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1
Perspectiva sobre o
Comportamento do Consumidor
1. Comportamento do consumidor e estratégia de marketing: uma introdução
2. Esquema de Análise do Consumidor
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Estratégia de
Marketing
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Capítulo
1
Comportamento do consumidor e
estratégia de marketing: uma introdução
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bancos de dados para a realização de Internet mostraram-se semelhantes aos da
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pesquisas on-line. população como um todo. Em 2006, a
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costumam visitar a Web para coletar utensílios domésticos são também categorias
informações sobre produtos e serviços, mas não cuja quantidade é representativa.
costumam comprar. Os motivos apresentados Outros usam a Web para pesquisar em
pelos consumidores para não comprarem virtude da multiplicidade de opções de
incluíam o fato de que preferem fazê-lo produtos e serviços que ela oferece.
pessoalmente nas lojas e não querem correr o Se estiver procurando plantas e projetos
risco de dar acesso aos hackers ao cartão de paisagísticos exóticos, como as plantas-
crédito ou a informações pessoais enviadas on- miniatura alpinas do Oregon ou 40 variedades
line. Entretanto, pesquisas da ACNielsen de cactos cultivados com mudas coletadas no
identificaram que praticamente 50% dos Grand Canyon, visite a John Shelley’s Garden
compradores com acesso à Internet na verdade Center & Nursery, em Winterstown,
realizam compras na Web. Ao que parece, a Pensilvânia, em www.gdnctr.com. Está
melhoria da segurança na Web diminuiu as procurando componentes e acessórios
suspeitas de vários compradores on-line. sofisticados para mountain bike, do tipo que
Afinal, o que os consumidores compram não se encontra em uma loja local comum?
on-line? De acordo com estudo realizado em Nesse caso, visite a Aardvark Cycles, em
2006 pela comScore Networks, as compras Provo, Utah, em www.aardvarkeycles.com.
relacionadas a viagens, incluindo passagens Se quiser participar de um leilão de peças de
aéreas, encabeçavam a lista. Além disso, vários coleção, como uma Barbie do início da
estudos demonstraram que produtos como década de 1960 ou miniaturas de trem Lionel
livros, CD/DVC/vídeos, softwares, roupas, da década de 1950 para a prática de
acessórios e artigos especiais para presente, ferreomodelismo, visite a eBay, em
como flores, respondem por uma porção www.ebay.com. Está procurando um cartão
significativa das compras feitas pela Web. perfeito para alguém que está na prisão?
Hardwares, serviços de entretenimento e Visite prisonexpressions.com.
4 Parte 1 Perspectiva sobre o comportamento do consumidor
Fontes: Enid Burns, “Active Home Web Use by Country, January 2006”. clickz.com. Acesso em: 13 mar. 2006;
Enid Burns, “Retail Sales Grew in 2005”. clickz.com. Acesso em: 5 jan. 2006; Timothy J. Mullaney, Heather
Green, Michael Arndt, Robert D. Hof e Linda Hilelstein, “The E-Biz Surprise”, BusinesWeek, 12 maio 2003, p.
60-68; Ken Cimino, “Reports Paint Profile of an Internet Shopper”. EcommerceTimes.com. Acesso em: 13 jul.
2001; www.acnielsen.com.
dados, permitem que as empresas identifiquem pessoalmente quem são seus clientes e os efeitos
que a estratégia de marketing e suas mudanças exercem sobre eles. Tanto os fabricantes quanto
os varejistas já podem acompanhar cuidadosamente as reações do consumidor aos novos produ-
tos e serviços e avaliar melhor do que nunca as estratégias de marketing. Por esse motivo, as
empresas, hoje, estão mais aptas a de fato implementar o conceito de marketing. A seção “Em
destaque 1.1” oferece diversos exemplos de métodos mais recentes de pesquisa de mercado.
