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Segundo Pierre Levy, qualquer reflexão sobre sistemas educacionais deve levar em conta a nova
relação com o saber. Diz ele que: pela primeira vez as competências adquiridas por uma pessoa no
início da sua carreira profissional estarão obsoletas ao final. A natureza do trabalho não cessa de se
modificar. Trabalhar significa cada vez mais aprender, transmitir e produzir conhecimentos.
Devemos abrir para uma nova relação com o saber, onde o ensino será organizado de forma aberto,
de acordo com contextos e sempre contínuo. O professor será tido não mais como um transmissor,
mas como um “animador” de grupos e da inteligência coletiva. Levy entende que o ideal iluminista
da Enciclopédia visava o domínio e a totalização do conhecimento. Atualmente este ideal revela-se
cada vez mais inalcançável. Levy lembra que: na sociedade oral – anterior à escrita – quando um
velho morria era uma biblioteca que se perdia. Com a escrita, o conhecimento não se perdia, uma
vez que era armazenado no livro. No ciberespaço ganha ainda mais mobilidade de armazenamento e
circulação tornando-se indestrutível. Para Pierre Levy, dentre os novos modos de conhecimentos
trazidos pela cibercultura a simulação ocupa um lugar central. A simulação tem papel cada vez mais
crescente em experimentos científicos, industriais, além de diversões. Levy conclui que; qualquer
política educacional terá que levar em conta a nova dimensão das possibilidades do ciberespaço.
O texto de Pierre Lévy, Cibercultura, no capitulo X (A nova relação com o saber). Aborda os novos
saberes que o ciberespaço produz para construção de novos conhecimentos, em particular no
sistema educacional.
Segundo o autor qualquer concepção sobre o futuro dos sistemas de educação e de formação na
cibercultura deve ser argumentada em uma observação da transformação da relação com saber na
contemporaneidade e essa relação está ligada a velocidade de surgimentos e de renovações dos
saberes.
Devido a esse fato Lévy faz três constatação: a maiorias das competências adquiridas na carreira
profissional de um pessoa no final de sua carreira estarão antiquadas; o trabalho significa aprender,
transmitir saberes e produzir conhecimentos e o ciberespaço, bastante complexo, suporta
tecnologias intelectuais, que amplificam, exteriorizam e modificam diversas funções cognitivas
humanas como: memoria, imaginação etc.
Essas novas tecnologias intelectuais favorecem as novas formas de acesso à informação como: a
navegação por hiperdocumentos etc, e os novos estilos de raciocínios e de conhecimento, tais como
a simulação (ocupa lugar central na cibercultura).
Lévy, afirma que devido a essas constatações "o que é preciso aprender não pode mais ser
planejado nem precisamente definido com antecedência". (pag. 158). A escola não pode continua
sendo o único modelo de espaço de conhecimento, como ressalta o autor "Devemos construir novos
modelos do espaço dos conhecimentos". Enfatiza a forma linear da prática pedagógica na mesma.
Destacando a construção de novos espaço de conhecimentos, abertos, contínuos, em fluxo, não
lineares, se reorganizando de acordo com o contexto social que cada um ocupa. Ressaltado a
necessidade de duas grande reformas nos sistemas de educação e formação. A primeira é a
adaptação do EDA ( ensino aberto e a distância) ao cotidiano e da educação e a segunda diz respeito
ao reconhecimento das experiências adquiridas dos alunos, levando em conta as referências que os
alunos traz consigo, a escola deve ser uma troca de saberes.
Segundo Lévy essa nova relação com o saber, tem início com a invenção de uma pequena equipe
CERN, a WORLD, WIDE, WEB (WWW) que se ampliou entre os usuários da Internet, em poucos
anos, proporcionando o desenvolvimento do ciberespaço.
Lévy diz " a Web não está congelada no tempo", a complexidade do ciberespaço contribui para que
cada reserva de memoria, de cada grupo, cada individuo, transforme, mova, permanentemente esse
saberes encontrados na mesma.
