Montagem de Quadro de Transferência Automático
para Acionamento de Grupo Gerador
D.M. Mendes, M. C. Costa e M. M. S. Lima, F. Corrêa, R. C. D. Arrifano
Resumo - Este artigo apresenta a montagem de um Quadro de
Transferência Automático para acionamento de um grupo
gerador com o objetivo de fornecerenergia a aplicações
essenciais ou críticas durante falha no fornecimento da
concessionária ou no horário de ponta.
Aoserregularizadaaenergiadaconcessionária,
oquadrodetransferênciarestabeleceráconexãodacargaàredeaut
omaticamente e desligará o grupo gerador, semquehaja um
período prolongado deinterrupçãoao se alternar
asfontesdeenergia.
Palavras-chave: Quadro de transferência automático, grupo
gerador, sistema de emergência, concessionária e interrupção.
Abstract – This article presents the building process of an
automatic transfer switch to activate a generator system
designed to supply energy continuously forcritical or essential
applications during the mains failure or the peak charge. When
the mains supply is restored, the automatic transfer switch
transfers the load automatically to the mains supply and turns
off the generator, with no long period of energy interruption to
the load during the transfer process.
Keywords: Automatic transfer switch, generator, emergency
systems, mains supply, interruption.
I. INTRODUÇÃO
alhas em um sistema de energia elétrica ocorrem
F comumente e são prejudiciais para todosos setores.
Estudos de aplicações de emergências tem sido uma
necessidade na área hospitalar, industrial e comercial. A
descontinuidade do fornecimento de energia pode ser
desastrosa para todas essas áreas, colocando em risco bens e
até mesmo vidas humanas [1].
Nos últimos anos houve uma demanda crescente por
sistemas de fornecimento de energia que operem de maneira
contínua e de forma confiável, pois sistemas modernos são
dependentes de energia elétrica. À medida que a
complexidade dos sistemas aumentou também aumentoua
necessidade de confiabilidade e continuidade nas
informações e comunicações entre os sistemas [1].
Cargas críticas envolvem sistemas de geração de
emergência que forneçam energia para sistemas de
iluminação, ar condicionado, elevadoresem aeroportos,
hotéis e complexos comerciais.
_______________________________
D. M. Mendes, Instituto de Ensino Superior da Amazônia (IESAM),
Belém, Pará, Brasil, deysemm@hotmail.com
M. C. Costa, Instituto de Ensino Superior da Amazônia (IESAM),
Belém, Pará, Brasil, maurochgs@gmail.com
M. M. S. Lima, Instituto de Ensino Superior da Amazônia (IESAM),
Belém, Pará, Brasil, michele.mendes20@yahoo.com.br
R. C. D. Arrifano, Instituto de Estudos Superiores da Amazônia
(IESAM), Belém, Pará, Brasil, rildoarrifano@prof.iesam-pa.edu.br
F. Corrêa, Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (IESAM),
Belém, Pará, Brasil, fabio@prof.iesam-pa.edu.br
Também podem ser citadas cargas em processos
industriais cujo tempo de reinício seja alto, como em
siderúrgicas. A transferência automática entre o
fornecimento da concessionária e o fornecimento de
emergência é fundamental para as aplicações citadas [1], [2].
Com o objetivo de melhorar desempenho do sistema de
emergência de uma Empresa da área de TI, foi proposto
prover o acionamento de um grupo gerador através de um
Quadro de Transferência Automático (QTA),
adicionalmente foi feito estudo para viabilidade de melhor
aproveitamento do grupo gerador durante o horário de
ponta. Para atingir esse objetivo é necessário conectar
diferentes fontes de energia a uma única unidade que deve
funcionar como elo entre as fontes de energia e a carga a ser
alimentada. Além disso, somente uma fonte pode alimentar
a carga por vez, de forma que se houver falha no
fornecimento da fonte primária (concessionária) haja a
rápida, mas suave mudança para a fonte secundária (geração
de emergência). Sendo também necessário prover o
intertravamento de forma que o contato da concessionária
não feche caso o contato do gerador estiver aberto e vice-
versa.
A partir de levantamento realizado, foi possível verificar
que a empresa encontrava-se vulnerável a períodos longos e
curtos de interrupção de energia, pois, apesar de possuir
sistema de emergência, ainda utilizava quadro de
transferência manual.
Este artigo está organizado em vários tópicos como:
Introdução, discorrendo sobre apresentação do assunto,
objetivo e justificativa, aspectos teóricos em que serão
tecidas algumas considerações sobre potência, fator e
triângulo de potência, potência mecânica e elétrica e noções
de grupo gerador. A seção Quadro de Transferência
Automático descreverá aspectos de seu funcionamento e
seus componentes constituintes. Na seção de Materiais e
Métodos serão apresentados critérios de dimensionamento
de componentes e suas especificações técnicas, assim como
os passos utilizados para a montagem do QTA, na seção de
Análises e Discussões serão apresentadas os resultados
obtidos com a montagem do QTA. Na última seção serão
apresentadas as conclusões deste artigo.
II. ASPECTOS TEÓRICOS
A. Potência
A potência elétrica é uma grandeza que é expressa em
watts por meio da Equação (1) para circuitos em corrente
contínua, A Equação (2) é usada para corrente monofásica e
(3) para corrente trifásica [4], [5], [6].
P=VI (1)
P = V I cos θ (2)
P = √3 VI cos θ (3)
Em que: P é a potência, V é a tensão de linha, I é a
corrente e θ é o ângulo entre os fasores de tensão e corrente.
Em corrente alternada há três tipos de potência: ativa,
reativa e aparente [5].
A potência ativa é definida como a parcela de potência
que é efetivamente utilizada para a realização de trabalho
útil ao sistema. A potência reativa é a parcela de potência
necessária à manutenção dos fluxos magnéticos e não
produz trabalho útil ao sistema e a potência aparente é
aquela necessária para que os valores de tensão e de corrente
de certo equipamento funcionem corretamente [4], [6].
A potência aparente é uma medida de interesse ao estudo
