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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


MESTRADO EM BIOLOGIA

ALTERAÇÕES TECIDUAIS AGUDAS INDUZIDAS


EM RATOS WISTAR POR Trypanosoma cruzi

Mestrando: Kleber Mirallia de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. João Roberto da Mata

Goiânia - Goiás
2005
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MESTRADO EM BIOLOGIA

ALTERAÇÕES TECIDUAIS AGUDAS INDUZIDAS


EM RATOS WISTAR POR Trypanosoma cruzi

Mestrando: Kleber Mirallia de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. João Roberto da Mata

Goiânia - Goiás
2005
Kleber Mirallia de Oliveira

ALTERAÇÕES TECIDUAIS AGUDAS INDUZIDAS


EM RATOS WISTAR POR Trypanosoma cruzi

Dissertação apresentada ao Curso de


Mestrado em Biologia do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Goiás, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em
Biologia.

Área de Concentração: Morfologia


Orientador: Prof. Dr. João Roberto da Mata

Goiânia - Goiás
2005
DEDICATÓRIAS

À minha amada esposa Elaine Ferreira dos Santos


Mirallia,
Aos meus filhos Adam, Kaique, Yohana e Ryan.
Por serem a família que justifica todos os esforços em
direção à felicidade.

À minha mãe Felícia Maior Mirallia,


que tudo deu sem esperar nada em troca.

Aos mestres,
que numa demonstração de sabedoria, instruíram o
ignoto ajudando-o a dar mais um passo em direção
ao entendimento.
AGRADECIMENTOS

A Deus, o Pai Eterno,


cuja crença me levou adiante nos momentos
desesperadores;

Aos que me dificultaram o caminho,


verdadeiros professores que me ensinaram a
manter o caráter e moral à altura, e o desejo da
conquista vivo como uma chama ardente no
coração;

Aos que me facilitaram o caminho,


complemento misericordioso ao fraco e aflito,
que com seu exemplo me ensinam a conduta
correta necessária a quem deseja ensinar.

MUITO OBRIGADO!!!
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE GRÁFICOS

RESUMO/ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 01

2 MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 14

Animais......................................................................................................... 14
Isolado, parasita e inoculação.......................................................................14
Grupos .......................................................................................................... 15
Parasitemia.................................................................................................... 15
Eutanásia dos animais...................................................................................16
Métodos histológicos e histoquantitativos................................................... 16
Documentação fotográfica........................................................................... 17
Analise estatística......................................................................................... 17

3 RESULTADOS............................................................................................ 18

Peso corporal.................................................................................................18
Curvas parasitêmicas induzidas pelo isolado.............................................. 19
Alterações teciduais morfológicas induzidas pela infecção........................ 24

4 DISCUSSÃO................................................................................................ 32

5 CONCLUSÕES............................................................................................ 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 38

ANEXO........................................................................................................ 52
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos animais e grupos usados no experimento............................... 16

Tabela 2 - Valores médios do peso corporal em gramas de ratos Wistar inoculados aos 15
dias de idade e sacrificados aos 38 dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripomastigotas
por animal (tripo/animal). ................................................................................................... 20

Tabela 3 - Valores médios do peso corporal em gramas de ratos Wistar inoculados aos 60
dias de idade e sacrificados aos 83 dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal...... 21

Tabela 4 - Número médio de ninhos de amastigotas íntegros no coração de ratos Wistar


inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal, de T. cruzi... 33

Tabela 5 - Número médio de processos inflamatórios focais (PIF) no coração de ratos


Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, de T.
cruzi. ................................................................................................................................... 33

Tabela 6 - Número médio de infiltrados perivasculares (IPV) no coração de ratos Wistar


inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, de T. cruzi.34

Tabela 7 - Valores individuais do peso em gramas de ratos controle e inoculados aos 15


dias com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, de T. cruzi........................................................42

Tabela 8 - Valores individuais do peso em gramas de ratos controle e inoculados aos 60


dias com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, de T. cruzi........................................................43

Tabela 9 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos inoculados aos
15 dias de idade com 10.000 tripo/animal, de T. cruzi........................................................44

Tabela 10 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos inoculados


aos 15 dias de idade com 100.000 tripo/animal, de T. cruzi................................................45

Tabela 11 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos inoculados


aos 60 dias de idade com 10.000 tripo/animal, de T. cruzi..................................................46

Tabela 12 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos inoculados


aos 60 dias de idade com 100.000 tripo/animal, de T. cruzi................................................47

Tabela 13 – Demonstrativo (valores individuais, média e desvio padrão) do número de


ninhos íntegros ratos inoculados com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, aos 15 e 60 dias...48

Tabela 14 – Demonstrativo (valores individuais, média e desvio padrão) do número de


infiltrados perivasculares em ratos inoculados com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, aos 15
e 60 dias................................................................................................................................49

Tabela 15 – Demonstrativo (valores individuais, média e desvio padrão) do número de


processos inflamatórios focais, em ratos inoculados com 10.000 ou 100.000 tripo/animal,
aos 15 e 60 dias....................................................................................................................50
LISTA DE FIGURAS

Fig. 1- Barbeiro – agente transmissor da Doença de Chagas........................................................... 01

Fig. 2 – Mapa das Américas Central e do Sul. Áreas endêmicas da doença de chagas................... 02

Fig. 3 – Ciclo de vida do Tripanosoma cruzi................................................................................... 04


Fig. 4 – Esquema de secções no encéfalo de rato............................................................................ 18

Fig. 5 – Fotomicrografia de parede ventricular do coração de rato (Wistar) do grupo controle, sendo
A e B aos 38 dias de idade e C aos 83 dias. Observe miocárdio (seta maior), epicárdio (seta curta) e
endocárdio (cabeça de seta) com aspecto normal. Note os núcleos das células (N), discos
intercalares (D) e Estrias transversais (E) de acordo com os padrões normais. Hematoxilina/Eosina
(HE), 400X....................................................................................................................................... 26

Fig. 6 – Fotomicrografia de coração de rato (Wistar) apresentando ninho integro (seta maior). A –
Parede atrial apresentando ninho integro associado a diversas células inflamatórias (CI). Note o
epicárdio (cabeça de seta) edemaciado e endocárdio (seta curta) com células inflamatórias
infiltradas. Animal inoculado aos 15 dias com 100.000 tripo/animal. HE, 400X. B – Detalhe da
fotomicrografia A, apresentando ninho integro (seta). HE, 1000X. C – Parede do ventrículo
esquerdo apresentando ninho integro (seta) dentro de cardiomiócito sem processo inflamatório
evidente. Rato inoculado aos 60 dias com 100.000 tripo/animal. HE, 1000X................................. 27
Fig. 7 – Fotomicrografia de coração de rato (Wistar) apresentando processo inflamatório focal (seta
menor) caracterizado por células inflamatórias sem a presença de ninho visível. A – Processo
inflamatório focal em ventrículo esquerdo de rato inoculado aos 15 dias com 100.000 tripo\animal.
HE, 400X. B – Processo inflamatório focal em ventrículo direito de rato inoculado aos 60 dias com
100.000 tripo\animal. Note o afastamento (seta maior) dos cardiomiócitos indicando um edema.
HE, 400X.......................................................................................................................................... 28
Fig. 8 – Fotomicrografia de coração de rato (Wistar), inoculado aos 15 dias com 100.000
tripo/animal, onde observa parede ventricular esquerda apresentando processo inflamatório focal.
Identificamos diversos tipos de células inflamatórias como: linfócitos (L), macrófagos (M),
fibroblasto (F), plasmócito (P) e polimorfonucleado (PM). Note o afastamento dos cardiomiócitos
(cabeça de seta) indicando edema do tecido subjacente e a desorganização do endomísio (seta). HE,
1000X............................................................................................................................................... 29

Fig. 9- Fotomicrografia do coração de rato (Wistar) inoculado aos 15 dias com 10.000 tripo/animal,
onde se observa um processo inflamatório focal (seta) sub-endocárdico, localizado junto a inserção
da válvula átrio-ventricular esquerda (V). Observe o endocárdio (E) afastado evidenciando um
edema. HE, 400X............................................................................................................................. 30

Fig. 10 - Fotomicrografia do ventrículo esquerdo de coração de rato (Wistar) inoculado aos 15 dias
com 10.000 tripo/animal, apresentando infiltrado inflamatório sub endocárdico (A) e sub
epicárdico (B). Note o afastamento do endocárdio (seta maior) e do epicárdio (seta menor). HE,
400X................................................................................................................................................. 31

Fig. 11 – Fotomicrografia do coração de rato (Wistar) apresentando infiltrado inflamatório


perivascular (seta). HE, 400X. A e B – Infiltrados perivasculares encontrados em torno de vasos
(♦) subendocárdicos no septo interventricular. Ratos inoculados aos 15 dias com 100.000
tripo/animal. C – Infiltrado perivascular ao redor de vaso secionado longitudinalmente. Rato
inoculado aos 60 dias com 100.000 tripo/animal. D – Infiltrados perivasculares em vasos do
ventrículo esquerdo de rato inoculado aos 60 dias com 10.000 tripo/animal. Note o afastamento
(cabeça de seta) dos cardiomiócitos................................................................................................. 32
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T.


cruzi aos 15 dias de idade, usando-se o inóculo de 10.000 tripo/animal.............................22

GRÁFICO 2 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T.


cruzi aos 15 dias de idade, usando-se o inóculo de 100.000 tripo/animal...........................23

GRÁFICO 3 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T.


cruzi aos 60 dias de idade, usando-se o inóculo de 10.000 tripo/animal.............................24

GRÁFICO 4 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T.


cruzi aos 60 dias de idade, usando-se o inóculo de 100.000 tripo/animal...........................25
RESUMO

O comportamento da infecção da doença de Chagas, descrita em 1909, depende em parte,


do isolado de Trypanosoma cruzi. Neste trabalho procurou-se avaliar a curva de
parasitemia e o comprometimento do coração, língua, esôfago, pulmão, estômago,
intestino delgado e grosso, rins e bexiga de ratos Wistar infectados com Trypanosoma
cruzi isolado de um paciente portador da forma cardíaca e digestiva da doença. Utilizou-se
50 ratos (dez grupos contendo cinco cada um). Dois grupos inoculados aos 15 dias e dois
inoculados aos 60 com 10.000 ou 100.000 tripomastigotas/animal, foram submetidos à
avaliação da parasitemia em dias alternados a partir do 3º dia após a inoculação. Os órgãos
citados foram processados pela técnica histológica de rotina, secionados e as lâminas
foram coradas com hematoxilina e eosina. Os animais de 60 dias, apresentaram picos de
parasitemia de 24.710 formas/ml de sangue em inócuos de 10.000 formas/animal e de
28.240 formas/ml em 100.000 formas/animal. Os animais inoculados aos 15 dias com
10.000 formas, apresentaram pico de 116.490 formas/ml, e ratos inoculados aos
15/100.000 de 229.450. O pico de parasitemia ocorreu entre 21º e o 23º dia após a
inoculação nos quatro grupos avaliados, sendo que os animais inoculados aos 15 dias de
idade apresentaram para ambos os inóculos valores parasitêmicos maiores estatisticamente
que animais inoculados aos 60 dias de idade. A análise histológica demonstrou tropismo
para o coração, com alterações teciduais tais como: processo inflamatório focal e difuso,
infiltrado perivascular e ninhos do parasito íntegros e rompidos. Tais processos
apresentaram macrófagos, linfócitos, polimorfonucleados, plasmócitos e fibroblastos. Os
demais órgãos avaliados apresentaram-se com aspectos histológicos similares aos animais
controle. Houve maior comprometimento do tecido cardíaco dos animais mais jovens (15
dias) submetidos ao maior inóculo. O isolado apresentou perfil que sugere caracteriza-lo
como cepa tipo III.
ABSTRACT

