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MÓDULO 7 – Metálicas: Ligações Parafusadas

7.1 INTRODUÇÃO

Os parafusos são formados por três partes (Fig. 7.1):

• Cabeça

• Fuste

• Rosca

Fig. 7.1 Parafuso.

Ele são identificados pelo diâmetro nominal db com área bruta Ab mas a
resistência à tração é função do diâmetro efetivo dbe com área efetiva Abe cerca de 75%
da área nominal.

7.2 PARAFUSOS COMUNS

Os parafusos comuns têm baixa resistência mecânica com utilização por contato.
Sua instalação é realizada com chave comum sem controle de torque. Eles são
utilizados para ligações de pouca responsabilidade (ligações comuns).

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Exemplo: ASTM A-307 fu= 415MPa (Fig. 7.2)

Fig. 7.2 Parafuso comum A-307.

7.3 PARAFUSOS DE ALTA RESISTÊNCIA → NBR 8800/08, ITEM 6.3.1

Os parafusos de alta resistência apresentam alta resistência mecânica com


utilização por contato ou por atrito. Sua instalação deve ser realizada sem torque para
utilização por contato e com torque para utilização por atrito.

Exemplos: ASTM A-325 fu= 825MPa para ϕ ≤ 25,4mm (Fig. 7.3)

ASTM A-325 fu= 725MPa para ϕ > 25,4mm

Fig. 7.3 Parafuso comum A-325.

7.4 ESPECIFICAÇÕES PARA AÇOS ESTRUTURAIS E MATERIAIS DE LIGAÇÕES → NBR


8800/08, ANEXO A

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O Anexo A apresenta as especificações para os aços estruturais e materiais de
ligação normalmente empregados nas estruturas de aço e mistas de aço e concreto.

A Tabela A.3 da NBR 8800/08 fornece os valores mínimos da resistência ao


escoamento e da resistência à ruptura de parafusos, de acordo com suas respectivas
normas ou especificações, bem como os diâmetros nos quais os mesmos podem ser
encontrados.

7.5 TIPOS DE LIGAÇÕES

As ligações podem ser encontradas de diversas maneiras:

a) Ligação à tração (Fig. 7.4)

Fig. 7.4 Ligação a Tração.

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b) Ligação à força cortante por contato: deslocamento devido à folga (Fig. 7.5).

Fig. 7.5 Ligação por contato.

c) Ligação à força cortante por atrito: não tem deslocamento devido ao


torqueamento (Fig. 7.6).

Fig. 7.6 Ligação por atrito.

7.6 LIGAÇÕES PARAFUSADAS


Os tipos de ligações por parafusos podem ser:

a) Ligações por corte (Fig. 7.7):

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Fig. 7.7 Ligações por corte.

b) Ligações por tração (Fig. 7.8)

Fig. 7.8 Ligações por tração.

c) Ligações combinando corte e tração (Fig. 7.9)

Fig. 7.9 Ligações combinando corte e tração.

7.7 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO FUSTE (TRONCO) DO PARAFUSO → NBR8800/08,


ITEM 6.3.3.2

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A Força de cisalhamento (Fv,Rd) resistente de cálculo de um parafuso ou de uma
barra redonda rosqueada, por plano de corte (Fig. 7.10), é dada por:

a) Plano de corte passando pela rosca

b) Plano de corte fora da rosca

Onde:
Ab área bruta do parafuso;

db diâmetro do parafuso;
fub é a resistência à ruptura do material do parafuso;
γa2 coeficiente de ponderação da resistência (ruptura);

Fig. 5.10 Cisalhamento do fuste.

7.8 PRESSÃO DE CONTATO EM FUROS → NBR8800/08, ITEM 6.3.3.3


A Força resistente de cálculo (Fc,Rd) à pressão de contato na parede de um furo,
já levando em conta o rasgamento entre dois furos consecutivos ou entre um furo
extremo e a borda, é dada por:

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a) No caso de furos-padrão, furos alargados, furos pouco alongados em qualquer
direção e furos muito alongados na direção da força:

• Quando a deformação no furo para forças de serviço for uma limitação de projeto:

Refere-se ao rasgamento entre dois furos consecutivos ou entre um

furo extremo e a borda (Fig. 7.12);


Refere-se à pressão de contato na parede de um furo (Fig. 7.11);

• Quando a deformação no furo para forças de serviço não for uma limitação de
projeto:

b) No caso de furos muito alongados na direção perpendicular à da força:

Fig. 7.11 Pressão de contato na parede de um furo.

Onde:
lf é a distância, na direção da força, entre a borda do furo e a borda do
furo adjacente ou a borda livre;
db é o diâmetro do parafuso;
t é a espessura da parte ligada;

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fu é a resistência à ruptura do aço da parede do furo;

Fig. 7.12 Rasgamento entre dois furos consecutivos ou entre um furo extremo e a
borda.

A força resistente total é igual à soma das forças resistentes à pressão de contato
calculada para todos os furos.

