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GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Fundada em 08 de janeiro de 1928 da E.’. V.’..

AUG.’. E RESP.’. LOJ.’. SIMB.’. THEMIS Nº 157


Fundada em 24 de julho de 1998 da E.’. V.’..

Companheiro Maçom Leonardo Redaelli


Matrícula 18546
Iniciado em 06 de novembro de 2015
Oriente de Porto Alegre, 25 de maio de 2018

2001: Uma Odisseia Maçônica

Introdução

O filme, de ficção científica, “2001: Uma Odisseia no Espaço” produzido em 1968 sob
a direção de Stanley Kubrick, co-escrito por Kubrick e Arthur C. Clarke tem uma fonte
inesgotável de elementos para interpretação. Na minha primeira reflexão sobre esta
obra, produzi 10 páginas, isto porque tive que me autocensurar para não produzir mais
de 400. O que seria desconfortável durante uma sessão auditiva. Com isso, buscarei ser
sintético e conciso nesta apresentação.
Inicialmente, o roteiro de Arthur C. Clarke previa uma narração in off que explicasse o
filme. Mas o diretor Stanley Kubrick censurou essa possibilidade, trazendo à tona o
mérito maior desta obra-prima. Aliás kubrick nunca explicou o filme ou deu alguma
definição.
O filme

Logo na abertura do filme, três minutos de tela totalmente escura, introduz ao público
uma sensação sombria ao som micropolifônico de Atmospheres de Gyorgy Ligeti. O
completo vazio e a estranheza dos sons dissonantes de massas sonoras remetem ao
desconhecido da imensidão espacial Lentamente vai invadindo a tela um espaço
estrelado que é quebrado por um abrupto aparecimento do lado oculto da lua em
simultâneo com o explosiva sonora de Also sprach Zarathustra, Op. 30 de Richard
Strauss. É iniciado um movimento de câmera que em minimo plongée mostra o
preciso alinhamento da eclipse lunar.
A primeira ação começa na pré-história, mais ou menos 7 milhões de anos. Sem
explicações o monólito aparece. Os primatas (Sahelantropus tchadensis) que tocaram o
monólito mudaram de comportamento. Eles descobrem que os ossos podem ser usados
como armas e com esta descoberta passam a caçar, tornam-se carnívoros, defendem as
fontes de água e expulsam outros animais de seu território. O filme, num corte seco,
então, muda radicalmente seu ambiente para o espaço. Descobrimos que o mesmo
monólito foi enterrado na Lua. Depois que os astronautas o tocam ele emite um som
agudo ensurdecedor. A terceira parte da narrativa mostra dois astronautas em uma
viagem para Júpiter. A nave por eles tripulada é comandada em absoluto e integral por
HAL9000 que se trata de um computador dotado de inteligência suprema, livre arbítrio
e infalível com fabricação a prova de erros. Durante a viagem HAL9000 perde o
controle emocional e mata toda a tripulação, menos o astronauta David Bowman. Para
se proteger o astronauta depois de muitas tentativas consegue desligar HAL9000. Ao
fazer isso descobre o real motivo da missão. O monólito que estava enterrado na lua
enviou sinais para Júpiter, comunicando assim aos terráqueos que havia vida inteligente
em tal planeta. Na quarta parte o monólito reaparece agora ao redor de Júpiter. Há um
túnel de luzes coloridas dando a entender que Bowman entrou em outra dimensão.
GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Fundada em 08 de janeiro de 1928 da E.’. V.’..

AUG.’. E RESP.’. LOJ.’. SIMB.’. THEMIS Nº 157


Fundada em 24 de julho de 1998 da E.’. V.’..