O terceiro motivo para essa ênfase crescente sobre os consumidores é o florescimento da
Internet como ferramenta de marketing. No passado, os consumidores recebiam a maior parte
das informações sobre produtos e serviços da propaganda impressa e eletrônica tradicional e
compravam principalmente em lojas físicas.* Embora essa seja ainda a situação da maioria das
compras, os profissionais de marketing reconheceram o potencial do e-marketing (marketing
digital; marketing na Internet) para mudar completamente a maneira como os consumidores
visitam as lojas e compram. Essa mudança pode ser uma ameaça aos fabricantes e aos varejis-
tas tradicionais, se não adaptarem suas estratégias de marketing para abranger o comércio
eletrônico, mas é também uma oportunidade para pequenas empresas e empresários, visto
que os custos iniciais de comercialização de produtos e serviços diminuem sensivelmente em
comparação aos métodos de marketing tradicionais. Em ambos os casos, é necessário conhe-
cer os padrões de compra e aquisição dos consumidores para desenvolver uma estratégia de
e-marketing promissora, o que aumenta a importância da pesquisa do comportamento do con-
sumidor. Os profissionais de marketing experientes sabem que a Internet pode ser usada para
transmitir uma enorme quantidade de informações sobre produtos e linhas de produtos e de
fato vender produtos e serviços diretamente a esses consumidores e comercializá-los global-
mente para consumidores que não poderiam ser atingidos de modo econômico pelos tradicio-
nais métodos de marketing. Em conclusão, os profissionais de visão também se deram conta de
que a Internet pode ser usada para conduzir estudos investigativos de marketing e coletar ou-
tras informações relevantes sobre os consumidores que possam ser usadas para desenvolver
estratégias de marketing eficazes.
Resumindo, várias empresas promissoras, ao perceberem a importância dos consumidores,
dispõem de abordagens sofisticadas e de dados detalhados para desenvolver estratégias organi-
zacionais e de marketing. Tudo isso poderia convencê-lo, leitor, de que o curso sobre comporta-
mento do consumidor que você está prestes a começar é um componente fundamental para a
área de treinamento/instrução de sua empresa. No restante deste capítulo, examinaremos a na-
tureza do comportamento do consumidor e os fatores que concorrem para seu estudo e análise.
Além disso, investigaremos algumas relações entre comportamento do consumidor e estratégia
de marketing e a importância deste curso para formar profissionais bem-sucedidos. Conquanto
o principal tema deste texto seja comportamento do consumidor e marketing estratégico, não
devemos nos esquecer de que os funcionários, sejam quais forem suas funções na empresa, de-
vem ser envolvidos no atendimento aos consumidores. A seção “Em destaque 1.2” examina um
método usado pelos varejistas para compreender os padrões de compra do consumidor.
Em destaque 1.1
Investigando fundo a mente e a
vida dos consumidores
Fonte: David Kiley, “Shoot the Focus Group", BusinessWeek, 14 nov. 2005, p. 120-121; Melanie Wells, “New Ways to Get Into Our Heads”,
USA Today, 2 mar. 1999, p. B1, B2. Copyright 2 mar. 1999. Reimpresso com permissão.
várias empresas são obrigadas a inovar constantemente para oferecer maior qualidade aos clien-
tes e continuar lucrando. Isso exige que se criem novos produtos ou novas versões de um pro-
duto existente, novas marcas e novas estratégias. Por exemplo, a Mercedes-Benz desenvolveu
uma linha mais completa de veículos, incluindo um utilitário esportivo, o ML 350, para tentar
atingir um número maior de consumidores. A Compaq foi a primeira empresa a oferecer com-
putadores a preços baixos e outros fabricantes seguiram essa mesma tendência. Entretanto,
segundo uma pesquisa, 50% das famílias norte-americanas não possuem computador porque
acreditam que não necessitam dele.2 Isso demonstra que os desejos e as necessidades de dife-
rentes grupos de consumidores mudam em diferentes momentos.
8 Parte 1 Perspectiva sobre o comportamento do consumidor
Em destaque 1.2
Espreitando os clientes para
aumentar as vendas
Os profissionais de marketing acreditam que esses clien- dinhos Frito-Lay, da PepsiCo Inc., tentou elevar as vendas
tes provavelmente compram menos porque estão restritos anunciando batatinhas fritas nesses corredores. Acima dos
ao que podem carregar. potes de chá Nestea e dos potes de café Maxwell House, um
• Determinadas seções atraem uma enorme quantidade de letreiro vermelho piscante anunciava “América, sua batatinha
pessoas, mas isso não garante vendas proporcionais, de acabou de chegar”, persuadindo os clientes a pegar um pa-
acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de cote de Doritos.
