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COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL

(Helianthus annus L.) SOB CONDIÇÕES IRRIGADAS NO CARIRI


CEARENSE

Paula Jardélia GomesBezerra


Tarcísio Marcos de Souza Gondim.

RESUMO

O girassol (Helianthus annus L.) Asteraceae, é uma cultura de ampla adaptação


edafoclimática, podendo ser cultivada em varias regiões brasileiras, em condições de
sequeiro ou irrigada. Objetivou-se com este trabalho, avaliar o comportamento de
genótipos de girassol, sob condições de irrigação, no Cariri cearense. O experimento foi
conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em Barbalha, CE, utilizando-
se como tratamentos 19 genótipos de girassol denominados: M734 (T); AGROBEL 960
(T); EMBRAPA 122 (T); HELIO 358 (T); V 50386; HLA 863; BRSGira 04; BRSGira
07; BRSGira 12; BRSGira 13; BRSGira 14; BRSGira 16; BRSGira 17; BRSGira 18;
BRSGira 19; BRSGira 20; BRSGira 21; BRSGira 22 e BRSGira 23), oriundos da Rede
de Ensaio Oficial de Girassol da Embrapa Soja. Utilizou-se delineamento em blocos ao
acaso, com quatro repetições e 19 tratamentos. Foram avaliadas as variáveis stand
inicial e final, floração inicial, maturação fisiológica, plantas quebradas, plantas
acamadas, diâmetro de capítulo, altura da planta, curvatura do caule e
produtividade (kg ha-1). O sistema de cultivo do girassol sob irrigação no Cariri
cearense proporciona produção de grãos, indicando ser viável a exploração da cultura na
região. Os genótipos avaliados são classificados, quanto à maturação fisiológica, em
precoce (ciclo de 73 a 75 dias após emergência, DAE), medianos (ciclo de 79 DAE) e
tardios (ciclo de 82 a 84, DAE). Os genótipos BRSGira 13, BRSGira 14, BRSGira 17 e
Embrapa 122 (T) foram os mais precoces, e os genótipos HELIO 358 (T), BRSGira 18,
BRSGira 22; BRSGira 23 e V50386 de produtividade superior a 2850 kg ha-1, podem
ser recomendados para cultivo no Ceará, sob condição irrigada.

Palavras-Chave: desenvolvimento, crescimento, precocidade, produtividade.

ABSTRACT

Helianthus annus L. (Asteraceae) is a culture of broad adaptation to climate and


soil, and can be grown in several regions of Brazil, under rainfed or irrigation
conditions. The objective of this study was to evaluate the performance of genotypes of
sunflower under irrigated conditions in Cariri Ceará, Brazil. The experiment was carried
on the areas of Embrapa Cotton, in Barbalha (CE) with 19 treatments (genotypes of
sunflower): M734 (T); AGROBEL 960 (T), EMBRAPA 122 (T); HELIO 358 (T);
V50386, HLA 863; BRSGira 04; BRSGira 07; BRSGira 12; BRSGira 13; BRSGira 14;
BRSGira 16; BRSGira 17; BRSGira 18; BRSGira 19; BRSGira 20; BRSGira 21;
BRSGira 22 and BRSGira 23), component of the Sunflower National Program managed
by Embrapa Soya.A randomized block design with four replications and 19 treatments
was adopted. The variables initial and final stand, initial flowering, physiological
maturity, broken plants, lodged plants, head diameter, plant height, curvature of the
stem and productivity (kg ha-1) were analised. The system of cultivation of sunflower
under irrigation in the Cariri region, Ceará, provides yield, indicating that viable
exploration of culture in the State. The genotypes are classified as to physiological
maturity, at precoce (cycle 73 to 75 days after emergence, DAE), medians (cycle 79
DAE) or late (82 to 84 DAE). Genotypes BRSGira 13, BRSGira 14, BRSGira 17 and
Embrapa 122 (T) were earlier. The genotypes of sunflower HELIO 358 (T), BRSGira
18, BRSGira 22, BRSGira 23 and V50386 with yield over 2850 kg ha-1, can be
recommended for cultivation in the Cariri region (Ceará, Brazil) under irrigated
conditions.