dos geradores e é definida pelo produto da tensão eficaz pela
corrente eficaz, conforme a Equação (4). Tem como unidade
o volt ampere (VA) [4], [6].
P = Vrms x Irms (4)
O maior valor instantâneo de potência associada aos
elementos de armazenamento de energia, indutivos e
capacitivos, contidos em uma carga é chamado de potência
reativa e é dado pela Equação (5) [6].
Q = Vrms x Irms x senθ (5)
A unidade de potência reativa é o watt, porém é comum
ressaltar que Q não representa fluxo líquido de energia, por
isso sua unidade é comumente dada como volt amperes
reativo ou VAR [6].
B. Fator de potência e potência ativa
O fator de potência, FP, é definido como o cosseno
ângulo θ da carga, conforme indicado pela Equação (6).
Caso a corrente esteja adiantada em relação à tensão, o
ângulo é negativo.
FP = cos θ (6)
Muitas vezes o fator de potência é informado como uma
porcentagem. Também é comum afirmar que a corrente está
avançada em relação à tensão, o que indica carga capacitiva
ligada ao sistema. Dizer que a corrente está atrasada indica
carga indutiva. A definição matemática do fator de potência
é dada pelas Equações 7 e 8 [4], [6].
cos θ = kW / kVA (7)
Sendo que kW é a potência ativa e kVA é a potência
aparente. Esta equação também pode ser rearranjada como
(8) [4].
kW = kVA x cos θ (8)
O fator de potência é uma função da carga. Quando tem
valor é desconhecido utiliza-se o valor 0,8 [4], [6].
C. Triângulo de potência
Uma maneira representar as relações entre potência ativa
(P), reativa (Q) e aparente (Vrms x Irms) é através do triângulo
de potência. A Figura 1 mostra que as grandezas citadas têm
relação vetorial [5].
Figura 1. Triângulo de potência.
D. Potência mecânica e elétrica
A potência aparente de um grupo gerador diesel, em
KVA, está relacionada à potência em HP, Horse Power, ou
CV, Cavalo Vapor, de seu motor diesel [7].
Para se determinar a potência de um grupo gerador
devem ser levados em consideração o rendimento do
alternador e a potência mecânica do motor diesel. UmHP
equivale a 0,7457 kW e 1 kW é equivalente a 1,3598 CV
[7].
Assim, a potência, em HP do motor Diesel, pode ser
calculada em função da potência em KVA e do fator de
potência do alternador, resultando em:[7].
HP x 0,7457 x η= KVA x 0,8. (9)
Sendo η o rendimento do alternador.
HP = (1,0728 x KVA) / η
Para o cálculo em CV, substitui-se 0,7457 por 0,7354,
resultando em (10).
CV = (1,0878 x KVA) / η (10)
O rendimento do alternador não é constante e se
aproxima do seu valor máximo com a carga entre 80 e 100%
da potência máxima. Alternadores pequenos têm rendimento
mais baixo que os alternadores maiores (até 0,93 acima de
250 KVA). Quando se tratar de cálculo estimativo o
rendimento pode ser tomado igual 90% (ou 0,9), que é o
valor adotado pelos montadores de grupos geradores em
geral [7].
F. Rede de baixa tensão da concessionária.
O ponto de conexão do sistema elétrico da
concessionária com as instalações elétricas da unidade
caracteriza-se como o limite de responsabilidade do
fornecimento.
É o ponto até o qual a concessionária se obriga a
fornecer energia elétrica, participando dos investimentos
necessários, dentro dos critérios e limites legais de
participação financeira do setor elétrico, e
responsabilizando-se pela execução dos serviços, pela
operação e pela manutenção, para o dimensionamento dos
ramais de ligação de consumidores, as seções dos
condutores estão definidas na Norma Técnica –NTD-01 –
Fornecimento de Energia Elétrica em Baixa Tensão.
E. Noções sobre grupo gerador:
É o conjunto formado por motor de combustão e gerador
de corrente alternada, destinado ao suprimento de energia
elétrica produzida a partir do consumo de combustível,
geralmente gás ou óleo Diesel. Em função dos consumidores
de energia elétrica a que se destinam, os grupos geradores
são construídos com características especiais que os tornam
apropriados para diversas aplicações. Para
dimensionamento adequado do grupo gerador deve-se
considerar o tipo de carga que será alimentada, as condições
e características locais como temperatura, altitude, nível de
contaminação do ar por partículas sólidas e o regime de
operação deste[7]. A Figura 2 mostra o aspecto de um grupo
gerador, consistindo de motor diesel e o alternador.
Motor diesel Alternador
Figura 2. Grupo gerador.
O Sistema de alimentação dos motores de combustão é
responsável pelo suprimento de ar e combustível ao motor.
Existem basicamente dois tipos de sistemas de acordo com o
ciclo de funcionamento dos motores: Otto e diesel. No
sistema de alimentação Otto o combustível é misturado com
ar antes de ser admitido nos cilindros.No sistema diesel, o
combustível e o ar são injetados nos cilindros por dutos
diferentes, sendo depois misturados. Este último sistema de
alimentação é composto por dois circuitos: de ar e de
combustível [7], [8].
E. Cargas essenciais:
Estas cargas, também chamadas críticas, dependem da
do ramo da empresa. Para uma empresa de TI corresponde a
sala de servidores. São as cargas que não podem ter o
fornecimento de energia suspenso, pois resultaria em
grandes perdas para o estabelecimento. Estas perdas podem
ser materiais ou mesmo humanas, conforme a área de
atuação da empresa [1], [3].
F. Cargas não essenciais:
Cargas não essenciais são as cargas que podem ter seu
fornecimento interrompido temporariamente, logo podem
ser ligadas diretamente à rede concessionária [3].
III. QUADRO DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICO:
Sistemas que operam com transferência automática
utilizam equipamentos de controle, gerador a diesel e bancos
de baterias, na maioria dos casos. A transferência automática
é acionada principalmente por falha do fornecimento da
concessionária, mas também pode ser programada para
compensar o horário de ponta ou para manutenção do
sistema. O processo de transferência de cargas deve ser
controlado de forma que haja uma transição dentro dos
limites de operação dos elementos do sistema. Esta
transferência é realizada através do QTA [3].
