Você está na página 1de 10

3393

Fatores determinantes da carga de trabalho

ARTIGO ARTICLE
em uma unidade básica de saúde

Decisive factors relating to workload in a primary healthcare unit

Nilson Rogério da Silva 1

Abstract Work-related diseases o either physical Resumo As doenças decorrentes do exercício pro-
or emotional origin have been on the increase in fissional, sejam de ordem física ou emocional, têm
contemporary society in the different work sec- apresentado aumento crescente na sociedade atu-
tors. They have had a profound impact on health al, nos diferentes segmentos laborativos, com pro-
professionals, such as physicians, dentists, nurses, jeção significativa junto aos profissionais da saúde
nursing assistants and administrative assistants como médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares
in the primary healthcare units. This study aimed de enfermagem e auxiliares administrativos en-
to establish the decisive factors relating to work- volvidos com a prestação de serviços nas unidades
load, seeking to identify possible relations between de saúde. Este estudo teve por objetivo conhecer a
the working conditions and their potential im- carga de trabalho e seus fatores determinantes,
pact on worker health. Thirty-one individuals buscando identificar possíveis relações entre as con-
comprised the sample, namely 12 physicians, 3 dições de trabalho e o possível impacto para a saú-
dentists, 1 nurse, 9 nursing assistants, 3 dental de dos trabalhadores. Participaram da amostra 31
assistants and 3 business assistants at a PHU (Pri- indivíduos: 12 médicos, 3 dentistas, 1 enfermeira,
mary Healthcare Unit) in a city in the interior 9 auxiliares de enfermagem, 3 auxiliares odonto-
of the State of São Paulo. For the data collection, lógicos e 3 auxiliares administrativos de uma Uni-
structured interviews were conducted through dade Básica de Saúde (UBS) no interior de São
meetings with the specific groups of workers, such Paulo. Para a coleta dos dados foi elaborado um
that a detailed description of the activities per- roteiro de entrevista estruturado e realizadas reu-
formed by each group could be drafted, as well as niões com os grupos específicos para uma descri-
a survey of the problems and desirable features ção detalhada das atividades realizadas em cada
involved. The results indicated the presence of setor e o levantamento de problemas e de caracte-
physical, cognitive and psychological demands; rísticas desejáveis. Os resultados indicam a pre-
inadequate communication processes; obsolete sença de carga física, carga cognitiva e carga psí-
1
Departamento de Educação equipment; excessive number of users and an in- quica; processo de comunicação inadequado; equi-
Especial, Faculdade de
efficient structure to deal with absenteeism. pamentos obsoletos; número excessivo de usuários
Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Key words Workload, Healthcare professionals, e estrutura frágil para lidar com absenteísmo.
Paulista Júlio de Mesquita Primary healthcare units Palavras-chave Carga de trabalho, Profissionais
Filho - Campus de Marília.
da saúde, Unidade básica da saúde
Av. Hygino Muzzi Filho,
737. 17525-900 Marília
SP. nilson@marilia.unesp.br
3394
Silva NR

Introdução tes fatores, 60% relataram tensão, nervosismo e


depressão, 58,3% dores de cabeça, 60% manifes-
As doenças decorrentes do exercício profissio- taram dificuldades para dormir, 48,2% relata-
nal, sejam de ordem física ou emocional, têm ram cansaço sem razão aparente. Os autores con-
apresentado aumento crescente e significativo na cluíram pela presença de um stress natural junto
sociedade atual entre os diferentes segmentos la- a esse grupo, bem como dificuldades em relação
borativos. Não obstante esta realidade, doenças às condições de trabalho.
ocupacionais têm encontrado projeção signifi- As pesquisas acima mencionadas apontam
cativa junto aos profissionais da saúde como para fatores de risco no que tange a doenças ocu-
médicos, dentistas, enfermeiros e auxiliares de pacionais, sejam as de natureza física, sejam as
enfermagem, cuja responsabilidade é o cuidado emocionais. Por outro lado, parece haver fatores
humano, bem como nos funcionários envolvi- de proteção, como os que apontam Hakanen et
dos com a prestação de serviços nas unidades de al.10. Tais autores identificaram, junto a dentistas
saúde como auxiliares administrativos. Na lite- finlandeses que atuam no serviço público, a exis-
ratura é possível encontrar estudos nesta dire- tência de recursos no trabalho que parecem fa-
ção. Entre os médicos-cirurgiões observa-se fa- vorecer a manutenção do engajamento no tra-
diga física e mental, inadequação do ambiente, balho em condições de alta demanda.
má postura, movimentos repetitivos, acuidade Os profissionais da enfermagem, por sua vez,
visual diminuída1. Burbeck et al.2 encontrou alto manifestam problemas de ordem psíquica, mús-
nível de distress (stress negativo) em médicos in- culo-esquelético (principalmente coluna) e alte-
gleses que atuam em unidades de urgência e emer- rações do sono e vigília11, alto grau de exaustão
gência quando comparados a outros grupos de emocional e a presença de stress e burnout (stress
médicos. Visser et al.3 indicam que em pesquisa crônico) na vida profissional e pessoal12.
junto a médicos especialistas holandeses, 55% No que diz respeito aos auxiliares administra-
manifestaram algum nível de stress; entretanto, tivos, Ferreira e Mendes13 relatam que o atendi-
81% relataram alta satisfação no trabalho. mento ao público coloca em cena diferentes inter-
Szymanska4 ao estudar dentistas poloneses locutores, cuja interação pode ser facilitada ou
aponta a presença de fatores fatigantes e nocivos agravada frente às condições de materiais, aos
à saúde por meio da adoção de posturas inade- equipamentos, ao espaço físico e à organização
quadas (por exemplo, que causam desordem à do trabalho disponibilizada pela empresa. Tana-
estrutura músculoesquelética e no sistema ner- ka14 realizou estudo junto a recepcionistas de um
voso periférico). Santos Filho e Barreto5 encon- pronto socorro identificando constrangimentos
traram, entre dentistas mineiros, dores ósteo- decorrentes da característica de urgência do servi-
musculares no segmento superior devido às pos- ço prestado, dificuldades psíquicas decorrentes das
turas adotadas durante o atendimento aos paci- pressões exercidas pelos clientes, pela repetição de
entes. Sousa et al.6 identificaram disposição ina- procedimentos e tarefas e no esforço mental pre-
dequada de equipamentos e problemas relativos sente nas complexas tarefas cognitivas.
ao risco de contaminação pela saliva e sangue. Frente aos estudos mencionados acima, pode-
Rolander et al.7, ao estudarem dentistas suecos, se concluir que a atuação dos profissionais da
constataram que estes desempenham seu traba- saúde e da equipe de apoio é permeada por situ-
lho clínico predominantemente na posição sen- ações que indicam a presença de constrangimen-
tada e com a cabeça inclinada para frente duran- tos de ordem física e emocional.
te quase metade do tempo. A não alternância Tal constatação pôde ser observada em estu-
pode ser prejudicial à saúde, pois como demons- do prévio realizado, no período de 2001 a 2002,
trou Ratzon et al.8, ao estudarem dentistas israe- junto a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de
lenses que trabalham na posição sentada, ocorre uma cidade do interior de São Paulo, o qual
maior incidência de dores severas e dificuldades motivou a realização da presente pesquisa. Na
no retorno venoso quando comparado aos que UBS mencionada foram identificados índices
alternam a posição durante o trabalho. crescentes de absenteísmos dos funcionários com
Quanto aos aspectos emocionais, Myers e implicações na alocação de mão-de-obra geran-
Myers9, em estudo realizado junto a dentistas do jornadas de trabalho extensas e realização de
ingleses, destacam a presença de: fragilidade no horas extras, além de insatisfações dos usuários
relacionamento dentista-paciente, excesso de devido às constantes filas e à demora no acesso a
horas de trabalho semanal, uso de bebidas alcoó- consultas e exames. Desta forma, o sistema pú-
licas, obesidade e aumento do apetite. Além des- blico municipal de saúde tem encontrado difi-
3395

