Raimundo Ramos, ou, Ramos Cotôco, foi um artista multicultural (pintor,
poeta, músico) e boêmio que nasceu no final do século 19. Pela sua aparência peculiar (tinha nascido sem umas das mãos, daí o apelido "cotôco) e seu modo irreverente de se portar e trajar, causava na sociedade local, um certo constrangimento por retratar como ela realmente era, sem máscaras. Embora houvesse uma segregação social velada, por parte da sociedade da "Belle Époque", ele transitava perfeitamente entre os dois grupos, o da classe alta, onde ele era um artista de destaque, e o da classe mais baixa, que era inclusive da sua preferência, onde se entregava a boêmia e aos prazeres. Através de sua obra, ele faz uma crônica crítica aos preconceitos e divisão social encobertas pela sociedade naquela época, suas músicas eram tratadas como populacho, pois sua obra era muito irreverente em comparação, ao que era aceitável pela sociedade daquele período. A semelhança entre cotoco e falcão, vai além do girassol na lapela, o paletó frouxo e o jeito irreverente, suas letras também, em tom de deboche, retratam muito do cotidiano da cidade de Fortaleza, ambos artistas, eram multiculturais, poetas, pintores e músicos. Vemos na música "Um Bodegueiro na FIEC", que Falcão retrata a ascensão do personagem para a alta sociedade e consequentemente, a separação da classe social, onde fica no passado sua outra vida, e que agora, frequenta as altas rodas, passeando pelo Iguatemi e indo no domingo ao Beach Park, retratados aqui, como os pontos altos da burguesia atual.