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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ROGÉRIO FERRAZ DAS CHAGAS

TRABALHO DISSERTATIVO SOBRE


“BAR DO CAPELÃO”

O presente trabalho é requisito parcial para a


composição da N1 da disciplina História do
Pensamento Econômico I, ministrada pelo Dr.
Carlos Estevão Ferreira de Castelo, no curso de
Bacharelado em Ciências Econômicas.

Rio Branco – Acre


2017
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Os seres humanos sempre buscam os próprios interesses! Para Adam Smith (1723-1790)
o enriquecimento dos países resulta do trabalho de um conjunto de indivíduos que movidos
pelo seu próprio interesse promovem o crescimento econômico e a inovação tecnológica. Smith
dizia que todo o sistema econômico em que existisse a livre atividade dos indivíduos se
desenvolveria de forma harmônica. Ele acreditava que empresários e trabalhadores eram
guiados pela mesma lei psicológica natural da busca do interesse próprio. Os empresários
buscam obter o maior lucro possível e os trabalhadores oferecem sua mão-de-obra buscando
serem remunerados da melhor maneira. Assim ele defendia que a iniciativa privada deveria agir
livremente com pouca ou nenhuma restrição governamental. Este é o chamado liberalismo
econômico.
No caso do Bar do Capelão, nosso alvo de estudos, mais especificamente sobre o fato
que foi apresentado de comprar água mineral diretamente dos fornecedores, para atender o seu
próprio interesse de conseguir a água mineral para consumo próprio a um preço reduzido, ele
não se importa com a concorrência. A opção por comprar água diretamente do fornecedor foi
estratégica do Capelão para diminuir seus gastos. Opcionalmente realiza a revenda do produto
para a rotatividade do lucro. A medida que o Capelão procura satisfazer seus interesses próprios,
acaba por “ajudar” a satisfazer o interesse próprio dos outros. A intenção com a revenda não é
lucrar com isso. É então onde entra a tal “mão invisível” que Adam Smith aborda. Mesmo que
querer, e ocasionalmente com a venda da água mineral a preço mais baixo que a concorrência,
isso acarreta num bem-estar econômico para sociedade local, mesmo que a ideia inicial de
Capelão fosse suprir suas necessidades de consumo da sua casa.
Com essa ação de vender o galão de água mineral com preço mais reduzido que seus
concorrentes, mesmo que este não seja o principal objetivo do bar, acaba por gerar uma
consequência atípica para os demais revendedores de água, que é a queda na demanda, sendo
que existe um outro fornecedor que oferece o mesmo produto a preços reduzidos. Não sabendo
das reais finalidades que o Bar do Capelão tem com a compra da água mineral direta com o
fornecedor, a concorrência se vê numa situação difícil. É importante destacar que Capelão tem
uma fonte de lucros estável, que é o Bar. O lucro da revenda da água é um “extra” ocasional.
Entretanto, para o concorrente que tem como produto único e exclusivo o galão de água, esta
competição pode ser desleal.
O que fazer? Forçar o fornecedor de água mineral a cessar a venda para o Bar do
Capelão, com a justificativa de que ele está revendendo a preços mais reduzidos? Ou equiparar
seu preço e deixá-lo competitivo tão quanto o do Bar do Capelão? Me permito responder as
duas! Na primeira hipótese, impor que o fornecedor de água deixe de vender para tal cliente
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apenas por questões de concorrência na venda final é patético. Independentemente do valor que
o Bar do Capelão revenda a água, o fornecedor cobra o mesmo preço de todos os revendedores,
seja o bar, seja o cliente reclamante. Na segunda hipótese, é algo a ser analisado com mais
cuidado. Digo isso pensando na ideia inicial de que o concorrente em questão apenas trabalhe
com a revenda exclusiva de água mineral. A redução no preço final acarreta na diminuição de
seus lucros. Com lucro menor, alguns cortes de gastos poderão ser feitos, como corte de
funcionários, cobrança de uma taxa extra para entrega deste produto na residência, entre outras
questões. Portanto, nada impede legalmente que o Capelão revenda seus produtos com valor
abaixo da média do mercado. Haveria, caso fosse, restrições legais se a revenda do produto
fosse feita com valores abaixo do preço de custo.
Concluo com um trecho muito famoso da obra de Adam Smith, A Riqueza das Nações,
de 1776, que representa a ideia pela busca dos interesses próprios individuais, que por
consequência acarreta na facilitação pela busca dos interesses próprios individuais de outra
pessoa.
Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o
nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos próprios interesses. Apelamos
não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades,
mas das vantagens que eles podem obter. (SMITH, Adam.)

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