Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Campos PDF
Campos PDF
MERCOSUL
E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO REGIONAL
Rio de Janeiro
2012
2
MERCOSUL
E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO REGIONAL
Rio de Janeiro
2012
3
C2012 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação
que resguarda os direitos autorais, é
considerado propriedade da ESCOLA
SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É
permitido a transcrição parcial de textos
do trabalho, ou mencioná-los, para
comentários e citações, desde que sem
propósitos comerciais e que seja feita a
referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho
são de responsabilidade do autor e não
expressam qualquer orientação
institucional da ESG
________________________________
Ricardo Ibsen Pennaforte de Campos
75f.:il.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
RESUMEM
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13
2 O MERCOSUL .......................................................................................... 15
2.1 OS ANTECEDENTES ............................................................................... 15
2.2 O TRATADO DE ASSUNÇÃO – A GÊNESE ............................................. 18
5 CONCLUSÃO ........................................................................................... 51
6 REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
2 O MERCOSUL
2.1 - OS ANTECEDENTES
Recordar os antecedentes do Bloco é conveniente para ressaltar a intenção
de estabelecer o espírito de integração.
1
Disponível em: http://www.mercosul.gov.br/. Acesso em: 17 set. 2012.
16
também foram compartilhados pelo Paraguai e pelo Uruguai, sintetizando que a aura
de Iguaçu está na gênese do MERCOSUL.
Quando da criação do bloco, o conceito de integração regional estava
sofrendo a influência norte americana que apresentava o contraponto ao modelo do
NAFTA (North America Free Trade Agreement ou Tratado Norte-Americano de Livre
Comércio), acompanhado da alternativa emoldurada pela ALCA (Área de Livre
Comércio das Américas).
O MERCOSUL também apresenta diferenciação de outras iniciativas de
integração, tais como a ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) de
1960, que foi vista à época como instrumento de apoio ao processo de importações,
outrora conduzido pelo Brasil, e a ALADI (Associação Latino-Americana de
Desenvolvimento Integrado) de 1980, apesar de ter sido criado dentro de seu
âmbito, na forma de Acordo de Complementação Econômica. O MERCOSUL
apresentou-se como elemento inovador no contexto da integração regional, não
somente no Brasil, onde até o seu advento o País permanecia reticente a processos
de integração mais profundos.
Em 1979 foi realizado o Acordo Tripartite Argentina-Brasil-Paraguai, que veio
para solucionar o contencioso sobre a utilização de recursos hídricos nas fronteiras
comuns. Ainda no processo de aproximação do Brasil com a Argentina foi firmado o
Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE), este pautado na
negociação de acordos setoriais (SILVA, 2004).
Com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, e a decadência
do regime comunista, observou-se o fim do mundo bipolarizado que pautou a Guerra
Fria, ocorrendo, dentre tantas transformações na ordem mundial, a transferência dos
contenciosos da área político-ideológica para a econômica-comercial. Surgia então a
Tríade Capitalista (GÓES, 2012a) formada por Estados Unidos, Japão e União
Europeia (à época Comunidade Econômica Europeia). Ficou, então, patente a
tendência aos processos de regionalização ao nível mundial, com a interpretação de
que os países da América Latina ficariam à margem da área de interesse dos países
já desenvolvidos, o que contribuiu para a assinatura em 1988 do Tratado de
Integração, Cooperação e Desenvolvimento entre o Brasil e a Argentina (ABACC,
1988), que foi a consolidação do processo de integração, cooperação econômica e a
composição de um espaço econômico comum entre os dois países.
18
2
Disponível em: http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/sitio/interna/interna.php?area=
5&menu=1848. Acesso em: 8 jun. 2012.
20
3.1.1 Integração
O Brasil em atendimento à premissa estabelecida no artigo 4º da sua
Constituição Federal (BRASIL, 1988) é participante, e grande interessado, no
estreitamento dos laços na América Latina, com uma alta prioridade da política
exterior brasileira direcionada à América do Sul.
Art. 4º [...]
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.
União
Econômica
19
contudo sua atual situação interna e a relação com seus pares do MERCOSUL e da
União dos Países Sul-Americanos (UNASUL) apresentam profundas fissuras.
3
Disponível em:
http://www.mercosur.int/innovaportal/file/3862/1/dec_028-2012_es_reglam_suspension_paraguay.pdf.
