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CIRCULAR TÉCNICA Nº 12 Setembro - 2012

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA


Jaques Wagner

SECRETARIA DA AGRICULTURA, IRRIGAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA


Eduardo Salles
HORTAS EDUCATIVAS
EMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRICOLA S.A - EBDA Alírio Vanderlei Xavier dos Santos

4ª Edição
DIRETOR PRESIDENTE
Elionaldo de Faro Teles

DIRETORES EXECUTIVOS
João Bosco Cavalcanti Ramalho
Luiz Mário Avena Filho
Marcelo Vieira Matos da Paz

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.- EBDA


Salvador – Bahia

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Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S . A. - EBDA


Av. Dorival Caymmi, 15.649 - Itapuã APRESENTAÇÃO
CEP 41635-150 - Salvador - Bahia
Tel.: (71) 3116-1846
Fax: (71) 3116-1918
E-mail: ebda.difusao@ebda.ba.gov.br
http://www.ebda.ba.gov.br
Este trabalho está sendo reeditado para atender à grande procura
sobre o tema implantação e condução de uma horta.

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES: Nesse sentido, a circular técnica “Hortas Educativas” tem por
finalidade orientar os interessados na produção doméstica ou
Presidente: João Bosco Cavalcanti Ramalho comunitária de hortaliças, principalmente, para o consumo próprio
Secretária: Maria de Lourdes de Souza e melhoria do padrão alimentar.
Membros: Antônio Vicente da Silva Dias
O consumo de hortaliças em nível nacional é muito pequeno
Jonas Dantas dos Santos
Antonio Carneiro do Rosário
e, no estado da Bahia, não é diferente, sobretudo nas famílias de
Marcelo Vieira Matos da Paz baixa renda. Nas pequenas e nas grandes cidades, os preços das
Cândido Nunes de Vasconcelos hortaliças são bastante elevados e que aliados à baixa renda das
Alírio Vanderlei Xavier dos Santos famílias das periferias tornam inacessíveis a aquisição e o consumo
dessas espécies.
Revisão de Texto: Ana Maria Salgado Lôbo Vale ressaltar que o baixo consumo de hortaliças vai determinar a
Normalização Bibliográfica: Luzia Oliveira Lopes ocorrência de doenças por carência de vitaminas e sais minerais,
Diagramação / Capa: Gustavo Leal
principalmente nas crianças, o que determina retardo no
crescimento e no rendimento escolar.

Assim, o consumo diário de hortaliças influi decisivamente na saúde,


1ª edição - (1990) funcionando como protetora contra infecções e na desnutrição.
2ª edição - (1996)
3ª edição - (1998) Nesta circular, são encontrados os requisitos básicos para
4ª edição - (2012) : 2.000 exemplares implantação e cultivo de uma horta, além de informações
importantes sobre o consumo de hortaliças, e de uma alimentação
sadia e equilibrada.
SANTOS, A. V. X. dos. Hortas educativas. 4.ed. Salvador, BA: EBDA,
2012. 38p. (EBDA. Circular Técnica, 12). A prática do cultivo de uma horta, além dos aspectos técnicos e
nutricionais, funciona também como terapia ocupacional e ainda
1. Horta. 2. Hortaliça. 3. Cultivo. I Titulo. se apresenta como boa oportunidade de comercializar o excedente
CDD 635 da produção melhorando assim, a renda do beneficiário.
© EBDA 2012

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS 09

2 VALOR NUTRITIVO DAS HORTALIÇAS 10

3 CLASSIFICAÇÃO 11

4 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS 12

5 ESCOLHA DO LOCAL PARA INSTALAÇÃO DA HORTA 13

6 FERRAMENTAS 16

7 PREPARO DO SOLO 19

8 ADUBAÇÃO 20

9 PREPARO DOS CANTEIROS E SEMENTEIRA 27

10 TRANSPLANTIO E PLANTIO DEFINITIVO 29

11 TRATOS CULTURAIS 32

12 CONTROLE DE PRAGAS 34

13 CONTROLE DE DOENÇAS 35

14 COLHEITA 36

REFERÊNCIAS 38

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HORTAS EDUCATIVAS

Alírio Vanderlei Xavier dos Santos1

1 IMPORTÂNCIA DAS HORTALIÇAS

As hortaliças são vegetais de alto valor nutritivo, ricos em


vitaminas e sais minerais, e podem ser consumidas cruas ou
cozidas como complemento alimentar.

