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LICITAÇÕES PÚBLICAS

Licitação é o procedimento pelo qual o Poder Público seleciona a


melhor proposta para o contrato de seu interesse. A licitação se
constitui no principal instrumento de realização de outros princípios
constitucionais como os da moralidade administrativa e do
tratamento isonômico dos eventuais contratantes com o Poder
Público.

Tanto a Constituição Federal, em seu artigo 37, XXI, como o artigo


2º da Lei 8.666/93 (substituiu o Decreto-lei nº 2.300/86 – que
dispunha sobre o estatuto jurídico das licitações e contratos
administrativos) confirmam regra geral, estabelecendo a
necessidade do procedimento licitatório, antes de se efetuarem as
contratações pela Administração Pública.

O Professor Cretella Jr. Também sustenta a obrigatoriedade da


licitação, como regra geral, ao dizer que “no campo do direito
administrativo, as compras, obras e serviços públicos não
são livres. Devem ser precedidas de licitação, já que o
administrador não é dominus da coisa publica e dela não
pode dispor como quiser “.

Portanto, a regra geral é o prévio procedimento licitatório, antes da


celebração dos contratos firmados pela Administração Pública,
Direta e Indireta.

Submetido ao princípio constitucional da legalidade, reforçado em


nível infraconstitucional pela Lei nº 8.666/93, o agente público não
deve se descurar da conformação dos seus atos com as normas
legais pertinentes, sob pena de nulidade e responsabilidade.

O mestre Hely Lopes Meirelles, em sua consagrada obra Direito


Administrativo Brasileiro, preleciona que “no direito público o que há
de menos relevante é a vontade do administrador. Seus desejos,
suas ambições, seus programas, seus atos não têm eficácia
administrativa, nem validade jurídica, se não estiverem alicerçadas
no direito e na lei. Não é a chancela da autoridade que valida o ato
e o torna respeitável e obrigatório. É a legalidade a pedra de toque
de todo ato administrativo”.
Segundo o mesmo autor, ”pela motivação o administrador público
justifica a sua ação administrativa, indicando os fatos que ensejam
o ato e os preceitos jurídicos que autorizam a sua prática”.

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS

Caracterização do objeto – Apesar de parecer a primeira vista um


requisito simples e óbvio, a prática tem evidenciado que inúmeras
licitações visando satisfazer necessidades públicas acabam por não
atendê-las, ou o faz parcial e inadequadamente, exatamente
porque os agentes públicos não dispensam a este requisito a
atenção necessária. Nesse sentido devemos verificar os artigos 7º,
§ 1º e 2º, 14 e 15, § 7º da Lei nº 8.666/93.

Com base no disposto no artigo 2º da Lei nº 8.666/93, o


procedimento licitatório estará sempre vinculado a:

 OBRA – toda construção, reforma, fabricação, recuperação


ou ampliação realizada por execução direta ou indireta (art.
6º, I e V).
 SERVIÇO – toda atividade destinada a obter determinada
utilidade de interesse para a Administração, tais como
demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, adaptação, manutenção,
transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou
trabalhos técnico-profissionais (art. 6º, II e V).
 COMPRA – toda aquisição, remunerada de bens para
fornecimento de uma só vez ou parceladamente (art. 6º,III).
OBS. A regra geral do parcelamento do objeto, imposta
pelos artigos 15, IV e 23 § 1º da Lei nº 8.666/93, sempre
que comprovada técnica e economicamente sua
viabilidade, com vistas ao melhor aproveitamento dos
recursos disponíveis no mercado; à ampliação da
competitividade sem perda da economia da escala e ao
atendimento do interesse público.

Sobre o assunto vale registrar a Decisão nº 393/94 proferida pelo


Plenário do Tribunal de Contas da União:

“Firmar o atendimento, de que, em decorrência do


disposto no art. 3º, parágrafo 1º, inciso I; art. 8º,
parágrafo 1º e artigo 15, inciso IV, todos da Lei nº
8.666/93, é obrigatória a admissão, nas licitações
para contratação de obras, serviços e compras, e
para alienações, onde o objeto for de natureza
divisível, sem prejuízo do conjunto ou complexo,
da adjudicação por itens e não preço global, com
vistas a propiciar a ampla participação dos
licitantes que, embora não dispondo de
capacidade para a execução, fornecimento ou
aquisição da totalidade do objeto, possam,
contudo, faze-lo com referência a itens ou
unidades autônomas, devendo as exigências de
habilitação adequarem-se a sua divisibilidade’.