Acesso em: 2 set. 2012.
27
Desta forma, o atual panorama político da América do Sul está longe de ser
o ideal, todavia a partir de 1990, o quadro social foi otimizado.
As políticas sociais passaram a ter maior apelo do povo e atenção dos
governantes e o respeito às constituições tem sido a tônica. A integração regional
ajudou sobremaneira essa prática e a redemocratização acompanhada das
mudanças advindas se somam com o aumento da interdependência regional,
mesmo que utilizando pesos distintos representados pelas Balanças Comerciais de
cada país.
No caso da Venezuela, a década de 1990 e o início dos anos 2000
demonstraram focos de instabilidade política naquele país. O surto de populismo do
Coronel Hugo Chávez é o estopim para os constantes imbróglios internos e
externos, particularmente com os Estados Unidos. No aspecto institucional, houve
três tentativas de golpe de Estado, sendo duas em 1992 e uma em 2001. Em 1993 o
4
Disponível em: http://www.mercosur.int/innovaportal/file/4501/1/vzl.pdf. Acesso em: 2 set. 2012.
28
5
Disponível em: http://www.indexmundi.com/PT/Venezuela/produto_interno_bruto_(PIB).html.
Acesso em: 2 set. 2012.
29
6
Até o término desta pesquisa, esta era a situação do Paraguai.
30
7
Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/temas/america-do-sul-e-integracao-regional/aladi/
mercosul-colombia-equador-venezuela-ace-59. Acesso em: 2 set.2012.
8
Decreto nº 5.361, de 31 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a execução do Acordo de
Complementação Econômica nº 59, entre os Governos da República Argentina, da República
Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai, Estados Partes
do MERCOSUL, e os Governos da República da Colômbia, da República do Equador e da República
Bolivariana da Venezuela, Países Membros da Comunidade Andina. Disponível em: http://www.
receita.fazenda.gov.br/legislacao/acordosinternacionais/AcordosComplEconomica/2005/Dec5361200
5.htm. Acesso em: 25 ago.2012.
9
Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/2007/04/05/visita-de-
estado-ao-brasil-do-presidente-do/?searchterm=ACE%2059. Acesso em: 24 ago.2012.
32
10
Idem.
11
Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,exercito-colombiano-mata-numero-
dois-das-farc,133207,0.htm. Acesso em: 23 ago.2012.
12
Disponível em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6087429-EI8140,00-Rafael+Correa
+pede+empenho+para+entrada+do+Equador+no+Mercosul.html. Acesso em: 18 ago. 2012.
33
13
Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/15379434/82555027/name/CEPIK_Seguranca_na_
America_do_Sul.pdf. Acesso em: 27 ago.2012.
14
Noticiado em G1 on line. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/colombia-e-
farc-assinam-acordo-para-comecar-negociar-paz-diz-tv.html. Acesso em: 28 ago.2012.
34
15
Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/cautela-para-nao-repetir-erros-marca-
novo-dialogo-entre-colombia-e-farc.html. Acesso em: 27 ago. 2012.
16
Idem.
17
Disponível em: http://pt.reingex.com/Colombia-ALC-Acordos.shtml. Acesso em: 27 ago. 2012.
35
apontar que o Chile possui índices econômicos bem razoáveis, que superam a
média dos índices dos países do MERCOSUL.
Conforme descrito18 abaixo, os dados econômicos chilenos merecem
destaque, visto que o Brasil figura dentre os seus principais parceiros:
- principais produtos exportados: frutas, cobre, peixes, papel, azeitonas, vinho
e produtos químicos;
- principais produtos importados: petróleo e derivados, produtos químicos,
máquinas industriais, equipamentos elétricos, automóveis e equipamentos
eletrônicos;
- principais parceiros econômicos (exportação): China, Estados Unidos,
Japão, Coréia do Sul, México e Brasil; e
- principais parceiros econômicos (importação): Estados Unidos, China,
Argentina, Brasil e Coréia do Sul.
O processo da formação dos grandes blocos econômicos chegou para ficar,
com o importante exemplo representado, mesmo com a crise no continente, pela
União Europeia, o qual ainda que não possua unanimidade de opiniões, consiste no
Bloco instalado melhor integrado e formalizado do planeta, tal e como comentado
pelas personalidades entrevistadas, como nos Anexos de A a D a este Trabalho de
Conclusão de Curso (ARSLANIAN, BATH, GONÇALVES e PIRES, 2012). Outro
grande bloco econômico formado pelos Estados Unidos, Canadá e México, com a
associação do Chile, é o NAFTA (North American Free Trade Agreement ou Tratado
Norte-Americano de Livre Comércio). Acordos bilaterais também foram celebrados
entre os Estados Unidos com os países da América Central, e entre o Canadá,
acompanhando essa tendência, também celebrou acordos com outros países, que
se estendem até a América do Sul, com a Colômbia, Peru e Chile.
Contudo, países como Peru, Colômbia e Chile têm setores industriais
modestos diante da concorrência com outros países, conformados, basicamente, em
petróleo e minérios, como observado no Anexo E a este TCC.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Chile cresceu 5,5% no segundo trimestre de
2011, com relação ao mesmo período do ano anterior, em números anualizados,
como informou o Banco Central daquele país19. Em termos sazonalmente ajustados,
18
Disponível em: http://www.suapesquisa.com/paises/chile/. Acesso: em 30 ago.2012.
19
Disponível em: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/pib-do-chile-cresce-5-5-no-2o-tri-e-5-4-
no-1o-sem. Acesso em: 2 set. 2012.
36
20
Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/temas/america-do-sul-e-integracao-regional/aladi/
mercosul-chile-ace-35. Acesso em: 30 ago.2012.
21
Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=guPEnhNx78EC&pg=PA62&lpg= PA62&dq=
chile++Mercosul&source=bl&ots=lfckhZOW4U&sig=rVyGUEqQptl0rEZ2HC8fD9A83-k&hl=pt-
BR&sa=X&ei=rHA_UPyoBcfr0gG12oHwCw&ved=0CDwQ6AEwAg#v=onepage&q=chile%20%20Merc
osul&f=false. Acesso em: 30 ago. 2012.
37
22
Disponível em: http://www.otca.info/portal/admin/_upload/paises/pdf/PERu-pt.pdf. Acesso em: 10
out. 2012.
38
23
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ollanta_Humala. Acesso em: 10 out. 2012.
24
Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/temas/america-do-sul-e-integracao-regional/aladi/
mercosul-peru-ace-58. Acesso em: 10 out. 2012.
25
Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/temas/america-do-sul-e-integracao-regional/aladi/
mercosul-peru-ace-58. Acesso em: 10 out. 2012.
39
30
Os dados apresentados neste Capítulo estão disponíveis no site da Delegação Permanente do
Brasil junto ao MERCOSUL e à ALADI em: http://brasaladi.itamaraty.gov.br. Acesso em: 28 mai.
2012.
42
4.1 A ARGENTINA
Formando com o Brasil as unidades econômicas básicas do MERCOSUL,
a Argentina é o 3º maior mercado de exportações do país, do qual 93% das
transações referem-se a manufaturados e semimanufaturados e também constitui o
3º maior volume de importações para o Brasil. O setor automobilístico representa
60% do comércio entre Brasil e Argentina. Mesmo com os entraves e barreiras com
medidas protecionistas que vão de encontro ao espírito do Tratado de Assunção, a
Argentina tem como fonte primária de divisas o saldo da Balança Comercial, que
representa hoje um déficit de nove bilhões de dólares, dos quais cerca de seis se
deve ao comércio com o Brasil, seu principal parceiro (ARSLANIAN, 2012).
31
Dados disponíveis no site da Delegação Permanente do Brasil junto ao MERCOSUL e à ALADI em:
http://brasaladi.itamaraty.gov.br. Acesso em: 28 mai. 2012.
43
A Argentina com 81% das exportações brasileiras para o Bloco, não tem
acesso ao mercado financeiro internacional e só consegue fechar suas contas
ampliando o seu superávit comercial, pelo uso de medidas restritivas de acesso para
bens e serviços que impactam mais fortemente seus parceiros comerciais mais
superavitários. Em 2011: Brasil, US$ 5,8 bilhões; China, US$ 4,4 bilhões; e EUA,
US$ 3,4 bilhões. O total das trocas comerciais do Brasil com a Argentina foi de US$
39,6 bilhões (participação de 83,9% no Bloco), com o Uruguai foi US$ 3,9 bilhões
(8,3%) e com Paraguai foi US$ 3,7 bilhões (7,8%)32.