A saúde depende em grande parte de uma boa alimentação.


Uma pessoa mal alimentada enfraquece e fica predisposta às
doenças.

É de fundamental importância para o homem o consumo diário


de alimentos que contenham substâncias capazes de:

• Promover o crescimento;
• Fornecer energia para o trabalho;
• Regular e manter o bom funcionamento dos órgãos;
• Aumentar a resistência às doenças.

Fig. 1 Consumo diversificado


________
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Eng° Agrônomo / Mestre em Fitotecnia – Divisão de Fruticultura
e Olericultura-DFO. Sede da EBDA

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2 VALOR NUTRITIVO DAS HORTALIÇAS 3 CLASSIFICAÇÃO

Além de facilitar a digestão dos alimentos, comer hortaliças com Chamamos, impropriamente, quase todas as hortaliças de
frequência garante o bom funcionamento do organismo, como verduras ou legumes, no entanto, de acordo com a parte
mostra o quadro abaixo. aproveitada para consumo as hortaliças são classificadas em:

Folha – Acelga, Agrião, Almeirão, Alho-Poró, Cebolinha, Coentro,


Quadro 1. Valor Nutritivo das Hortaliças Couve, Repolho, Espinafre, Mostarda e Salsa.

Bulbo – Alho e Cebola.

Raiz – Batata-doce, Cenoura, Beterraba, Nabo e Rabanete.

Tubérculo – Batata (Batatinha).

Fruto – Abóbora, Abobrinha, Chuchu, Quiabo, Tomate, Maxixe,


Jiló, Berinjela, Pepino, Pimenta e Pimentão.

Flor – Couve-flor e Brócolos.

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4 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS

Chuvas em excesso provocam encharcamento do terreno, e a


umidade relativa do ar favorece o aparecimento de doenças.
Cada espécie de hortaliças tem sua exigência climática. As
melhores condições de desenvolvimento e produção ocorrem
quando o clima é ameno, com chuvas leves e frequentes. Por
isso, quando escolher a hortaliça para plantar, observar bem a
época do ano e o clima local.

Fig.3 Local que recebe luz solar o dia inteiro

5 ESCOLHA DO LOCAL PARA INSTALAÇÃO DA HORTA

O tamanho da área para plantio de uma horta será dimensionado


de acordo com o número dos componentes da família e da comuni-
dade que será beneficiado, juntamente com a maior ou menor dis-
ponibilidade do terreno.
Fig.2 Clima com chuvas leves
A localização é outro aspecto relevante, pois o local escolhido deve
ter bom acesso durante o ano inteiro, estar próximo de uma fonte de
água e receber a luz solar o dia inteiro. Quando não se dispõe de uma
As hortaliças folhas e raízes preferem temperaturas amenas, área adequada, pode-se usar para o cultivo um quintal, um canteiro e
enquanto as hortaliças frutos produzem melhor em temperaturas até mesmo vasos e caixotes.
elevadas. Consulte os Quadros 3 e 4 para obter essas informações.
O solo preferido para instalação de uma horta é do tipo leve, areno-
argiloso, profundo e rico em matéria orgânica.

Quando for usado o cultivo em vasos e caixotes, o solo a ser utilizado


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deve ser originário de locais livres de ervas daninhas invasoras,
tipo “dandá”, bem como de outras semelhantes. A produção vai depender do terreno em que será instalada a horta,
da semente a ser usada, da fertilidade do solo, dos tratos culturais,
da irrigação e da época do ano em que será cultivada. Portanto, é
recomendado estar atento a estes aspectos, com o objetivo de se
alcançar bons rendimentos.

Não deixe de observar as seguintes condições:

• O local deve tomar sol o dia inteiro; lugares sombreados prejudicam o


crescimento das plantas;

• O terreno deve ser plano ou levemente inclinado e não deve ser


encharcado, ou sujeito a encharcamento;

• A água para molhar deve ser pura e limpa, para não contaminar as
hortaliças, pois muitas delas são consumidas cruas;

• O terreno para horta deve ficar afastado, no mínimo, 5 metros de


Fig. 4 Local adequado para cultivo de hortaliças privadas, chiqueiros e esgotos.