 ALIENAÇÃO – toda transferência de domínio de bens a


terceiros (art. 6º, IV).

 CONCESSÃO – toda transferência de execução do serviço


do Poder Público ao particular mediante delegação
contratual.

 PERMISSÃO – todo ato administrativo negocial,


discricionário e precário pelo qual o Poder Público faculta
ao particular a execução de serviços de interesse coletivo,
ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou
remunerado.

 LOCAÇÃO – todo ato administrativo negocial de que se


socorre o Poder Público para locar móveis ou outros bens
de terceiros visando o atendimento das suas necessidades.

Verificação de recursos orçamentários: - É exigência legal a


existência de previsão de recursos orçamentários para a execução
de obras e serviços (art. 7º, § 2º, III) e para compras (art. 14), sob
pena de responsabilidade. Deve então, o agente público
competente, manifestar-se expressamente no processo, conforme
previsto no art. 38, caput. A licitação não é comprometimento. Ela
é apenas um ato preparatório para a contratação. Mas, para licitar,
deve haver previsão de créditos orçamentários. Para contratar,
deve haver crédito.
Planilha de custos e pesquisa de preços: - Este ato se constitui
num requisito básico para orientar a definição da modalidade que
será adotada no procedimento licitatório. Para sua elaboração
deverá recorrer à área técnica, quando for o caso, conforme
disposto no art. 40, § 2º, II, da Lei nº 8.666/93.

Elaboração de projeto básico: - Está previsto no artigo 7º, § 2º, I,


que as obras e serviços somente poderão ser licitados, quando
houver projeto básico aprovado pela autoridade competente.

ATENÇÃO: É absolutamente essencial, não se deve confundir


projeto básico com projeto arquitetônico. Não há necessidade de
plantas, de pranchas e de desenhos, há, porém, necessidade de
deixar claramente definido o que se quer contratar, pois é o projeto
básico que permitirá o gerenciamento adequado do contrato.
Dependendo do porte da licitação, o projeto básico pode ser uma
especificação ou uma requisição detalhada dos serviços a executar.

Conceito: “Projeto básico, para obras e serviços corresponde ao


detalhamento do objeto de modo a permitir a perfeita identificação
do que é pretendido pelo órgão licitante e, com precisão, as
circunstâncias e modo de realização. – Procedimentos para Licitar –
Wálteno Marques da Silva.”

As modalidades e os tipos de licitação:

Lei nº 8.666 de 21 de junho de 1993

Art. 22. São modalidades de licitação:

I - concorrência;

II - tomada de preços;

III - convite;

IV - concurso;

V - leilão.

§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre


quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a
todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro
dia anterior à data do recebimento das propostas, observada
a necessária qualificação.

§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre


interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá
aos demais cadastrados na correspondente especialidade que
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

(atenção: art. 22, § 7º - limitações do mercado ou


desinteresse dos convidados for impossível a obtenção
do número mínimo de licitantes, essas circunstâncias
deverão estar devidamente justificadas no processo, sob
pena de repetição do convite.)

§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre


quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes
de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer


interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no
art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os


incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função
dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da
contratação:

I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada


pela Lei nº 9.648, de 1998)
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil
reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e


quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)

c) concorrência - acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e


quinhentos mil reias); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)

II - para compras e serviços não referidos no inciso


anterior:(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);


(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e


cinqüenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)

c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e


cinqüenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)

§ 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela


administração serão divididas em tantas parcelas quantas se
comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-
se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos
recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade, sem perda da economia de escala.
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

§ 2o Na execução de obras e serviços e nas compras de


bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada
etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há
de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade
pertinente para a execução do objeto em licitação. (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível,


qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou
alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19,
como nas concessões de direito real de uso e nas licitações
internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os
limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou
entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores
ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no País. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

RECOMENDAÇÕES PARA A ESCOLHA DA MODALIDADE DA


LICITAÇÃO:

1) Enquadramento adequado da modalidade licitatória de acordo


com o valor estimado para a contratação e para a alienação
de bens móveis e aquele fixado pelo artigo 23 da Lei nº
8.666/93, atualizado sempre que necessário, nos termos do
artigo 120 da mesma lei;

QUADRO DE MODALIDADES DE LICITAÇÃO

Tabela de Valores

Artigo Inciso Alínea Valor (R$) Modalidades de Licitação


Obras / Serviços de Engenharia
I A 150.000,00 Convite

23 I B 1.500.000,00 Tomada de Preço


Acima de
I C Concorrência
1.500.00,00
Compras / Outros Serviços
II A 80.000,00 Convite