Marketing de Alimentos, uma associação comercial norte- Uma pesquisa realizada pela nova-iorquina Envirosell
americana. Ao reconstituir os passos de 2,4 mil clientes e Inc. identificou que os nove primeiros metros na entrada de
verificar o que acabavam levando no carrinho de compras, uma loja, a “zona de descompressão”, não devem ser
o instituto identificou, por exemplo, que 77% das pessoas usados para vender produtos. A maioria dos consumidores
passavam pela seção de pães, mas apenas um terço de precisa de espaço para se orientar e se acostumar com o
fato comprava alguma coisa. local. Eles só se interessam por mostruários mais elabora-
• Um estudo sobre os produtos da Procter & Gamble nas dos depois que ultrapassam essa zona. Essa empresa des-
lojas Kmart descobriu que as vendas aumentavam acen- cobriu também que a maior parte dos clientes, especial-
tuadamente quando produtos como café e creme dental mente as mulheres, não gosta de entrar em corredores
eram posicionados em mostruários giratórios, fora dos estreitos em que haja possibilidade de haver esbarros. Por
corredores em que costumam ficar. Mesmo sem haver isso, os produtos que ficam nesses corredores em geral
cupons ou descontos, a venda de cremes dentais dispos- acabam não sendo vendidos.
tos nesses novos locais chegou a aumentar 119% em um Paco Underhill, fundador da Envirosell Inc., aconselha os
período de teste de mais de três semanas, ao passo que lojistas a manter uma pilha de cestas de compra em vários
a de café disparou, ultrapassando 500%. locais da loja. Ao que tudo indica, apenas 34% dos clientes
que não dispõem de cestas acabam de fato comprando al-
Embora seja uma ferramenta utilizada principalmente pelos guma coisa, ao passo que 75% dos clientes que dispõem de
varejistas, a análise de tráfego está sendo usada pelas em- cestas compram algum produto.
presas de produtos de consumo também. Um estudo de trá- Curiosamente, as mulheres que compram na companhia
fego mostrou que os clientes em geral passam rapidamente de outra mulher gastam duas vezes mais do que quando es-
pela seção de salgadinhos — ficam apenas 42,7 segundos tão na companhia de homens. Portanto, Underhill sugere que
—, mas despendem duas vezes mais tempo no corredor de as lojas tenham grande quantidade de assentos para que os
café e chás. Na loja Kroger, em Atlanta, a unidade de salga- homens relaxem enquanto as mulheres fazem compras.
Fontes: Helen Coster, “Consumer Spy”, Forbes, 9 jan. 2006, p. 91; Kenneth Labich, “Attention Shoppers: This Man Is Watching You”, Fortune,
19 jul. 1999, p. 131-134. Copyright 1999 Time, Inc. Todos os direitos reservados.The Wall Street Journal. Edição Principal [artigo escrito inter-
namente] por Michael J. McCarthy, “James Bond Hits the Supermarket: Stores Snoop on Shoppers’s Habits to Boost Sales”, The Wall Street
Journal, 25 ago. 1993, p. B1, B5. Copyright 1993 by Dow Jones & Co., Inc. Reproduzido com permissão da Dow Jones & Co., Inc., em forma
de livro-texto por meio do Copyright Clearance Center.
Abordagens de Além de fenômeno complexo, o comportamento do consumidor é uma área de estudo eclética.
pesquisa do A maior parte das pesquisas publicadas é feita por acadêmicos de marketing com diferenças
marcantes em relação à experiência, aos objetivos e aos métodos. Como mostra a Figura 1.1,
comportamento do
existem três abordagens principais para estudar o comportamento do consumidor.
consumidor A abordagem interpretativa, relativamente nova nesse campo, tornou-se bastante influente.
