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Anteprojeto de um Centro de Reintegração Social Baseado no

Método APAC

1. INTRODUÇÃO

A questão da criminalidade é preocupante. A sociedade tem se inquietado


com o crescimento da violência na cidade de Belém, fator que é aliado a um sistema
penitenciário deficiente, o qual, em vez de recuperar os condenados, potencializa-os.

Ante a esse quadro caótico, destaca-se a proposta de uma penitenciária


diferenciada, com a utilização do Método APAC.

No método APAC, os gastos para o Estado são reduzidos; um preso custa


em média quatro salários mínimos por mês, enquanto que, no método, custa em torno
de um salário mínimo e meio. O índice de recuperação dos presos é de 15% no
sistema atual brasileiro, de 30% no cenário mundial e de 91% no método APAC.

Visando os resultados positivos do método, tanto no Brasil quanto no exterior,


esse trabalho busca desenvolver um projeto de um centro de reintegração social
baseado no Método APAC, para contribuir de forma positiva com a sociedade e com a
divulgação dessa ferramenta tão eficiente.

2. JUSTIFICATIVA

O quadro da violência e da criminalidade em Belém e no Brasil é notório,


aliando-se a esse quadro o sistema penitenciário se mostra ineficiente e um
catalisador para a formação de criminoso mais potencializado.

O ambiente penitenciário favorece a desumanização, em especial por conta


do precário conforto térmico, da lotação das celas, da falta de higiene, da coisificação
do ser humano e da luta pela sobrevivência entre os presos.

O resultado final, após a liberação do condenado, é uma reincidência de 85%,


gerando um ciclo prende-solta cada vez pior (OTTOBONI, 2001, p 34).

12
NÃO HÁ TRATAMENTO ÁLVARA DE SOLTURA

SOCIEDADE

O ESTADO A
SERVIÇO DA
VIOLÊNCIA

REJEIÇÃO

PRENDE REINCIDÊNCIA

Muito se discute sobre a questão penitenciária, buscando soluções. Para


muitos, a solução viável é a pena de morte, para outros, a recuperação. Há ainda os
que acreditam que a recuperação é utopia. O Estado não sabe como lidar com o
círculo vicioso da criminalidade (SILVA, 2008).

Em 2001, a estatística confirmada pela PFI (Prision Fellowship Internacional)


é que, durante mais de 33 anos de prática do método, o índice de reincidência se
manteve inferior a 5% (OTTOBONI, 2001, p 105).

Nesse contexto, surge a proposta de elaboração de um projeto de CRS


(Centro de Reintegração Social) para Marituba/PA, baseado no método APAC, cujos
resultados são impressionantes.

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Elaboração do projeto arquitetônico de um centro de reintegração social


modelo no estado do Pará.

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3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Facilitar a instalação e o desenvolvimento do método APAC no estado


do Pará.

 Oferecer condições estruturais adequadas para o método APAC ser


realizado com sucesso.

 Elaborar uma edificação confortável de baixo custo.

 Contribuir para a humanização nas prisões.

 Facilitar a integração dos condenados à sociedade.

 Contribuir para a redução dos índices de reincidência e da criminalidade

 Elaborar um projeto referencial para instalação de novas APACs no


Pará.

O método APAC é um meio eficiente para a redução dos índices de


reincidência e da criminalidade. Promove a humanização nas prisões e principalmente
a recuperação dos condenados à sociedade, mas infelizmente ainda não se encontra
aplicado no estado do Pará.

O presente projeto de um Centro de Reintegração Social apresentado como


TFG procura facilitar a implantação e o desenvolvimento do método APAC, através de
uma edificação adequada e voltada para seu desenvolvimento.

O projeto arquitetônico poderá servir como referência para as futuras


instalações APAC no estado do Pará, além de oferecer condições estruturais
adequadas e uma edificação confortável de baixo custo, haja vista que há diferenças
no programa de necessidades de uma penitenciária comum e de uma penitenciária
APAC.

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4 INFORMAÇÕES DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO E ENTORNO

4.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADE DE MARITUBA1

O nome Marituba surgiu da junção de dois vocábulos indígenas, “Maris” que é


uma árvore da família das Icacináceas, que dá frutos comestíveis e "Tuba" que
significa "lugar abundante".

Na segunda metade do século XIX, o governo provinciano implantou uma


Estrada de Ferro com objetivo de interligar e colonizar a região Bragantina. Nesse
contexto, nasceu Marituba, por causa da Estrada de Ferro Bragança, a qual levou 25
anos para ser concluída e percorria 293km de extensão.

Os limites de Belém se estendiam por quase todo o território atual das zonas
Bragantina, Gujarina e Salgado. Entre o centro urbano e Belém, existia uma grande
área despovoada, que necessitava ser ocupada com urgência. Em 1875, chegaram os
primeiros imigrantes, franceses, italianos e espanhóis. Outros imigrantes chegaram e
se instalaram nos núcleos agrícolas de Apeú, Castanhal e Inhangapi que hoje são
progressivos municípios da antiga Zona Bragantina.

Em torno de 1905, quando a estrada de ferro já estava próxima a Capanema,


o governador Augusto Montenegro iniciou a construção das oficinas dos trens da
Estrada de Ferro. Quando as oficinas estavam próximas de seu término, fez-se
necessária a implantação de uma vila de casas para abrigar seus operários. Em 1907,
a vila operária foi construída, dando origem ao povoado de Marituba.

Em 1918, foi fundado o Cemitério da Vila. Nesse período, a vida no vilarejo


era muito difícil. Os primeiros moradores eram quase todos empregados da Estrada de
Ferro de Bragança. Uma pequena parcela da população, que vivia da roça e da
produção de carvão, produzia a lenha que era destinada à Estrada de Ferro de
Bragança, e a algumas empresas, como é o caso a Pará Elétrica, empresa pioneira na
exploração de energia elétrica em Belém.

Até meados dos anos 40, a economia da vila girava em torno das atividades
comerciais de apoio à ferrovia, e de uma pequena produção agricultura de mandioca,
arroz e milho produzidos geralmente para o consumo.

1
Dados obtidos da SEPOF-PA - Portal Amazônia de 06/02/2007 - KR

15
As terras de Marituba pertenciam ao município de Belém. Em 1943, com a
criação do município de Ananindeua, Marituba passou a pertencer a Ananindeua. Em
1961, passou a pertencer a Benevides. Em 1993, o município de Marituba foi criado
pela Lei Estadual nº 5.857 de 22 de setembro de 1994.

4.2 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

O município de Marituba está localizado na Região Metropolitana de Belém.


Possui a menor extensão do Estado do Pará, com 109,10km², mantendo-se distante
5km de Ananindeua, 7km de Benevides e 13km de Belém, cujo percurso pode ser feito
pela rodovia federal BR- 316.

Marituba tem como limites ao norte e leste, Benevides; ao sul, Belém; a oeste
Ananindeua.

Figura 01: Localização do Estado do Pará com destaque a Cidade de Maritubá (05)
Fonte: Fonte: http://www.citybrazil.com.br/pa/belem/l1.php?micro=7 (acessado em: 10.06.09)

A área de implantação para o CRS localiza-se na estrada da Pirelli (parte


frontal do terreno) entre a Rua J e Travessa We Dois. Na parte posterior, a ligação do
terreno é feita pela Av. Central.

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Figura 02: Localização do terreno
Fonte: Google Earth (acessado em: 12.04.09)

O terreno possui 224,11m de frente e fundos, 188,75m nas laterais,


totalizando 42.300,76m².

4.2.1 Topografia

O terreno não apresenta grandes diferenças de níveis. Porém, há um córrego


no terreno, localizado na lateral da Av. Central

Figura 03: Terreno


Fonte: Ari Tomaz Filho (em: 03.04.09)

17
4.2.2 Acesso

O Terreno tem como acesso principal a Estrada da Pirelle, estrada em asfalto,


sem sinalização e em razoável estado de conservação. Há circulação de linha de
ônibus e duas faixas de rolamento, uma em cada sentido.

Figura 04: Estrada da Pirelle


Fonte: Ari Tomaz Filho (em: 03.04.09)

O acesso secundário do terreno se faz pela Av. Central. Possui


características de uma rua local, faixa de rolamento pequena de duplo sentido. Não é
asfaltada.

Figura 05: Av. Central


Fonte: Ari Tomaz Filho (em: 03.04.09)

18
4.2.3 Orientação

O terreno tem como referencial o norte magnético voltado a 45º, provocando


insolação matinal nas arestas do terreno relativas à Av. Central e Rua We Dois. A
insolação referente ao poente localiza-se nas arestas do terreno referente à Estrada
da Pirelle e à Rua J.

A ventilação predominante é oriunda do nordeste, incidindo nas faces do


terreno voltadas para a Av. Central e a Rua We Dois

Figura 6: Esquema de Terreno


Fonte: Ari Tomaz Filho (em: 13.06.09)
4.2.4 Clima

Em Marituba, o clima é tropical úmido, cuja temperatura durante todo o ano


chega em média 26ºC. Agosto e dezembro são os meses mais quentes. Nessa época,
a média da máxima chega a 32ºC e a média da mínima a 22ºC. A umidade relativa do
ar chega a 85% (SUDAM-1984).

As chuvas apresentam maior incidência nos meses de janeiro a junho, e o


período mais quente coincide com o período menos chuvoso.

4.2.5 Edificações Existentes

No terreno, há uma edificação existente com cobertura em telha de barro


aparente e uma caixa d‟ água com estrutura de base metálica.

19
Figura 7: Edificação existente.
Fonte: Ari Tomaz Filho (em: 13.06.09)

4.2.6 Equipamentos e Mobiliários Urbanos

Há presença de equipamentos urbanos, porém estão relativamente distantes


do terreno proposto, considerando a locomoção sem veículo automotor.

Equipamentos encontrados: Farmácias, Corpo de Bombeiros, Banco, Praças,


Universidades, Hospital, Mercado Municipal, Hospital Municipal de Urgência e
Emergência.

20
Figura 8: Mercado Municipal.
Fonte: Marcos Nascimento (em: 27.08.08)

Figura 9: Hospital.
Fonte: Marcos Nascimento (em: 27.08.08)

Referente aos mobiliários urbanos na área estudo destaca-se apenas a


presença de postes de iluminação.

21
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 ORIGEM DO CÁRCERE

Lima (2007) relata que “Pena” e “prisão” sempre estiveram próximas na


história da humanidade, haja vista que todas as civilizações se deparavam com a
problemática do crime. Não se tem muito conhecimento das primeiras prisões, sabe-se
que os povos primitivos não possuíam.