The behavior of the infection of Chagas disease, descript in 1909, depends in part, on
isolation of Trypanosoma cruzi. In this work it was looked to evaluate the curve of
parasitemy and the alterations in the tissues of the heart, thong, esophagus, lung, stomach,
thin and thick intestine, encephalon, kidneys and bladder of Wistar rats infected with
isolated Trypanosoma cruzi of a carrying patient of the cardiac and digestive form of the
disease. It was used ten groups of five rats, two groups inoculated at the 15 days of born,
and two inoculated at the 60, with 10.000 or 100.000 trypomastigote/animal, had been
submitted to the evaluation of the parasitemy in days alternated from 3º day after the
inoculation. The cited tissues had been processed by the routine histological technique,
confectioned blades and stained with hematoxylin and eosin. The group inoculated at 60
days, present peaks of the parasitemy of 24,710 forms/ml of blood in inoculums of 10.000
forms/animal, and 28,240 forms/ml in 100.000 forms/animal. The animals inoculated at 15
days/10.000 forms, had presented peak of 116,490 trypomastigotes/ml, and animals
inoculated at the 15/100,000 of 229.450. The parasitemy peak occurred between 21º and
23º days after the inoculation among all evaluated groups. The animals inoculated at the
15 days of age, had presented for both inoculums, bigger parasitemic values statistically
than inoculated at the 60 days of age. The histological analysis demonstrated tropism for
the cardiac tissues, with histological alterations such as: focal and diffuse inflammatory
process, infiltrated around the vase and complete or breached nests of the parasite. Such
processes presented macrophages, lymphocyte, polymorph nuclear cells, plasmocyte and
fibroblasts. The other tissues had presented themselves with similar histology’s aspects like
the groups of animals controlled. It had greater alterations of the cardiac tissues of the
animals youngest (15 days) submitted to the greater inoculate. The isolation comportment
suggest characterizes it as strains type III.
1

1 – INTRODUÇÃO

No inicio do século XX intensificam-se as epidemias e endemias nos sertões


brasileiros. Na tentativa de se desbravar o interior do Brasil, várias expedições foram
organizadas e estradas de ferro construídas como alternativas para levar o progresso e o
socorro médico às populações isoladas. Muitos trabalhadores destas obras foram
acometidos pela malária entre outros males. Com o intuito de amenizar este problema
chega a Minas Gerais o médico recém formado Carlos Chagas, enviado por Oswaldo Cruz
(COURA, 2003) que à época era o responsável pela aplicação dos princípios de controle
epidemiológico da então capital do Brasil, Rio de Janeiro.
O médico e pesquisador CHAGAS (1909) identificou um protozoário flagelado a
partir de exames em uma paciente que apresentava anemia, trombose intracardíaca e febre.
Ao examinar o conteúdo intestinal de grandes insetos conhecidos por barbeiro (fig. 1),
comuns sugadores de sangue humano, os quais coabitavam com os trabalhadores em seus
rústicos casebres de pau-a-pique, observou a presença do protozoário flagelado muito ativo
identificando-o como pertencente á família dos tripanosomas, graças à experiência de
Carlos Chagas no estudo do Trypanosoma cruzi (T. cruzi) em macacos silvestres (DIAS,
1944). O protozoário foi identificado como uma nova espécie e denominado de T. cruzi em
homenagem a Oswaldo Cruz, mestre de Chagas (BRENER, 1989).

Fonte: www.alertamedico.med.br.

Fig. 1 – Barbeiro – agente transmissor da Doença de Chagas.


Contando apenas com os recursos da época, CHAGAS (1909, 1910 e 1911)
realizou a descrição do curso da doença, seu impacto no coração e aparelho digestório,
além de descrever o ciclo do parasito.
2

Um século mais tarde, a hoje denominada doença de Chagas acomete pessoas desde
o sul dos Estados Unidos até o sul da Argentina (fig. 2). BRENER (1962) e mais
recentemente COURA (2003), destacaram a relação da doença com o desmatamento e a
pobreza, o primeiro por retirar o inseto de seu habitat natural e eliminar seus hospedeiros
silvestres como tatus e gambás, a segunda por oportunizar aos insetos, condições propícias
como habitações inadequadas e farta alimentação, concentrada em um só ambiente: o
doméstico.

Distribuição Geográfica de Triatomineos.


(América Latina e Caribe, 2004)

Área infestada

Área onde comprovadamente houve interrupção


de transmissão vetorial.

Fonte : http://www.paho.org/english/hcp/hct/dch/chagas.htm

Fig. 2 - Mapa das Américas Central e do Sul mostrando as áreas endêmicas da doença de chagas.

Segundo a FUNASA (2002), cerca de 7% da população latino-americana é


portadora da doença, e cerca de 90 milhões de pessoas estão expostas à contaminação.
CAROD-ARTAL (2003) afirma que 16 milhões de pessoas apresentam a infestação e que
25% da população da América Latina corre o risco de contraí-la. COURA (2003) assevera
que quase metade do território brasileiro (44%) é considerada área endêmica e, além disso,
existem casos isolados de infestações familiares no norte e no sul do Brasil. A mídia
noticiou em 2005 (Anexo) a infecção de dezenas de pessoas em Santa Catarina e Amapá,
que teriam se contagiado por via oral através de alimentos contaminados.
3

Ao se alocarem nas células dos tecidos de órgãos como coração, encéfalo,


glândulas, rins e músculos esquelético e liso, os protozoários perdem o flagelo assumindo a
forma de amastigotas, forma esférica e aflagelada. Estes, por sua vez, utilizando os
nutrientes presentes no citoplasma celular, efetuam sua multiplicação por fissão binária. O
ninho toma toda a célula e acaba por destruí-la. Antes do rompimento da membrana as
amastigotas voltam a desenvolver o flagelo, retornando à forma tripomastigota, forma
flagelada e extremamente ativa. A partir desse momento pode ocorrer novamente outro ciclo
ou então o parasito pode ser sugado por um triatomídeo (barbeiro), que ingerindo a forma
tripomastigota, permite a transformação do mesmo em epimastigota, o qual no intestino do
hospedeiro invertebrado também se multiplica por divisão binária. Após multiplicação voltam
a forma tripomastigota e permanecem nas fezes do vetor invertebrado até o momento de
penetrar em células de um hospedeiro vertebrado em busca de células para uma segunda
invasão (ANDRADE & ANDRADE 1979, GARCIA & AZAMBUJA 1991, TANOWITZ et
al. 1992, BRENER et al. 2000, UMEKITA & MOTA 2000, FUNASA 2002 e BUSCAGLIA
& NOIA 2003).
DIAS (1944) e COURA (2003) reconhecem a ocorrência de três tipos de barbeiro:
silvestres, peridomiciliares e domésticos. Esta variedade se deve a intensa adaptação que o
triatomideo demonstrou ao longo de sua jornada da mata para a casa (DIAS, idem). A
tromba do barbeiro possui substancias anestésicas e o ataque não é percebido pelo
hospedeiro. O inseto defeca após a picada, colocando o parasita em contato com a pele da
vítima possibilitando a infestação.
O curso da infecção varia em função do tipo de cepa e do hospedeiro. A 1ª fase da
infecção é denominada de aguda. É caracterizada pela proliferação crescente dos parasitos
nos tecidos corporais causando lesões em órgãos específicos de acordo com o tropismo da
cepa. É notório desde Chagas que a ação dos protozoários se procede elegendo um ou mais
órgãos preferenciais, o que constitui o tropismo. A evolução da infecção pode ser
acompanhada pela curva parasitêmica descrita por BRENER (1962) que possui um início,
um pico (máximo número de formas) e um término, onde não se localiza mais formas
tripomastigota no sangue examinado. A fase aguda geralmente dura, em humanos, de 2 a 3
meses ou mais. No início desta fase ocorre linfocitopenia que parece estar relacionada com o
estado de imunossupressão característico da doença de Chagas humana e experimental
(revisões em TEIXEIRA, 1987; KIERSZENBAUM & SZTEIN, 1990; MINOPRIO, 1991;
TALERTON, 1991).
4

Fonte: therion.dna.uba.ar/ labchagas/investiga.htm


Fig. 3 – Ciclo de vida do Tripanosoma cruzi.

Na fase aguda da doença de Chagas humana, dentre outros sinais, ocorre


irritabilidade, transpiração abundante, anorexia, e às vezes vômito (LARANJA, 1956). Nessa
fase, os achados clínicos incluem dores musculares, febre contínua ou intermitente, com
exacerbação vespertina que vão declinando à medida que as defesas do hospedeiro vão
sobrepujando o parasita. Os pacientes podem apresentar taquicardia, linfadenopatia,
esplenomegalia, e edema, sendo a miocardite a principal manifestação clínica (ANDRADE &
ANDRADE 1979, CANÇADO 1980, TEIXEIRA, 1987, revisto por PRATA, 1994). Ao
microscópio eletrônico, no miocárdio de camundongo em fase aguda da infecção, descrevem-
se lesões relacionadas com os parasitas contidos no interior dos cardiomiócitos e lesões mais
graves relacionadas com o processo inflamatório. (TAFURI, 1969). SOARES & SANTOS
(1999) relatam que as lesões das células cardíacas e fibras de condução no coração, na fase
aguda, ocorrem ao romperem-se os ninhos de amastigotas seguida de secreção de fatores
auto-imunes.
Segue-se a forma latente ou indeterminada, na qual os sinais clínicos estão ausentes,
sendo a parasitemia e as alterações histopatológicas normalmente discretas ou ausentes,
porém com sorologia positiva. Sua duração é medida em décadas, não havendo cura
espontânea (revisto por ANDRADE, 1991). Em torno de 24% dos pacientes nesta forma
desenvolvem as formas crônica, cardíaca (forma cardíaca), digestiva com megaesôfago ou
megacolo (forma digestiva) ou ambas (revisto por PRATA, 1994). Na fase crônica há um
5

comprometimento de órgãos acometidos paulatinamente, sem detecção de parasitos no


