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Conteúdo

Introdução

MÓDULO DE:

BIOMECÂNICA OCUPACIONAL

AUTORIA:

Dra. Fernanda Flávia Cockell

Dr. Daniel Perticarrari

Módulo de: Biomecânica Ocupacional

Autoria: Dra. Fernanda Flávia Cockell


Dr. Daniel Perticarrari

Primeira edição: 2008

CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS

Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses
nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara
estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos.
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, beneficiando e
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua
utilização e direitos autorais.
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em
pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial.

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A presentação

Neste módulo você irá estudar o organismo humano e suas principais funções
que interessam à ergonomia. Você aprenderá como as disciplinas
antropometria, biomecânica ocupacional e fisiologia contribuem para a
construção da Ergonomia.

Você conhecerá como o corpo humano reage a condições desfavoráveis. Como


trabalham os olhos, ouvidos, músculos, articulações, tendões, coluna vertebral
e outros órgãos sensoriais em situações extremas de trabalho. Aprenderá os
limites do corpo humano e como é fundamental para a ergonomia evitar a
fadiga e sobrecarga do trabalhador.

Todas as unidades são voltadas para as características do corpo relacionadas


com a capacidade de trabalho. Lembre-se que o ser humano é bem mais
complexo, entretanto, após o término deste módulo você será capaz de avaliar
como o corpo humano se comporta em cada situação específica de trabalho.

Os textos básicos e complementares são os principais materiais didáticos


utilizados no desenvolvimento do módulo. Outros recursos irão auxiliá-lo no
estudo do corpo humano no trabalho, como figuras, tabelas, organogramas e
vídeos.

Dedique-se à leitura dos textos complementares e assista aos vídeos indicados,


buscando aprofundar seus conhecimentos sobre cada assunto.

Bons estudos!

O bjetivo

Qualificar profissionais de diversas áreas para avaliar como o corpo humano se


comporta em cada situação específica de trabalho.

E menta

O corpo humano e suas principais características essenciais para a ergonomia:


o sistema músculo-esquelético, sistema nervoso, sistema circulatório, sistema
respiratório, audição, visão e demais sentidos.

O metabolismo basal, o gasto energético em diferentes tipos de trabalho, o


controle da temperatura corporal e as influências do ambiente de trabalho.

Os fundamentos da biomecânica ocupacional, sua história, formas de análise


das forças internas e externas que atuam no corpo humano, planos de análise e
sua relação com o meio ambiente.

Medidas antropométricas, dimensionamento de espaço de trabalho, zonas de


alcance e tipos de alavancas.

O mito da postura ideal, as diferentes posturas no trabalho e o trabalho em


computador.

S obre o Autor

Dra. Fernanda Flávia Cockell

Doutora em Engenharia de Produção (Saúde e Trabalho) pela Universidade


Federal de São Carlos (UFSCar) – SP, 2008;

Mestre em Engenharia de Produção (Ergonomia) pela Universidade Federal de


São Carlos (UFSCar) – SP, 2004;

Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas


Gerais, 2001.

Desenvolveu pesquisas na área de ergonomia junto à UFMG, FUNEP e


UFSCar. Atualmente, participa de projeto de pesquisas na UFSCar e UNICAMP,
nas áreas de Sociologia do Trabalho e Saúde do Trabalhador. Tem experiência
em treinamentos, comitês de ergonomia e projetos de intervenção ergonômica
nas empresas: UNILEVER, Telemig Celular, Multibrás (Brastemp), SOICOM,
CRB, Johnson & Johnson, PMMG, Companhia Mineira de Metais, entre outras.

Dr. Daniel Perticarrari

Pós-Doutorado pela UNICAMP – Faculdade de Educação;

Doutor em Sociologia Industrial e do Trabalho pela Universidade Federal de


São Carlos (UFSCar) – SP, 2007;

Mestre em Política Científica e Tecnológica pela UNICAMP, 2003;

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos, 1999.

Desenvolveu e desenvolve projetos de pesquisa científica junto à UFSCar,


UNICAMP, e Cardiff University – Inglaterra.

S UMÁRIO

UNIDADE 1

O corpo Humano

UNIDADE 2

Sistema Músculo-esquelético

UNIDADE 3

Sistema nervoso

UNIDADE 4

Sistema circulatório

UNIDADE 5

Sistema Respiratório

UNIDADE 6

Metabolismo

UNIDADE 7

Temperatura Corporal

UNIDADE 8

Biomecânica Ocupacional

UNIDADE 9

Planos e Eixos Corporais


UNIDADE 10

Movimentos corporais

UNIDADE 11

A Postura no trabalho

UNIDADE 12

Modelo de ser humano

UNIDADE 13

O mito da postura correta

UNIDADE 14

Antropometria

UNIDADE 15

Variabilidade das medidas

UNIDADE 16

Trabalho Muscular

UNIDADE 17

Fadiga Muscular

UNIDADE 18

Coluna Vertebral

UNIDADE 19

Membros superiores

UNIDADE 20

Punhos, mãos e dedos


UNIDADE 21

Pega manual

UNIDADE 22

Manuseio de carga

UNIDADE 23

Trabalho pesado

UNIDADE 24

Trabalho em altas temperaturas

UNIDADE 25

Postura em pé

UNIDADE 26

Postura sentada

UNIDADE 27

Trabalho no computador

UNIDADE 28

Visão

UNIDADE 29

Audição e trabalho

UNIDADE 30

Vibração

GLOSSÁRIO

BIBLIOGRAFIA
Conteúdo

1- O Corpo Humano

U NIDADE 1
O corpo Humano

Objetivo: Conhecer o corpo humano e suas principais características essenciais para a


ergonomia.

