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EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO
PERÍODO BÁSICO
COLETÂNEA DE MANUAIS
DE
TÉCNICAS MILITARES II
UD 8 e 9
2021
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................1 /107 )
ÍNDICE DE ASSUNTOS
UD 8- COMUNICAÇÕES 05
8.1 Ligações 07
8.1.1 Generalidades 07
8.1.2 Meios de Ligação 07
8.1.3 Ligações Necessárias 08
8.1.4 Responsabilidade pelas Ligações 09
8.2 Mensagens 10
8.2.1 Generalidades 10
8.2.2 Conceitos Básicos 10
8.2.3 Precedência 11
8.2.4 Grau de Sigilo 11
8.2.5 Escrituração de Mensagens 13
8.4.1 Generalidades 17
8.4.2 Elementos da Transmissão e Recepção 18
8.4.3 Pronuncia Letras e Algarismos 26
8.4.4 Redes 29
8.4.5 Indicativo de Chamadas 30
8.4.6 Prescrições de Emprego do Rádio 32
UD 9- MARCHAS E ESTACIONAMENTOS
9.1.1 Finalidade 52
9.1.2 Objetivo 52
9.1.3 Situação que uma tropa Marcha a Pé 52
9.1.4 Tipos de Marcha a Pé 52
9.1.5 Rendimento da Marcha 52
9.2.1 Generalidades 52
9.2.2 Terreno 53
9.2.3 Condições Meteorológicas 53
9.2.4 Fatores Fisiológicos 53
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................2 /107 )
9.2.5 Fatores Psicológicos 54
9.3.1 Generalidades 54
9.3.2 Ordem Preparatória 55
9.3.3 Reconhecimento do Itinerário 55
9.3.4 Destacamento Precursor 55
9.3.5 Quadro de Itinerário 56
9.3.6 Ordem de Marcha 56
9.3.7 Ordem de Marcha do Comandante de Subunidade 56
9.3.8 NGA de Marcha 56
9.3.9 Planejamento das Marchas 56
9.4.1 Formação 58
9.4.2 Organização 58
9.4.3 Velocidade de Marcha 60
9.4.4 Mudança de Velocidade 60
9.4.5 Flutuações 60
9.4.6 O Regulador de Marcha 60
9.4.7 Cadência 61
9.4.8 Distância entre os Homens 62
9.4.9 Distância entre as frações 62
9.4.10 Altos 63
9.4.11 Horário dos Altos e reinício da marcha 64
9.4.12 Duração da marcha 64
9.4.13 Execução da marcha forçada 64
9.4.14 Doentes e feridos 64
9.4.15 Marcha em estrada 66
9.4.16 Marcha através de campo 66
9.4.17 Marchas a noite 66
9.4.18 Controle da Marcha 67
9.6 Estacionamento………………………….….………………….………..………........91
9.6.1 Generalidades 91
9.6.2 Instalações do Estacionamento 92
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................3 /107 )
9.6.3 Higiene do Estacionamento 95
9.6.4 Disciplina do Estacionamento 96
9.6.5 Segurança do Estacionamento 96
9.7 Bivaque…………….……………………….….………………….………..………......99
9.6.1 Generalidades 99
9.6.2 Definição 99
9.6.3 Classificação 100
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................107
Finalidade
O presente manual tem por finalidade:
a. Estabelecer as peculiaridades do emprego das comunicações no âmbito da Força
Terrestre (FT);
b. Orientar o planejamento do sistema tático de comunicações (SISTAC);
c. Servir de fonte de estudo sobre os fundamentos básicos do emprego
das comunicações.
Generalidades
a. As comunicações compreendem o conjunto de meios destinados a estabelecer as
ligações entre os diversos escalões, com a finalidade de apoiar o exercício do comando e
controle.
b. Cada escalão da Força Terrestre possui o seu elemento de comunicações, o qual
tem por missão o planejamento, a instalação, a exploração e a manutenção do respectivo
sistema de comunicações, bem como prover a segurança física das suas instalações.
Conceitos Básicos
a. As operações militares compreendem um complexo de atividades que exige uma
elevada capacidade de planejamento, comando, controle e coordenação de emprego das
forças terrestre, aérea e naval. A grande mobilidade, a velocidade de deslocamento dessas
forças e o grande tráfego de informações exigem um planejamento centralizado, um comando
único e uma execução descentralizada, fazendo com que as decisões sejam rápidas e que
possam ser executadas oportunamente.
b. Essas características levam à necessidade de um sistema de comunicações
confiável, de grande capacidade de tráfego, muito flexível, permitindo transmissão de
mensagens em tempo real e que ofereça segurança face às atividades de guerra eletrônica
(GE) do oponente.
c. A transmissão em tempo real tem por objetivo prestar ao comandante e seu estado-
maior informações das ações das tropas amigas, das atividades do inimigo e das alterações no
terreno, no exato momento em que as mesmas ocorrem, de forma a permitir-lhes tomar
decisões de conduta do combate, empregando pessoal e material na ocasião e local
oportunos, com o menor risco de perdas e melhores condições de obtenção de êxito.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................5 /107 )
d. As comunicações devem ser o elo entre o comandante e sua tropa, levando a sua
presença em todos os lugares, simultaneamente.
e. O Sistema de Comando e Controle depende da eficácia das comunicações, o que o
torna alvo primordial do esforço de busca do inimigo para obtenção de informações através das
medidas eletrônicas de apoio (MEA) (busca, interceptação, monitoração, registro, localização
eletrônica e análise) e, nos momentos críticos das operações, das contramedidas eletrônicas
(CME) (interferência e dissimulação eletrônica) buscando não só dificultar a intervenção do
comandante no combate, como também degradar a coordenação dos diversos elementos
desdobrados.
8.1 LIGAÇÕES
Generalidades
Ligações são as relações ou as conexões estabelecidas entre os diferentes elementos
que participam de uma mesma operação, sendo uma ferramenta de apoio às atribuições de
comando e controle.
Meios de Ligação
a. Os meios de ligação são os componentes e recursos que constituem o vínculo entre
os elementos integrantes de uma mesma operação.
b. Tipos de meios de ligação
Ligações Necessárias
a. As ligações necessárias são constituídas pelos contatos diretos ou indiretos que
devem ser estabelecidos entre um determinado escalão e outros envolvidos em uma operação
militar, indispensáveis para o exercício do comando e controle.
b. As necessidades são determinadas pelo comandante e condicionadas pelo tipo de
operação, momento, escalão considerado, e pelos elementos envolvidos na mesma missão.
c. Nas operações militares, a efetivação das ligações necessárias é obtida através do
emprego dos meios de ligação.
d. As ligações necessárias permitem:
(1) o exercício do comando e controle no âmbito do escalão considerado;
(2) a integração ao sistema de comando e controle do escalão superior;
(3) a conexão com os elementos subordinados, vizinhos, apoiados, em apoio, em
reforço/integração, outras forças singulares e sistemas de telecomunicações civis.
Generalidades
a. É necessário e fundamental que o militar tenha conhecimento das regras básicas de
exploração, de modo a se obter a eficiência e a eficácia dos meios de comunicações
empregados.
b. A informação obtida, normalmente, é transmitida utilizando-se uma mensagem.
Mensagem, portanto, é uma ideia ou um sinal inteligente, ou conjunto deles, com significado
próprio. Nas comunicações militares, a mensagem é o instrumento utilizado para a troca de
informações, dar ciência das decisões, das ordens e de comunicados em geral. Quando
transmitida por um dos meios de comunicações, pode ser diretamente compreensível ou não,
podendo estar sob a forma de dados, imagem, voz e texto.
c. O uso da mensagem para a transmissão de informações deve obedecer a uma
padronização, não só em termos de formatação física, mas também, em aspectos básicos
ligados à segurança e à transcrição do seu conteúdo.
d. Os C Com fiscalizam os aspectos relativos à adequada utilização dos meios de
comunicações, formatação de mensagens, segurança e outros fatores ligados ao fluxo de
informações pelos meios de comunicações.
e. Este manual traça as normas básicas para o processamento de mensagens e outros
procedimentos relativos aos C Com.
Conceitos Básicos
a. Mensagem simples - é aquela enviada a um só destinatário.
b. Mensagem circular - é aquela enviada a dois ou mais destinatários.
c. Mensagem de partida - é aquela que é enviada, pelos meios de comunicações, a
outro C Com ou comando, localizado fora do alcance do serviço de mensageiros locais.
d. Mensagem de chegada - é a que chega ao C Com, proveniente de outro C Com, por
intermédio dos meios de comunicações, para ser entregue na região do PC ou escalão do QG
por ele apoiado.
e. Mensagem pré-formatada - é a mensagem cujo texto obedece a uma estruturação
previamente determinada, com o objetivo de ordenar e simplificar informações a serem
transmitidas, sem prejuízo do conteúdo.
f. Mensagem criptografada - é a mensagem cujo texto não apresenta idéia inteligível em
qualquer idioma ou esconde o verdadeiro sentido da ideia que apresenta. A mensagem
criptografada é frequentemente chamada de CRIPTOGRAMA.
