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CRISE DO SÉCULO XIV

CRISE DO SÉC.XIV

INTRODUÇÃO
O conjunto de transformações ocorridas durante a Baixa Idade
Média, o desenvolvimento comercial, o aparecimento da burguesia
e o surgimento de centros urbanos vão, em fins da Idade Média,
colocar em xeque a organização do
modo de produção feudal.

Entre os séculos XII e XIV, a economia


medieval vivenciou uma época de
crescimento mediante a ampliação da
Figura://www.coladaweb.com/historia/renascimento-comercial-e-o-
surgimento-da-burguesia oferta de gêneros agrícolas e o
desenvolvimento das cidades.
Assim, o mundo medieval se transforma devido ao aquecimento das atividades
comercias, à decadência das relações servis, à monetarização da economia e ao
surgimento e fortalecimento da burguesia.
Contudo, no início do século XIV, essa realidade foi bruscamente interrompida. Figura://www.historialivre.com/medieval/salaco
mercio.htm

FATORES
1° - A produção agrícola já não atende a 2°- As cidades cresceram devido ao
demanda de alimentos para abastecer a comércio, porém, com o passar dos anos,
população europeia crescente. o comércio se estagnou, pois escassearam
os metais para cunhar moedas na Europa,
isso porque as minas de ouro e prata
haviam se esgotado.

RESULTADO
Com a produção de alimentos insuficiente e a estagnação do comércio, a fome se alastra pela Europa. Essa
situação piora bastante devido à falta de higiene, condições de saneamento e coleta de lixo a que as cidades
estavam submetidas. A população europeia, já subnutrida devido à falta de alimentos, fica suscetível a
doenças, e assim as epidemias se espalham por boa parte da Europa feudal.

A CRISE DO SÉCULO XIV


=
FOME – PESTE - GUERRA

A GRANDE FOME (1315-1317)


CAUSA
O aumento da população decorrente do crescimento dos centros urbanos trouxe, a partir do século XIV, a
problemática do abastecimento de alimentos. A agricultura, ainda baseada em pressupostos feudais, não
deu conta da demanda de alimentos necessária à totalidade da população. Somado a isso, a Europa foi
vítima de alterações climáticas – chuvas, estiagens – o que resultou em anos de péssimas colheitas.
ONDE
Restrita ao norte da Europa, incluindo as ilhas Britânicas, norte da França, os Países Baixos, Escandinávia,
Alemanha e Polônia ocidental.
CRISE DO SÉCULO XIV

RESULTADO
O flagelo da fome se espalha por todos os setores da sociedade feudal. Mais de um milhão de pessoas
morreram e houve o enfraquecimento físico de milhões de indivíduos, o que favoreceu a propagação de
doenças. Ocorreu o inevitável aumento dos preços dos alimentos.
CONSEQUÊNCIAS
A Igreja Católica perdeu prestígio, pois numa sociedade em que a religião era o principal recurso diante de
uma crise, as orações não surtiam efeito contra a fome. Isso ajudou a gerar o clima apropriado para a
aparição de movimentos heréticos que culpavam a corrupção da Igreja pela fome. A fome levou a um
aumento da violência e da criminalidade, pois muitas pessoas iriam recorrer a todos os meios necessários
para sobreviver. A fome também minaria a confiança nos governos medievais, que não conseguiram lidar
com as crises de fome e violência.

A PESTE NEGRA (1347-1350)


As precárias condições de alimentação e higiene no final no último século da
Idade Média colaboraram com a rápida disseminação da epidemia de peste
bubônica trazida por navios mercantes aos portos italianos.
A partir da Criméia (Mar Negro) e de Constantinopla, aportando em
Gênova e Veneza, a peste liquidou com mais ou menos 30 milhões de vidas
(1/3 da população total europeia).
Medidas de higiene e saneamento das cidades e avanços na área de saúde
contribuíram para a diminuição do flagelo causado pela peste.

Figura://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/1894-alexandre-
yersin-descobre-o-bacilo-da-peste-bubonica/

CURIOSIDADES
Manifestações culturais
contestando a interpretação
católica de que a peste
havia sido “castigo divino”
estão presentes na obra
pré-renascentista
“Decameron”, de
Boccaccio.
Soldados turcos usaram
catapultas para lançar
cadáveres infectados dentro
de um entreposto comercial
genovês na Criméia. Figura://eroneducador.blogspot.com/2013/04/a-peste-negra.html

AS GUERRAS
A GUERRA DOS CEM ANOS (1337-1453)
Foi o conflito armado entre França e Inglaterra causado, principalmente, por fatores de ordem econômica e
política.
Posse da região produtora de Lã – Flandres
Questão sucessória após a morte do rei francês – lei sálica (proibia a sucessão por linha materna)

SITUAÇÃO
Em 1328, o REI FRANCÊS, CARLOS IV, morreu sem
deixar um herdeiro, e assim, o REI DA INGLATERRA,
EDUARDO III, considerou-se um pretendente legítimo
ao trono vago, pois, além de súdito, era sobrinho de
Carlos IV.

