pr e stígio e voz a tiva na s r e uniõe s. A ne c e ssida de de que nossa
im por tâ nc ia se j a c onsta nte m e nte r e c onhe c ida pe los outr os é sina l de
inse gur a nç a r e pr im ida .
•Nossa moral é mais e le v ada que a dos outros. Qua ndo um a pe ssoa ou
gr upo e stá no c a m inho da a r r ogâ nc ia pur ita na , a que le s que pe nsa m
dif e r e nte pode m vir a se r r otula dos c om o e r r a dos, m a us ou inim igos.
I sso ta lve z a livie te m por a r ia m e nte a te nsã o e ntr e o be m e o m a l m a s,
na ve r da de , é a a r r ogâ nc ia ope r a ndo sob o disf a r c e da bonda de .
Qua ndo a a r r ogâ nc ia e stá e m a ç ã o, pa r a m os de a pr e nde r. Nosso e go
inf la do e nc obr e a som br a que , c om sua f úr ia e sc ur a e m iste r iosa ,
a m e a ç a de r r uba r- nos. Ma s, um a ve z que sa iba m os que e la e stá a li,
pode se r útil le m br a r que novos a pr e ndiza dos e stã o c ontidos no
pr ópr io c onte údo da som br a . O e go só se e m pe r tiga por que que m e stá
no c ontr ole é , na ve r da de , a som br a . Qua ndo e nc ontr a m os um a
m a ne ir a de a ba ndona r a s ne c e ssida de s, os pa pé is, os sím bolos e o
c om por ta m e nto pur ita no do e go, e sta m os e m situa ç ã o de pe ne tr a r o
c a os de novos a pr e ndiza dos e c om e ç a r a r e de sc obr ir nova s pa r te s de
nós m e sm os.
M ARSHA SINETAR
As pe ssoa s que sã o e f ic ie nte s e m se u tr a ba lho c onhe c e m se us lim ite s.
Ela s c oloc a m e ssa s lim ita ç õe s a se r viç o de sua s vida s, c onse guindo
inte gr á - la s a o se u m odo e spe c íf ic o de tr a ba lha r. Ela s de sc obr ir a m ,
c or r e ta m e nte , que pr e c isa m da r a te nç ã o a o se u pr ópr io c a r á te r f ísic o
e psic ológic o, à s sua s te ndê nc ia s e m oc iona is e pa dr õe s de
c onc e ntr a ç ã o, e que e ssa s lim ita ç õe s a s a j uda m no tr a ba lho. De f a to,
a c om bina ç ã o de lim ita ç õe s de um a pe ssoa f or m a um c om ple xo de
a tr ibutos c uj o signif ic a do e stá a lé m da c om pr e e nsã o c or r e nte de
qua lque r um — a té m e sm o de la pr ópr ia . Esse c om ple xo é a e ssê nc ia
de sua e xpr e ssã o na vida .
CHELLIS G LENDINNING
PETER B ISHOP
As r e giõe s se lvage ns e a pe r da da be le za
A história dos trê s pe dre iros ilustra c omo a nossa atitude pode
transformar o nosso trabalho:
J ame s Hillman
Sazanne Wagne r
Introdução
Em ta l unive r so e m pr e to e br a nc o, o c e r to e o e r r a do sã o dois
c a m inhos distintos, um le va ndo a o c é u e o outr o, a o inf e r no. Os que
ve r da de ir a m e nte a c r e dita m e m a lgum a tr a diç ã o dir ia m que se tr a ta
de um a e sc olha do tipo "e /ou". Com o be m c oloc ou o c om positor Bob
Dy la n: "Voc ê te m que se r vir a a lgué m . P ode se r o Dia bo, pode se r o
Se nhor. Ma s voc ê te m que se r vir a a lgué m ."
As f or ç a s gê m e a s do be m e do m a l, da luz e da s tr e va s, a pa r e c e m na
m a ior ia da s tr a diç õe s c om va r ia ç õe s de sse te m a . No ta oísm o c hinê s,
o c onhe c ido sím bolo y in- y ang r e pr e se nta a a lia nç a dos opostos que
f lue m um pa r a o outr o; m a s, a lé m disso, c a da polo c onté m o outr o
num e te r no a br a ç o, inse pa r a ve lm e nte unidos pe la sua pr ópr ia
na tur e za .
Fina lm e nte , John Ba bbs dá sua visã o m uito pe ssoa l sobr e a c r e sc e nte
obj e ç ã o a o f unda m e nta lism o nova e r a e a o víc io pe ne tr a nte da luz, os
qua is glor if ic a m um a c osm ovisã o que nos de spoj a de pr of undida de .
Esta m os, ne ste e xa to m om e nto, num im por ta nte e stá gio de tr a nsiç ã o.
Esta m os c om e ç a ndo a olha r pa r a c e r ta s á r e a s que nã o e nf r e nta m os
há m uito te m po. Essa á r e a da inte gr a ç ã o da som br a é um a de la s.
Ma r tinho Lute r o viu- a e a Re f or m a f oi um pe r íodo no qua l e ssa á r e a
f oi c or a j osa m e nte e nf r e nta da . ( Lá stim a que ta ntos e r r os diplom á tic os,
de a m bos os la dos, te nha m le va do a um c ism a na I gr e j a e nã o a um a
r e nova ç ã o.) Lute r o e nf a tizou um a c onvic ç ã o f unda m e nta l do Novo
Te sta m e nto que a I gr e j a Ca tólic a só a gor a e stá a lc a nç a ndo, a sa be r :
"é pe la gr a ç a que f oste s sa lvos". Essa f oi um a da s pr im e ir a s ve r da de s
da tr a diç ã o c r istã : nã o é por a quilo que f a ze s que ga nha s o a m or de
De us. Nã o é por se r e s tã o br ilha nte e lum inoso, ne m por te r e s te
pur if ic a do de toda a e sc ur idã o que De us te a c e ita . Ele te a c e ita c om o
é s. Nã o por f a ze r e s a lgo, nã o pe la s tua s obr a s, m a s pe la gr a ç a f oste
sa lvo. I sso signif ic a que pe r te nc e s. De us te a c e itou. De us te a br a ç a
c om o é s — som br a e luz, tudo. De us a br a ç a , pe la gr a ç a , E isso j á
a c onte c e u.
P a ulo diz: "Me sm o e m c óle r a , nã o pe que is." I sso soa c onte m por â ne o
a os nossos ouvidos. P e c a do é a lie na ç ã o. Nã o de ixe s que a r a iva te
a pa r te dos outr os, m a s ta m pouc o r e pr im a s a tua r a iva . Se nte s r a iva , é
c e r to. Ma s que ... "nã o se ponha o sol sobr e a vossa ir a ". Eis a í
nova m e nte um a de c la r a ç ã o poé tic a . Ela ta lve z signif ique ,
lite r a lm e nte , que de ve s r e c om por te a nte s que a noite c a ia . Esse é um
dos se us m a is c la r os signif ic a dos. Ma s ta m bé m pode signif ic a r que
nã o de ve s nunc a , ne m m e sm o no insta nte e m que se nte s r a iva , de ixa r
o sol se pôr sobr e e ssa som br a . Vê c om que be le za isso f oi e xpr e sso.
Nã o de ixe s o sol se pôr sobr e a tua r a iva . Nã o de ixe s que a tua r a iva
te le ve à a lie na ç ã o.
KATY B UTLER
Num a ta r de do ve r ã o de 1982, um a m igo m e u e sta va num a r ua e m
Boulde r, Color a do — sob o lum inoso c é u a zul da s Monta nha s Roc hosa s
—, se gur a ndo um a ga r r a f a de sa que . A be bida , um ge sto de gr a tidã o,
e r a um pr e se nte pa r a Ose l Te ndzín, r e ge nte do Va j r a , o "Ra dia nte
P or ta dor dos Ensina m e ntos", o se gundo e m c om a ndo na c om unida de
Va j r a dha tu, o m a ior r a m o do budism o tibe ta no nos Esta dos Unidos.
— P e nsa ndo que tinha a lguns m e ios e xtr a or diná r ios de pr ote ç ã o,
c ontinue i a vive r c om o se a lgum a c oisa f osse c uida r disso por m im .
— Diz- se que f or a m a s pa la vr a s pr onunc ia da s por Te ndzin dia nte da
a tur dida a sse m ble ia da c om unida de , e m Be r ke le y , e m m e a dos de
de ze m br o.
Com o j or na lista , note i que a c obe r tur a dos e sc â nda los pe la m ídia
pa r e c ia e nc or a j a r a pr of unda suspe ita do a m e r ic a no le igo e m r e la ç ã o
a todos os im pulsos r e ligiosos. Os m e str e s f or a m m ostr a dos c om o
c ínic os e xplor a dor e s; se us se guidor e s, c om o tolos c r é dulos.
Alguns disc ípulos a gor a se nte m que o Re ge nte Ose l Te ndzin sof r ia de
um a ne ga ç ã o se m e lha nte da s lim ita ç õe s hum a na s, be m c om o de
ignor â nc ia do c om por ta m e nto de víc io.
Se gr e dos de f amília
Qua ndo a c r ise ir r om pe u, um a m inor ia pe que na m a s signif ic a tiva de
disc ípulos Va j r a dha tu c om e ç a r a a c uida r da s f e r ida s de ixa da s pe lo
a lc oolism o e pe lo inc e sto de sua s f a m ília s. Em m e a dos dos a nos 80,
c e r c a de 250 m e m br os Va j r a dha tu do pa ís todo — pr inc ipa lm e nte
e sposa s de a lc oóla tr a s — unir a m - se a o Al- Anon, um a orga niza ç ã o
m olda da nos A.A, pa r a f a m ília s de a lc oóla tr a s, e m a is de um a vinte na
de m e m br os da sangha unir a m - se a os A.A. Re f r ige r a nte s pa ssa r a m a
se r se r vidos na s c e r im ônia s Va j r a dha tu e a a tm osf e r a de a lc oolism o
e xc e ssivo dim inuiu.
A supr e ssã o de disc ussõe s públic a s r e pe tia ta nto a tr a diç ã o a siá tic a de
sa lva r o pr e stígio qua nto a dinâ m ic a da s f a m ília s a lc oóla tr a s. "Existe
um a se nsa ç ã o de se gr e dos de f a m ília , c oisa s da s qua is voc ê nã o f a la ,
e spe c ia lm e nte c om e str a nhos", diz Le vinson. "Logo de pois que a s
notíc ia s f or a m divulga da s, e sc r e vi pa r a o Re ge nte e disse : Se os
rumore s são v e rdade iros, e ntão [e ssas aç õe s} não pare c e m e star de
ac ordo c om o dharma, mas isso não faz de v oc ê um de mônio. A c oisa
mais importante é o que fare mos agora. Eu re alme nte gostaria que
v oc ê v ie sse c onv e rsar abe rtame nte c onosc o, e m pe que nos grupos, pe lo
me nos e m Boulde r e e m Halifax , c onforme sua saúde pe rmitir. Se v oc ê
pude r faze r isso, nós... talv e z possamos re stabe le c e r alguma c onfianç a.