32
Dados disponíveis no site da Delegação Permanente do Brasil junto ao MERCOSUL e à ALADI em:
http://brasaladi.itamaraty.gov.br. Acesso em: 28 mai. 2012.
33
Dados obtidos junto ao Departamento do MERCOSUL (DMSUL), órgão subordinado à Secretaria-
Geral da América do Sul, Central e Caribe (SGAS) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do
Brasil (BATH, 2012).
44
34
Disponível em: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/busca.php?pagina_atual=79&&
busca_site=true&palavra_chave=MERCOSUL. Acesso em: 5 set. 2012.
46
açúcar (+US$ 20 milhões). A base exportadora foi composta por pouco mais de
quatro mil empresas, com destaque para a Petrobrás. Foram os seguintes os
principais grupos de produtos exportados pelo Brasil para o Uruguai: combustíveis,
automóveis, aparelhos elétricos e instrumentos mecânicos.
Nos últimos dez anos, as importações brasileiras originárias do
MERCOSUL acompanharam a tendência de crescimento das exportações,
crescendo de US$ 5,6 bilhões, em 2002, para US$ 19,4 bilhões, em 2011. Em 2011,
as importações brasileiras provenientes dos países do Bloco tiveram crescimento de
16,6% em relação a 2010. Essa expansão foi impulsionada pelo aumento das
aquisições de trigo, valor US$ 476 milhões superior àquele registrado em 2010, e de
veículos automóveis e seus acessórios, valor US$ 144 milhões superior a 2010. Em
2011, as importações com origens no MERCOSUL representaram 8,6% do total das
compras brasileiras.
Em 2011, os produtos manufaturados predominaram na pauta de
importações brasileira (78,2%), seguidos pelos básicos (18,8%), e pelos
semimanufaturados (3%). Em 2011, as importações de manufaturados alcançaram
cifra de US$ 15,2 bilhões, crescimento de 15,9% em relação a 2010. A Argentina
teve participação relativa de 87,3% nas compras brasileiras originárias do
MERCOSUL. Esse crescimento decorre do aumento das compras de cereais/trigo
(+US$ 511 milhões), veículos automóveis (+US$ 892 milhões) e de leite e laticínios
(+US$ 257 milhões). Embora tenha havido expansão em valores absolutos, em
2011, cabe registrar que as importações brasileiras de manufaturados reduziram-se
em meio ponto percentual sua participação relativa em comparação à participação
no total geral das importações brasileiras realizadas em 2010.
As importações brasileiras originárias do MERCOSUL são fortemente
concentradas na Argentina. Entre 2002 e 2011, as importações do Bloco cresceram
245%, passando de US$ 5,6 para US$ 19,4 bilhões. O principal país fornecedor
brasileiro no Bloco é, historicamente, a Argentina. O mercado argentino representa
quase 90% do total exportado pelos países do MERCOSUL para o Brasil. Em 2011,
as importações brasileiras da Argentina alcançaram a cifra de US$ 16,9 bilhões,
crescimento de 17,1% em relação a 2010. A Argentina manteve a 3ª posição no
ranking dos principais fornecedores do Brasil, com participação de 7,5% no total das
importações brasileiras. O crescimento das importações brasileiras originárias da
Argentina, em 2011, pode ser explicado pelo aumento dos valores das importações
49
de vários itens da pauta de importações, como veículos (de US$ 6,2 para US$ 7,1
bilhões), cereais, em especial o trigo (de US$ 1,1 para US$ 1,7 bilhão) e
combustíveis (de US$ 1,3 para US$ 1,5 bilhão). A base importadora brasileira conta
com pouco mais de cinco mil empresas brasileiras, com destaque para a Toyota e a
Fiat automóveis.
Entre 2002 e 2011, as importações brasileiras originárias do Uruguai
cresceram 261%, passando de US$ 485 milhões para US$ 1,8 bilhão. Em 2011, o
Uruguai foi o segundo maior fornecedor do MERCOSUL ao Brasil, com participação
de 11,4% do total do Bloco. As importações brasileiras originárias do mercado
uruguaio foram de US$ 1,6 bilhão, em 2010, e de US$ 1,8 bilhão, em 2011,
compondo o leve crescimento de 11,5%. Esse aumento deve-se à expansão das
compras de chassis com motor diesel de US$ 7 para US$ 87 milhões (+US$ 80
milhões), malte de US$ 139 para US$ 209 milhões (+US$ 70 milhões) e garrafões
de plástico de US$ 121 para US$ 148 milhões (+US$ 27 milhões). Em 2011, o
Uruguai ocupou o 29º lugar no “ranking” dos maiores supridores do Brasil. A
participação uruguaia no total das importações brasileiras foi de 0,8%. A base
importadora conta com 1.326 empresas brasileiras, com destaque para a Tangará e
a Brazil Trade.