Corpo Humano

O corpo humano é a estrutura total e material do organismo humano.

O corpo humano é formado por um conjunto de sistemas e órgãos que são


inter-relacionados, ou seja, dependem uns dos outros, responsáveis por mantê-
lo em funcionamento durante toda vida humana.

Cada sistema e cada órgão são responsáveis por determinadas atividades e


funções. Existem várias ciências que estudam o corpo humano, entre elas:

A Anatomia humana é a ciência da estrutura do corpo. Origina das palavras


gregas ana = em partes e tome = cortes.

A Fisiologia é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas,


físicas e bioquímicas do corpo humano.

A Cinesiologia é a ciência que tem como enfoque a análise dos movimentos do


corpo humano. Origina das palavras as kínesis = movimento e logos = tratado,
estudo

A Biomecânica é ciência que estudo a mecânica do corpo humano. Faz parte


da Biofísica.
Tecidos corporais

Tecido é um conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si,


separadas ou não por líquidos e substâncias intercelulares, que realizam
determinada função num organismo multicelular.

O primeiro tecido que você irá aprender é o Tecido Ósseo (formado por células
ósseas).

Esqueleto

De acordo com o livro de Anatomia do Gardner (1998), o nosso esqueleto é


formado por ossos e cartilagem.

A cartilagem é um tecido elástico e flexível, branco ou acinzentado, aderente às


superfícies articulares dos ossos. – É liso e resistente, atuando como protetor
das estruturas ósseas, amortecedor de choques e redutor do atrito.

Os ossos do corpo humano variam de formato e tamanho, sendo o maior deles


o fêmur, que fica na coxa, e o menor o estribo que fica dentro do ouvido médio.

O esqueleto tem como função:

 Sustentar e dar forma ao corpo;


 Proteger determinados órgãos vitais, como, por exemplo, o cérebro, que
é protegido pelo crânio, e também os pulmões e o coração, que são
protegidos pelas costelas e pelo esterno;

 Arcabouço de alavancas – os ossos formam alavancas que acionadas


pelos músculos permitem o movimento do corpo humano;

 Fabricar algumas células sanguíneas através da medula óssea;

 Acumular íons de cálcio e fósforo.

O esqueleto de um indivíduo adulto é formado por 206 ossos. Observe na


Figura 1, os principais ossos do corpo humano.
Figura 1

Curiosidade: algumas pessoas possuem 207 ossos, trata-se de uma costela


extra.

Tipos de ossos

 Ossos longos: Têm o comprimento maior que a largura e a espessura.


Ex: fêmur, tíbia, rádio, ulna.
 Ossos curtos: Têm equivalência em todas as suas dimensões. Ex: ossos
do carpo e ossos do tarso.
 Ossos sezamóides: Todo o osso que se desenvolve no interior de alguns
tendões. Ex: patela.

 Ossos laminares ou planos: Têm o comprimento e a largura maior que a


espessura. Ex: escápula, ilíaco, costelas, etc.

 Ossos irregulares: Não têm equivalência em nenhuma de suas


dimensões. Ex: vértebras, sacro, etc.

 Ossos pneumáticos: Todo o osso que tem ar em seu interior. Ex: crânio,
frontal, esfenóide, maxilar, etc.

Com o envelhecimento, pode ocorrer a osteoporose. A Osteoporose


caracteriza-se quando a quantidade de massa óssea diminui substancialmente
e desenvolve ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a
fraturas. Faz parte do processo normal de envelhecimento e é mais comum em
mulheres que em homens.

Junturas e Articulações

Popularmente, juntura significa lugar no qual duas coisas se mantêm juntas. A


juntura é a conexão existente entre quaisquer partes rígidas componentes do
esqueleto.

Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente
unidos entre si. Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são
móveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos.

As articulações permitem:

 Distribuição das cargas da articulação por uma área maior;


 O movimento dos ossos com o mínimo de fricção e desgaste

As extremidades de algumas articulações são recobertas por cartilagem. Outras


articulações também possuem um revestimento (membrana sinovial) que as
envolve, formando uma cápsula articular.

As junturas podem ser classificadas de acordo com sua estrutura em:

 Juntura fibrosa - os ossos são unidos por tecido conjuntivo fibroso.


Possuem pequenos ou movimentos nulos. Exemplos: suturas do crânio,
o dente no alvéolo;
 Juntura Cartilaginosa - os ossos são unidos pela cartilagem. Exemplos:
corpos das vértebras;

 Juntura Sinovial - possui um espaço entre os ossos (bolsa sinovial) e um


líquido chamado de sinóvia ou bolsa sinovial, capaz de minimizar o atrito.
Permite maior ou menor liberdade de movimento.

As articulações sinoviais podem ser classificadas de acordo com o eixo de


movimento:

 Uniaxial - articulação se move num eixo só: 1 eixo com 2 movimentos:


o Gínglimo ou articulação em dobradiça (permite extensão e flexão):
falanges, cotovelo.

o Gínglimo ou dobradiça atípica (pequena rotação): joelho

o Trocóide ou pivô (permite movimento de rotação, onde um osso


desliza sobre outro fixo): articulações rádio-ulnar e atlanto-axial.

o Plana ou artródia (deslizamento para frente e para trás):


articulações dos ossos carpais e tarsais, articulação da
mandíbula.