Se você dispõe de uma boa área para plantar, o tamanho da horta


depende do número de pessoas da família, o ideal são 10 metros
quadrados por pessoa. Assim, uma horta para uma família de 6 pessoas
deverá ter 60m².

Fig.5 Cultivo de hortaliças em caixote Fig.6 Cultivo de hortaliças em vaso

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6 FERRAMENTAS

A seguir são relacionadas algumas ferramentas que ajudarão no plantio


de uma horta. Não é necessário ter todas elas; pode-se aproveitar algum
material disponível e fazer adaptações.

Sacho: Serve para desagregar e revolver o solo entre as plantas


e arrancar o mato.

Pá: Utilizada para cavar, remover a terra ou outro material semelhante.

Enxada: Utilizada para fazer canteiros, capinas e revolver a terra.

Ancinho: Facilita o trabalho de juntar restos de materiais espalhados


na área e serve para acertar a superfície do canteiro.

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Regador: Serve para molhar as plantas. Colher de transplante: Serve para tirar mudas dos canteiros
sem forçar as raízes.

7 PREPARO DO SOLO

As hortaliças vegetam melhor em solo bastante leve.

É muito importante preparar bem o terreno, pois dele depende


o bom desenvolvimento das raízes e, consequentemente
obtenção de uma boa colheita
Enxadão: Usa-se para cavar e revolver a terra.

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8.1 Adubação orgânica

É desejável que o horticultor procure aprimorar as condições


físicas e biológicas do solo, pela incorporação de materiais
orgânicos, desde que esteja ciente de que esses materiais são
bons condicionadores do solo. A adubação orgânica vem sendo
utilizada há séculos na horticultura, com resultados positivos.

A adubação orgânica tem sido reconhecida, no meio agrícola,


por elevar o rendimento das espécies, ressaltando-se que a
incorporação de materiais orgânicos, como o esterco animal
(bovino, caprino, ovino e de aves), restos vegetais, sob a forma
de composto orgânico, húmus e biofertilizante, ou farelo de
Fig. 7 Preparo do solo
mamona e cacau, tornam o solo um substrato rico e mais
propício à agricultura. Assim, estes adubos melhoram algumas
O primeiro trabalho consiste em limpar ou capinar a área, retirando características que favorecem a produção agrícola, que são
as ervas daninhas. Juntar o mato em um canto para decompor, pois enumeradas a seguir:
este é um bom componente para o preparo do composto orgânico.
• Aumentam a capacidade de penetração e de retenção de água;
Depois é revolver a terra com a ajuda da enxada, enxadão ou pá de
corte e, quando disponível, usar a tração animal ou mecânica nesta • Melhoram a estrutura, o arejamento e a porosidade do solo;
operação, conhecida como aração e gradagem. Quando planejada,
esta operação antecede o plantio em 2 meses. • Aumentam a vida microbiana útil, inclusive com eliminação de
certos fitopatógenos (elementos que provocam doenças nas
Em seguida, quebrar os torrões e eliminar as pedras e os restos de plantas);
mato.
• Favorecem a disponibilidade e a absorção de certos nutrientes
pelas raízes;

8 ADUBAÇÃO • Tornam os solos argilosos, pesados e compactos, em solos


mais leves, propícios ao cultivo.
Usados para ajudar no crescimento da planta, os adubos podem
ser orgânicos ou químicos. Vale enfatizar que a adubação orgânica provoca antagonismo
entre micro-organismos do solo, podendo resultar no controle

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biológico de nematóide, bactérias e fungos, prejudiciais ao 8.1.2 Húmus
sistema radicular das espécies hortícolas.
Húmus é outro tipo de adubo orgânico, originário da
A seguir são apresentadas algumas fontes de matéria orgânica e decomposição microbiana de produtos de origem animal
como prepará-las. e vegetal. Apresenta-se com aspecto macio e acastanhado,
utilizado na adubação, trazendo, além de nutrientes, muitos
8.1.1 Composto orgânico benefícios ao solo, tais como:

O composto orgânico é feito a partir de restos de vegetais, • Melhora muito as propriedades físicas do solo;
esterco de animais, capim seco, etc. bem como terriço de mata,
arrumados em camadas, umedecidos e aerados, através de • Promove a liberação de nutrientes lentamente, tornando a
revolvimentos periodicamente, tantas vezes quantas forem adubação mais eficaz e duradoura;
necessárias, conforme a elevação da temperatura, para que
possam fermentar, mantendo os níveis baixos de temperatura e • Contribui para o aumento da capacidade de tamponamento
não haja perda de nutriente (nitrogênio) durante este processo. do solo;

Quando houver disponibilidade, pode ser usado guano • Retém a umidade do solo por mais tempo;
(excremento) de morcego para melhor fermentação
(decomposição). • Funciona como reservatório fixo de nitrogênio, que é
fundamental para manter a fertilidade do solo;
O composto é rico em nutrientes e, no final de três meses,
quando a relação C/N (carbono e nitrogênio) estiver equilibrada, • Impede a compactação de solos argilosos e promove a
em torno de 30%, o material estará pronto para ser usado. agregação de solos arenosos;

• Quando diluído na água, funciona como um adubo foliar


suave, além de contribuir na prevenção de várias pragas
agrícolas.

O processo de formação do húmus, denominado humificação,


pode ser natural (produzida por fungos e bactérias) ou artificial,
quando for induzido por processo químico.
Fig. 8 Preparo do composto orgânico

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8.1.3 Biofertilizantes
Quadro 2. Ingredientes para o Preparo de Biofertilizantes
São fertilizantes vivos, que também contêm micro-organismos
transformadores.

Os biofertilizantes são preparados com esterco e água ou ainda


com qualquer tipo de material orgânico fermentado na água.
Podem ser complementados com alguns minerais necessários
para o sistema de cultivo orgânico. Portanto, são líquidos e, após
sofrerem um processo de fermentação, são utilizados para nutrir
a planta.

Assim, podem alimentar a planta, mas não apenas isto, protegem


a planta agindo como defensivo.

Preparo:

É recomendável usar o material orgânico existente em Vantagens:


abundância e a baixo custo na propriedade.
Com o uso do biofertilizante, a planta torna-se bem mais nutrida,
Normalmente, usa-se esterco fresco de gado, soro de leite e/ou revestindo-se de mais resistência e, consequentemente, terá
leite, garapa de cana, melaço ou açúcar, ervas daninhas do campo condições de se defender de algum ataque de insetos, fungos,
e restos vegetais de pastagens, frutas e hortaliças; coloca-se tudo bactérias, etc.
para fermentar e, quando a fermentação estiver completa, uma
solução homogênea é formada e então o material está pronto Existem alguns tipos de biofertilizantes como: biofertilizantes
para ser utilizado. simples (com um ou mais nutrientes de plantas); biofertilizantes
compostos (mistura de dois ou mais biofertilizantes simples);
A seguir, é apresentada uma sugestão de formulação de biofertilizantes enriquecidos (enriquecidos de nutrientes
biofertilizante preparado aerobicamente com ingrediente de minerais, princípio ativo ou agente capaz de melhorar suas
um composto de farelo: características físicas, químicas ou biológicas).

Como o biofertilizante é um produto vivo, os micro-organismos


podem entrar em luta com o que está atacando a planta, repelir,
destruir ou paralisar a ação desses elementos.
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Quando não for possível a realização da prática acima, pode-
As pulverizações foliares, na agricultura ecológica, tentam se empiricamente proceder a correção do solo e a adubação
imitar este recurso que a natureza desenvolveu para partilhar o química, de acordo com o esquema sugerido, observando-se os
alimento entre as diversas plantas. devidos cuidados.

A fermentação faz com que ocorra uma série de transformações Os fertilizantes mais utilizados e recomendados são:
químicas e biológicas nos biofertilizantes, que deixa os nutrientes
prontamente disponíveis para a planta. Calcário dolomítico – 200 gramas / m²
Ureia – 30 gramas por m²
Superfosfato simples – 70 gramas por m²
Quantidade de adubo orgânico a ser usado: Cloreto de potássio – 20 gramas por m²

No preparo do canteiro deve-se usar aproximadamente 5 a


10kg de esterco de curral bem curtido, farelo de mamona ou Os adubos devem ser aplicados no fundo dos sulcos de plantio
cacau, por metro quadrado, ou, na mesma proporção, composto ou distribuídos a lanço e incorporados ao solo antes do plantio.
orgânico e húmus.