o A Figura 3 ilustra o diagrama de um sistema de
emergência com o chaveamento realizado por um Quadro de
Transferência.
Figura 3. Sistema de emergência com grupo gerador e transferência
entre as fontes de energia.
Na Figura 3 observa-se que as cargas essenciais tem o
fornecimento mantido durante uma falta, enquanto que as
cargas não essenciais são alimentadas diretamente pela
concessionária e estão sujeitas a sua variação e interrupção.
Os quadros de transferência automáticos são divididos
em duas partes: controle e potência. São utilizados em
sistemas em que é necessário manter o fornecimento
contínuo, realizando o chaveamento entre o fornecimento da
concessionária e o de emergência e vice-versa. Podem
operar tanto de forma manual como automática [2].
O quadro de transferência permite a transição suave e
imediata entre as várias fontes e a carga. Assegurando o
sincronismo entre as fontes de energia antes que a carga seja
transferida entre elas [3].
A parte de potência tem a chave de transferência
automática e a de controle consiste em controlador,
disjuntor, relés, conversor para alimentação do controlador e
bateria.O diagrama do QTA é exibido na Figura14, (Anexo
A).
O QTA é acionado quando há uma interrupção do
fornecimento da concessionária. Poucos segundos depois,
quando o gerador está plenamente operacional, o QTA
desconecta a carga da concessionária e a conecta ao gerador.
Após executar a transferência da carga ao sistema de
emergência, o QTA prossegue monitorando os níveis de
tensão do fornecimento da concessionária e quando o
fornecimento é normalizado é feita a transferência da carga
do gerador para o fornecimento da concessionária. Ao ser
desconectado, o gerador passa por um processo de
resfriamento e é desligado automaticamente [2].
Diferente do que acontece com o Quadro de
Transferência Manual, o QTA seleciona a fonte de energia
disponível sem que haja necessidade de intervenção do
usuário. O chaveamento entre as fontes pode ser feito pelo
dispositivo ou sistema que determina quando o chaveamento
deve ocorrer e qual fonte será ligada à carga. O que remete à
necessidade de um sistema único de controle[2], [3].
A seguir são abordados os principais componentes de um
QTA.
A.Chave de transferência automática:
 É o dispositivo que, sendo a parte de potência do QTA, o controle iniciará a sequência de partida predeterminada.
efetua a transferência entre a concessionária e a fonte de Quando o fornecimento da concessionária é restabelecido o
emergência sem necessidade de operação manual. Permite circuito de controle inicia a transferência e a sequência de
intertravamento de forma a prevenir acesso simultâneo à parada do grupo gerador [2], [3].
concessionária e ao grupo gerador [3]. O modo de operação manual é utilizado para dar partida
Quando é detectada a falha de uma fase da no gerador, porém seu início não é automático. É necessária
concessionária, a chave fará a comutação, mediante a intervenção humana para a comutação entre as fontes de
comando do controlador, para que a carga seja transferida energia [3].
para o sistema de emergência.Quando a concessionária volta
à normalidade, a chave conecta a carga automaticamente de IV. MATERIAIS E MÉTODOS
volta esta primeira, com a função de proteção de falha de A. Coleta de dados:
fases.O diagrama da chave de transferência automática é A partir do histórico de consumo da empresa, foram
mostrado na Figura 15, (ver Anexo A) [3]. coletados dados de um ano, conforme descrito na Tabela I.
Os gráficos gerados a partir da Tabela I são mostrados nas
B.Relés: Figuras 6 a 9.
São chaves eletromagnéticas. Os relés são utilizados
quando se faz necessário controlar circuitos através de um TABELA I
sinal de baixa potência, mantendo os circuitos de controle e HISTÓRICO DE DEMANDA DE ENERGIA ATIVA
os circuitos a serem controlados isolados entre si, como Mês / Demanda Demanda Consumo Consumo Consu
mostra a Figura 4. Muitos relés usam um eletroímã para a Ano de Ponta Fora de Ponta Fora de mo
(kW) Ponta (kWh) Ponta Total
sua operação de chaveamento, que é feita mecanicamente, (kW) (kWh) (kWh)
mas outros princípios de operação também podem ser
ago/12 490,00 392,00 30870 172872 203742
usados. Também são utilizados quando há necessidade de
controlar vários circuitos com o único sinal. Os relés são set/12 480,31 384,25 30260 221328 251588
amplamente utilizados na telefonia e nos primeiros out/12 467,50 374,00 29453 215424 244877
computadores a fim de realizar operações lógicas [4]. nov/12 456,88 365,50 28783 210528 239311
dez/12 517,19 413,75 32583 238320 270903
C. Disjuntores:
São dispositivos de proteção usados para isolar ou jan/13 528,44 422,75 33292 243504 276796
desconectar um componente elétrico ou um circuito, na fev/13 533,44 426,75 33607 245808 279415
ocorrência de falta, em um curto período de tempo sem que mar/13 545,00 436,00 34335 251136 285471
haja danos ao equipamento ou circuito. Os disjuntores
apresentam proteção tanto para curto circuito quanto para abr/13 536,56 429,25 33803 247248 281051
sobrecargas. Apresentam, em comparação com fusíveis, a mai/13 508,75 407,00 32051 234432 266483
vantagem de poderem ser reutilizados depois de uma falta jun/13 516,56 413,25 32543 238032 270575
[5].
jul/13 449,06 359,25 28291 206928 235219
O disjuntor é mostrado na Figura4.
ago/13 465,00 372,00 29295 214272 243567
Média 500 400 31474 226141 257615
Disjuntor
Fonte: Faturas fornecidas pela empresa.
Trilhos para fixação
Observa-se na Tabela I que tanto a demanda de ponta
quanto a fora de ponta variam ao longo do ano. A demanda
de ponta apresenta valor ligeiramente superior ao da
demanda fora de ponta. No entanto o consumo fora de ponta
é superior ao consumo de ponta. O que é justificado pelo
fato de a empresa funcionar sem interrupções, dada a
Relés necessidade de processar transações bancárias.
Na Figura 5os dados obtidos da demanda de ponta, a
partir da Tabela I, foram convertidos em gráfico:
Figura4. Disjuntor e relés do QTA.