sangue, contudo com positivação sorológica. Devido a grande área geográfica onde o
barbeiro é encontrado, a variabilidade de cepas é bem compreensível. Do mesmo modo, o
tropismo varia suscitando parasitismos preferenciais no tecido cardíaco, encéfalo, vísceras
e músculo esquelético (TEIXEIRA, 1984).
HERRERA & URDANETA-MORALES (2001) inocularam ratos através da injeção
intra-escrotal com a cepa CO57 e observaram alterações teciduais no fígado, baço, pulmão,
órgãos urogenitais e nódulos linfáticos. ALVES et al. (1994) observou hipertrofia das
glândulas salivares em ratos albinos Wistar infectado com a cepa Y. HIGUCHI (1999)
estudando pacientes chagásicos observou miocardite, com a presença de fibrose e dilatação
dos micro-vasos cardíacos. MELO & MACHADO (2001) observaram a participação de
linfócitos e macrófagos no processo inflamatório em corações de ratos. LANE et al (2003)
localizou através da hibridização in situ no tecido cardíaco DNA do T. cruzi em ratos
inoculados com a cepa Y.
ARAÚJO-JORGE (1999) em estudo de revisão sobre o mecanismo de entrada do T.
cruzi na célula do hospedeiro relata que após a célula ter sido penetrada uma vez, há
facilitação para uma segunda entrada nas 24 horas seguintes. Este aumento da permeabilidade
parece ocorrer devido à alterações na membrana plasmática. A interação do T. cruzi com
receptores de membrana induz a fagocitose em 70% dos casos além de alterar a conformação
das junções tipo gap, do citoesqueleto, dos receptores tipo lectina e da matriz extracelular.
Tais alterações poderiam representar alterações no DNA do hospedeiro e na reorganização
das organelas.
Uma cepa de T. cruzi é uma população isolada de espécie infectado, mantida por
passagens seriadas em animais de laboratório (camundongos), a fim de tê-la disponível
para inoculações e estudos diversos (LUMSDEN, 1970; ANDRADE, 1974).
MOMEN (1999) analisando os critérios para uma taxionomia adequada das cepas,
observa que READY & MILES (1980) propõem a classificação através das isoenzimas e
morfologia externa. BRENER (1977) sugere dois tipos polares de cepas: Y e CL.
ANDRADE & ANDRADE (1979), revisto por COURA (2003), utilizando-se de critérios
mistos como: morfologia externa, virulência (capacidade de proliferação), pico de
parasitemia, amplitude da curva parasitêmica, patogenicidade (capacidade de causar lesão)
e curso da infecção propõe classificação nos três tipos seguintes:
TIPO I – cepas com alta parasitemia e pico parasitêmico precoce, em torno de 10
dias. Ocorre mortalidade elevada devido à alta virulência, tropismo pelo tecido intersticial
com formas delgadas na fase aguda e tecido muscular com formas largas na fase crônica.
6

São exemplos as cepas Y, Tulauhen e Peruana (PIZZI & PRAGER, 1952). A alta
virulência e patogenicidade leva a morte dos animais ainda na fase aguda.
TIPO II – predominância de formas largas e lesões miocárdicas em todo curso da
infecção. Virulência relativamente lenta com picos irregulares entre 12 e 20 dias e
patogenicidade variável. Ocorrem infiltrados focais nos plexos mioentéricos de modo
irregular com a presença de parasitos. São exemplos as cepas encontradas na área
endêmica do recôncavo baiano como Berenice e outros (LANA, 1986).
TIPO III – Virulência baixa com pico entre 20 e 30 dias, baixa patogenicidade com
mortalidade nula até os 50 dias. Miotropismo predominante em quase todo o curso da
infecção. Como exemplo, a cepa colombiana. Os plexos nervosos bem como a musculatura
lisa raramente apresentam lesões.
Sejam quais forem os sinais da infecção, o diagnóstico preciso deve ser feito para
que haja exatidão no tratamento, pois pacientes já vieram a óbito devido a diagnóstico
equivocado (PRATA, 1975; BRENNER & ANDRADE, 1979). ALQUÉZAR (1995) e
COURAS (2003) relatam que o primeiro método de diagnostico da tripanosomíase
brasileira foi o xenodiagnóstico. Consistia em picar um hospedeiro suspeito com barbeiros
não contaminados e verificar se havia o desenvolvimento de formas do T. cruzi em cobaias
picadas pelos mesmos. Este método foi abandonado por exigir um longo tempo até o
resultado.
Se o paciente estiver na fase aguda, o método de exame do sangue em microscópio
de luz pode ser eficiente (BRENER, 1962). Com o fim da fase aguda, as formas
desaparecem do sangue impossibilitando sua localização, contudo os anticorpos
permanecem graças ao processo inflamatório indutor de sua formação. A reação de
hemaglutinação (HA), imunofluorescência indireta (IFI) e ELISA (revisto por PORTELA
& SHIKANAI, 2003), constituem as mais usadas em ordem crescente de sensibilidade. A
reação em cadeia de polimerase (PCR) tem sido usada para elucidação de casos que
necessitam maior sensibilidade.
A fase crônica não exibe cura espontânea, podendo evoluir para uma nova
agudização , causando lesões progressivas e cumulativas que levam a falência de órgãos
vitais como o coração ou vísceras onde predominam músculos lisos, como os intestinos e
esôfago, induzindo a formação de megacolo ou megaesôfago chagásico (DIAS, 1944;
TEIXEIRA, 1980; PRATA, 1994).
O comprometimento do SNC pelo T. cruzi foi verificado logo após os primeiros
relatos de CHAGAS (1909, 1911) e constitui importante fator de caracterização do tipo de
cepa. Analisaremos o curso da infecção do sistema nervoso de acordo com o modelo
7

biológico usado, na seguinte ordem: gatos, cães, camundongos, ratos e por fim as infecções
chagásicas humanas.

1 - Gatos
VIANNA (1911) relatou a presença de focos múltiplos disseminados no córtex,
núcleos centrais, ponte e bulbo, na infecção aguda em gatos.

2 - Cães
TORRES & VILLAÇA (1919) induziram a primeira infecção experimental em cães
sem informar a cepa ou inóculo, demonstrando um quadro de “encefalomielite benigna com
hipertrofia glial e amastigotas dentro e fora das células nos focos inflamatórios ou distantes
destes, com maior freqüência na substância branca”. Cães inoculados com T. cruzi
desenvolveram um quadro de encefalomielite com a presença de parasitas no sistema nervoso
central, lesões degenerativas com reação glial e alterações vasculares (VILLELA e TORRES,
1926; CAMPOS, 1927; KRAMER, 1972). GOBLE (1950) na infecção canina experimental
com as cepas A, B (100.000 tripomastigotas) e W (500.000 tripomastigotas), relatou que os
animais que apresentaram sinais clínicos de comprometimento do SNC desenvolveram
encefalite multifocal com parasitismo. Nos animais sem manifestações neurológicas
observaram amastigotas no cérebro sem reação glial. ALENCAR & ELEJALDE (1959),
também em infecção canina sem citar a cepa e inoculo, observaram no SNC focos de
leptomeningite, infiltrados perivasculares, e acúmulos de células com características
“granulomatosas”.
QUEIROZ (1975) em estudo histopatológico dos encéfalos e medulas espinhais de
cães na fase aguda da infecção experimental pela cepa 12SF (cepa São Felipe) sem informar o
inoculo, encontrou nódulos gliais, parasitismo discreto e difuso com nítida predileção para a
substância branca tanto no encéfalo quanto na medula espinhal. O autor não encontrou lesões
neuronais que justificassem a paralisia progressiva dos membros posteriores que ocorre na
segunda semana após a inoculação. PITTELLA et al. (1990) estudaram oito cães infectados
com 1.000 tripomastigotas por grama de peso corporal da cepa colombiana. Relataram a
morte de três animais na fase aguda os quais apresentaram encefalite multifocal. Um destes
animais apresentou lesões recentes com parasitas, e os outros dois, lesões esparsas sem
parasita, sugestivo de um processo em resolução. Os outros cinco cães foram sacrificados na
fase crônica e não apresentaram alterações encefálicas. PITTELLA et al. (1995) compararam
o encéfalo de cães inoculados com 2.000 tripomastigotas/kg das cepas Berenice (Be-62 e Be-
8

78) do T. cruzi e sacrificados na fase aguda verificando maior parasitismo e processo


inflamatório mais intenso nos animais inoculados com a cepa Be-78. MACHADO et al
(2001) em cães inoculados com as cepas 147 e SC-1 não observaram alterações nos plexos
submucoso e mioentérico do esôfago durante a fase crônica.

3 - Camundongos
ALENCAR & ELEJALDE (1960) estudaram o comprometimento do SNC de
camundongo albino, infectado com a cepa Y sem citar o inóculo, durante a fase aguda da
infecção experimental pelo T. cruzi, demonstrando a presença de granulomas pequenos
situados principalmente nas proximidades dos vasos sangüíneos. JARDIM (1967) citou a
diminuição acentuada das células de Purkinje na fase aguda da doença de Chagas em
camundongos infectados com a cepa Y, sem contudo informar o inóculo.
SANÁBRIA (1968 e 1969) estudou o cérebro de camundongos, sob inóculo
intracerebral, através de microscopia eletrônica de transmissão, sem informar a idade dos
animais, a cepa e precisamente o inóculo. Este autor observou 100% de infecção nos animais
inoculados com parasitismo em macrófagos, astrócitos e algumas vezes em axônios.
AMARAL et al. (1975) estudaram o encéfalo de camundongos inoculados com 1.000.000 a
1.500.000 tripomastigotas das cepas, Y, MR, FL, Berenice e PNM, em cortes semi-seriados
na fase aguda da infecção. Os animais infectados com as cepas FL, MR, Berenice e Y
mostraram parasitismo encefálico baixo e parasitismo geral elevado e aqueles infectados com
a cepa PNM apresentaram intenso parasitismo encefálico e parasitismo de outros órgão
menos freqüentes. Com estes resultados os autores aventaram a hipótese de um possível
tropismo da cepa PNM para o SNC. Recentemente, SILVA (1996) em estudo de
caracterização fenotípica das células presentes no infiltrado inflamatório no parênquima do
SNC de camundongo C3H/He infectado com 100 tripomastigotas da cepa Colombiana,
durante a fase aguda, demonstrou a presença de células CD4+, Mac-1+ e CD8+, com
predomínio das últimas.