Minha m a ior lá stim a é que e le nã o f e z isso."
A m e sm a de f e r ê nc ia e r a pr e sta da a se u he r de ir o do d h a rm a , Ose l
Te ndzin. ' ' Sua s r e f e iç õe s da va m oc a siã o a um f r e ne si de toa lha s
e ngom a da s, pr a ta r ia polida , a r r a nj os de m e sa m e tic ulosos e
c or e ogr a f ia s e xa ta s dos se r vidor e s", disse a pr odutor a de TV De bor a h
Me nde lsohn, que a j udou a hospe da r Te ndzin dur a nte se us dois r e tir os
de m e dita ç ã o e m Los Ange le s, m a s que de pois a ba ndonou a
c om unida de . "Qua ndo e le via j a va , a c om pa nha va - o um m a nua l pa r a
or ie nta r se us hospe de ir os nos de ta lhe s dos c uida dos pa r a c om e le ,
inc luindo instr uç õe s sobr e c om o e e m que or de m of e r e c e r- lhe a
toa lha , a r oupa de ba ixo e o r obe qua ndo e le sa ía do c huve ir o."
Alé m disso, Aziz suge r e que os tibe ta nos pode r ia m "de m onstr a r todo o
tipo de ir r e ve r ê nc ia a um rinpoc he m a s nã o ir ia m ne c e ssa r ia m e nte
f a ze r o que e le diz. Ve j o m uito m a is disc e r nim e nto e ntr e m e us a m igos
tibe ta nos e ne pa le se s", c onc luiu e la , "do que e ntr e os oc ide nta is".
O pont o de mut aç ão
No últim o outono, pa r e c ia que a sangha Va j r a dha tu ir ia se dividir e m
dua s. De pois do longo r e tir o a c onse lha do por Dilgo Khy e ntse
Rinpoc he . Te ndzin a tr e vida m e nte r e a f ir m ou sua a utor ida de . Os que se
r e c usa r a m a a c e ita r sua lide r a nç a e spir itua l f or a m de m itidos de
c om itê s- c ha ve , im pe didos de e nsina r m e dita ç ã o e pr oibidos de tom a r
pa r te e m pr á tic a s a va nç a da s c om o r e sta nte da sua c om unida de . O
c onf lito tom ou- se tã o inte nso que a s dua s f a c ç õe s oposta s e nvia r a m
de le ga ç õe s a o Ne pa l e à Í ndia pa r a im plor a r a os la m a s supe r ior e s que
lhe s de sse m a poio.
De pois da que da
Enqua nto Va j r a dha tu luta pa r a le va nta r- se , outr a s s a n g h a s budista s
que pa ssa r a m por c r ise s se m e lha nte s ta m bé m e stã o busc a ndo
m a ne ir a s de c ur a r sua s c om unida de s. Num dos m a is pr om issor e s
e f e itos c ola te r a is, os m e str e s a m e r ic a nos da m e dita ç ã o inte r ior
( v ipassaná) e la bor a r a m r e c e nte m e nte um c ódigo de pa dr õe s é tic os
pa r a os m e str e s e c r ia r a m um a j unta da c om unida de pa r a inspe c ioná -
los.
Agor a e stou e studa ndo c om outr o m e str e budista e c onsta nte m e nte
le m br o a m im m e sm a de pe r m itir que e le — e e u pr ópr ia — te nha m os
im pe r f e iç õe s. Um a ve z por m ê s, m a is ou m e nos, r e úno- m e c om
outr a s pe ssoa s na c a sa de um a m igo pa r a r e c ita r os pr e c e itos budista s
pa r a os le igos.
G EORG FEUERSTEIN
Em se u livr o The Lotus and the Robot [ O Lótus e o Robô] , Ar tur
Koe stle r na r r a um inc ide nte oc or r ido qua ndo e le e sta va se nta do a os
pé s da gur u india na Ana nda m a y i a , que é ve ne r a da por de ze na s de
m ilha r e s de hindus c om o um a e nc a r na ç ã o do Divino. Um a m ulhe r
idosa a pr oxim ou- se do e str a do e suplic ou a Ana nda m a y i Ma que
inte r c e de sse por se u f ilho, de sa pa r e c ido e m a ç ã o num r e c e nte
inc ide nte na f r onte ir a . A sa nta ignor ou- a por c om ple to. Qua ndo a
m ulhe r se tor nou histé r ic a , Ana nda m a y i Ma dispe nsou- a c om ba sta nte
a spe r e za , o que f oi um sina l pa r a se us a te nde nte s r a pida m e nte
c onduzir e m a m ulhe r pa r a f or a da sa la .
Alguns a de ptos r e solve r a m e ssa que stã o a dm itindo que e xiste um e go-
f a nta sm a , um c e ntr o r e sidua l da pe r sona lida de , m e sm o de pois do
de spe r ta r c om o Re a lida de unive r sa l. Se a c e ita m os e ssa pr oposiç ã o,
e ntã o pode m os ta m bé m f a la r da e xistê nc ia de um a som br a - f a nta sm a
ou de um a som br a r e sidua l que pe r m ite a o se r ilum ina do f unc iona r
na s dim e nsõe s da r e a lida de c ondic iona l. No indivíduo nã o- ilum ina do,
e go e som br a a nda m j untos; pode r ía m os postula r um a pola r iza ç ã o
a ná loga e ntr e e go- f a n- ta sm a e som br a - f a nta sm a a pós a ilum ina ç ã o.
W. B RUG H JOY
Qua ndo visite i pe la pr im e ir a ve z a c om unida de Findhor n, e m 1975, e u
e sta va a pe na s c om e ç a ndo a e xplor a r a possibilida de de tr e ina r a s
pe ssoa s pa r a se ntir e m a s e ne rgia s que se ir r a dia m do c or po e a se r e m
c a pa ze s, e la s m e sm a s, de tr a nsf e r ir e ne rgia pa r a o c or po de outr a
pe ssoa c om o pr opósito de c ur a f ísic a e e quilíbr io psic ológic o.
Qua ndo e xpr e sse i a s im pr e ssõe s que se ntia na que le m om e nto, num a
da s r e uniõe s notur na s da c om unida de , a pr e se nte i um qua dr o dif e r e nte
do que a pr e se nta r a c inc o a nos a nte s... e um qua dr o m a is dif íc il.
Disse lhe s que o f utur o pr óxim o se r ia um pe r íodo de c ontr a ç ã o e de
r e str iç ã o de r e c ur sos m a te r ia is. A c om unida de ha via de sf r uta do um a
f a se de c r e sc im e nto e a bundâ nc ia , m a s a gor a a pr oxim a va - se a f a se
de ba ixa da que le c ic lo. É m e lhor voc ê s se pr e pa r a r e m c om
a nte c e dê nc ia , disse lhe s e u.
A f unç ã o dos poe ta s é da r voz a o c ole tivo. Qua ndo o c onte údo de sua
poe sia é r a iva inf a ntil e r e sse ntim e nto r e pr im ido — e c om o é na tur a l
que ta is c oisa s e xista m num a c om unida de que só se vê c om o
m a nif e sta ç ã o de a m or e luz! —, é pr e c iso e nc ontr a r um obj e to pa r a
c a r r e ga r a s f or ç a s inc onsc ie nte s. Atr a vé s do m e c a nism o da pr oj e ç ã o,
a s e ne rgia s de str utiva s pude r a m se r libe r a da s na que la noite se m que
os pa r tic ipa nte s pr e c isa sse m a dm itir que a s f or ç a s do de spr e zo e da
inve j a e sta va m , nã o a pe na s de ntr o do poe ta , m a s ta m bé m de ntr o da
pr ópr ia c om unida de ! Ao pr oj e ta r e sse m a te r ia l sobr e m im e sobr e os
outr os a m e r ic a nos, e le na ve r da de e sta va pr om ove ndo um a c ur a ou
e quilíbr io da s f or ç a s inc onsc ie nte s da c om unida de . No e nta nto, te r ia
sido m e lhor pa r a todos nós se a c om unida de tive sse a va nç a do no
pr oc e sso de a ssum ir o la do e sc ur o de sua na tur e za , m a s nã o f oi a ssim
que a s c oisa s se pa ssa r a m na que la noite . Qua nto a m im , na m e dida
e m que e u a dm itia que sua s a c usa ç õe s tinha m de f a to um a
c ontr a pa r tida e m m im e e u a s a ssum ia c onsc ie nte m e nte , f ui c a pa z de
pe r m a ne c e r a utoc e ntr a do e ta m bé m de ve r que o c onte údo da som br a
da c om unida de , há m uito r e pr im ido, e sta va ir r om pe ndo.
Enqua nto o poe ta c ontinua va se u vulc â nic o de spe j a r de e m oç õe s
e sc ur a s, a c om unida de c om o um todo m ostr a va um a a m pla ga m a de
r e a ç õe s. Alguns gr ita r a m pa r a que e le se c a la sse . Alguns c om e ç a r a m
a c hor a r e a ba ndona r a m o sa lã o. Outr os e sta va m f e lize s por a lgué m
te r tido a c or a ge m de a f ir m a r o que m uitos se ntia m . Alguns
c om e ç a r a m a de f e nde r os a m e r ic a nos e o m odo de vida a m e r ic a no.
Outr os, hum ilha dos e e m ba r a ç a dos, pe dir a m - m e que de f e nde sse a
m im m e sm o e a os m e us c om pa tr iota s, ou que f ize sse a lgum a c oisa .
Enc or a j e i o poe ta a c ontinua r, pe nsa ndo que e le nã o pode r ia te r m uito
m a is a dize r... m a s e le tinha !
LIZ G REENE
Um a da s c oisa s m a is inte r e ssa nte s que voc ê s pode m f a ze r c om um
m a pa a str a l é olhá - lo do ponto de vista da quilo que e stá no e sc ur o e
da quilo que e stá na luz. Eu gosta r ia de disc utir m a is e spe c if ic a m e nte a
f igur a da som br a , por que a som br a e m ge r a l ve ste a m á sc a r a do
pr ópr io se xo da pe ssoa . Nã o a c ho que e ssa se j a um a r e gr a r ígida , m a s
o pr oble m a da som br a nã o é um pr oble m a de a tr a ç ã o ou r e pulsã o
se xua l. O m a is f r e que nte é que e la se r e la c ione c om o dile m a de
a c e ita r a pr ópr ia se xua lida de , a pr ópr ia m a sc ulinida de ou
f e m inilida de . P a r e c e que qua lque r c oisa de um m a pa a str a l pode c a ir
na som br a . Qua lque r ponto do m a pa pode se r a pr opr ia do por e ssa
f igur a , [ Já f a le i sobr e os e le m e ntos a use nte s no m a pa .] Esse s
e le m e ntos a use nte s nã o a pe na s tê m que ve r c om o tipo de pe ssoa s por
que m nos a pa ixona m os. Ele s ta m bé m e stã o liga dos a o la do e sc ur o da
a lm a . Os a spe c tos pla ne tá r ios ta m bé m pode m te r ta nto que ve r c om a
som br a qua nto c om o tipo de pe ssoa que nos f a sc ina no se xo oposto.