Com base em teorias e métodos da antropologia cultural, o objetivo dessa abordagem é tentar
abarcar em profundidade o consumo e seus significados. As pesquisas utilizam longas entrevistas
e discussão em grupos para compreender, por exemplo, que significado têm os produtos e os ser-
viços para os consumidores e o que eles sentem quando compram e usam esses produtos e
serviços. Outros estudos provavelmente estão relacionados à forma como a propaganda retrata
10 Parte 1 Perspectiva sobre o comportamento do consumidor
Figura 1.1
Abordagens de pesquisa do comportamento do consumidor
Campo de
Abordagens Principais Objetivos Principais Métodos
Estudo Básico
as mulheres, como a arte e o cinema refletem o significado de consumo ou como os bens mate-
riais influenciam a auto-imagem. Embora esses estudos normalmente não sejam concebidos
para ajudar os profissionais de marketing a desenvolver estratégias promissoras, é possível de-
duzir deles algumas conclusões para desenvolvê-las.
A abordagem tradicional, fundamentada em teorias e métodos da psicologia cognitiva, social
e comportamental, bem como da sociologia, procura desenvolver teorias e métodos para expli-
car a tomada de decisão e o comportamento do consumidor e utiliza em seus estudos experi-
mentos e levantamentos para testar as teorias e compreender, por exemplo, de que modo o
consumidor processa as informações, seu processo de decisão e as influências sociais sobre seu
comportamento. O impacto dessa abordagem sobre o pensamento de marketing é profundo.
Alguns pesquisadores concentram-se na verificação das teorias e outros na investigação da in-
fluência das estratégias de marketing sobre os consumidores.
A ciência do marketing, que se baseia em teorias e métodos da economia e da estatística,
normalmente envolve o desenvolvimento e a verificação de modelos matemáticos para predizer
o impacto das estratégias de marketing sobre as escolhas e o comportamento do consumidor.
Essa abordagem tornou-se um sustentáculo no setor de produtos de consumo empacotados,
porque permite a manipulação eficiente de grandes conjuntos de dados lidos por scanner para
ajudar a solucionar problemas de marketing.
Todas essas três abordagens têm seu valor e nos possibilitam vislumbrar o comportamento
do consumidor e o marketing estratégico de diferentes maneiras e em níveis de análise distin-
tos. Integramos neste texto constatações de todas as três, embora a essência deste livro seja a
abordagem tradicional.
É necessário observar também que os profissionais de marketing despendem milhões de
dólares todos os anos para estudar os consumidores. Essas empresas conduzem pesquisas inde-
pendentes ou contratam empresas de pesquisa de marketing, agências de propaganda, consul-
torias e acadêmicos para ajudá-las a desenvolver mais adequadamente estratégias de marketing
para atender aos consumidores e, portanto, podem usar qualquer uma dessas três abordagens,
dependendo da natureza do problema ou da decisão de marketing.
Aplicações da Como mostra a Figura 1.2, três grupos — organizações de marketing, organizações governamen-
pesquisa do tais e políticas e consumidores — usam informações sobre o comportamento do consumidor e
pesquisas do comportamento do consumidor. Esses grupos interessam-se pelo comportamento
comportamento do
do consumidor porque ele influencia as interações e as trocas do consumidor com outros grupos.
consumidor O primeiro grupo da Figura 1.2 representa as organizações de marketing, nas quais se in-
cluem não apenas empresas cujo empreendimento é vender produtos, mas também hospi-
tais, museus, parques, escritórios de advocacia, universidades e outras organizações que
pretendem trocar algo com os consumidores. Embora este texto enfatize principalmente as
trocas realizadas entre empresas e consumidores, as idéias apresentadas podem ser usadas
Capítulo 1 Comportamento do consumidor e estratégia de marketing: uma introdução 11
Figura 1.2
Relação entre grupos orientados a ações interessados
no comportamento do consumidor
Organizações
Organizações Estratégias Políticas
governamentais
de marketing de marketing públicas
e políticas
Atividades
do consumidor
Consumidores
As organizações sem fins lucrativos e governamentais podem se também por outras organizações de marketing — por exemplo,
beneficiar se pesquisarem seus consumidores. a AACD, o IBC, o Instituto Ethos ou uma faculdade ou uni-
versidade.