Numa retrospectiva histórica Lévy relata que no final do séc XVIII, o conhecimento era totalizável,
adicionável, isto é, um pequeno grupo de homens dominava o conjunto de saberes (ou ao menos os
principais). Já no séc XX, conhecimento passou definitivamente ser intotalizável, indominável "[...]
o ciberespaço não significa a forma alguma que "tudo" pode enfim ser acessado, mas antes que o
Todo está definitivamente fora de alcance". ( Lévy, pag. 161)
Nas sociedades anteriores à escrita, o saber era transmitindo pela "comunidade viva", para o autor "
Quando um velho morre é uma biblioteca que queima" (pag. 163). Com surgimento da escrita, o
saber é transmitido pelo livro, e a após a invenção da impressão, um terceiro tipo de conhecimento
foi incorporado pela figura do sábio e do cientista, o saber era transmitido pela "biblioteca"
Observando que a desterritorialização da biblioteca atual, talvez seja o inicio de um quarto tipo de
relação com o conhecimento. Destacando que este quarto estilo de saber tem como aspecto a
oralidade do primeiro conhecimento, isto é, o saber poderia ser novamnete transmitido pelas
"colectividades humanas vivas", porém o portado direito do saber não seria mais a comunidade
física e sua memoria, mas , o ciberespaço " região do mundo dos virtuais, por meio do qual as
comunidades descobrem e constroem seus objetos e conhecem a si mesmas como coletiva
intelectuais". (Lévy pag. 164)
Logo, para Lévy o ciberespaço na sua complexidade do saber, destotalizado que flutua na
internaconexão em tempo real de todos com todos. Favorece os processos de inteligência coletiva
nas comunidades virtuais. Esse ideal da inteligência coletiva passa, pela disponibilização da
memória, da imaginação e da experiência, evidenciada na troca dos conhecimentos, novas formas
de organização em tempo real. Que segundo Lévy (pag. 167) " o ciberespaço, interconexão dos
computadores do planeta, será em breve o principal equipamento coletivo internacional da
memoria, pensamento e comunicação"
E qualquer "política em educação terá que levar isso em conta"
EDUCAÇÃO E CYBERCULTURA*
Pierre Lévy
Desde o fim dos anos 60 do presente século, os seres humanos têm começado
a experimentar uma relação com os conhecimentos e os know-how que seus
ancestrais desconheciam. Com efeito, antes deste período, as competências
adquiridas na juventude via de regra continuavam em uso no fim da vida
ativa. Tais competências até eram transmitidas de maneira quase idêntica para
os jovens ou aprendizes. A bem da verdade, novos procedimentos, novas
técnicas surgiam. Contudo, inovações que se destacassem num fundo de
estabilidade eram a exceção. Na escala de uma vida humana, a maior parte
dos know-how úteis sutis eram perenes. Ora, em nossos dias, a situação
mudou radicalmente, pois a maioria dos saberes adquiridos no começo de uma
carreira estarão obsoletos no fim de um percurso profissional, até mesmo
antes. As desordens da economia, assim como o ritmo precipitado das
evoluções científicas e técnicas, determinam uma aceleração generalizada da
temporalidade social. Por causa disso é que os indivíduos e os grupos não se
deparam mais com saberes estáveis, com classificações de conhecimentos
herdadas e confortadas pela tradição, mas sim como um saber-fluxo caótico,
cujo curso é difícil de prever e no qual a questão agora é aprender a navegar.
A relação intensa com o aprendizado, com a transmissão e a produção de
conhecimentos não está mais reservado para uma elite, mas diz respeito à
massa das pessoas em sua vida diária e em seu trabalho.
Portanto, está superado o velho esquema segundo o qual se aprende na
juventude um ofício que será exercido pelo resto da vida. Os indivíduos são
chamados a mudar de profissão várias vezes em sua carreira e a própria noção
de ofício está tornando-se cada vez mais problemática. Melhor seria raciocinar
em termos de competências variadas, das quais cada um possuiria uma
coleção singular. Cabe às pessoas, então, manterem e enriquecerem sua
coleção de competência ao longo de sua vida. Essa abordagem leva a
questionar a divisão clássica entre período de aprendizado e período de
trabalho (pois se aprende o tempo todo), bem como o ofício enquanto principal
modo de identificação econômica e social das pessoas.
Com a formação contínua, a formação em alternância, os dispositivos de
aprendizado na empresa, a participação na vida associativa, sindical, etc., está
constituindo-se um continuum entre tempo de formação, por um lado, e
tempos de experiência profissional e social por outro. Dentro desse continuum,
um lugar está sendo aberto para todas as modalidades de aquisição de
competências (inclusive a autodidaxia).