Key-Words: development, growth, precocity, productivity.


INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annus L.) é uma cultura que possui um dos maiores
índices de crescimento no mundo. O interesse por esta oleaginosa deve-se a qualidade
das suas sementes, ao múltiplo uso de seus produtos e derivados e à sua ampla
adaptabilidade, podendo-se constituir numa alternativa adicional para cultivo e,
principalmente, compor um sistema de produção de grãos, com grande potencial de
utilização na produção de biocombustível (ENDRES, 1993 citado por SMIDERLE et
al., 2006).
Atualmente, a avaliação e a seleção de híbridos e variedades de girassol, está
sendo realizada por meio da Rede de Ensaios de Avaliação de Genótipos de Girassol,
coordenada pela Embrapa Soja e conduzida por instituições públicas e privadas. Os
ensaios têm sido instalados em diferentes locais das Regiões Centro-Oeste, Nordeste,
Sudeste e Sul do país, com o intuito de garantir a expansão dessa cultura na época de
semeadura (PORTO, et al., 2007). Com o desenvolvimento de cultivares mais
produtivas e adaptadas às condições de clima e solo das regiões produtoras, aumenta a
possibilidade de retornos econômicos competitivos quando comparados a outras
culturas (PORTO, 2006).
No Cariri cearense ainda são poucas as informações disponíveis sobre cultivares
adequadas ao cultivo econômico do girassol, embora a região apresente condições
adequadas ao seu cultivo. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o comportamento de
genótipos de girassol, integrantes de ensaios de rede da Embrapa Soja, sob condições de
irrigação no Cariri cearense.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Algodão, no


município de Barbalha-CE. Foram utilizados 19 cultivares de girassol (M734 (T),
AGROBEL 960 (T), EMBRAPA 122 (T), HELIO 358 (T), V 50386, HLA 863,
BRSGira 04, BRSGira 07, BRSGira 12, BRSGira 13, BRSGira 14, BRSGira 16,
BRSGira 17, BRSGira 18, BRSGira 19, BRSGira 20, BRSGira 21, BRSGira 22 e
BRSGira 23), oriundos da Rede de Ensaio Oficial de Girassol. Estas constituíram os
tratamentos e foram dispostos em blocos casualizados com quatro repetições, tendo
cada tratamento 4 fileira de 6 metros, com espaçamento de 0,80 m entre fileiras e 0,30
m entre plantas, totalizando portanto, 21 covas/linha, com densidade de semeadura de
40.000 a 45.000 plantas/ha. As três fileiras centrais constituíram a parcela útil, as duas
filas externas foram denominadas de bordadura.
Realizou-se o preparo do solo com aração e gradagem. A adubação seguiu as
recomendações baseadas na análise de solo aplicando-se 40 a 60 kg de N/ha, 40 a 80 kg
de P2O5/ha, 40 a 80 kg de K2O/ha e 2,0 kg de B/ha via solo. A fonte de boro utilizada
foi o ácido bórico, misturado com a adubação de base e/ou com o nitrogênio em
cobertura, sendo aplicado aos 25 dias após a emergência das plantas. O plantio foi
realizado, com distribuição manual de três sementes por cova, sendo aplicados
desbastes sete dias após emergência, deixando de 21 a 24 plantas/linha de seis metros.
A irrigação por aspersão foi iniciada imediatamente após a semeadura e mantida com
freqüência de 4 a 6 dias, com precipitação total de 490 mm durante 93 dias.
As características avaliadas foram: precocidade, pelo início de floração
(percentual das plantas na parcela que apresentam pétalas amarelas – R4), número de
plantas (stand inicial), altura da planta, obtida pela avaliação de 10 plantas, ao acaso, na
área útil, e floração plena (porcentagem das plantas com total abertura do capítulo).
Também foram avaliadas: maturação fisiológica, número de plantas quebradas, número
de plantas acamadas, stand final, produtividade, peso de 1000 sementes.
Os dados das características avaliadas foram submetidos à análise de variância e
as médias comparadas pelo teste de Skott-Knott, adotando-se como critério de
significância valores a P < 0,05.
Houve efeito significativo para a fonte de variação tratamentos (genótipos) a 1%
de probabilidade, para as características floração inicial, maturação fisiológica, altura da
planta, número de plantas quebradas e acamadas, diâmetro do capítulo, curvatura do
caule, produção por parcela e produtividade. Apenas as características stand inicial e
final não apresentaram efeito significativo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se nas Tabelas 4 e 5, o resumo da análise de variância realizada para as