Precedência
A precedência indica a prioridade com que uma mensagem deva ser veiculada em
relação às demais mensagens dentro de um sistema de comunicações. A classificação da
precedência é dada pela autoridade expedidora da mensagem, conforme o que se segue.
a. Urgentíssima - Tem precedência sobre todas as demais mensagens, interrompendo o
processamento e a transmissão daquelas. É usada em casos muito especiais e será indicada
pelo algarismo 1 (um).
b. Urgente - Tem precedência sobre as de menor prioridade e interrompe a transmissão
daquelas. É utilizada para assuntos que tratam da ampliação do contato com o inimigo, de
riscos à vida humana ou da perda de material importante. Será indicada pelo algarismo 2
(dois).
c. Preferencial - É a precedência mais alta que se pode dar às mensagens
administrativas. São processadas e transmitidas na ordem em que são expedidas. Será
indicada pelo algarismo 3 (três).
d. Rotina - Reservada a todos os tipos de mensagens cuja importância não justifique
precedência mais elevada. Será indicada pelo algarismo 4 (quatro).
Grau de Sigilo
a. A atribuição do grau de sigilo de uma mensagem é de responsabilidade da
autoridade expedidora e o tratamento que esta mensagem deve ter, em consequência desta
classificação, é da responsabilidade de todos que a manusearem.
b. O chefe do centro de comunicações pode sugerir a alteração da classificação sigilosa
se ela for diferente da usada em mensagens que tratam do
mesmo assunto ou assunto correlato.
Ultra-Secreto (USEC)
Atribuído aos documentos que requeiram excepcionais medidas de segurança, cujo teor
só deva ser do conhecimento de pessoas intimamente ligadas ao seu estudo ou manuseio.
Esta classificação é atribuída aos documentos referentes à soberania e integridade territorial,
planos de guerra e relações internacionais do País, cuja divulgação ponha em risco a
segurança da sociedade e do Estado. Será indicada pelo algarismo 1 (um).
Secreto (SEC)
Atribuído aos documentos que requeiram rigorosas medidas de segurança e cujo teor
ou característica possam ser do conhecimento de pessoas que, sem estarem intimamente
ligadas ao seu estudo ou manuseio, sejam autorizadas a deles
tomarem conhecimento em razão de sua responsabilidade funcional.
Esta classificação é atribuída aos documentos referentes a planos e detalhes de operações
militares, a informações que indiquem instalações estratégicas e aos assuntos diplomáticos,
que requeiram rigorosas medidas de segurança, cuja divulgação ponha em risco a segurança
da sociedade e do Estado. Será indicada pelo algarismo 2 (dois).
Confidencial (CONF)
Atribuído aos documentos cuja divulgação e conhecimento do seu teor possa ser
prejudicial aos interesses nacionais. Esta classificação é atribuída aos documentos onde o
sigilo deve ser mantido por interesse do governo e das partes e cuja
divulgação possa vir a frustrar seus objetivos ou ponha em risco a segurança da sociedade e
do Estado. Será indicada pelo algarismo 3 (três).
Reservado (RES)
Atribuído aos documentos que não devam, imediatamente, ser do conhecimento do
público em geral. Esta classificação é atribuída aos documentos cuja divulgação, quando ainda
em trâmite, comprometa as operações ou os objetivos neles previstos. Será indicada pelo
algarismo 4 (quatro).
Formulário de Mensagens
a. Formulário de mensagem Mod 1 (ANEXO A) - utilizado em campanha, em todos os
escalões. Apresenta-se reunido em blocos e com a capa padronizada, constituindo a caderneta
de mensagens. Destina-se ao registro de dados e informações constantes das mensagens, de
forma sintética e abreviada. No seu preenchimento, sempre que possível, utiliza-se mensagens
pré-formatadas.
b. Formulário de mensagem Mod 2 (ANEXO B) - destina-se ao registro de mensagens
que possuam texto longo.
Redação de Mensagens
a. Preparação das mensagens - as mensagens serão preparadas e enviadas ao CM em
disquete ou via rede local.
(1) Em disquete - quando a mensagem for entregue por meio de disquete, será enviado
também 01 (uma) via da mensagem impressa, que será imediatamente devolvida ao expedidor
contendo o Grupo Data Hora (GDH) e o recibo do C Com;
(2) Via rede local - quando a mensagem for enviada ao CM pela rede local o GDH e o recibo do
C Com serão automáticos.
( ) CLARO ( X ) CRPT
Mário MÁRIO E 3
ASSINATURA NOME FUNÇÃO
b. Redação - o preenchimento dos espaços, tais como: meio, rede, indicativos, GDH e
QSL são de responsabilidade do C Com. Os demais espaços são preenchidos pelo expedidor
da mensagem, da maneira que se segue.
(1) Relativos ao cabeçalho
(a) Precedência - escreve-se o algarismo indicativo da precedência escolhida, no espaço
correspondente.
1 = Urgentíssima, 2 = Urgente, 3 = Preferencial e 4 = Rotina.
(b) Classificação Sigilosa - escreve-se o algarismo indicativo da classificação sigilosa atribuída,
no espaço correspondente.
1 = Ultra-secreto, 2 = Secreto, 3 = Confidencial e 4 = Reservado.
Este campo será preenchido com o número 5 (cinco) caso a mensagem não tenha
classificação sigilosa.
(c) Referência - escreve-se o número de três algarismos correspondente à mensagem que o
expedidor está elaborando. A numeração recomeça ao atingir 999.
(d) Destinatário e Expedidor - preenchidos conforme letras ―e.‖ e ―f.‖ do parágrafo 2-8.
(2) Relativos ao texto - o espaço central do impresso é reservado ao texto, que é a parte
principal da mensagem, pois contém aquilo que se quer transmitir. Deverá ser preenchido de
acordo com as normas de pré-formatação de mensagens em vigor. Quando não for utilizada a
pré-formatação, será preenchido de forma concisa e clara, e poderá conter, ainda, as
informações complementares que o expedidor julgar necessárias ao destinatário.
Generalidades
a. O rádio constitui o principal meio de comunicações de muitas unidades táticas. Ele é
utilizado para comando, direção de tiro, troca de informações, administração e ligação entre
unidades ou no âmbito das mesmas (Fig 1-1), como também é empregado nas comunicações
entre aviões em voo e entre estes e as unidades em terra.
Vantagens e Limitações
a. Vantagens
(1) Normalmente, os meios de comunicações pelo rádio podem ser instalados mais
rapidamente que os de comunicações por fio; por esse motivo, o rádio é amplamente utilizado
como meio principal de comunicações nos estágios iniciais das operações de combate e nas
situações táticas de movimentação rápida.
(2) O equipamento de rádio pode ser utilizado na própria viatura onde foi instalado, sem
necessidade de posteriores reinstalações.
(3) O rádio pode ser empregado sem qualquer demora, tanto por unidades móveis, aéreas,
anfíbias ou terrestres, como por unidades terrestres estacionárias ou fixas.
(4) O rádio se presta a muitas formas de operação, tais como a radiotelefonia, radiotelegrafia,
rádio teleimpressão e transmissão de dados e imagens.
(5) A efetividade do rádio não está limitada pelos obstáculos naturais, nem pelo terreno sob
controle ou fogo inimigo, na mesma medida em que o estão outros meios de comunicações.
(6) Através da utilização de dispositivos de controle remoto, o operador pode situar-se a certa
distância do aparelho que está operando. Isto proporciona maior segurança, tanto para o
próprio operador quanto para a instalação e para o posto de comando (PC), servido pela
estação.
b. Limitações
(1) O rádio está sujeito a avarias e desarranjos do equipamento, bem como a interferências
atmosféricas, ou ocasionadas por outros dispositivos eletrônicos, sendo estas últimas
relativamente fáceis de serem provocadas.
(2) Para funcionar em conjunto, as estações de rádio devem operar nas mesmas frequências
ou, no mínimo, utilizando algumas frequências sobrepostas; devem transmitir e receber os
mesmos tipos de sinais e estar localizadas dentro de um determinado alcance operacional.
Transmissor
O tipo de aparelho transmissor mais simples consiste de uma fonte de suprimento de
energia e de um oscilador. A fonte de suprimento pode consistir de baterias, um gerador, uma
fonte de corrente elétrica alternada (CA), incluindo um retificador e um filtro, ou uma unidade
rotativa produtora de corrente contínua (CC). O oscilador, que gera energia de RF, deve estar
provido de um circuito regulador, que permita sintonizar o transmissor na frequência
operacional desejada. O transmissor deve estar equipado com algum dispositivo para controlar
a energia de radiofreqüência gerada pelo oscilador. O dispositivo mais simples é um
manipulador telegráfico, o qual não é outra coisa senão uma espécie de interruptor, que
controla o fluxo de corrente elétrica. Quando o manipulador é operado, o oscilador é ligado e
desligado durante certos espaços de tempo, formando-se assim os pontos e traços do Código
Morse.