 Biaxial - articulação se move em dois eixos: 2 eixos com 4 movimentos:

o Condilar ou elipsóide (extremidade côncava em contato com outra


convexa, limitando o movimento): articulações atlanto-occiptal e
entre o punho e o carpo.

o Selar (relacionamento de extremidades de igual curvatura,


permitindo a circundação): articulação carpo-metacarpal do
polegar.

 Triaxial -articulação se move em três eixos: 3 eixos com 6 movimentos.


Exemplo: articulação do quadril;

 Poliaxial - articulação se move em mais de três eixos. Exemplo:


articulação do ombro.

As articulações móveis são unidas por ligamentos, conforme você pode


observar em detalhe a articulação do joelho representada na Figura 2 (Fonte:
Revista invicto, 2007).
Figura 2

Ligamentos

O ligamento é um feixe de tecido fibroso que une entre is duas cabeças ósseas
de uma articulação. Desempenha as seguintes funções:

 Auxilia na estabilidade da articulação;


 Conecta os ossos;

 Controla e limita os movimentos - impede movimentos em planos


indesejados;

 Auxilia o suporte de cargas de tensão.


Conteúdo

2 - Sistema Músculo-esquelético

U NIDADE 2
Sistema Músculo-esquelético

Objetivo: Diferenciar as principais estruturas do sistema músculo-esquelético.

Nesta unidade você irá estudar a anatomia e fisiologia do sistema músculo-


esquelético, fundamental para a avaliação dos movimentos humanos em
situações de trabalho. Durante a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), você
precisará analisar os tipos de movimentos realizados pelos trabalhadores, tais
como flexão, extensão, rotação, abdução, adução e os limites de cada
movimento. Entretanto, é fundamental estudar, primeiramente, o sistema
músculo-esquelético e os eixos corporais.

O sistema músculo-esquelético é formado pelo esqueleto, pelos músculos,


tendões, ligamentos e outros componentes das articulações.

Este sistema é responsável pelo movimento humano.


O sistema muscular é constituído por tecidos musculares, formados por células
especializadas chamadas fibras musculares.

Fibras Musculares

As fibras musculares são especializadas em contrair e realizar movimentos, em


resposta a um estímulo nervoso, transmitido através dos nervos.

As fibras musculares podem ser do tipo:

 Lisas – fibras presentes em diversos órgãos internos (tubo digestivo,


bexiga, útero) e também na parede dos vasos sanguíneos;
 Cardíacas – fibras presentes no coração;

 Esqueléticas ou estriadas – fibras presentes nos músculos.

Os músculos esqueléticos se prendem aos ossos e por intermédio dos tendões


movimentam o corpo, sendo responsáveis pela contração e relaxamento dos
músculos, pela postura corporal e auxiliam o transporte sanguíneo por meio das
contrações dos membros, principalmente das pernas.

Os músculos esqueléticos são controlados voluntariamente. Mas, a maior parte


de suas ações ocorre automaticamente. Ou seja, você não precisa pensar para
andar, mas se quiser modificar o movimento é capaz. Podem sem comparados
ao “motor” de um carro.
Observe na Figura 3 (desenvolvida por http://curlygirl.naturlink.pt/tecidosa.htm)
a organização do músculo-esquelético desde o seu nível macroscópico ao
molecular.

Figura 3

Cada músculo é formado por células altamente especializadas alongadas e


multinucleadas, capazes de converter energia em movimento. Possuem um
aspecto estriado quando observadas no microscópio.

Uma fibra muscular é formada por muitas miofibrilas. As miofibrilas são


filamentos cilindros formados por microfilamentos de actina e miosina.

A actina e a miosina são as proteínas musculares que permitem que uma célula
muscular se contraia. Segundo a teoria do deslizamento dos filamentos, a
contração muscular ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os
de miosina.

Mecanismo Geral de Contração Muscular

De acordo com o Tratado de Fisiologia Médica (GUYTON e HALL, 1996, p.68) o


início e a execução da contração muscular ocorre sequencialmente de acordo
com as seguintes etapas:

1º Um potencial de ação (forma como os sinais nervosos são transmitidos


pelo corpo) trafega ao longo de um nervo motor até suas terminações
nervosas nas fibras musculares/

2º Em cada terminação, o nervo secreta pequena quantidade de substância


neurotransmissora, chamada acetilcolina;

3º A acetilcolina atua sobre a área localizada da membrana da fibra


muscular, abrindo canais de acetilcolina;

4º A abertura de canais de acetilcolina permite que íons sódio fluam para


dentro da membrana da fibra muscular no ponto do terminal
neural, desencadeando um potencial de ação na fibra muscular;

5º O potencial de ação que veio das fibras nervosas cursa nas fibras
musculares;
6º O potencial de ação despolariza a membrana da fibra muscular, levando
a liberação íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático;

7º Os íons cálcio provocam grandes forças atrativas entre os filamentos de


actina e miosina, osfazendo-os deslizar. Isso é o processo contrátil
(contratabilidade);

8º Após segundos, os íons cálcio retornam para o retículo sarcoplasmático,


terminando a contração.

Mesmo os movimentos mais simples são complexos!

Cada músculo está conectado aos ossos através dos tendões e protegido pelas
fáscias. Os tendões são cordões resistentes de tecido conjuntivo que inserem
cada extremidade de um músculo ao osso e a Fáscia é um tecido conjuntivo
que reveste os músculos. Ao contrair, uma parte do músculo se movimenta
enquanto a outra permanece fixa. A parte fixa é denominada de origem e a
parte móvel de inserção.