No entanto não é possível haver pena e prisão se não houver a lei ou


instrumento que defina o “certo e o errado”. “Leis são condições sob as quais homens
independentes e isolados se uniram em sociedade, cansados de viver em contínuo
estado de guerra e de gozar de uma liberdade inútil pela incerteza de conservá-la”
(BECCARIA, 1764, p.27).

Segundo Lima (2007), na medida em que os povos começaram a se


organizar em coletividade surgiram as primeiras prisões; nos palácios e castelos
senhoriais, localizadas em fossas baixas, em buracos e em gaiolas de madeira, onde
se amarravam os infratores.

Na Roma antiga, as penas se restringiam a castigos corporais ou a


pagamentos financeiros, a prisão era apenas para aguardar o julgamento ou a
execução de pena.

A prisão foi efetivada como forma de sanção na sociedade cristã com a prisão
canônica que se baseava no sistema de solidão e silêncio. Na idade média, a igreja
católica criou as celas nos mosteiros para castigar os monges infratores, no sistema
de penitência (origem ao nome penitenciária) e oração para pedir perdão a Deus.

No século XIII, era comum o corpo ser o principal alvo da repressão do crime,
como esquartejamentos, amputações, marcar simbolicamente o rosto ou o ombro,
exposições vivo ou morto como espetáculo.

Com a crise do sistema feudal, houve um êxodo rural, aumentando o quadro


da pobreza e criminalidade nas cidades européias, desencadeando a criação de várias
prisões para disciplinar e servir de corretivo através do trabalho. No século XVI,
surgem na Europa prisões para abrigar prostitutas, mendigos e pessoas com o

22
comportamento imoral. No século XVII, surgem casas ditas de correção para abrigar
mulheres com má conduta social, não necessariamente condenadas por crimes.

No período da Idade Média e no final do século XVIII, o crime passou a ser


visto como uma ofensa ao soberano e as punições passaram a ser como uma
vingança ao crime cometido, sendo aplicados castigos em praça pública para que o
povo pudesse ver o poder do soberano prevalecendo. Visando o maior controle social
e o risco de vinganças pelo sistema adotado, houve uma inversão no sistema punitivo,
onde o julgamento passou a ser aberto ao público e a repressão a pena dantes
exposta ao povo passou a ser oculta.

“Que castigo, se assim posso exprimir, fira mais a alma do que o corpo”
(MABLY apud. Foucaut).

Segundo Lima (2007), as primeiras casas de força, onde a pena passou a ter
um caráter autônomo surgiram na Bélgica, Londres, Nuremberg, Amsterdam. Nos
séculos XVII e XVIII, foram criadas muitas casas de detenções, porém sem nenhuma
preocupação com detentos. Esses estabelecimentos eram locais geralmente
insalubres, sujos, subterrâneos e infectos; pontos de desespero, fome e proliferação
de doenças, as quais dizimavam os reclusos. A problemática das condições do local
era tamanha que as febres infecciosas chegavam a romper as barreiras da prisão,
causando um sério dano a população livre.

Em 1775, foi construído o primeiro estabelecimento penal diferenciado,


seguindo o movimento revolucionário de Jonh Howard (1720- 1790), onde trazia a
idéia de humanizar o regime prisional da época, levando condições de higiene,
trabalho diário, alimentação e reforma através da religião.

No século XIX, Jeremias Betham (1748- 1832), elaborou o modelo Panóptico,


onde “pan” significa tudo e “ótico” ver, assim “ver tudo”. Esse modelo se caracterizava
por uma torre alta central e as celas em forma radial ao redor, com isso os presos não
tinham visão de quem estava vigiando-o, mas sabiam que estavam sendo observados.
A primeira prisão Panóptica foi construída nos Estados Unidos em 1800.

23
Figura 10: Desenho do Modelo Panóptico de Jeremy Benthan, 1879.
Fonte: Foucault (2003)

Figura 11: Modelo Panóptico. Interior da Penitenciária de Stateville, EUA.


Fonte: Foucault (2003)

24
Figura 12: Modelo Panóptico, Interior da Cela
Fonte: Foucault (2003)

Lima (2007) relata que o sistema da Filadélfia (EUA) iniciou-se em 1790 e


trazia como base o isolamento absoluto, sem visitas, sem trabalho, somente a leitura
da bíblia. Em 1821, apareceu o sistema de Auburn (New York- EUA), diferenciando-se
do sistema da Filadélfia pela inserção do trabalho, a refeição dos condenados em
comum, porém com a proibição de visitas, lazer e exercícios físicos. Acreditava-se que
a prisão deveria ser uma sociedade perfeita sem interferência do exterior e com a
arquitetura sempre preocupada com a segurança.

Em 1846 é registrado o sistema Inglês (Austrália), onde há três etapas para o


cumprimento da pena:

 Período de isolamento completo.


 Período do isolamento noturno e trabalho durante o dia, em
silêncio rigoroso.
 Período da comunidade, com liberdade condicional.

25
Em 1835, é implantado o sistema Irlandês, porém com uma etapa a mais:

 Preparação do recluso a vida livre, em prisões intermediárias.

Esse foi o sistema adotado pelo Código Penal Brasileiro.

Na Espanha, em 1934, surgiu o Sistema de Montesinos, onde o trabalho


remunerado e o sentido regenerador da pena faziam parte da base do método. Na
Suíça, apareceu a prisão semi-aberta, onde os condenados trabalham ao ar livre
em zona rural, são remunerados e a vigilância é reduzida.

Gomes (2009) relata que, em 1948, após o término da segunda guerra


mundial, é elaborada em assembléia geral da ONU a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e, em 1955, em Genebra são feitas as “Regras Mínimas Para o
Tratamento de Reclusos” 2, com a finalidade de humanizar as penitenciárias no
pós-guerra.

5.2 DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

Lima (2007) afirma que no Brasil o sistema penitenciário tem como base a
exclusão social, sendo percebido desde as Ordenações Filipinas do Reino.

Na Carta Régia de 1769, foi mencionada a primeira prisão do Brasil,


localizada no Rio de Janeiro, seguida de outras em 1784 e 1788 em São Paulo.
Essas cadeias funcionavam em grandes casarões na parte inferior da Câmara
Municipal, onde ficavam os infratores e os escravos para aguardar as penas do
açoite, já que não existia pena de prisão.

A partir do século XIX, começaram a surgir as prisões com celas individuais e


oficinas de trabalho. O código penal de 1890 estabeleceu que não haveria mais penas
perpétuas ou coletivas, apenas penas com restrição da liberdade e em prisões
celulares individuais.Com o aumento da população carcerária e as restrições de

2
Informações extraídas da Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da USP
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direitos-Humanos-na-Administra%C3%A7%C3%A3o-
da-Justi%C3%A7a.-Prote%C3%A7%C3%A3o-dos-Prisioneiros-e-Detidos.-Prote%C3%A7%C3%A3o-contra-
a-Tortura-Maus-tratos-e-Desaparecimento/regras-minimas-para-o-tratamento-dos-reclusos.html >
Acessado em 03 de out. de 2009

26
tamanho das prisões, inviabilizou a cela individual. As linhas do sistema brasileiro são
as mesmas do sistema Irlandês ou progressivo, considerando três estágios:

 O inicial (isolamento).
 O trabalho em conjunto.
 O livramento condicional.

Nessa evolução, no Brasil, iniciou-se a construção de pavilhões


separados com limites máximos de presos por unidade carcerária. Alambrados
passaram a ser aceitos ao invés dos muros, o que proporcionava para o preso um
maior contato visual com o exterior e a tentativa de ampliar seu próprio horizonte.

Segundo Casemiro de Oliveira apud Lima (2007), o Brasil possui uma


arquitetura própria, baseada no modelo Poste Telegráfico ou Espinha de Peixe,
onde há um corredor principal o qual dá acesso para todas as alas. Esse modelo
apresenta um grande problema, no caso de rebeliões, elas rapidamente se
alastram para todas as demais alas.

Após os problemas apresentados pelo modelo Espinha de Peixe, foram


construídos alguns presídios no modelo Pavilhonar. Sua estrutura dividida em
pavilhões, em casos de rebelião, isola as alas problemáticas. Segundo Lima
(2007), em uma tentativa de se ter uma ampla visão de todos os espaços,
observa-se a implantação do modelo Panótipo de Bentham 1800, haja vista que o
mesmo une em parte a essência de cada modelo, ver tudo e controlar tudo.

O modelo Compacto ou Sintético tem sido bastante usado. Com seus


módulos próximos e seu fluxo espalhado favorece a boa organização do espaço e
a redução de custos na sua execução, porém apresenta dificuldades para
expansão da edificação. Afirma Lima (2007) que os espaços penitenciários ainda
são muito rígidos e frios, entretanto, não possibilitam oportunidade de recuperação
do preso.

Para Suzann Flávia Cordeiro de Lima, a Prisão Aberta hoje pode ser
considerada como a mais moderna. Para Agostini (2002), a prisão aberta modifica
o quadro da gestão prisional, começando pela reclusão não ser pautada pelo
isolamento absoluto entre presos e a sociedade; a administração é feita através da
sociedade e entidades locais sem fins lucrativos, sob fiscalização do Estado. Como

27
maior exemplo de prisão aberta, temos a APAC, que já totaliza mais de 100
unidades em 15 estados, porém esse quantitativo está longe de ser a maioria dos
estabelecimentos penais no Brasil.

Agostini (2002) afirma que a participação dos presos e da sociedade não


impede uma fiscalização rígida e a manutenção da disciplina, elementos
fundamentais para o cotidiano da prisão. A prisão aberta, no caso brasileiro da
APAC, tem a possibilidade de ter um espaço mais receptivo a participação do
preso no cotidiano organizacional do estabelecimento.

5.3 SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO ATUALMENTE

5.3.1 Internacionalmente:

Segundo International Centre for Prison Studies – King‟s College London


(2008), que elabora pesquisas anuais sobre os quantitativos da população mundial de
presos, comprovou-se que o Brasil detém 4% população prisional do mundo e 70% da
população prisional da América Latina.

O sistema penitenciário brasileiro está longe do desejado, porém encontra-se


com os mesmos problemas de países desenvolvidos como os Estados Unidos que é o
primeiro colocado com 24% da população prisional do mundo.

5.3.2 Órgãos responsáveis:

Quando se trata da questão da execução penal no Brasil, o órgão principal


referente a esse assunto é o Ministério da Justiça (MJ), o qual também trata de outros
assuntos, como: direito do consumidor, defesa da concorrência, povos indígenas,
segurança pública, reforma do judiciário.