P ontos do m a pa , ta is c om o o De sc e nde nte e o Fundo- do- Cé u ( o F,C, o
na dir ou o ponto m a is ba ixo) ta m bé m tê m m uito que ve r c om a s
f a c e ta s da pe r sona lida de que c a e m na som br a .
Minha c lie nte e ntã o m e c ontou que e ssa m ulhe r, c e r c a de vinte a nos
m a is j ove m que e la , e r a "um a da que la s r e c e pc ionista zinha s idiota s".
P a r e c ia que e ssa m oç a se m a goa va c om f a c ilida de , c hor a va m uito e
se f ingia de de sa m pa r a da pa r a todos os hom e ns do e sc r itór io. Esta va
se m pr e pe dindo a j uda c a le ga va que nã o sa bia f a ze r a s c oisa s, m e sm o
qua ndo sa bia , pa r a que os outr os pr e c isa sse m a j udá - la . Minha c lie nte
c ontinuou usa ndo os a dj e tivos m a is c a r r e ga dos — a m oç a e r a f a lsa ,
tr a iç oe ir a , hor r or osa , noj e nta . Um a da s m a ne ir a s pe la s qua is voc ê s
pode m ve r f a c ilm e nte a dinâ m ic a da pr oj e ç ã o da som br a é pe la
a dj e tiva ç ã o, que é se m pr e e xtr e m a da . Minha c lie nte nã o c onse guia
dize r a pe na s: "Nã o gosto de ssa m ulhe r." E a ssim e la c ontinuou, por
a lgum te m po.
SALLIE NICHOLS
Che gou a hor a de e nc a r a r o Dia bo. Enqua nto im por ta nte f igur a
a r que típic a , e le pe r te nc e a pr opr ia da m e nte a o c é u, à f ila de c im a do
nosso m a pa do Ta r ô. Ma s e le c a iu... le m br a - se ? Na sua ve r sã o da
histór ia , e le la rgou o e m pr e go e de m itiu- se do c é u. Disse que m e r e c ia
um a opor tunida de m e lhor ; a c ha va que de via te r r e c e bido um a um e nto
e m a is a utor ida de .
Ma s e ssa e str a nha be sta que vive de ntr o de nós, que pr oj e ta m os sobr e
a f igur a do Dia bo, a f ina l de c onta s, é Lúc if e r, o Anj o da Luz. Ele é
um a nj o — e m bor a um a nj o c a ído — e , c om o ta l, um m e nsa ge ir o de
De us. E pr e c iso que tr a ve m os c onhe c im e nto c om e le .
JOHN B AB B S
Onte m à noite , c om o te nho f e ito ta nta s e ta nta s ve ze s, f ui a um a
de ssa s m a r a vilhosa s r e uniõe s Nova Er a . E a c ho que nã o a gue nto m a is.
Enj oe i. P r e c iso e sc a pa r da tor tur a de se r m or ta lm e nte a be nç oa do e m
noite s c om o e ssa s. Existe a li a lgum a c oisa a ssusta dor a m e nte ir r e a l
que e u nã o c onsigo ide ntif ic a r dir e ito. Só se i que , de pois, e u que r o
m e sm o é gr ita r um pa la vr ã o sonor o, ir a o bote c o m a is sór dido, be be r
c e r ve j a no ga rga lo e c a ç a r um a de sa j usta da qua lque r.
182
Sabe mos que não pode mos e liminar o re ino dos fantasmas famintos;
e le s e x iste m, por isso pre c isamos c uidar de le s. E e ntão o e fe ito de se us
que ix ume s se rá me nor. O me smo oc orre c om a sombra.
De a c or do c om a na r r a ç ã o de P e te r Le a vitt 183
Par t e 7
Nã o há dúvida de que a sa úde m e nta l é ina de qua da e nqua nto doutr ina
f ilosóf ic a , pois os f a tos m a us que e la se r e c usa te r m ina nte m e nte a
e xplic a r sã o um a por ç ã o ge nuína da r e a lida de ; e ta lve z e le s se j a m ,
a f ina l, a m e lhor c ha ve pa r a e nte nde r m os o se ntido da vida e os únic os
que pode r ia m a br ir nossos olhos pa r a os níve is m a is pr of undos da
ve r da de .
William J ame s
C. G. J ung
Introdução
P or todo o subc ontine nte india no, a tr a dic iona l c ultur a hindu vê o m a l
tr a nspe ssoa l c om o pa r te da e xpr e ssã o c a m bia nte de um a únic a
substâ nc ia divina ou e ne rgia vita l. De a c or do c om He inr ic h Zim m e r,
e studioso do hinduísm o, o m a l é pa r te inte gr a nte do c ic lo ká r m ic o de
c a usa e e f e ito. Os hindus a c r e dita m que nos tor na m os m e r e c e dor e s da
f e lic ida de ou do sof r im e nto e m f unç ã o dos nossos a tos individua is e
da inte nç ã o que e stá por tr á s de sse s a tos. "Em inf indá ve is c ic los, o
be m e o m a l se a lte r na m ", diz um a le nda hindu. "P or isso o sá bio nã o
se a pe ga a o m a l ne m a o be m . O sá bio a na da se a pe ga ."
Nã o e xiste m doutr ina s inf a líve is; a s te nta tiva s m a is hone sta s pa r a
c he ga r à ve r da de sobr e o m a l e m nossa vida pode m a pe na s pr oduzir
um a pr om e ssa de m a ior c onsc iê nc ia . Ca da ge r a ç ã o te m se u pr ópr io
e nc ontr o c om o e spe c tr o, c a da ve z m a is a ssusta dor, do m a l. Nossos
f ilhos, na sc idos num a é poc a de dogm a s sim plista s e de um pote nc ia l
se m pr e c e de nte s pa r a a de str utivida de hum a na , e xige m e m e r e c e m os
be ne f íc ios de um c onhe c im e nto e quilibr a do e e sc la r e c ido sobr e o
m a l.
Em se u a r tigo, "O r e c onhe c im e nto da nossa c isã o inte r ior ", Andr e w
Ba r d Shm ookle r suge r e que só qua ndo inic ia m os a luta inte r ior c ontr a
o m a l é que se tor na possíve l f a ze r m os a s pa ze s c om a som br a . Sua s
obse r va ç õe s sobr e o e studo de Er ik Er ikson a r e spe ito do pr oble m a da
som br a do Ma ha tm a Ga ndhi a c r e sc e nta m um a im por ta nte dim e nsã o
a o diá logo de se nvolvido ne sta se ç ã o. O a r tigo de Sc hm ookle r f oi
e xtr a ído do se u livr o Out of We ak ne ss [ Da Fr a que za ] , Esses ensaios,
embora não sejam um estudo exaustivo da questão do mal, formam uma
provocante mesa-redonda de ideias que deixa espaço para a entrada dos nossos
próprios pensamentos. Puxe sua cadeira. O diálogo continua.
C. G . Jung
O m ito c r istã o pe r m a ne c e u vivo e ina lte r a do dur a nte um m ilê nio —
a té que os pr im e ir os indíc ios de um a tr a nsf or m a ç ã o da c onsc iê nc ia
c om e ç a r a m a surgir no sé c ulo XI .1 Da í e m dia nte , a um e nta r a m os
sintom a s de inquie ta ç ã o e dúvida a té que , ne ste f ina l do se gundo
m ilê nio, tor na - se e vide nte a im a ge m de um a c a tá str of e unive r sa l que
se inic ia sob a f or m a de um a a m e a ç a à c onsc iê nc ia . Essa a m e a ç a
c onsiste do giga ntism o — e m outr a s pa la vr a s, um a a r r ogâ nc ia da
c onsc iê nc ia — e xpr e sso na a f ir m a ç ã o: "Na da é m a ior que o hom e m e
se us f e itos." P e r de u- se a ide ia do a lé m , a tr a nsc e ndê nc ia do m ito
c r istã o, e c om e la a visã o da tota lida de a se r a lc a nç a da no outr o
m undo.
A que stã o outr or a c oloc a da pe los gnóstic os, "De onde ve m o m a l?",
nã o r e c e be u ne nhum a r e sposta do m undo c r istã o; e a c a ute losa
suge stã o de Or íge ne s sobr e um a possíve l r e de nç ã o do de m ônio f oi
a c usa da de he r e sia . Hoj e , som os c om pe lidos a e nf r e nta r e ssa que stã o;
m a s e sta m os de m ã os va zia s, e spa nta dos e pe r ple xos, e ne m se que r
pe r c e be m os que ne nhum m ito vir á e m nosso a uxílio, e m bor a
te nha m os tã o urge nte ne c e ssida de de le . Com o r e sulta do da situa ç ã o
polític a e dos a ssusta dor e s, pa r a nã o dize r dia bólic os, tr iunf os da
c iê nc ia , som os a gita dos por tr e m or e s se c r e tos e e sc ur os
pr e sse ntim e ntos; m a s nã o sa be m os o que f a ze r e pouc os sã o os que
pe r c e be r a m que de sta ve z tr a ta - se da alma humana, há m uito
e sque c ida .
ROLLO M AY
M . SCOTT PECK
Ante c ipa ndo- se a P e c k, Rollo Ma y de f e nde u que nos Esta dos Unidos
pouc o a inda c om pr e e nde m os sobr e a ve r da de ir a na tur e za do m a l e ,
por ta nto, e sta m os tr iste m e nte de spr e pa r a dos pa r a e nf r e ntá - lo. Ma y
le m br a a a dve r tê nc ia de Jung à Eur opa : "O m a l tor nou- se um a
r e a lida de de te r m ina nte , De ixou de se r possíve l de se m ba r a ç a r- se de le
por um a c ir c unloc uç ã o. E a gor a pr e c isa m os a pr e nde r a c onvive r c om
e le , pois e le e stá a qui e a qui pe r m a ne c e r á . Ainda nã o c onse guim os
c onc e be r c om o vive r c om o m a l se m sof r e r sua s te r r íve is
c onse quê nc ia s." 3
P e c k, c uj os e sc r itos à s ve ze s sã o c om pa r a dos a os de Ma y , e nf oc a
sobr e tudo o dom ínio e spir itua l- te ológic o; se u a tua l siste m a de c r e nç a
é c onve nc iona lm e nte c r istã o. P e c k e sta be le c e um a distinç ã o e ntr e o
m a l hum ano e o m a l de m oníac o, Ele vê o m a l hum a no c om o um a
"f or m a e spe c íf ic a de doe nç a m e nta l", um a e spé c ie c r ônic a e insidiosa
de "na r c isism o m a ligno", No e nta nto, P e c k a c r e dita que o m a l
de m onía c o se j a de or ige m sobr e na tur a l, um pr oduto dir e to da
"posse ssã o por de m ônios m e nor e s" ou por Sa tã , pa r a a qua l o
e xor c ism o é o tr a ta m e nto ne c e ssá r io.5
Atua lm e nte , o dia bo e stá r e duzido a um c onc e ito de svita liza do a o qua l
f a lta o tipo de a utor ida de de que e le um dia de sf r utou. Na ve r da de ,
pa r a m uita s pe ssoa s, Sa tã tor nou- se um sina l — nã o um sím bolo r e a l
— de um siste m a r e ligioso r e j e ita do, nã o- c ie ntíf ic o e supe r stic ioso.