Transmissor de Radiofonia
Para transmitir mensagens faladas, torna-se necessário dispor de algum meio de
controle da energia produzida pelo transmissor, de acordo com as frequências da voz. Isto é
conseguido através de um modulador, que modifica a produção do transmissor de
conformidade com essas frequências (audiofreqüências). Este processo é conhecido como
modulação e a onda submetida ao mesmo é chamada onda modulada. Quando o sinal de
modulação ocasiona a mudança em amplitude da onda de rádio, o processo é chamado de
modulação em amplitude (AM) e quando modifica a frequência da onda, ele é conhecido como
modulação em frequência (FM). A figura 2-3 mostra um transmissor de radiofonia equipado
com um modulador e um microfone, e convertido assim em um transmissor radiofônico de
amplitude modulada.
Antenas
Após o transmissor ter gerado e amplificado um sinal de radiofreqüência, torna-se
necessário dispor-se de um meio para enviar esse sinal ao espaço e, da mesma forma,
também é necessário que a estação receptora disponha de outro meio para interceptar (captar)
o sinal lançado. Os dispositivos utilizados para enviar e captar esses sinais chamam-se
antenas. A antena transmissora lança sinais de energia no espaço e essa energia, irradiada
sob a forma de ondas eletromagnéticas, é interceptada pela antena receptora. Se o aparelho
receptor é sintonizado na mesma frequência que o transmissor, os sinais serão captados de
forma satisfatória e inteligível. No capítulo 5, maiores detalhes sobre antenas, serão
abordados.
Receptor
Existem duas espécies gerais de sinais de radiofreqüência que podem ser captados por
um receptor de rádio: os sinais de rádiofreqüência modulada, que transportam palavras,
música, ou qualquer outra espécie de energia audível, e os sinais de onda contínua (CW), que
são impulsos de energia de RF, que transportam informação através de sinais codificados
(pontos e traços).
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................21 /107 )
a. Detetor (Demodulador) - O processo mediante o qual é extraída a
A informação transportada pelos sinais de radiofreqüência é chamada de detecção ou
demodulação. O circuito utilizado para efetuar a demodulação é chamado detector (Fig 2-4),
posto que, na realidade, este circuito detecta a informação transmitida. O receptor deve contar
com meios para sintonizar, ou selecionar, a frequência do sinal de (RF) desejado. Esse
processo de seleção é necessário, a fim de evitar a detecção simultânea de muitos sinais de
RF de freqüências diferentes. A parte do detector que sintoniza o sinal desejado é chamada
circuito sintonizador. Nos receptores de FM, o detector é conhecido como discriminador.
Meios Rádio
a. Generalidades
(1) As comunicações por rádio se constituem, normalmente, no meio que permite maior
flexibilidade e rapidez de instalação, facilitando as comunicações em operações de movimento
e em situações de emergência.
(2) O rádio permite o estabelecimento de ligações através de terminais de fonia, telegrafia,
teleimpressor, fac-símile e outros.
(3) As possibilidades dos meios de guerra eletrônica tornam os equipamentos rádio
convencionais extremamente vulneráveis às ações de interferência, interceptação e
localização. Isto reduz sensivelmente as possibilidades de emprego do rádio, uma vez que se
tornam fontes de informações de grande valor para o inimigo, no que diz respeito à localização
de postos e unidades, análise de tráfego e conhecimento do conteúdo das mensagens, sejam
em claro, sejam criptografadas.
(4) Para diminuir e, em alguns casos, até mesmo impedir, as atividades inimigas de guerra
eletrônica, têm sido desenvolvidas técnicas especiais de transmissão, tais como: por salto de
frequência, por salvas e em banda larga.
(5) Para maior rendimento, são reunidos dois ou mais postos que, coordenados por um deles,
formam redes, que atendem a uma determinada finalidade.
(6) Para que possam funcionar em rede, os conjuntos de rádio devem possuir as
características comuns que se seguem.
(a) Mesmo tipo de modulação.
(b) Estarem sintonizados na mesma frequência ou canal de operação.
(c) Estarem dentro do raio de ação da estação de menor alcance.
(d) Estarem ajustados para o mesmo tipo de sinal.
Alfabeto Fonético
O alfabeto fonético utilizado na exploração é internacional e seu uso está consagrado
pelas Forças Armadas. A parte em negrito das palavras corresponde à sílaba tônica, isto é, a
sílaba que deve ser pronunciada com maior inflexão de voz.
A ALFA N NOVEMBER
B BRAVO O OSCAR
C CHARLIE P PAPA
D DELTA Q QUEBEC
E ECHO R ROMEO
F FOXTROT S SIERRA
G GOLF T TANGO
H HOTEL U UNIFORM
I INDIA V VICTOR
J JULIET W WHISKEY
K KILO X XRAY
L LI MA Y YANKEE
M MAIQUE Z ZULU
1 UNO 6 MEIA
2 DÔ-IS 7 SÉ-TÊ
3 TRÊS 8 ÔI-TO
4 QUATRO 9 NÓ-VÊ
5 CINCO 0 ZÉ-RÔ
Redes
Conceito
Denomina-se redes, o grupo de estações dotadas de equipamentos compatíveis entre
si, operando na mesma frequência, com o mesmo tipo de sinal e de modulação e sob o
controle de uma delas, tanto sob o aspecto técnico como no tocante à disciplina de exploração.
Finalidade
O agrupamento em redes das diversas estações, que servem a um determinado
escalão de comando, visa disciplinar a exploração, além de proporcionar melhor rendimento
em termos de transmissão de mensagens e, sobretudo, reduzir a vulnerabilidade à GE inimiga.
Indicativos de Chamada
Conceito
Os indicativos de chamada, também denominados indicativos operacionais,
são combinações de caracteres ou palavras pronunciáveis que identificam uma estação, um
comando, uma autoridade ou uma unidade.
Finalidade
Como medida de segurança da exploração, os indicativos de chamada são
considerados, sob a ótica da GE, como procedimentos de MPE no campo das comunicações.
São utilizados, basicamente, no estabelecimento e manutenção das comunicações rádio
telefônicas.
Mudança de Indicativos
a. Os indicativos de chamada devem ser mudados em intervalos de tempo aleatórios,
de acordo com o que prescrevem as Normas Gerais de Ação de Comunicações e Eletrônica
(NGA Com Elt) do escalão considerado, ou, quando estas nada prescreverem, de acordo com
a instrução referente a indicativos e freqüências I E Com Elt do referido escalão. O tempo de
vigência de um mesmo indicativo depende do grau de segurança desejado.
b. A mudança de indicativo, em princípio, deve ser acompanhada de mudança da
frequência de operação e, se possível, de mudança do local da estação.
c. A transmissão de indicativos dispensa o uso da expressão ―SOLETRANDO‖.
Designação de Indicativos
a. A designação de indicativos destinados às diferentes estações da rede deve ser feita
com o máximo cuidado, seguindo o que prescreve as Instruções Padrão de Comunicações e
Eletrônica (I P Com Elt). A escolha de termos pouco adequados pode resultar em confusão e
deficiências operacionais na rede. Para tal, os indicativos devem ser breves, com vistas a
atender o princípio da simplicidade e diminuir o tempo de transmissão.
b. A distribuição de indicativos deve ser feita pelo comandante ou oficial de
comunicações para os diferentes escalões, sendo estabelecida nas suas respectivas I E Com
Elt.
c. A transmissão de indicativos constituídos de grupos de letras e algarismos
deve ser feita com o emprego do alfabeto e algarismos fonéticos.
Controle
Estação Controladora da Rede (ECR)
a. As redes são organizadas, no mínimo, com duas estações, sendo uma delas a
Estação Controladora da Rede (ECR). Para exemplificar, considerando ANEXO ―C‖
(EXEMPLO DE REDE), notamos que na rede 1 (um) a estação TUPY é a ECR.
Autenticação
a. A autenticação é uma medida de segurança das comunicações, mais
especificamente de segurança da exploração, destinada a proteger os sistemas de
comunicações contra transmissões de origem duvidosa. Sem essa providência, as estações
inimigas, fazendo-se passar por amigos, poderão transmitir mensagens falsas de toda natureza
Procedimentos de Exploração
Abertura e Fechamento de Redes
a. Chamada coletiva de rede
(1) As chamadas coletivas são atendidas na ordem alfabética dos indicativos das estações, ou
na ordem estabelecida pelas IEComElt.
(2) Quando uma estação não responder na sua vez, aquela que se segue a ela deverá
aguardar 5 segundos e atender à chamada. A estação que não atendeu em tempo, somente
deverá fazê-lo após o atendimento de todas as outras.
Silêncio de Emergência
a. Quando ocorre uma situação operacional de emergência, a prescrição rádio em
silêncio pode ser determinada pelo emprego da expressão ―SILÊNCIO‖ falada três vezes.