características de desenvolvimento e crescimento de genótipos de girassol.

TABELA 4. Médias das características stand inicial, stand final, dias da floração
inicial e maturação fisiológica, número de plantas quebradas e acamadas de cultivares de
girassol. Barbalha, CE, 2007.

Genótipos Médias1
Floração Maturação Plantas Plantas
Stand Stand
Inicial Fisiológica Quebradas Acamadas
Inicial Final
(Dias) (Dias) (Nº) (Nº)
M734 (T) 43,00 a 43,75 a 55,00 a 84,00 a 0,25 e 0,50 d
AGROBEL 960 (T) 43,00 a 43,50 a 52,00 b 81,50 b 1,00 e 0,00 d
EMBRAPA 122 (T) 43,00 a 41,75 a 43,50 f 74,00 d 3,00 c 17,00 a
HELIO 358 (T) 43,00 a 42,00 a 49,00 c 75,00 d 0,00 e 0,75 d
V 50386 43,00 a 44,25 a 54,00 a 84,00 a 0,00 e 1,50 d
HLA 863 40,75 a 42,50 a 54,50 a 84,25 a 0,50 e 0,00 d
BRSGira 04 43,50 a 41,75 a 45,75 e 74,00 d 3,00 c 2,50 c
BRSGira 07 42,75 a 43,00 a 45,25 e 73,50 d 7,50 b 0,25 d
BRSGira 12 42,25 a 42,50 a 47,00 d 74,00 d 0,25 e 3,00 c
BRSGira 13 43,75 a 42,75 a 43,25 f 74,00 d 1,75 d 0,75 d
BRSGira 14 42,75 a 41,50 a 42,00 f 75,50 d 0,00 e 1,50 d
BRSGira 16 41,50 a 41,00 a 45,00 e 74,00 d 0,50 e 3,50 c
BRSGira 17 43,00 a 42,25 a 43,50 f 74,00 d 0,75 e 3,00 c
BRSGira 18 42,50 a 42,25 a 50,50 c 74,00 d 0,50 e 1,25 d
BRSGira 19 42,00 a 41,75 a 48,50 c 79,00 c 0,25 e 1,00 d
BRSGira 20 42,00 a 41,50 a 52,00 b 74,00 d 0,25 e 5,50 b
BRSGira 21 42,25 a 42,25 a 49,00 c 84,00 a 31,25 a 0,00 d
BRSGira 22 45,00 a 42,75 a 51,75 b 79,00 c 0,50 e 4,25 b
BRSGira 23 43,00 a 42,67 a 49,00 c 74,00 d 0,00 e 1,00 d
Média Geral 42,73 42,40 48,28 77,19 2,73 2,51
Fcalc ns ns ** ** ** **
CV (%) 3,32 4,07 2,33 2,10 20,38 35,83
1/
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade, pelo
teste de Scott-Knott;
** e ns. Correspondem, respectivamente a significativo a 1% e não significativo a 5% de probabilidade,
pelo teste F.

TABELA 5. Médias das características, diâmetro de capítulo, altura de planta,


curvatura do caule, produção por parcela e produtividade de 19 cultivares de girassol.
Barbalha, CE, 2007.

