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Introdução
Confiabilidade
A confiabilidade representa o tempo em que um sistema esta disponível para cumprir suas
funções. Quanto mais um sistema é confiável, maior o tempo em que podemos utiliza-lo em
nossas atividades e menor a frequência em que ele se encontra indisponível.
Entre as possíveis fontes de mau funcionamento de um sistema de transmissão de dados estão
as sobretensões transitórias causadas por descargas atmosféricas e operações de
chaveamento.
A importância de proteger os sistemas elétrico-eletrônicos contra as sobretensões transitórias
justifica-se pelo aumento da confiabilidade que obtemos ao evitar:
Condutores de sinal
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informação transmitida não seja perdida.
Conceitos
Para proteger um ETI contra surtos de tensão é necessário integrar todos os condutores, de
energia e sinal, no sistema de equipotencialização nas transições das Zonas de Proteção contra
Raios (ZPR) (Figura 1). Isto não significa a instalação aleatória de um DPS em todos os cabos
conectados ao equipamento.
As blindagens dos cabos e as estruturas metálicas normalmente não energizadas devem ser
interligadas diretamente à barra de equipotencialização principal /local (BEP/BEL).
Os condutores normalmente energizados como cabos de energia, telefônicos, UTP, etc.,
devem ser interligados ao BEP/BEL através de DPS (Figura 2), que irão realizar uma
equipotencialização transitória através das características não lineares da sua impedância
interna.
Proteção de ETIs
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Figura 2. Ligação equipotencial para cabos de sinal
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Dispositivos de Proteção contra Surtos
Um DPS é uma chave elétrica controlada pela tensão em seus terminais. Quando a diferença
de potencial no DPS chega a um determinado valor ele comuta de um estado de alta para
baixa impedância, alterando a configuração do circuito elétrico onde ele está inserido,
permitindo o desvio da corrente de surto para o sistema de aterramento, proteção de modo
comum, evitando assim que apareça no equipamento protegido uma tensão acima daquela
que ele possa suportar, ou seja, da suportabilidade do equipamento.
Os componentes utilizados na fabricação do DPS possuem capacitâncias e indutâncias que têm
um aspecto negativo na transmissão de sinais de alta frequência. O projeto do DPS deve
justamente ser desenvolvido para minimizar a sua influência no circuito onde ele será
instalado, para que no período em que não esta atuando o DPS seja “invisível” ao ETI.
Desta forma cada sistema de comunicação necessita um DPS especifico que cause uma
atenuação menor ou igual à permitida pelo sistema.
Dois fenômenos devem ser evitados:
- A atenuação do sinal conduzido;
- A condução de correntes que circulam pelo aterramento para o próprio ETI.
Componentes de um DPS
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Especificação
A escolha do DPS adequado para a proteção de uma entrada de sinal depende de vários
fatores, mas o principal é o tipo de sinal ou o protocolo do sistema. Diferentes tipos de sinal
tem tensão, corrente e frequência especificas.
Existem vários sistemas de transmissão como redes em estrela, sistema de telefonia analógica
e digital, interfaces RS232 e RS485 e redes ethernet categoria 5E ou 6 (Figura 4).
Cada um destes sistemas é padronizado por normas técnicas que determinam sua tensão de
trabalho e sua frequência de transmissão. Cabe ao projetista procurar o DPS, ao mesmo
tempo, compatível com o sistema de transmissão e com capacidade de condução corrente de
surto e nível de proteção adequados ao ETI. Caso contrário o equipamento estará protegido,
mas o sistema não conseguirá comunicar-se ou o sistema funcionará corretamente, mas os
DPS especificados não protegerão os equipamentos.
Entre as características mais importantes dos sistemas de transmissão, devemos prestar
atenção nos parâmetros a seguir:
Perda por inserção (a/dB) – Atenuação do sistema desde a entrada até a saída. Mostra a
função de transmissão do sistema e o ponto de 3 dB.
Perda por retorno (dB) – Parâmetro que indica em dB a perda de potência de entrada devido à
reflexão. Em sistemas bem ajustados, este valor é de aproximadamente -29 dB, sendo
ele particularmente importante em sistemas com antenas.
Frequência limite (Fg) – A frequência limite descreve o comportamento do DPS em função da
frequência. As propriedades capacitivas e/ou indutivas dos componentes atenuam o sinal em
caso de frequências demasiadamente altas. O ponto critico se denomina frequência limite Fg.
A partir deste ponto o sinal já perdeu 50% (3dB) de sua potência de entrada. A frequência
limite é determinada como função de critérios de medição definidos. Normalmente quando
não se tem nenhum dado, refere-se aos chamados sistemas 50Ω.
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Figura 4. Topologia de redes
Uma duvida comum na proteção de ETIs é onde o DPS deve ser instalado. Em um sistema de
vídeo, por exemplo, um DPS de sinal deve ser instalado junto à câmera e outro junto ao
receptor ou gravador de imagens. A ausência de um destes DPS em um dos ETIs não
compromete a proteção do outro, porque a DPS protege individualmente o equipamento ao
seu lado.