Somente a ECR, por determinação superior, poderá dar essa ordem. Ela exige autenticação do
posto emissor, se houver sistema de autenticação prescrito.
b. As estações não atenderão ou darão recibo para uma transmissão que imponha
silêncio de emergência. A partir de então as estações só poderão transmitir quando a
prescrição em vigor for modificada por meio de ordem da autoridade competente.
c. Um dos procedimentos recomendados, em caso de suspeita de interferência
ou escuta do inimigo, em nossas transmissões, é não denunciar a eficiência do sinal inimigo,
ou a sua presença. Assim, as informações sobre o silêncio de emergência devem ser
Experiência Fonia
Finalidade
Entende-se por experiência fonia a prática adotada pelas estações para se certificar das
condições de transmissão e recebimento das demais estações de uma mesma rede. Todavia,
como o estabelecimento dos enlaces em uma rede pode ser automatizado e tendo em vista a
possibilidade de emprego da Guerra Eletrônica do inimigo, a experiência fonia deve ser
evitada.
Valores e Significados
a. Clareza - entende-se por clareza a qualidade com que o sinal chega ao equipamento
receptor, caracterizando-se pela limpeza da transmissão e ausência de ruídos ou transmissões
espúrias, que dificultem o entendimento do conteúdo da mensagem transmitida. A escala
numérica de 1 a 5 significa o grau atribuído à inteligibilidade da mensagem.
b. Intensidade - entende-se por intensidade a força com que o sinal chega ao
equipamento receptor, caracterizando-se pela quantidade de tom da transmissão. A escala de
1 a 5 significa o grau de diminuição ou aumento de volume da recepção.
Utilização
a. Deve-se considerar sempre que uma estação está transmitindo sinais fortes e de boa
qualidade, a não ser que outra estação acuse o contrário.
b. As experiências foniais, quando necessárias, devem ser realizadas pela ECR com o
propósito de verificar as condições de operação da rede, atendendo às restrições das
prescrições rádio.
c. Em uma rede dirigida, quando eventualmente uma estação constatar o mau
funcionamento de seus equipamentos e desejar verificar a intensidade e a qualidade de seus
sinais, poderá realizar uma experiência única com a ECR.
3 Regular Regular
4 Claro Boa
Procedimentos de MPE
Considerações Iniciais
a. Muito embora as MPE sejam uma atividade de GE, é fundamental tornar claro que a
adoção de procedimentos de MPE não é privativa das OM de GE. Pelo contrário, constitui
responsabilidade de todos os planejadores, supervisores e operadores de sistemas rádio, em
todos os escalões de comando de qualquer arma, serviço ou quadro. Constituem medidas de
proteção, destinadas a impedir que o inimigo tome conhecimento do conteúdo de nossas
transmissões, análise nosso tráfego rádio, localize nossas estações, obtenha êxito nas suas
ações de interferência ou nos engane com emprego da dissimulação eletrônica imitativa.
b. É, portanto, imprescindível que todos os envolvidos com o funcionamento do sistema
rádio disponham de conhecimentos de GE, com ênfase em medidas de proteção eletrônica e
que cultivem e divulguem a necessidade da guerra eletrônica no combate.
Composição da Mensagem
a. A mensagem é composta por três partes distintas: cabeçalho, texto e fecho.
b. O cabeçalho contém informações relativas ao assunto, à classificação
sigilosa, aos destinatários, ao grupo data-hora, à numeração, à precedência e ao remetente.
c. O texto contém a idéia que se deseja transmitir e a autenticação da mensagem. É a
parte principal da mensagem.
d. O fecho contém as assinaturas da autoridade expedidora e as informações
relacionadas com a parte técnica da transmissão da mensagem.
Situações Diversas
Correções Durante a Transmissão
a. Quando for cometido um erro pelo operador, ele usa imediatamente a expressão
convencional ―CORREÇÃO‖ e enuncia a versão correta depois da última palavra, grupo,
expressão ou frase corretamente transmitida. Após isso, a transmissão continuou.
Identificação de Mensagens
a. As mensagens serão identificadas pelo grupo data-hora acrescido do indicativo do
remetente da mensagem.
b. Se for necessária uma identificação posterior, o cabeçalho, o texto ou o fecho, parcial
ou completo, poderão ser usados.
c. Em todos os casos, a informação usada para identificar uma mensagem será tão
curta quanto possível.
Mensagens de Serviço
a. Mensagens de serviço são pequenas mensagens, normalmente expedidas pelos
operadores e relacionadas com a exploração da rede. Não exigem certos elementos, tais como
precedência, grupo data-hora, etc.
b. Na chamada preliminar, ao invés da transmissão do algarismo que indica a
precedência da mensagem, deverá ser empregada a expressão ―SERVIÇO‖.
ANEXO A
SINAIS DE SERVIÇO
SINAL SIGNIFICADO
ANEXO B
EXPRESSÕES CONVENCIONAIS DE SERVIÇO
B-1. GENERALIDADES
A fraseologia reunida no presente anexo segue o previsto no Manual MD31- M-
01 MANUAL COMUNICAÇÕES PARA OPERAÇÕES COMBINADAS, do Ministério da
Defesa, além de trazer texto extraído do Manual de Campanha C 24-12 -
COMUNICAÇÕES – SINAIS DE SERVIÇO E INDICATIVOS OPERACIONAIS.
B-2. EXPRESSÕES CONVENCIONAIS DE SERVIÇO MAIS UTILIZADAS.
EXPRESSÃO SIGNIFICADO
DEPOIS DE... Verificar ou repetir a parte da mensagem após o grupo que segue.
PALAVRA ANTES Usada para verificação, repetição e correção para indicar a parte
da mensagem.
PALAVRA DEPOIS Usada para verificação, repetição e correção para indicar a parte
da mensagem.
PEÇO COTEJO ―repita toda esta transmissão exatamente como foi recebida‖.
Finalidade
Este manual tem por finalidade regular a execução e o planejamento das marchas a pé.
Objetivo
Apresentar a doutrina aplicável a todas as unidades e grandes unidades das armas e
serviços, para a execução das marchas a pé.
Tipos de Marcha a Pé
A marcha a pé pode ser classificada em:
a. Tática — executada sob condições de combate, quando há possibilidade de
contato com o inimigo. As medidas de segurança predominam sobre as de conforto da tropa.
b. Administrativa ou preparatória — quando a possibilidade de contato com o
inimigo é remota. O principal objetivo é executar o movimento sem desgastar a tropa.
Rendimento da Marcha
Diz-se que a tropa executa a marcha com bom rendimento, quando chega ao seu
destino no tempo previsto e em condições de cumprir a missão recebida. Para tal, concorrem,
além de uma cuidadosa preparação:
a. O grau de instrução, o moral e o vigor físico dos executantes.
b. A disposição da tropa,
c. A observância da disciplina de marcha,
d. O estado dos itinerários.
e. A confiança no Comando.
f. O espírito de corpo.
g. As condições fisiográficas locais.
Generalidades
São fatores que influenciam na execução das marchas:
a.O terreno.
b. As condições meteorológicas.
c. Os de natureza fisiológica.
d. Os de natureza psicológica.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................52 /107 )
Terreno
O terreno plano ou levemente acidentado é o mais favorável à realização das marchas,
por não apresentar obstáculos que interfiram no seu rendimento. Ao contrário, a ausência de
estradas, as regiões áridas, os aclives e declives das regiões montanhosas, o terreno coberto
das selvas e os terrenos alagadiços e pantanosos prejudicam grandemente as marchas, não
só porque apresentam dificuldades de apoio a quem marche, como porque impõe constante
variação da cadência. Quando, porém, nestas regiões existem estradas em condições de
utilização, o rendimento obtido nas marchas é bastante razoável.
Condições Meteorológicas
a. O clima — o clima frio e seco é o ideal para a execução das marchas. A temperatura
demasiadamente baixa reduz o rendimento, pois a necessidade da utilização de agasalhos
mais pesados sobrecarrega o homem, diminuindo-lhe a capacidade física. Da mesma forma, o
calor e a umidade excessivos reduzem o rendimento, pelo cansaço prematuro que provocam
no homem. Entretanto, mesmo nestas condições adversas, prevalecem os mesmos princípios
básicos, que regulam as marchas em condições normais. O uso de uniforme adequado, certos
cuidados com o equipamento e consumo controlado de água constituem medidas que devem
ser prescritas à tropa que marcha sob clima desfavorável.
b. Tempo — o tempo bom não apresenta dificuldades à execução das marchas,
enquanto o mau tempo diminui o rendimento delas, O vento forte, além da poeira que levanta,
prejudica o equilíbrio do homem. A chuva torna mais pesado o equipamento e as estradas, por
vezes, intransitáveis.
Fatores Fisiológicos
a. Generalidades — o estado sanitário da tropa tem influência decisiva no
rendimento da marcha. Este manual, por isso, prescreve medidas especiais referentes à
alimentação, ao uniforme e ao equipamento, principais fatores relacionados a certas funções
fisiológicas do homem, como a digestão e a circulação, cuja normalidade deve ser sempre
mantida.
b. Alimentação — antes de iniciar a marcha, a tropa deve receber uma
refeição quente, porém leve. A fim de evitar náuseas, câimbras e insolação, a água só deve ser
bebida mediante determinadas prescrições. Não é aconselhável beber água de uma só vez,
em grande quantidade, pois o organismo não a assimila bem, embora, sob as mesmas
condições, cada homem reaja de modo diferente. Nas marchas com tempo quente e úmido, 10
litros de água por homem são suficientes, incluindo a necessária para o preparo de seus
alimentos. A transpiração abundante elimina uma quantidade de sal maior que a ingerida com
os alimentos. Compensa-se esta perda dissolvendo sal na água a ser ingerida nas seguintes
proporções:
— 0,5 kg de sal para 400 litros de água.