D. Controlador:
É a parte do QTA responsável pelo monitoramento da
entrada em corrente alternada da concessionária, também
ordena a partida do grupo gerador quando necessário. Este
dispositivo permite que o QTA funcione em modo
automático ou manual [3]. Figura 5.Histórico de demanda de ponta.
No modo de operação automático o circuito de controle
monitora falha na concessionária. Uma vez detectada a falha
 Observa-se que a demanda de ponta atinge seu valor
máximo, 545 kW em março de 2013. Os valores apresentam
média de 500 kW.
A figura 6mostra que a demanda fora de ponta.
Figura 6.Histórico de demanda fora de ponta.
O gráfico na Figura 6tem maior valor em março de 2013
e menor valor em novembro de 2012, com a média de 400
kW por mês.
A figura 7mostra que a média do consumo de ponta.
Figura 7.Consumo de ponta.
Observa-se, pela Figura 7, que a média de consumo de
ponta, em kWh/mês, foi de 31474.
A figura 8ilustra o consumo fora de ponta.
Figura 8.Consumo fora de ponta.
Na Figura 8observa-se que o valor máximo de consumo
fora de ponta de 245808 kWh/mês, em fevereiro de 2013.
A empresa adquiriu em 2011 um grupo gerador de 50
kVA, que era usado juntamente com um quadro de
transferência manual. Verifica-se, a partir dos dados da
Tabela I e Figuras 6 a 9, que o gerador adquirido pela
empresa supre a demanda de ponta em cerca de 10%. O
gerador foi adquirido com o objetivo de manter o
funcionamento da sala de servidores cuja carga é 38kW.
Esta é a carga essencial do sistema e pode ser isolada das
demais cargas em caso de falha da concessionária.
B. Dimensionamento dos componentes do QTA
Para a montagem do QTA primeiramente dimensionou-
se o grupo gerador de acordo com a carga a ser alimentada.
Com as especificações do grupo gerador definidas, foi feito
o dimensionamento dos componentes do QTA.
Considerando-se que o gerador a ser utilizado, O QAS-
55, tem potência nominal em plena carga de 50kVA [9],
[10], é possível definir o valor de corrente em plena carga a
partir da Equação (3) [11].
Calculando para uma tensão de 220 V, fator de potência
de 0,8 e potência do gerador, temos:
I=50000 / x220 x0,8) = 164A. (9)
C. Seleção de componentes:
A corrente de operação define a escolha da chave de
transferência automática. A corrente a plena carga é 164 A
chave de transferência deve ter valor maior que este. Uma
chave de transferência com corrente
máxima180ampéresselecionada para o projeto, sendo
escolhido o modelo CSQ HYCQ5M-180/3F.A Chave de
transferência automática HYCQ5M é utilizada em corrente
alternada50Hz/60Hz, com tensão nominal abaixo de 690V,
para sistema de fornecimento de energia com duas fontes. A
chave pode efetuar a transferência automática entre a
concessionária e a fonte de emergência sem necessidade de
operação manual. Esta chave está de acordo com os padrões
GB/T14048. 11. Seu aspecto físico é mostrado na Figura
9[12].
Ligação trifásica
Ligação trifásica
ao gerador à concessionária
Seleção de modo
automático ou manual
Figura 9. Chave de transferência automática/manual.
O mecanismo de operação tem intertravamentos
mecânicos e elétricos confiáveis de forma a prevenir acesso
simultâneo à concessionária e fonte de emergência, Figura
10.
Quando é detectada a falha de uma fase da
concessionária, a chave fará a comutação para que a carga
seja transferida da concessionária para a fonte de
emergência, e quando a concessionária volta à normalidade,
a chave conecta a carga automaticamente à concessionária,
com a função de proteção de falha de fases. Este processo é
ilustrado na Figura10.
 Figura 11.Controlador AMF-25.