23 II B 650.00,00 Tomada de Preço


Acima de
II C Concorrência
650.000,00
Dispensa de Licitação
Obras / Serviços de
I - 15.000,00
24 Engenharia
II - 8.000,00 Compras / Outros Serviços
Sociedade de Economia Mista; Empresas Públicas; Autarquias
e Fundações Qualificadas como Agência Executiva (§ único)
Obras / Serviços de
I - 30.000,00
24 Engenharia
II - 16.000,00 Compras / Outros Serviços

Valores estabelecidos pela Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998

* RECOMENDAÇÕES PARA A ESCOLHA DO TIPO DA


LICITAÇÃO:

1. Priorizar o tipo menor preço (art.45,I), salvo as seguintes


situações:
a) deve-se adotar o tipo de licitação “melhor técnica” ou
“técnica e preço” (art.46) (§3º) exclusivamente para
serviço de natureza predominantemente intelectual
(projetos, cálculos, fiscalização, supervisão,
gerenciamento, engenharia consultiva, estudos
técnicos preliminares, projetos básicos) ou,
excepcionalmente, para aquisição de bens, ou
realização de obra ou serviço de tecnologia
nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado
por autoridade técnica de reconhecida qualificação,
com justificação circunstanciada, constante do ato
convocatório, da maior autoridade do órgão ou
entidade;
b) deve-se adotar como regra o tipo de licitação “técnica
e preço” para a contratação de bens ou serviços de
informática observado o disposto na Lei 8.248/91 e no
Decreto 1.070/94, sendo facultada a adoção dos tipos
“menor preço” ou “melhor técnica” nas licitações
realizadas na modalidade de convite;
c) nos casos de licitação do tipo “melhor técnica” ou
“técnica e preço”, deverão ser estabelecidos critérios
pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos
com clareza e objetividade no instrumento
convocatório e que considerem a capacitação e a
experiência do proponente, a qualidade técnica da
proposta, compreendendo metodologia, organização,
tecnologias e recursos materiais a serem utilizados
nos trabalhos, e a qualificação das equipes técnicas a
serem mobilizadas para a sua execução;
d) nos casos de licitação do tipo “melhor técnica”, deve
ser fixado no instrumento convocatório o preço
máximo que órgão ou entidade se propõe a pagar,
bem como a pontuação técnica mínima admissível;
e) nos casos de licitação do tipo “técnica e preço”,
deverão ser estabelecidos parâmetros objetivos para
a ponderação dos aspectos referentes à técnica e ao
preço, de modo a permitir a classificação das
propostas mediante a média ponderada das
valorizações daqueles aspectos.

* Fonte de pesquisa:
1. Procedimentos para licitar – Wálteno Marques da Silva –
Consulex – 1ª ed. 1998.
2. Bibliografia básica.

Comissão:

Preceitua o art. 51 da Lei das Licitações, que a habilitação


preliminar, a inscrição em registro cadastral, a sua alteração ou
cancelamento, e as propostas serão processadas e julgadas por
comissão permanente ou especial de, no mínimo, três membros,
sendo pelo menos dois deles servidores qualificados pertencentes
aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
responsáveis pela licitação. Visando evitar o retardamento do
procedimento licitatório, é recomendável que no próprio ato de
designação seja feita a indicação de suplentes que,
automaticamente, poderão ser convocados para suprir a ausência
de um titular. Tal medida se faz necessária porque a Comissão
sempre decidirá por maioria de votos, e a falta de um dos membros
impedirá a realização do ato, sob pena de nulidade. Atenção: a lei
fixa o prazo máximo de investidura em um ano, vedando a
recondução da totalidade dos membros para a mesma comissão no
período subseqüente.
Publicação:

“A publicidade assegura o cumprimento do princípio da isonomia e


a afluência de maior número de licitantes, com a possibilidade de
mais ampla escolha administrativa. Além de imperativo legal, deflui
da própria natureza do instituto”. Lúcia Valle Figueiredo.

Eis uma síntese do comando do art. 21 da Lei 8.666/93:

PRAZOS MÍNIMOS (art.21)

 Quarenta e cinco dias para: concurso, concorrência no


regime de execução de empreitada integral ou para os tipos
melhor técnica ou técnica e preço.
 Trinta dias para: demais casos de concorrência, tomada de
preços para os tipos melhor técnica ou técnica e preço.
 Quinze dias para: demais casos de tomada de preços e
leilão.
 Cinco dias úteis para: convite

VEÍCULOS PARA DIVULGAÇÃO DOS RESUMOS DOS EDITAIS


(art. 21, I,II e III)

 Diário Oficial da União – para órgãos ou entidades da


Administração Pública Federal ou para obras financiadas com
recursos federais ou garantidas por instituições federais.