Interpretação

Sentei frente à tela e fiquei pensando, pensando e pensando…


E depois de significativa atividade mental, assim interpretei: Estaríamos nós olhando a
abertura do filme três minutos sonorizados por Atmospheres de György Ligeti para a
tela preta que seria o monólito ocupando a inteira dimensão da tela do cinema? Sim. É
ele ocupando todos os lugares e em todos os tempos com sua incognoscível
onipresença, onipotência, onisciência e atemporalidade. Quando um ser tenta se
aproximar do monólito é impedido ou sofre transformações irreversíveis. Ele
impossibilita este intento. Tanto que num primeiro momento o ato de fazer contato tátil
com o monólito se apresenta como em Bereshit 3:4-7 Torá ou Gênesis 3:4-7 da bíblia, e
numa segundo momento como abrir a Arca da Aliança para saber o que há em seu
interior como em Na bíblia 1 Samuel 6:19 e na Nevi'im - Nevi'im Rishonim, ‫ שמּואֵ ל‬/ Shmû’ēl
6:19. Com as atitudes dos primeiros viventes preludio deste longa metragem pareceu
evidente, durante toda a narrativa, a necessidade da continua reincidência da
transgressão da Etz Ha-Daath Tov Va-Ra árvore do conhecimento do bem e do mal para
que possamos passar para a seguinte etapa cronológica. (Bereshit 2:9 e 16-17 da Torá ou
na bíblia, Gênesis 2:9 e 16-17 da bíblia).
Mas porque o objetivo do filme e seus personagens,incluindo os espectadores, nunca é
alcançado? A resposta é curta e austera: Deus não pode ser conhecido. Esta é a
incognoscibilidade divina. As escrituras sagradas da bíblia afirmam isto de forma
inquestionável, quando Jó diz que Deus não pode ser conhecido pela razão humana (Jó
11:7) . E é dito a Moisés no alto do monte Sinai, “Não poderás ver a minha face,
porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá.” (Êxodo 33:20-23).
Confesso que um de meus primeiros pensamentos foi a hipótese desta Rocha negra
perfeita ser alienígena. Mas me auto retifiquei quando entendi que estaria dando um
final para algo infinito.
O filme é dividido em quatro partes que poderia ser muito bem uma geometria
maçônica. O primeiro ato o antes da criação. O segundo ato, a aurora da humanidade. O
terceiro ato, luta do homem contra a máquina, quarto ato o último passo da evolução
humana ainda desconhecido.
Esta situação de mudança atrás de mudança é marcada não só pela cena em si mas pela
presença dos astros lua, terra e sol alinhados formando uma eclipse lunar 1 com o
desenho que interpreto como o Deus Conífero (Wicca) ou ainda o símbolo alquímico do
elemento Mercúrio. Quatro itens que simbolizam transformação e renascimento.
Durante todo o longa existe um culto ao monólito comparado ao adoração dos islamitas
pela "Hajar el Aswad” ("Pedra Negra") e dos Iorubás pela “Okutá” (rochas) a qual
atribuíam vida eterna.
Especificamente esta obra cinematográfica possui uma característica, que é a de a
medida que o espectador evolui o filme também evolui e o inverso. Assim, é possível
traçar um paralelo entre essa evolução e os maçons cujo progressivo polimento
automaticamente faz sua oficina ter igual acabamento.
GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Fundada em 08 de janeiro de 1928 da E.’. V.’..

AUG.’. E RESP.’. LOJ.’. SIMB.’. THEMIS Nº 157


Fundada em 24 de julho de 1998 da E.’. V.’..

Tanto na cena a do primata apontando para o monólito e quando Dave velho na cama
tenta tocar o monólito nos remete ao afresco A Criação de Adão pintado por
Michelangelo Buonarotti.
O lugar que todo maçom acredita ir é o Oriente Eterno que no filme casa bem com o
sala toda branca da cena final. Afinal não é a pedra polida que buscamos?

1. O Eclipse Lunar provoca um confronto entre passado e futuro, mas é o futuro que deve vencer. Hábitos, apegos e
experiências baseadas em comportamentos já conhecidos devem ser substituídos e dar vez a novas direções.

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