Para uma parcela crescente da população, o trabalho não é mais a execução
repetitiva de uma tarefa prescrita, mas sim uma atividade complexa, na qual a
resolução inventiva de problemas, a coordenação dentro de equipes e a gestão
de relações humanas ocupam lugares não-desprezíveis. A transação de
informações e conhecimentos (produção de saberes, aprendizado,
transmissão) é parte integrante da atividade profissional. Com o uso da
hipermídia, dos sistemas de simulação e das redes cooperativas de
aprendizado cada vez mais integrados aos postos de trabalho, a formação
profissional das empresas tende a integrar-se à produção.
A antiga relação com a competência era substancial e territorial. Os indivíduos
reconheciam-se por seus diplomas, estes últimos ligados a disciplinas. Os
empregados de escritório eram identificados por postos, que declinavam
ofícios, que preenchiam funções. No futuro, tratar-se-á muito mais de gerir
processos, trajetos e cooperações. As competências variadas, adquiridas pelas
pessoas de acordo com seus percursos particulares, irão alimentar memórias
coletivas. Acessíveis em linha, essas memórias dinâmicas em suportes
numéricos atenderão, por sua vez, a necessidades concretas, aqui e agora, de
indivíduos e grupos em situação de trabalho ou aprendizado (é a mesma
coisa). Assim, à virtualização das organizações empresas «em rede»
corresponderá em breve uma virtualização da relação com o conhecimento.
O reconhecimento do adquirido
Evidentemente, é para esse novo universo do trabalho que a educação deve
preparar. Simetricamente, no entanto, deve-se admitir também o caráter
educativo ou formador de muitas atividades econômicas e sociais, o que
levanta evidentemente o problema de seu reconhecimento ou validação oficial,
sendo que o sistema de diplomas parece cada vez menos adequado. Por outro
lado, o tempo necessário para a homologação de novos diplomas e para a
constituição dos currículos que levam a eles não está mais em fase com o
ritmo de evolução dos conhecimentos.
Pode parecer banal afirmar que todos os tipos de aprendizado e formação
devem poder dar lugar a uma qualificação ou a uma validação socialmente
reconhecida. Atualmente, entretanto, estamos muito longe disso. Um grande
número de processos vigentes em curso por meio de dispositivos formais de
formação contínua, para falarmos apenas das competências adquiridas durante
as experiências sociais e profissionais dos indivíduos, não geram hoje nenhuma
qualificação. A relação com o saber emergente, cujas grandes linhas eu
esbocei, traz o questionamento da estreita associação entre duas funções dos
sistemas educativos: o ensino e o reconhecimento dos saberes. Como os
indivíduos aprendem cada vez mais fora das fileiras acadêmicas, cabe aos
sistemas de educação implantarem procedimentos de reconhecimento dos
saberes e know-how adquiridos na vida social e profissional. Para esse fim,
serviços públicos que explorassem em grande escala as tecnologias da
multimídia (testes automatizados, exames em simuladores) e da rede
interativa (possibilidade de fazer testes ou fazer reconhecer suas aquisições
com a ajuda de orientadores, monitores e examinadores em linha) poderiam
aliviar os docentes e as instituições educacionais clássicas de uma tarefa de
controle e validação menos «nobre» — mas ainda necessária — do que o
acompanhamento dos aprendizados. Graças a esse grande serviço
descentralizado e aberto de reconhecimento e validação dos saberes, todos os
processos, todos os dispositivos de aprendizado, até os menos formais,
poderiam ser sancionados por uma qualificação dos indivíduos.
A evolução do sistema de formação não pode ser dissociada da evolução do
sistema de reconhecimento dos saberes que o acompanha e pilota. A título de
exemplo, sabe-se que os exames é que estruturam, a jusante, os programas
de ensino. Utilizar todas as tecnologias novas na educação e formação sem
nada mudar nos mecanismos de validação dos aprendizados equivale, ao
mesmo tempo, a aumentar os músculos da instituição escolar e a bloquear o
desenvolvimento de seus sentidos e cérebro.
Uma desregulação controlada do atual sistema de reconhecimento dos saberes
poderia favorecer o desenvolvimento das formações alternadas e de todas as
formações que conferissem um lugar importante à experiência profissional. Ao
autorizar a invenção de modos originais de validação, tal desregulação
encorajaria também as pedagogias pela exploração coletiva e todas as formas
de iniciativas a meia distância entre a experimentação social e a formação
explícita.