Suas principais funções são:

• Monitoração e proteção total do grupo gerador.
• Medição de tensão e corrente TRE RMS.
• Medição de kW, kVAr, kWh, kVArh e fator de
potência.
• Suporte para motor eletrônico.
• Histórico de eventos.
O conversor de corrente alternada (CA) para corrente
contínua (CC) tem a finalidade de alimentar o controlador
AMF 25 na tensão de entrada 8 a 36 volts, CC. [13].

D. Montagem do QTA:
Com todos os componentes definidos procedeu-se à
montagem do QTA,consistindo primeiramente em dispor os
trilhos em dimensões específicas, de acordo com as
dimensões dos componentes escolhidos.
Em seguida foi feita instalação de todos os componentes
na caixa elétrica sem o cabeamento, conforme a Figura12.

Figura 10. Diagrama do chaveamento realizado pela chave de

Conversor AC DC Disjuntor e relés
transferência automática [12].

Com base nas características da chave de transferência

automática e do grupo gerador foram selecionados os
componentes listados na Tabela II:

TABELA II
LISTA DE COMPONENTES DO QTA Chave de transferência

Componente Especificação Quant

Quadro para painel elétrico 500x400x200 1

Chave de transferência
HYCQ5M-180/3F 1
automático/manual
Relés de comando 16A 4 Figura 12. Componentes do QTA posicionados sem cabeamento.
Disjuntor bipolar C25, comando Bipolar c25 1
Observam-se na Figura 12 os componentes internos em
Controlador Computadorizado InteliLite amf25 1
suas respectivas posições.Em seguida, foi instalado o
Conversor de tensão AC/DC 12v – 24 vdc 1 cabeamento da chave de transferência, de acordo com o
Canaleta PVC 1m diagrama do fabricante conforme a Figura15 (ver Anexo A)
[12], [13].
Botão de emergência. 1
Foi feita a ligação dos fios do disjuntor, relés, conversor
Botão de sinalização 2 e controlador, conforme diagrama dos fabricantes, Figura
Cabos para comando 2
1,5mm ; 1,0 mm 2
2m 16, (ver Anexo B) [13]. O resultado da montagem e
cabeamento da parte de controle e potência é mostrado na
O controlador utilizado é o ComApAMF-25 [13]. Este Figura13, a seguir.
permite controle e monitoramento do QTA por meio de
painel e remotamente por software, Figura 11.

Painel de Status Botões de comando

Indicadores de fonte
 resultado da operação conjunta dos relés quando a unidade é
energizada.

B. Teste de chaveamento do QTA.

O circuito de controle do QTA foi testado com um
fornecimento trifásico conectando os fios da rede
concessionária aos contatos da chave de transferência
automática. Foi observado que o indicador da
Parte de comando concessionária foi energizado imediatamente com a chave
seletora ligada e controlador no modo automático. Quando a
chave foi desligada, simulando uma falta na rede da
concessionária, os contatos de partida do gerador foram
energizados. Quando a rede da concessionária foi
Ligação ao gerador
restabelecida, ligando a chave seletora principal, o contato
Ligação à
concessionária da rede da concessionária foi imediatamente energizado.
Foi simulada uma situação de perda de fase, causando
uma falha e desenergizando o contato da concessionária com
isso os contatos de partida do gerador foram energizados.
Vários testes foram realizados para assegurar o bom
funcionamento do circuito de controle e para verificar se o
Ligação à carga
sistema montado é robusto e confiável. O QTA foi instalado
na empresa, integrado ao sistema de emergência, conforme
Figura13. Componentes do QTA com cabeamento completo.
diagrama da Figura 17 (ver Anexo B).
Observa-se na Figura 14a ligação dos componentes
C. Tempos de acionamento.
internos do QTA, do gerador, rede concessionária e carga. A
O QTA funcionou como esperado, acionando
parte de controle localiza-se acima da chave de transferência
corretamente o grupo gerador durante uma falta. Observou-
automática.
se, adicionalmente a redução do tempo de acionamento do
V. ANÁLISES E DISCUSSÕES grupo gerador se comparado com o acionamento manual
feito anteriormente, conforme a Tabela IV.
O projeto foi concluído, levando em considerações todos
os requisitos de segurança. Após a montagem do QTA os TABELA IV
seguintes testes foram realizados: TEMPO DE ACIONAMENTO DO GRUPO GERADOR
• Continuidade nos condutores e contatos. Tipo de evento / acionamento Tempo médio – intervenção
• Operação do disjuntor, relés e chave de transferência Falta / partida manual
3 min30 s.
automática. Normalização / parada manual 5 min10 s.
• Verificação de polaridade. Falta / partida automática 30 s
Normalização / partida automática 30 s.
• Verificação de fugas.