7.9 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DE UM PARAFUSO → NBR8800/08, ITEM 6.3.3.1


A Força de tração (Ft,Rd) resistente de cálculo de um parafuso tracionado ou de
uma barra redonda rosqueada tracionada é dada por:

Onde:
Abe área efetiva do parafuso ou barra redonda;
Ab área bruta do parafuso ou barra redonda;

db diâmetro nominal do fuste do parafuso;


fub é a resistência à ruptura do material do parafuso ou barra redonda à tração
(Anexo A NBR 8800/08);
γa2 coeficiente de ponderação da resistência (ruptura);

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7.10 PARAFUSOS SUBMETIDOS À TRAÇÃO E CISALHAMENTO COMBINADOS → NBR8800/08,
ITEM 6.3.3.4

Quando ocorrer a ação simultânea de tração e cisalhamento, deve ser atendida a


seguinte equação de interação:

Onde:

Ft,Sd é a força de tração solicitante de cálculo por parafuso ou barra redonda


rosqueada;

Fv,Sd é a força de cisalhamento solicitante de cálculo no plano considerado do


parafuso ou barra redonda rosqueada;

Ft,Rd e Fv,Rd são dados respectivamente em 6.3.3.1 e 6.3.3.2

Alternativamente ao uso da equação da interação, a força de tração solicitante de


cálculo (Ft,Sd) por parafuso ou barra redonda rosqueada deve atender às exigências da
Tabela 11 (NBR 8800/08). Neste caso, adicionalmente, devem ser feitas verificações
para as forças de tração e cisalhamento isoladas, conforme 6.3.3.1, 6.3.3.2 e 6.3.3.3.

Tabela 11 – Forças de tração e cisalhamento combinadas

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7.11 ELEMENTOS DE LIGAÇÃO TRACIONADOS → NBR8800/08, ITEM 6.5.3
Enrijecedores, chapas de ligação, abas de cantoneiras, todas as partes das peças
ligadas, afetadas localmente pela ligação.

A Força de tração (FRd ) resistente de cálculo de elementos de ligação


tracionados deve ser o menor valor obtido, conforme:

• Para o estado limite último de escoamento da seção bruta:

• Para o estado limite último de ruptura da seção líquida:

Ae é a área líquida efetiva definida no item 5.2.3 da NBR 8800/08, sendo


que para chapas de emendas parafusadas Ae vale:

Onde:
Nt,Rd força axial de tração resistente de cálculo;
Ag é a área bruta da seção transversal da barra;
An é a área líquida da seção transversal da barra;
Ae é a área líquida efetiva da seção transversal da barra;
fy é a resistência ao escoamento do aço;
fu é a resistência à ruptura do aço;

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7.12 ELEMENTOS DE LIGAÇÃO COMPRIMIDOS → NBR 8800/08, ITEM 6.5.4
Enrijecedores, chapas de ligação, abas de cantoneiras, todas as partes das peças
ligadas, afetadas localmente pela ligação.

A Força de compressão (FRd ) resistente de cálculo de elementos de ligação


comprimidos deve ser o menor valor obtido, conforme:

• Para o estado limite último de escoamento da seção bruta, aplicável


quando :

• Para o estado limite último de flambagem, aplicável quando , devem


ser usadas as prescrições de 5.3 da NBR 8800/08

7.13 ELEMENTOS DE LIGAÇÃO SUBMETIDOS A CISALHAMENTO → NBR 8800/08, ITEM 6.5.5


Enrijecedores, chapas de ligação, abas de cantoneiras, todas as partes das peças
ligadas, afetadas localmente pela ligação.

A Força de cortante (FRd ) resistente de cálculo de elementos de ligação


submetidos a cisalhamento deve ser o menor valor obtido, conforme:

• Para o estado limite último de escoamento da seção bruta:

• Para o estado limite último de ruptura:

Anv é a área líquida sujeita a cisalhamento;

7.14 ELEMENTOS DE LIGAÇÃO SUBMETIDO A COLAPSO POR RASGAMENTO (CISALHAMENTO


DE BLOCO) → NBR 8800/08, ITEM 6.5.6

Enrijecedores, chapas de ligação, abas de cantoneiras, todas as partes das peças


ligadas, afetadas localmente pela ligação.

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A Força (Fr,Rd ) resistente de cálculo para o estado limite de colapso por
rasgamento é determinada pela soma das forças resistentes ao cisalhamento de uma ou
mais linhas de falha e à tração em um seguimento perpendicular.

Esse estado-limite deve ser verificado junto a ligações em extremidades de vigas


com a mesa recortada para encaixe e em situações similares, tais como em barras
tracionadas e chapas de nó. Algumas situações típicas são mostradas na Fig. 7.13:

Fig. 7.13 Situações típicas nas quais deve ser verificado o estado limite.

A força resistente de cálculo ao colapso por rasgamento é dada por:

Onde:

Agv é a área bruta sujeita a cisalhamento;


Anv é a área líquida sujeita a cisalhamento;
Ant é a área líquida sujeita à tração;
Cts é igual a 1,0 quando a tensão de tração na área líquida for uniforme, e
igual a 0,5 quando for não-uniforme.
A Fig. 7.14 ilustra situações típicas para Cts=1,0.