Antagonismo muscular

A movimentação de uma parte do corpo depende da ação de músculos que


atuam antagonicamente. Por exemplo, para levar uma colher à boca, a
contração do bíceps depende do relaxamento do tríceps (músculo do
“tchau”).Gardner (1998) descreve os músculos de acordo com a ação realizada
em:

 Agonista - é o músculo ou conjunto de músculos que leva diretamente ao


movimento desejado;
 Antagonista (ou oponente) - é o músculo ou conjunto muscular que se
opõe diretamente ao movimento desejado;

 Fixadores - músculos que estabilizam articulações ou parte delas;

 Sinergistas - classe especial de músculos fixadores. Atuam quando um


músculo atravessa mais de duas articulações, impedindo que a
articulação intermediária seja movimentada. Ex: o punho permanece
fixado quando movimentamos os dedos.

Lembre-se de que a ação da gravidade pode atuar como agonista, facilitando o


movimento, por exemplo, ao descer um braço, como também pode atuar como
antagonista do movimento, como, por exemplo, ao erguer o braço para
estender uma roupa no varal.

Formas de ação

 Concêntrica - Quando a tensão muscular provoca um torque maior que o


torque resistivo – músculo encurta e aproxima dos ossos nos quais está
inserido. Exemplo: Chutar uma bola;
 Excêntrica - Quando o torque de uma articulação excede aquele
produzido pela tensão em um músculo – alonga afastando a inserção da
origem. Exemplo: Abaixamento de um peso;

 Isométrica - Quando ocorre desenvolvimento de tensão sem haver


mudança no comprimento articular. Exemplo: exibição de fisiculturistas.

A força muscular

A força total de um músculo é a soma das forças exercidas por suas fibras
individuais. Desta forma, ao compararmos dois músculos do mesmo tamanho, o
mais forte será aquele que tiver o maior número de fibras musculares. A força
muscular pode ser medida por meio de Potenciômetros ou Dinamômetros.
Outros métodos para avaliar a carga numa atividade de trabalho são
conhecidos, dentre eles destacam-se o rendimento do trabalho muscular, as
bases fisiológicas da alimentação do trabalhador (COUTO, 1996), os ambientes
de trabalho, solicitações mentais e a densidade do trabalho (WISNER, 1994) e
avaliação postural.

Conforme aumenta a força do sinal nervoso mais fibras musculares são


estimuladas, sendo maior a força muscular. É denominado de princípio do
tamanho (GUYTON e HALL, 1996), que permite a gradação da força muscular
em pequenas etapas enquanto o estímulo é fraco. Por exemplo, permite
movimentos finos, importantes nas indústrias de eletroeletrônicos. Guyton e Hall
(1996) afirmam que a força máxima de um músculo é cerca de 3 a 4 kg por
centímetro quadrado de músculo.

É importante saber que a força e a velocidade da contração variam também de


acordo com o ponto de ação e o eixo do movimento. Você aprenderá na
Unidade 16, com funcionam os sistemas de alavancas do corpo humano.

Na próxima Unidade (Unidade 3) você conhecerá o sistema nervoso que


comanda a atividade dos músculos de acordo com os estímulos do meio
ambiente.

Conteúdo

3 - Sistema nervoso

U NIDADE 3
Sistema nervoso

Objetivo: Reconhecer a importância do sistema nervoso para a atividade de trabalho do


ser humano.

Nesta unidade você irá aprender as principais funções do sistema nervoso e


qual a importância desse sistema para a atividade de trabalho do ser humano.

O Sistema nervoso é formado por células nervosas ou neurônios com as


seguintes características:

 Irritabilidade – sensibilidade a estímulos;


 Condutibilidade – condição de sinais elétricos.

Observe o Sistema Nervoso ilustrado na Figura 4 (Fonte: Body instittute), ele


pode ser dividido em:

Figura 4

1. Sistema Nervoso Central (SNC) – cérebro e medula espinhal;


2. Sistema Nervoso Periférico (SNP) – nervos periféricos.

1. Sistema Nervoso Central

a. Cérebro

O Cérebro ou encéfalo fica localizado dentro da caixa craniana. Possui mais de


10 bilhões de neurônios e pesa menos de 1,5kg (homem adulto).

Divide-se em dois hemisférios cerebrais, o direito e o esquerdo. O hemisfério


esquerdo é o dominante responsável pelo pensamento lógico e competência
comunicativa (fala) e o hemisfério direito pelo pensamento simbólico (emoções)
e criatividade (capacidade artística). Lembre-se de que nos canhotos as
funções são invertidas.

Suas principais funções são, segundo Gardner (1998):

 Aprendizagem – inteligência e raciocínio;

 Fala;

 Controle de todas as atividades mentais;

 Mecanismos de associação para a função motora – algumas


áreas dos hemisférios cerebrais controlam a atividade
muscular. Suas células nervosas enviam sinais nervosos para
os músculos.

 Mecanismos de associação para a função sensitiva – recebem


impulsos enviados pelos nervos periféricos.

O cérebro é o centro de controle do movimento, da fome, do sono, da sede e da


maioria das atividades vitais necessárias à sobrevivência. Todas as emoções,
como o amor, o ódio, a inveja, o medo, a ira, a alegria e a tristeza também são
controladas pelo cérebro. É responsável ainda por receber e interpretar todos
os sinais enviados pelo organismo e pelo ambiente exterior.

b. Medula Espinhal

A medula espinhal é uma longa e cilíndrica massa de tecido nervoso. É a


continuação do cérebro. Inicia na base do crânio e vai até o final da coluna,
tendo aproximadamente uns 44 centímetros de comprimento.