No segundo grupo da Figura 1.2, que consiste em várias orga-
nizações governamentais e políticas, incluem-se órgãos governa-
mentais norte-americanos como a Comissão Federal do
Comércio (FTC) e a Administração de Alimentos e Medicamen-
tos (FDA), ou os brasileiros Anvisa e BNDES, por exemplo. A
principal preocupação dessas entidades é monitorar e regula-
mentar as trocas entre as organizações de marketing e os consu-
midores. Isso é realizado mediante o desenvolvimento de
políticas públicas que afetam as organizações de marketing e os
consumidores. Nas organizações políticas incluem-se ativistas
contra o consumismo — por exemplo, o grupo Estudantes Con-
tra Motoristas Embriagados (Students Against Drunk Driving
— SADD) e várias organizações industriais e comerciais, como a
Associação Americana de Marketing (AMA). Esses grupos pres-
sionam as organizações de marketing e os consumidores para
que se comportem de uma determinada maneira. Por exemplo,
a seção “Em destaque 1.3” mostra o Código de Ética da Associa-
ção Americana de Marketing (AMA).
O terceiro grupo que tem interesse pelo comportamento do
consumidor abrange consumidores e compradores organizacio-
nais que trocam riquezas (reservas) por variados produtos e servi-
ços. Sua atenção está voltada para as trocas que os ajudam a atingir
metas e a compreender seu próprio comportamento. Conquanto
o principal foco deste livro seja o consumidor final, o raciocínio
apresentado aqui pode ser aplicado igualmente aos mercados or-
ganizacionais; alguns exemplos de comportamento do comprador
organizacional são apresentados posteriormente neste livro.
12 Parte 1 Perspectiva sobre o comportamento do consumidor
Em destaque 1.3
Código de Ética da Associação
Americana de Marketing*
Figura 1.3
Algumas perguntas sobre estratégia de marketing que a pesquisa do
comportamento do consumidor pode ajudar a responder
1. Que consumidores estão propensos a comprar esse produto e a nossa marca, quais são suas
características, em que eles são diferentes dos consumidores que não o compram e como podemos
alcançá-los?
2. Que critérios os consumidores tendem a usar para decidir que produtos e marcas comprarão? O que
envolve e influencia o processo de decisão do consumidor?
3. A imagem da marca, a conveniência, o preço, os atributos específicos ou outros critérios são mais
importantes para os consumidores desse produto?
4. Que estratégias devem ser empregadas para estimular os consumidores a comprar nossa marca em vez
da marca dos concorrentes?
5. Como os consumidores processam informações sobre produtos e como esse processo pode ser
influenciado para aumentar a probabilidade de eles terem uma impressão favorável de nossa marca?
6. O que os consumidores pensam e sentem em relação à nossa marca em comparação com as marcas
concorrentes? O que pode ser feito para melhorar a opinião deles a respeito de nossa marca?
7. Como podemos aumentar a probabilidade de os consumidores processarem informações sobre nossa
marca e ter uma impressão favorável?
8. Que comportamentos os consumidores devem ter para comprar e usar esse produto e nossa marca?
Como podemos aumentar a freqüência desses comportamentos nos consumidores? Existe alguma
oportunidade de mudar a forma como eles compram e usam esse produto e, desse modo, obter
vantagem competitiva?
9. Em que situações os consumidores tendem a comprar e usar esse produto e nossa marca? Como
podemos aumentar a quantidade de situações desse tipo? Que fatores ambientais influenciam a compra
e o uso?
10. Que preço os consumidores estão dispostos a pagar por nosso produto e ainda assim acreditar que ele
vale esse preço? Seria necessário usar promoção de vendas? Se sim, quais e como elas deveriam ser
sincronizadas?
11. O que podemos fazer para satisfazer e até mesmo empolgar os consumidores com nossa marca, para
que se tornem clientes leais?