— 0,15 kg de sal para cada saco "lyster" (140 litros).
— 1/4 de colher de chá ou 2 pastilhas de sal por cantil.
Deve ser proibido o consumo de água cuja pureza não tenha sido verificada pelo médico
ou que tenha sido previamente tratada. Quando, porém, isso não for possível, dissolver na
água pastilhas purificadoras. Estas pastilhas devem ser utilizadas de acordo com as
prescrições do médico ou as contidas na embalagem.
c. Uniforme e equipamento — o uniforme inadequado ao clima da região onde marcha a
tropa altera as funções fisiológicas, podendo levar o homem, por vezes, ao congelamento ou à
insolação. O equipamento pesado e mal ajustado prejudica a respiração, a circulação, a
digestão e, muitas vezes, produz ferimentos. Para evitar estes inconvenientes, preparar e
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................53 /107 )
ajustar corretamente o equipamento desde a véspera da marcha, dispensando particular
atenção ao aperto das calças, à colocação do cinto, ao equilíbrio e à posição da mochila. O
homem não deve, em princípio, conduzir carga superior a 1/3 do seu próprio peso. A carga
total aconselhada é de 18 quilos, não devendo exceder 22 quilos.
Fatores Psicológicos
a. Confiança — o homem moderno, acostumado ao transporte motorizado, andando
apenas curtas distâncias, duvida da sua própria capacidade de efetuar longas caminhadas.
Sendo as marchas a pé necessidade de ordem militar, é mister é imperioso que se deem ao
homem, instrução e treinamento para a execução das marchas, tornando-o resistente e
confiante na sua capacidade para executá-las. Para isso, além de submetê-lo a um
treinamento progressivo, deve-se procurar estimular-lhe o amor próprio e desenvolver o
espírito de corpo pela emulação. Nas marchas preparatórias o homem deve receber, com
antecedência de um dia (de uma semana, nas primeiras instruções) informações completas
sobre as marchas, não se lhe abrandando ou exagerando as dificuldades. Nas marchas
táticas, deve-se dizer-lhe as razões de segurança que levam à não utilização dos transportes.
Essas informações preservam-lhe não só a confiança nos chefes, como em si mesmo.
b. Moral — o rendimento de uma marcha diminui, sensivelmente, se ela sofre qualquer
abatimento moral, o que pode ser evitado tomando-se as seguintes medidas:
— entrar em forma somente nos últimos momentos que antecederam ao
início da marcha;
— eliminar as demoras desnecessárias que mantenham a tropa parada e
em pé;
— fiscalizar minuciosamente a ajustagem do equipamento e do uniforme
prescritos;
— utilizar as melhores estradas, salvo quando se tem em visita exercitar a
tropa nas marchas em condições difíceis;
— regular o trânsito de viaturas no itinerário, de maneira a impedir
deslocamentos em velocidades excessivas ao lado das colunas;
— exigir o cumprimento das medidas de disciplina de marcha;
— estimular o bom-humor dos homens pela utilização de todos os meios
disponíveis, no sentido de despreocupá-los do esforço da marcha;
— estimular pelo exemplo, como chefe, marchando com a tropa, sem
demonstrar fadiga e bem humorado.
Reconhecimento do Itinerário
Uma turma de reconhecimento, constituída de elementos capacitados para opinar sobre
o itinerário e o trânsito, sobre os trabalhos de engenharia e de sapa, sobre a segurança e as
comunicações, etc, deve ser enviada antes do início da marcha e logo após o conhecimento da
ordem preparatória, a fim de obter informações que venham a servir de base para a ordem de
marcha. Essas informações são registradas num relatório. A missão dessa turma é:
a. Localizar a zona de estacionamento.
b. Indicar o itinerário ou itinerários disponíveis para a marcha.
c. Informar sobre a natureza e as condições dos itinerários selecionados.
d. Indicar a velocidade de marcha adequada a determinado trecho do itinerário.
e. Indicar as medidas de segurança necessárias.
f. Localizar os obstáculos e avaliar o trabalho e o tempo necessários para ultrapassá-los.
g. Indicar os locais favoráveis aos altos e às refeições.
h. Localizar o PI e o P Lib.
i. Indicar os meios especiais de controle, de comunicações e de evacuação, julgados
indispensáveis.
j. Avaliar o número de balizadores e guardas de trânsito necessários.
Nota: Nas zonas de combate ou quando não se dispuser de tempo suficiente para lançar
a turma de reconhecimento e aguardar suas informações para então elaborar a ordem de
marcha, ela se incorpora ao destacamento precursor e procura manter o comando informado
da situação à medida que progride no itinerário.
Destacamento Precursor
A missão do destacamento precursor é:
a. Balizar os pontos críticos do itinerário.
b. Executar, ao longo do mesmo, os trabalhos de engenharia necessários a sua
desobstrução.
c. Facilitar o trânsito.
d. Preparar o novo estacionamento, repartir sua área pelos elementos subordinados e
guiar a tropa na sua chegada ao local.
e. Realizar outros serviços previstos na ordem de marcha. Se a sua constituição está
prevista nas NGA da unidade, pode ser lançada total ou parcialmente em curto prazo. Precede
a coluna e deve ser acionado logo após o recebimento da ordem de marcha.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................55 /107 )
Quadro de Itinerário
É o documento elaborado com base no relatório de reconhecimento de itinerário.
Ordem de Marcha
A ordem de marcha do comandante determina o itinerário a seguir, ponto de destino, o
horário a ser observado, a formação a adotar, a velocidade e os intervalos de tempo a serem
mantidos, o comando de determinados elementos da coluna e outros pormenores não
previstos nas NGA. Deve-se fazer uso de calcos. cartas, esboços e quadros, tendo em vista
simplificar a ordem de marcha. Para as unidades e comandos subordinados, a ordem de
marcha é uma combinação de ordens verbais, com calcos e quadros de movimento.
NGA De Marcha
As Normas Gerais de Ação compreendem medidas em operações táticas ou
administrativas, que conduzem a uma norma definida e padronizada, sem perda da eficiência.
Elas indicam a ação a ser seguida como orientação, desde que isso se determine o contrário.
Normalmente, compreendem os assuntos que o comando deseja tornar rotina como
consequência da sua experiência em solucionar constantemente os mesmos problemas. As
unidades que conservam os mesmos quadros por longo tempo e as de pequenos efetivos
podem excluir das NGA muitas instruções, por serem estas já muito sabidas ou
desnecessárias.
E (min) = P (m) x 60
V (km/h) x 1.000
onde:
P (m) - profundidade do Elm a pé, em metros
V(km/h) = velocidade em km/h
c. Tempo de percurso:
V= e
t
V — velocidade de marcha e
e — distância
t — tempo de percurso
d. Exemplo de planejamento
(1) Formação-normal
(2) Efetivo (N) - 414 homens
(3) Soma dos intervalos de marcha (d)
Entre as UM — (3-1) x 50 = 100
Entre os Pel – (12 – (1 + 2)) x 20 = 180
d = 280 m
e. Profundidade
P=NxK+d
P.= 414 x 0,8 + 180 P
P = 511,2
P = 512m
f. Escoamento
e (min) = 512 x 60
4 x 1000
Organização
As unidades devem marchar conservando a sua organização tática. Em princípio, o
Batalhão, Grupo, Regimento ou Unidade equivalente constitui um grupamento de marcha e,
suas subunidades, as unidades de marcha. Quando o terreno ido permitir que o comandante
de subunidade controle com eficiência sua tropa, o que ocorre geralmente nos terrenos
montanhosos e nas selvas, o pelotão (ou fração equivalente) pode constituir uma unidade de
marcha, A coluna de marcha é organizada pela passagem sucessiva de seus elementos
orgânicos por um ponto predeterminado. facilmente identificável, no início do itinerário. Este
ponto, chamado Ponto Inicial (P1). deve ficar num local amplo e desembaraçado (Fig 4-2).
Mudança de Velocidade
A irregularidade na velocidade de marcha se faz sentir, com maior intensidade, à
retaguarda da coluna. A velocidade moderada ou excessiva do regulador de marcha faz com
que a coluna se emasse ou se alongue. Para sanar esses inconvenientes, o comando
determina a mudança de velocidade, aumentando-a ou diminuindo-a, mas somente após ter
avisado às frações da coluna de marcha. Logo que isto tenha sido feito, passa o regulador de
marcha a andar na velocidade determinada e a coluna, já devidamente prevenida, vai aos
poucos passando à nova velocidade sem atropelo. Quando, porém, os motivos do
alongamento ou do emassamento forem outros e desde que seja possível, deve ser a tropa
prevenida na ocasião do primeiro alto.