 Diário Oficial do Estado – para órgãos ou entidades da


Administração Pública Estadual/Municipal, respectivamente.

 Jornal diário de grande circulação no Estado e, se houver,


em jornal de grande circulação no Município ou na região
onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido,
alienado ou alugado o bem.

 Outros veículos – a critério da Administração e conforme o


vulto da licitação poderão ser utilizados outros veículos de
divulgação para ampliar a área de competição.
FORMAS PARA DIVULGAÇÃO

 Publicação do resumo dos editais de concorrência, tomada de


preços, concurso e leilão nos veículos indicados no item
antecedente, contendo a indicação do local em que os
interessados poderão ler e obter o texto integral do edital e
todas as informações sobre a licitação. (Ver edital art. 40)
 Afixação convite em local apropriado.

Audiência pública (art.39) com antecedência de 15 dias úteis da


data prevista para a publicação do edital, e divulgada com
antecedência mínima de 10 dias úteis da sua realização, pelos
mesmos veículos de publicidade, sempre que o valor estimado da
licitação ou conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for
superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, I, alínea c,
da Lei 8.666/93 (art. 39). A audiência deverá instalar-se em local
previamente estabelecido para prestar esclarecimentos sobre a
licitação.

Licitação deserta e licitação fracassada

Caso uma licitação não possa ser concluída em virtude da ausência


de licitantes (licitação deserta), ou porque esses foram inabilitados
ou tiveram suas propostas desclassificadas (licitação fracassada), e
não havendo possibilidade de repetição do certame, pois isso traria
prejuízos à Administração, a licitação poderá ser dispensável. (art.
24,V)

Nesta hipótese, somente há que se salientar dois aspectos. O


primeiro deles é que nos casos de inabilitação dos licitantes e/ou
desclassificação de suas propostas, a dispensa só será permitida
se o administrador já se utilizou do disposto no art. 48, § 3o. da
Lei 8.666/93 (apresentação de novos documentos e/ou
propostas, escoimados das causas ensejadoras de inabilitação
e/ou desclassificação, no prazo de 8 (oito) dias úteis (ou de 3
(três) dias úteis no caso de convite), e tal ação não resultou
efetiva, permanecendo as inabilitações e/ou desclassificações. É o
entendimento do professor Benedicto de Tolosa Filho:
"Essa licitação tecnicamente é considerada deserta e não
deve ser confundida com a licitação frustrada ou fracassada,
que ocorre quando, embora acudissem licitantes, ou foram
inabilitados (documentação em desarmonia com o edital ou o
convite) ou foram desclassificadas as propostas (em
desacordo com o edital ou convite), caso em que antes da
possibilidade de dispensa de licitação deve ser observada a
regra estabelecida no parágrafo único (atual § 3o.) do art. 48
da Lei n°. 8.666/93, que possibilita aos licitantes a
representação de nova documentação ou de proposta." (grifo
nosso)

Opinião diversa tem o professor Paulo Boselli, que apenas admite


a dispensa na hipótese da licitação resultar deserta, não cabendo
para os casos de licitação fracassada ou mesmo de item sem
cotação:

"Inciso V - Licitação deserta. Admissível apenas quando


ninguém apresentar proposta, não é aplicável quando todos
são inabilitados ou todas as propostas são desclassificadas,
situações essas denominadas licitação fracassada, também
não pode ser aplicada para o caso de um dos itens de uma
licitação não ter recebido nenhuma oferta, situação
denominada item fracassado ou itens prejudicado."

Nessa mesma esteira temos a professora Maria Sylvia Zanella di


Pietro:

"A licitação deserta não se confunde com a licitação


fracassada, em que aparecem interessados, mas nenhum é
selecionado, em decorrência da inabilitação ou da
desclassificação. Neste caso, a dispensa de licitação não é
possível."