Entretanto, em se tratando da questão penal, o Ministério da Justiça tem


como apoio outros três órgãos:

 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária


(CNPCP): é responsável pela implementação de uma nova política criminal e
penitenciária, tendo como base periódicas avaliações do sistema criminal,

28
criminológico e penitenciário, além de execuções de planos nacionais de
desenvolvimento.3
 Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN): é órgão
executivo da Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e
financeiro do CNPCP (BRASIL, 1984)
 Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN): Tem o objetivo de
captar recursos para financiar as obras e projetos, referente a modernização e
aprimoramento do Sistema Penitenciário Brasileiro, sendo os recurso do
FUNPEN são administrados pelo DEPEN, o qual as diretrizes do CNPCP, para
dar finalidade aos recursos4.

5.3.3 Presos, Quantitativos e Regimes no Brasil e no Estado do Pará:

Thompson (2002) afirma que, com a legislação vigente, as pessoas


recolhidas ao cárcere podem se classificadas em duas classes:

 Processados ou Provisórios: indivíduos que devem aguardar


presos a decisão sobre os delitos dos quais estão sendo acusados.

 Condenados: indivíduos já julgados por uma sentença definitiva,


com pena a ser cumprida.

Segundo o Sistema Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen), a


população carcerária hoje no Brasil é de 469.807 presos, sendo 382.092 masculinos.
Dentro dos 382.092 presos, 141.461 (37,02%) são presos provisórios e 240.631
(62,97%) são presos condenados5, como ilustra o Gráfico 01.

3
Informações extraídas do site do Ministério da Justiça:
<http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJE9614C8CITEMID8137E1B511B64FE786D79571348AF935PTBRIE.
htm> Acesso em: 04 de out. 2009
4
Informações obtidas em (GOMES, 2009).
5
Informações obtidas do Sistema Nacional de Informação Penitenciária- InfoPen.
http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJD574E9CEITEMIDC37B2AE94C6840068B1624D28407509CPTBRIE.
htm> Acessado em 04 de out. de 2009

29
Gráfico 01: Distribuição da população carcerária no Brasil por classe prisional.
Fonte: Dados, InfoPen (04.10.09).

No Estado do Pará, o total de presos do sistema masculino é de 8042, sendo 3664


condenados e 4378 provisórios, como ilustra o Gráfico 02:

Gráfico 02: Distribuição da população carcerária no Estado do Pará por classe


prisional
Fonte: Dados, InfoPen (04.10.09).

O Código Penal brasileiro prevê três regimes de cumprimento de penas


privativas de liberdade:

30
 Regime Fechado: Segundo o Código Penal, Art. 34, o preso fica
recluso, podendo exercer trabalhos no período diurno e o isolamento no
repouso da noite, sendo permitido o trabalho externo apenas em obras
públicas. Na prática ocorre que o preso fica recluso em todos os períodos.

 Regime Semi-Aberto: Segundo o Código Penal, Art. 35, o


trabalho externo é admitido assim como a frequência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução ao segundo grau ou superior.

 Regime aberto: Segundo o Código Penal, Art. 36, o condenado


fora do estabelecimento penal deverá trabalhar, frequentar curso ou outra
atividade autorizada sem vigilância, recolhendo-se no período noturno e dias
de folga.

Dentre os 230.636 presos masculinos condenados no Brasil, temos o


seguinte quantitativo: 152.305 (66%) presos no regime fechado, 600.44 (26%) presos
no regime semi-aberto e 18.287 (8%) presos no regime aberto. Como ilustra o Gráfico
03.

Gráfico 03: Distribuição da população de presos condenados no Brasil.


Fonte: Dados, InfoPen (04.10.09).

31
No caso do Estado do Pará, dentre os 3664 presos masculinos condenados
no Brasil, temos o seguinte quantitativo: 3114 (85%) presos no regime fechado, 491
(13%) presos no regime semi-aberto e 59 (2%) presos no regime aberto. Como ilustra
o Gráfico 04:

Gráfico 04: Distribuição da população de presos condenados no Estado do Pará.


Fonte: Dados, InfoPen (04.10.09).

Com relação à quantidade de vagas existentes em todo território nacional é


de 337.183, enquanto que a população carcerária total é de 382.092, ou seja, um
déficit de 44.909 vagas. Como ilustra o Gráfico 05:

Gráfico 05: Quantidade de vagas e a demanda da população carcerária no Brasil.


Fonte: Dados, InfoPen (04.10.09).

32
No Estado do Pará, há 8042 vagas para uma demanda de 7112 presos,
provocando um déficit de 930 vagas, conforme indica o Gráfico 05:

Gráfico 06: Quantidade de vagas e a demanda da população carcerária no Estado do


Pará.
Fonte: Dados, InfoPen (04.10.09).

Ao analisar os gráficos acima, percebe-se a evidência do problema da


superlotação Aliado a esse fato, os números do Departamento Penitenciário Nacional
(Depen) apontam que, no Brasil, em média, 75% dos presos voltam a cometer crimes.

Thompson (2002, p.100), faz uma análise do ciclo efetuado pelo preso, assim
que ele chega ao sistema prisional. Tal análise se procede da seguinte maneira:

A entrada do sistema prisional se faz pela prisão comum, incumbida


que é, (...) de receber a carga inicial. Com uma pequena perda (réus
que obtêm relaxamento no flagrante ou revogação da prisão
preventiva) deve a carga transitar para o presídio e a penitenciária
sendo que a saída do presídio, com perda (réus que são absolvidos),
alimenta também a penitenciária. A esta cabe o papel de saída do
sistema, abrindo para liberdade (...). Com freqüência, o produto final
despejado retorna ao sistema (...), repetir o mesmo circuito, desde o
início.

33
A reincidência colabora para a superlotação. O crescimento da quantidade de
presos, segundo GOMES (2009), não é possível de ser acompanhada pela construção
de estabelecimentos penais.

5.3.3 Estabelecimentos6:

Estabelecimentos penais são espaços utilizados pela justiça para locar presos
provisórios, presos condenados ou sob medida de segurança. São classificados como
estabelecimentos penais:

 Penitenciária de Segurança Máxima Especial: espaço destinado a


alojar condenados exclusivos do regime fechado em celas individuais.
Capacidade máxima de presos: 300.

Capacidade mínima de presos: 60.

 Penitenciária de Segurança Média ou Máxima: espaço destinado a


alojar condenados do regime fechado em celas individuais ou coletivas.

Capacidade máxima de presos: 800.

Capacidade mínima de presos: 300.

 Colônia Agrícola, Industrial ou Similar: espaço para abrigar presos


do regime semi-aberto.

Capacidade máxima de presos: 1.000.

Capacidade mínima de presos: 60.

 Casa de Albergado ou Similar: espaço destinado a alojar presos do


regime aberto.

Capacidade máxima de presos: 120.

Capacidade mínima de presos: 20.

6
Conteúdo do tópico extraído de BRASIL, 2006, Diretrizes Básicas para construção, ampliação e reforma
de estabelecimentos penais.

34
 Centro de Observação Criminológica: Local de segurança máxima,
destinado aos presos de regime fechado para realizarem exames e
classificatórios, para estabelecer o melhor tipo de tratamento.

Capacidade máxima de presos: 300.

Capacidade mínima de presos: 60.

 Cadeia Pública: Local de segurança máxima, destinado a alojar presos


provisórios.

Capacidade máxima de presos: 800.

Capacidade mínima de presos: 300.

 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico: Local destinado a


alojar presos de medida de segurança.

Capacidade máxima de presos: 120.

Capacidade mínima de presos: 20.

A capacidade dos estabelecimentos poderá ter variações para mais ou


menos, porém, deverá ser justificada e aprovada tecnicamente.

5.3.4 Celas7:

Nas celas, devem ser previstos, no mínimo, um lavatório e um aparelho


sanitário, além de área de circulação. As celas poderão contar com mobiliários, como
mesa e banco, mas em concreto.

7
Conteúdo do tópico extraído de BRASIL, 2006, Diretrizes Básicas para construção, ampliação e reforma
de estabelecimentos penais.

35
DIMENSÕES MÍNIMAS PARA CELAS

Capacidade Tipo Área Mínima Diâmetro Mínimo Cubagem Mínima


(Vaga) (m²) (m) (m³)

01 Individual 6,00 2,00 15,00

02 Coletiva 7,00 2,10 17,50

03 Coletiva 7,50 2,20 18,75

04 Coletiva 8,00 2,30 20,00

05 Coletiva 9,00 2,40 22,50

06 Coletiva 10,00 2,50 25,00

Tabela 01: Dimensões mínimas para celas.


Fonte: BRASIL, 2006

Para três camas sobrepostas, faz-se necessário um pé direito mínimo de


3,00m². No caso do chuveiro não se localizar no interior da cela, poderá ser subtraído
0,96m² no valor das áreas mínimas.

5.4 APAC

A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) foi criada


por Mário Ottoboni8, em 18 de novembro de 1972, na cidade de São José dos
Campos, São Paulo.

A associação tinha o intuito de efetuar um trabalho para reduzir a


preocupação da sociedade com as constantes rebeliões e com os atos de
inconformidade da população carcerária da única cadeia da cidade. (OTTOBONI,
2001, p 23).

8
Mário Ottoboni nasceu em Barra Bonita (SP), em 1931. Mudou-se para São José dos
Campos em 1943, onde reside até hoje. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Faculdade de Direito do Vale da Paraíba. Atuou durante muitos anos na área jurídica e
dedicou-se também ao jornalismo. Escreveu artigos e contos para jornais, 16 livros e várias
peças teatrais. É criador co conhecido método APAC, aplicado com sucesso em vários países.
Recebeu , em julho de 1999, o título de Benfeitor da Humanidade. Atualmente, preside o
Comitê Internacional da Prision Fellowship International, para estudos e expansão do Método
APAC.
36
Em 1974, o trabalho que era apenas de caráter evangelístico (Pastoral
Penitenciária9), desenvolvido pelo grupo de voluntários cristãos denominado “Amando
o Próximo, Amarás a Cristo” (APAC), desenvolveu-se para uma entidade civil de
direito privado, com personalidade jurídica, visando à defesa da própria equipe e dos
direitos dos presos. (OTTOBONI, 2001, p. 31).

Assim, as duas APACs têm a mesma finalidade: recuperar o preso, proteger a


sociedade, socorrer a vítima e promover a justiça. No entanto, a APAC (Associação de
Proteção e Assistência aos Condenados) é a administradora e se responsabiliza de
estabelecer convênios com o poder público e/ou instituições, além e dar suporte a
APAC (Amando o Próximo, Amarás a Cristo) e a outras igrejas cristãs que realizem
serviço pastoral junto aos condenados, respeitando a crença de cada um, de acordo
com as normas internacionais e nacionais sobre os direitos humanos. (OTTOBONI,
2001 p. 33).