Ciência & Saúde Coletiva, 16(8):3393-3402, 2011


culdades para garantir a demanda dos serviços. mentais na realização do trabalho e pode mani-
Em levantamento realizado junto aos laudos festar-se nas situações onde há necessidade in-
médicos sobre as principais causas relatadas de tensa de memorização, atenção, concentração,
afastamentos no primeiro semestre de 2001, as acuidades visual e auditiva, além de tomada de
patologias mais incidentes eram as relacionadas decisões.
ao sistema ósteomuscular, aos transtornos men- As diferentes situações de trabalho associa-
tais e de comportamento, às lesões, aos trauma- das às características pessoais dos trabalhadores
tismos e envenenamentos, e a doenças dos apa- e à rigidez da organização do trabalho podem
relhos genito-urinário, circulatório, respiratório revelar-se como carga psíquica. A carga psíquica
e digestivo. Estes dados concordam com os estu- pode ser representada como a resultante da con-
dos mencionados acima, que de maneira geral frontação ente os desejos do trabalhador e da
apontam problemas de ordem músculo-esque- empresa. Segundo Abrahão19, está associada à
lética1,4,5, transtornos mentais e de comportamen- percepção subjetiva do sujeito em relação à natu-
to, como estresse e burnout, bem como de sinto- reza e ao conteúdo do trabalho, expresso na or-
mas contribuintes ou desencadeadores como úl- ganização deste. Dejours20 coloca que a carga
ceras gastroduodenais e hipertensão arterial3,9,2,12. psíquica no trabalho é difícil de ser quantificada,
Os resultados do levantamento indicam a e destaca que a mesma comporta elementos afe-
necessidade de investigar os índices significativos tivos e relacionais, revelando-se como um regu-
e a natureza do absenteísmo, verificar possíveis lador da carga global presente no trabalho. Afir-
relações com o número de trabalhadores, a car- ma ainda que o absenteísmo e as greves podem
ga de trabalho (física e mental) e a interação das ser indicadores da sua presença.
condições de trabalho (materiais e equipamen- As variantes da carga de trabalho (física, cog-
tos) e o impacto para a saúde dos trabalhadores. nitiva e psíquica) apresentam-se inter-relaciona-
Em revisão realizada por Ferreira e Freire15 das, e a sobrecarga em uma delas pode provocar
os autores concluem que o conceito de carga de alterações de intensidade nas demais.
trabalho é permeado por controvérsias, ambi- Diante destas considerações, este estudo bus-
guidade e imprecisão. Os autores ao sugerirem cou conhecer a carga de trabalho e seus fatores
um conceito geral de carga de trabalho citam determinantes, buscando identificar algumas re-
Laurell e Noriega16, para o quais esta é composta lações entre as condições de trabalho e o possível
de um conjunto de variáveis na dinâmica de tra- impacto para a saúde dos trabalhadores a partir
balho que atuam sobre o operador exigindo es- da percepção de médicos, enfermeiros, auxiliares
forço contínuo de regulação e de adaptação para de enfermagem, dentistas, auxiliares odontoló-
a obtenção dos resultados da produção. gicos e administrativos por meio da investigação
A regulação pode ser caracterizada pela arti- de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no inte-
culação que o sujeito busca estabelecer, por meio rior de São Paulo.
da atividade, entre as exigências das tarefas, as con-
dições postas, a evolução da situação e com a dinâ-
mica do seu estado interno17. Método
Segundo Wisner18, a carga de trabalho pre-
sente nas atividades é composta de aspectos físi- Participantes
cos, cognitivos e psíquicos. O autor salienta que
os três aspectos estão presentes nas atividades e Participaram da amostra 31 indivíduos dis-
que guardam estreita inter-relação, e, portanto, tribuídos da seguinte forma: 12 médicos, 03 den-
cada uma delas pode gerar sobrecarga. tistas, 01 enfermeira, 09 auxiliares de enferma-
A carga física está associada ao esforço físico e gem, 03 auxiliares odontológicos e 03 auxiliares
ao desgaste das estruturas corporais para a rea- administrativos.
lização de determinado trabalho. Para Abrahão19
a dimensão física da carga de trabalho está relacio- Instrumentos
nada aos gestos, às posturas e aos deslocamentos do
trabalhador necessários à execução da tarefa. A quan- Para a coleta dos dados foi elaborado um ro-
tidade e a qualidade do esforço físico, despendido por teiro de entrevista estruturado que abordou os se-
cada trabalhador na realização da tarefa, expressa a guintes temas: condições de saúde, levantamento
carga física da jornada de trabalho (p. 11). das atividades realizadas na UBS; relacionamentos
A carga mental é dividida em cognitiva e psí- interpessoais, fatores relativos à organização do
quica. A carga cognitiva refere-se às exigências trabalho (monotonia, pausas, horas extras, con-
3396
Silva NR