Semelhante evolução não deixaria de gerar interessantes retroefeitos para
certos modos de formação de tipo escolar, freqüentemente bloqueados em
estilos de pedagogia pouco aptos para mobilizar a iniciativa, por orientar-se
apenas pela sanção final do diploma. Numa perspectiva ainda mais ampla, a
desregulação controlada do reconhecimento dos saberes aqui referida
estimularia uma socialização das funções públicas da escola. Com efeito, ela
permitiria que todas as forças disponíveis concorressem ao acompanhamento
de trajetos de aprendizados personalizados, adaptados aos objetivos e às
diversas necessidades dos indivíduos e das comunidades implicadas.
Os desempenhos industriais e comerciais das empresas, das regiões, das
grandes zonas geopolíticas estão em estreita correlação com políticas de
gestão do saber. Conhecimentos, know-how, competências são hoje a principal
fonte da riqueza das empresas, das grandes metrópoles, das nações. Ora,
vive-se hoje importantes dificuldades na gestão dessas competências, tanto no
nível de pequenas comunidades como no das regiões. Do lado da demanda,
observa-se uma inadequação crescente entre as competências disponíveis e a
demanda econômica. Do lado da oferta, um grande número de competências
não são nem reconhecidas, nem identificadas, mais especialmente entre os
que não possuem um diploma. Esses fenômenos são particularmente sensíveis
nas situações de reconversões industriais ou de atraso de desenvolvimento de
regiões inteiras. Deve-se, paralelamente aos diplomas, imaginar modos de
reconhecimento dos saberes que possam prestar-se para uma visualização em
rede da oferta de competência e a uma pilotagem dinâmica retroativa da
oferta pela demanda. Para tanto, a comunicação através do ciberespaço pode
ser uma grande ajuda.
Uma vez aceito o princípio segundo o qual toda e qualquer aquisição de
competência deve poder dar lugar a um explícito reconhecimento social, os
problemas da gestão das competências, tanto na empresa como no nível das
coletividades locais, estarão a caminho, se não de sua solução, ao menos de
sua mitigação.
(1) Open and Distance Learning, Critical Success Factors. Accès à la formatoin
à distance: clés pour un développement durable. Editors: Gordon Davies &
David Tinsley. Atas, Conferência Internacional, Genebra, 10 a 12 de outubro
de 1994, 203 páginas.
(2) Todos os especialistas das políticas de educação reconhecem o papel
essencial da qualidade e da universalidade do ensino elementar para o nível
geral de educação de uma população. Além disso, o ensino elementar abarca
todas as crianças, enquanto o ensino do segundo grau e, sobretudo, o superior
envolvem apenas parte dos jovens. Ora, o segundo grau e o superior públicos,
que custam muito mais do que o ensino elementar, são financiados pela
totalidade dos contribuintes. Existe aí uma fonte de desigualdade
particularmente gritante nos países pobres. Ver mais especialmente, de
Sylvain Lourié, Ecole et tiers monde, [Escola e Terceiro Mundo], Ed.
Flammarion, Paris, 1993.
Resenha do texto: A nova relação com o saber / Autor: Pierre Lévy (p. 157-167)
Coloca o autor, muito sabiamente que qualquer reflexão sobre o futuro dos
sistemas de educação e de formação na cibercultura deve ser fundada em uma
análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber. Neste
momento, creio que seja oportuna uma revisão no que seria esta mutação contemporânea da relação
com o saber?
Se considerarmos que muitas de nossas idéias a respeito de didática para ensinar ainda sejam
rudimentos do que Comenius* enumerou como importante no século XVII , que a primeira
universidade surgiu em 1215 em Paris, onde a Igreja comandava a forma e o que ensinar aos poucos
que podiam pagar por este ensino , onde os mestres, deveriam ficar a frente do grupo,
retrocedermos um pouco mais anterior a sala de aula e verificarmos que o professor, ou o mestre
estava sempre a gente do grupo, como detentor do saber, vamos verificar que até hoje o ensino
ainda utiliza muitas destas premissas afim de garantir sua autonomia. Se antes os alunos escreviam
na lousa ,e depois cederam aos cadernos, agora teremos as telas de LCD (Liquid Crystal Display), a
transposição seria simples se considerássemos aqui apenas a mudança de meio, mas no entanto
agora, precisamos saber bem, que o professor frente a este aparato precisa estar convencido de suas
potencialidades e ter sua idéia de aprendizagem alavancada na possibilidade de que ele agora é
apenas um facilitador e não um detentor, pois ninguém pode mais apropriar-se da velocidade de
aprendizagem imposta pela tecnologia, ancorada na internet.