Médias1
Genótipos Diâmetro do Altura da Curvatura Produção Produtividade
Capítulo (cm) Planta (cm) do Caule Parcela (g) (kg/ha)
M734 (T) 16,50 c 141,42 b 2,00 b 3.040,50 c 2.533,77 c
AGROBEL 960 (T) 15,67c 151,07 b 2,00 b 2.285,50 e 1.904,57 e
EMBRAPA 122 (T) 17,37c 138,38 c 3,00 a 2.392,00 e 1.993,32 e
HELIO 358 (T) 16,75 c 146,75 b 2,00 b 3.425,00 a 2.854,07 a
V 50386 18,80 a 130,87c 1,00 c 3.539,50 a 2.949,42 a
HLA 863 18,50 a 146,77 b 1,00 c 3.183,50 c 2.652,75 c
BRSGira 04 17,82 b 149,97 b 2,00 b 3.282,00 b 2.735,00 b
BRSGira 07 17,62 b 132,95c 1,50 c 2.583,00 d 2.152,50 d
BRSGira 12 18,02 b 115,02 d 1,50 c 2.490,00 d 2.075,25 d
BRSGira 13 17,57 b 125,30 d 2,25 b 3.021,25 c 2.517,82 c
BRSGira 14 17,12 c 127,42 d 1,75 c 2.880,00 c 2.399,85 c
BRSGira 16 17,07 c 129,92 c 2,00 b 2.320,00 e 1.933,42 e
BRSGira 17 17,72 b 119,89 d 1,25 c 2.585,00 d 2.154,90 d
BRSGira 18 17,75 b 151,77 b 1,00 c 3.477,50 a 2.898,07 a
BRSGira 19 16,77c 134,20 c 2,75 a 3.018,50 c 2.515,42 c
BRSGira 20 18,12 b 138,47c 1,50 c 3.126,00 c 2.605,00 c
BRSGira 21 18,72 a 139,22c 1,25 c 3.304,50 b 2.753,60 b
BRSGira 22 19,30 a 164,15 a 1,50 c 3.529,50 a 2.941,25 a
BRSGira 23 16,83 c 158,80 a 2,33 b 3.490,00 a 2.908,47 a
Média Geral 17,59 138,81 1,76 2.992,09 2.493,41
Fcalc ** ** ** ** **
CV (%) 4,78 5,24 22,15 4,81 81
1/
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade, pelo
teste de Skott-Knott;
** e ns. correspondem respectivamente a significativo a 1% e não significativo a 5% de probabilidade,
pelo teste F.