A medula espinhal fica localizada dentro da coluna vertebral. A cada lado da


medula, há uma série de pares de nervos (31 pares) conhecidos como raízes
espinhais.

Por meio de uma rede de nervos, a medula espinhal recebe impulsos sensoriais
de receptores do corpo e envia para o cérebro e também recebe impulsos
enviados do cérebro para o corpo.

A medula possui dois sistemas de neurônios:

 Sistema descendente: controla funções motoras dos músculos, regula


funções como pressão e temperatura e transporta sinais originados no
cérebro até seu destino;
 Sistema ascendente: transporta sinais sensoriais das extremidades do
corpo até a medula e de lá para o cérebro

As principais funções da medula espinhal são:

 Conduzir impulsos nervosos do cérebro para o corpo e do corpo para o


cérebro;
 Produzir impulsos nervosos capazes de coordenar atos independentes
do cérebro como, por exemplo, o reflexo involuntário.

Ao longo do curso, você aprenderá como os ambientes de trabalho podem ser


nocivos à medula espinhal, podendo levar a lesões sérias e irreversíveis,
principalmente, devido ao excesso de carga manuseada, movimentos extremos
e manutenção de posturas prolongadas durante o trabalho.

Sistema Nervoso Periférico

O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é composto por gânglios e nervos


encarregados de fazer as ligações entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e o
corpo. O nervo é uma coleção de fibras nervosas visíveis a olho nu.

Os nervos podem ser divididos em:

 Nervos sensoriais ou aferentes (nervos sensitivos) – levam informações


da periferia do corpo para o Sistema Nervoso Central (caminho da ida
para SNC);
 Nervos motores ou eferentes - transmitem impulsos do SNC para os
músculos ou glândulas (caminho de volta do SNC até os músculos).

Nos nervos existem vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição das células
nervosas. Existem situações de trabalho, principalmente aquelas que exigem a
manutenção de posturas extremas ou acima do limite articular satisfatório que
impedem a correta circulação sanguínea até os nervos periféricos, além disso,
quinas vivas ou ambientes apertados podem ocasionar a compressão direta do
nervo. Em ambos os casos, podem ocorrer uma disfunção dos nervos
periféricos, conhecida como Neuropatia Periférica, caracterizada por alterações
como perda da sensibilidade, debilidade e atrofia musculares ou alteração do
funcionamento dos órgãos internos.

Impulsos Nervosos

As fibras presentes nos nervos conduzem impulsos elétricos de origem


eletroquímica das diversas regiões do corpo ao sistema nervoso central e vice-
versa. Um impulso nervoso é, portanto, a transmissão de um sinal codificado de
um estímulo (do próprio corpo ou externo) dado ao longo da membrana do
neurônio, a partir de seu ponto de aplicação. Os estímulos podem ser, por
exemplo, luz, temperatura, tato, agentes químicos, som, movimentos
articulares, alterações de postura, aceleração, dor ou qualquer outro tipo de
estímulo.

Um neurônio pode ser dividido em:

 Corpo celular
 Dendritos – Receptores de estímulos: são prolongamentos dos neurônios
especializados na recepção de estímulos nervosos, que podem ser do
meio ambiente ou de outros neurônios;

 Axônios – Condutores de impulsos: são prolongamentos dos neurônios


responsáveis pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo
celular, até outro local mais distante, como um músculo ou outro
neurônio.

Os sinais nervosos entram nos dendritos e são transmitidos pelos axônios,


sempre num mesmo sentido, passando de um neurônio para outro. A
transmissão ocorre através das Sinapses Nervosas, não existindo contato
direto.

As Sinapses Nervosas são os pontos onde o axônio de um neurônio encontra


com os dendritos de outro neurônio, permitindo que o estímulo passa por meio
de mediadores químicos, os neurotransmissores. Os neurotransmissores
permitem que as células do cérebro conversem entre si.

Itiro Lida (2005) explica que a estimulação repetida e prolongada durante vários
dias pode levar a uma alteração física da sinapse, facilitando o estímulo. O
autor aponta esta característica como um possível responsável pela memória e
aprendizagem dos movimentos, fundamental no desenvolvimento da atividade
de trabalho.

A Figura 5 representa esquematicamente uma sinapse nervosa (Fonte: bio-


sandra.blogspost.com).
Figura 5
Conteúdo

4 - Sistema Circulatório

U NIDADE 4
Sistema circulatório

Objetivo: Conhecer as principais características do sistema circulatório.

Nesta unidade você irá aprender a importância do sistema circulatório,


constituído por:

1. Coração – é uma bomba muscular responsável por bombear o sangue de


forma que circule no corpo. É dividido em quatro cavidades: átrio direito e
esquerdo e ventrículo direito e esquerdo.

A contração do coração é chamada de sístole e o seu relaxamento de


diástole.

2. Vasos sanguíneos – conduzem o sangue até os pulmões onde o dióxido de


carbono (CO2) e trocado por (O2), sendo composto por:

 Artérias: Artérias são vasos sanguíneos que carregam sangue a


partir dos ventrículos do coração para todas as partes do nosso
corpo. Caracterizam por sua pulsação. Caso sejam cortadas, o
sangue sai em esguicho, sob pressão;

 Veias: Veias carregam sangue em direção aos átrios do coração.