A. Aferição das tensões. O tempo médio de 3 minutos e 30 segundos para o

Com a montagem do QTA foram realizados testes de acionamento manual se deve ao fato de o funcionário de
tensão no gerador, comparando com os resultados obtidos plantão ser instruído a esperar um minuto e meio para se
pela leitura da tensão da concessionária. Os resultados foram dirigir à sala do grupo gerador e fazer a sua partida e
ordenados na Tabela III. comutação manuais. O funcionário deveria aguardar até 3
minutos para restaurar a carga à concessionária.
TABELA III O tempo observado de 30 segundos para o acionamento
LEITURA DE TENSÃO TRIFÁSICA CONCESSIONÁRIA E GERADOR
Fontes Tensão de saída (v) automático, verificado na Tabela IV se dá ao fato de este
L1L2 218 v tempo ser o configurado a pedido do cliente, durante este
Concessionária L2L3 219 v lapso de tempo suas cargas essências, a maioria
L3L1 221 v computadores, tem energia fornecida por no-breaks
L1L2 216 v comerciais. O tempo de acionamento com o QTA foi em
Gerador L2L3 216 v
L3L1 216 v
média 88% menor do que o tempo de acionamento com o
sistema manual.
Verifica-se na Tabela III que as tensões de linha da
concessionária apresentam desbalanceamento. Enquanto as D. Custos de implantação do QTA.
tensões de linha do gerador apresentam-se perfeitamente O custo total da implantação do QTA, considerando
balanceadas. Também se observa que os valores de tensões materiais e mão de obra, foi listado na Tabela V. O
da concessionária variam ente 218 e 221 volts e os do controlador e a chave de transferência automática são os
gerador apresentam valores fixo de 216 volts. equipamentos são caros de um QTA.
Os testes mostram que a tensão fornecida pelo gerador é TABELA V
ligeiramente menor que a tensão fornecida pela CUSTOS DO QUADRO DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICO
concessionária. Esta observação mostra que há uma queda Componente Quantidade Valor Unitário Valor Total R$
de tensão em relação ao valor nominal. Esta queda é Painel elétrico 1 120,00 120,00
Chave de O objetivo de minimizar a intervenção humana e dar
1 1321,74 1321,74 rapidez e precisão ao processo de acionamento do grupo
transferência
gerador foi alcançadocom o emprego do QTA. Sua função é
Relés 4 29,90 119,60
selecionar a fonte de energia disponível sem a intervenção
Disjuntor bipolar do usuário, para assegurar o fornecimento contínuo da carga.
1 60,00 60,00
C25
Constatou-se a eficiência do QTA no tocante ao tempo
Controlador 1 1290,00 1290,00 de acionamento, pois por se tratar de um dispositivo
Conversor de moderno, pode-se configurar o tempo de partida, garantindo
1 60,00 60,00
tensão AC/DC assim que a carga tenha o suprimento de energia disponível
Canaleta PVC 1 9,00 9,00 sem perda de tempo. Também a restauração da alimentação
Botões, Cabos, da concessionária, quando de volta à normalidade, ocorreu
5 16,00 80,00 em tempo reduzido.
Diversos
Material 3.070,34 O controlador do QTA possibilitou a automação e
Mão de obra 3.000,00 monitoramento remoto do fornecimento à carga crítica da
empresa. Possibilitando ao cliente emitir comandos,
acompanhar relatórios e histórico de eventos.
Custo total de instalação do QTA 6.050,34 Adicionalmente, constatou-se que o QTA pode
proporcionar economia à empresa, pois se configurado para
acionar o grupo gerador no horário de ponta, assumindo a
Os dois componentes principais do QTA, chave de carga crítica, torna-se uma solução economicamente viável.
transferência e controlador, correspondem a Com o desenvolvimento do projeto e os resultados
aproximadamente 85% do valor total do material. obtidos foi sugerido que a empresa considere a aquisição de
Verifica-se que, no caso estudado, o custo com materiais um grupo gerador para suprir toda a sua carga no horário de
é praticamente igual ao custo da mão de obra. ponta, o que resultará em maior economia a médio e longo
prazo.
E. Análise Econômica Com a crescente demanda de energia em todos os setores
A análise econômica é uma ferramenta que auxilia na produtivos o QTA torna-se um equipamento fundamental,
escolha do melhoramento a ser feito. O custo do kWh do principalmente em aplicações em que estejam envolvidos