No ano de 1986, a APAC se filiou ao PFI, entidade da ONU responsável pela


consultoria para assuntos referentes à questão penitenciária, contribuindo para
expansão do método em congressos e seminários além da implantação em países
como: Alemanha, Bulgária, Cingapura, Chile, Costa Rica, Equador, Honduras, El
Salvador, Eslováquia, Estados Unidos, Inglaterra, País de Gales, Latvia, Malawi,
México, Moldávia, Namíbia, Nova Zelândia e Noruega, sendo que as unidades de
Cartago (Costa Rica) e Guaiaquil (Equador) adotam o método em sua integridade10.

No Brasil, há em torno de cem unidades, a maior parte delas concentradas no


estado de Minas Gerais, onde se encontra a unidade de Itaúna, referência pela
aplicação da integridade do método nos sistemas masculino e feminino e nos três
regimes: Fechado, Semi-aberto e Aberto.

9
O termo “penitenciário” (local onde se faziam penitências nos mosteiros, durante a idade
média), no início da Idade Moderna, deu nome aos estabelecimentos penais. Os
estabelecimentos penais copiaram a estrutura dos mosteiros, mas se esqueceram de cuidar do
aspecto espiritual. Daí a expressão “Pastoral penitenciária”, como querem alguns, uma vez que
não se tem, na atualidade, conhecimento da utilização de cárceres como locais de
comprimento de pena, e por se tratar de recomendação da própria CNBB e do Celam (cf. Mário
Ottoboni, Ninguém é irrecuperável, cit.)

10 Informação extraída da Cartilha do Projeto Novos Rumos da Execução Penal, do Tribunal


de Justiça do Estado de Minas Gerais, TJMG, 2007, p. 19.
37
5.5 FILOSOFIA E FINALIDADE DO MÉTODO

Segundo OTTOBONI (2001, p.45), o método tem como filosofia matar o


criminoso e salvar o homem e sua finalidade é recuperar o preso, proteger a
sociedade, socorrer a vítima e promover a justiça. É importante salientar que a APAC
não tira o caráter punitivo da pena.

5.6 APAC ITAÚNA11

Em 1984, um grupo de padres e moradores de Itaúna formou a Pastoral


Penitenciária de Itaúna, com o intuito de colaborar para a causa dos presos, devido às
dificuldades e os altos índices de reincidência, na época, na faixa de 84%.

Fez-se necessário a implantação de outra metodologia pastoral que fosse


capaz de reverter o quadro negativo do sistema penitenciário. A solução foi
encontrada na cidade paulista de São José do Campos. Surgiu, então, a APAC Itaúna.

Durante anos, a tarefa da APAC Itaúna foi adaptar a realidade itaunense ao


método revolucionário de recuperação de presos em São José dos Campos, com
intervenções nas cadeias, visando melhorar suas condições físicas e ao mesmo tempo
levar conforto espiritual para os presos e suas famílias.

Concomitantemente, a APAC buscava espaço para a construção de um


Centro de Reintegração Social, já que somente dessa forma se romperia com o
sistema comum, cheio de vícios e mazelas que interferia de maneira negativa no
trabalho da APAC.

Com o apoio e a colaboração do Judiciário, construiu-se a primeira parte do


CRS, onde o Ministério Público entregou as chaves e a administração dos regimes
semi-aberto e aberto à APAC.

Em 26 de outubro de 1995, houve uma rebelião na cadeia pública, onde 69


presos destruíram totalmente as celas em menos de 10 minutos. Sem condições de
abrigar nenhum preso, eles foram transferidos para as 13 comarcas próximas.

Em menos de 30 dias, o Judiciário ajustou o CRS e confiou os três regimes


de comprimento de pena à entidade, passando a ser a segunda experiência no Brasil

11 Informações extraídas do site da APAC de Itaúna,


<http://www.apacitauna.com.br/index.php?pagina=conteudo/framehistorico> acessado em: 14
março de 2009.
38
a cuidar da recuperação de presos sem o concurso da polícia. Devido a esses fatos,
as instalações se tornaram pequenas e, em 22 de julho de 1997, houve a inauguração
de um novo CRS.

Em 26 de julho de 2002, o antigo prédio da APAC masculina começou a


abrigar as mulheres. Atualmente são aplicados os três regimes de pena e as chaves
ficam sob responsabilidade das recuperandas.

Atualmente, a APAC Itaúna funciona em um prédio próprio, onde administra


duas unidades prisionais (masculina e feminina), dos três regimes de cumprimento de
pena: fechado, semi-aberto e aberto, totalizando 130 recuperandos.

Figura 13: APAC Itaúna - Dormitório do regime aberto.


Fonte: http://www.apacitauna.com.br/index.php?pagina=conteudo/dependencias/frameaberto
(acessado em 10/06/09).

Os índices de reincidência na APAC Itaúna se mantêm inferiores a 10%,


diferentemente do restante do país que se mantêm em torno de 80%. É importante
salientar que nunca houve rebeliões, atos de morte ou extremos de violência na APAC
e, há mais de dois anos, não houve fuga no regime fechado.

39
Figura 14: APAC Itaúna - Portaria de acesso ao corredor do regime fechado.
Fonte: http://www.apacitauna.com.br/index.php?pagina=conteudo/dependencias/framefechado
(acessado em 10/06/09).

A APAC Itaúna se tornou referência a nível nacional e internacional no que


tange à recuperação de presos. Devido a essa experiência diferenciada e positiva, a
APAC Itaúna recebe delegações de vários estados do Brasil e de variadas localidades
do mundo, com o intuito de implantar o método em sua comarca de origem.

Figura 15: APAC Itaúna - Jardim do regime semi-aberto.


Fonte:
http://www.apacitauna.com.br/index.php?pagina=conteudo/dependencias/framesemiaberto
(acessado em 10/06/09).

5.7 PARCERIA ENTRE A PUC E A APAC DE SANTA LUZIA

O Centro de Reintegração Social de Santa Luzia contou com o Projeto


Arquitetônico do Departamento de Arquitetura da PUC de Minas Gerais e foi o primeiro
a ser elaborado para facilitar a aplicação do Método APAC.

“Foi a única unidade prisional, no mundo, a ser construída especificamente


para a implementação do Método Apac. A construção difere de tudo o que se conhece
40
até o presente momento do sistema prisional tradicional, pois rompeu com a idéia de
que o preso deve ser banido do contato social e familiar. A novidade foi tamanha que
técnicos do Ministério da Justiça, ao conhecerem o projeto, afirmaram „trata da maior
revolução em termos de arquitetura prisional‟ ”12.

O projeto contou com uma área de quarenta mil metros quadrados e com
espaços para integração, esporte, trabalho e desenvolvimento de cursos de educação
e profissionalizante.

O Centro da APAC de Santa Luzia foi projetado para abrigar duzentos


condenados, sendo cento e vinte recuperandos do sistema fechado e oitenta do
regime semi-aberto. O CRS atende à Universidade como campo de diversas áreas, o
que é uma operação positiva para ambos os lados. Os condenados recebem serviços
de odontologia, medicina, psicologia, direito, fisioterapia, serviço social, enquanto que
a PUC capacita seus alunos, estagiários do Centro.

5.8 APAC NO PARÁ

Segundo o DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional (2006), havia uma


penitenciária (Centro de Recuperação Social APAC/ SUSIPE) em Ananindeua/PA,
porém, segundo a SUSIPE, o método não foi implantado na sua origem e mais
problemas políticos contribuíram para que a penitenciária voltasse para o sistema
comum.

O fracasso do método em Ananindeua pode ser justificado pela não


implantação do método na sua essência. O método APAC proporciona resultados
acima das expectativas, porém, se o método não for aplicado de forma completa, com
disciplina, estará fadado a fracassar.

Para a implantação de um CRS APAC, é importante que haja, antes de seu


funcionamento, a preparação dos funcionários, a formação dos voluntários (curso de
formação desenvolvido em 42 aulas de uma hora e 30 minutos, cada uma) e a
preparação dos próprios presos no CRS. Por essa necessidade, os presos são
transferidos gradativamente em grupos pequenos em intervalos de 15 dias.
(OTTOBONI, 2001).

12 Informação extraída do site <http://www.forumseguranca.org.br/praticas/apac-ass-de-


protecao-e-assistencia-ao-condenado>. Acesso em: 09 abr. 2009.

41
5.9 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO MÉTODO13

A origem do método necessita de doze elementos fundamentais para seu


bom andamento, que podem ser considerados como os pilares do método, pois, no
conjunto harmonioso deles, têm-se as respostas positivas. Os elementos são:

01º- Participação da comunidade.

A participação da comunidade tem como foco principal a formação de


voluntários. Para isso, é necessária a divulgação pelas igrejas e pela imprensa, para
despertar mais interesse de novos voluntários em colaborar com método e acreditar
que é possível sua aplicação.

A comunidade pode participar através de doações ou com mensalidades,


pagas por meio do carnê de sócio contribuinte.

As empresas podem contribuir através de doações ou de parcerias. As


parcerias podem ser realizadas com o foco para o trabalho dos presos, devido a mão-
de-obra do preso ser mais barata, toda vias o empresário estará contribuindo para a
capacitação profissional e ocupação do preso, além de contribuir com o lucro final da
empresa.

02º- Recuperando ajuda o recuperando.

Primeiramente, a nomenclatura usada “recuperando” se faz mais condizente


com a proposta do método, evitando a utilização de termos depreciativos, como
condenado ou recluso.

É fundamental ensinar o recuperando a viver em comunidade. No método,


eles assumem tarefas importantes e responsabilidades, tanto para com os seus
irmãos recuperandos, quanto com o estabelecimento, a limpeza, a higiene pessoal. O
treinamento de líderes é promovido pela “Representação de Cela”, exercida pelos
próprios recuperandos. A APAC não possui o trabalho de agentes prisionais.

O Conselho de Sinceridade e Solidariedade (CSS) é um órgão auxiliar na


administração da APAC, formado completamente por recuperandos, escolhidos pelo
presidente do CSS, o qual, por sua vez, é escolhido pela diretoria da APAC.

13
As informações a respeito dos elementos fundamentais do método foram todas obtidas com base no
livro de Mário Ottoboni – O método APAC.

42
O CSS cuida da disciplina, da segurança e do histórico de cada recuperando,
buscando soluções práticas, simples e econômicas para os problemas e os anseios da
população prisional, mantendo-se a disciplina. Cabe ao CSS a análise das faltas e a
sugestão de punição ou benefício por mérito.

03º- Trabalho.