Não pulsam. Muitas veias possuem válvulas que, quando fechadas,
impedem o refluxo do sangue;

 Capilares: Os capilares sanguíneos ou vasos capilares são tubos de


pequeníssimo calibre, responsáveis pela distribuição e recolhimento
do sangue nas células.

3. Vasos linfáticos – São os vasos responsáveis pelo transporte da linfa (liquido


claro e incolor absorvido pelos capilares linfáticos) fazem parte do sistema
linfático. O sistema linfático é responsável pela:

 Remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais;

 Absorção dos ácidos graxos e transporte subsequente da gordura


para o sistema circulatório;

 Produção de células imunes (como linfócitos, monócitos e células


produtoras de anticorpos conhecidas como plasmócitos).

Propriedades do sistema circulatório

O sistema circulatório é responsável pela:

 Condução de elementos essenciais para todos os tecidos do corpo:


oxigênio para as células, hormônios (que são liberados pelas glândulas
endócrinas) para os tecidos, condução de dióxido de carbono para sua
eliminação nos pulmões;
 Coleta de excreções metabólicas e celulares;

 Entrega de excreções nos órgãos excretores, como os rins;

 Transporte de hormônios;

 Papel importante no sistema imunológico na defesa contra infecções;

 Termo-regulação: calor, vasodilatação periférica; frio, vasoconstrição


periférica;

 Transporte de nutrientes dos locais de absorção até as células dos


diferentes órgãos.
Tipos de circulação

1. Circulação sistêmica (ou grande circulação)

Na circulação sistêmica o sangue oxigenado é bombeado para o ventrículo


esquerdo pelas artérias até os músculos e órgãos do corpo, onde seus
nutrientes e gases são trocados nos capilares, entrando nas veias contendo
restos celulares e dióxido de carbono. O sangue pobre em oxigênio é
recolhido pelas veias e levado até o átrio direito do coração, que transfere
sangue para o ventrículo direito, onde é então bombeado para as artérias
pulmonares e finalmente aos pulmões.

2. Circulação pulmonar (ou pequena circulação)

Na circulação pulmonar as veias pulmonares trazem o sangue oxigenado


dos pulmões para o átrio esquerdo, que desemboca no ventrículo esquerdo,
completando o ciclo da circulação sanguínea.

Débito Cardíaco

O Débito Cardíaco (DC) é a quantidade de sangue bombeada pelo coração em


tempo unitário. Guyton e Hall (1996) afirmam que a circulação de um homem
adulto em repouso é da ordem de 5.000 ml/min.

Débito Cardíaco é resultado da Frequência Cardíaca (FC = número de


batimentos do coração) Volume sistólico (VS = volume ejetado no coração
humano)

DC = FC x VS

O Débito Cardíaco varia intensamente de acordo com o nível de atividade do


organismo. Guyton e Hall (1996) explicam que certos fatores podem influenciar
o DC como:

 Metabolismo do corpo (vide Unidade 5);


 A prática ou não de exercícios;

 Idade (o DC diminui com o envelhecimento);


 Sexo (nas mulheres o DC é cerca de 20% inferior aos homens);

 Tamanho corporal.

Retorno Venoso

O Retorno Venoso (RV) é a quantidade de sangue que flui das veias para o
átrio direito do coração.

O retorno do sangue para o coração é auxiliado pela ação do bombeamento de


músculos esqueléticos. Ao contrair os músculos, nós conseguimos vencer a
força da gravidade.

Quando o homem passou a andar em duas pernas, sua circulação ficou


comprometida, pois o coração fica bem distante dos pés e das pernas e o
sangue precisa retornar contra a gravidade.

Nossas pernas possuem um sistema de bombeamento envolvendo toda a


musculatura conjuntamente com as válvulas das veias (Figura 6), evitando que
o sangue volte para baixo acumulando nos pés.

Figura 6

A panturrilha (batata da perna - bomba muscular da panturrilha) e o arco plantar


(curva do pé – bomba plantar) são fundamentais para este sistema, ao contrair
auxiliam o retorno do sangue, pois estrangulam as paredes dos vasos
sanguíneos. Por isso, pessoas que fazem exercícios físicos dificilmente têm dor,
peso e cansaço nas pernas, pois sua musculatura da panturrilha é forte o
suficiente para auxiliar corretamente o retorno venoso.

A ergonomia deve sempre procurar transformar o trabalho de forma a auxiliar o


retorno venoso. Quem fica muito tempo sentado tem deficiência no Retorno
Venoso, contribuindo com o aumento de varizes (veias superficiais anormais,
dilatadas e tortuosas)

A compressão da parte posterior da coxa e do joelho pela cadeira ou parte do


mobiliário impede o correto retorno do sangue.

Imagine as veias como mangueiras de água, agora pense que essa mangueira
é comprimida em um determinado ponto. O que acontece? O fluxo final de água
é reduzido. O mesmo ocorre com o nosso corpo quando a cadeira comprime a
região posterior da coxa impedindo que o sangue retorne eficazmente.

No caso das mulheres, o uso excessivo de sapatos com saltos altos dificulta o
retorno venoso, causando problemas na circulação sangüínea, além de
provocarem também o encurtamento de toda a cadeia muscular posterior do
corpo e, consequentemente, problemas na coluna.

Pressão Arterial

A cada batimento cardíaco um novo volume de sangue enche as artérias. A


Pressão Arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície
interna das artérias. As artérias são distensíveis. Basta imaginar um balão cheio
de água. Ele é capaz de acomodar diferentes volumes.