4 - Ratos
O envolvimento da medula espinhal com destruição neuronal foi observado em ratos
chagásicos na fase crônica (SCHWARTZBURD & KOBERLE, 1959) e na fase aguda
(VICHI,1964). VICHI (1961) estudando a medula espinhal de rato Wistar, sem informar a
cepa e precisamente o inóculo ou a idade dos animais, verificou que o parasitismo do T. cruzi
é maior no nível lombar do que nos níveis torácico e cervical e também maior na substância
cinzenta do que na substância branca.
9

MENEZES (1964), estudando a fase aguda da infecção chagásica experimental em


ratos infectados aos 21 dias de idade com 200.000 tripomastigotas sem definir a cepa,
observou em alguns animais paralisia nos membros posteriores que progredia para os
anteriores e histologicamente lesões granulomatosas justavasculares, “pseudocistos” íntegros
e rotos no encéfalo e medula espinhal.
MENEZES e ALCÂNTARA (1959) avaliaram o parasitismo do SNC na fase aguda
da infecção experimental em ratos inoculados aos dois dias com 300.000 tripomastigotas da
cepa Y, relatando maior parasitismo da porção média do encéfalo, provavelmente devido a
sua maior vascularização, e na medula espinhal cervical a qual foi mais parasitada que a
torácica e a lombar.
MOSQUERA e HERRERA (1965) em infecção experimental em ratos sem
informar a idade dos animais, a cepa ou o inóculo, observaram no cérebro alterações
neuronais como “cariólise, basofilia do citoplasma e perda da substância cromidial”;
encefalite focal na substância branca sem parasitas e por vezes formações granulomatosas na
substância cinzenta.
ALCÂNTARA (1959) avaliou quantitativamente o parasitismo no sistema nervoso
central de ratos albinos Wistar com dois dias de idade inoculados com a cepa Y sem informar
o inóculo, encontrando intenso parasitismo ao nível do cérebro, cerebelo e bulbo. A síntese
protéica das células de Purkinje do cerebelo foi estudada por CAMPOS (1969), durante a fase
aguda da infecção, em ratos inoculados ao nascimento ou entre 18 e 21 dias de idade com a
cepa Y, porém sem informar o inóculo. O autor observou diminuição na síntese protéica
diretamente proporcional ao parasitismo tecidual glial e sugeriu que as lesões das células
gliais parasitadas repercutiriam no metabolismo dos neurônios dependentes da glia.
Estudando o núcleo do terceiro par craniano (oculomotor) durante a fase aguda da
infecção chagásica em ratos, sem definir a idade dos animais, inoculados com a cepa Y, e sem
informar o tamanho do inóculo, JARDIM (1971a) encontrou como sintomatologia clínica
ptose palpebral, demonstrando parasitismo em 70% dos casos e redução do número de
neurônios ao nível daquele núcleo. EDGCOMB (1973) estudando ratos silvestres (Rattus
rattus) naturalmente infectados encontrou o quadro de meningoencefalite e demonstrou
granulomas cuja composição celular foi definida como astrócitos, linfócitos e micróglia.
Lesões de terminações nervosas simpáticas e parassimpáticas induzidas por T. cruzi
em ratos têm sido relatadas (MACHADO et al,1975; 1978; 1979; 1987; 1989), porém não
observadas por RIBEIRO et al (2002).
COSENZA et al. (1984) observaram, em ratos inoculados com a cepa Y do T. cruzi
(300.000 tripomastigotas inoculados aos 27 - 29 dias de idade), que o conteúdo de
10

noradrenalina do tronco encefálico e do hipotálamo não diferem significativamente daqueles


encontrados em ratos controle apesar da intensa desenervação noradrenérgica ao nível do átrio
cardíaco. Os achados indicam que as lesões neuronais na doença a de Chagas são
discriminativas com relação aos neurônios noradrenérgicos periféricos e centrais.

5 – Humanos
DeCOURSEY (1935) relatou elevado número de células inflamatórias e parasitas no
miocárdio de uma criança, porém no encéfalo, as lesões foram focais, discretas e sem
parasitas. VILLELA & VILLELA (1932) relataram a presença de parasitas na infecção do
SNC em macrófagos do revestimento meníngeo, células da glia e excepcionalmente
neurônios. Pequenos nódulos de proliferação glial, com ou sem parasitas podem ser
encontrados de modo esparso no sistema nervoso central de indivíduos na fase aguda com ou
sem manifestações neurológicas evidentes. Estes nódulos foram caracterizados por técnicas
de impregnação argêntea como constituídos por elementos da micróglia (VILLELA &
VILLELA, 1932; CARDOSO, 1960). ELEJALDE (1958), estudando as lesões cerebrais ao
nível da microscopia de luz em uma criança aos 11 meses de idade que faleceu na fase aguda
da doença de Chagas, encontrou células gliais parasitadas sem reação inflamatória e
formações granulomatosas constituídas por micróglia, tanto na substância branca quanto na
substância cinzenta, mais freqüentes nas proximidades dos vasos.

Examinando o encéfalo e a medula espinhal de 4 crianças com óbitos durante a fase


aguda da doença de Chagas, CARDOSO (1960) apontou o tronco encefálico como local de
lesões parasitárias freqüentes e as diagnosticou como encefalite aguda granulomatosa com
nódulos inflamatórios de natureza microglial. A natureza microglial foi definida através das
técnicas argênteas de Hortega. Ainda neste trabalho observou-se a presença do parasita tanto
na substância branca quanto na cinzenta, porém com nítida preferência pela última.
Estudando as células de Purkinje cerebelares em pacientes chagásicos adultos, a
maioria na fase crônica da doença, BRANDÃO & ZULIAN (1966) encontraram diminuição
na população neuronal em 52% dos casos analisados e constataram destruição celular
variando desde casos mais leves até severos.
ALENCAR (1967) verificou redução no número de células de Purkinje em pacientes
chagásicos crônicos portadores de insuficiência cardíaca congestiva falecidos com idades em
torno de 30 anos. Do ponto de vista da semiologia neurológica clínica, poucas vezes são
encontrados elementos suficientes para caracterizar síndromes neurológicas, pois a maioria
dos chagásicos crônicos apresenta exames neurológicos normais ou com leves alterações
(JARDIM, 1971b, 1977).
11

Em estudos histopatológico do hipotálamo anterior de indivíduos chagásicos


crônicos, através da hematoxilina crômica de Gomori, constatou-se desenervação, aumento da
substância Gomori-positiva e presença de corpos de Herring exuberantes e anormais em 35%
dos casos (COSTA & GALLINA, 1971).
QUEIROZ (1973) relatou o caso de um paciente de 62 anos de idade que após
apresentar sintomas neurológicos por duas semanas veio a óbito, a autópsia revelou lesão
semelhante a tumor no cérebro onde se encontrou o T. cruzi, a mesma não foi encontrada em
outros órgãos. HOFF et al. (1978) verificaram que o parasitismo do sistema nervoso central,
na fase aguda da doença de Chagas, parece ser mais freqüente do que se pensava. Assim de
11 pacientes com idades até 15 anos, foi possível isolar o T. cruzi em 8, sendo que apenas 4
apresentaram alterações liquóricas e nenhum demonstrou comprometimento neurológico
evidente. Já GUTIÉRREZ et al. (1977) estudando o líquor cefalorraquidiano de pacientes
portadores da doença de Chagas, sem informar a idade dos pacientes, não observou
características exudativas ou alterações nas proteínas liquóricas, porém 8 entre 14 pacientes
apresentaram líquor com perfil gamaglobulínico.
QUEIROZ (1978) estudou os encéfalos de cinco casos humanos, com idades entre
quatro meses e 17 anos, na fase aguda da doença de Chagas e encontrou macroscopicamente
edema e congestão encefálica. Um paciente apresentou encefalite multifocal glial com
predileção para a substância branca. Foi observado parasitismo moderado com amastigotas
isoladas ou no interior de células gliais no córtex. Dois pacientes apresentaram lesão neuronal
focal no córtex cerebral.
LIBONATTI et al. (1977) observaram em estudo de 221 pacientes chagásicos
(16,8% na fase aguda e 83,2% na fase crônica) que o quadro completo de meningoencefalite
ocorreu entre crianças de 2 a 4 anos, sendo porém de pouca freqüência. As formas
convulsivantes são mais numerosas antes dos dois anos de idade. A forma nervosa mais
amena caracteriza-se por cefaléia, astenia e sonolência. JORG et al. (1980), em três casos de
crianças na fase aguda da infecção chagásica observaram distúrbios psicomotores, ataxia,
afasia, alternância entre letargia e agitação, sintomas de cerebelite em um paciente e
transtornos de conduta nos outros dois.
SPINA-FRANÇA et al. (1988) encontraram anticorpo anti-T. cruzi no líquor de um
paciente aidético com reagudização da doença de Chagas e em outros dois pacientes
chagásicos não soro positivos, sendo um portador de epilepsia e o outro de acidente vascular
cerebral. O autor não informa a idade dos pacientes. QUEIROZ (1976), estudando 120
pacientes chagásicos crônicos, encontrou infartos cerebrais e cerebelares em 23,3% dos casos;
atrofia cerebral em 10,7% e encefalite focal, representada por acúmulos focais de células
12

gliais em 2,5% dos casos. Em pacientes humanos na fase aguda com manifestações
neurológicas graves observaram-se edema e congestão cerebral intensos, às vezes com
pontilhados hemorrágicos nas meninges e tecido nervoso. Os achados histológicos
evidenciaram meningoencefalite intensa caracterizada por focos inflamatórios meníngeos e
encefálicos sendo estes representados por nódulos gliais com a presença do parasita
(QUEIROZ, 1976). MEDRADO-FARIA et al. (1976) realizaram investigação
epidemiológica visando demonstrar associação causal entre infecção chagásica e síndrome
epiléptica, encontrando pequena prevalência da doença de Chagas no grupo epiléptico,
quando comparado ao grupo controle não epiléptico. Enfatizaram a necessidade de novos
estudos para esclarecer melhor a possível correlação. Estudando o cérebro de 31 casos de
humanos chagásicos na fase crônica com a forma cardíaca, PITTELLA (1985) encontrou em
10% dos pacientes, encefalite granulomatosa múltipla sendo que muitos granulomas estavam
na proximidade de pequenos vasos do tecido nervoso e ausência de parasitismo de neurônios.
Estudo histoquantitativo das células neuronais do núcleo dorsal do vago e do
hipoglosso em chagásicos crônicos com e sem megaesôfago demonstrou redução do número
de neurônios nos portadores de megaesôfago. Isto sugere que não se pode excluir a
participação da lesão do núcleo dorsal do vago na fisiopatologia do megaesôfago (LOPES et
al. 1969; revisto por Rey, 1991).
Na fase crônica da doença de Chagas, pouco se conhece sobre alterações no SNC,
fato que decorre provavelmente da realização de análises pontuais nesta fase da doença
(revisto por PITTELLA, 1991). Na fase aguda descrevem-se infiltração leucocitária
mononuclear das leptomeninges, congestão, hemorragia perivascular, infiltração linfocitária
perivascular, e proliferação glial.
PITTELLA et al. (1993), em estudo histopatológico e imunohistoquímico do cérebro
e coração de 50 pacientes portadores da forma cardíaca da fase crônica da doença de Chagas,
não observaram parasitas ou alterações inflamatórias no cérebro da maioria dos casos
analisados, sendo constantes as alterações inflamatórias cardíacas. Assim afirmaram que não
há bases histopatológicas que suportem a existência da forma nervosa crônica da doença de
Chagas.
PITTELLA (1993) fez excelente revisão sobre a infecção humana pelo T. cruzi
destacando que: 1) a fase inicial aguda da infecção pelo T. cruzi é normalmente assintomática
e sub-clínica; 2) somente pequena porcentagem de casos desenvolve encefalite na fase aguda
da doença de Chagas principalmente crianças; 3) as formas agudas sintomáticas
acompanhadas de encefalite chagásica são graves, com morte usualmente em todos os casos;
4) os portadores da forma aguda assintomática e da forma aguda sintomática leve não
13

apresentam infecção no sistema nervoso central ou em alguns casos encefalite discreta, com
focos esparsos e involução total das lesões; 5) a reativação da infecção no sistema nervoso
central da forma crônica da doença de Chagas é incomum e ocorre somente em pacientes
imunossuprimidos.
O estado de imunossupressão apresentado por pacientes portadores da síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS) induz intensificação do processo infeccioso
freqüentemente com comprometimento agudo do SNC (CASTILLO et al., 1990; GALLO et
al., 1992; ODDO et al., 1992; PEREZ et al., 1992; LABARCA et al., 1992; SOLARI et al.,
1993; PIMENTEL et al., 1996). KOLODNY (1939) observou que animais de até 20 dias
de idade, portanto com sistema imunológico imaturo, são mais suscetíveis à infecção
chagásica ocorrendo mortes em quase 100 % dos ratos inoculados. Este fato também foi
verificado por REVELLI et al (1987) e DA MATA (2000).
Como constatamos pela análise da literatura, a tripanosomíase americana varia o curso
de sua infecção em função das características próprias de cada isolado do T. cruzi, da idade
dos animais ou humanos infectados e ainda se caracteriza pelo parasitismo preferencial por
determinados órgãos.
Usamos neste trabalho um isolado de T. cruzi obtido de um paciente portador da
forma cardíaca e digestiva da doença de Chagas, isolado no Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Goiás (UFG), com o objetivo de:

 Avaliar as alterações teciduais no encéfalo, coração, pulmão, língua, esôfago,


estomago, intestino delgado e grosso, rim e bexiga durante a fase aguda da
infecção experimental em ratos Wistar, induzida pelo isolado de T. cruzi
mencionado.
 Avaliar a possível ocorrência de parasitismo preferencial (tropismo) dentre os
órgãos analisados.
 Contribuir para a caracterização deste isolado de T.cruzi frente à infecção
experimental em ratos Wistar.
14

2 - MATERIAL E MÉTODO

Esta pesquisa constitui-se como trabalho experimental, quantitativo, no qual


induzimos infecção experimental em ratos Wistar por meio de um isolado de T. cruzi já
mencionado. Os materiais utilizados na pesquisa e as fases metodológicas do experimento
estão descritos a seguir.

2.1 - Os animais
Foram usados 50 ratos Wistar de ambos os sexos com 15 e 60 dias de idade,
fornecidos pelo Biotério do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG. Os animais foram
separados em 8 grupos experimentais e dois grupos controle, submetidos aos tratamentos
conforme descritos no item 2.3 e mantidos no Laboratório de Neurobiologia do Departamento
de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, recebendo ração comercial
Labina/Purina e água à vontade até o momento de serem eutanasiados.

2.2 - O isolado, parasita e inoculação


Para induzir a infecção experimental dos animais inoculou-se uma população de T.
cruzi, isolada de um paciente do Hospital das Clinicas da UFG, portador da forma cardíaca e
digestiva da doença de Chagas. Os tamanhos dos inóculos utilizados foram de 10.000 e de
100.000 tripomastigotas do T. cruzi por animal (tripo/animal). A inoculação intraperitoneal
(10 µl de sangue) foi realizada após a pesagem dos animais em balança (PRECISION) com
precisão de uma (1) grama. Os animais do grupo controle receberam 10 µl de solução
fisiológica pela mesma via intraperitoneal.
15

2.3 - Os grupos experimentais e controle foram assim distribuídos:

Grupo Finalidade Idade dos Inoculado Inoculado Inoculado


animais 10.000 100.000 soro fisiológico
tripo/animal tripo/animal
1 Parasitemia 15 dias X
2 Analise 15 dias X
histológica
3 Parasitemia 15 dias X
4 Analise 15 dias X
histológica
5 Controle 15 dias X
6 Parasitemia 60 dias X
7 Analise 60 dias X
histológica
8 Parasitemia 60 dias X
9 Analise 60 dias X
histológica
10 Controle 60 dias X
Tabela 1 – Distribuição dos animais usados no experimento, com suas respectivas idade e tratamentos utilizados
nos 8 grupos contaminados e 2 controle.

2.4 - Parasitemia
A contagem de parasitas no sangue foi realizada em dias alternados a partir do
terceiro dia da inoculação, conforme método descrito por BRENER (1962). Através da secção
da extremidade da cauda dos animais, obteve-se 5µl de sangue que colocados entre lâmina
histológica de vidro e lamínula de 22 mm x 22 mm foram observados sob aumento de 400X.
Procedeu-se a contagem das formas tripomastigotas vivas em 100 campos e utilizou-se um
fator de correção (17,65) calculado para o microscópio utilizado a fim de se obter o número
total de tripomastigotas em 5µl de sangue, e a seguir a multiplicação por 200 resultou no
número estimado de formas por mililitro de sangue.

2.5 - Eutanásia dos animais


16

A eutanásia ocorreu 23 dias após a inoculação em razão da proximidade ao pico de


parasitemia (DA MATA, 2000), pretendendo-se trabalhar em época de maior densidade de
ninhos de amastigotas.
No dia da eutanásia os animais foram pesados e anestesiados com cloral hidratado
(Reagen), na dose de 325 mg/kg de peso corporal, diluído em soro fisiológico e aplicado por
via intraperitoneal. Após anestesiados foram feitas incisões no tórax expondo o coração e,
através do ventrículo esquerdo, realizada perfusão intra-cardíaca com solução de NaCl a
0,9%, contendo 0,01g de heparina (Liquemine - Roche) por 10 minutos, seguida da perfusão
de paraformaldeido à 4% em tampão fosfato 0,1M; pH 7,2 por mais 10 minutos à temperatura
ambiente e sob pressão constante.

2.6- Métodos histológicos e histoquantitativos a que foram submetidas as amostras de tecidos


coletados.
Fixadas por perfusão intracardíaca, retirou-se os seguintes órgãos: encéfalo, coração,
pulmão, língua, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, rim e bexiga. Os mesmos
foram seccionados longitudinalmente (coração, pulmão, rim e língua) ou transversalmente
(encéfalo, bexiga, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso). Estas secções foram
imersas na mesma solução fixadora de paraformaldeido tamponado por mais 12 horas, sendo
então desidratadas em etanol e incluídas em parafina (Histosec).
Os níveis das secções do encéfalo foram determinados a fim de possibilitarem
avaliações da histologia das estruturas encefálicas (fig. 4). O encéfalo com as meninges foram
retirados e secionados no plano frontal em três fragmentos transversais, como segue:
1º - fragmento do limite anterior do paraflóculo ventral até a parte média do bulbo (medulla
oblongata); 2º - fragmento, do limite do infundíbulo hipofisário até o limite anterior do
paraflóculo ventral (paraflocculus ventralis); 3º - fragmento, limitado anteriormente pelo
quiasma óptico e caudalmente pelo infundíbulo hipofisário.
Os blocos de tecidos foram montados com os dois fragmentos (metades inteiras) do
órgão posicionados lado a lado, exceto o encéfalo, o qual foi montado em 3 blocos, um para
cada fragmento. Nestes blocos foram feitas secções de 5µm de espessura e colhidas 3 lâminas
em intervalos de 70µm cada uma com os dois cortes vizinhos, iniciando-se pela face anterior
de cada fragmento. As três lâminas de cada bloco, contendo 6 cortes (exceto as do encéfalo
que continham 3 cortes), foram coradas pela técnica de hematoxilina-eosina e analisadas para
estudos histológicos e histoquantitativos diretamente no microscópio de luz.
17

Fig.4 - Esquema dos cortes usados para o estudo do encéfalo. (Da Mata, 2000).

2.7- Documentação fotográfica


Para a ilustração fotográfica utilizamos o fotomicroscópio Axioplan-2 (Zeiss) e filme
Gold plus de 100 ASA (kodak). As fotos foram escaneadas pelo scanner de mesa HP-300 e
processadas pelo programa MS Word 2000, para a colocação de legendas e formatação.

2.8- Analise estatística


Para a comparação dos resultados obtidos onde analisamos a variação do peso dos
animais, número de tripomastigotas em 1 ml de sangue, número de ninhos íntegros, número
de processos inflamatórios focais e número de infiltrados perivasculares; utilizou-se o
software Estatística, versão 6.0 para os tratamentos adequados. Procedeu-se a analise de
variância (ANOVA) e o teste não paramétrico (TUCKEY) com relevância estatística para um
nível de confiança de 95 % e p < 0,05.
18
3 – RESULTADOS

3.1 – Peso Corporal.

O grupo de animais inoculados aos 15 dias de idade, com 10.000 ou 100.000


tripo/animal, apresentou ao longo dos 23 dias de infecção, ganhos de pesos
estatisticamente semelhantes em relação aos apresentados pelos animais do grupo controle
(tabela 2). Os valores individuais, médios e respectivos desvios padrões estão exibidos no
anexo (tabela 6).

Tabela 2 – Valores do peso corporal em gramas (média+desvio padrão) de ratos Wistar inoculados aos 15
dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal, de Trypanosoma cruzi, e aos 38 dias de idade (23 dias
após a inoculação) Os pesos dos animais do grupo controle também são apresentados. Valores máximos e
mínimos entre parênteses.

Idade Grupos Inóculo Peso médio dos animais


(Tripo/animal) Dia da inoculação Dia da eutanásia
(15 dias de idade) (38 dias de idade)
Inoculado 10.000 22,9+1,34 (21,5 - 117+14,40 (101 – 132)
25)
15 dias Inoculado 100.000 29,4+3,05 (26 – 33) 106+7,84 (100 – 116)
Controle - 26,4+2,09 (23 – 28) 110,8+6,30 (104 –
120)
Os valores não apresentaram diferenças significativas (p < 0,05).

Animais inoculados aos 60 dias de idade com 10.000 ou 100.000 tripo/animal não
apresentaram diferenças significativas quanto ao ganho de peso, entre si ou em relação aos
animais controle (tabela 3). Não houve mortes durante toda a fase aguda, em nenhum dos
grupos experimentais. Os valores individuais, médios e respectivos desvios padrões estão
exibidos no anexo (tabela 8).
19
Tabela 3 – Valores do peso corporal em gramas (média+desvio padrão) de ratos Wistar inoculados aos 60
dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal, de Trypanosoma cruzi, e aos 83 dias de idade (23 dias
após a inoculação) Os pesos dos animais do grupo controle também são apresentados. Valores máximos e
mínimos entre parênteses.

Idade Grupos Inóculo Peso médio dos animais


(Tripo/animal) Dia da inoculação Dia da eutanásia
(60 dias de idade) (83 dias de idade)
Inoculado 10.000 220,6+13,61 (203 – 258+16,31 (240 –
241) 278)
60 Inoculado 100.000 200,4+17,62 (178 – 240+62,06 (218 –
dias 225) 223)
Controle - 209,8+3,11 (207 – 260,2+1,92 (258 –
215) 263)
Os valores não apresentaram diferenças significativas (p < 0,05).