ERNEST B ECKER
Mostr e i, e m outr o e nsa io, que todo o e dif íc io do sobe r bo pe nsa m e nto
de Ra nk f oi c onstr uído sobr e um a únic a pe dr a f unda m e nta l: o m e do
hum a no da vida e da m or te . Nã o é o c a so de r e pe ti- lo a qui, e xc e to
pa r a que nos le m br e m os por que oc ulta m os tã o be m e sse s m otivos
f unda m e nta is. Af ina l de c onta s, f oi pr e c iso o gê nio de Fr e ud e todo o
m ovim e nto psic a na lític o pa r a r e ve la r e doc um e nta r os m e dos gê m e os
da vida e da m or te . A r e sposta é que o hom e m , na ve r da de , nã o vive
a be r ta m e nte e xposto num a pr a te le ir a de c ova r dia e te r r or ; se o
f ize sse , nã o pode r ia c ontinua r m a nte ndo sua a pa r e nte se r e nida de e
im pr udê nc ia . Os m e dos do hom e m e stã o pr of unda m e nte e nte r r a dos
pe la r e pr e ssã o, que dá à vida c otidia na um a f a c ha da tr a nquila ; só
oc a siona lm e nte o de se spe r o se de ixa vislum br a r e , m e sm o a ssim , só
pa r a a lgum a s pe ssoa s. A r e pr e ssã o é , por ta nto, a gr a nde de sc obe r ta da
psic a ná lise ; e la e xplic a c om o o hom e m pode e sc onde r tã o be m , a té
m e sm o de si pr ópr io, sua s m otiva ç õe s bá sic a s. Ma s o hom e m ta m bé m
vive num a dim e nsã o de de spr e oc upa ç ã o, c onf ia nç a , e spe r a nç a e
a le gr ia que lhe dá um a e la stic ida de m uito a lé m do que o pe r m itir ia a
r e pr e ssã o. I sso, c om o vim os c om Ra nk, é r e a liza do pe la e nge nha r ia
sim bólic a da c ultur a , que e stá a se r viç o do hom e m c om o um a ntídoto
pa r a o te r r or, da ndo- lhe um a vida nova e dur á ve l a lé m da que la do
c or po.
Na m inha opiniã o, ningué m r e sum iu e sse s c om ple xos f unc iona m e ntos
psíquic os tã o be m qua nto Jung, c om se u e stilo c ie ntíf ic o- poé tic o, a o
f a la r sobr e a "som br a " que e xiste e m c a da psique hum a na . Fa la r da
som br a é um a outr a m a ne ir a de r e f e r ir- se a o se ntim e nto de c r ia tur a
inf e r ior de c a da indivíduo, a c oisa que e le m a is que r ne ga r. Er ic h
Ne um a nn sum a r izou e m pouc a s pa la vr a s a visã o j unguia na : A som br a
é o outr o la do. Ela é a e xpr e ssã o da m inha pr ópr ia im pe r f e iç ã o e da
m inha na tur e za te r r e na ; o ne ga tivo que é inc om pa tíve l c om os va lor e s
a bsolutos [ ou se j a , o hor r or da pa ssa ge m da vida e c onhe c im e nto da
m or te ] . 3
— Ma s isso é o que dize m os a qui. P or que disse ste que e r a dif e r e nte ?
— Ele s m e e nsina r a m a a m a r o inim igo de ntr o de m im m e sm o.
Parte 8
C. G. J ung
Nossos a m igos nos m ostr a m o que pode m os f a ze r ; nossos inim igos nos
e nsina m o que pr e c isa m os f a ze r.
Goe the
Um inim igo é c om o um te sour o e nc ontr a do na m inha c a sa ,
c onquista do se m tr a ba lho de m inha pa r te ; de vo pr ote gê - lo, pois e le
m e a j uda no m e u c a m inho pa r a a I lum ina ç ã o.
Santi- De v a
Introdução
A nossa é poc a viu um inc r íve l de spe r díc io de r e c ur sos hum a nos e
m a te r ia is, dissipa dos pa r a m a nte r e m a nda m e nto o j ogo da "c r ia ç ã o
do inim igo" na Gue r r a Fr ia . Já c om pr om e te m os o f utur o dos nossos
f ilhos c om a r m a m e ntos e te c nologia s bé lic a s. Te m os a e spe r a nç a de
pode r a plic a r a s liç õe s da f utilida de de sm onta ndo a s a r m a s de sse
m a quiná r io obsole to.
SAM KEEN
Com e c e c om um a te la e m br a nc o
e de line ie , num c ontor no ge r a l, a s f or m a s
de hom e ns, m ulhe r e s e c r ia nç a s.
Me rgulhe f undo no poç o inc onsc ie nte de
sua pr ópr ia som br a r e pr im ida
c om um pinc e l la rgo e
sa lpique os e str a nhos c om o m a tiz sinistr o da som br a .
No e nta nto, por m a is que e u possa pr ote sta r, um olha r hone sto sobr e
m im m e sm a e m e u r e la c iona m e nto c om o r e sto do m undo r e ve la que
e u ta m bé m sou pa r te do pr oble m a . Já pe r c e bi que , num pr im e ir o
c onta to, de sc onf io m a is dos m e xic a nos que dos br a nc os. P e r c e bo m e u
a pe go a um pa dr ã o de vida que é m a ntido a s c usta s de pe ssoa s m a is
pobr e s — um a situa ç ã o que só pode m e sm o se r pe r pe tua da a tr a vé s da
f or ç a m ilita r. E o pr oble m a da poluiç ã o pa r e c e inc luir o m e u c onsum o
de r e c ur sos e a m inha pr oduç ã o de r e síduos. A linha que m e se pa r a
dos "ba ndidos" é indistinta .
SUSAN G RIFFIN
Va m os la nç a r um olha r à que la m e nte que c ha m a r e i de "m e nte
9
c ha uvinista " — que de f iniu e sse se gundo uso da pa la vr a "hum a no"
pa r a e xc luir a s m ulhe r e s — e de c if r a r qua l o signif ic a do que e la
gua r da da im a ge m da m ulhe r, do "ne gr o" ou do "j ude u". É por isso
que e sc r e vo sobr e a por nogr a f ia . P ois a por nogr a f ia é a m itologia
de ssa m e nte ; é , pa r a usa r um a e xpr e ssã o da poe ta Judy Gr a hn, "a
poe sia da opr e ssã o". Atr a vé s de sua s im a ge ns, pode m os de se nha r um a
ge ogr a f ia de ssa m e nte e a té m e sm o pr e dize r pa r a onde se us c a m inhos
nos le va r ã o.
AUDRE LORDE
Gr a nde pa r te da histór ia da Eur opa oc ide nta l c ondic iona - nos a ve r a s
dif e r e nç a s hum a na s num a oposiç ã o sim plista um a à outr a :
dom ina nte /subor dina do, bom /m a u, a c im a /a ba ixo, supe r ior /inf e r ior.
Num a soc ie da de onde o be m é de f inido e m te r m os de luc r o e nã o e m
te r m os de ne c e ssida de hum a na , pr e c isa ha ve r se m pr e a lgum gr upo de
pe ssoa s que , a tr a vé s da opr e ssã o siste m a tiza da , possa se r le va do a se
se ntir e xc e de nte , a oc upa r o luga r do inf e r ior de sum a niza do. De ntr o
da nossa soc ie da de , e sse gr upo é c onstituído pe los ne gr os, os
te r c e ir om undista s, os ope r á r ios, os idosos e a s m ulhe r e s.
Rac ismo, a c re nç a na supe rioridade ine re nte de uma raç a sobre todas
as de mais e , portanto, no se u dire ito de dominar. "Se x ismo", a c re nç a
na supe rioridade ine re nte de um se x o sobre o outro e , portanto, no se u
dire ito de dominar. "He te rosse x ismo" ( a disc riminaç ão c ontra a
homosse x ualidade ) . "Etarismo" ( a disc riminaç ão c ontra c e rtas faix as
e tárias) . Elitismo. Classismo.
10
Hoj e , c om a de r r ota da E.R.A. , c om a r e tr a ç ã o e c onôm ic a e o
c r e sc im e nto do c onse r va dor ism o, tor na - se nova m e nte m a is f á c il pa r a
a m ulhe r br a nc a a c r e dita r na pe r igosa f a nta sia de que , se e la f or
suf ic ie nte m e nte boa , bonita , doc e e quie ta , se soube r e duc a r os f ilhos,
odia r a s pe ssoa s c e r ta s e c a sa r c om o hom e m c e r to, e ntã o e la te r á
pe r m issã o pa r a c oe xistir e m r e la tiva pa z c om o pa tr ia r c a do — pe lo
m e nos a té que a lgum hom e m pr e c ise do e m pr e go que e la oc upa ou
que sur j a o e stupr a dor da vizinha nç a . A ve r da de é que , a m e nos que
viva m os e a m e m os na s tr inc he ir a s, pode se r dif íc il pa r a nós le m br a r
que a gue r r a c ontr a a de sum a niza ç ã o é inc e ssa nte .
JEROM E S. B ERNSTEIN
Junto c om o a r qué tipo do bode e xpia tór io e o a r qué tipo do pode r, a
som br a ta lve z se j a a m a is a tiva , e xplosiva e pe r igosa e ne rgia psíquic a
ope r a nte e ntr e os Esta dos Unidos e a Uniã o Sovié tic a , Dur a nte o a tua l
pe r íodo ina udito de r e la xa m e nto da te nsã o e ntr e a Uniã o Sovié tic a e
os Esta dos Unidos, é te nta dor ignor a r a dinâ m ic a da som br a e ntr e a s
dua s supe r potê nc ia s. ( Lite r a lm e nte , "P or que pr oc ur a r pr oble m a s?")
Contudo, um a ve z que a dinâ m ic a da som br a te m um a or ige m
a r que típic a , e la pode c r e sc e r ou m ingua r — m a s nã o de sa pa r e c e r á .