Não é somente o trabalho que recupera o ser humano. Caso fosse, muitos
países de primeiro mundo teriam encontrado a solução para os problemas da
reincidência nas prisões particulares, que, mesmo com modernas instalações e
trabalho efetivo realizado no interior dessas prisões, continuam com índices de
reincidência indesejáveis.

Como a Constituição Federal prevê o cumprimento de pena no modo


progressivo, faz-se necessário um trabalho específico para cada regime.

Regime Fechado: Ênfase na recuperação de valores em todos os sentidos,


não há lugar para ociosidade. A rotina diária é repleta de atividades, dentre elas
cursos supletivo, cursos profissionalizantes, terapia ocupacional e produção de
trabalhos laborais, estimulando a criatividade, como artesanato. Os trabalhos
produzidos geram renda ao recuperando

Regime Semi-aberto: Maior preocupação está na profissão. Se o


recuperando não tiver uma profissão definida, é o momento oportuno para tê-la.

Dependendo do comportamento do recuperando, ele pode trabalhar dentro ou


fora dos muros do centro, podendo realizar atividades diversas. Na horta, por exemplo,
os frutos podem ser destinados à cozinha ou oferecidos à comunidade. Podem
trabalhar, ainda, na fábrica de blocos, na carpintaria ou na administração.

Todos seguem regras bem estabelecidas. Se alguma falta for cometida, por
menor que seja, será punida e, dependendo da gravidade da falta, o recuperando
poderá ter a regressão do regime de cumprimento da pena para o regime fechado.

A LEP (Lei de Execução Penal) favorece as saídas para estudos. Com esse
dispositivo legal, a instituição deverá se esforçar para encaminhar o recuperando em
cursos profissionalizantes ou conseguir bolsas de estudos para a formação de mão-
de-obra em estabelecimentos da cidade como: padarias, oficinas mecânicas,
construtoras (pedreiros, encanador, ferreiro), sapatarias.

43
Regime aberto (prisão-albergue): Propõe que o recuperando tenha uma
profissão definida, podendo trabalhar fora do CRS no período das 6h às 19h (horário
de regresso ao CRS).

04º- A religião e a importância de se fazer uma experiência com Deus.

No método APAC, é necessário que o recuperando tenha uma religião cristã.


A religião é um fator de extrema importância. A experiência de Deus, de amar e ser
amado, deve ser pautada pela ética para que a reciclagem dos valores leve o
recuperando a concluir que Deus é o amigo e sempre estará ao seu lado e assim
aprenda a amar o próximo

A experiência com Deus não pode ser apenas para as pregações, cultos,
missas, para evitar que o recuperando use a religião de maneira irregular, como
maneira para conseguir vantagens.

Segundo Mário Ottoboni (2001, p.78),

Aprendemos que, sob o manto da religião, o preso mascara, negocia,


dissemina o que se passa em seu interior para levar vantagens sobre
grupos religiosos que ali aparecem, os quais inadvertidamente
acabam proclamando a “santidade” desses “convertidos” à direção do
presídio ou autoridades judiciárias, com o indisfarçável objetivo de
conquistar benefícios penitenciários.

A religião contribui para valorização e para restabelecer a confiança do ser


humano. A demonstração de amor dos voluntários em ajudar os recuperandos gera
gestos concretos de misericórdia como está na Bíblia Sagrada: “Estava nu, e me
vestistes; enfermo, e me visitaste; preso, e foste ver-me” (Evangelho de Mateus.
Capítulo 25. Versículo 36).

05º- Assistência Jurídica.

95% da população criminal não têm condições de contratar um advogado, o


que gera inquietações referentes ao andamento do processo e a perda de alguns
benefícios devido ao desconhecimento das leis.

A APAC é a favor e defende a assistência jurídica, porém com os seguintes


cuidados:

44
“a) Esse tipo de assistência deve restringir-se aos condenados engajados na
proposta da APAC e que revelem firmes propósitos de emenda” (OTTOBONI, 2001, p.
82).

“b) Deve-se evitar que a entidade se transforme num escritório de advocacia,


prestando tão-somente assistência àqueles confirmadamente pobres, e nada mais”
(OTTOBONI, 2001, p. 83).

“c) O trabalho não deve ser visto sob esse aspecto jurídico, que passa a
impressão de a metodologia estar voltada apenas para a liberdade do preso,
independentemente do mérito” (OTTOBONI, 2001, p. 83).

“d) O voluntário precisa ser visto como pessoa que realmente quer o bem de
seus semelhantes, mas que atua dentro de um programa sério de trabalho, para não
ser acusado injustamente de “protetor de bandido””.

06º- Assistência à saúde.

Através do trabalho voluntário, é oferecido, aos recuperandos assistência na


área odontológica, médica, psicológica. Como referência em São José dos Campos,
foi solicitado, aos profissionais da área da saúde da comunidade, que oferecessem
duas consultas anuais. Nenhum profissional se recusou e, assim, foram tantos
voluntários da área da saúde que as consultas chegaram a não ser usufruídas.

Com o passar do tempo, houve a construção de um consultório médico, um


consultório odontológico e uma farmácia no APAC de São José dos Campos.

Entretanto, medidas de higiene pessoal, limpeza do CRS, alimentação,


banhos de sol, limpeza da caixa d‟água (uma vez ao ano), atividades de lazer e
entretenimento são essenciais para prevenção de futuras doenças.

07º- Valorização humana, base do método APAC

Os presos, em sua maioria, apesar de demonstrarem uma aparência de mal e


valente, geralmente se sentem um lixo. Por isso, o método visa pôr o ser humano em
primeiro lugar, trabalhando a auto-imagem de pessoa que errou, mas é possível
reverter o quadro e se reintegrar a sociedade de maneira correta.

Atitudes simples como chamá-lo pelo nome, interessar-se por sua história,
visitar sua família, atendê-lo em suas justas necessidades, permitir que ele sente-se à
mesa para fazer refeições diárias e use talheres geram grande resultado positivo e
45
ajudam-no a perceber que nem tudo está perdido. A educação deve se aliar nesse
contexto, haja vista que, no âmbito mundial, é grande o número de presos com
deficiência nesse ponto.

08º- A família.

A presença da família no método é muito importante. Segundo estatística, em


98% dos casos de criminalidade, a família está envolvida, no sentido de lares
desestruturados, em todos os aspectos, sem base ética, cultural, educacional. O
sofrimento com a exclusão social acaba se tornando fonte de delinquência.
(OTTOBONI, 2001, p. 86).

Cabe à parte administrativa criar um departamento para o treinamento de


voluntários por profissionais para fazer visitas à família, fazer encaminhamentos
necessários, como os filhos para a escola ou ao posto de saúde, cestas básicas.

Reestruturar os laços afetivos e fortalecê-los, quando algum membro da


família se envolve, são as primeiras medidas a colaborar para que não hajam
rebeliões, ocupações, fugas.

Visita íntima

É necessário que sejam reguladas e voltadas para a família, para não se


tornarem âmbito de imoralidade e evitar a falta de respeito com os voluntários.

09º- O voluntário e curso de formação

O trabalho voluntário, como a denominação já caracteriza, é voluntario, sendo


gratuito, não havendo nenhum vínculo material. No geral, quando os trabalhos são
remunerados e a instituição não tem como fazer seus efetivos pagamentos ou há
dificuldades, o serviço é interrompido. Os trabalhos remunerados são admitidos
apenas no setor administrativo, porque foge da característica de voluntário.

Os voluntários prestam serviço direto aos condenados, sendo em diversas


áreas, preferencialmente na área de atuação ou formação, em serviços como
plantonistas, psicólogo, assistente social, médico, dentista, advogado, enfermeiro,
pastor, professor (de alfabetização, de música, de artes). Os voluntários devem ter
uma conduta exemplar na vida particular e familiar, ter uma espiritualidade exemplar
(cristã).

46
A formação do voluntario é através do Curso de Estudos e Formação de
voluntários. O curso é composto de 42 aulas de uma hora e 30 minutos cada uma,
sendo aconselhável ser ministrado em duas aulas por semana. A FBAC tem equipes
que fazem seminários com duração de três dias, para o conhecimento do método.

Após o voluntário ter concluído o curso e estar desempenhando sua


atividade, é interessante elaborar cursos de aperfeiçoamento em várias áreas de
atuação do método, como: cursos bíblicos, jurídicos, técnicas de comunicação.

A maioria dos recuperandos tem uma imagem negativa do pai, da mãe, ou de


ambos. Nesse caso, entra a presença dos “casais padrinhos”, voluntários que ajudam
a desfazer a imagem negativa dos pais com enfoque em Deus.

A participação dos voluntários está amparada pelo artigo 4º, da Lei de


Execução Penal, que diz que o Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade
nas atividades de execução da pena e da medida de segurança

10º- Centro de Reintegração Social – CRS.

Não há locais suficientes para o cumprimento das penas nos regimes aberto
e semi-aberto. A APAC criou o CRS, onde há três pavilhões, um para cada regime de
cumprimento de pena, assim o recuperando pode cumprir a sua pena no mesmo local,
sem necessitar ser transferido.

O estabelecimento do CRS possibilita, ao recuperando, cumprir sua pena


próximo aos seus amigos e familiares. Essa medida favorece a formação de mão-de-
obra especializada e a reintegração social.

11º- Mérito.

Os recuperandos têm suas vidas prisionais acompanhadas diariamente


(quando o recuperando chega a CRS é aberta uma pasta-prontuário, onde são
registradas as suas atividades, saídas, advertências e elogios), com o intuito de
promover ao progresso de sua pena

Esse acompanhamento é feito por profissionais ligados a APAC, os quais


formam a CTC (Comissão Técnica de Classificação), onde se avalia e se classifica os
recuperandos quanto às necessidades de receber tratamento individual, de cessação
de periculosidade, de dependência toxicológica e, quando necessário, da realização
dos exames necessários para o progresso do regime.

47
12º- Jornada de Libertação em Cristo.

É de grande importância para a recuperação do preso. É um encontro anual


baseado em três dias de reflexões, palestras, em uma mistura de valorização humana
e religião, meditação e testemunho dos participantes, música e mensagens.

Tem o objetivo de fazer com que o recuperando repense o verdadeiro sentido


da vida. Todos os recuperandos dos três regimes (fechado, semi-aberto e aberto)
deverão participar, sendo preferencialmente a participação durante regime fechado.

5.10 COMPARAÇÕES

5.10.1 Participação da Comunidade:

Na APAC, nota-se a inserção gradativa do preso na comunidade a partir da


participação da comunidade dentro do processo do cumprimento de pena, haja vista
que a comunidade é um elemento fundamental para introdução do método APAC
(OTTOBONI 2001).

