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Caiu na prova oral da DPE/AL

(2018)
Breves comentários às questões de Direito Administrativo e Processo
Civil

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Olá a todos(as) os(as) leitores(as) do blog!


Notícia quentíssima!
Inscrevi-me como público externo para assistir à prova oral da DPE/AL, que aconteceu nos
dias 23, 24 e 25/02/2018.
No dia 24/02/2018, no período da tarde, estava lá… queria ver como está, atualmente, a
logística do CESPE, nível das perguntas, comportamento dos candidatos, nível dos
examinadores, etc.
Trago a vocês, nesse momento, duas questões que tocam as matérias que leciono na
EBEJI: Princípios institucionais (dentro de Processo Civil – Gratuidade de Justiça) e Direito
Administrativo.
Antes de trazer a linha de raciocínio das questões, três explicações:
a) a banca foi toda montada pelo CESPE, ou seja, não tinha membros da DPE/AL, por
opção da própria DPE/AL. Sendo assim, tinha na banca uma composição bastante mista,
como por exemplo, Juízes, Defensor Público de outros Estados da Federação, Defensor
Público Federal, etc.
b) estou relatando a questão com base naquilo que memorizei na hora, já que não
podemos anotar nada, estar com celular, etc, etc.
c-) Eram duas bancas (Grupos I e Grupo II). Em cada grupo tínhamos 4 matérias. No caso
das perguntas que eu trouxe, as matérias eram Processo Civil, Civil, Constitucional e
Administrativo. Cada matéria tinha 2, 3 ou 4 perguntas (dependendo do examinador). O
tempo total por banca eram 20 minutos; ou seja, 5 minutos, mais ou menos, por matéria.
Feito os esclarecimentos iniciais, vamos às questões?
Questão de processo civil: Quais são os instrumentos para requerer a gratuidade de
justiça? Quais os recursos cabíveis quanto ao indeferimento do pedido?
Resposta:
Como é cediço, de acordo com o NCPC, a pessoa natural ou jurídica, brasileira ou
estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais
e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Tendo
direito à gratuidade de justiça, o pedido pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso; se
superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser
formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.
Passando a segunda parte da pergunta, contra a decisão que indeferir a gratuidade
ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto
quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. Tal
posicionamento corrigiu um grave equívoco da então Lei n.º 1.060/1950, que previa
apenas a apelação como recurso no caso de indeferimento da Justiça Gratuita.
Questão de direito administrativo: Carro do poder executivo municipal colide, de
maneira imprudente, com outro veículo de um particular, levando ao óbito os dois
motoristas. Descobre-se, depois, que o motorista particular não tinha carteira
nacional de habilitação. Nessa situação, há responsabilidade civil do Estado? Há
causa excludente ou atenuante da responsabilidade estatal no caso narrado? Cite as
causas excludentes e atenuantes.
Resposta:
De acordo com doutrina, com o art. 37, § 6º, da CF, bem assim recentes entendimentos do
STF e STJ, a responsabilidade no caso narrado na questão é objetiva, ou seja, não se
discute dolo ou culpa do motorista do poder executivo municipal (imprudência,
conforme narrado), ingressando-se com ação diretamente contra o Município
(seguindo posição do STF – teoria da dupla garantia).
Em continuidade, no caso narrado incide a atenuante de culpa concorrente da vítima,
ou seja, tanto o Município tem sua parcela de culpa (motorista do Município estava
dirigindo com imprudência), quanto a vítima também o tem, já que não tinha CNH e
estava, mesmo assim, dirigindo.
Para encerrar, temos 3 (três) causa excludentes da responsabilidade estatal: culpa
exclusiva da vítima, culpa de terceiro e força maior/caso fortuito.
Sério que foi esse nível? Seríssimo!
O candidato poderia/deveria ter aprofundado mais nas respostas, fora essa linha de
raciocínio/resposta acima citada? Acho (muito) difícil, pois como dito, eram mais ou menos
5 minutos por matéria, o candidato ainda tinha que ler (mentalmente) o enunciado,
organizar a resposta na cabeça, depois ler em voz alta o enunciado, responder ao que foi
perguntado, esperar reperguntas dos examinadores, etc.
Por isso, entendo que respondendo o que propus acima, a pontuação seria máxima, na
minha opinião!
O grande lance da prova oral é o controle emocional, pois conteúdo pressupõe-se que
os(as) candidatos(as) já possuem!
Então fica a dica: Mantenha o controle emocional e comportamental; respondam
exatamente aquilo que lhe foi perguntado, citando “doutrina + lei + jurisprudência”;
demonstre serenidade e tranquilidade; não precisa “florear” demais a resposta; mantenha
uma boa postura, durante a prova oral, condizente com o futuro cargo; fale com uma boa
dicção; argumente bem, juntamente com uma boa capacidade de raciocínio; use bem a
nossa língua portuguesa, sem gírias, sem expressões vulgares; e não entre em pânico,
jamais!
Aproveito o momento para parabenizar a todos os nossos alunos do simulado oral
da DPU (resultado saiu hoje, dia 26/02/2018). Nosso índice de aprovação foi de
absoluto sucesso. Show!
Despeço-me desejando excelentes e prazerosas horas de estudo!
João Paulo Cachate, Defensor Público Federal, Mediador do GEDPU e Professor da
EBEJI

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