Permitimo-nos comungar do entendimento do professor Benedicto


de Tolosa Filho, haja vista que após a Administração efetivar todas
as tentativas para obter sucesso em sua licitação, caso isso não
seja concretizado, os utilizadores daquela obra, serviço ou material
não podem ser prejudicados, sendo possível a aplicação da
dispensa.
OS PARTÍCIPES E OS SEUS ATOS E/OU PRERROGATIVAS

ORDENADOR DE DESPESAS/AUTORIDADE RETIFICANTE:

 Avalia a oportunidade da licitação (implicações – arts. 89 e


segs.);
 Delibera sobre a abertura do processo – art. 38;
 Autoriza a contratação direta, para os casos de
dispensa/inexigibilidade de licitação – arts. 1, 24 e 25;
 Determina a publicação do ato, quando for o caso – art 26;
 Julga recursos – art. 109 § 4º;
 Homologa a licitação – arts. 38, VII e 43 VI;
 Delibera sobre anulação/revogação – art. 49;
 Assina contratos, e/ou instrumentos competentes – art. 62, §
4º;
 Aplica penalidades – art. 58, V;
 Nomeia representantes para fiscalização dos contratos – art.
67;
 Nomeia comissão permanente ou especial de licitação, ou
ainda, designa servidor – art. 51;
 Nomeia comissão para recebimento de material de valor
superior ao limite da modalidade do convite art. 23) – art. 15 §
8º;
 Aprova substituição de profissionais para fins de capacitação
técnica art. 30 § 10;
 Aprova execução de cada etapa do trabalho – art. 7º § 1º;
 Aprova projeto básico – art. 7º § 2º, I;
 Responde administrativa, civil e criminalmente pela prática de
seus atos – arts. 82 e 89.

COMISSÃO DE LICITAÇÃO:

o Elabora minuta de edital/contrato e submete ao jurídico – art.


38 § único;
o Divulga ato convocatório – arts. 21, I a III e parágrafos 1º a 3º,
22, § 3º e 38,II;
o Julga e responde impugnações – art. 41 §§ 1º e 2º;
o Recebe e analisa documentos e propostas – art. 43, I a IV;
o Inabilita licitantes ou desclassifica propostas – arts. 43 e 48;
o Requisita parecer técnico – art. 38, VI, c/c 43, § 3º;
o Classifica propostas com base no ato convocatório – arts. 43,
44 e 45;
o Lavra ata e colhe assinaturas dos presentes – art. 43 § 1º;
o Realiza pesquisa dos preços correntes no mercado – art. 43,
IV;
o Recebe e julga recursos e/ou informa processo para a
autoridade superior – art. 109, § 4º ou 43, IV (desistência
expressa);
o Emite e divulga ato de classificação das propostas e
adjudicação – arts. 38, VIII, 43, VI e 109 § 1º;
o Propõe homologação da licitação – arts. 43, VI e 109 § 1º;
o Propõe anulação do procedimento – art. 49 § 3º;
o Promove inscrição em registro cadastral – arts. 34 e 51;
o Presta informações aos interessados – art. 40, VIII;
o Promove diligências – art. 43 § 3º;
o Declara a licitação deserta, quando é o caso, e propõe a
autoridade superior a contratação direta – art. 24, V.

PREGÃO

Conceito: Modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços


comuns, aplicável somente aos certames do tipo menor preço,
cujas propostas deverão obrigatoriamente conter inicialmente
ofertas sigilosas, possibilitando aos participantes o oferecimento de
lances públicos (presencial ou virtual), até que se atinja a proposta
mais vantajosa para a administração pública.

Obrigatoriedade de utilização do pregão:

Art. 1° da Lei Federal n° 10.520/02 estabelece que “para aquisição


de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na
modalidade de pregão, que será regida por esta lei.”

Importante observar que o art. 4° do Decreto Federal n° 5.450, de


31/05/05, determina que ”nas licitações para aquisição de bens e
serviços comuns será obrigatória a modalidade pregão, sendo
preferencial a utilização da sua forma eletrônica”. O § 1° deste
artigo deixa claro que o pregão deve ser utilizado na forma
eletrônica, salvo nos casos de comprovada inviabilidade, devendo
ser justificada pela autoridade competente.

Bem ou serviço comum:


Característica dessa modalidade licitatória está na exigência
normativa de realização do pregão apenas para “bem ou serviço
comum”. O conceito está no § único do art. 1° da Lei 10.520/02: “
parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os
fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio
de especificações usuais do mercado.”
O governo federal através do Decreto n° 3.555/2000 (Anexo II com
redação determinada pelo Decreto n° 3.784/01) relaciona os
denominados bens ou serviços comuns em três grupos: a) bens
comuns de consumo; b) bens comuns permanentes, e; c)
serviços comuns.

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