Na ve r da de , de ntr o de um a pe r spe c tiva psic ológic a, e sse s sã o os
te m pos pe r igosos; pois se ignor a r m os a dinâ m ic a da som br a e ntr e os
dois pa íse s, e la pode r e ssurgir — pa r a nossa sur pr e sa — sob a lgum a
outr a f or m a . Ta m bé m é pr ová ve l que e ssa dinâ m ic a da som br a se j a
pr oj e ta da sobr e um novo a lvo, por qua lque r um de sse s pa íse s ou por
a m bos.
Um r á pido olha r histór ic o à s r e spe c tiva s som br a s dos Esta dos Unidos
e da Uniã o Sovié tic a é a lta m e nte r e ve la dor e m te r m os da
psic odinâ m ic a que gove r nou a s r e la ç õe s sovié tic oa m e r ic a na s de 1917
a 1985. Com o ne nhum dos dois la dos c onside r a va sua s a m biç õe s de
pode r ple na m e nte c onsiste nte s c om a ide ologia que a f ir m a va , c a da
um de le s a s ne ga va e , a o f a zê - lo, pr oj e ta va - a s sobr e o outr o. "Nós nã o
que r e m os dom ina r ningué m ; nós pre c isamos e sta be le c e r a lia nç a s,
c onstr uir m ísse is, e spiona r e f a ze r pr e pa r a tivos bé lic os por que e le s
que r e m dom ina r os outr os." Em bor a te nha ha vido — e c ontinue a
ha ve r — pr of unda s dif e r e nç a s ide ológic a s e ntr e os dois pa íse s e
siste m a s, um a f onte pr im á r ia da s pr oj e ç õe s ne ga tiva s de pode r um
sobr e o outr o f oi a inc om pa tibilida de e ntr e os r e spe c tivos im pulsos de
pode r de c a da um de le s c om a sua p r ó p r i a ide ologia , Cada lado
acreditava que o sistema político do outro era a raiz de todas as injustiças sociais
e de todo o mal que existe no mundo. Como resultado, cada um deles
comprometeu-se ideologicamente a eliminar o sistema sócio-político do outro.
Esse ponto de vista colocou-os num conflito imediato com sua autoimagem de
defensores da paz mundial e da liberdade, já que cada lado fazia uso de táticas de
subversão e violência para provocar a extinção do sistema do outro — onde quer
que existisse. (A invasão militar soviética da Checoslováquia em 1968 para
abortar o movimento popular pela liberalização política naquele país: e a
derrubada, engendrada pelos Estados Unidos, do regime democraticamente
eleito de Salvador Allende no Chile em 1973, são apenas dois exemplos.) O gr a u
e m que c a da la do ne ga e m e nte sobr e a sua c um plic ida de e a s
ve r da de ir a s r a zõe s pa r a a s sua s a ç õe s, r e pr e se nta um a e vidê nc ia
prima fac ie de se u se ntim e nto de que a a ç ã o tom a da é inc om pa tíve l
c om sua a utoim a ge m ide ológic a . Ta lve z o e xe m plo a r que típic o de sse
f e nôm e no, nos nossos dia s, se j a o e sc â nda lo I r ã - Contr a s e m 1986-
1987 — os Esta dos Unidos dissim ula da m e nte ve nde r a m a r m a s pa r a o
I r ã e m tr oc a da libe r ta ç ã o de r e f é ns a m e r ic a nos e ile ga lm e nte
usa r a m os f undos obtidos pa r a a poia r os Contr a s na Nic a r á gua ; tudo
isso dia nte de um a c la m or osa polític a of ic ia l de ne ga r- se a ne goc ia r
c om te r r or ista s e na ç õe s te r r or ista s, be m c om o de e m ba r c a r
qua isque r a r m a m e ntos pa r a o I r ã . Nã o a pe na s os f unc ioná r ios do
gove r no m e ntir a m a o povo a m e r ic a no — m e sm o de pois de os f a tos
bá sic os se r e m c onhe c idos —, c om o o pr ópr io pr e side nte [ Rona ld
Re a ga n] a pa r e nte m e nte m e ntiu e m dive r sa s oc a siõe s.
Qua ndo os sovié tic os m e nte m sobr e a na tur e za dos f a tos que le va r a m
à inva sã o do Af e ga nistã o e m 1979, por e xe m plo, a m e ntir a de stina - se
à m a nute nç ã o de sua a utoim a ge m dom é stic a , nã o por que a c r e dite m
que os Esta dos Unidos e o r e sto do m undo ir ã o a c r e dita r ne la .
Ne sse c a so, um a "lógic a " tota lm e nte oposta e c ontr a ditór ia f oi usa da
por a m bos os la dos pa r a j ustif ic a r a pr oj e ç ã o da pr ópr ia som br a sobr e
o outr o. P a ssa r a m - se , na ve r da de , vinte a nos de "pingue - pongue " c om
a s ne goc ia ç õe s sobr e r e duç ã o de a r m a m e ntos e ntr e a s dua s
supe r potê nc ia s.
P or ta nto, a "c isã o" e a "dissoc ia ç ã o" pode m nos de m onstr a r a lgo sobr e
a supr e ssã o dos se ntim e ntos ( ou o e ntor pe c im e nto psíquic o) nos
m é dic os na zista s c om r e spe ito à pa r te que lhe s c a bia nos
a ssa ssina tos. 3 Ma s, pa r a tr a ç a r se u e nvolvim e nto num a r otina
c ontínua de a ssa ssina tos a o longo de um , dois ou m a is a nos,
pr e c isa m os de um pr inc ípio e xplic a tivo que a br a nj a todo o se lf. ( O
m e sm o pr inc ípio a plic a - se a o distúr bio psiquiá tr ic o suste nta do, e
m inha ê nf a se na duplic a ç ã o é c oe r e nte c om o e nf oque
c onte m por â ne o, c a da ve z m a ior, sobr e a f unç ã o holístic a do se lf.) 4
JERRY FJERKENSTAD
Ge ntalha, lix o, imundíc ie . Errados, de sv iados: é pre c iso e ndire itá- los.
Patife s, bade rne iros, ladrõe s, v e lhac os. Corruptos, podre s, fe dore ntos.
Ge nte se m re spe ito pe la le i, pe lo c aminho re to e e stre ito, pe lo c aminho
c e rto, o únic o c aminho. Ge nte que não te me De us ne m o home m.
Animais, pe rv e rtidos, c ãe s, me stiç os, c hac ais. Errados, c onfusos,
louc os, insanos, psic opatas. Almas de sv iadas, almas pe rdidas, ingratos.
Carnic e iros, e spanc adore s, assassinos a sangue - frio. Frios c omo ge lo
— e le s roubariam a própria mãe .
Ac r e dita m os que os c r im inosos sã o tudo a quilo que n ó s nã o som os
ne m que r e m os se r, tudo a quilo que r e j e ita m os e te nta m os e lim ina r da
soc ie da de . "Com o a vida se r ia m a r a vilhosa se pudé sse m os nos livr a r
de todos e le s pa r a todo o se m pr e . Essa ge nte que nã o va le na da , se m
e spe r a nç a de m e lhor a r, que só e spe r a a e xe c uç ã o: va m os tr a nc a f iá -
los e j oga r f or a a c ha ve . Ele s e stã o na e str a da e r r a da ." Ma s a e str a da
e r r a da é a Via Ne gativ a, o c a m inho ne ga tivo, a r ota a pa r e nte m e nte
e r r a da — te r m os a lquím ic os pa r a a j or na da da a lm a .
Diz- se que todo o pr oc e sso é guia do por He r m e s/Me r c úr io, que e stá
pr e se nte do c om e ç o a o f im , A a lquim ia é um a Ar te He r m é tic a e
He r m e s é o se u de us. He r m e s ta m bé m é o de us dos la dr õe s, dos
c r im inosos e de outr os ha bita nte s do subm undo.
Putre fac tio: De sba sta m os a quilo que e stá a podr e c ido a r e spe ito de nós
m e sm os, de sc obr indo que os nossos e xc r e m e ntos f e de m . P a r a o
c r im inoso se nte nc ia do, e sse e stá gio signif ic a a lc a nç a r o ponto onde
e le pe r c e be hone sta m e nte c om o sua s a ç õe s pr e j udic a m os outr os. A
m a ior ia dos c r im inosos é indif e r e nte a isso, do m e sm o m odo que
m uitos e m pr e sá r ios, polític os e líde r e s r e ligiosos. Nossa s de f e sa s
m íope s pr e c isa m se de c om por pa r a que possa m os se ntir e m pa tia pe lo
m undo a lé m do nosso pr ópr io e go e sua s ne c e ssida de s im pe r a tiva s.
P a r a o nã o- c r im inoso, a p u tre fa c tio — pe r c e be r o nosso pr ópr io
c he ir o — pode signif ic a r o a ba ndono da via ge m pe r pé tua e m busc a de
de se nvolvim e nto e pe r f e iç ã o.
JAM ES YANDELL
Nã o posso dize r que "m e se nti o m á xim o", ou a lgo igua lm e nte
sim ple s. Eu tinha sobr e puj a do o inim igo, m a s o inim igo a inda e r a o
inim igo. Eu e sta va de sa gr a da ve lm e nte c ie nte de e sta r viola ndo m e us
pr ópr ios pr inc ípios por um ga nho im e dia to; e u sa bia que tinha "m e
ve ndido". Na ve r da de , e u r e a lm e nte pr e f e r ia os c ida dã os be m
c om por ta dos, e m c uj a pista e u a gor a m e insinua va , e que m e
e nc a r a va m c om a m e sm a j usta hostilida de que e u pr ópr io se ntia a inda
na vé spe r a . P or um la do, e u e sta va e m c onf lito c om o m e u novo
status de f or a - da - le i. P or outr o, a se nsa ç ã o de c ulpa nã o e r a tã o m á
a ssim , E a ve r da de é que a tr a ve sse i o túne l be m m a is de pr e ssa .
Qua ndo br inc o de de m ônio e olho à dir e ita pa r a os m otor ista s que
e stou ultr a pa ssa ndo, te nho a c onsc iê nc ia de um a se nsa ç ã o de pe r da ,
pe r c e bo que sa c r if ique i a lgo qua ndo f ugi pa r a a libe r da de do m e u
inte r e sse pr ópr io. Nã o duvido que f oi por isso que le ve i ta nto te m po
pa r a pe r de r m inha vir tude . Le m br o, c om um a c e r ta nosta lgia , a que la
se nsa ç ã o a gr a dá ve l de c om unida de , r e tidã o e a utoe stim a que e u
de sf r uta va qua ndo a inda e r a um a ove lha — a nte s de m e tr a nsf or m a r
num lobo; le m br o c om o e u de spr e za va a que le s a na r quista s
de pr a va dos que pa ssa va m voa ndo à m inha e sque r da . Ma s qua ndo
te nto r e c upe r a r m inha pur e za m or a l na s pista s de ove lha s, le m br o- m e
de um a de sivo que dizia : "A NOSTALGI A NÃO É MAI S O QUE
COSTUMAVA SER." A sa tisf a ç ã o da vir tude nã o pa ga o pr e ç o de
se r m os pa ssa dos pa r a tr á s.