3.2 - Curvas parasitêmicas induzidas pelo isolado de Trypanosoma cruzi

Os valores da parasitemia foram obtidos em todos os animais infectados aos 15 e 60


dias de idade com 10.000 e 100.000 tripo/animal, respectivamente dos grupos 1
(15/10.000), 3 (15/100.000), 6 (60/10.000) e 8 (60/100.000). Os valores médios da
parasitemia durante a fase aguda da infecção estão apresentados nos gráficos de 1 a 4. Os
valores individuais, médios e respectivos desvios padrões estão exibidos no anexo (tabelas
9, 10, 11 e 12).
A inoculação de 10.000 tripo/animal aos 15 dias de idade induziu curva
parasitêmica com início no 5º dia, pico máximo no 23º dia após a inoculação e término do
período de parasitemia patente no 39º dia. O valor da parasitemia média observada no pico
foi de 116.490 tripomastigotas por ml de sangue (Gráfico 1).
20

140000

Tripomastigotas / ml de sangue
120000

100000

80000

60000

40000

20000

0
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45

Dias após a inoculação

GRÁFICO 1 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T. cruzi aos 15 dias de
idade, usando-se o inóculo de 10.000 tripo/animal.

Já a inoculação de 100.000 tripo/animal aos 15 dias de idade (Gráfico 2) induziu


curva parasitêmica com início similar (5º dia de infecção), porém com pico levemente
precoce (21ºdia de infecção) e valor parasitêmico médio no pico, 229.450 tripo/animal,
quase duas vezes maior que aquele apresentado pelos animais inoculados com 10.000
tripo\animal. O término da parasitemia patente ocorreu no 41º dia pós-inoculação.
21

250000

Tripomastigotas / ml de sangue 200000

150000

100000

50000

0
0 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45

Dias após a inoculação

GRÁFICO 2 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T. cruzi aos 15 dias de
idade, usando-se o inóculo de 100.000 tripo/animal.

A inoculação de 10.000 tripo\animal aos 60 dias de idade induziu curva


parasitêmica com início no 13º dia de infecção, pico médio aos 23 dias de infecção com
término da parasitemia patente aos 39 dias após a inoculação (Gráfico 3).
22

30000

Tripomastigotas / ml de sangue
25000

20000

15000

10000

5000

0
0 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45

Dias após a inoculação


GRÁFICO 3 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T. cruzi aos 60 dias de
idade, usando-se o inóculo de 10.000 tripo/animal.

Já a inoculação de 100.000 tripo/animal aos 60 dias de idade determinou curva


parasitêmica com início no 7º dia de infecção, pico médio aos 21 dias de infecção com
término da parasitemia patente aos 33 dias após a inoculação (Gráfico 4).

30000
Tripomastigotas / ml de sangue

25000

20000

15000

10000

5000

0
13

17

21

25

29

33

37

41

45
0

Dias após a inoculação

GRÁFICO 4 – Curva de parasitemia (valores médios) em ratos Wistar infectados com T. cruzi aos 60 dias de
idade, usando-se o inóculo de 100.000 tripo/animal.
23

Os valores da parasitemia média observada no pico para animais com 60 dias de


idade e inoculados com 10.000 (24.710) e 100.000 (28.240) não apresentaram diferenças
estatisticamente significativas. Todavia estes valores foram estatisticamente menores
(p<0,05) que aqueles apresentados por animais inoculados com 10.000 aos 15 dias de
idade (116.490) e principalmente inoculados com 100.000 aos 15 dias de idade (229.450).
Ao tomarmos o conjunto dos oito maiores valores de cada um dos quatro grupos, a
analise estatística revelou não haver diferença entre a média dos valores parasitêmicos
máximos dos grupos inoculados com 10.000 e 100.000 tripo/animal dentro da mesma
idade. Contudo, a diferença ficou patente ao compararmos os grupos inoculados aos 15
dias com os de 60 dias com o mesmo inoculo.
24
3.3 Alterações teciduais morfológicas induzidas pela infecção experimental com T. cruzi.

O isolado do T. cruzi avaliado, com ambos os inóculos e em ambas as idades foi


capaz de induzir parasitismo cardíaco. A análise histológica, do coração de animais
controles, demonstrou os cardiomiócitos com arranjos característicos (Fig. 5).

Fig. 5 - Fotomicrografia de parede ventricular do coração de rato (Wistar) do grupo controle, sendo A e B aos
38 dias de idade e C aos 83 dias. Observe em B e C miocárdio (seta maior), epicárdio (seta menor) e
endocárdio (cabeça de seta) com aspecto normal. Note em A os núcleos das células (N) e discos intercalares
(D) de acordo com os padrões normais. Hematoxilina/Eosina (HE), 400X.

Em animais infectados ocorreu a presença de ninhos de amastigotas íntegros


distribuídos por todo o miocárdio, por vezes associados à presença de células inflamatórias
e outras vezes sem as mesmas (Fig. 6).
25

Fig. 6 – Fotomicrografia de coração de rato (Wistar) inoculado aos 15 dias com 100.000 tripo/animal (HE). A
– Parede atrial apresentando ninho associado a células inflamatórias diversas (CI). Note o epicárdio (cabeça
de seta) e endocárdio (seta menor) com células inflamatórias infiltradas (400 X). B – Detalhe da
fotomicrografia A, apresentando ninho envolto por células inflamatórias (seta) 1000 X. C – Parede do
ventrículo esquerdo apresentando ninho integro (seta) dentro de cardiomiócito sem reação inflamatória (1000
X). Rato inoculado aos 60 dias com 100.000 tripo/animal. HE.

Em diversas oportunidades foi observado edema induzindo afastamento das fibras


cardíacas em decorrência do processo inflamatório de intensidade moderada a acentuada
(Fig. 7).
26

Fig. 7 – Fotomicrografia de coração de rato (Wistar) apresentando processo inflamatório focal. A – Processo
inflamatório focal (seta) no ventrículo esquerdo de rato inoculado aos 15 dias com 100.000 tripo\animal. HE,
400X. B – Processo inflamatório focal (seta) no ventrículo direito de rato inoculado aos 60 dias com 100.000
tripo\animal. Note o afastamento dos cardiomiócitos evidenciando edema (*). HE, 400X.

As células inflamatórias puderam ser identificadas, através de suas características


morfológicas peculiares. Observou-se a presença de polimorfonucleados, linfócitos,
plasmócitos, macrófagos e fibroblastos. (Fig. 8).
27

Fig. 8 – Fotomicrografia de coração de rato (Wistar), inoculado aos 15 dias com 100.000 tripo/animal, onde
se observa parede ventricular esquerda apresentando processo inflamatório focal. Note a sugestiva de
diversos tipos de celulares tais como: linfócitos (L), macrófagos (M), fibroblasto (F), plasmócito (P) e
polimorfonucleado (PM). Observa-se o afastamento dos cardiomiócitos (*) evidenciando edema e
desagregação tecidual subjacente. HE, 1000 X.

Foram encontrados focos inflamatórios distribuídos tanto sob o endocárdio quanto


sob o epicárdio (Fig. 9 e 10).

Fig. 9 – Fotomicrografia do coração de rato (Wistar) inoculado aos 15 dias com 10.000 tripo/animal.
Observa-se processo inflamatório focal sub endocárdico (seta), na inserção da válvula átrio-ventricular
esquerda (V). HE, 400X.
28

Fig. 10 – Fotomicrografia do ventrículo esquerdo de coração de rato (Wistar) inoculado aos 15 dias com
10.000 tripo/animal, apresentando em A, infiltrado inflamatório sub endocárdico (seta) e em B, sub
epicárdico (seta). HE, 400X.

Freqüentemente identificamos a presença de infiltrados perivasculares (Fig. 11).


Constituídos por células inflamatórias em torno do vaso sanguineo.
29

Fig. 11 – Fotomicrografia do coração de rato (Wistar) inoculados aos 15 dias com 100.000 tripo/animal
apresentando infiltrado inflamatório perivascular (seta). HE, 400X. A e B – Infiltrados perivasculares
encontrados em torno de vasos (♦) sub endocárdicos no septo interventricular. C – Infiltrado perivascular ao
redor de vaso (♦) secionado longitudinalmente de rato inoculado aos 60 dias com 100.000 tripo/animal. D –
Infiltrados perivasculares em vasos (♦) do ventrículo esquerdo de rato inoculado aos 60 dias com 10.000
tripo/animal. Note o afastamento dos cardiomiócitos (cabeça de seta).

Para todas as idades e inóculos, as análises demonstraram ausência de


comprometimento da musculatura lisa ao serem avaliados o terço posterior do esôfago, o
estomago, terço inicial do intestino delgado e grosso. O músculo esquelético estriado
(língua) e a bexiga não foram parasitados nas secções analisadas.
Além destas regiões, não foram encontrados indícios de alterações teciduais no
encéfalo, pulmão e rins.
O parasitismo cardíaco induzido e aqui expresso pelo número de ninhos íntegros
encontrados, em animais inoculados aos 15 dias de idade sob o inoculo de 10.000 e
100.000 tripo/animal foi estatisticamente maior que o encontrado em ratos de 60 dias de
idade sob os mesmos inoculos (Tabela 4). Os valores individuais, médios e respectivos
desvios padrões estão exibidos no anexo (tabela 13).
Para os animais inoculados aos 60 dias de idade não há diferença estatística entre
os inoculos de 10.000 e 100.000 tripo/animal. Já animais submetidos aos mesmos inóculos,
mas aos 15 dias de idade, apresentaram maior número de ninhos nos animais inoculados
com o maior inoculo (100.000 tripo/animal).
30
Tabela 4 – Número médio (média+desvio padrão) de ninhos de amastigotas íntegros no coração de ratos
Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal, de T. cruzi. Valores
máximos e mínimos entre parênteses. Os animais do grupo controle não apresentaram ninhos.

Tamanho do inóculo (tripo/animal)


Idade dos animais 10.000 100.000
15 dias 4+1,58 (2 – 6)a 8+1,58 (6 – 10)a *
60 dias 1+0,71 (0 – 2)b 2+1,00 (1 – 3)b
Em cada coluna, os valores com letras diferentes indicam diferenças significativas. Para linhas, apenas o
valor assinalado com asterisco (*), apresenta diferença significativa (p < 0,05).

Em relação ao número de processos inflamatórios focais (PIF), observou-se maior


número em animais de menor idade (15 dias), submetidos ao maior inoculo (100.000
tripo/animal). O aumento do inoculo de 10.000 para 100.000 tripo/animal determinou
aumento de PIF apenas em ratos inoculados aos 15 dias de idade. Estes apresentaram o
tecido cardíaco intensamente comprometido por processos inflamatórios difusos e focais
(TAB. 5).

Tabela 5 – Número médio (média+desvio padrão) de processos inflamatórios focais (PIF) no coração de ratos
Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal, de T. cruzi. Valores
máximos e mínimos entre parênteses. Não foram encontradas alterações em animais do grupo controle.

Tamanho do inóculo (tripo/animal)


Idade dos animais 10.000 100.000
15 dias 13+2,24 (10 – 16) 25+3,67 (21 – 30) *
60 dias 8+2,55 (5 – 11) 10+3,74 (5 – 13)
Para cada coluna, os valores são semelhantes. Para linhas, apenas o valor assinalado com asterisco (*),
apresenta diferença significativa (p>0.05).