Fig. 7.14 situações típicas para Cts=1,0.

A Fig. 7.15 ilustra situação típica para Cts=0,5.

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Fig. 7.15 Situação típica para Cts=0,5.

7.15 RECOMENDAÇÕES PARA COLOCAÇÃO DE PARAFUSOS


A seguir as Figs. 7.16, 7.17 e 7.18 apresentam algumas recomendações de
projetos:

2db 3db 3db

a
b

Fig. 7.16 Para abas de cantoneiras até 101,6 mm (4”).

2db 3db 3db

a'
b a"

Fig. 7.17 Para abas de cantoneiras de 127 (5”) a 178 mm.

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2db 3db 3db

a'
b a"

Fig. 7.18 Para aba de cantoneira de 203,2 mm (8”).

ABAS 203,2 152,4 127,0 101,6 76,2 63,5


178 89
GABARITO (8”) (6”) (5”) (4”) (3”) (2½”)
a"
A 114 102 90 76 64 50 44 35
a'
A' 76 64 57 50
a
A" 76 76 64 44

ABAS 38,1 (1½”) 50,8 (2”) 63,5 (2½”) 76,2 (3”) 101,6 (4”)

Φ 10 ~ 14 14 ~ 17 17 ~ 20 17 ~ 23 20 ~ 27

A 20 28 35 40 ~ 45 55 ~ 64

Algumas dimensões recomendadas pela NBR 8800/08 são apresentadas nas


Tabelas 12 e 14.

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Tabela 12 – Dimensões máximas de furos para parafusos e barras redondas
rosqueadas

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Tabela 14 – Distância mínima do centro de um furo-padrão à borda a)
DIÂMETRO DB BORDA CORTADA BORDA LAMINADA
COM SERRA OU OU CORTADA A
B
POL MM TESOURA MM MAÇARICO MM

1/2 13 22 19

5/8 16 29 22

3/4 19 32 26

20 35 27

7/8 22 38C 29

24 42C 31

1 25 44 32

1 1/8 27 50 38

30 53 39

1 1/4 32 57 42

36 64 46

>1 1/4 >36 1,75 DB 1,25 DB


A
SÃO PERMITIDAS DISTÂNCIAS INFERIORES ÀS DESTA TABELA, DESDE QUE A
EQUAÇÃO APLICÁVEL DE 6.3.3.3 SEJA SATISFEITA.
B
NESTA COLUNA, AS DISTÂNCIAS PODEM SER REDUZIDAS DE 3 MM, QUANDO O FURO
ESTÁ EM UM PONTO ONDE A FORÇA SOLICITANTE DE CÁLCULO NÃO EXCEDA 25% DA
FORÇA RESISTENTE DE CÁLCULO.
C
NAS EXTREMIDADES DE CANTONEIRAS DE LIGAÇÃO DE VIGAS E DE CHAPAS DE
EXTREMIDADES PARA LIGAÇÕES FLEXÍVEIS, ESTA DISTÂNCIA PODE SER IGUAL A 32
MM.

O Item 6.3.12 da NBR 8800/08 estabelece a distância máxima de um parafuso ou


barra rosqueada às bordas. Para qualquer borda de uma parte ligada, a distância do
centro do parafuso, ou barra redonda rosqueada, mais próximo até essa borda não pode
exceder a 12 vezes a espessura da parte ligada considerada, nem 150mm.

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O Item 6.3.9 da NBR 8800/08 estabelece que a distância entre centros de furos-
padrão, alargados ou alongados, não pode ser inferior a 2,7db, de preferência 3db, sendo
db o diâmetro do parafuso ou barra redonda rosqueada. Além desse requisito, a
distância livre entre as bordas de dois furos consecutivos não pode ser inferior a db.

O Item 6.3.10 da NBR 8800/08 estabelece que o espaçamento máximo entre


parafusos que ligam uma chapa a um perfil ou a outra chapa, em contato contínuo, deve
ser determinado como a seguir:

• Em elementos pintados ou não sujeito à corrosão, o espaçamento não


pode exceder 24 vezes a espessura da parte ligada menos espessa, nem
300mm;
• Em elementos sujeitos à corrosão atmosférica, executados com aços
resistentes à corrosão, não pintados, o espaçamento não pode exceder 14
vezes a espessura da parte ligada menos espessa, nem 180 mm.

Referências Bibliográficas:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 8800: Projeto de


estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro,
2008.

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MÓDULO 7 – Madeira: Ligações com pinos metálicos
7. MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS
7.1 Ligação perpendicular com pinos metálicos

Condição de segurança:

Onde:
Sd → Valor de cálculo das solicitações;
Rd → Valor de cálculo da resistência dos elementos da ligação;

Modo de colapso:
• Deficiência de resistência da madeira da peça estrutural;
• Deficiência do elemento de ligação;

Referências Bibliográficas:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 7190: Cálculo e


execução de estruturas de madeira. Rio de Janeiro, 2004.

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