Willia m Bla ke
Parte 9
Em m e io à j or na da da m inha vida ,
te ndo pe r dido o c a m inho ve r da de ir o,
e nc ontr e i- m e e m se lva te ne br osa ...
tã o tr iste que , na pr ópr ia m or te ,
nã o pode ha ve r m a ior tr iste za .
Dante
J ose ph Campbe ll
Introdução
é uma fábula
c ontada por um idiota, c he ia de som e de fúria,
que nada signific a.
JAM ES HILLM AN
A c ur a da som br a é , por um la do, um a que stã o m or a l — ou se j a , o
r e c onhe c im e nto da quilo que r e pr im im os, o m odo c om o e f e tua m os
e ssa s r e pr e ssõe s, a m a ne ir a c om o r a c iona liza m os e e nga na m os a nós
m e sm os, a e spé c ie de obj e tivos que te m os e a s c oisa s que f e r im os ( ou
a té m e sm o m utila m os) e m nom e de sse s obj e tivos. P or outr o la do, a
c ur a da som br a é um a que stã o de a m or. Até onde pode r ia o nosso
a m or e ste nde r- se à s pa r te s que br a da s e a r r uina da s de nós m e sm os, à s
nossa s pa r te s r e pulsiva s e pe r ve r sa s? Qua nta c a r ida de e c om pa ixã o
se ntim os pe la s nossa s pr ópr ia s f r a que za s e doe nç a s? Com o
pode r ía m os c onstr uir um a soc ie da de inte r ior ba se a da no pr inc ípio do
a m or, r e se r va ndo um luga r pa r a todos? E uso a e xpr e ssã o "c ur a da
som br a " pa r a e nf a tiza r a im por tâ nc ia do a m or. Se nos a pr oxim a m os
de nós m e sm os pa r a nos c ur a r e c oloc a m os o "e u" no c e ntr o, isso c om
m uita f r e quê nc ia de ge ne r a no obj e tivo de c ur a r o e go — f ic a r m a is
f or te , tor na r- se m e lhor e c r e sc e r de a c or do c om os obj e tivos do e go,
que e m ge r a l sã o c ópia s m e c â nic a s dos obj e tivos da soc ie da de . Ma s
qua ndo nos a pr oxim a m os de nós m e sm os pa r a c ur a r e ssa s f ir m e s e
intr a tá ve is f r a que za s c ongê nita s de obstina ç ã o, c e gue ir a , m e squinhe z,
c r ue lda de , im postur a e oste nta ç ã o, de f r onta m o- nos c om a
ne c e ssida de de todo um novo m odo de se r ; ne le , o e go pr e c isa se r vir,
ouvir e c oope r a r c om um e xé r c ito de de sa gr a dá ve is f igur a s da
som br a e de sc obr ir a c a pa c ida de de a m a r a té m e sm o o m a is
insignif ic a nte de sse s tr a ç os.
SHELDON B . KOPP
Na é poc a da P á sc oa do Ano de Nosso Se nhor Je sus Cr isto de 1300, o
poe ta f lor e ntino Da nte Alighie r i de sc e u a o I nf e r no.1
Conc or do c om Eliot qua ndo a f ir m a que "o obj e tivo do poe ta é m ostr a r
um a visã o... [ e que ] Da nte , m a is que qua lque r outr o poe ta , c onse guiu
e la bor a r sua f ilosof ia , nã o c om o um a te or ia ... ou c om o um
c om e ntá r io ou r e f le xã o, m a s e m te r m os de a lgo pe rc e bido". 3 Ouse
a br ir se u c or a ç ã o à na r r a tiva de Da nte , e voc ê c e r ta m e nte ve r á tudo
a quilo que e le viu.
Aque le s de sgraç ados, jamais nasc idos e jamais mortos, c orriam, nus,
pe rse guidos por um e nx ame de v e spas e mosc ardos que nunc a
de ix av am de os fe rre te ar.
Traziam o rosto c obe rto por sangre ntas bagas de pus e por lágrimas
que lhe s e sc orriam até os pé s, Alime ntando nause ante v é rmina.6
G ARY TOUB
Há m a is de dois m il a nos, o f ilósof o ta oísta Chua ng Tsé e sc r e ve u
vá r ia s pa r á bola s e xa lta ndo a s vir tude s dos hom e ns inúte is, f e ios e
de f or m a dos — c or c unda s, a le ij a dos e luná tic os — e da s á r vor e s
nodosa s, r e tor c ida s e se m f r utos. Um a de ssa s pa r á bola s é a se guinte :
Shih, o c a r pinte ir o, via j a va pa r a a pr ovínc ia de Chi. Ao c he ga r a Chu
Yua n, viu um c a r va lho a o la do do a lta r da vila . A á r vor e e r a gr a nde o
ba sta nte pa r a da r som br a a m uitos m ilha r e s de bois e tinha c e nte na s
de pa lm os de c ir c unf e r ê nc ia . Ele va va - se a c im a da s c olina s, c om se us
ga lhos m a is ba ixos a m a is de dois m e tr os do solo. Um a dúzia de se us
ga lhos e r a m gr a nde s o suf ic ie nte pa r a que de le s se c onstr uísse m
ba r c os. De ba ixo de la , ha via um a m ultidã o, c om o num m e r c a do. O
m e str e - c a r pinte ir o nã o voltou a c a be ç a , c ontinuou e m f r e nte se m se
de te r.
Esse sonho é e spa ntosa m e nte se m e lha nte à s na r r a tiva s ta oísta s que
louva m o inútil, um te m a a r que típic o e sse nc ia l pa r a o pr oc e sso de
individua ç ã o.
O e r r ado é c e r t o
Alé m de de sva lor iza r a s c a r a c te r ístic a s da nossa som br a , te nde m os a
ve r nossos pr oble m a s f ísic os e e m oc iona is c om o inúte is. De te sta m os
a quilo que e stá e r r a do c onosc o, se j a um a le ve dor de c a be ç a ou
e stôm a go e m br ulha do, se j a um sé r io c a so de c â nc e r ou de pr e ssã o.
Nã o da m os va lor à s nossa s doe nç a s. Ela s se inte r põe m no nosso
c a m inho e te nta m os e lim iná - la s.
Lie h Tsé le vou a inda m a is longe a ide ia de se r inútil, suge r indo que
nos a bste nha m os de sa c r if ic a r a té m e sm o um únic o f io de c a be lo e m
be ne f íc io do m undo. Só a ssim o m undo e sta r ia e m or de m . I sso, m a is
um a ve z, é um e xa ge r o; Lie h Tsé nã o quis dize r que de ve m os
a ba ndona r o m undo e nos tor na r e r e m ita s. O ve r da de ir o sá bio te m
c om o m e ta se guir sua pr ópr ia na tur e za no m undo. Na s pa la vr a s de
Chua ng Tsé : Só o hom e m pe r f e ito pode tr a nsc e nde r os lim ite s do
hum a no e , a inda a ssim , nã o se r e tir a r do m undo; vive de a c or do c om
a hum a nida de e , a inda a ssim , nã o pr e j udic a r a si m e sm o. Dos
e nsina m e ntos do m undo, e le na da a pr e nde . Ele possui a quilo que o
tor na inde pe nde nte dos outr os.8
"Que m c onhe c e o mal que e spre ita no c oraç ão dos home ns? O Sombra
o c onhe c e ." A f r a se de a be r tur a do popula r pr ogr a m a da r á dio nor te -
a m e r ic a na dos a nos 40, "O Som br a ", e nc e r r a um f undo de ve r da de .
Oc a siona lm e nte vislum br a m os, à e spr e ita nos c a ntos e sc ur os da nossa
pe r c e pç ã o c onsc ie nte , a lguns m isté r ios que sã o pa r te da c ondiç ã o
hum a na . Ve m os e se ntim os a lgum a s c oisa s, soc ia lm e nte ina c e itá ve is,
que te r ía m os pr e f e r ido nã o r e c onhe c e r ne m e xpe r im e nta r. Em ge r a l,
o te r m o "som br a " r e f e r e - se à que la s qua lida de s ne ga tiva s, a toda s a s
c oisa s r uins que nã o se a j usta m a nossa im a ge m c onsc ie nte de nós
m e sm os e que ba nim os da luz da c onsc iê nc ia do e go.
[ Sonho a nte r ior ] M amãe não Le mbra de Coisas De sagradáv e is. Minha
m ã e e stá a ssistindo a um f ilm e de te r r or e de svia o r osto, dize ndo
"Nã o le m br o de c oisa s de sa gr a dá ve is". Ma s sua f ilha , obse r va ndo- a ,
sa be que a mãe le mbra! É c om o se a m ba s, m ã e e f ilha , tive sse m um a
va ga le m br a nç a de c oisa s te r r íve is que a c onte c e r a m nos pr im e ir os
a nos de vida da f ilha .
O que se r ia a que le líquido a ne ste sia nte ? Ca r oly n disse que de via se r
á lc ool, pois e la c ostum a be be r c e r ve j a ou vinho pa r a r e la xa r, Ma s,
a ssim c om o no sonho, o á lc ool só f unc iona de ve z e m qua ndo pa r a
dissipa r a s im a ge ns ( os f a nta sm a s) que a a te r r or iza r a m dur a nte toda a
sua vida . Com o f oi na r r a do no sonho, ne m todos os f a nta sm a s podia m
se r a ne ste sia dos, ou se j a , pe r m a ne c e r no inc onsc ie nte . A ve r da de é
inquie ta , os f a nta sm a s sã o inquie tos; e le s que r e m se r e ve la r pa r a ,
de pois, r e pousa r.
Ca r oly n r e spe itou o que e sta va im plíc ito no sonho: e la e sta va , na que le
m om e nto, a nsiosa de m a is pa r a pode r e xplor a r a na tur e za e xa ta de
sua s f e r ida s pr im itiva s e c ur á - la s; e sta va a nsiosa de m a is pa r a pode r
a ssum ir a be r ta m e nte sua opç ã o de vida . P r im e ir o, se r ia pr e c iso que
e la dif e r e nc ia sse e ntr e se us m e dos r e a is e se us m e dos a r que típic os.
Ca r oly n disse que sof r ia m uita pr e ssã o da pa r te de si m e sm a e dos
outr os pa r a se a ssum ir a be r ta m e nte , m a s c om e ntou: "Aque le s que se
se nte m invulne r á ve is nã o c onhe c e m a c r ue lda de ." E, a ssim , e la
pr e c isa va c ontinua r a se guir a e str a da por m a is a lgum te m po, a o la do
de sua "boa m ã e " que c ontinua va a nã o que r e r ouvir c oisa s
de sa gr a dá ve is, a nte s de e sta r e m c ondiç õe s de e nf r e nta r a ve r da de
c r ue l dos pr im e ir os a nos de sua e xistê nc ia e de f a ze r f r e nte a toda s
r e a ç õe s a o se u e stilo de vida que pode r ia e spe r a r no m undo de hoj e ,
c om sua va r ie da de de r e j e iç ã o e a c e ita ç ã o.