O biofertilizante é usado via foliar, diluído na proporção de


2% em pulverização sobre as plantas, e no campo, utilizar na 9 PREPARO DOS CANTEIROS E SEMENTEIRA
concentração de 5%. Para o tratamento de sementes usar na
concentração de 2% por imersão, durante 10 minutos. A parte Depois de limpar o terreno, o solo será desagregado com
sólida do biofertilizante também pode ser usada em covas. A o auxílio de uma enxada, a uma profundidade de 20 a 30
dose poderá ser observada e ajustada conforme a hortaliça a ser centímetros; quebrados os torrões; aplicar o calcário, se for
usada. necessário, e incorporá-lo ao solo com antecedência de 2 meses
do plantio. Distribuir o adubo orgânico antes do levantamento
dos canteiros.
8.2 Adubação química
Em geral, os canteiros têm as seguintes medidas:
Quando houver o planejamento da horta com antecedência,
deve-se fazer a coleta das amostras do solo, observando-se as Altura – 15 a 20cm
técnicas desta prática, e encaminhar ao laboratório de análise. Largura (leito do canteiro) – 1 metro
Baseado nos dados revelados pela análise, proceder à correção Comprimento – variável
e adubação, conforme a recomendação. Distância entre os canteiros – 30 a 50cm

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• Semear a quantidade necessária de sementes, de acordo com
o número de mudas que desejar;

• Para cobrir as sementes nos reguinhos, deve-se peneirar em


cima da sementeira uma camada fina de terra;

• Cobrir a sementeira com capim ou palha seca;

• Logo após as mudinhas nascerem, retirar esta cobertura;

• A posição da sementeira deve ser transversal em relação ao


sol;
Fig. 9 Sementeiras

• Regar duas vezes ao dia, de manhã e no final da tarde;

• Arrancar o mato sempre que for preciso.


Estas medidas são ideais. Entretanto, pode-se fazer os canteiros
do tamanho que sua área permitir, ou até mesmo usar vasos
ou caixotes. Reserve uma parte do canteiro, onde as sementes
de algumas hortaliças deverão encontrar boas condições para 10 TRANSPLANTIO E PLANTIO DEFINITIVO
germinar, antes de passarem para o canteiro definitivo. A este
canteiro dá-se o nome de sementeira. Transplantio é a prática que consiste na passagem das mudas
das sementeiras para o local definitivo.
As sementes e mudas a serem utilizadas devem ter origem
idônea, estar em embalagens próprias laminadas e certificadas. Deve ser realizado quando as mudas estiverem com 5 e 6 folhas
e mais ou menos 10cm de altura.
Deve-se observar: Os quadros 3 e 4 ilustram os aspectos das principais hortaliças
que necessitam de transplantio e plantio no local definitivo.
• Não usar adubo químico na sementeira;

• Fazer sulcos ou reguinhos de 1 a 3cm de fundura para colocar


as sementes, mantendo a distância de 20cm uns dos outros;

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Fig.10 Tamanho da muda a ser transplantada

Fazer o transplante em dias nublados e úmidos ou pela tardinha.


Fig.13 Retirada da muda no transplante

Quadro 3. Hortaliças de transplantio

Fig.11 Transplantio

Molhar bem a sementeira antes de retirar as mudas também


ajuda neste processo e facilita a pega no local definitivo.

Fig.12 Molhação das mudas antes do transplantio

Utilizar a colher de transplante para esta operação, com cuidado


para não quebrar as raízes das mudas.

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Irrigar - Os canteiros devem ser molhados duas vezes por dia,
pela manhã e à tardinha, nunca nos horários de sol.
Quadro 4. Hortaliças de plantio em local definitivo

Fig.14 Irrigação

Escarificar – É preciso desagregar bem a terra, em torno da


planta, uma vez por semana. Este cuidado é conhecido como
escarificação. Esta prática facilita a maior penetração de ar no
solo, maior aproveitamento das chuvas e da irrigação.

Capinar – Todas as ervas daninhas devem ser retiradas


semanalmente para não prejudicarem o crescimento das
hortaliças. Esta operação pode ser feita manualmente ou com
auxílio de enxada ou sacho. Ter cuidado nesta operação para
não danificar as raízes das plantas.