Guyton e Hall (1996) afirmam que a combinação da distensibilidade arterial com


a resistência ao fluxo sanguíneo determinam a PA.

PA máxima ou PA Sistólica: refere-se à pressão exercida pelo coração ao


contrair na sístole para ejetar seu sangue.

PA mínima ou PA Diastólica: refere-se à menor pressão exercida sobre as


artérias, imediatamente antes de um novo batimento do coração, quando ele se
relaxa na diástole.

O valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal. Este valor significa que a
pressão arterial que oscila entre 120 e 80 mmHg, 120 no pico da sístole e 80 no
final da diástole.
Sistema circulatório e o ambiente de trabalho

Durante a atividade de trabalho, qualquer problema na circulação pode levar a


alteração da condução, distribuição e remoção das mais diversas substâncias
dos e para os tecidos do corpo.

A circulação inadequada compromete a irrigação das mais diversas partes do


corpo. É importante lembrar que ao realizar uma atividade, é necessário contrair
os músculos. Quanto maior a contração ou quanto maior tempo permanecer
contraído, maior será a pressão exercida pelos músculos nas paredes dos
vasos sanguíneos, comprometendo, consequentemente, a circulação. A
circulação é restabelecida com o relaxamento do músculo.

Posturas articulares extremas também podem levar à redução do fluxo


sanguíneo. Além disso, ferramentas de trabalho inadequadas e layout
incompatível com o tipo de atividade causam compressão na pele, músculos,
nervos e em toda a rede de capilares adjacentes.

A redução do fluxo sanguíneo para músculos e nervos durante a atividade de


trabalho compromete o desempenho do trabalhador e aumenta
significativamente as chances de lesões. Nestas situações, os músculos,
articulações ou os nervos começam a trabalhar sem o oxigênio e os nutrientes
necessários.

A redução ou limitação do fluxo sanguíneo são medidas, principalmente, em


situações laboratoriais, ou seja, de maneira experimental. Na prática, a
ergonomia irá indicar quais posições corporais ou quais ferramentas ou
mobiliários inadequados ao trabalho levam à redução do fluxo sanguíneo. Ao
longo do curso você aprenderá a reconhecer situações que diminuem
nocivamente o fluxo sanguíneo durante a atividade de trabalho.

O conhecimento do sistema circulatório também fornece dados importantes


sobre a sobrecarga fisiológica de determinadas tarefas. No caso de trabalhos
pesados ou realizados em temperaturas extremas (muito quente ou muito frio)
ocorre a alteração da FC e da PA do trabalhador devido aos esforços
necessários para realizar a atividade e para manter a temperatura corporal em
índices adequados.

A FC e a PA são, portanto, parâmetros importantes para serem analisados. No


Módulo “Aplicabilidade das principais vertentes e ferramentas ergonômicas”
você aprenderá como avaliar o esforço físico por meio das medidas de PA e FC,
em situações reais de trabalho.

Conteúdo

5 - Sistema Respiratório

U NIDADE 5
Sistema Respiratório

Objetivo: Conhecer os principais aspectos do Sistema Respiratório.

Nesta Unidade você conhecerá o sistema respiratório, suas funções e


importância.
Observe na Figura 7 (Fonte: www.ocorpohumano.com.br), as estruturas que
compõem o sistema respiratório. Entre elas:

Figura 7

1. Cavidade Nasal – as fossas nasais são duas cavidades paralelas que


começam nas narinas e terminam na faringe. Além de fornecer uma via
aérea para a respiração, o nariz filtra, aquece e umedece o ar inspirado,
libera as substâncias estranhas extraídas do ar e é responsável pelo
olfato (possui células sensoriais). Possui um revestimento dotado de
células produtoras de muco e células ciliadas, também presentes nas
porções inferiores das vias aéreas;
2. Boca – a boca é uma via área para a respiração, mas não é capaz de
filtrar o ar;

3. Faringe – é um canal comum para deglutição quanto para a respiração.


Ou seja, por ela passa o ar e a comida que ingerimos;

4. Laringe – é um órgão cartilaginoso que conecta a parte inferior da faringe


com a traquéia. Nos homens é possível observar o pomo-de-adão,
saliência que aparece no pescoço e faz parte de uma das peças
cartilaginosas da laringe. A Laringe além de ser uma via área para a
respiração serve como uma válvula para guardar as passagens aéreas
durante a deglutição e permita também a vocalização (a fala não envolve
apenas a respiração);

5. Traqueia – dá continuidade à laringe, dividindo-se em brônquios


principais direito e esquerdo. A traqueia é um tubo de aproximadamente
1,5 cm de diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento, cujas
paredes são reforçadas por 16 a 20 aneis cartilaginosos. É uma via área
para a respiração, formada por um epitélio de revestimento muco-ciliar
capaz de aderir partículas de poeira e bactérias presentes em suspensão
no ar inalado, que são posteriormente varridas para fora (graças ao
movimento dos cílios) e engolidas ou expelidas.

6. Pulmão direito e pulmão esquerdo, são órgãos de respiração,


esponjosos, com aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo
envolvidos por uma membrana serosa denominada pleura. A principal
função dos pulmões é oxigenar o sangue venoso (sangue com CO2).

Os pulmões são divididos em:

 Brônquios – esquerdo e direito (mais curto, mais largo e mais


verticalizado). Curiosidade: como o brônquio direito está quase em
linha reta com a traqueia, os corpos estranhos penetram com
maior facilidade neste lado.
 Bronquíolos – nos pulmões os brônquios se ramificam em
bronquíolos. São tubos mais finos, altamente ramificados
responsáveis pelo transporte do ar, formando uma árvore
brônquica.