DANIEL J. LEVINSON
Na Tr a nsiç ã o da Me ia - ida de e à m e dida que r e vê sua vida e c onside r a
c om o da r- lhe um signif ic a do m a ior, um hom e m pr e c isa c he ga r a um
a c or do, de um a m a ne ir a tota lm e nte nova , c om a de str uiç ã o e a
c r ia ç ã o e nqua nto a spe c tos f unda m e nta is da vida . O c r e sc e nte
r e c onhe c im e nto de sua pr ópr ia m or ta lida de tor na - o m a is c onsc ie nte
da de str uiç ã o e nqua nto pr oc e sso unive r sa l. Sa be ndo que sua pr ópr ia
m or te nã o e stá m uito dista nte , e le a nse ia por a f ir m a r a vida pa r a si
m e sm o e pa r a a s ge r a ç õe s vindour a s. Ele que r se r m a is c r ia tivo. O
im pulso c r ia tivo nã o signif ic a a pe na s "f a ze r " a lgo. Signif ic a tr a ze r
a lgo à vida , f a ze r na sc e r, ge r a r vida . Um a c a nç ã o ou um qua dr o, a té
m e sm o um a c olhe r ou um br inque do, qua ndo f e itos de ntr o de um
e spír ito de c r ia ç ã o a ssum e m um a e xistê nc ia inde pe nde nte . Na m e nte
de se u c r ia dor, e le s tê m um se r pr ópr io e e nr ique c e r ã o a vida
da que le s que lhe s e stã o liga dos.
Thomas Hardy
Introdução
15
Em The Spe c trum of Consc iousne ss [ O Espe c tr o da Consc iê nc ia ] , o
f ilósof o tr a nspe ssoa l Ke n Wilbe r e xplor a a pr oj e ç ã o de qua lida de s
ne ga tiva s sobr e os outr os. No Ca pítulo 58, e le de sc r e ve c om o a ssum ir
r e sponsa bilida de por e la s a o r e c onhe c e r que "a som br a nã o é um
a ssunto e ntr e voc ê e os outr os, m a s um a ssunto e ntr e voc ê e voc ê ".
O psic ólogo e e sc r itor Na tha nie l Br a nde n, que popula r izou a e xpr e ssã o
disowne d se lf [ o "e u" r e pr im ido] , c onta - nos a histór ia de a lguns
pa c ie nte s que r e tom a r a m os se ntim e ntos inf a ntis de dor e e ne rgia .
KEN WILB ER
ROB ERT B LY
NATHANIEL B RANDEN
— Agor a — disse lhe — que r o que r voc ê a c e ite e sta situa ç ã o: Voc ê
e stá de ita do num le ito de hospita l e e stá m or r e ndo. Voc ê te m a ida de
que voc ê te m hoj e . Voc ê nã o se nte dor f ísic a , m a s sa be que e m
pouc a s hor a s sua vida c he ga r á a o f im . Agor a , na sua im a gina ç ã o,
le va nte os olhos e ve j a sua m ã e pa r a da a o la do da c a m a . Olhe pa r a o
r osto de la . Existe m uita c oisa que nã o f oi dita e ntr e voc ê e e la . Sinta a
pr e se nç a de toda s a s c oisa s que nã o f or a m dita s e ntr e voc ê s — toda s
a s c oisa s que voc ê nunc a disse a e la , todos os pe nsa m e ntos e
se ntim e ntos que voc ê nunc a lhe e xpr e ssou. Se e xiste um m om e nto
pa r a f a ze r c onta to c om sua m ã e , é a gor a . Se e xiste um m om e nto pa r a
que e la ouç a voc ê , é a gor a . Fa le c om e la . Conte - lhe o que que r lhe
c onta r.
Ne sse ponto im pe di- o de c ontinua r, e m bor a e stive sse e vide nte que e le
tinha m uito m a is a dize r. Eu nã o de se j a va le va r a de m onstr a ç ã o m a is
longe por que isso signif ic a r ia inva dir sua pr iva c ida de . Aque la nã o e r a
a oc a siã o pa r a f a ze r psic ote r a pia e e u nã o tinha sido solic ita do a f a zê -
la ; m a s te r ia sido inte r e ssa nte suge r ir a e sse r a pa z a possíve l r e la ç ã o
e ntr e a f r ustr a ç ã o de sua ne c e ssida de de se r ouvido e nqua nto c r ia nç a
e a pe r sona lida de e xtr e m a m e nte r e se r va da e nqua nto a dulto. De pois
de a lguns insta nte s, e le a br iu os olhos, sa c udiu a c a be ç a , pa r e c e ndo
e spa nta do e um pouc o e m ba r a ç a do, e la nç ou- m e um olha r c uj a
e xpr e ssã o a dm itia a de nota .
Se nsualidade
Dur a nte a nos, Sa ndr a f oi a tor m e nta da pe lo pe sa de lo r e c or r e nte de se r
c a ç a da por a nim a is se lva ge ns, e spe c ia lm e nte f e linos. Ela c om e ç ou a
f a ze r te r a pia e , num a se ssã o inic ia l de diá logo, o m e dia dor pe diu pa r a
f a la r c om sua na tur e za f e lina .
MEDI ADOR:
P or que nã o?
MEDI ADOR:
A voz de moníac a
John pe nsa va se r ia m e nte e m m uda r de pr of issã o de pois de pr a tic a r
a dvoc a c ia dur a nte doze a nos. Logo de pois do r om pim e nto ( ba sta nte
de sa gr a dá ve l) de se u c a sa m e nto, e le e nvolve u- se num pr oc e sso
e spir itua l que o f e z se ntir que de ve r ia de sistir da a dvoc a c ia . Se u "e u"
e spir itua l, c om o a poio de um m e str e e spir itua l c om que m John se
e nvolve r a , disse lhe que e le pr e c isa va de m a is te m po livr e pa r a
de se nvolve r o e spír ito. Sua s m e dita ç õe s inspir a r a m dive r sa s
e xpe r iê nc ia s pr of unda s, m a s e le se ntia um a dúvida inte r ior sobr e um a
m uda nç a de vida tã o r a dic a l. Alguns de se us a m igos c om e nta r a m que
e le se tor na r a de m a sia do unila te r a l e , por isso, e le pr oc ur ou a j uda
pa r a e nc ontr a r m a is e quilíbr io na vida .
TERAP EUTA:
TERAP EUTA:
Voc ê e stá por f or a , he in? Eu e stou f ur ioso por que o John m e ignor a .
Ele é o Miste r P e r f e iç ã o. Enqua nto e le c ontinua r te nta ndo ba nc a r o
Je sus Cr isto, e u vou f a ze r de tudo pa r a de r r otá - lo. Tudo o que e u
que r o é se r r e c onhe c ido.
TERAP EUTA:
TERAP EUTA:
JOHN B RADSHAW
Na m inha qua lida de de pe ssoa que a nte s e r a "e nve rgonha da " ( ba se a da
nos se ntim e ntos de ve rgonha ) , pr e c iso tr a ba lha r m uito pa r a a lc a nç a r
um a a utoa c e ita ç ã o tota l. P a r te do tr a ba lho de a utoa c e ita ç ã o e nvolve a
inte gr a ç ã o dos se ntim e ntos, ne c e ssida de s e de se j os liga dos à
ve rgonha . A m a ior ia da s pe ssoa s "e nve rgonha da s" se nte m ve rgonha
qua ndo pr e c isa m de a j uda , qua ndo e stã o f ur iosa s, tr iste s, m e dr osa s ou
a le gr e s, e qua ndo sã o se xua is ou a f ir m a tiva s. Essa s pa r te s e sse nc ia is
de nós f or a m a r r a nc a da s.
A c onve r sa inte r ior ne ga tiva é a que le diá logo inte r ior que Robe r t
Fir e stone c ha m a a "voz inte r ior ". Outr os e studiosos tê m de sc r ito a voz
inte r ior de m a ne ir a s dif e r e nte s. Er ic Be r ne r e f e r e - se a e la c om o um
c onj unto de r e gistr os pa r e nta is se m e lha nte s a f ita s c a sse te ; a
e stim a tiva de a lguns é que e xiste m 25.000 hor a s de f ita s gr a va da s na
c a be ç a de um a pe ssoa nor m a l. Fr itz P e r ls e a e sc ola da Ge sta lt
c ha m a m - na s de "voze s pa r e nta is intr oj e ta da s". Aa r on Be c k c ha m a - a s
de "pe nsa m e ntos a utom á tic os". Com o que r que a s c ha m e m os, todos
nós te m os a lgum a s voze s na nossa c a be ç a . As pe ssoa s
"e nve rgonha da s", e m e spe c ia l, tê m um pr e dom ínio de voze s
ne ga tiva s, ve rgonhosa s e a utode pr e c ia tiva s.
A c oisa f unda m e nta l que a voz diz a um a pe ssoa "e nve rgonha da " é
que e la nã o é digna de se r a m a da , nã o te m va lor e é m á . A voz
suste nta a im a ge m da c r ia nç a m á . A voz pode se r e xpe r im e nta da ,
c onsc ie nte m e nte , c om o um pe nsa m e nto. Na m a ior ia dos c a sos, e la é
pa r c ia lm e nte c onsc ie nte ou tota lm e nte inc onsc ie nte . A m a ior ia da s
pe ssoa s nã o pe r c e be a a tivida de ha bitua l da voz. Nós a pe r c e be m os
e m c e r ta s situa ç õe s e str e ssa nte s, qua ndo nos e xpom os e a nossa
ve rgonha é a tiva da . De pois de c om e te r um e r r o, a pe ssoa c ha m a a si
m e sm a de "tola , de e stúpida " ou diz: "Lá vou e u de novo. Ma s e u sou
m e sm o um pa lha ç o de sa j e ita do." Ante s de um a im por ta nte e ntr e vista
de e m pr e go, a voz a tor m e nta voc ê c om pe nsa m e ntos do tipo: "O que
f a z voc ê pe nsa r que pode a ssum ir a r e sponsa bilida de de um c a rgo
c om o e sse ? Alé m disso, olha c om o voc ê e stá ne r voso. Ele s vã o
pe r c e be r a pilha de ne r vos que voc ê é ."