Esta característica é interessante, considerando a eficiência do raleio na


definição do stand inicial entre todos os genótipos, enquanto para o stand final, os
resultados mostram que não houve mortalidade significativa de plantas durante o ciclo
de cultivo do girassol. A média geral obtida no stand inicial foi de 42, 73 plantas, tendo
o genótipo HLA 863 o menor número de plantas (40,75) e em maior número, o
BRSGira 22 com 45,0 planta.
Quanto à precocidade, aos 42 dias após a emergência (DAE) a cultivar BRSGira
14, iniciou a floração e, para a maturação, ela também se destacou como a mais precoce,
apresentando vantagens essenciais do ponto de vista agronômico. Este genótipo
juntamente com o BRSGira 13, BRSGira 17 e o EMBRAPA 122 (T), caracterizaram-se
como os mais precoces nas condições do Cariri Cearense (Tabela 4). Por outro lado,
observa-se que o agrupamento formado pelos genótipos (M734 (T), V 50386, HLA
863) apresentaram-se como os mais tardios, tanto para a fase de início da floração
quanto para a maturação fisiológica do capítulo. Mesmo sendo tardios quanto à
produção, esses genótipos obtiveram valores inferiores quanto ao número de plantas
quebradas e acamadas em relação à média geral (2,73 e 2,51 respectivamente).
Em um grupo com apenas dois representantes, o BRSGira 20 e BRSGira 22,
igualmente tardios na fase inicial da floração, essas cultivares apresentaram diferença de
cinco dias em relação à maturação fisiológica, com vantagens de precocidade para a
cultivar BRSGira 20. Na maturação fisiológica, formando quatro grupos (grupo 1: 84,
dias após a emergência, DAE; grupo 2: 81 DAE; grupo 3: 79 DAE; e grupo 4: 74 DAE),
a maioria (63%) dos genótipos teve maturação fisiológica atingida aos 74 DAE,
enquanto apenas quatro genótipos foram considerados os mais tardios (Tabela 4). Esses
resultados sugerem a possibilidade de cultivo de girassol nas condições do Ceará, em
grandes áreas, entretanto deve-se seguir planejamento visando colheita programada
(precoce, mediana, tardia), principalmente com baixa disponibilidade de mão de obra na
região, ou maquinaria. Os genótipos avaliados foram classificados, quanto à maturação
fisiológica, em precoce, aqueles com período de maturação fisiológica de 73 a 75 DAE,
medianos (79 DAE) e tardios (82 a 84, DAE). Para os tardios foram considerados os
genótipos agrupados pelo teste de Skott-Knott, com nível a e b.
Tendo em vista que a região nordeste tem um período de estiagem longo, os
genótipos com mais precocidade e relativa produtividade são buscados, destacando-se
neste experimento os genótipos BRSGira 13, BRSGira 14, BRSGira 17 e Embrapa 122
(T).
Quanto ao número de plantas quebradas (QUE) e acamadas (ACM), observa-se
na Tabela 4, que a média foi de 2,73 e 2,51, respectivamente. Dentre as cultivares que
mais apresentou número de plantas quebradas destaca-se a BRSGira 21 com (31,25
plantas), seguida de BRSGira 07, com 7,50 plantas quebradas, e BRSGira 22 e Embrapa
122 com apenas 3,0 plantas quebradas. Já no acamamento, o genótipo Embrapa 122
apresentou maior número de plantas acamadas (17 plantas), seguida pelo BRSGira 22 e
o BRSGira 20 com 4,25 e 5,50 plantas tombadas. No (grupo c) essa variação foi de 2,5
a 3,0 plantas (ACM) para as cultivares BRSGira 04, BRSGira12, BRSGira 16 e
BRSGira 17. Os que se enquadraram no (grupo d) são os genótipos que apresentaram
menor nível de acamamento variando de 0 a 1,5 plantas. Segundo Valentini (S/D) as
plantas que apresentam nível de acamamento (3 e 5) promove maior proteção dos
capítulos contra adversidades climáticas e ataque de pássaros.
Já capítulos voltados para cima, classificados como nível (1), são mais suceptíveis aos
ataques, prejudicando a qualidade e produção final dos aquênios, como também, níveis
superiores igual a (7), plantas com capítulo quase aderido ao solo, apresentam prejuízos
na colheita mecanizada com perda do capítulo (Tomich et al., 2003), ou possíveis
germinações dos grãos devido a proximidade do capítulo com o solo.
Na Tabela 5, verifica-se que o diâmetro do capítulo teve variação de 15,67 cm
[genótipo Agrobel 960 (T)] a 19,3 cm (cultivar BRSGira 22), e média de 17,59 cm.
Estes valores enquadram-se na ampla faixa de variação de diâmetro de capítulos da
espécie (6 a 50 cm) indicada para o girassol, por Frank e Szabo (1989) apud Smiderle et
al. (2005). Segundo estes autores, o diâmetro de capítulos muito superiores a 17 cm