Flutuações
As flutuações a que está sujeita uma coluna em marcha podem ser limitadas pela
manutenção de uma velocidade constante, pela conservação das distâncias entre as frações,
pela utilização de boas estradas e pela observância da disciplina de marcha. Quando for
necessário aumentar ou diminuir a velocidade, deve-se fazê-lo de modo gradativo,
prevenindo-se, antes, a tropa. Uma mudança repentina de velocidade faz com que a coluna se
emasse ou se alongue. As pequenas flutuações ocorridas na frente chegam à retaguarda da
coluna de marcha bastante aumentadas. Por isso mesmo é sempre conveniente modificar-se
periodicamente a ordem em que marcham as frações, tendo em vista evitar que os mesmos
homens marchem sempre à retaguarda da coluna, onde estão permanentemente sujeitos às
flutuações.
O Regulador de Marcha
O regulador de marcha desloca-se 5 a 10 passos à frente da Unidade de marcha, a fim
de dar-lhe ritmo uniforme e de manter a velocidade prescrita (Fig 4-4). Em princípio, deve ser
um graduado de estatura média e com o passo aferido.
O oficial que marchartesta da coluna fiscalizar-lhe a cadência, para mantê-la uniforme.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................60 /107 )
Fig 4.4 – Regulador de marcha
Cadência
a. Denomina-se cadência o número de passos que o homem dá por minuto. O passo
normal é de 75 cm, para a velocidade, também normal, de 4 km em 50 minutos.
b. A constância da velocidade permite que cada homem tenha uma cadência própria,
com a qual se habitua a marchar. A constante modificação da cadência acarreta fadiga
prematura, diminuindo o rendimento.
c. O comprimento das passadas varia de conformidade com a inclinação e a
consistência do terreno palmilhado, motivando flutuação na coluna em deslocamento.
Marchas a Noite
a. As marchas noturnas, furtando a tropa à observação do inimigo, proporcionam
segurança razoável contra os ataques aéreos. Devem ser precedidas de minucioso
reconhecimento do itinerário e do ponto de destino. Na impossibilidade de fazê-lo no terreno,
deve-se fazê-lo na carta. Num e noutro caso, tornam-se imperiosas as medidas que assegurem
a direção e a ligação. Deve ser organizado um esboço do itinerário, em que sejam amarrados
em relação ao PL, os pontos notáveis do terreno, entroncamentos, cruzamentos de estradas,
etc,
b. No uso de ser possível o reconhecimento no terreno, assinalam-se, por meio de
balizadores ou marcos luminosos, as bifurcações e os cruzamentos. Caso contrário, utilizam-se
guias que, marchando à testa da coluna, dão as indicações necessárias. A direção também é
mantida por guias e o itinerário deve ser bem definido, e objeto de constante verificação.
c. À noite, empregam-se as mesmas formações utilizadas de dia mas, para assegurar a
ligação, reduzem-se as distâncias entre os homens e entre as frações, ou se colocam
elementos de ligação entre estas.
Generalidades
Antes de iniciar a marcha, os comandantes de frações verificam se seus homens estão
em boas condições físicas e se tomaram todas as medidas preventivas devidas.
Disciplina de Marcha
É um conjunto de regras e dispositivos regulamentares que se aplicam às marchas. A
disciplina de marcha deve ser observada antes da marcha, durante e após sua realização. A
disciplina de marcha compreende, entre outras, as seguintes medidas:
a. Antes das marchas
(1) Para os comandos.
— ordem preparatória;
— adaptar o fardamento às condições climáticas;
— diversas e variadas inspeções;
— reconhecimentos;
— início da marcha ris hora prevista.
(2) Para a tropa:
— receber informações exatas sobre a marchar,
— preparar o equipamento prescrito:
— cuidar meticulosamente dos pés; recompletar os cantis;
— munir-se de muda de meia sobressalentes;
— receber o armamento;
— evitar arruo
b. Durante as marchas
(1) Para os comandos:
— fazer observar os horários, a velocidade de marcha e o itinerário,
— manter as comunicações, as distâncias e as formações;
— fazer cumprir as diferentes prescrições existentes, inclusive sobre o consumo de água;
— fornecer permissão escrita aos estropiados e doentes para, fora de forma, aguardarem o
médico;
— determinar o rodízio da carga entre os homens;
— mudar a velocidade de marcha, se for o caso;
— fiscalizar a ação dos guardas de trânsito;
— fazer os altos nas horas previstas.
(2) Para a tropa:
—deslocar-se no lugar próprio;
CONCEITOS BÁSICOS
Operacionalidade
- Grau de aptidão ou treinamento atingido por uma OM, compreendendo seu pessoal e
material para cumprir as missões a que se destina.
Aprestamento
- Conjunto de medidas de prontificação ou preparo de uma força ou parte dela,
especialmente as relativas à instrução, ao adestramento, ao pessoal, ao material ou à logística,
destinado a colocá-la em condições de ser empregada a qualquer momento.
Sistema de Alarme
a. Estando a tropa dedicada às suas atividades normais no quartel, o sistema de alarme
será acionado para reunir os militares em caso de ameaça à segurança do aquartelamento e
poderá ser, também, acionado caso a Unidade tenha recebido ordem de se deslocar em curto
prazo.
b. Este sistema deve estabelecer, basicamente:
- um alarme convencionado (toque de corneta, sirene, campainha, etc);
- pontos ou áreas de reunião das subunidades e frações;
- conduta dos homens ao deixarem seus locais de trabalho;
- substituição dos homens em serviços que não devem ser suspensos; e
- medidas imediatas de segurança.
c. O comandante de fração deve ser o primeiro a chegar ao seu Ponto de Reunião para:
- agrupar os homens;
- verificar efetivo;
- comunicar o PRONTO ao seu Comandante Superior; e
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................76 /107 )
- transmitir suas ordens.
Plano de Chamada
a. É o instrumento que possibilita reunir a tropa, no mais curto prazo, quando esta não
estiver aquartelada. Deve ser simples, de fácil execução e, basicamente, prescrever: os meios
de chamada (telefones, estafetas, mensagens radiofônicas, etc); prioridade de chamada;
controle dos efetivos reunidos; e medidas de segurança.
b. Se o militar receber mensagem ou senha de chamada, deve seguir, imediatamente,
para o quartel.
c. O militar deverá envidar todos os esforços para chegar ao quartel o mais rápido
possível.
d. ATENÇÃO: ―UM PLANO DE CHAMADA SÓ SERÁ EFICAZ SE FOR MANTIDO
PERMANENTEMENTE ATUALIZADO‖.
Aprestamento de Material
Material Individual
a. Material individual é aquele diretamente distribuído ao militar para proporcionar-lhe
razoáveis condições de vida em campanha e para o exercício de sua função de combatente.
b. O material individual é constituído basicamente de: armamento individual;
equipamento individual; ferramentas de sapa; equipamentos e instrumentos especiais; e
fardamento de campanha.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................77 /107 )
Armamento Individual
a. O armamento individual é constituído de armas portáteis, de porte e seus respectivos
acessórios.
b. Todo combatente é dotado de uma arma de fogo (fuzil, metralhadora de mão ou
pistola) e de uma arma branca (faca de trincheira ou baioneta) que lhe são entregues para
emprego no combate aproximado e na sua defesa pessoal. A arma é o instrumento pessoal de
combate (Fig 6), deve-se saber empregá-la e mantê-la em perfeitas condições de
funcionamento.
Equipamento Individual
a. É o conjunto de peças que permite acondicionar todo o material que será conduzido
em campanha. Basicamente, é composto de: coldre, cinto de campanha, colete tático, porta-
carregadores, porta-cantil, cantil-caneco, mochila, marmita, talher articulado, capacete, etc (Fig
7).
Ferramentas de Sapa
a. É constituído de ferramentas portáteis de terraplanagem e de corte que possibilita a
execução de pequenos trabalhos de Organização do Terreno (OT).
b. O Ferramental de Sapa é fornecido às frações em conjuntos de composição padronizada. O
comandante de fração, deve distribuir as ferramentas aos seus subordinados, de acordo com a função
de cada um. Considerar que a ferramenta básica do combatente é o conjunto pá e picareta articulado
(Fig 8).
Fardamento de Campanha
a. O fardamento de campanha é constituído de peças de uniforme, calçado e agasalho.
Deve-se manter, sempre, no quartel, uma muda de fardamento disponível, inclusive um ou
mais pares de meias (Fig 10).
Suprimentos Individuais
Generalidades
a. Suprimentos individuais são aqueles que o combatente leva para consumo próprio
em campanha.
b. São eles:
- RAÇÃO OPERACIONAL;
- ÁGUA;
- MUNIÇÃO; e
- CURATIVO INDIVIDUAL
Ração Operacional
a) De acordo com a natureza da tarefa e o tempo para o cumprimento da missão recebida,
cada militar poderá receber um pacote regulamentar de ração operacional (Tab 1) e (Fig
11).
TIPO DE RAÇÃO REFEIÇÕES EFETIVO PROVISIONADO
b. Eventualmente será fornecida uma refeição ou lanche improvisado (ração fria) para
ser consumido em missões de curta duração. Normalmente, é composto de frutas, bolachas
recheadas, pão com queijo e presunto, suco em caixa pequena, ovo cozido, etc.