teúdo do trabalho, treinamentos, carga de traba- ficação, categorização e tabulação das classes de
lho), produção (índices de produtividade), varia- conteúdos identificados, que foram organizadas
bilidade no trabalho, formas de controle (previ- em figuras e quadros.
são, pressão), cooperação, entre outros.

Procedimentos de coleta de dados Resultados e discussão

Para a realização do estudo, optou-se pela Neste tópico são apresentadas as respostas junto
composição de grupos de trabalhadores, com- aos trabalhadores quanto à carga de trabalho
preendendo: a) atividades de preparação para a física, cognitiva e psíquica, bem como dos fato-
prestação do serviço: responsáveis pela orienta- res determinantes da carga de trabalho.
ção inicial do usuário, desde a chegada na unida-
de até o direcionamento para as atividades de aten- Carga física
dimento – auxiliares administrativos; b) ativida-
des de tratamento: procedimentos médicos, de No Quadro 1 estão expressas a síntese das
enfermagem e odontológicos; c) atividades de respostas obtidas quanto aos problemas postu-
manutenção e conservação da unidade: compre- rais apontados pelos trabalhadores.
ende as atividades de limpeza de equipamentos e Como é possível observar, algumas das quei-
instrumentos médico-odontológicos da unidade. xas posturais referem-se à característica da ativi-
A coleta dos dados ocorreu por meio de en- dade profissional em si e à inadequação de mo-
trevista estruturada (roteiro de entrevista descri- biliários e de equipamentos. Destaca-se o predo-
to acima) e por meio de reuniões com os grupos mínio da postura em pé, a qual constitui motivo
específicos para descrição detalhada das ativida- de queixa para auxiliares administrativos e auxi-
des realizadas em cada setor, levantamento de liares de enfermagem. Já os dentistas relataram
problemas e de características desejáveis. Os par- dores decorrentes das posturas que adotam no
ticipantes assinaram um Termo de Consentimen- trabalho, sobretudo para tratamento de dentes
to Livre e Esclarecido, resguardando os princí- superiores. Os médicos ginecologistas associam
pios da ética. problemas posturais ao exame ginecológico.
Por outro lado, os trabalhadores relaciona-
Procedimentos de tratamento ram parte das queixas às condições de trabalho e
e de análise dos dados aos equipamentos, que acabam por favorecer a
adoção de posturas inadequadas (por exemplo,
Os dados referentes às entrevistas foram maca baixa e a altura das prateleiras de arquivo
transcritos e em seguida levantadas classes des- de prontuários). Estes dados corroboram os
critivas do conteúdo. Foi realizada análise quali- achados de Magalhães et al.1 que indicam a ina-
tativa dos relatos dos sujeitos, por meio de codi- dequação do ambiente, a má postura e os movi-

Quadro 1. Descrição dos principais problemas posturais apresentados pelos grupos funcionais.

Profissionais Problema manifestado


Auxiliares “dores nas pernas durante o atendimento no balcão ...””cansaço de braços,
administrativos pernas e coluna durante a arrumação de arquivo de prontuários devido a
altura das prateleiras”
Auxiliares de “correria do posto, fica muito em pé”; “ no curativo ficamos muito tempo
Enfermagem em pé”
Médicos “ postura da coluna em função da altura da maca ao examinar crianças”
“postura adotada durante o exame ginecológico”
“ter que anotar tudo nos prontuários”
Dentistas “posturas adotadas decorrentes na própria prática profissional dos
dentistas”
Auxiliares odontológicos “posições adotadas durante ajuda ao dentista”
3397