O número de infiltrado perivascular (IPV) foi semelhante entre os animais


inoculados com 10.000 tripo/animal, tanto aos 15 quanto aos 60 dias de idade. Já com o
inoculo de 100.000 tripo/animal, os animais mais jovens, inoculados aos 15 dias de idade,
apresentaram maior número de IPV. O aumento do inoculo de 10.000 para 100.000
tripo/animal, determinou aumento de IPV somente em animais inoculados aos 15 dias de
idade (tabela 6).
31
Tabela 6 – Número médio (média+desvio padrão) de infiltrados perivasculares (IPV) no coração de ratos
Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 e 100.000 tripo/animal, de T. cruzi. Valores
máximos e mínimos entre parênteses. Os animais do grupo controle não apresentaram alterações.

Tamanho do inóculo (tripo/animal)


Idade dos animais 10.000 100.000
15 dias 5+1,58 (2 – 7)a 15+2,12 (12 – 17)b *
60 dias 3+1,00 (2 – 4)a 4+1,41 (3 – 6)c
Em cada coluna, os valores com letras diferentes indicam diferenças significativas. Para linhas, apenas o
valor assinalado com asterisco (*), apresenta diferença significativa (p>0.05).
32
4 - DISCUSSÃO

Discutiremos nossos resultados confrontando-os com a literatura, na qual destaca-


se o volume de pesquisas realizadas no Brasil, a partir da descoberta da infecção causada pelo
T. cruzi em 1909 por Carlos Chagas. COURA et al. (2002) relataram que estão infectadas
pessoas em cerca de 3,6 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, 44,5% do território
brasileiro, incluindo 2.450 municípios nos vários estados. Somente na década de 40 é que o
problema da doença de Chagas começou a ser reconhecido no Brasil (DIAS e COURA,
1997). Por outro lado, na América Latina, existem 16 milhões de infectados (WANDERLEY
1994, CAROD-ARTRAL et al., 2003 e RASSI et al., 2000). Estes números caracterizam um
problema de saúde pública e assim esperamos, com os dados que comentaremos, contribuir
para a caracterização desta doença.
As amostras isoladas do T. cruzi que utilizamos apresentaram parasitismo de
intensidade diferente ao infectarem os órgãos estudados, confirmando os achados de
OLIVEIRA (1993) e DA MATA (2002) ao observarem comportamento semelhante em
infecção em camundongo.
Dentre os fatores que influenciam o curso da doença de Chagas em um modelo
experimental, estão os que dependem do parasita e outros inerentes ao hospedeiro.
MENEZES (1964) cita que a cepa do T. cruzi, a susceptibilidade do animal e o número de
parasitas inoculados induzem graus variados na intensidade da gravidade desta doença.
Assim, este trabalho utilizou-se da infecção experimental alterando-se o tamanho do inóculo e
a idade dos animais, o que demonstrou a ocorrência de variações nos achados
histopatológicos.
A infecção que induzimos em ratos jovens e adultos, com menor e maior inóculo,
não causou diferença relevante no ganho de peso em relação ao grupo controle. Estes achados
concordam parcialmente com MELO & MACHADO (1998) e CAMARGO (1991) que
observaram ganho de peso menor em ratos jovens, mas não em adultos. Em nosso
experimento não ocorreu o parasitismo encefálico, principalmente pela cepa utilizada não
possuir tropismo pelo tecido nervoso, ao contrário tal tropismo foi relatado por DA MATA
(2000) e DA MATA (2002) em camundongos jovens inoculados com a cepa Y e que
apresentaram ganho menor de peso em relação ao grupo de animais adultos.
Diferindo de nosso experimento no qual não houve perda de peso nos animais
inoculados com o isolado de T. cruzi utilizado, GUERRA (1996) relatou a perda de peso em
ratos adultos inoculados com a cepa Y. É importante destacar que o tamanho do inóculo
determinou inicio de parasitemia tardio em nossa amostra nos ratos de 60 dias inoculados
33
com 10.000 tripo/animal. Os demais grupos apresentaram maior uniformidade entre si,
diferindo dos resultados de OLIVEIRA (1993) que relatou inicio semelhante entre ratos
adultos e jovens. Constatamos que o pico da parasitemia foi relativamente uniforme nos
grupos experimentais, fato semelhante foi constatado por DA MATA (2002), em torno do 21º
ao 23º dia de infecção. A autora relatou não ter encontrado relação entre o tamanho do
inóculo e pico parasitêmico tardio, o que se assemelha ao nosso experimento.
Nossos achados apontam fim precoce da parasitemia, entre o 33º e 41º dia pós-
inoculação, em relação aos resultados de OLIVEIRA (1993) e DA MATA (2002), que
relatam termino entre 41º e 48º dia. Esta relação sugere uma resolução da fase aguda mais
cedo no rato em relação ao camundongo, animal estudado pelos pesquisadores citados. Este
fato sugere que as defesas orgânicas dos ratos Wistar frente ao inoculo utilizado induz uma
resposta orgânica mais eficiente independendo da idade ou tamanho do inoculo utilizado.
Indagamos se a posição filogenética do rato, superior em relação ao camundongo, não
determinou um aprimoramento filogenético capaz de fazer frente aos recursos do parasita, o
humano de que foi isolada a cepa também não apresentava alterações encefálicas à ocasião do
procedimento. Como já foi relatado, algumas cepas de T. cruzi determinam parasitismo
encefálico em humanos, porém ao se utilizar a mesma cepa com tropismo cardíaco, pode-se
determinar se capacidade imunológica de hospedeiros diferentes favorecem o ataque ao tecido
nervoso.
Consideramos ainda a maturidade do sistema imunológico, que se relaciona
diretamente com a idade, como fator que intervem no desenvolvimento de tropismos e
infecções agudas letais ou não.
Ao considerarmos os picos parasitêmicos médios que expressam o momento mais
intenso da infecção, verificou-se que ela foi mais intensa nos ratos jovens em relação aos
adultos. Estes dados concordam com os relatos de KOLODNY (1939), CULBUSTON &
KESSLER (1942), DIAS (1985), PRATA (1994) e DA MATA (2002). Todos os relatos
destes autores demonstraram a ocorrência de alterações teciduais induzidas pela virulência em
animais jovens independentemente da cepa utilizada.
Nossos experimentos revelaram também que em ratos jovens o aumento do número
de formas inoculadas em dez vezes, 10.000 tripo/animal para 100.000 tripo/animal, duplicou
o valor encontrado como pico parasitêmico. Tal resposta constitui importante aspecto no
curso da infecção chagásica como demonstraram REVELI et al. (1987), BRENER &
KRETTLI (1990) e TARLETON (1995). Quanto maior for o número de formas inoculadas,
tanto maiores serão os achados inflamatórios até o limite da capacidade de reação do
hospedeiro. Inoculos maiores podem determinar a destruição celular exacerbada e a
34
suplantação das defesas do hospedeiro, levando ao óbito, fato relatado por ANDRADE
(1974). Isto não ocorreu em nosso experimento, demonstrando que as defesas orgânicas do
rato Wistar frente à cepa utilizada e ambos os inoculos, suplantaram a infecção durante a fase
aguda da mesma.
Nesta oportunidade observamos que o aumento da parasitemia demonstrou ter
relação proporcional às alterações teciduais encontradas, concordando com KRAMER (1972)
e DA MATA (2002), porem diferindo dos achados de MENESES & ALCANTARA (1965) e
CARNEIRO (1997). A virulência de uma cepa pode se apresentar alta num determinado
modelo animal, enquanto em outro não causar alterações relevantes. Esta situação peculiar
pode explicar a variabilidade encontrada pelos diversos pesquisadores ao utilizar cepas
semelhantes em hospedeiros diferentes.
Não se encontrou alterações ou sinais de infecção encefálica em nenhum dos grupos,
mesmo com o aumento do inoculo e diminuição da idade. Este fato difere dos dados de DA
MATA (2000), ao infectar ratos com a cepa Y, e também de DA MATA (2002) que utilizou
este mesmo isolado em camundongos e constatou parasitismo encefálico. Assim pode-se
inferir que o comprometimento encefálico determinado por este isolado presente em
camundongos não ocorreu em ratos.
Desse modo, a eutanásia dos animais realizada no 23º dia pós-inoculação, em nosso
experimento identificado como o pico da infecção e segundo DA MATA (2000) constitui
momento da máxima presença de células parasitadas, revelou ausência de sinais encefálicos.
Estes resultados contrastam com os achados de COSTA et al. (1986) e DA MATA (2000),
mesmo em animais não imunodeprimidos. Do mesmo modo, SANÁBRIA (1968 e 1969)
observou intenso parasitismo encefálico em camundongos, com parasitismo em macrófagos,
astrócitos e axônios. A ausência de ninhos, infiltrados peri-vasculares, processos inflamatórios
focais e difusos concorda com os resultados encontrados por PITELLA et al. (1993) que
também não encontraram alterações encefálicas na maioria dos pacientes humanos estudados
pelos pesquisadores.
O tropismo do parasita verificado por nós, exclusivamente voltado para o tecido
cardíaco concorda com os relatos de OLIVEIRA (1993) e DA MATA (2002).
Houve uma intensa reação inflamatória no tecido cardíaco, miocardite, tanto no
miocárdio como no epicárdio e endocárdio. Além disso, é evidente a desagregação celular
causada pelo edema e reações inflamatórias generalizadas. ANDRADE et al (1994), ao
estudar cães inoculados com a cepa 12SF, encontrou intensa miocardite o que se assemelha
aos nossos achados. ANDRADE et al (1994) e MELO & MACHADO (2001), relataram a
presença de macrófagos e linfócitos nos infiltrados inflamatórios, neste experimento
35
identificamos além destas células citadas, polimorfonucleados (neutrófilos em atuação no
interstício), plasmócitos e fibroblastos. Achados semelhantes aos de OLIVEIRA et al. (1993)
nos quais os autores ainda relataram fibrose intensa do miocárdio de animais sacrificados aos
180 dias (fase latente ou indeterminada). Nossos achados revelam a presença curiosa de
fibroblastos aos 23 dias, uma vez que tais células são responsáveis pela cicatrização tissular
ao recomporem o tecido conjuntivo com colágeno.
Um episódio encontrado em nosso estudo foi o infiltrado de células inflamatórias em
torno de vasos sanguíneos, relatados como infiltrado perivascular por HIGUCHI et al. (1999).
O próprio CHAGAS (1927) indagou a ausência de sinais inflamatórios nos vasos na fase
crônica, contudo reconheceu os mesmos sintomas causados por doenças como a sífilis e a
arteriosclerose que apresentam infiltrados perivasculares que prejudicam a microcirculação.
Os cardiomiócitos parasitados são sempre acompanhados de destruição celular
adjacente. ANDRADE (1999), observou a necrose de miócitos não parasitados e atribuiu esta
morte celular ao edema e infartos microscópicos causados pelas alterações microvasculares.
Os mesmos aspectos foram encontrados em nossos experimento onde o edema e o
comprometimento micro-vascular foram evidentes. DIAS (1944) afirmou ser o edema
responsável pela dilatação do coração na fase aguda, em vez da hipertrofia do miocárdio
característica da fase crônica, esta manifestação tem origem no desarranjo vascular podendo
causar falência cardíaca se for intensa o suficiente. Tal edema acompanhado de desarranjo
celular e afastamento de fibras foram encontrados no material analisado, resultado semelhante
foi relatado por CARTON (1988) e MARIN-NETO et. al.(1999).
Uma característica marcante em nossos achados foi à prevalência de lesões mais
intensas em animais jovens que em adultos, constituindo um quadro de imunodeficiência
fisiológica frente à cepa utilizada. GUERRA (1996), DA MATA (2000) e DA MATA (2002)
relatam que animais imunossuprimidos, portanto com resposta humoral menos eficiente,
apresentaram um quadro semelhante aos achados deste trabalho.
Além de lesões no miocárdio, encontramos manifestações nos epitélios interno e
externo do coração. ANDRADE (1994) afirmou que fatores auto-imunes produzidos pela
tecido atacado, chegam até os epitélios, interagindo e causando lesões significativas. Nossos
achados indicam comprometimento do epicárdio e endocárdio através do aparecimento de
focos inflamatórios subendocárdicos e subepicárdicos em todos os grupos inoculados, com
prevalência em animais jovens. Este aspecto foi observado por OLIVEIRA (1994); MARIN-
NETO (1999) e DA MATA (2000).
Assim o processo inflamatório desencadeia distúrbios isquêmicos, e a estes
poderiam somar-se a auto-agressão por fatores imunes (COSSIO et al., 1974). Tais infiltrados
36
podem alcançar relevância clínica na insuficiência cardíaca se situados na inserção das
válvulas átrio-ventriculares, podendo evoluir numa lesão que contribua para o funcionamento
deficiente das válvulas do coração na fase crônica, presente nas infecções por cepas com
tropismo cardíaco.
De um modo geral os resultados estiveram em conformidade com dados da
literatura, apresentando infecção de curso e alterações com lesões clássicas induzidas por cepa
do tipo III, não ocorrendo mortes durante o período do experimento.
37
5 – CONCLUSÕES