 Alvéolos – cada bronquíolo termina em pequenas bolsas


compostas por células epiteliais achatadas, conhecidas como
alvéolos, onde ocorrem as trocas gasosas.

7. Diafragma – a base de cada pulmão apoia-se no diafragma, órgão


músculo-membranoso que separa o tórax do abdômen.

8. Músculos intercostais – Os músculos intercostais são os músculos


localizados entre as costelas. Promovem juntamente com o diafragma os
movimentos respiratórios.

Respiração
A respiração é o conjunto de trocas gasosas que ocorre nos pulmões entre o
sangue e o ar. A respiração acontece porque as células têm necessidade de
oxigênio para o processo de oxigenação.

A partir, principalmente, da contração do diafragma o ar é obrigado a entrar


pelas narinas, fenômeno conhecido como inspiração. O ar das narinas passa
pela faringe, laringe e traqueia entrando nos pulmões pelos brônquios. Já nos
bronquíolos, o ar atinge os alvéolos pulmonares onde ocorrem as trocas
gasosas, o sangue libera o dióxido de carbono (CO2) e absorve o oxigênio
(O2). Por fim, o diafragma relaxa e a retração elástica dos pulmões, da caixa
torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões. Ao comprimir os
pulmões, o ar rico em dióxido de carbono percorre o caminho inverso sendo
excluído, através da expiração.

Continuamente, nos inspiramos (entrada do ar), expiramos (saída do ar),


inspiramos, expiramos...

Entra o ar e sai o ar o tempo todo!

A respiração pode ser dividida, segundo Guyton e Hall (1996, p.433) em:

1. Ventilação pulmonar – renovação do gás alveolar pelo ar atmosférico;


2. Difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os alvéolos e o
sangue;

3. Transporte – transporte do oxigênio no sangue e nos líquidos corporais


(dos pulmões para as células) e transporte do dióxido de carbono (das
células para os pulmões);

4. Regulação da ventilação e de outros aspectos da respiração.

Mecânica da Ventilação pulmonar

Os pulmões são enchidos e esvaziados por dois mecanismos (GUYTON e


HALL, 1996):

1. Pelos movimentos do diafragma para cima e para baixo. Tais


movimentos fazem com que a caixa torácica se encurte ou se alongue;
2. Pela elevação e abaixamento das costelas, o que aumenta ou diminui o
diâmetro antero-posterior da caixa torácica.
A ventilação pulmonar pode ser avaliada por meio da espirometria.

Transporte dos gases

O transporte de gás oxigênio está a cargo da hemoglobina, proteína presente


nas hemácias. Cada molécula de hemoglobina combina-se com quatro
moléculas de gás oxigênio, formando a oxi-hemoglobina.

O monóxido de carbono (CO) liberado pela “queima” incompleta de


combustíveis fósseis e pela fumaça dos cigarros combina-se com a
hemoglobina de uma maneira mais estável do que o oxigênio, formando o
carboxiemoglobina. Dessa forma, a hemoglobina fica impossibilitada de
transportar o oxigênio, podendo levar, dependendo da concentração, a
diminuição da capacidade visual, dores de cabeça, tonturas, fraqueza muscular
até a morte por asfixia.

Regulação da respiração durante a atividade de trabalho

Quando um trabalhador respira um ar pobre em oxigênio ocorre a diminuições


da pressão de oxigênio sanguíneo. Nessas situações, qumioceptores
(receptores capazes de detectar a variação de O2 do sangue) conduzem o
aumento da ventilação.

Pessoas que moram em altas atitudes são aclimatizadas às baixas


concentrações de O2. Mas, quando os jogadores de futebol brasileiros vão
jogar em altas altitudes, como em La Paz na Bolívia, eles não são
aclimatizados, por isso encontram dificuldade para realizar esforços físicos
devido à escassez de O2.

Quando estamos em repouso, nossa respiração é principalmente movida pelo


diafragma. Os músculos respiratórios contraem apenas durante a inspiração,
sendo a expiração quase passiva, causada pela retração elástica.

Por outro lado, durante o exercício ou durante a realização de trabalhos


pesados, as forças elásticas não são suficientes para permitir a expiração.
Nestas situações a contração dos músculos abdominais empurra o conteúdo
abdominal para cima auxiliando o diafragma. Durante um trabalho pesado ou
físico, o consumo de O2 e a formação de CO2 podem aumentar até 20 vezes.
O sistema respiratório humano comporta um volume total de aproximadamente
5 litros de ar (capacidade pulmonar total). Desse volume, apenas meio litro é
renovado em cada respiração tranquila, de repouso, conhecido como volume
corrente.

A Frequência Respiratória (FR) é o número de ciclos respiratórios (inspiração e


expiração) por minuto. Em repouso, a FR é igual a 15 a 20 vezes por minuto,
durante a atividade de trabalho pode chegar até 40 vezes por minuto.

A ergonomia utiliza dados da frequência respiratória para avaliar a carga física


de trabalho. Lembre-se de que uma atividade de trabalho não pode ser exercida
como se fosse uma prática esportiva. Além de buscar reduzir a FR, a ergonomia
avalia quais agentes químicos (substâncias, compostos ou produtos) podem
penetrar no organismo pela via respiratória (nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores), buscando evitar o desenvolvimento de
doenças respiratórias ocasionadas pelo trabalho.

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