Ciência & Saúde Coletiva, 16(8):3393-3402, 2011


mentos repetitivos junto aos médicos, e também de enfermagem), da falta de espaço físico para
os resultados de Ferreira e Mendes13 ao sinalizar trabalho com a presença de salas apertadas, que
que no atendimento ao público as condições dis- dificultam a circulação (Falta maior espaço físico
ponibilizadas pela empresa como materiais, equi- para trabalho, o local é muito apertado; salas quen-
pamentos e espaço físico dificultam a realização tes, mal ventiladas, insuficiência de ventiladores),
do trabalho e oferecem risco à saúde dos traba- da ausência de alguns equipamentos (Faltam al-
lhadores. guns materiais para o trabalho) e de equipamen-
A Figura 1 apresenta as principais regiões cor- tos ultrapassados (... pois os que utilizados são
porais de dor ou desconforto, apontadas pelos antigos, obsoletos; ...precisaria adquirir sugador de
funcionários da unidade. alta potência, cadeiras mais confortáveis e refletor
Como é possível observar, as queixas nos mais potente), da manutenção precária de equi-
membros inferiores aparecem com maior fre- pamentos (número insuficiente de técnicos de
quência (29 ocorrências) possivelmente porque manutenção).
a maioria das atividades realizadas na unidade é As dores de cabeça, embora apontada como
na postura em pé. E ainda que esta seja a caracte- manifestação física, podem estar associadas ao
rística da prática funcional da enfermeira e da esforço mental. Segundo os relatos dos traba-
auxiliar de enfermagem, é preciso considerar em lhadores da unidade de saúde, ainda que a carga
estudos futuros se a presença de fatores como o física seja significativa, indicam que o maior so-
lay-out da unidade e o fluxo de procedimentos frimento estaria relacionado à carga mental (cog-
oferecidos podem interferir na ocorrência de des- nitiva e psíquica).
confortos.
As queixas em membros superiores também Carga cognitiva
aparecem de forma significativa (24 ocorrências),
bem como as queixas relativas à coluna (11 ocor- Em relação à carga cognitiva, as principais
rências). queixas apresentadas pelos grupos foram: a res-
Os trabalhadores da recepção da UBS refe- ponsabilidade decorrente do exercício profissio-
rem dores nas pernas durante atendimento no nal, a quantidade de informações oferecidas e
balcão, e cansaço físico nos braços e pernas para registradas nos prontuários, formulários e exa-
arrumação de prontuários na prateleira. Estas mes, e a administração e o fornecimento de me-
queixas podem estar associadas às demandas fí- dicamentos. As principais queixas apontadas no
sicas decorrentes das condições de mobiliários, discurso dos funcionários foram: a vacina exige
equipamentos e de espaço para trabalho. muita concentração e responsabilidade, principal-
Junto à equipe de tratamento destacam-se os mente em recém-nascidos; Colher exame de PKU
deslocamentos diários na unidade em função da (exame do pezinho) exige muita atenção; o públi-
distribuição das salas (agravada pela própria co fica impaciente no balcão e esse fluxo de pessoas
característica da prestação do serviço, sobretudo é constante durante todo o dia.
Guedes et al.11 ao se referir aos profissionais
da enfermagem, apontam no exercício profissi-
onal a permanência em pé durante longos perío-
dos e as distâncias percorridas, o manuseio de
35 cargas e a inadequação de materiais e de equipa-
30 29 mentos tidos como fundamentais para a realiza-
Nº de ocorrências

25 24 ção das atividades, além da presença de tensões


19 psíquicas e emocionais.
20
15 Carga psíquica
10
6
5 Quanto à carga psíquica, presente no con-
0 junto de atividades da unidade, foram aponta-
cabeça coluna membros membros dos os seguintes aspectos: relacionamento com
superiores inferiores o usuário, com os colegas de trabalho e chefia,
Regiões corporais responsabilidades decorrentes do exercício pro-
fissional e risco de contaminação. No Quadro 2
Figura 1. Principais regiões corporais apontadas encontram-se alguns discursos representativos
pelos funcionários da unidade. das falas do participantes.
3398
Silva NR

Quadro 2. Carga psíquica nas diferentes atividades.

Categoria Problema manifestado


Responsabilidades “muita responsabilidade por que lidamos com vidas humanas”
da profissão
Relacionamento “o público nem sempre encontra o que procura... e acabam descarregando
com o usuário nos funcionários”
“o usuário reclama direto na Secretaria e o funcionário não tem espaço
para se defender”
Relacionamento com “Gostaria que todas (Auxiliares de Enfermagem) falassem a mesma
colegas de trabalho língua,não gosto da mentalidade dos colegas”
Relacionamento “A opinião dela é que vale, deixa claro que ela é chefe e os funcionários
com a chefia são subordinados a ela”
Risco de contaminação “Falta uniforme, jaleco, materiais de proteção pessoal”
“necessidade de treinamentos sobre como evitar contaminações e como agir
quando ocorrer ferimentos”

A partir do Quadro 2 destacam-se os seguin- unidade, os materiais e os equipamentos, o lay-