Figura://www.gravuras- Figura://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_III_de
antigas.com/product_info.php?products_id=94 _Inglaterra
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CRISE DO SÉCULO XIV

O problema era que outros nobres franceses reivindicavam o mesmo trono e


uma assembleia acabou escolhendo um conde chamado Felipe – que ganhou o
título de FELIPE VI.
A nobreza usou como desculpa a LEI SÁLICA, que impedia que um descendente
por linhagem materna assumisse o trono.
LEI SÁLICA – “DESCULPA FRANCESA” – FRANCESES COROAM FELIPE DE
VALOIS, e assim tem início uma nova dinastia na França – VALOIS.
RESULTADO
A relação de desconfiança entre os monarcas dos dois reinos aumenta com a
disputa entre eles por territórios franceses na Europa, pois Eduardo III, rei da
Inglaterra, tinha herdado os direitos sobre as regiões da Gasconha, da Guiana e
de Ponthieu. Assim, os ingleses não aceitam a perda de territórios e declaram Figura://www.geni.com/people/Philippe-VI-le-
guerra à França. Fortun%C3%A9/6000000004526669032

FASES DO CONFLITO
1° FASE 1337 -1360 2° FASE 1369 -1415
Fase marcada por SUCESSIVAS VITÓRIAS INGLESAS O conflito passa por uma fase de EQUILÍBRIO e, por
sobre os franceses. fim, os FRANCESES assumem a LIDERANÇA no
Em 1350, Felipe VI (rei francês) morreu, sendo conflito.
sucedido por seu filho, João II; seis anos depois, na Em 1369, o filho de João II, o REI CARLOS V, iniciou a
sequência da BATALHA DE POITIERS, o rei francês segunda fase do confronto ao tentar recuperar as
foi capturado por tropas inglesas. perdas territoriais sofridas nas décadas anteriores,
conseguindo derrotar os ingleses.

Figura:://cabinedotempo.com.br/historia-2/cabine-historica/cabine-historica-
viagem-ao-passado-do-dia-19-de-setembro-batalha-de-poitiers-1356/

Isso permitiu que uma paz fosse negociada, mas ela


só duraria até 1359, quando EDUARDO III (rei
inglês) é derrotado ao tentar tomar a cidade de Figura://www.pinterest.pt/pin/829225350111921454/

Chartes.

3° FASE 1415 – 1429


HENRIQUE V invade a região da Normandia e vence a BATALHA DE
AGINCOURT contra o novo rei francês, CARLOS VI.
Os ingleses teriam a vantagem no confronto até 1429, quando JOANA
D’ARC inspirou uma retomada francesa após a vitória no cerco de
Orléans, começando, assim, a quarta e última fase da guerra.

Figura:bitaboutbritain.com/why-france-isnt-part-of-britain/
CRISE DO SÉCULO XIV

JOANA D’ARC
No contexto de mobilização popular, a emblemática figura de Joana D’Arc
apareceu. Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês, a
camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais.

Aproveitando o momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e


liderar os exércitos que, mais uma vez, se digladiaram contra a Inglaterra. Nesse
instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os nobres
franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos. No ano de
1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria.

4° FASE 1426- 1453


Mesmo após a captura e execução de Joana pelos ingleses, a França continuaria a
manter sua ascendência militar na guerra nas duas décadas seguintes.
Em 1449, a cidade de Rouen foi retomada, seguida por Bordeaux em 1451 e
Figura://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_d%27Arc
Castillon em 1453.
Esta última é considerada o confronto final daquela que é vista como a última
guerra feudal.

CONSEQUÊNCIAS
Os conflitos deixaram um saldo de
milhares de mortos em ambos os lados, e
uma devastação sem precedentes nos
territórios e na produção agrícola
francesa. No plano político e social, a
Guerra dos Cem Anos contribuiu para a
dinastia de Valois na França que, apoiada
pela burguesia, fortaleceu o poder real
francês, abrindo caminho ao absolutismo
Os feudos do rei inglês, na França,
passaram para o domínio da coroa
francesa e o longo período de guerras Figura :://mundoestranho.abril.com.br/historia/o-que-foi-a-guerra-dos-cem-anos/
enfraqueceu a nobreza francesa e
inglesa, porque, à medida que os nobres morriam, seus feudos iam passando para o domínio do rei,
debilitando o sistema feudal.
Contribuiu para o desenvolvimento de um sentimento de identidade nacional profundo, dos dois lados, que
resultou na consolidação e formação da Inglaterra e da França.
Após os 116 anos de conflito, as duas nações criam algumas instituições de governo centralizadas e,
economicamente, o conflito atrasou a expansão marítimo-comercial francesa e inglesa.