“O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de


execução da pena e da medida de segurança” (LEP Art.4, BRASIL, 1984) Na própria
lei, percebe-se o apelo para a participação da comunidade. No entanto, o Sistema
Penitenciário Atual, não trás uma proximidade marcante entre a comunidade e
população carcerária.

Segundo Carlos Azevedo, a comunidade por meio de suas frentes de


liderança, deve exercer um papel de participação dentro da questão carcerária para a
preparação do preso de volta a sociedade. A não participação da comunidade dá
forças para a tendência de transformação das prisões em universidades do crime.

No Sistema Penitenciário Atual não se nota a participação efetiva da


comunidade.

5.10.2 Capacidade:

A capacidade das penitenciárias é um diferencial entre os dois sistemas. O


Sistema Comum, por meio do Ministério da Justiça, estabelece que a capacidade

48
mínima para penitenciárias é de trezentos14 presos, favorecendo um ponto positivo em
redução de custo por meio de infra-estrutura e espaço.

No método APAC, priorizam-se estabelecimentos menores como exemplo a


APAC de Itaúna, que abriga 16015 presos dos três regimes. Com um menor número de
detentos, há uma maior proximidade entre os presos e os funcionários, além de um
controle mais facilitado das ações do cotidiano.

Segundo Valdeci Antônio Ferreira16, somente com a redução do número de


detentos torna-se possível a administração conhecer bem os presos e até seus
familiares, sendo de importância para um acompanhamento mais próximo e mais
pessoal, necessário para melhor compreensão dos problemas individuais e uma
orientação mais adequada (AGOSTINI, 2002).

Com a redução da população carcerária é possível abrigar presos que


tenham seus familiares próximos, sendo um ponto importante para o
acompanhamento da pena dos detentos. Uma unidade de maior porte comumente
abriga presos de outras regiões.

5.10.3 Segurança:

O Sistema Penitenciário comum apresenta maiores investimentos em


segurança, devido à maior quantidade de profissionais (agentes carcerários e
vigilantes). As Diretrizes Básicas para construção, ampliação e reforma de
estabelecimentos penais do Ministério da Justiça, advertem que os muros ou
alambrados externos que delimitem o estabelecimento penal, de regime fechado
deverão possuir 6,00m de altura acima do nível do solo.

Na APAC, a segurança é simplória, os muros são convencionais, possuindo


em torno de 3,00m a 4,00m de altura e são atribuídas responsabilidades para os

14
Esse valor poderá ser alterado para um quantitativo maior ou menor, caso justificado tecnicamente e
a aprovado. Informações extraídas das Diretrizes Básicas para construção, ampliação e reforma de
estabelecimentos penais.
15
Informações extraídas do site da APAC de Itaúna,

<http:// http://www.apacitauna.com.br/> acessado em: 01 de outubro de 2009.


16
Diretor da APAC Itaúna em 2002.

49
próprios presos. Eles são responsáveis pela manutenção de todas as dependências
do estabelecimento, além de deterem o domínio das próprias chaves, porém devem
respeitar as expectativas institucionais, não saindo do estabelecimento sem
autorização.

Ainda esta semana estava na parte externa [da penitenciária]


pintando a parede [Arísio Resende, preso na APAC Itaúna e
condenado por tráfego de drogas]. Mas não dá para pensar em
fugir e estragar toda essa oportunidade de recuperar de fato e
voltar para o convívio de minha família.
(HEMERSON, 2002. p.10 apud. AGOSTINNI, 2002).

É perceptível que, quanto mais elevados os níveis de segurança em um


estabelecimento penal, mais violento e menos humanizado é o processo de
cumprimento da pena. Esse fato é um indicador de que a arquitetura prisional deve
tomar, como base, a diminuição dos níveis que se associam ao conceito de
segurança, assim ultrapassada a idéia de que esta é finalidade do estabelecimento
penal em si (AGOSTINNI, 2002).

Segurança máxima não existe, porque o preso também é inteligente.


Ele tem muito mais tempo do que nós para pensar. O que vai segurar
o preso não é a segurança, esses blocos, toda essa parafernália, mas
a aceitação por parte dele de ficar aqui.
(DE SÁ, 1990).

5.10.4 Progressão da pena:

Segundo AGUSTINI (2002), no Sistema Comum, é possível encontrar dois


regimes (fechado e semi-aberto) na mesma área, porém sem contato direto com uma
grande separação espacial. O que ocorre é uma progressão da pena, porém não há
uma progressão espacial, no seu interior se faz presente a mesma rigidez do sistema
fechado. Esse fato pode ser justificado pelo foco na segurança ou pela padronização
dos projetos.

A APAC trás como iniciativa os três regimes, porém em estruturas separadas,


com aspectos diferentes, específicos para cada tipo de pena. Assim, o espaço vira
protagonista no tratamento da pena, tendo um valor para os presos, os presos de bom
comportamento passam para o regime semi-aberto tendo direito a efetuar mais

50
17
atividades cotidianas, enquanto que os presos de “mau comportamento” ficam no
regime fechado onde tem estruturas mais rígidas de segurança e atividades restritas
(AGOSTINNI, 2002).

Os três regimes juntos proporcionam o não deslocamento do preso para outro


estabelecimento, o que poderá ocasionar o afastamento da familiar no cumprimento
da pena.

A permanência dos três regimes no método APAC é questionada pela


questão da segurança. Em caso de rebelião, pode-se espalhar para os três sistemas.

5.10.5 Localização:

A legislação Brasileira vigente dá preferência os estabelecimentos penais


afastados dos centros urbanos e em áreas pouco adensadas, como é a maioria das
penitenciárias do Estado do Pará, como: o Centro de Recuperação Americano I, o
Centro de Recuperação Americano II, Centro de Recuperação Especial Cel Neves,
Centro de Recuperação Regional de Tucuruí (DEPEN 2006).

Os Centros de Reintegração Social da APAC são, em geral na periferia,


porém em áreas onde se percebe maior adensamento do que nas áreas ocupadas
pelos estabelecimentos do sistema comum. Esse fato favorece a participação da
comunidade no processo de execução da pena dos presos, além de toda a infra
estrutura urbana como rede elétrica, rede de saneamento, rede de comunicação,
rodovias, linhas de ônibus que favorecem a implantação e, no caso das linhas de
ônibus, favorece os detentos do regime aberto, os quais se ausentam do
estabelecimento pela manhã para trabalhar e retornam no final da tarde. Há o exemplo
da APAC Itaúna, onde o ponto de ônibus é em frente à penitenciária.

Segundo o Arquiteto Flávio Mourão Agustinni, os estabelecimentos penais


próximos aos centros urbanos geram uma procura maior de emprego naquela área,
em virtude dos parentes dos detentos quererem estar próximos do preso, além de
fomentar geração de empregos, decorrente da necessidade de mão-de-obra para o

17
Não é um fato que os presos de mau comportamento são do regime fechado, no entanto, é
necessário, além do bom comportamento, aptidão e disciplina o cumprimento de 1/6 (um sexto) da
pena, para poder progredir do regime fechado para o semi-aberto. (LEP Art.37 Lei Nº 7.210, DE 11
DE JULHO DE 1984)

51
funcionamento do estabelecimento penal, proporciona também um aumento do
comércio informal efetuado por ambulantes em dias de visitas.

Para Agustinni, as penitenciárias são mais um motivo para o adensamento e


a extensão do tecido urbano. Em sua análise, é apresentado como exemplo o
arquiteto Willem Jan Neutelings, o qual fez estudos de penitenciárias em centros
urbanos adensados, onde ocorria uma redução do perímetro de construção,
possibilidade de verticalização e aproveitamento das lajes de cobertura para
realização de atividades.

Figura 16: Neutelings: modelo tridimensional de penitenciária inserida em área urbana


adensada.

Fonte: AGOSTINNI, 2002 apud. EL CROQUIS, 1999. P 107.

5.10.6 Reincidência:

Analisando os índices de reincidência nas penitenciárias brasileiras que são


de 70% (GOMES, 2009) e os índices internacionais na Europa e América do Norte,
percebe-se um índice de 60% de reincidência (AGOSTINNI, 2002). Há uma grande

52
diferença quando comparados aos índices da APAC, em que a reincidência se
manteve inferior a 5% (OTTOBONI, 2001, p 105).

Tendo esses índices, é válido analisar posicionamento de Cesar Barros


18
Leal . Segundo ele, não há justificativas para a falência de um sistema onde as
instituições carcerárias em sua maioria são todas modernas, no entanto, resta como
resposta a afirmativa de que o problema está na prisão em si.

5.11 CONDICIONANTES LEGAIS

 Plano Diretor do Município de Marituba.

 BRASIL 2006. Diretrizes básicas para construção, ampliação e reforma


de estabelecimentos penais.
 Código de Obras do Município de Marituba.

 NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário espaços e


equipamentos urbanos.

 NBR 9077 - Saídas de emergência em edifícios.

 BRASIL 2007 – Restaurantes populares. Roteiro de Implantação.

6.0 METODOLOGIA

A primeira fase do projeto de TFG consiste no conhecimento através de


pesquisas do Método APAC: como surgiu, como é aplicado, sua eficiência, sua
estrutura.

Após a vivência, a APAC Itaúna (Belo Horizonte/ MG), tida como referência
nacional e internacional no uso do método APAC, pôde ter o contato com os
recuperandos e a análise das estruturas necessárias para o desenvolvimento do
método APAC.

O programa de necessidades e o pré-dimensionamento desenvolveram-se


através do enquadramento do método APAC, com a lei para elaboração de
estabelecimentos penais.

18
Autor do livro: Prisão, crepúsculo de uma era.

53
Em seguida, a confecção do organograma, fluxograma e setorização do
partido geral foram produzidos visando a melhor utilização do espaço como
coadjuvante para recuperação dos presos.

Por fim, a elaboração do Anteprojeto de Arquitetura do Centro de


Reintegração Social.

7.0 PROGRAMA DE NECESSIDADES:

O programa de necessidades tem como objetivo relacionar todos os espaços


necessários para o desenvolvimento do método APAC, porém ao analisar em loco o
espaço da APAC, percebe-se o não cumprimento de algumas leis, como exemplo a
quantidade de preso por cela. Na APAC, utiliza-se oito presos na mesma cela, sendo
que o máximo permitido pela lei são seis presos. Infelizmente na realidade isso não
ocorre, derivando espaços projetados para seis indivíduos abrigarem um número
elevado.Todavia, o projeto se manterá fiel ao cumprimento das leis.

Abaixo segue a listagem do programa de necessidades:

7.1 Acesso:

 Guarita de Controle com Lavabo.