Enfim, aquele profissional, vamos nos deter no tocante a educação que constitui sua aula com base
num caderninho de páginas amareladas pelo tempo, tais quais suas idéias de ensinar, estará fora,
pois não conseguirá dar conta das constantes modificações impostas pela velocidade do aprender de
nossa época. A seleção começa na ponta do processo, agora o próprio professor será protagonista de
sua formação ou estará tornado-se desnecessário ao processo. Neste ponto Pierre
coloca que pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das competências adquiridas por
Assim o autor vai enumerando aos poucos constatações em relação ao saber e seus profissionais,
sua dinâmica, fala da velocidade dos saberes, cita como segunda à nova natureza do trabalho, e em
terceira fala do ciberespaço que amplificam,exteriorizam e modificam numerosas funções
cognitivas humanas: memória, imaginação, percepção e raciocínio.
Coloca ainda que as tecnologias refletemum componente humano, quando fala em tecnologias
Intelectuais, destacando-as como geradoras de novas formas de acesso à informação, novos estilos
de raciocínio e de conhecimento, citando a simulação como sendo a verdadeira industrialização da
experiência do pensamento, que não advém nem da dedução lógica nem da indução a partir da
experiência, aspecto com o que concordo plenamente, afinal, a velocidade imposta pela tecnologia
não permite que uma simulação seja pretensamente pensada, a simulação surge como fruto do
momento, sendo assim completamente atemporal.
Surge a idéia de inteligência coletiva, quando grupos humanos compartilham estas tecnologias
individuais. Assim fala em saber-fluxo, destacando que o saber não pode mais ser contido nos
planos do professor, pois não há mais como ser previamente elaborado. Como cada autor guarda em
si sua contemporaneidade, agora não mais poderemos fazer uso de esquemas lineares. Assim, se A
levapara B( Se A então B), num mundo não virtual, agora as possibilidade que ocorrem ao sair de A
são infinitas, pois o suporte tecnológico, dá ao aluno esta possibilidade. Muito interessante,
abandonar a idéia de pré-requisito, mesmo sabendo que eles estão presentes em qualquer
aprendizagem a diferença está no fato de que dependendo do caminho escolhido pelo aluno eles
serão conquistados em diferentes momentos, perde-se a uniformidade de aprender todos no agora,
assim, ele acontece na ordem de cada um. Este cada um ocupa uma posição singular e evolutiva.
Pierre distingue duas modificações necessárias nos sistemas de educação e formação, citando em
primeiro lugar a aclimatação dos dispositivos e do espírito do Ensino aberto e a distância, colocando
que embora a EAD faça uso de hipermídia, as redes de comunicação e outros, cita que o essencial
se encontra em um novo estilo de pedagogia.
Pierre cita sua experiência na Universidade de Paris, onde ele pede a cada estudante que faça uma
exposição oral de dez minutos. Porém na véspera o aluno deve apresentar por escrito, um resumo de
duas páginas, contendo bibliografia. Quando um aluno realizou o trabalho utilizando o recurso da
internet, surge a constatação de que página, em ambos os caos é um campo demarcado, no entanto,
a página, impressa em celulose, é fechada, enquanto a outra bem sabemos de suas potencialidades
quando transforma um simplestexto em hipertexto.
Pierre lança uma hipótese de que o irrefreável crescimento do ciberespaço nos indica alguns traços
essenciais de uma cultura que deseja nascer. Veja que momento nós estamos presenciando na
história: o nascimento de uma cultura.
Desta forma o autor expressa na contradição de que na web tudo se encontra no mesmo plano e no
entanto tudo é diferenciado, não há hierarquiaabsolutapois a web articula uma multiplicidade aberta
de pontos de vista, mas essa articulação é feita transversalmente, em rizoma(tipo de caule que
cresce horizontalmente), sem o ponto de vista de Deus, sem a unificação sobrejacente.