REVOLTAS CAMPONESAS
CAUSAS
A escassez de alimento e o aumento da exploração servil para
tentar suprir a carência produtiva fizeram eclodir uma série de
revoltas dos servos, principalmente na França e na Inglaterra.

SITUAÇÃO
Substituição dos tributos feudais por impostos pagos em moeda,
dissolvendo os laços de servidão.
FOME + PESTE + GUERRAS = MENOS “GENTES” + EXPLORAÇÃO
Figura: www.ricardocosta.com/artigo/revoltas-camponesas-na-idade-media-
1358-violencia-da-jacquerie-na-visao-de-jean-froissart
CRISE DO SÉCULO XIV

ONDE
França – Jacques Bonhomme – “JACQUERIES”– 1358 Inglaterra – Wat Tyler e
John Ball – 1381.

RESULTADO
Os servos promovem saques, eliminando nobres no campo, migrando para
cidades e fazendo uso da violência para sobreviver. Essas revoltas
questionaram a exploração servil e colaboraram para a disseminação do
trabalho livre e assalariado na Europa. Ambas foram reprimidas violentamente,
e na Inglaterra o rei promete anistiar os revoltosos além de abolir a servidão.

Figura://sites.google.com/site/historia1958/a-crise-
do-feudalismo

GUERRA DAS DUAS ROSAS - 1455 e 1485


Foi a disputa pelo trono da Inglaterra entre duas famílias,
o que levou a uma guerra civil.
O nome da guerra é em função dos emblemas que
representavam as duas famílias: CASA DE LANCASTER
(ROSA VERMELHA) E CASA DE YORK (ROSA BRANCA). Figura://tudorbrasil.com/2013/05/24/uma-visao-geral-das-causas-da-guerra-das-rosas/

CAUSAS
A crise entre essas duas famílias se deu por conta da morte do rei Eduardo III e a
sucessão do trono às mãos de HENRIQUE VI. Os problemas sociais e financeiros
decorrentes da Guerra dos Cem Anos, combinados com o reinado de HENRIQUE
VI, que perdeu muitas das terras francesas, levou a uma grande disputa com a
nobreza que, severamente, questionou o seu governo.
Assim, RICARDO, DUQUE DE YORK, se uniu a vários nobres ingleses e exigiu a
renúncia de Henrique VI do trono da Inglaterra, mas Henrique VI organizou um
exército para atacar Ricardo e seu
grupo. Teve, assim, início a
Guerra das Duas Rosas.
Figura://aminoapps.com/c/eras-
historicas/page/item/henrique-vi-rei-da-inglaterra-e-
franca/

O CONFLITO
Depois de duas vitórias, na BATALHA DE SAINT ALBANS, em
1455, e na de Northampton, em 1460, Ricardo de York é
morto na Batalha de Wakefield em 1460.
EDUARDO IV, dos York, chega ao
poder na Batalha de Towton, mas Figura://www.meusresumos.com/historia/guerra-das-duas-rosas/
pressionado pelo parlamento, coloca o
poder de volta nas mãos de Henrique VI.
Mais tarde, Eduardo IV retoma o poder, mata o soberano e seu filho, e novamente
assume o trono. Ele reina até 1483, quando, ao morrer, tem seu trono usurpado pelo
seu irmão mais novo, Ricardo, Duque de Gloucester, que supostamente manda matar
seus sobrinhos e conquista o poder, com o título de Ricardo III.
A Guerra tem seu fim em 1485, com a derrota de Ricardo III na Batalha de Bosworth,
logo após a chegada de HENRIQUE TUDOR recém-vindo da Bretanha.
Com a morte de Ricardo no último conflito, e o assassinato de todos os adversários,
Henrique Tudor se casa com a filha de Eduardo IV, Elizabeth de York.
Figura://dicasdeflims.blogspot.com/2014
/02/ficha-tecnica-ricardo-iii.html
CRISE DO SÉCULO XIV

Tem início, assim, a DINASTIA TUDOR,


que reinará de 1485 a 1603, sob um
REGIME ABSOLUTISTA instituído por
Henrique VII. Os nobres, nessa época, já
não têm mais forças para resistir ao novo
monarca, permitindo, assim, que ele
reine soberano na Inglaterra.

A centralização política, a reorganização


da economia comercial e novas
interpretações de mundo formarão os
acontecimentos do período Moderno.

Figura://tudorbrasil.com/2016/04/22/a-morte-de-
henrique-vii/
Figura://plushistoria.blogspot.com/2017/02/guerra-das-duas-
rosas.html

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a História: História geral e história do Brasil. 6.ed. São Paulo:
Ática, 1996.

COTRIM, Gilberto. História Global Brasil e Geral. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 1, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 2, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. 360° História sociedade & cidadania. Volume 3, 2.ed. São Paulo: Ftd, 2015.

WRIGHT, Edmund; LAW, Jonathan. Dicionário de História do Mundo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

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