Com base nos resultados apresentados podemos concluir que:

1) A infecção induzida pelo isolado de T. cruzi utilizado, não determinou alteração no


ganho de peso corporal.
2) A conjugação do maior inóculo em ratos de menor idade, determinou intensificação
da infecção.
3) Foram identificadas morfologicamente células típicas do processo inflamatório tais
como: Linfócitos, macrófagos, polimorfonucleados, plasmócitos e fibroblastos.
4) O isolado de T. cruzi usado para a infecção apresentou características que sugerem sua
classificação como cepa tipo III.
5) Ocorreu tropismo para o músculo cardíaco, sem alterações nos demais órgãos
analisados.
6) Apesar do comprometimento cardíaco ocorrer em todos os animais infectados, não
houve mortalidade durante a fase aguda da infecção.
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52

ANEXO
53

Tabela 7 – Valores de pesos em gramas (individuais, médios e desvio padrão) de ratos controle e inoculados com
10.000 ou 100.000 tripo/animal, aos 15 dias de idade (e 23 dias após a inoculação).

Grupos Idade Peso dos ratos (gramas) Média Desvio

Dias Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 padrão

15 27 23 28 26 28 26,4 2,07

Controle 38 106 120 104 111 113 110,8 6,30

15 21,5 23 23 22 25 22,9 1,34


Inoculado com
10.000 tripo/animal 38 132 129 120 101 103 117 14,40

15 33 27 32 29 26 29,4 3,05
Inoculado com
100.000 tripo/animal 38 100 113 100 101 116 106 7,84
54

Tabela 8 – Valores de pesos em gramas (individuais, médios e desvio padrão) de ratos controle e inoculados com
10.000 ou 100.000 tripo/animal, aos 60 dias de idade.

Grupos Idade Peso dos ratos (gramas) Média Desvio

Dias Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 padrão

60 215 210 208 209 207 209,8 3,11

Controle 83 260 258 263 261 259 260,2 1,92

60 222 241 217 220 203 220,6 13,61


Inoculado com
10.000 tripo/animal 83 258 278 244 270 240 258 16,31

60 178 225 196 194 209 200,4 17,62


Inoculado com
100.000 tripo/animal 83 197 349 206 222 226 240 62,06
55

Tabela 9 – Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos (número de tripomastigotas em 100
campos), inoculados com 10.000 tripo/animal, aos 15 dias de idade.

Dias Animais
examinados Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão
3 0 0 0 0 0 0 0,00
5 1 1 1 1 1 1 0,00
7 1 3 2 2 2 2 0,71
9 7 5 7 9 7 7 1,41
11 25 22 15 9 19 18 6,24
13 12 23 5 12 13 13 6,44
15 17 17 19 23 19 19 2,45
17 10 25 20 20 25 20 6,12
19 17 20 36 39 28 28 9,62
21 16 15 42 43 29 29 13,51
23 16 18 48 50 33 33 16,03
25 20 8 15 30 27 20 8,92
27 8 2 14 3 13 8 5,52
29 3 1 7 1 3 3 2,45
31 1 0 3 0 1 1 1,22
33 2 0 4 2 2 2 1,41
35 1 3 0 0 1 1 1,22
37 1 0 2 1 1 1 0,71
39 0 0 0 0 0 0 0,00
41 0 0 0 0 0 0 0,00
43 0 0 0 0 0 0 0,00
45 0 0 0 0 0 0 0,00
47 0 0 0 0 0 0 0,00
56

Tabela 10 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos (número de tripomastigotas em 100
campos), inoculados com 100.000 tripo/animal, aos 15 dias de idade.

Dias Animais
Examinados Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão
3 0 0 0 0 0 0 0,00
5 1 1 1 2 0 1 0,71
7 1 1 2 0 1 1 0,71
9 1 2 2 3 2 2 0,71
11 15 18 16 20 21 18 2,55
13 9 13 11 19 13 13 3,74
15 19 25 17 13 21 19 4,47
17 20 25 17 18 20 20 3,08
19 20 35 24 29 32 28 6,04
21 70 85 40 80 50 65 19,36
23 50 48 15 10 42 33 19,03
25 20 10 30 25 15 20 7,91
27 8 16 4 4 8 8 4,90
29 6 2 2 2 3 3 1,73
31 0 6 0 4 0 2 2,83
33 0 6 2 4 3 3 2,24
35 1 3 2 0 4 2 1,58
37 0 0 3 0 2 1 1,41
39 1 1 2 0 1 1 0,71
41 0 0 0 0 0 0 0,00
43 0 0 0 0 0 0 0,00
45 0 0 0 0 0 0 0,00
47 0 0 0 0 0 0 0,00
57

Tabela 11 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos (número de tripomastigotas em 100
campos), inoculados com 10.000 tripo/animal, aos 60 dias de idade.

Dias Animais
examinados Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão
3 0 0 0 0 0 0 0,00
5 0 0 0 0 0 0 0,00
7 0 0 0 0 0 0 0,00
9 0 0 0 0 0 0 0,00
11 0 0 0 0 0 0 0,00
13 1 0 2 1 1 1 0,71
15 0 2 2 1 0 1 1,00
17 2 1 1 2 4 2 1,22
19 1 2 3 3 6 3 1,87
21 2 3 5 7 8 5 2,55
23 4 5 9 8 9 7 2,35
25 4 2 1 1 7 3 2,55
27 1 2 2 2 3 2 0,71
29 2 1 2 4 1 2 1,22
31 2 1 1 0 1 1 0,71
33 3 1 0 0 1 1 1,22
35 2 1 0 0 2 1 1,00
37 1 1 0 0 3 1 1,22
39 0 0 0 0 0 0 0,00
41 0 0 0 0 0 0 0,00
43 0 0 0 0 0 0 0,00
45 0 0 0 0 0 0 0,00
47 0 0 0 0 0 0 0,00
58

Tabela 12 - Parasitemia (valores individuais, média e desvio padrão) de ratos (número de tripomastigotas em 100
campos), inoculados com 100.000 tripo/animal, aos 60 dias de idade.

Dias Animais
examinados Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão
3 0 0 0 0 0 0 0,00
5 0 0 0 0 0 0 0,00
7 0 0 0 0 0 0 0,00
9 1 1 0 2 1 1 0,71
11 2 3 3 5 2 3 1,22
13 0 1 1 1 2 1 0,71
15 3 7 0 2 3 3 2,55
17 0 8 8 0 9 5 4,58
19 5 7 9 2 2 5 3,08
21 6 9 10 8 7 8 1,58
23 3 4 5 5 8 5 1,87
25 2 3 3 4 3 3 0,71
27 2 4 2 4 3 3 1,00
29 1 1 2 0 1 1 0,71
31 0 0 0 0 0 0 0,00
33 0 0 0 0 0 0 0,00
35 0 0 0 0 0 0 0,00
37 0 0 0 0 0 0 0,00
39 0 0 0 0 0 0 0,00
41 0 0 0 0 0 0 0,00
43 0 0 0 0 0 0 0,00
45 0 0 0 0 0 0 0,00
47 0 0 0 0 0 0 0,00
59

Tabela 13 – Quadro demonstrativo do número de ninhos íntegros (valores individuais, média e desvio padrão),
no coração de ratos Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 ou 100.000 tripo/animal, de T.
cruzi. Os animais do grupo controle não apresentaram alterações.

Animais
Inóculo
Idade tripo/animal Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão

10.000 4 5 6 3 2 4 1,58
15 dias
100.000 6 10 9 8 7 8 1,58

10.000 2 0 1 1 1 1 0,71
60 dias
100.000 2 1 3 3 1 2 1,00
60

Tabela 14 – Quadro demonstrativo do número de infiltrado perivascular (valores individuais, média e desvio
padrão), no coração de ratos Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 ou 100.000 tripo/animal,
de T. cruzi. Os animais do grupo controle não apresentaram alterações.

Animais
Inóculo
Idade tripo/animal Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão

10.000 5 7 6 3 4 5 1,58
15 dias
100.000 12 15 17 17 14 15 2,12

10.000 3 2 4 2 4 3 1,00
60 dias
100.000 5 6 3 3 3 4 1,41
61

Tabela 15 – Quadro demonstrativo do número de processo inflamatório focal (valores individuais, média e
desvio padrão), no coração de ratos Wistar inoculados aos 15 ou 60 dias de idade, com 10.000 ou 100.000
tripo/animal, de T. cruzi. Os animais do grupo controle não apresentaram alterações.

Animais
Inóculo
Idade tripo/animal Rato 1 Rato 2 Rato 3 Rato 4 Rato 5 Média Desvio Padrão

10.000 10 16 14 12 13 13 2,24
15 dias
100.000 30 25 21 22 27 25 3,67

10.000 5 11 8 10 6 8 2,55
60 dias
100.000 13 12 5 7 13 10 3,74
62

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