produzem menor quantidade de grãos cheios, resultado em menor produção. Enquanto
que plantas com capítulos muito reduzidos indicam limitações no desenvolvimento com
grande influência na produção. Neste sentido, dos genótipos classificados por maior
capitulo, apenas o genótipo V 50386 e a cultivar BRSGira 22 apresentaram diâmetro de
capítulo maior e também permaneceram enquadrados na classe de maior produtividade.
Esse aspecto se torna mais importante na economia de mão de obra, pois maior
quantidade de grãos pode ser obtida de menor quantidade de capítulos originados destes
genótipos.
Quanto à altura de plantas de girassol houve formação de quatro classes (Tabela
5).
A primeira classe de plantas mais altas, foi formado apenas pelos genótipos BRSGira 22
e BRSGira 23, com 164,15 cm e 158,8 cm, respectivamente. Já no quadro de plantas de
baixo porte, encontram-se as cultivares BRSGira 12, o BRSGira 13, o BRSGira 14 e o
BRSGira 17, com altura variando de 115,02 cm a 119,89 cm. Este último apresentou
precocidade nos parâmetros de inicio floral e maturação fisiológica. A cultivar BRSGira
12, além de estar entre as mais baixas das cultivares analisadas ainda se apresenta com
ciclo precoce (74 DAE) para sua maturação fisiológica. Esta característica pode ser
interessante, pois plantas de porte baixo facilitam o aumento de densidade populacional
(plantio em menor espaçamento entre linhas e entre plantas) visando cultivos mais
tecnificados, inclusive com colheita mecanizada e rotação de culturas. Severino et al.
(2006) mencionam que a correta escolha da população de plantas é uma prática cultural
extremamente simples, mas que tem grande impacto sobre a produtividade e sobre
diversos aspectos da condução da lavoura, como controle de plantas daninhas, colheita,
uso de implementos agrícolas etc.
No critério de curvatura de caule, houve formação de três agrupamentos de
genótipos, sendo as maiores curvaturas atribuídas ao grupo de plantas de notas três
(grupo de nível de significância a, pelo teste de Scott-Knott; a 5% de probabilidade)
(Tabela 5), com apenas dois representantes (Embrapa 122 e BRSGira 19),
correspondendo a 10,5% dos genótipos cultivados. A maioria dos genótipos (52,6%)
que receberam nota mínima (um) de curvatura são plantas em que a inflorescência
permaneceu com os aquênios parcialmente voltados para o céu. Esta característica
representa desvantagem ao cultivo, por constituir facilidade para o ataque de pragas
(aves) e, ou serem facilmente molhados por chuva ou irrigação e, assim influenciam
negativamente na qualidade dos grãos.
A produção média de genótipos de girassol foi de 2.992 g com variação de
4,69%. As cultivares V 50386, BRSGira 22, BRSGira 23, BRSGira 18 e Hélio 358
produziram em média 3.492 g de grãos por parcela, sendo superior as demais cultivares
que produziram em média 2.822,27 g por parcela.
A produtividade média do experimento foi 2.493 kg.ha-1, alcançando valores
próximo aos da produtividade encontrada por Silva et al. (2007), que obtiveram cerca de
2863 kg ha-1 sob o condicionamento de irrigação. Quanto ao teste de médias para a
variável produtividade, os genótipos estudados se enquadraram em cinco grupos
homogêneos (Tabela 5). Neste ensaio, Agrobel 960 (1.904,57 kg.ha-1), BRSGira 18
(2.898,07 kg.ha-1) e Embrapa 122 (1.993,32 kg.ha-1) apresentaram as menores
produtividades. A cultivar V 50386 apresentou, dentro do seu agrupameto maior
produtividade.

CONCLUSÕES

Nas condições em que o experimento foi conduzido, concluiu-se que:


1. O sistema de cultivo do girassol (Helianthus annus), sob irrigação no Cariri
cearense proporciona produção em todos os genótipos avaliados, indicando ser viável a
exploração da cultura na região;
2. Os genótipos avaliados são classificados, quanto à maturação fisiológica, em
precoce (ciclo de 73 a 75 dias após emergência, DAE), medianos (79 DAE) e tardios
(ciclo de 82 a 84, DAE);
3. Os genótipos BRSGira 13, BRSGira 14, BRSGira 17 e Embrapa 122 (T),
quanto à precocidade e os genótipos HELIO 358 (T), BRSGira 18, BRSGira 22;
BRSGira 23 e V50386 quanto à produtividade (superior a 2850 kg ha-1), podem ser
recomendados para cultivo no Ceará;
4. Sugere-se a condução de novos ensaios para avaliar a adaptação desses
genótipos também em cultivo de sequeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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