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A Filosofia, o Filosofar e A Filosofia Da Educa - o
A Filosofia, o Filosofar e A Filosofia Da Educa - o
1
- Professor do Departamento de Ciências Humanas da UNISC. Mestre em Filosofia.
2
- Destaca-se, contudo, a tímida iniciativa na Lei de Diretrizes e bases da Educação nacional (LDB
9394/96), que indica seu retorno aos currículos do Ensino Médio, desde que os estabelecimentos de
ensino disponham de pessoal qualificado para ministrá-la. Esta lei não garante seu retorno, apenas o
faculta.
3
- JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultrix, 1971. p. 138.
De fato os homens não estão habituados a pensar, a refletir filosoficamente. Mas
o que significa reflexão? A palavra é oriunda do verbo latino “reflectere”, que significa
voltar atrás. É, pois, um re-pensar, ou ainda, um pensamento consciente de si mesmo,
capaz de avaliar, de verificar, de analisar. Refletir é o ato de retomar, reconsiderar os
dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca constante de significado. É examinar
devidamente, prestar atenção, analisar com cuidado. Neste sentido, toda reflexão é
pensamento, mas nem todo pensamento é reflexão.
Para que uma reflexão seja, de fato, filosófica, deve ser radical, rigorosa e de
conjunto.4 Radical porque a situação a ser investigada deve ser posta em termos
radicais, ou seja, investigada desde suas raízes, desde seus fundamentos. Deve ser uma
reflexão feita em profundidade. Rigorosa, porque não pode ser uma reflexão feita de
qualquer jeito, dispersa, fragmentada, ametódica. Para ser filosófica tal reflexão deve
ser desenvolvida seguindo um rigor determinado, colocando-se em questão as
conclusões da sabedoria popular e as generalizações apresentadas pela ciência. E deve
também ser de conjunto, ou seja, no sentido de que não pode ser parcial, tendenciosa,
mas sim relacionada com os demais aspectos do contexto em que está inserida. Estes
aspectos (radicalidade, rigorosidade e de conjunto) não podem ser concebidos de forma
estanque ou separada, e sim compreendidos como uma permanente interação social.
4
- SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 10. ed. São Paulo:
Cortez, 1991.
5
- ANTONIAZZI, Alberto. Para que serve a filosofia no ensino superior? Veredas, São Paulo,
1983/1984. p. 08.
6
- Sobre esta caracterização convém analisar o texto do professor Henrique C. de Lima Vaz: Filosofia no
Brasil hoje. Em Cadernos SEAF, nº. 1, agosto de 1978, p. 7-16.
7
- Para outras informações a este propósito, cf. Rüdiger BUBNER. Ermeneutica e critica
dell’ideologia. Brescia:Quiriniana, 1979. p. 216.
das pretensões deste projeto: criar as condições necessárias para que professores e
alunos de filosofia da educação possam melhor desenvolver suas tarefas.
O filosofar é uma tarefa pessoal porque para cada homem se constitui na forma
suprema de se relacionar, na sua consciência, consigo mesmo. Por ela, o homem busca
dar-se conta da totalidade de sua experiência pessoal, no espaço e no tempo, pois
Isto posto sobre a filosofia, convém analisarmos sua relação com a educação,
objeto deste projeto.
Cada povo tem um processo de educação pelo qual transmite a cultura, seja de
maneira informal ou por meio de instituições como a escola. No entanto, nem sempre o
homem reflete especificamente e de maneira rigorosa sobre o ato de educar. Muitas
vezes a educação é dada de maneira espontânea, a partir do senso comum, repetindo-se
costumes transmitidos de geração para geração.
10
- LUIJPEN, W. Introdução à fenomenologia existencial. São Paulo:EPU/EDUS, 1973. p. 17.
11
- MARX, Karl. Ad Feuerbach. Oeuvres. Paris:Gallimard, 1982. p. 1033. (oitava tese).
A teoria, contudo, é necessária para que se supere o espontaneísmo, permitindo
que a ação educacional se torne mais coerente e eficaz. Aliás, é bom lembrar que
segundo o conceito de práxis, a teoria não se separa da prática, que é o seu fundamento.
Isso significa que ela não se desliga da realidade, mas nasce do contexto social,
econômico e político em que vai atuar. Quanto mais rigorosa for, mais intencional será a
prática.
12
- SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo:Cortez, 1980. p. 54.
Como reflexão filosófica, a filosofia da educação desenvolve sua tríplice tarefa:
fundamentalmente como reflexão antropológica, epistemológica e axiológica.
Nos dois casos, a filosofia da educação perde seu ponto de apoio, pois não fica
adequadamente sustentada a condição básica da existência humana, que é sua profunda
e radical historicidade. É que o sentido da existência do homem só pode ser apreendido
em suas mediações históricas e sociais concretas. A imagem que a filosofia deve
construir do homem só será consistente se baseada nestas condições reais da existência.
Também quanto a este aspecto, a tradição filosófica ocidental, coerente com seus
pressupostos, tendeu a ver como fim último da educação a realização de uma perfeição
dos indivíduos como plena atualização de uma essência modelar, ou, ainda, entendeu
esta perfeição como plenitude de expansão e desenvolvimento de sua natureza
biológica.
Hoje, a filosofia da educação busca desenvolver sua reflexão levando em conta
os fundamentos antropológicos da existência humana tal como se manifestam em
mediações histórico-sociais, dimensão esta que qualifica e especifica a condição
humana.
Referências bibliográficas: