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ARTIGO: RISCOS DO USO DE DOMISSANITÁRIOS CLANDESTINOS

Por Glademir Alvarenga – Professor do Colégio Dom Feliciano


Produtos domissanitários recebem esse nome por serem saneantes utilizados em domicílios para
a limpeza e conservação dos ambientes. Podemos encontrá-los em casas, escritórios, hospitais, escolas e
praticamente em todos os lugares. Suas principais funções são remoção da sujeira e extermínio de vermes
e bactérias causadores de patologias. Dentre esses produtos, podemos citar o detergente líquido, o sabão
em pó, as ceras, a água sanitária ou de lavanderia e os desinfetantes. A produção e a comercialização
desses produtos devem seguir rigorosos padrões de qualidade a fim de evitar futuros danos aos
consumidores e ao meio ambiente. Além disso, obedecem a uma legislação específica, podendo os
infratores responder por crimes na vara cível e penal. O órgão encarregado de fiscalizar a fabricação e a
comercialização dos saneantes é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

À ANVISA, órgão do Ministério da saúde, cabe também estabelecer regras sobre esses produtos.
Quando os saneantes não seguem as normas estabelecidas pela ANVISA nem são fiscalizados por ela, são
classificados como pirataria ou produtos clandestinos. Infelizmente, a comercialização desses produtos
tornou-se uma prática rotineira em nossas cidades. Normalmente, são produtos preparados por pessoal
sem conhecimento técnico e sem habilitação para isso, em fábricas de fundo de quintal, onde não há
controle de qualidade algum. Consequentemente, os riscos para os usuários de saneantes clandestinos
são enormes e os mais variados possíveis. Eis alguns:

1. Como não há controle de qualidade da matéria-prima utilizada na fabricação nem controle do processo
e do produto acabado, o produto não tem a eficácia garantida para a finalidade a que se destina.

2. Os produtos clandestinos são envazados em frascos reaproveitados de garrafas Pet, sem identificação
alguma. Isso pode levar a um ato inseguro, em que as pessoas podem ingerir acidentalmente o conteúdo
líquido da garrafa, confundindo-o com água ou refrigerante.

3. Como não há rótulo de identificação, não há responsável técnico, data de validade do produto nem o
fabricante. Logo, o consumidor estará totalmente desamparado em caso de ineficácia, acidente ou danos
causados pelo produto.

4. A falta de instruções de uso e cuidados com o produto poderá causar sérios problemas de saúde, como
intoxicação, queimaduras e dermatites, quando em contato com pele, olhos ou em caso de inalação.

5. O descarte indevido dos domissanitários causa sérios prejuízos ao meio ambiente. Pode alterar o pH de
águas e mananciais, prejudicando a vida aquática, além de alguns conterem substâncias de difícil
degradação na natureza (denominadas não biodegradáveis) e que podem alterar a fauna e a flora
próximas aos seus dejetos.

Além dos riscos citados acima, o uso de domissanitários clandestinos acarretam prejuízos de ordem
econômica, política e social. Do ponto de vista econômico, esses produtos não geram arrecadação para
as esferas municipal, estadual ou federal. Além disso, trazem prejuízos para a indústria e comércio
devidamente legalizados e constituídos. Na esfera política, há o reforço da imagem de impunidade, de
informalidade e de incompetência por parte dos governos que parecem coniventes com tal atividade. No
âmbito social, como os funcionários dessas empresas trabalham na informalidade, eles não têm garantias
trabalhistas. Vários recebem honorários inferiores aos de mercado e vivem com um subemprego. Além
disso, trabalham sem equipamentos de proteção individual (EPI’s) e não têm consciência dos riscos a que
estão expostos.

Por fim, infere-se que os riscos e as mazelas geradas pelo consumo de saneantes clandestinos
são muitos. Há a necessidade de uma mudança de postura por parte dos governantes e, principalmente,
de uma mudança de consciência por parte dos consumidores.

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