tes fatores causadores de sofrimento psíquico out, o treinamento e a capacitação profissional.
para os trabalhadores da unidade de saúde: a res- Na presente pesquisa, os funcionários alegam
ponsabilidade decorrente do cuidado humano, a necessidade de reuniões periódicas, de espaço
os constrangimentos decorrentes dos conflitos para discutirem os problemas da unidade (falar
com os usuários, os relacionamentos interpesso- a mesma língua), de tomarem ciência de altera-
ais (chefia e colegas de trabalho), bem como os ções de procedimento de maneira formal e não
riscos de contaminação presentes no trabalho. apenas informal, por meio de orientações ver-
Pode-se destacar ainda alguns fatores que bais que favorecem a ambiguidade de interpre-
atuam como atenuadores da carga de trabalho tações e que revertem em conflitos entre os pró-
psíquica. A satisfação pelo trabalho bem realiza- prios funcionários e com os usuários.
do, ou seja, a missão de salvar a vida das pessoas Nota-se que algumas situações são substra-
traz reconhecimento profissional e alivia parte to para constrangimentos frequentes na presta-
da sobrecarga causada pela atividade. Alguns re- ção do serviço. O limite de vagas por especialida-
latos nesta direção: (Servir o povo, saber que com de médica, ou seja, o número de consultas ofere-
o meu trabalho posso aliviar um pouco as suas cidas, na maioria das vezes, não atende às neces-
dores, seus sofrimentos; Ver a gratidão das pessoas, sidades dos usuários conduzindo a constrangi-
quando elas reconhecem que nós nos esforçamos mentos e conflitos diários para os funcionários
para contribuir com uma saúde melhor; O que envolvidos com a preparação para a prestação
mais gosto do meu trabalho é conversar e orientar do serviço. Aliado a este fato pode-se mencionar
os usuários em tudo o que eles necessitarem; Da o despreparo do profissional da recepção para
possibilidade de salvar vidas, ajudar na melhoria lidar com o público, as condições para a presta-
da qualidade de vida, com orientações, conversa, ção do serviço (número de efetivo, materiais e
não apenas medicamentos; Acompanhar as grávi- equipamentos disponibilizados), a desinforma-
das e ver os filhos nascidos). ção e a urgência exigida pelo usuário.
Ainda que de alguma forma existam estraté-
Fatores determinantes da carga de trabalho gias operatórias adotadas pelos funcionários para
minimizar conflitos, como a tentativa de ampli-
Neste item são destacados os fatores deter- ação das consultas com alguns médicos da uni-
minantes da carga de trabalho na unidade básica dade que permitem o encaixe, estas parecem ser
de saúde estudada, considerando-se: o fluxo de insuficientes para solucionar os conflitos com os
informações, o relacionamento com o usuário, usuários. Estes conflitos, por vezes, também atin-
o relacionamento entre a equipe técnica, o di- gem a equipe médica, uma vez que ocorre diver-
mensionamento do efetivo, o gerenciamento da gência entre os médicos visto que apenas alguns
3399

Ciência & Saúde Coletiva, 16(8):3393-3402, 2011


aceitam a ampliação do número de consultas, e, dos equipamentos em função do número insufi-
portanto geram sobrecarga para os que admi- ciente de técnicos. Além da demora no conserto,
tem os encaixes. que dificulta o trabalho, ocorre comprometimen-
Em relação ao relacionamento entre os fun- to da qualidade da prestação do serviço e, segun-
cionários, no modelo de gestão em saúde, a figu- do relatado, não há um cronograma de visitas
ra do médico ocupa posição hierárquica central, periódicas para verificar o desempenho dos equi-
e desta forma, o funcionamento da unidade aca- pamentos (por exemplo: aparelho de aferir pres-
ba centrado na sua atuação. Os atrasos médicos são e estufas de esterilização). Vale ressaltar que
são frequentes e interferem na rotina da unidade a UBS em questão é a mais antiga do município,
e na distribuição da carga de trabalho da enfer- inaugurada no início da década de 80. A manu-
magem, gerando sobrecarga de trabalho para os tenção programada poderia evitar erros no diag-
auxiliares de enfermagem à medida que ocorre nóstico e facilitar o tratamento.
concentração dos pacientes. Tais resultados concordam com Galdino e
Segundo o relato dos funcionários, não exis- Soares21, que ao avaliarem as influências do am-
te um cronograma de reuniões periódicas com biente hospitalar na qualidade dos serviços pres-
as enfermeiras chefes dos postos para nivelamen- tado em um hospital público, mais especifica-
to de conhecimento e avaliação do funcionamento mente em unidade de internamento pediátrico,
da unidade, para identificação dos principais pro- concluíram haver: a) ausência de ambiente e/ou
blemas da unidade e discussão de estratégias de equipamentos adequados para a realização de
solução. Entretanto, segundo informações da alguns procedimentos de tratamento; b) presen-
Secretaria Municipal de Saúde, ocorrem reuniões ça de locais (salas) improvisados e c) presença de
mensais com o grupo de enfermeiras, o que acon- ambientes, equipamentos e mobiliários em pre-
tece há cerca de dois anos. Desta forma, é possí- cárias condições de conservação.
vel apontar ambiguidades que geram uma difi- A adequação de dispositivos técnicos de pro-
culdade no processo de comunicação entre su- dução aliada à melhoria das condições de traba-
pervisores e funcionários favorecendo o surgi- lho em geral da população de trabalhadores po-
mento de conflitos e de divergências na realiza- deria atuar positivamente, facilitando a execução
ção das atividades. do trabalho, favorecendo a produtividade e a saúde
Quanto ao dimensionamento de efetivo, não dos funcionários, além de poder atenuar o ab-
parece haver critérios na UBS, ainda que o nú- senteísmo. O lay-out da unidade também é apon-
mero de funcionários tenha sido ampliado. Ob- tado como gerador de sobrecarga de trabalho.
serva-se uma estrutura frágil para lidar com o Parece que na construção e no planejamento das
absenteísmo, sendo constante a busca de funcio- UBSs, não se pensou especificamente sobre a me-
nários em outras unidades para repor as faltas lhor disposição das salas, do inter-relacionamen-
ou mesmo gerando dobra da jornada. to entre os procedimentos realizados, no fluxo de
No gerenciamento da unidade, embora haja serviços oferecidos (sequência dos procedimen-
um movimento no sentido da descentralização tos), no espaço mínimo para o trabalho (tama-
administrativa, identifica-se falta de clareza quan- nho das salas) considerando os equipamentos e
to às atribuições, competências e limites de ação o mobiliário, nas condições ambientais (ventila-
da enfermeira chefe da unidade, o que acaba oca- ção, temperatura e iluminação suficientes para o
sionando uma participação restrita na resolução procedimento realizado) nem em salas de esperas
de conflitos na unidade, com consequente enca- por procedimentos a fim de evitar aglomerações.
minhamento de problemas que poderiam ser Valença e Jackson22 ao analisarem o espaço
resolvidos na própria unidade para a secretaria. de trabalho e as condições para a prestação do
Em relação aos equipamentos e dispositivos serviço em um hospital público colocam que os
técnicos, é possível apontar a presença de equi- projetos acabam contemplando critérios estrita-
pamentos obsoletos (como as macas baixas já mente técnicos, manifestando desconhecimento
mencionadas pelos médicos, e refletores e suga- do conteúdo real das atividades realizadas pelos
dores de baixa potência junto aos dentistas) que trabalhadores. Desta forma, as instalações pare-
acabam por demandar um maior esforço do tra- cem dificultar a prestação eficaz dos serviços de
balhador (físico e mental) e uma diminuição do assistência à saúde. O impacto não recai apenas
ritmo de trabalho. Salienta-se ainda que não existe na qualidade do serviço prestado ao usuário, mas
na unidade uma política de compra, substitui- também se manifesta em prejuízo à saúde dos
ção ou atualização de equipamentos, bem como, trabalhadores revelados a partir de elevados ín-
merece destaque, a precariedade da manutenção dices de absenteísmo.
3400
Silva NR