gerador pode ser calculado com base em (11) [11]. bens e vidas humanas e que dependam do fornecimento
contínuo de energia.
Prow = (CG X PD) /P + CM (11) Como proposição para trabalhos futuros, o QTA pode
ser montado de diversas formas: com controladores
Onde:PrkWh é o preço do kWh, CG é o consumo do computadorizados, conforme abordado neste artigo, usando
gerador em litros por hora, PD é o preço do litro de diesel, P CLPs com linguagem de programação ou com
é a potência do gerador em kW e CM é o custo de temporizadores, chaves contatoras e relés. Comparações de
manutenção do grupo gerador em reais por hora. O custo de eficiência, limites de operação, custos e facilidade de
manutenção pode ser estimado considerando que o custo aquisição de materiais podem ser feitas para adequar o QTA
anual de manutenção é cerca de 1% do custo do gerador. às necessidades e possibilidades decada cliente.
Divide-se este valor pelo número de horas em um ano e
obtém o valor de CM [11].Aplicando na Equação (11) os VII. REFERÊNCIAS
dados fornecidos pelo fabricante [9], [10], encontra-se o [1] Agência Nacional de Energia Elétrica. Qualidade e Confiabilidade dos
valor do kWh gerado em reais. Serviços de Energia Elétrica (nov, 2013). Disponível em
www.aneel.gov.br.
PrkWh = (12,9x2,14) /40+ 0,06) = 0,76. (12) [2] J. C. Pereira (jun, 2013). Sistemas elétricos de suprimento de energia
para cargas de missão crítica. [Online]. (52), 1-4.Disponível:
www.osetoreletrico.com.br/web/a-revista/edicoes/341.
O custo do kWh da concessionária no horário de ponta é [3] J. C. Pereira (jun, 2013).Chaves de transferência automática. [Online].
calculado com base nos dados da Tabela I, levando em conta Disponível em www.joseclaudio.eng.br.
o grupo de consumo a que a empresa pertence.Foi verificado [4] O. Markus, Circuitos Elétricos: Corrente Contínua e Corrente
Alternada, 8ª ed. São Paulo: Érica, 2008, pp. 169-223.
que a unidade consumidora em questão está classificada no [5] H. Creder, Instalações elétricas, 15ª ed., Rio de Janeiro: LTC, 2013, pp.
grupo A4, entre 2,3 e 13,8 kV; categoria horo-sazonal verde, 58-103.
com demanda contratada de 500 kW[14], [15], [16]. O [6] A. R. Hambley, Engenharia Elétrica: Princípios e Aplicações, 4ª Ed.,
custoem reais do kWh no horário de ponta foi calculado Rio de Janeiro: LTC, 2009, pp. 113-140.
em1,94. [7] J. C. Pereira (jun, 2013). Motores e geradores. Princípios de
funcionamento, instalação, operação e manutenção. [Online].
Comparando com o custo do kWh da concessionária Disponível: www.joseclaudio.eng.br.
com o custo do kWh gerado observa-se uma economia de [8] C. A. A. Varella e G. S. Santos. Noções Básicas de Motores Diesel.
62% durante o horário de ponta.O que representa economia Apontamentos de Aula. UFRJ. 2010.
de 913,32 reais por ano. Para tanto, o controlador deve ser [9] Atlas Copco. Manual de Instruções para Geradores. QAS 24-40-55-
programado para acionar o grupo gerador, fazendo-o 70-85-105.(ago, 2013). [Online]. Disponível: www.atlascopco.com.br
[10] Atlas Copco. Catalogo_geradores_v26_tcm1072—2709719. (ago,
assumir somente a carga crítica, isolando-a do restante do
2013). [Online]. Disponível: www.atlascopco.com.br.
circuito durante o período 3 horas, de segunda a sexta, no [11] F. A. Iwand. Estudo técnico-econômico de implantação de um grupo
horário de pico. Obtendo assim melhor aproveitamento do gerador de emergência em fábrica de refrigerantes. Projeto de
grupo gerador já disponível na empresa. graduação - Engenharia Elétrica. Universidade Federal do Espírito
Santo. 2007.
VI. CONCLUSÃO [12] CSQ, chave de transferência automática HYCQ5M-100/3F (ago,
2013). Disponível em http://siqiele.en.alibaba.com/.
[13] InteliLiteNT– AMF20/25, SW version 1.5, ComAp – September 2009
115 IL-NT-AMF-Reference Guide1.5
[14] J. C. Pereira (ago, 2013). Consumo de energia no horário de ponta.
[Online]. Disponível: www.joseclaudio.eng.
[15] Agência Nacional de Energia Elétrica.Resolução homologatória nº
1.327. TEs e as Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição – TUSDs
.referentes a Centrais Elétricas do Pará S.A.(ago, 2013). 2013.
[16] Agência Nacional de Energia Elétrica.Cadernos Temáticos - Tarifas de
Fornecimentode Energia Elétrica (ago, 2013). 2005.

