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O Som das Copas: A história do rádio esportivo paranaense nas Copas do

Mundo
Guilherme Coimbra - Pesquisa em Jornalismo 3MA

O rádio esportivo brasileiro teve grande importância na cobertura das Copas do


Mundo da Fifa, desde 1938, na edição disputada na França, quando Gagliano
Neto atravessou o Oceano Atlântico para se tornar o primeiro narrador
brasileiro a cobrir in loco a competição. De lá para cá, o rádio exerceu um
importante papel na consolidação do esporte e na cobertura do evento, sendo
o principal veículo a contar as histórias das Copas até a chegada da televisão.
No entanto, com o surgimento da telinha, as ondas curtas foram perdendo o
protagonismo no cenário, tento pela desvantagem de concorrer com o atrativo
imagem, quanto pelo alto custo das transmissões, que cada vez mais
inviabilizam a cobertura.
Na época da primeira transmissão, em solo francês, segundo Mostaro (2012), o
futebol atingia patamares cada vez maiores e caiu no gosto popular na época,
fazendo com que o casamento com o maior veículo de comunicação de massa
fosse perfeito. Assim, foi até a chegada da televisão, em 1970, o rádio passou
a mudar de papel. Segundo Paschoalino (2012), como nem todas as pessoas
tinham acesso aos televisores, muitos se aglomeravam em frente de lojas de
eletrodomésticos para acompanhar as partidas com seus radinhos de pilha no
ouvido para acompanhar a seleção. Aos poucos, a magia foi diminuindo e o
espaço deixou de ser dividido para se tornar mínimo.
Apesar da presença do rádio nacional se dar desde a terceira edição, na
década de 1930, as emissoras paranaenses demoraram para iniciar os
trabalhos nas coberturas de Copas do Mundo. Em 1950, há relatos de
pequenas participações em jogos locais, uma vez que Curitiba foi sede e
recebeu dois jogos. Posteriormente, apenas em 1974, já sob o domínio da
televisão a cores, que o cronista paranaense Airton Cordeiro integrou a equipe
da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, para dar início a uma revolução no rádio
local. Depois, em 1982, a Rádio Clube Paranaense iniciou sua trajetória na
Copa do Mundo da Espanha e começou a marcar presença nos mundiais.
Além da PRB-2, as rádios Paiquerê AM 1110 e Brasil Sul AM 1290, ambas de
Londrina, e a Rádio Banda B, de Curitiba, também participaram das coberturas
in loco da Copa do Mundo, entre 1982 e 2014 – quando as duas emissoras
londrinenses participaram pela última vez. Nesta edição de 2014, realizada no
Brasil, nenhuma rádio de Curitiba adquiriu os direitos de transmissão, que
ficaram mais caros para 2018, quando nenhuma emissora local aderiu.
O objetivo do trabalho é contextualizar as transmissões, debater sobre o que
evoluiu e o que decaiu neste período no rádio esportivo e trazer curiosidades
dos bastidores das coberturas das rádios locais no Mundial, analisando o
fenômeno do rádio e toda a mística que envolve a competição, com as
características próprias da cobertura radiofônica e o papel do narrador de
envolver o ouvinte. Silva (2010) explica que “o esporte no rádio respeita as
características básicas do veículo ao levar ao ouvinte os acontecimentos no
momento em que eles ocorrem, direto das praças esportivas”. O imediatismo,
entre todos os fatores, é um dos que mais se destaca. Além dele, entra
também a fala, a forma como o narrador relata os acontecimentos dentro de
uma partida, como um gol por exemplo, ou os minutos finais de cada partida,
podendo trazer a imagem ao imaginário do ouvinte, deixando para ele o fato de
desenhar aquele lance como quiser, algo que não é possível, por exemplo, na
televisão, em que a imagem já traz o detalhe e retrata a realidade do
acontecimento. Isso faz com que um lance de Copa do Mundo seja cada vez
mais emocionante, cada vez mais peculiar, e que o imaginário produzido pelo
rádio possa ser uma grande vantagem na concorrência com a televisão. O
último mundial com participação de emissoras paranaenses foi no Brasil, em
2014, em edição que já não teve a participação de nenhuma rádio de Curitiba
entre as que adquiriram os direitos de transmissão. O Paraná foi representado
apenas pelas londrinenses Paiquerê e Brasil Sul. Para 2018, na Rússia, com
aumento no valor, nenhuma emissora local aderiu.
Um dos objetivos é contextualizar esta relação do rádio com o futebol em seu
maior evento. Analisar o fenômeno da narração dentro de toda a mística que
envolve o torneio, com toques de emoção, e o papel do narrador dentro destes
acontecimentos. Silva (2010) explica que “o esporte no rádio respeita as
características básicas do veículo ao levar ao ouvinte os acontecimentos no
momento em que eles ocorrem, direto das praças esportivas”. O imediatismo,
entre todos os fatores, é um dos que mais se destaca. Além dele, entra
também a fala, a forma como o narrador relata os acontecimentos dentro de
uma partida, como um gol por exemplo, ou os minutos finais de cada partida,
podendo trazer a imagem ao imaginário do ouvinte, deixando para ele o fato de
desenhar aquele lance como quiser, algo que não é possível nos demais meios
de comunicação. Isso faz com que um lance de Copa do Mundo seja cada vez
mais emocionante, cada vez mais peculiar.
Um dos fatos analisados dentro disso, será as transmissões dos últimos
mundiais pelo rádio esportivo paranaense. Como as rádios de Curitiba e
Londrina retrataram, por exemplo, a dolorosa eliminação da seleção brasileira
para a França na Copa do Mundo de 2006? E o gol de Andrés Iniesta na
prorrogação contra a Holanda, em 2010, que resultou no primeiro título da
Espanha? E, por fim, como as rádios Paiquerê e Brasil Sul, em sua derradeira
Copa do Mundo, narraram a tragédia da eliminação do Brasil, dentro de casa,
sendo goleado por 7 a 1 pela Alemanha, na Copa do Mundo de 2014?
O maior desafio deste trabalho será na questão dos personagens. Alguns deles
como, por exemplo, o narrador Lombardi Júnior, das Copas de 1982
(Espanha), 1986 (México) e 1990 (Itália) pela Rádio Clube Paranaense, e o
comentarista Dionísio Filho, da Rádio Banda B de Curitiba nas Copas do
Mundo de 2006 (na Alemanha) e 2010 (na África do Sul), já faleceram. A coleta
de materiais de todas as rádios também será um desafio, pois nem todas
guardam estas transmissões. Para contar a história desde os primórdios do
rádio, seria necessário também alguns materiais que relatem as primeiras
transmissões, lá no século passado.
A ideia é retratar toda a história dessas transmissões, curiosidades de
bastidores e narrações em um podcast no formato storytelling, reunindo
entrevistas e áudios históricos das coberturas Copa do Mundo pelas emissoras
de rádios paranaenses.

Referências:
MOSTARO, Filipe. O Rádio e as Copas do Mundo. Juiz de Fora: Juizforana,
2012.
PASCHOALINO, C. Bara. O Rádio e as Copas do Mundo. Juiz de Fora:
Juizforana, 2012.
DA SILVA, E. Florentino. NARRAÇÃO ESPORTIVA NO RÁDIO:
subjetividade e singularidade do narrador. ECCOM, 2010.

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