Na gestão vigente, durante a realização do saúde como recursos ou insumos e sim como
estudo, por meio da Secretaria Municipal de Ha- sujeitos com potencial de desenvolvimento e
bitação e Desenvolvimento Urbano, tem havido transformação. Neste sentido, aponta a necessi-
um processo de planejamento de lay-out ideal de dade de valorizar os trabalhadores da saúde ofe-
unidades de saúde baseados na resolução RDC recendo-lhes meios para ampliação e atualiza-
5023 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilân- ção de conhecimentos, para que estes possam
cia Sanitária)23, documento que norteia novas ser colocados em benefício dos usuários.
construções, reformas e ampliações, instalações Frente a esse contexto, o trabalhador experi-
e funcionamento de Estabelecimentos de Assis- menta no seu trabalho vivências de prazer e de
tência à Saúde, cujos conceitos estão sendo im- sofrimento. As representações do trabalho, a for-
plementados na edificação de novas unidades. ma como ele é realizado, as relações estabelecidas
Assim, é preciso considerar a participação dos e o conteúdo do trabalho são as bases para a
trabalhadores envolvidos para que a solução não manifestação dos sentimentos de prazer e de so-
seja exclusivamente baseada em critérios técni- frimento que o sujeito vivência.
cos. Desta forma, as edificações devem ser cons- Como o trabalhador nem sempre dispõe dos
truídas tendo como base critérios operacionais recursos que julga necessários para os exercícios
(natureza e finalidade do serviço a ser prestado), das atividades e o cumprimento da tarefa exigida
de organização do trabalho e de participação efe- pela empresa, muitas vezes, o ajuste e a regulação
tiva dos atores envolvidos (diferentes setores). das atividades acabam sendo expressas por meio
Quanto a este aspecto, os funcionários da UBS da adoção de estratégias operatórias a partir da
relataram ressentir de treinamento e capacitação vivência coletiva do trabalho, como forma de
para lidar com o público, de atualização e recicla- prevenir ou amenizar constrangimentos.
gem profissional através de cursos de educação Neste sentido, quanto maior for a experiên-
continuada, formação para evitar contágio de cia do trabalhador mais saberes serão mobiliza-
doenças e integração dos profissionais de saúde. dos para a resolução de problemas, o estabeleci-
O grupo de preparação para a prestação do mento de relações, a antecipação de consequên-
serviço (equipe da recepção) ressente-se de trei- cias e a adaptação às prescrições25.
namento e de capacitação para lidar com o públi- Ainda que a astúcia do trabalhador possa ser
co a fim de desenvolver habilidades e estratégias considerada característica positiva, quando os
que minimizem os conflitos diários com os usuá- resultados da produção são alcançados apenas
rios (conforme já mencionados anteriormente). mediante modificações no estado interno do ope-
Para o grupo de tratamento, as necessidades rador, por meio da adoção de diferentes modos
foram focadas principalmente na equipe de apoio operatórios, a sobrecarga é iminente e os riscos
(auxiliar de enfermagem e odontológico). O re- para a saúde do trabalhador uma questão de
lato dos funcionários referiu-se à atualização tempo.
profissional (procedimentos técnicos relativos a Assim, o trabalho revela-se por meio de sen-
vacinas, curativos, esterilização etc.), evitar con- timento de prazer quando a organização permite
taminações com materiais, contágio de doenças ao trabalhador exercitar a criatividade, ou seja,
(pacientes com doenças contagiosas como HIV), um ambiente de trabalho que possibilite espaço
como proceder no caso de cortes e ferimentos para expressar sua subjetividade. Por outro lado,
durante os procedimentos e também treinamento o trabalho seria fruto de vivência de sofrimento,
para lidar com o público. quando relacionado ... à divisão e à padronização
Outra questão citada foi quanto à necessida- de tarefas com subutilização do potencial técnico e
de de palestras sobre o funcionamento dos servi- da criatividade; rigidez hierárquica, com excesso
ços de saúde do município e sua interface com a de procedimentos burocráticos, ingerências políti-
UBS, além da integração dos profissionais de saú- cas, centralização de informações, falta de partici-
de. A equipe de manutenção relatou necessidade pação nas decisões e não-reconhecimento; pouca
de treinamento para evitar contaminação duran- perspectiva de reconhecimento profissional13.
te a limpeza do prédio, de materiais e equipamen-
tos, manuseio de resíduos de enfermagem (expur-
go) e o que fazer em caso de cortes e ferimentos. Considerações finais
A capacitação dos profissionais da saúde cons-
titui aspecto relevante para a qualidade dos ser- Os resultados indicam que as condições dispo-
viços de assistência ao usuário. L’abbate24 enten- nibilizadas para a realização das tarefas podem
de que não se deve considerar os profissionais da ter um impacto sobre a saúde dos trabalhadores
3401