Desbastar – O excesso de plantas no canteiro ou sementeira


deve ser eliminado, permitindo que as plantas que ficarem no
canteiro tenham melhor desenvolvimento e rendimento. Esta
11 TRATOS CULTURAIS prática deve ser realizada com cuidado para não danificar as
plantas. As plantinhas devem ser escolhidas, retirando-se as
Cuidar para que as plantas cresçam sadias e viçosas, garantindo mais fracas e deixando as mais sadias, ficando o plantio raleado,
uma boa produção, alguns tratos devem ser seguidos, tais como: permitindo que as plantinhas se desenvolvam bem, como no
caso da cenoura, rabanete e beterraba.

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Usar pulverizador costal ou regar normalmente os canteiros e as
plantas, (aplicar 3 partes da solução e 1 parte de água);

Ter cuidado de aplicar logo, porque seu efeito só dura 8 horas


após o preparo da solução.

Fig.15 Escarificação, capina e desbaste • Mistura de cinza, cal e sal de cozinha, para controle de
lagartas, lesmas e gafanhotos:

12 CONTROLE DE PRAGAS Usar 1kg de cinza, 1kg de cal e 100g de sal de cozinha e distribuir
nos canteiros.
Formigas, pulgões, lagartas, lesmas e gafanhotos são inimigos
que frequentemente atacam as hortaliças. • Solução de sabão, para controle de cochonilha:

Para combatê-los, sempre que possível, deve-se usar receitas Usar uma colher de sopa de sabão em barra, raspado, para 5
caseiras, ou catação manual. litros de água; agitar e fazer aplicação diretamente nas plantas.

Através de visitas diárias à horta, observar se há ocorrência


destes elementos e, quando encontrados, sempre eliminar ovos,
larvas e insetos adultos. 13 CONTROLE DE DOENÇAS

As formigas devem ser controladas com o uso de formicidas, De modo geral, as doenças que atacam as hortaliças são causadas
aplicadas diretamente nos formigueiros. por fungos, bactérias, vírus e nematóides que prejudicam o
desenvolvimento das plantas.
Algumas soluções fabricadas em casa podem ser usadas no
controle de pragas. O uso das sementes de boa procedência, a escolha certa do
local para plantar e o combate frequente dos insetos ajudam no
Exemplos: controle das doenças.

• Solução de fumo de corda, para o controle de pulgões e A calda bordalesa é também muito usada no controle das
lagartas: usar 20cm de fumo de corda em 4 litros de água; doenças.
deixar por 3 dias em infusão e coar a solução;

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Como prepará-la: (quando plantado através de mudas), hortelã miúdo e alface
que são colhidos antes desse período (Quadros 2 e 3 ).
Usar 100 gramas de sulfato de cobre, mais 100 gramas de cal
de pedreiro em 10 litros de água; misturar e aplicar a calda De modo geral, as hortaliças folhosas de hastes são colhidas
em pulverização sobre as plantas, sempre que for necessário quando estão tenras, as de flores quando os botões estão
(ocorrência de doenças). fechados, as de frutos quando as sementes não estão
completamente desenvolvidas.
O preparo é feito dissolvendo o sulfato de cobre em metade do
volume da água, e a cal é dissolvida na outra metade do volume; A colheita é realizada com todo o cuidado para não estragar o
em seguida, misturar estas soluções em um terceiro recipiente produto. Em seguida, é feita a limpeza ou usar outros processos
sob agitação. Não usar em plantas cucurbitácea (abóbora, de beneficiamento, a depender da hortaliça cultivada.
maxixe, melancia, chuchu e melão), rosácea (quiabo) e solanácea
(tomate, pimentão, batata). Se for necessário, embalar o produto colhido, usar caixas
plásticas próprias.

Fig.16 Pulverização com calda bordalesa

Fig.17 Colheita de hortaliças


14 COLHEITA

A maioria das hortaliças está pronta para ser colhida do 3º ao


4º mês a partir do plantio, com exceção do coentro, cebolinha

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REFERÊNCIAS

FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na


produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 402p.

EMBRAPA HORTALIÇAS. Aprenda como se fazer biofertilizante. Brasília,


2007. (Folder).

MAKISHIMA, N. Produção de hortaliças em pequena escala. Brasília:


EMBRAPA – CNPH. 1983. 23p. (EMBRAPA – CNPH. Instruções Técnicas, 6).

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