A Munição
a. Cada combatente, normalmente, receberá a quantidade de munição suficiente para
completar os carregadores de seu armamento individual (fuzil/pistola).
b. Dependendo da função, poderá receber também granadas de mão e de fuzil, bem
como alguma munição especial (perfurante, traçante, etc) em quantidades estabelecidas nos
planos de aprestamento de sua OM (Fig 13).
c. Ao integrar um Grupo de Combate (GC), o militar transportará, também, munição
para os Fuzis Automáticos Pesados (FAP) de sua fração, a qual, pela quantidade (cerca de
240 cartuchos por arma), será convenientemente repartida por todos os homens.
d. Uma sugestão para a dotação individual de munição no GC e distribuição da munição
dos FAP (Tab 2).
FAL FAP
SGT CMT 60 40
CB AUX 60 40
AT FAP - 100
AT FAP - 100
ESCL 60 40
ESCL 60 40
ESCL 60 40
ESCL 60 40
ESCL 60 40
Tab 2 - Dotação e Distribuição Individual de Munição no GC (sugestão
Materiais Diversos
Generalidades
a. O material e suprimentos individuais acompanharão o combatente quando partir de
sua sede para o cumprimento de uma missão. Uma parte deste material será conduzido pelo
próprio militar, na mochila. Desta forma, todo material a ser transportado deve ser compacto, o
mais completo possível e deve atender às necessidades mínimas de conforto para manutenção
do homem em campanha. Por isso, os kits aparecem como uma solução eficiente, pois são
compactos, de pequeno volume e peso.
b. Os kits mais comuns são: de manutenção do armamento; de higiene; de
sobrevivência; de anotação; de costura; de primeiros socorros; de destruição; dentre outros.
c. Os kits não possuem um padrão rígido. Para cada situação e para cada ambiente
operacional pode haver alteração na composição do material a ser conduzido na mochila. Além
disso, outros kits podem ser montados dependendo da necessidade. As tropas especiais
podem ter kits próprios para atender suas necessidades. A seguir, serão apresentadas
sugestões de materiais a serem colocados em cada kit. Importante ressaltar que a composição
não é imposta, mas deve conter o material necessário para o cumprimento da missão. O kit, a
princípio, será individual. Entretanto, dependendo da natureza da tropa (blindada, por
exemplo), poderão haver kits coletivos (de primeiros socorros, por exemplo), os quais poderão
ser acondicionados na própria viatura.
Kit de Higiene
- Escova de dente;
- Creme dental;
- Creme de barbear
- Barbeador descartável;
- Sabonete;
- Espelho; e
- Toalha.
Kit de Sobrevivência
- Anzol;
- Linha de pesca;
- Chumbada;
- Canivete;
- Isqueiro ou fósforo;
- Vela;
- Pilha; e
- Pedaço de esponja de aço, tipo ―Bombril‖.
Kit de Anotação
- Canetas de cores diversas;
- Régua milimétrica;
- Borracha;
- Lápis;
- Transferidor;
- Esquadros;
- Fita adesiva; e
- Bloco para anotação.
Kit de Costura
- Agulhas;
- Linha;
- Botões sobressalentes; e
- Tesoura pequena
Kit de Destruição
- Fita isolante;
- Fita métrica;
- Alicate de estriar;
- Estilete;
- Rolo de barbante;
- Isqueiro ou fósforo;
- Explosor; e
- Galvanômetro, se for o caso (SFC).
Instrução da Tropa
Instrução Individual
a. O Aprestamento de Pessoal será desenvolvido por meio de instrução e paralela a
esta, em outras oportunidades. A instrução sobre Aprestamento de Pessoal iniciará no Período
Básico, uma vez que a instrução é essencialmente individual e envolve conhecimentos
necessários à formação do ―Combatente Básico‖.
b. Na instrução formal do soldado, isto é, na instrução programada, os cinco aspectos
fundamentais do Aprestamento de Pessoal devem ser abordados: 1) reunião da tropa; 2)
providências de ordem pessoal; 3) conhecimento do material individual; 4) conhecimento dos
suprimentos individuais; e 5) acondicionamento do material.
c. No Período Básico, estes aspectos deverão ser expressos em Objetivos
Intermediários que poderão ser identificados nos assuntos relacionados no Programa-Padrão
de Instrução Individual Básica , na matéria - Instrução de Apronto Operacional.
d. No período de Qualificação, o Aprestamento Pessoal deverá ser desenvolvido no
âmbito da Fração, levando em conta a função do militar e os demais aspectos do Apronto
Operacional da Unidade. Consultar o Programa Padrão de Qualificação do Cb/Sd - Instruções
de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e Comum (EB70-PP-11.012), na matéria - Instrução de
Apronto Operacional.
e. Paralelamente à instrução, todas as oportunidades deverão ser aproveitadas para
aplicação e aprimoramento das prescrições relativas ao Aprestamento de Pessoal: marchas,
deslocamentos, acampamentos, exercícios no terreno e táticos, etc.
f. Finalmente, exercícios específicos deverão ser programados, inclusive com
execução inopinada, de modo que, no início do período de Adestramento, o Apronto
Operacional da Unidade tenha atingido sua plenitude.
Planos e Manifestos
Generalidades
a. Uma Organização Militar (OM) pode ser considerada adestrada quando dispuser de
homens prontos para serem empregados no mais curto espaço de tempo a partir do momento
em que for acionada.
b. Além da preparação individual de cada combatente, é importante que a logística
também esteja organizada e em condições de se aprestar para apoiar os elementos da
manobra, desonerando, assim, a tropa dessas atribuições, permitindo-lhes a concentração na
missão que irão cumprir.
c. Uma maneira eficiente de agilizar a cauda logística é por meio de sua organização
em Planos e Manifestos, listas contendo todos os itens de carga e de pessoal a serem
embarcados em determinadas aeronaves, embarcações ou viaturas. É o comprovante de que o
pessoal e/ou a carga foi/foram embarcado(s).
Planos e Manifestos
Anualmente, faz parte do adestramento da tropa a execução de aprestamentos nas
Organizações Militares operacionais do Exército Brasileiro. É o momento em que o
Comandante e seu Estado-Maior têm para verificar o grau de operacionalidade da OM ao
colocar em prática a execução dos Planos e Manifestos.
a. Manifesto de Pessoal:
Gp Pst/Grad Função Nome Idt TS/FRH Peso Armt (Tipo e Nr Obs
Meios de Transporte
Os Planos e Manifestos devem atender às necessidades da tropa em qualquer meio de
transporte: aéreo, terrestre ou aquático. Para cada meio de transporte, pode haver um plano
respectivo que atenda àquela necessidade.
Instrução da Tropa
Nos corpos de tropa, os exercícios de apronto operacional planejados pelo Oficial de
Operações (S/3 da OM) permitem o adestramento dos militares do Efetivo Variável (EV) e do
Efetivo Profissional (EP) e também da estrutura logística para atender a tropa a ser apoiada.
Esses exercícios possibilitam o Comandante da OM e seu Estado-Maior (com ênfase ao Oficial
de Pessoal-S/1 e o Logístico-S/4) ratificar ou retificar o planejamento (Fig 19).
Generalidades
Para não desgastar prematuramente a tropa em campanha é indispensável que lhe
proporcione frequentemente condições de repouso, higiene, conforto e possibilidade de
manutenção de seu material e moral.
a. Conceito de Estacionamento
Um estacionamento é o conjunto de instalações organizadas para proporcionar
descanso para a tropa que se encontra fora do seu aquartelamento.
b. Formas de Estacionamentos
1) Acampamento
Utilização de barracas e materiais de estacionamento conduzidos pela tropa.
2) Acantonamento
Utilização de edificações existentes na área (prédios, casas, galpões, colégios, etc).
3) Bivaque
A tropa se instala ao ar livre utilizando-se de material conduzido pelo próprio homem e
meios de fortuna da região.
c. Escolha do Local
1) Fatores que influem na escolha do local
a) Cobertas e abrigos, para fazerem face a possíveis ataques e à observação
aérea;
b) Espaço suficiente para permitir a dispersão do pessoal e viaturas
(aproximadamente uma área de 300 m2 por subunidade);
c) Proximidade de suprimento d’água;
d) Rede de estradas convenientes ou caminhos, que permitam o funcionamento
dos transportes.
2) Características favoráveis
a) Acessibilidade à quantidade suficiente de água potável e combustível;
b) Terreno arenoso ou argiloso favorável à absorção dos restos líquidos;
c) Terreno firme coberto de relva;
d) Local elevado e bem drenado;
e) Espaço suficiente a fim de evitar congestionamento e permitir o afastamento
necessário entre a cozinha e as latrinas;
Instalações do Estacionamento
a. Latrinas
Localizadas em um dos extremos do estacionamento, na direção oposta a dos ventos
predominantes, pelo menos a 100m da cozinha e a 30m da barraca mais próxima. Colocadas
de tal maneira que a infiltração pelo solo não vá poluir as fontes de suprimento d’água.
Construir 6m de latrinas de vala, em seção de 1,50m ou então 2 latrinas padrão de
caixa com fossa profunda, para cada 100 homens. As latrinas devem ter capacidade de
acomodar a um só tempo 8% do efetivo da unidade.