Essa voz c r ític a pode se r a tiva da e m qua lque r situa ç ã o onde voc ê
e ste j a vulne r á ve l ou e xposto. Um a ve z a tiva da e ssa voz, um a e spir a l
de ve rgonha é posta e m m ovim e nto. E, um a ve z e m m ovim e nto, e ssa
e spir a l te m f or ç a pr ópr ia . Ela é im pe r a tiva pa r a a e xte r na liza ç ã o do
diá logo inte r ior, j á que é um dos pr inc ipa is c a m inhos e m que voc ê
m a nté m a nã o- a c e ita ç ã o e a divisã o de si m e sm o. Esta pr á tic a a j uda
a tr a ze r à c onsc iê nc ia o diá logo c r ític o. Esse é o pr im e ir o pa sso pa r a
a e xte r na liza ç ã o da voz.
Em outr os tr a ba lhos se us, Jung inc lui o m ovim e nto e a m úsic a e ntr e os
c a m inhos a tr a vé s dos qua is é possíve l a lc a nç a r m os e ssa s f a nta sia s.
Ele suge r e que o m ovim e nto — e m bor a possa se r da m a ior a j uda pa r a
dissolve r a lim ita ç ã o da c onsc iê nc ia — tr a z c onsigo a dif ic ulda de do
pr ópr io r e gistr o dos m ovim e ntos e m si; e que , se nã o houve r ne nhum
r e gistr o e xte r ior, é im pr e ssiona nte a r a pide z c om que a s c oisa s que
surge m do inc onsc ie nte de sa pa r e c e m da m e nte c onsc ie nte .
Voc ê pode de se nha r à m oda a bstr a ta ou f igur a tiva , de ixa ndo que a s
im a ge ns m ude m à m e dida que voc ê de se nha . Nã o é ne c e ssá r io que
voc ê c om pr e e nda o signif ic a do da im a ge m . O sim ple s a to de
de se nha r j á é um a te r a pia , por que voc ê a gor a te m um a im a ge m
c onsc ie nte da sua som br a c om a qua l tr a ba lha r.
•Fa ç a um de se nho que inte gr e sua som br a a o r e sta nte da sua pe rsona.
•Ela bor e um diá logo e sc r ito c om o de se nho de sua som br a , pa r a
de sc obr ir o que e la pr e c isa .
•Fa ç a um de se nho de si m e sm o a pa r tir do ponto de vista da som br a .
DEENA M ETZG ER
A som br a — a que la e sc ur idã o que nos pe r te nc e e da qua l nã o
c onse guim os e sc a pa r, m a s que te m os ta nta dif ic ulda de e m e nc ontr a r
de vido à sua na tur e za f ugidia — é o r e f le xo de nós m e sm os que
oc or r e qua ndo nã o há luz. P or ta nto, pa r a e nc ontr a r a som br a ,
pr e c isa m os e sta r dispostos a c a m inha r pa r a de ntr o da s tr e va s, pois a li
e la vive , a f im de f a ze r m os um a pa r c e r ia c om o de sc onhe c ido. Se nã o
nos de sloc a m os na sua dir e ç ã o, c or r e m os o r isc o de que a som br a
ve nha a té nós num e nc ontr o que se r á f ur tivo e viole nto; m a s, se
c a m inha m os na sua dir e ç ã o, dom ina - nos o m e do de se r e ngolidos por
e la . Na s tr e va s, se ntim o- nos c om o se nós m e sm os fôsse mos a s tr e va s.
Epílogo
Notas
2. C. G. Jung: Analy tic al Psy c hology : I ts The ory and Prac tic e
( Nova Yor k: Vinta ge , 1968) , pá g. 23. ( I tá lic o nosso ) .
6. C. G. Jung: The Arc he ty pe s and the Colle c tiv e Unc onsc ious,
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17. Ve r o a br a nge nte Wilde rne ss and the Ame ric an M ind de R.
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3. I bid.
Capít ulo 37 — Pe c k
1. Ta lve z a m a ior be le za ( e m bor a tã o usa da e a busa da ) da
doutr ina c r istã se j a a sua c om pr e e nsiva a bor da ge m do
pe c a do. Tr a ta - se de um a a bor da ge m de dua s f a c e ta s. P or
um la do, e la a f ir m a a nossa na tur e za hum a na pe c a dor a .
P or ta nto, qua lque r c r istã o ge nuíno c onside r a r á a si m e sm o
c om o um pe c a dor. O f a to de que m uitos "c r istã os" só de
nom e e a be r ta m e nte de votos nã o se c onside r e m , no f undo
do c or a ç ã o, c om o pe c a dor e s, nã o de ve se r visto c om o um
f r a c a sso da doutr ina m a s a pe na s c om o um f r a c a sso do
indivíduo de c om e ç a r a vive r à a ltur a de la . Adia nte
f a la r e m os m a is sobr e a pe ssoa m á sob um disf a r c e c r istã o.
P or outr o la do, a doutr ina c r istã ta m bé m a f ir m a que nossos
pe c a dos sã o pe r doa dos — pe lo m e nos na m e dida e m que
se ntir m os a r r e pe ndim e nto por e le s. P e r c e be ndo ple na m e nte
a e xte nsã o da nossa na tur e za pe c a dor a , é pr ová ve l que nos
se ntísse m os qua se e sm a ga dos pe lo de sa m pa r o se a o m e sm o
te m po nã o a c r e ditá sse m os na m e r c ê e na na tur e za
m ise r ic or diosa do De us c r istã o. P or ta nto, a I gr e j a ta m bé m
a f ir m a que f ic a r insistindo inc e ssa nte m e nte sobr e c a da um
dos m e nor e s pe c a dos que possa m os te r c om e tido ( um
pr oc e sso c onhe c ido c om o "e xc e sso de e sc r úpulos") é , e m
si, um pe c a do. Já que De us nos pe r doa , de ixa r de pe r doa r a
nós m e sm os e quiva le a c oloc a r m o- nos a c im a de De us —
logo, c om e te r o pe c a do do orgulho num a f or m a pe r ve r tida ,
2. I bid., pá g. 160.
7. I bid.
11. Rollo Ma y : Lov e and Will ( Nova Yor k: W. W. Nor ton, 1969) ,
pá g. 121.
18. Ja m e s Hillm a n: He aling Fic tion ( Nova Yor k: Sta tion Hill
P r e ss, 1983) , pá g. 68.
Capít ulo 39 — B e c ke r
2. I bid., pá g. 339.
5. I bid.
2. M. Esthe r Ha r ding: The "I " and the "Not- I ": A Sttidy in the
De v e hpme nl ofConsc ious- ne ss ( P r inc e ton, N.J.:
5. I bid.
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170 e se gs.
5. I bid., pá g. 43.
6. I bid., pá g. 43 e se gs.
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AO ENCONTRO DA SOM B RA
CG. JUNG
Notas
[←1]
O Complexo de Bode Expiatório, Editora Cultrix, São Paulo, 1991.
[←2]
Ba by , a pr e ndi a te a m a r... a nte s de dize r... a nte s de
dize r o te u nom e .
[←3]
Che ga pr a c á , nã o ta m os br inc a ndo, te m m uita c oisa
pr a sa c udir.
[←4]
Em inglês, formou-se recentemente um neologismo para
retratar essa condição: workaholíc, por analogia com alcoholic, e que
não tem correspondente em português (N. T.),
[←5]
A pa la vr a ingle sa b u g s signif ic a inse to, bic hinho, e
ta m bé m um de f e ito ou pr oble m a num c om puta dor ou num a
m á quina qua lque r ( N. T.) .
[←6]
A passagem ao ato [acting out] é a expressão da tensão
emocional através do comportamento direto, numa situação que
pode nada ter que ver com a origem da tensão; aplica-se usualmente
ao comportamento impulsivo, agressivo ou, em termos gerais,
antissocial. No domínio da psicanálise, a passagem ao ato é a
conversão em ação de impulsos reprimidos que emergem no nível
consciente durante a análise. O comportamento manifesto é
frequentemente simbólico de um padrão de comportamento anterior.
Por exemplo, a transferência é uma passagem ao ato simbólica da
anterior vinculação emocional (edipiana) do paciente à mãe (ou pai).
Na grande maioria dos casos, a passagem ao ato reflete o desejo
veemente de se desembaraçar de uma ansiedade neurótica. O
psicodrama é uma das técnicas de terapia de grupo que encoraja os
pacientes a "representar" seus problemas e fantasias. (Cf. "Dicionário
Técnico de Psicologia", A. Cabral e E. Nick, Editora Pensamento,
São Paulo.)
[←7]
Expressão criada pelo psicólogo e filósofo social Lucien Lévy
Bruhl e universalmente adotada (N.T.).
[←8]
Esta expressão remete a outro livro de Joseph Conrad, Heart
on Darkness, no qual inspirou-se o filme Apocalypse Now. (N.T.)
[←9]
A palavra inglesa human [humano] tem como raiz o latim
homo [homem]. Embora signifique a espécie humana em geral, os
movimentos feministas acham que ela pode ser usada para excluir a
mulher (o "segundo uso" aqui mencionado) e, portanto, defendem
que seja substituída por "alguma palavra melhor" que ainda não foi
encontrada. Na língua portuguesa, continuamos a usar "o homem"
quando nos referimos à raça humana, à humanidade em geral.
Neste artigo em particular, mantendo a intenção da autora, "mulher"
significa mulher e "homem" significa homem. (N.T.)
[←10]
Equal Rights Ame ndme nt, pr oposta de Em e nda pe la
I gua lda de de Dir e itos na Constituiç ã o dos Esta dos Unidos.
( N.T.)
[←11]
Estase (do grego stásis, "parada") significa a redução ou
estagnação do fluxo normal dos fluidos do corpo, implicando a
retenção, no organismo, de matérias de consistência diversa, tais
como urina, sangue, fezes, etc. (N.T.)
[←12]
Na gíria da língua inglesa, "the heat" significa a pressão ou
intensificação do cumprimento da lei, exercida pela polícia contra os
marginais, geralmente sob a forma de buscas, batidas, prisões, etc.
(N.T.)
[←13]
Publicado pela Editora Cultrix, São Paulo.
[←14]
Conjunções ou oposições planetárias. (N.T.)
[←15]
Publicado pela Editora Cultrix, São Paulo.
[←16]
Em capítulo anterior de seu livro, Ken Wilber desenvolve a
tese da evolução do espectro da consciência. Em termos
extremamente simplificados, haveria um Primeiro Dualismo (o
"pecado original", a cisão ilusória entre sujeito e objeto, a
separação entre o agente conhecedor e o objeto conhecido); um
Segundo Dualismo (por temer a extinção final e não compreender
a unidade entre a vida e a morte, o homem desmembra essa
unidade); um Terceiro Dualismo (ao fugir da morte, o homem
prende-se à permanência da "imagem de si mesmo", o ego); e um
Quarto Dualismo (na tentativa de tornar aceitável a imagem de si
mesmo, o homem cria a persona e a sombra). Como cada um
desses dualismos c acompanhado de uma repressão e de uma
projeção, fica explicado o termo "Quarto Dualismo-Repressão-
Projeção". (N.T.)