 Acesso de Veículos.

 Saída de Veículos.

 Acesso de Pedestres.

 Saída de Pedestres.

7.2 Administração:

 Secretaria/ Recepção.

 Sanitário Masculino.

 Sanitário Feminino.
54
 Sanitário para PNE (Portador de Necessidades Especiais).

 Sala do Gerente do Regime Fechado com Lavabo.

 Sala do Gerente do Regime Aberto e Semi Aberto com Lavabo.

 Financeiro.

 Jurídico.

 Sala de Reunião.

 Sala do Diretor com Lavabo.

 Copa.

7.3 Cozinha:

 Recepção/ Pré Higienização.

 D.M.L (Depósito de Materiais de Limpeza).

 Depósito de Caixas.

 Vestiário.

 Sala de Capacitação Profissional.

 Despensa.

 Câmara Fria.

 Câmara de Congelados.

 Pré Preparo de Carnes.

 Pré Preparo de Vegetais.

 Área de Cocção.

 Distribuição da Refeição.

 Sala da Nutricionista.

 Higienização do Material.

55
 Depósito do Material.

 Depósito de Lixo

7.4 Regime Aberto:

 Recepção.

 5 Celas (30 recuperandos, 6 rec.x cela).

 Farmácia.

 Sala de Atendimento.

 Refeitório/ Sala de TV.

 Copa/ Cozinha.

 Área de lazer.

 Área de Lavagem de Roupas/ Varal.

7.5 Regime Semi Aberto:

 Controle.

 Parlatório.

 Consultório Médico.

 Consultório Odontológico.

 Sala do Psicólogo.

 Atendimento Jurídico.

 Farmácia.

 Serviço Social.

 Biblioteca.

56
 3 Salas de aula – 15 alunos.

 Depósito de ferramentas.

 Controle do depósito.

 CSS (Conselho de Sinceridade e Solidariedade).

 Capela.

 Conveniência.

 Depósito da Loja de Conveniência

 Refeitório.

 30 Celas c/ Banheiro (120 recuperandos, 4 rec.x cela).

 1 Cela Individual c/ Banheiro19

 1 Cela para PNE

 4 Suítes para visita íntima, sendo adaptado para PNE.

 Auditório – 120 pessoas.

 Sanitário Masculino.

 Sanitário Feminino.

 Sanitário PNE

 Área de Lazer.

 Área de Lavagem de Roupa com Varal.

 3 Quiosques.

 Horta.

 Oficina com Lavatório.

19
Em torno de 5% da capacidade total da penitenciária ou cadeia pública deverá ser de celas individuais,
caso o haja problemas de convívio entre os presos (Portaria Ministério da Justiça/ DEPEN nº 01, de
27.01.2004).

57
 Fábrica de Blocos com Lavatório.

 Carpintaria com lavatório

7.6 Regime Fechado:

 Controle.

 Consultório Médico.

 Consultório Odontológico.

 Sala do Psicólogo.

 Atendimento Jurídico.

 Farmácia.

 Serviço Social.

 Biblioteca.

 4 Salas de aula para 20 alunos.

 Parlatório.

 Capela.

 CSS (Conselho de Sinceridade e Solidariedade).

 Refeitório.

 Conveniência.

 Depósito Conveniência

 Copa.

 Depósito da Copa.

 50 Celas (150 recuperandos, 3 rec.x cela).

58
 4 Celas Individuais com Banheiro20

 2 Celas Adaptadas para PNE com Banheiro

 Área de convívio/ Lazer.

 10 Quiosques

 Lavanderia/ Secagem.

 Laborterapia.

 Auditório. – 150 pessoas.

 6 Suítes para visita intima, sendo 1 adaptada para PNE.

 Sanitário Masculino.

 Sanitário Feminino.

 Sanitário para PNE.

7.7 Infra Estrutura:

 Castelo de Água (cisterna, barrilete e reservatório).

 Depósito de Lixo (orgânico, reciclável, hospitalar).

 Cabine do Transformador.

 Cabine de Medição.

20
Em torno de 5% da capacidade total da penitenciária ou cadeia pública deverá ser de celas individuais,
caso o haja problemas de convívio entre os presos (Portaria Ministério da Justiça/ DEPEN nº 01, de
27.01.2004).

59
8.0 PRÉ DIMENSIONAMENTO:

ACESSO

Guarita de Controle A± 4,00m²

Lavatório (Guarita de Controle) A± 1,50m²

TOTAL A± 5,50m²

ADMINISTRAÇÃO

Secretaria/ Recepção. A± 20,00m²

Sanitário Masculino. A± 6,00m²

Sanitário Feminino. A± 6,00m²

Sanitário para PNE (Portador de Necessidades A± 2,50m²


Especiais).

Sala do Gerente do Regime Fechado com Lavabo. A± 12,00m²

Sala do Gerente do Regime Aberto e Semi Aberto com A± 12,00m²


Lavabo.

Financeiro. A± 9,00m²

Jurídico. A± 9,00m²

Sala de Reunião A± 20,00m²

Sala do Diretor com Lavabo A± 20,00m²

Copa A± 6,00m²

TOTAL A± 104,50m²

60
COZINHA

Recepção/ Pré Higienização. A± 40,00m²

D.M.L (Depósito de Materiais de Limpeza). A± 9,00m²

Depósito de Caixas. A± 9,00m²

Vestiário. A± 20,0m²

Sala de Capacitação Profissional. A± 50,00m²

Despensa. A± 15,00m²

Câmara Fria. A± 12,00m²

Câmara de Congelados. A± 12,00m²

Pré Preparo de Carnes. A± 15,00m²

Pré Preparo de Vegetais. A± 15,00m²

Área de Cocção. A± 80,00m²

Distribuição da Refeição. A± 20,00m²

Sala da Nutricionista. A± 15,00m²

Higienização do Material. A± 6,00m²

Depósito do Material. A± 6,00m²

Depósito de Lixo . A± 12,00m²

TOTAL A± 440,0m²

61
REGIME ABERTO

Recepção. A± 15,00m²

5 Celas (30 recuperandos, 6 rec.x cela). 1C.=A± 12,00m² - 5C.=A± 60,00m²

Farmácia. A± 15,00m²

Sala de Atendimento. A± 15,00m²

Refeitório/ Sala de TV. A± 50,00m²

Copa/ Cozinha. A± 10,00m²

Área de lazer. A± 300,00m²

Área de Lavagem de Roupas/ Varal. A± 30,00m²

TOTAL A± 495,00m²

REGIME SEMI ABERTO

Controle. A±2 ,00m²

Parlatório. A± 12,00m²

Consultório Médico. A± 12,00m²

Consultório Odontológico. A± 12,00m²

Sala do Psicólogo. A± 12,00m²

Atendimento Jurídico. A± 12,00m²

Farmácia. A± 12,00m²

Serviço Social. A± 12,00m²

Biblioteca. A± 30,00m²

3 Salas de Aula. 1SA= A± 20,00m² - 3SA= A± 60,00m²

62
Depósito de ferramentas. A± 9,00m²

Controle do depósito. A± 4,00m²

CSS (Conselho de Sinceridade e A±15,00m²


Solidariedade).

Capela. A± 30,00m²

Conveniência. A± 9,00m²

Depósito da Loja de Conveniência A± 6,00m²

Refeitório. A± 80,00m²

30 Celas c/ Banheiro (120 recuperandos, 4 1C= A± 12,00m² - 30C= A± 360,00m²


rec.x cela).

1 Cela Individual c/ Banheiro21 A± 6,00m²

1 Cela para PNE A± 8,00m²

4 Suítes para visita íntima, sendo adaptado 1S=A± 12,00m² - 4S=A± 48,00m²
para PNE.

Auditório – 120 pessoas. A± 200,00m²

Sanitário Masculino. A± 6,00m²

Sanitário Feminino. A± 6,00m²

Sanitário PNE A± 2,50m²

Área de Lazer. A± 800,00m²

Área de Lavagem de Roupa com Varal. A± 30,00m²

3 Quiosques. 1Q = A± 9,00m² - 3Q= A±27,00m²

Horta. A± 300,00m²

21
Em torno de 5% da capacidade total da penitenciária ou cadeia pública deverá ser de celas individuais,
caso o haja problemas de convívio entre os presos (Portaria Ministério da Justiça/ DEPEN nº 01, de
27.01.2004).

63
Oficina com Lavatório. A± 80,00m²

Fábrica de Blocos com Lavatório. A± 80,00m²

Carpintaria com lavatório A± 80,00m²

TOTAL 2.305,05m²

REGIME FECHADO

Controle. A± 20,00m²

Consultório Médico. A± 12,00m²

Consultório Odontológico. A± 12,00m²

Sala do Psicólogo. A± 12,00m²

Atendimento Jurídico. A± 12,00m²

Farmácia. A± 12,00m²

Serviço Social. A± 12,00m²

Biblioteca. A±80,00m²

4 Salas de aula para 20 alunos. 1SA= A± 20,00m² - 3SA= A± 80,00m²

Parlatório. A± 12,00m²

Capela. A±30,00m²

CSS (Conselho de Sinceridade e A± 12,00m²


Solidariedade).

Refeitório. A± 130,00m²

Conveniência. A±9,00m²

Depósito Conveniência A± 6,00m²

64
Copa. A±12,00m²

Depósito da Copa. A±6,00m²

50 Celas (150 recuperandos, 3 rec.x cela). 1C=A± 8,00m² - 50C=A± 400,00m²

4 Celas Individuais com Banheiro22 1C=A± 6,00m² - 4C=A± 24,00m²

2 Celas Adaptadas para PNE com Banheiro 1C=A± 8,00m² - 2C=A± 16,00m²

Área de convívio/ Lazer. A± 800,00m²

10 Quiosques 1Q=A± 9,00m² - 10Q=A± 90,00m²

Lavanderia/ Secagem. A± 24,00m²

Laborterapia. A± 400,00m²

Auditório. – 150 pessoas. A± 200,00m²

6 Suítes para visita intima, sendo 1 adaptada A± 12,00m²


para PNE.

Sanitário Masculino. A± 6,00m²

Sanitário Feminino. A± 6,00m²

Sanitário para PNE. A± 2,50m²

TOTAL A± 2.449,50m²

22
Em torno de 5% da capacidade total da penitenciária ou cadeia pública deverá ser de celas individuais,
caso o haja problemas de convívio entre os presos (Portaria Ministério da Justiça/ DEPEN nº 01, de
27.01.2004).