12. Como fazer com que os consumidores se empolguem com nossa marca, atendendo ao mesmo tempo às
necessidades dos proprietários, dos funcionários, dos fornecedores, dos membros do canal de
distribuição, da sociedade e de outras partes interessadas (acionistas)?
Em destaque 1.4
Coach: utilização de pesquisas
do consumidor para recuperar
uma empresa
Fontes: Diane Brady, “Coach’s Split Personality”, BusinessWeek, 7 nov. 2005, p. 60-61; LouAnn Lofton, “Coach’s Success Story”. Fool.com.
Acesso em: 12 jun. 2003; Amy Tsao, “It’s in the Bag for Coach”, BusinessWeek Online, 23 abr. 2003; Julia Boorstin, “How Coach Got Hot”,
Fortune, 28 out. 2002, p. 131-134.
Recapitulando...
Compras on-line — 2006
omo observado anteriormente, o marketing raram sua lucratividade atendendo bem aos consu-
C na Internet permite que os profissionais da midores. As pesquisas on-line podem ajudar essas e
área estabeleçam relacionamentos diretos e outras empresas a aumentar ainda mais sua lucrati-
individualizados com os consumidores e vidade ao oferecer respostas às perguntas discuti-
criem bancos de dados para conduzir das a seguir.
pesquisas do consumidor on-line. Lojas A primeira pergunta para a qual os profissionais
físicas promissoras, como Wal-Mart e de marketing da Internet devem buscar resposta é
Renner, bem como as empresas “digitais”, se as pessoas que desejam ou necessitam de um
como Amazon.com e o Mercado Livre, melho- produto são também usuárias da Internet. Em
16 Parte 1 Perspectiva sobre o comportamento do consumidor
outras palavras, o mercado-alvo tem acesso a com- modo semelhante, uma empresa como o Pão de
putadores; está propenso e tem habilidade para Açúcar, que aceita pedidos e entrega em sua área
comprar por meio deles? Se não, e se o provável comercial gêneros alimentícios a famílias que não
crescimento do uso da Internet no mercado-alvo têm tempo de ir ao supermercado, oferece alguma
for insignificante, outros modelos de distribuição vantagem aos consumidores.
talvez sejam mais promissores. A quarta questão é por que os consumidores de-
A segunda pergunta a ser respondida é o tama- veriam comprar pela Internet e não pelos tradicio-
nho do mercado-alvo do produto ou serviço em nais meios de distribuição. Embora isso possa ser
questão e sua dispersão geográfica. Se o mercado cômodo, os profissionais de marketing da Internet
for pequeno e extremamente disperso, o marketing têm desvantagens. Os consumidores não podem
pela Internet pode disponibilizar produtos que de examinar os produtos diretamente como costumam
outra forma os consumidores não poderiam fazer nas lojas de varejo. Muitos consumidores ainda
adquirir facilmente. temem fornecer informações sobre cartão de crédito
A terceira questão é saber se comprar um pro- pela Internet e muitos não confiam nas empresas e
duto ou serviço pela Internet oferece alguma van- nos produtos que não conhecem bem. Os profissio-
tagem aos consumidores em potencial. Com certe- nais de marketing da Internet, portanto, têm uma
za, poder fazer uma reserva aérea a qualquer hora desvantagem em relação às lojas, aos catálogos e a al-
do dia ou da noite a um preço mais baixo é um fa- guns outros meios de compra porque os consumido-
tor que muitos consumidores valorizariam. Pelo res é que normalmente precisam procurá-los, e não o
fato de as reservas pela Internet permitirem que as contrário. A menos que esses profissionais ofereçam
companhias aéreas economizem as comissões que alguma vantagem, seja por meio da segurança, de in-
teriam de pagar aos agentes de viagem, elas podem formações ou da possibilidade de obter itens de outra
oferecer uma vantagem ainda maior dando descon- forma difíceis de encontrar, as chances de sucesso são
to às passagens compradas pela Internet. Visto que mínimas. As pesquisas do consumidor podem ajudar
inúmeras pessoas que costumam viajar de avião são os profissionais de marketing da Internet a conhecer
instruídas e utilizam computadores regularmente, seus consumidores, a satisfazer suas necessidades e
esse serviço é bastante adequado ao mercado. De desejos e a criar valor para eles. ❖