Ciência & Saúde Coletiva, 16(8):3393-3402, 2011


e na produtividade da unidade, o que consequen- Para Oliveira26 a discussão em torno da qua-
temente interfere na satisfação dos usuários. lidade no trabalho deve contemplar interesses da
Pode-se concluir que o trabalho na UBS agre- chefia e dos trabalhadores, garantindo melhori-
ga na sua organização, fatores que revelam situ- as no produto e na produtividade, bem como
ações de sofrimento na vivência cotidiana dos nas condições de saúde. A autora aponta a ne-
diferentes atores destacando-se: cessidade de construção de projetos negociados
a) A carga física expressa por meio das quei- de reestruturação do trabalho por meio de um
xas posturais manifestadas pelos trabalhadores processo democrático, de forma a contemplar
com ênfase em coluna, membros superiores e melhor a qualidade sem deixar de responder aos
inferiores; interesses dos trabalhadores.
b) A carga cognitiva revelada nas atividades Neste sentido, é preciso criar mecanismos que
constantes de leitura e anotações de prontuários, permitam a participação dos trabalhadores nos
administração e fornecimento de medicamentos, processos de decisão sobre sua atividade real de
atenção exigida na realização dos procedimentos trabalho, pois como advertem Davis e News-
médicos, de enfermagem e odontológicos; trom27, a rotina coloca em cheque a dignidade
c) A carga psíquica presente na responsabili- das pessoas e enfraquece o sentimento de valida-
dade decorrente do lidar com vidas humanas, de e de necessidade quanto ao trabalho realizado.
dos conflitos com os usuários e dos problemas Dejours28 salienta que trabalhar não se res-
de relacionamento com os colegas de trabalho e tringe apenas à execução de atos técnicos, mas
com a chefia, riscos de contaminação e de feri- também deve permitir ao trabalhador o exercí-
mentos; cio da subjetividade, condição necessária ao re-
d) Fatores relativos às condições de traba- conhecimento e à identificação com o trabalho.
lho, como materiais e equipamentos obsoletos Portanto, há necessidade de uma gestão que
e/ou em condições precárias de manutenção, li- favoreça a criação de espaços para a palavra de
mitações de espaço físico, inadequações do lay- todos os níveis envolvidos na atividade, onde o
out e limitação no número de efetivo frente à de- trabalho prescrito (normas e regras estabeleci-
manda de usuários com estrutura frágil para li- das pela organização para a realização de deter-
dar com absenteísmo; minada tarefa, isto é, como este foi concebido)
e) Fluxo de informações centralizado, pouco possa estar o mais próximo possível do trabalho
espaço para discussão dos problemas rotineiros real (atividade efetivamente realizada pelo indiví-
e informalidade na transmissão das informações, duo, ou seja, a forma pela qual ele consegue de-
favorecendo ambiguidades e atritos entre os fun- sempenhar suas tarefas)29.
cionários e com os usuários; A adoção de formas isoladas de compreen-
f) Queixa quanto ao reconhecimento profis- são da dinâmica do trabalho tem se distanciado
sional provenientes dos próprios colegas de tra- da atividade real dos trabalhadores e produzido
balho, da chefia imediata da unidade e da Secre- condições de trabalho inadequadas, precárias
taria da Saúde e indefinição de um plano de car- condições de saúde, baixa eficácia produtiva e
gos e carreiras impedindo a visibilidade de evolu- sofrimento no trabalho, como revelam os dados
ção profissional. obtidos nesta pesquisa.
Por outro lado pode-se apontar situações re- Este estudo traz contribuições na compreen-
veladoras de satisfação no trabalho e que podem são do trabalho na unidade básica de saúde, ofe-
atenuar a carga de trabalho como, por exemplo: recendo subsídios para o delineamento de estra-
a satisfação do usuário, a possibilidade de aliviar tégias de intervenção na melhoria das condições
ou amenizar o sofrimento alheio (Servir o povo, de trabalho e na saúde dos trabalhadores. Sali-
saber que com o meu trabalho posso aliviar um enta-se a necessidade de outros estudos para ve-
pouco as suas dores, seus sofrimentos), a prática rificar se os dados revelados nesta unidade po-
do cuidado humano (a possibilidade de salvar vi- dem ser estendidos às demais unidades de saúde
das, ajudar na melhoria da qualidade de vida ...; do município.
acompanhar as grávidas e ver os filhos nascidos).
3402
Silva NR