Neste dilúvio, não há terra firme, nem paisagens estáveis. O autor lembra o final do século XVII,
quando nesse momento frágil no qual o antigo mundo disparava seus mais belos fogos enquanto as
fumaças da revolução industrial começavam a mudar a cor do céu. Cita quando Diderot e
d'Alembert publicaram sua Encyclopédie, onde o conhecimento lá estava postado totalizável,
adicionável, assim coloca que o ciberespaço não significa que tudo possa ser acessado mas sim que
o todo está definitivamente fora de alcance. Não há mais a arca, para salvar o principal. Passam a
existir as totalidades parciais, onde cada um deve reconstituir à sua maneira de acordo com seus
próprios critérios de pertinência. Agora teremos então miríades, pequenas embarcações e as
metáforas de nossa época dizem respeito a surfar as ondas do saber e não mais escalar as pirâmides
de autrora.
Fala em ecologia cognitiva das sociedades, referindo-se ao que foi citado anteriormente como
árvores do conhecimento dizia que embora os suportes de informação não determinem
automaticamente este ou aquele conteúdo de conhecimento, contribuem, contudo para estruturar em
a "ecologia cognitiva" das sociedades. Coloca muito bem que pensamos junto com e dentro de
grupos e instituições que tendem a reproduzir sua idiossincrasia impregnando-nos com seu clima
emocional e seus funcionamentos cognitivos. Nossas faculdades de conhecer trabalham com
línguas, sistemas de signos e processos intelectuais fornecidos por uma cultura, relembra que não
multiplicamos da mesma forma com pedras, algarismos romanos, assim evoluímos, mas precisamos
aprender com aquilo que hoje são denominados rudimentos.
Lembra que quando surgiu a escrita o saber foi transmitido pelo livro,... . Surgiu daí o intérprete,...,
assim surge após o sábio, o cientista,...a biblioteca supera o livro,...fala da espiral onde podemos
retomar a Possibilidade da oralidade, da transmissão pela comunidade viva fazendo uso do
ciberespaço. Coloca ainda quea partir de agora, os sistemas e os conceitos abstratos cedem terreno
aos mapas finos da singularidade, à descrição detalhada dos grandes objetos cósmicos, dois
fenômenos da vida ou dos costumes humanos. Cita vários exemplos, tais como física de partículas,
fala de que experiências como as que envolvem o acelerador de partículas que como constituem
eventos caros são realizados uma única vez, sendo compartilhados pelos demais através do
ciberespaço.
Ele define a simulação como sendo uma tecnologia intelectual que amplifica imaginação (aumento
de inteligência) e permite aos grupos que compartilhem, negociem e refinem modelos mentais
comuns, qualquer que seja a complexidade deles,... . Para aumentar e transformar determinadas
capacidades cognitivas humanas (memória, o calculo, o raciocínio especialista) a informática
exterioriza parcialmente essas faculdades em suportes digitais, ora uma vez que esses processos
cognitivos tenham sido exteriorizados e reificados tornam-se compartilháveis e assim reforçam os
processos de inteligência coletiva se as técnicas forem utilizadas com discernimento.
Ele qualifica a inteligência artificial não apenas como sendo dublês de especialistas humanos, mas
sim como técnicas de comunicação e de mobilização rápida dos saberes práticos nas organizações.
Coloca que tanto no plano cognitivo como na organização do trabalho, as tecnologias devem ser
pensadas em termos de articulação e de criação de sinergia (trabalhar junto) e não de acordo com o
esquema de substituição. Lembra que as técnicas não substituem o raciocínio, mas prolongam e
transformam a capacidade de imaginação e de pensamento. Fala da capacidade da memória de
longo prazo e de curto prazo,..porém coloco a simulação como um papel crescentenas atividades de
pesquisa científica,de gerenciamento, de aprendizagem, mas também nos jogosdiversões, não
coloca esteelemento a ponto de substituir a experiência mas sim de potencializar um número de
hipóteses, assim diz que da interconexão caótica à inteligência coletiva o saber destotalizado
flutua.de onde resulta um sentimento violento de desorientação, causado coloca ele pela
possibilidade de interação de todos com todos,...,mas diz ainda que é condição de existência de
solução prática para os problemas de orientação e de aprendizagem no universo do saber em fluxo.
O ideal mobilizador não é mais a inteligência artificial, mas sim a inteligência coletiva, a criação de
sinergia entre as competências.
O ciberespaço, interconexão dos computadores do planeta, tende a tornar-se a principal infra-
estrutura de produção, transação e gerenciamento econômicos. Qualquer política de educação
tradicional deve levar isso em conta.