As importações brasileiras originárias do Paraguai, no período entre 2002 e
2011, tiveram desempenho positivo passando de US$ 383 para US$ 716 milhões,
um crescimento de 87%. Em 2011, as aquisições brasileiras de origem paraguaia
foram 17% maiores que em 2010. Esse crescimento pode ser explicado pelo
aumento das aquisições nas categorias de produtos manufaturados (+46,3%),
semimanufaturados (+44,1%) e básicos (+2,5%). As maiores elevações em relação
a 2010 ocorreram nas importações de milho, passando de US$ 55 para US$ 125
milhões, fios de cobre, um aumento de US$ 2 para US$ 26 milhões, garrafões e
artigos de plástico, de US$ 30 para US$ 45 milhões e óleo de girassol, de US$ 11
para US$ 23 milhões.
O Paraguai ocupa, tradicionalmente, a última posição entre os países do
MERCOSUL fornecedores do Brasil. Em 2011, esse comércio representou apenas
3,7% do total das aquisições brasileiras originárias dos países do Bloco. No âmbito
geral, o Paraguai deixou a posição de 44º lugar, em 2010, para o 46º, em 2011,
entre os países supridores do Brasil, com participação 0,3% da pauta total importada
50
pelo Brasil. A pauta importadora conta com 582 empresas brasileiras, com destaque
para a Sadia S.A..
Seguem-se os resultados da Balança Comercial brasileira com os países
do MERCOSUL. Nos últimos dez anos, o Brasil tem logrado sucessivos e
expressivos superávits comerciais com o MERCOSUL, com exceção dos anos de
2002 e 2003. O déficit de US$ 2,3 bilhões auferido em 2002 decorreu da expressiva
queda das exportações naquele ano, que retraíram 47,9%, diminuindo de US$ 6,4
bilhões em 2001 para US$ 3,3 bilhões em 2002. Em 2003 as exportações voltaram a
crescer a registraram déficit de apenas US$ 919 mil.
Em 2011, o saldo do MERCOSUL em favor ao Brasil foi de 8,5 bilhões,
expressivo valor 41,7% superior ao superávit registrado em 2010. No mesmo ano, os
superávits do Brasil com os países do MERCOSUL foram:
- Argentina: US$ 5,8 bilhões;
- Paraguai: US$ 2,3 bilhões; e
- Uruguai: US$ 421 milhões.
51
5 CONCLUSÃO
Art. 4º [...]
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações. (BRASIL, 1988)
brasileiros, num cenário do país com forte tendência de liderança regional seguir
sem os seus vizinhos mais próximos. O Brasil é visto no mundo como um país
participativo, solidário e com a marca da cooperação observada em todas as suas
relações, postura esta que atrai os olhares amistosos do seu entorno. Causaria
enorme estranheza por parte dos demais países, o caso de um afastamento do
Brasil de sua natureza, que é observada com admiração invejável, dada a facilidade
com que mantém uma relação de paz e profundo entendimento no Concerto das
Nações.
54
REFERÊNCIAS
______. Ministério das Relações Exteriores. Ata de Buenos Aires. Buenos Aires,
Argentina, 1990. Disponível em: <http://dai-mre.serpro.gov.br/atos-
55
_______. ______. Protocolo de Olivos. Olivos, Argentina, 2002. Disponível em: <
http://www.MERCOSUL.gov.br/tratados-e-protocolos/protocolo-de-olivos-1/>. Acesso
em: 22 de jun. 2012.
SAAVEDRA, Gustavo Fernández. Uma visão das relações entre Bolívia, Chile e
Peru. Tradução de Miriam Xavier. Política Externa, São Paulo, SP, v.14, n.4, 2006,
p. 27-42, 2006.
ANEXO A
1) Foi observada a mesma disposição que a praticada no Brasil, por parte dos
Chefes de Estado dos demais países da região apontando para a integração
regional?