Obs: Ainda como conduta normal das frações quando de deslocamentos longe da área
de estacionamento (onde há latrinas padronizadas) é obrigatório o uso do ―Buraco de Gato‖
feito pelo combatente com o auxílio da ferramenta de sapa para uso próprio, devendo ser
completamente fechado após o uso.
O ―Buraco de Gato‖ impede a sujeira da área e também que a tropa não deixe indícios
de sua passagem.
b. Lavatórios e Chuveiros
Construir dispositivos para a lavagem das mãos, nas vizinhanças das latrinas e mictórios.
Os mictórios deverão também estar localizados entre as ruas das Subunidades. Deverão ser
construídos à razão de 04 lavatórios para cada 100 homens (01 para cada 25 homens).
Fig 01 – Lavatórios
2) Linha de servir
Constituída de: Cardápio, Esterilização de marmitas e Panelas com alimentos.
a) Cardápio: permite ao soldado saber antecipadamente quais os
componentes da refeição, fornecendo-lhe um bom efeito psicológico.
b) Esterilização de marmitas: feita com água limpa fervente. A esterilização
é feita em local próximo às panelas.
c) Panelas com alimentos: colocadas sobre bancos, banquetas de terra ou
mesa de pouca altura. Localiza-se o mais perto possível da cozinha para evitar
deslocamentos inúteis com as panelas.
3) Cozinha de campanha
Armada sob um toldo, a fim de favorecer a ventilação e a circulação de ar. Deverá
ser equidistante das demais instalações, a fim de manter um trabalho econômico e metódico.
O equipamento utilizado na cozinha é o seguinte:
- Fogão de campanha com caixa de acessórios (3 por SU);
- Mesa de madeira para uso do pessoal da cozinha;
- Geladeira de campanha;
- Latão de lixo;
- Barraca de depósito de suprimento (barraca de 10 praças), contendo um estrado
para colocação de sacadas, latas ou recipientes para gêneros em uso e, finalmente, material
correlato. Esta barraca não deve ser usada para dormitório. A cozinha e, em consequência,
todo rancho, deverá ser localizada a uma distância mínima de 100m das latrinas.
4)Água para cozinha
Fig 07 - Reboque-cisterna
Depositada em reboque-cisterna, é igualmente tratada e localizada perto da cozinha.
Deve-se construir uma fossa de absorção para impedir a formação de lama no local.
5) Toldo ou barraca
Sendo este, o equipamento mais moderno, dotado de cortinas que impedem a
penetração de insetos em seu interior (figura 08).
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................93 /107 )
Fig 08 - Barraca
6) Linha de limpeza - Constituída de:
- fossa de cozinha;
- Vala de detritos;
- Coletor de restos;
- Lavagem de marmitas.
a) Fossa de cozinha: destina-se à absorção de restos líquidos de cozinha. Sua
localização deve ser distante da cozinha de 25 a 30 metros (figura 09).
b) Vala de detritos: tem por finalidade receber detritos sólidos da cozinha e da linha
de servir. Localizada a 30m da cozinha.
c) Coletor de restos: serve para coletar os restos de refeições, localizado próximo a
área de refeições; podendo também ser substituído por fossa ou vala (figura 10).
7) Combustível
A gasolina em vasilhames próprios (camburões), deve ser armazenada em local
adequado. As normas de segurança para combustíveis deverão ser rigorosamente seguidas.
Normalmente usamos em campanha o depósito de gasolina subterrâneo, de fácil construção,
localizado próximo da linha de viaturas.
Higiene do Estacionamento
A escolha do local do estacionamento é de responsabilidade do comandante da respectiva
zona. Todavia, os médicos são responsáveis pela vigilância sanitária dos locais propostos,
fazendo recomendações condizentes à sua convivência.
O destino impróprio dos dejetos humanos poderão causar sérias epidemias, de modo que
ao chegar ao local do estacionamento, a tropa deverá construir suas latrinas. Essas latrinas
deverão ficar no extremo oposto ao local da cozinha e numa situação tal, que a infiltração não
possa poluir as fontes de suprimento de água. As latrinas destinadas aos oficiais são
construídas à razão de uma por batalhão.
A tropa poderá ser informada dos locais onde poderá obter água:
- para bebida;
- para animais;
- para banhos;
- para lavagem de roupas;
- para lavagem de viaturas.
Nos regatos, esses locais são designados em sequência, no sentido da corrente. Esses
locais deverão ser assinalados com clareza e serem guardados por sentinelas, que verificam
se estão sendo usados de acordo com o seu destino. A água para bebida e cozinha deverá ser
tratada antes do uso da (figura 12).
Disciplina do Estacionamento
O comandante da SU assegura a ordem, a disciplina e a higiene do pessoal e dos animais,
bem como a conservação dos víveres, das munições e do material. Há medidas rigorosas
contra incêndio. É proibido o toque de corneta ou tambor, salvo os toques destinados a dar o
alerta geral contra aviões, gases ou carros de combate.
As continências e os sinais individuais de respeito são obrigatórios para todos os militares.
A tropa deve conservar-se pronta para entrar em forma. Há um ponto de reunião para a
Subunidade em local que não perturbe a circulação nas estradas e nos itinerários principais.
Segurança do Estacionamento
a. Generalidades
A segurança compreende o conjunto de medidas adotadas por uma tropa visando
proteger-se contra a inquietação, a surpresa e a observação por parte do inimigo. No
estacionamento, a segurança é procurada em todas as direções. Todo chefe é o responsável
pela segurança de sua força.
b. Segurança Externa
Uma tropa estacionada prevê sua própria segurança por meio de postos avançados,
constituídos por elementos dispostos de tal maneira, que venha cobrir-lhe a frente, os flancos e
a retaguarda, protegê-la contra ataques de surpresa e observação das forças terrestres do
inimigo.
c. Segurança Interna
É obtida através da adoção de medidas ativas e passivas.
1) Medidas passivas - compreendem as cobertas, abrigos, camuflagem e dispersão
de tropa, enfim, os modos de evitar ou fugir do ataque inimigo. A proteção individual é
assegurada pela escavação de abrigos individuais. Deve haver uma rigorosa observância da
disciplina de circulação e camuflagem.
2) Medidas ativas - Compreendem as maneiras de revidar o ataque. As medidas
ativas são obtidas pela Guarda Interna. Uma Guarda interna é estabelecida para defender
materiais valiosos, tais como: canhões e aviões. A guarda dá alerta em casos de ataques
aéreos, terrestres e faz cumprir as disposições adotadas sobre o tráfego, polícia e camuflagem.
(Coletânea de Manuais / Tec Mil II/UD 8 e 9..........................................................96 /107 )
As armas anticarro e antiaéreas são colocadas em posição, porém elas não devem denunciar,
por tiro prematuro, a posição de um estacionamento.
d. Medidas de Proteção Contra Incêndios
1) Manter uma tropa especializada;
2) Fazer distribuição estratégica dos extintores com placas vermelhas bem visíveis,
indicando a localização dos extintores.
3) Identificar os locais onde é proibido fumar (plaquetas).
4) Manter o combustível afastado da munição e da cozinha.
e. Alertas
Para alertar uma tropa faz-se soar um sinal de alerta. Um oficial em cada subunidade e
um sargento em cada pelotão, estarão permanentemente de serviço, com a finalidade de
alertar a tropa em caso de ataque.
Ao se aproximar a aviação inimiga, a guarda interna faz soar o sinal de alerta. Ao
perceber o sinal de alerta aéreo, as tropas procuram cobertas e abrigos mais próximos e
permanecem imóveis. O sistema de vigilância contra agentes químicos compreendem:
- Reconhecimentos para localizar e balizar as zonas de contaminação;
- Sentinelas é um sistema de alerta para prevenir a tropa, quando um ataque de
agentes químicos foi iniciado ou estiver eminente.
Fig 14 - 2ª operação
Fig 15 - 3ª operação
4ª Operaç ão: Levantar a barraca somente c om a c umeeira e os mas tros centr ais, puxando pelas c ordas num só s entido no auxíli o do levantamento. Fi xar as quatr o c ordas no s olo com es tacas c antoneir as, em ângulo aberto, de maneir a que a barr aca já se mantenha fir me. (Fi gura 16)
Fig 16 - 4ª operação
Definição
Abrigos são construções preparadas pelo combatente, com os meios que a selva e o
próprio equipamento lhe oferecem, para a proteção contra as intempéries e os animais
selvagens.
Fig 5-4. Tapiri duas águas (com duas camas de galhos e cipós
Fig 5-11. Abrigo improvisado com poncho preso em estacas e suspenso do solo por corda
(7) poncho ou telheiro da rede de selva suspenso do solo por uma corda ou cordão central e
preso por estacas
Fig 5-13. Abrigo improvisado utilizando dois ponchos presos em estacas e suspensos
do solo
Fig 5-14. Abrigo improvisado para dois homem utilizando dois ponchos
Fig 5-15. Abrigo improvisado para um homem utilizando uma rede e um poncho