Conceitos e palavras-chave
comportamento do consumidor 5
conceito de marketing 4
estratégia de marketing 12
Capítulo 1 Comportamento do consumidor e estratégia de marketing: uma introdução 17
E
m um setor em que vários de seus concorrentes estão perdendo dos funcionários, aumentou o número de refeitórios e construiu novas
vendas e participação no mercado, a Toyota continua se instalações recreacionais. Na linha de montagem, qualidade significa
sobressaindo. Em 2005, ela faturou $ 11,4 bilhões — mais do zero defeito. Mas como proclama outro slogan: “produzir o que há de
que todas as outras montadoras de automóveis juntas. Nesse mesmo melhor e oferecer ao cliente o que ele/ela deseja”. Pelo fato de cada
ano, tornou-se a primeira empresa não norte-americana a ser funcionário atuar como cliente dos processos que antecedem o seu,
classificada pela lista da revista Fortune das empresas mais admiradas ele torna-se um inspetor de controle de qualidade. Se uma peça não
dos Estados Unidos. De 2001 a 2006, a produção automotiva da estiver instalada apropriadamente quando lhe chegar às mãos, ele
Toyota aumentou aproximadamente 50%, um crescimento astronômico não a aceita.
para um produto de fabricação tão complexa e cara quanto os O atual sistema de engenharia da Toyota permite que a empresa
automóveis. A Toyota ultrapassou a Ford Motor Company em 2003, fabrique um novo modelo de carro — da concepção ao showroom —
passando a ocupar o segundo lugar na lista de fabricantes de em menos de quatro anos, comparativamente aos mais de cinco anos
automóveis mundiais em termos de volume de produção. No início de gastos pelas empresas norte-americanas e aos sete anos pela
2006, estava pronta para superar a General Motors e tornar-se a maior Mercedes. Isso corta os custos, possibilita a rápida correção de erros
montadora do mundo em volume de produção. e mantém a Toyota mais bem informada acerca das tendências do
A Toyota simplesmente está no topo em qualidade, produção e mercado. Eles se realimentam desses próprios ganhos de velocidade.
eficiência. De suas fábricas saem inúmeros carros, fabricados com A Toyota consegue adiantar a parte de engenharia e projeto porque,
precisão inigualável. A Toyota produz sedãs de luxo com qualidade segundo um gerente, “Estamos mais próximos do cliente e, portanto,
equivalente à da Mercedes-Benz usando um sexto da mão-de-obra nosso tempo de concepção é menor”. Os novos produtos são
empregada pela Mercedes. Ela criou a produção just-in-time e designados a um engenheiro-chefe com responsabilidade e
continua sendo a principal adepta dessa prática. Mantém relações autoridade total sobre o produto, do projeto/fabricação ao marketing,
estreitas com seus fornecedores e determina rigorosas especificações e que tem contato direto com as revendedoras e os consumidores. Os
de engenharia para os produtos que compra. chefes de novos modelos das empresas norte-americanas raramente
A posição de liderança mundial da Toyota na indústria automotiva têm esse controle e quase nunca têm contato direto com revendedoras
foi construída sobre sua vantagem competitiva na cadeia de e consumidores.
abastecimento. Na década de 1990, a empresa reduziu em 84% as Em uma pesquisa a respeito das competências dos fabricantes de
peças defeituosas, em comparação aos 47% das três maiores automóveis em relação às operações de montagem, estampagem e
concorrentes. Também reduziu seu índice de estoque/vendas de 35% sistemas de transmissão, a maior unidade de montagem na América
para 6%. Essas vantagens foram conseguidas a despeito do fato de do Norte (com base em horas de montagem por veículo) é a fábrica
as três maiores concorrentes dependerem dos mesmos fornecedores. da Toyota instalada em Cambridge, Ontário. Nessa fábrica, um Corolla
Um estudo realizado por Jeff Dyer, da Wharton School da Universidade é produzido em 17,66 horas. A Toyota foi também classificada como
da Pensilvânia, e Kentaro Nobeoka, da Universidade de Kobe, atribuiu líder em montagem de motores — leva apenas 2,97 horas para
o sucesso da Toyota em parte à implementação de rotinas bilaterais e produzir um.