Resposta: Dentro do MERCOSUL há a disposição dos Chefes de Estado em
promover uma integração ampliada, entretanto com relação aos Estados Associados
observa-se a vontade de manter a articulação com os demais países fora da
América do Sul, em especial a China, a UE e os EUA, de modo a não limitar as
possibilidades vislumbradas à região. Todos os países sul-americanos são
defensores de um processo de integração amplo.
Casa é que o pleito venezuelano poderá receber a aprovação daquele Estado Parte,
destacando que caso a decisão seja negativa, a legislação local prevê a quarentena
de 1(um) ano, para que possa transitar novamente em plenário. A aprovação no
nosso Congresso demandou 2(dois) anos de conversações para a obtenção do aval
do Legislativo, aceitando a inserção venezuelana no Bloco. A figura de Hugo Chaves
é o que aponta para a polêmica e a consequente morosidade do processo. A
posição brasileira foi afirmativa por ter sido considerado, principalmente, que é o
Povo Venezuelano quem receberá as benesses da entrada no Bloco, sendo do
interesse brasileiro compartilhar com o país irmão os bônus da cooperação e da
integração regional. A abertura para o Caribe, a integração energética com o
advento da Hidrelétrica de GURI, a participação brasileira com o trabalho de
construtoras nacionais na execução de obras de grande vulto, algumas contando,
inclusive, com financiamentos do BNDES, tais como o metrô de Caracas, construção
de estradas, aeroportos, etc.. O ato de associar-se a um país rico em recursos
naturais como é a Venezuela, aponta para um futuro com excelentes prognósticos
de sucesso.
5) O Bloco que já foi um dia uma Zona de Livre Comércio (ZLC), pode ser
considerado uma União Aduaneira?
Resposta: Com o objetivo do enquadramento do Bloco como um Mercado
Comum e respeitadas as imperfeições que vigem entre os Estados Partes, pode-se
considerar que a etapa de consolidação como Zona de Livre Comércio (ZLC) já
tenha sido superada e que, ato contínuo, está em curso o estabelecimento de uma
União Aduaneira na região.
Bloco, sendo, assim, um caminho intrincado a ser trilhado com complexas opções
por parte do Brasil.
ANEXO B
situação em que atestaremos que foi o povo venezuelano quem aderiu ao Bloco e
não os mandatários anteriores que conduziram os destinos daquele país de
enormes recursos naturais, petróleo abundante e um caminho aberto para o Caribe,
um mercado muito atraente. O saldo sem dúvida é positivo, principalmente em
termos de reforçar o comprometimento com a integração regional.
ANEXO C
7) Com o advento da UNASUL, que conta com objetivos nos âmbitos cultural,
social, econômico e político, qual sua percepção quanto a possibilidade de absorção
do MERCOSUL?
Resposta: A UNASUL é mais uma fantasia do que um arranjo jurídico-
institucional sério.
ANEXO D
1) Foi observada a mesma disposição que a praticada no Brasil, por parte dos
Chefes de Estado dos demais países da região apontando para a integração
regional?
Resposta: De certa forma, sim. A iniciativa para a criação do MERCOSUL
partiu dos presidentes do Brasil e da Argentina, José Sarney e Alfonsin, em
1985/1986, como parte de um processo de integração das Américas, na ocasião
intitulado Iniciativa para as Américas. Tendo em vista a dificuldade de integrar 34
países, com base no consenso, regra que determina a assinatura de tratados
internacionais, o Presidente Bush (pai) desistiu da ideia. Mais tarde, o Presidente
Clinton retomou a ideia, propondo, no entanto, que países se unissem “blocos”
menores, o que facilitaria o consenso, uma vez que cada organização votaria como
um conjunto. Inicialmente, só Brasil e Argentina assinaram o protocolo com vistas à
criação do MERCOSUL, permitindo, contudo, que outros países aderissem ao
projeto. Imediatamente, Paraguai e Uruguai passaram a participar dos encontros,
tendo os 4 países assinado, enfim, o Protocolo de Ouro Preto, em dezembro de
1994, que atribuiu a personalidade jurídica de direito público internacional ao
MERCOSUL, criado, efetivamente, em 01/01/95.
5) O Bloco que já foi um dia uma Zona de Livre Comércio (ZLC), pode ser
considerado uma União Aduaneira?
D-3
73
ANEXO E