65
INFRA ESTRUTURA

Catelo de água (cist., bar., reserv.) A± 20,00m²

Dep. Lixo (org., rec., hosp.) A± 40,00m²

Cabine de medição A± 25,00m²

Cabine do transformador A± 15,00m²

TOTAL A± 100,00m²

ÁREAS TOTAIS

Acesso A± 5,50m²

Administração A± 104,50m²

Regime Aberto A± 495,00m²

Regime Semi Aberto A± 2.350,05m²

Regime Fechado A± 2.449,50m²

Infra Estrutura A± 100,00m²

TOTAL A±5.504,55 m²

66
9.0 ORGANOGRAMA:

9.1 Organograma por Módulos:

9.2 Administração:

67
9.3 Regime Aberto:

9.4 Regime Semi Aberto .

68
9.5 Regime Semi Aberto – Área Externa .

9.6 Regime Semi Aberto – 2ª Pavimento .

69
9.7 Cozinha.

9.8 Regime Fechado.

70
9.9 Regime Fechado Área Externa.

9.10 Regime Fechado 2º Pavimento.

71
9.11 Infra Estrutura

10.0 FLUXOGRAMA:

10.1 Fluxograma por Módulos:

72
10.2 Administração:

10.3 Regime Aberto:

73
10.4 Regime Semi Aberto.

74
10.5 Regime Semi Aberto – Área Externa.

10.6 Regime Semi Aberto – 2º Pavimento.

75
10.7 Cozinha.

10.8 Regime Fechado.

76
10.9 Regime Fechado - Área Externa.

10.10 Regime Fechado – 2º Pavimento.

77
10.11 Infra Estrutura

11.0 ANTEPROJETO DE ARQUITETURA

O Anteprojeto do CRS tem como diretriz a união das necessidades do método


APAC com as recomendações do Ministério da Justiça para Estabelecimentos penais.

Foram criadas dez edificações, sendo quatro para atender as necessidades de


infraestrutura:

 Reservatório.

 Depósito de Lixo.

 Cabine dos Transformadores

 Cabine dos Medidores.

Uma edificação de controle de acesso:

 Pórtico.

Um bloco administrativo:

 Administração.

Quatro blocos destinados a vivência dos recuperandos:

 Regime Fechado.
78
 Regime Semi Aberto.

 Regime Aberto.

 Cozinha.

11.1 Sistema Viário

O Centro de Reintegração Social possui um sistema viário com uma rua


principal de duas faixas de rolamento (sentido de entrada e saída da edificação), cada
com 7,00 metros de largura, separadas por um canteiro com largura de 1,20m, essa
via que corta o complexo na direção nordeste e sudoeste é interligada por três vias
secundárias com largura de 6m.

A primeira interligação (análise feita de baixo para cima da prancha 01/18 –


Planta de Implantação) entre a via principal e a via secundária articula com as
instalações de serviço (depósito de lixo, medidores, transformadores) e circunda os
blocos da cozinha e do regime aberto.

A segunda interligação possui uma rotatória com diâmetro de 8,60m, para


facilitar a manobra de veículos automotivos de grande porte e articula com o acesso
dos blocos do regime fechado e semi aberto.

A terceira interligação tem o caráter de circundar as edificações para facilitar o


acesso a todas as faces das edificações, favorecendo em caso de algum sinistro.

11.2 Estacionamento

As vagas de estacionamento foram projetadas segundo Lei de Edificações, Nº


7.400 de 25 de janeiro de 1988, Art. 62, §1º, onde menciona a largura útil mínima de
2,40m (dois metros e quarenta centímetros) de profundidade útil mínima de 4,50m
(quatro metros e cinquenta centímetros).

As vagas destinadas a portadores de deficiência física, obedeceram a ABNT


NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. Item 6.12.1 b, sendo indicada a utilização de espaço adicional de circulação
com mínimo de 1,20m (um metro e vinte centímetros)

No Bloco Administrativo foram projetadas oito (8) vagas de estacionamento,


sendo duas (2) para portadores de necessidades especiais e cinco (5) vagas para os
funcionários:

79
 Diretor.

 Setor Financeiro.

 Gerência do Regime Semi Aberto e Regime Aberto.

 Gerência do Regime Fechado.

 Setor Jurídico.

As três (3) vagas restantes são destinadas a visitantes e voluntários.

No Regime Aberto foram projetadas cinco (5) vagas, destinadas aos


voluntários regime, sendo uma (1) vaga para PNE.

No Regime Semi Aberto foram projetadas dez (10) vagas, destinadas aos
voluntários do regime, sendo uma (1) vaga PNE.

No Regime Fechado foram projetadas dez (10) vagas, destinadas aos


voluntários do regime e da cozinha, sendo uma (1) vaga PNE.

11.3 Edificações

As edificações apresentam a mesma linha arquitetônica, caracterizada pelo


mesmo modelo das platibandas na cor da APAC, azul. Para Gurgel (2003, p. 254) não
existe cor mais natural e suave que o azul, é a cor da tranquilidade, harmonia e paz.

Calhas largas nas extremidades para facilitar a manutenção, com chanfro em


45º nas partes inferiores como elemento estético e de composição das calhas, sendo
dificultador no caso de tentativa de escalada.

A modulação estrutural contínua para facilitar o cálculo estrutural e a execução


da obra funciona como elemento estético devido sua saliência, a qual da ritmo e marca
a fachada. Os pilares recebem a coloração amarela, segundo Gurgel (2003, p.258) a
cor amarelo é espontânea, divertida, revitaliza o espírito e ilumina a alma, estimula a
criatividade e o intelecto. O uso da cor é para modificar a imagem dos
estabelecimentos penais, os quais em geral são em tons neutros.

Alguns pilares têm dimensões reduzidas para abrigar os tubos coletores de


água pluvial, causando nas fachadas a impressão da ausência de condutores e a idéia
de pilares totalmente maciços.

80
O emprego de esquadrias contínuas permite mais continuidade na fachada,
deixando as edificações mais imponentes, além de permitir maiores abertura para a
ventilação e a iluminação natural, itens de grande importância para o projeto de uma
edificação confortável.

As celas é o local de repouso e de grande permanência dos detentos, devido a


esse fator, no projeto das celas foi reservado um local para uma mesa com bancos
(mesma quantidade de recuperandos) para estimular a leitura, o estudo e
comunicação por meio de cartas. O projeto das celas teve regra aproveitar ao máximo
um pequeno espaço e torná-lo funcional, levando em consideração o conforto
ambiental e as diretrizes do Ministério da Justiça. (ver anexo II: Imagens -
Perspectivas Eletrônicas).

Os blocos dos regimes Fechado e Semi Aberto são os que abrigam os


recuperandos no início e no meio da trajetória para inserção social. Nesses regimes,
necessita-se de um cuidado maior com os detentos. O anteprojeto de arquitetura,
visando isso, teve como base uma separação de fluxos, realizado no controle das
edificações, que dá acesso para as duas extremidades; uma de maior convívio dos
presos e outro de maior convívio de voluntários.

11.4 Pranchas de desenho

O Anteprojeto, em anexo I (Pranchas de desenho), possui um total de 18


(dezoito) pranchas em formato A0:

 PRANCHA 01/18- PLANTA DE IMPLANTAÇÃO.

 PRANCHA 02/18- PLANTA BAIXA - PAVIMENTO TÉRREO (REGIME


FECHADO.

 PRANCHA 03/18- PLANTA BAIXA - PAVIMENTO SUPERIOR E


PLANTA DE COBERTURA (REGIME FECHADO).

 PRANCHA 04/18- PLANTA DE COBERTURA DO PAVIMENTO


SUPERIOR E SECÇÕES 01 A 04 (REGIME FECHADO).

 PRANCHA 05/18- ELEVAÇÕES 01, 02 E 03 (REGIME FECHADO).

 PRANCHA 06/18- LAY OUT - PAVIMENTO TÉRREO E SUPERIOR


(REGIME FECHADO).

81
 PRANCHA 07/18- PLANTA BAIXA - PAVIMENTO TÉRREO (REGIME
SEMI ABERTO).

 PRANCHA 08/18- PLANTA BAIXA - PAVIMENTO SUPERIOR E


PLANTA DE COBERTURA (REGIME SEMI ABERTO).

 PRANCHA 09/18- PLANTA DE COBERTURA DO PAVIMETNO


SUPERIOR E SECÇÕES (REGIME SEMI ABERTO).

 PRANCHA 10/18- ELEVAÇÕES 01, 02 E 03 (REGIME SEMI ABERTO).

 PRANCHA 11/18- LAY OUT - PAVIMENTO TÉRREO E SUPERIOR


(REGIME SEMI ABERTO).

 PRANCHA 12/18- PLANTA BAIXA, PLANTA DE COBERTURA E


LAY OUT (REGIME ABERTO).

 PRANCHA 13/18- SECÇÕES 01, 02 E 03 E FACHADAS 01, 02, 03 E


04 (REGIME ABERTO).

 PRANCHA 14/18- PLANTA BAIXA, PLANTA DE COBERTURA E


LAY OUT (COZINHA).

 PRANCHA 15/18- SECÇÕES E ELEVAÇÕES (COZINHA).

 PRANCHA 16/18- PLANTA BAIXA, PLANTA DE COBERTURA,


LAY OUT, SECÇÕES. E ELEVAÇÕES (ADMINISTRAÇÃO).

 PRANCHA 17/18- MEDIDORES, TRANSFORMADOR E DEPÓSITO DE


LIXO (INFRA ESTRUTURA).

 PRANCHA 18/18- GUARITA E RESERVATÓRIO (INFRA ESTRUTURA


E ACESSO).

82
12.0 CRONOGRAMA

ETAPA JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

1. Realização da pré-defesa.

2. Reformulação da Proposta de
Trabalho (se necessário).

3. Visita a APAC Itaúna.

4. Programa de Necessidades.

5. Pré Dimensionamento.

6. Setorização e partido geral.

7. Elaboração das plantas

8. Redação e organização do
relatório final.

9. Revisão de texto

10. Defesa do trabalho.

13.0 REFERÊNCIAS

AGOSTINI, Flávio Mourão. O Edifício Inimigo: A Arquitetura de


Estabelecimentos Penais no Brasil. Belo Horizonte/ MG: Dissertação
(mestrado) - Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas
Gerais, 2002. 155p.
APAC - ASS. DE PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA AO CONDENADO Disponível
em: <http://www.forumseguranca.org.br/praticas/apac-ass-de-protecao-e-assistencia-
ao-condenado>. Acesso em: 09 abr. 2009.

APAC ITAÚNA: histórico. Disponível em:


<http://www.apacitauna.com.br/index.php?pagina=conteudo/framehistorico>. Acesso
em: 12 mar. 2009.

83
AZEVEDO, Carlos. Isto é possível; você está vendo cenas de um presídio de
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