multilaterais de compartilhamento de conhecimentos com No sistema de fabricação da Toyota, as peças e os carros só são
fornecedores, o que gerou uma aprendizagem interorganizacional ou fabricados quando as concessionárias enviam seus pedidos. Ao fazer
em rede de qualidade superior. A Toyota usa seis abordagens para um pedido, as concessionárias, em essência, reservam uma parte da
facilitar o compartilhamento de conhecimentos: (1) uma associação capacidade da fábrica. Esse sistema é tão competente que, em vez
de fornecedores; (2) equipes de consultores; (3) grupos de estudos de esperar vários meses para ter um novo carro, o cliente pode obter
voluntários; (4) equipes de resolução de problemas; (5) transferência um carro fabricado sob encomenda (personalizado) no prazo de uma
de funcionários entre empresas; e (6) feedback e processos de semana a dez dias.
monitoração de desempenho. Essa iniciativa também exige intenso A Toyota é a melhor fabricante de automóveis do mundo porque se
contato pessoal entre a Toyota e seus fornecedores. mantém próxima dos clientes. “Aprendemos que a produção em
A Toyota foi igualmente precursora dos círculos de qualidade, massa universal não é suficiente”, disse o diretor do Centro de Design
técnica que promove discussões entre os funcionários para melhorar da Toyota, em Tóquio. “No século XXI, personalizamos os produtos
o trabalho que executam e evitar o que se convencionou chamar de para refletir mais as necessidades individuais.”
três Ds (dangerous, dirty e demanding)* em relação ao trabalho de Em 1999, a Toyota comprometeu-se a investir $ 13 bilhões no prazo
fábrica. A empresa investiu $ 770 milhões para melhorar o alojamento de um ano (2000) para se tornar uma empresa genuinamente global e
18
Capítulo 1 Comportamento do consumidor e estratégia de marketing: uma introdução 19
sem fronteiras. Desse modo, poderia criar unidades de fabricação no de opções. A Internet permite que os consumidores sejam mais
mundo inteiro para produzir carros de acordo com a demanda local. A exigentes e menos comprometidos. Hoje eles têm acesso aos preços
meta era abocanhar até 2010 de 10% a 15% da participação de mercado mais baixos para modelos específicos de veículo com todos os
global; é provável que a empresa atinja essa meta bem antes disso. acessórios que desejam. No conforto do lar, eles são capazes de
Por que essa tendência a personalizar os veículos? Parte disso evitar as concessionárias e ainda assim encontrar o veículo que
deve-se à feroz concorrência, que oferece aos clientes uma profusão tanto sonharam.
Fontes: Alex Taylor III, “How Toyota Does It”, Fortune, 6 mar. 2006, p. 107-124; Jerry Flint, “Toyota’s Onslaught”, Forbes, 26 dez. 2005, p. 100;
Alex Taylor III, “And It’s Toyota by a Nose!”, Fortune, 9 jun. 2003, p. 34; Marc Halpern, “Integrating the Supplier Chain, Toyota’s U.S. Advantage”,
Computer-Aided Engineering, set. 1999, p. 52-53; Gary S Vasilash, “Making It: How the Automakers Measure Up”, Automotive Manufacturing
and Production, set. 1999, p. 70-71; Oren Harari. “Kaizen Is Not Enough”, Management Review, set. 1997, p. 25-29; Alex Taylor III, “Why Toyota
Keeps Getting Better and Better and Better”, Fortune, 19 nov. 1990, p. 66-77. Consulte também William Spindle, Larry Armstrong e James B.
Treece, “Toyota Retooled”, BusinessWeek, 4 abr. 1994, p. 54-57; Edith Hill Updike, Keith Naughton e Larry Armstrong, “I Think They Were Just
Lying Low”, BusinessWeek, 18 dez. 1995, p. 50-51; www.toyota.com.