Referências

1. Magalhães RAS, Carvalho DT, Másculo FS. Identi- 15. Ferreira MC, Freire ON. Carga de Trabalho e Rota-
ficação de riscos ergonômicos no posto de traba- tividade na Função de Frentista. Revista de Admi-
lho de médicos-cirurgiões em um hospital univer- nistração Contemporânea - RAC, 2001; 5(1):175-200.
sitário. In: Anais do X Congresso Brasileiro de Ergo- 16. Laurell AC, Noriega M. Processo de produção e saú-
nomia, I Encontro Pan Americano de Ergonomia- de: Trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec;
Abergo; 2000; 22-23. 1989.
2. Burbeck R, Coomber S, Robinson SM, Todd C. 17. Pinho DLM, Abrahão JI, Ferreira MC. As estratégi-
Occupational stress in consultants in accident and as operatórias e a gestão da informação no traba-
emergency medicine: a national survey of levels of lho de enfermagem, no contexto hospitalar. Revista
stress at work. Emergency Medicine Journal 2002; Latino-americana Enfermagem 2003; 11(2):168-176.
19(3):234-238. 18. Wisner A. A metodologia na Ergonomia: Ontem e
3. Visser MR, Smets EM, Oort FJ, De Haes HC. Stress, Hoje. In: Wisner A. A inteligência no Trabalho. São
satifaction and burnout among Dutch medical spe- Paulo: Fundacentro; 1994. p. 87-107.
cialists. Canadian Medical Association Journal 2003; 19. Abrahão J. Metodologia em ergonomia. Congresso
168(3): 271-275. Latino Americano, Seminário Brasileiro de Ergono-
4. Szymanska J. Disorders of the muskuloskeletal sys- mia. Brasília - Universidade de Brasília; 1993.
tem among dentists from the aspects of ergonomics 20. Dejours C. A carga psíquica no trabalho. Betiol MIS
and prophylaxis. Ann Agric Environ Med. 2002; 9(2): Centro de estudos e pesquisas do trabalho – CEPT.
169-173. São Paulo: Atlas; 1994.
5. Santos Filho SB, Barreto SM. Atividade ocupacio- 21. Galdino AS, Soares MM. A influência do ambiente
nal e prevalência de dor osteomuscular em cirur- hospitalar na qualidade dos serviços de saúde –
giões-dentistas de Belo Horizonte, Minas Gerais, Uma análise nos setores de internamento pediátri-
Brasil: Contribuição ao debate sobre os distúrbios co em hospitais públicos em Recife/PE. In: Anais
osteomusculares relacionados ao trabalho. Cad Sau- do XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produ-
de Publica 2001; 17(1):181-193. ção – ENEGEP; 2002.Curitiba- PR.
6. Sousa CLS, Santos CS, Correia DRS, Arruda LP. Estudo 22. Valença MAP, Jackson JM. Problemas de projeto
Ergonômico do posto de trabalho do cirurgião-Den- do espaço e condições de trabalho: um levanta-
tista- Avaliação de um grupo de clínicas populares mento realizado em um hospital público. In: Anais
no Rio de Janeiro. In: Anais do VII Congresso Latino- XII Congresso Brasileiro de Ergonomia – Abergo; 2002.
americano de Ergonomia, XII Congresso Brasileiro de Curitiba – PR.
Ergonomia, I Seminário Brasileiro de Acessibilidade 23. Resolução RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002.
Integral - Abergo; 2002. Recife. Dispõe sobre regulamento técnico para planeja-
7. Rolander, B, Karsznia A, Jonker D, Oberg T, Bell- mento, programação, elaboração e avaliação de
ner AL. Perceived contra observed work load in projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de
Swedish dentists. Work 2005; 25(3):253-262. saúde. Diário Oficial da União 2002; 20 mar.
8. Ratzon NZ, Yaros T, Mizlik A, Kanner T. Musku- 24. L’abbate S. Educação e serviços de saúde: avalian-
loskeletal symptoms dentists in relation to work do a capacitação dos profissionais. Cad Saude Pu-
posture. Work 2000; 15(3):153-158. blica 1999; 5(Supl. 2):15-27.
9. Myers HL, Myers LB. ‘It’s difficult being a dentists’: 25. Gerin F, Laville A, Dan-iellou F, Duraffourg J, Ker-
stress and health in the general dental practitioner. guelen A. Compreender o Trabalho para Tranformá-
British Dental Journal 2004; 197(2):89-93. lo – A Prática da Ergonomia. São Paulo: Edgard
10. Hakanen JJ, Bakker AB Demerouti E. How dentists Blucher; 2001.
cope with their job demands and stay engaged: the 26. Oliveira SA. A qualidade da qualidade: uma pers-
moderating role of resources. European Journal Of pectiva em saúde do trabalhador. Cad Saude Publi-
Oral Sciences 2005; 113(6):479-487. ca 1997; 13(4):625-634.
11. Guedes EM, Mauro MYC, Mauro CCC, Moriya 27. Davis K, Newstrom JW. Estrutura Tecnologia e Pes-
YATM. Problemas músculoesqueléticos na enfer- soal. In: Davis K, Newstrom JW, editores. Compor-
magem hospitalar. In: Anais do X Congresso Brasileiro tamento Humano no Trabalho. São Paulo: Pioneira;
de Ergonomia Pan Americano de Ergonomia – Aber- 1996.
go; 2000. 28. Dejours C. O fator humano no trabalho. Rio de
12. Gillespie M, Melby V. Burnout among nursing staff Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 1997.
in accident and emergency and acute medicine: a 29. Chanlat JF. Modos de Gestão, Saúde e Segurança
compartive study. Journal Clin. Nurs 2003; 12(6):842- no Trabalho. In: Davel E, Vasconcelos J, editores.
851. Recursos Humanos e Subjetividade. Petrópolis: Vo-
13. Ferreira MC, Mendes AM. “Só de pensarem vir zes; 1996.
trabalhar, já fico de mau humor”: atividade de aten-
dimento ao público e o prazer-sofrimento no tra-
balho. Estudos de psicologia 2001; 6(1):93-104.
14. Tanaka SH. Análise ergonômica do trabalho dos
recepcionistas do pronto socorro no âmbito das
cadeias produtivas complexas. In: Anais do XII En- Artigo apresentado em 25/11/2008
contro Nacional de Engenharia de Produção – ENE- Aprovado em 02/07/2009
GEP; 2002. Curitiba – PR. Versão final apresentada em 28/07/2009

Você também pode gostar