Os DPS para sinal podem ser classificados em proteção básica, média ou fina, dependendo da
sua localização entre as zonas de proteção contra raios (ZPR) e a distancia ao equipamento
protegido.
A proteção básica é utilizada na transição entre as ZPR0B→1, e os DPS são ensaiados na curva
10/350µS não podendo ser instalados junto aos ETIs devido ao seu nível de proteção.
A proteção fina é aquela utilizada na transição entre as ZPR1→3, e os DPS são ensaiados na
curva 8/20µS, devendo ser instalados junto aos ETIs.
A proteção média é uma combinação entre as duas formas anteriores de proteção, podendo
ser instalada entre qualquer ponto entre as ZPR0B→3. Os DPS para esta aplicação podem ser
instalados em qualquer fronteira entre as ZPRs.
Outros fatores são o tipo de conector, o espaço disponível e a distância do condutor de
equipotencialização do DPS, que serão importantes para a instalação do dispositivo de
proteção.
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Paso 1
Selecionar o sistema correspondente
Tipo de interface Velocidade de transmissão Nível de sinal
Exemplo Exemplo Exemplo
Analógica (Fax / modem) < 5KBit / s 170V
Paso 2
Determinar a fronteira entre ZPRs onde o DPS será instalado
Conexão Condutores protegidos Montagem
Exemplo Exemplo Exemplo
Bornes 4 Caixa IP 54
Instalação do DPS
Como qualquer dispositivo, o DPS deve ser instalado corretamente para proteger os ETIs sem
interferir com o funcionamento do sistema.
Os DPS de sinal devem ser conectados às portas destes equipamentos e aterrados nos próprios
ETIs (Figura 5). Para que isto seja possível, estes DPS devem ter conexões adequadas ou o
formato de conectores (Figura 6), para facilitar a conexão e permitir o melhor posicionamento
junto aos ETIs.
A atenção com a instalação deve-se principalmente aos motivos abaixo:
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Figura 5. Instalação de um DPS
Aterramento
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Existem no mercado dispositivos como relés, optoacopladores e conversores, que eliminam
ruídos em entradas de sinal e são específicos para controlar as interferências. Estes
dispositivos têm funções diferentes das desempenhadas pelos DPS, sendo que cada um deles
tem a sua utilização especifica. DPS servem para a proteção contra surtos de tensão e
interfaces para evitar interferências em entradas de dados.
Conclusão
Para a proteção de ETIs contra surtos de tensão é necessária a atuação conjunta já na fase de
projeto, ou no máximo na instalação do sistema, dos responsáveis pelos ETIs, dos DPS e
responsável pela operação dos sistemas.
Sem as informações corretas sobre as características de frequência de transmissão, origem e
destino dos condutores e suportabilidade dos ETIs, torna-se difícil para o projetista do sistema
de proteção contra surtos determinar as características corretas dos DPS e as medidas
adicionais necessárias.
Mais importante ainda é obter um comprometimento do fornecedor dos ETIs com as medidas
necessárias para reduzir a sua vulnerabilidade, evitando que futuramente que a queima ou
mau funcionamento destes equipamentos devido a um surto de tensão seja considerado
inevitável.
Notas
Glossário.
Nível de proteção (Vp) – O mais alto valor de tensão atingido nos terminais de um DPS antes
que ele atue.
Tempo de resposta (Tr) - O tempo de resposta caracteriza o tempo necessário para o elemento
de proteção usado no DPS começar a atuar. O tempo de resposta pode variar dentro de certos
limites dependendo da inclinação da função du/dt do surto de tensão ou di/dt do surto de
corrente.
Tensão Nominal (Vn) - A tensão nominal é a voltagem para qual um dispositivo é projetado. Ela
pode ser a tensão DC ou o valor RMS de uma tensão alternada senoidal.
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Tensão residual (Vr) - O valor de pico da tensão residual que aparece nos terminais do DPS
durante a condução da corrente de surto.
Zona de proteção contra raios (ZPR) - O termo zona de proteção contra raios refere-se aquelas
áreas na qual o ambiente eletromagnético causado pelo raio pode ser definido e controlado.
Referências
[1] NBR 5410-2004 – Instalações elétricas de baixa tensão; ABNT, Associação Brasileira de
Normas Técnicas.
[2] NBR 5419- 2005 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas; ABNT, Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
[3] NBR IEC 61643-1:2007 – Dispositivos de proteção contra surtos em baixa tensão; Parte 1:
Dispositivos de proteção conectados a sistemas de distribuição de energia de baixa tensão;
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas.
[4] Santos, S.R.S. Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS). Zonas de Proteção contra
Raios, Características e Aplicações do DPS do Tipo I; Revista O Setor Elétrico, Ano 7, Edição 61,
Outubro 2012
[5] Santos, S.R.S, Araújo, A.- Proteção contra Surtos em Equipamentos de Tecnologia da
Informação (ETIs); Revista O Setor Elétrico, Ano 6, Edição 62, Março 2011.
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