Deyse de Melo Mendes é graduanda em Engenharia

Elétrica: Ênfase Eletrotécnica, pelo Instituto de Estudos
Superiores da Amazônia (IESAM).Obteve a formação
técnica em eletrotécnica pela escola Salesiano do
trabalho,Belém,Pará,Brasil, em 2003. Atualmente é
funcionária no departamento de Suporte técnico – Pós
venda, na
Mauro Chagas Costa é graduandoem Engenharia
Elétrica: Ênfase Eletrotécnica, pelo Instituto de Estudos
Superiores da Amazônia (IESAM).Obteve a formação
técnica em Processamento de Dados pela Escola
TécnicaEstadual do Pará. Atualmente é servidorpúblico
estadual, atuando na área de TI eestagiário da área de
Engenharia da Universidade do Estado do Pará.

Michele Mendes de Sales Lima é graduanda em

Engenharia Elétrica: Ênfase Eletrotécnica, pelo Instituto
de Estudos Superiores da Amazônia (IESAM). Obteve
participação em projetos e autoria de trabalho de
melhoria na Divisão de Engenharia Manutenção, quando
estagiária na Eletronorte Be
 Pará, Brasil, em 2013. Atualmente é estagiária na D. de Operação e Manutenção - OTPE Eletrobrás Eletronorte.
ANEXO A

Figura 14: Diagrama simplificado do QTA.

Figura 15: Diagrama interno da chave de transferência automática [12].

ANEXO B

Figura 16. Interface do controlador AMF 25 e diagrama de

ligação [13].

Figura 17. Diagrama um sistema de emergência.

INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA – IESAM
Av. Governador José Malcher, 1148 – Nazaré
CEP: 66240 -260 – Belém PA.
Fone: (91) 4005-5400
Site: www.iesam-pa.edu.br