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FRANCISCO MIGNONE

Francisco de Paula Mignone nasceu em São Paulo, em 3 de


setembro de 1897, filho de italianos. Seu pai, o flautista Alferio
Mignone foi seu primeiro professor de flauta, sendo Sílvio Motto o
mestre pianístico até seu ingresso no Conservatório Dramático e
Musical de São Paulo, onde estudou composição com Savino de
Benedictis e piano com Agostinho Cantu.

Após quatro anos de estudo, recebe o diploma do conservatório. A


participação, desde os 13 anos, em pequenas orquestras como
pianista e flautista, ajudou-o a melhor captar os ensinamentos de
harmonia, contraponto e composição daquela casa de ensino.

Trabalhou nas orquestras de baile até os 22 anos. Neste período


Mignone escreveu muita música popular, adotando, para estas composições, o pseudônimo de
Chico Bororó.

A atividade pianística tem o primeiro exemplo significativo na apresentação feita em 1918,


quando no Teatro Municipal de São Paulo, executa o primeiro movimento do Concerto para
Piano e Orquestra de Grieg. No mesmo concerto, várias composições suas são apresentadas.

Em 1920, uma bolsa concedida pela Comissão do Pensionato Artístico de São Paulo o leva até
Milão, onde estudará com Vicenzo Ferroni. Os nove anos passados na Europa, com freqüentes
visitas ao Brasil, estabelecem a qualidade do embasamento: "E no final de todos esses
ensinamentos eu me tornei o meu próprio professor".Desta época é a ópera O Contratador de
Diamantes (1921), cuja Congada, peça de bailado do segundo ato, ficou célebre. Igualmente
desta fase são a Festa Dionísica (1923), um poema sinfônico, e Momus, poema humorístico.

Ao regressar ao Brasil, torna-se professor do conservatório em que estudou, sendo friamente


recebido pôr Mário de Andrade, seu colega quando jovem neste estabelecimento, devido às
fortes correntes italianizantes de Mignone. A reaproximação resultará numa amizade
duradoura entre os dois e na aceitação pôr parte do compositor de alguns postulados
nacionalistas musicais propostos pôr Mário. Mignone passou a buscar inspiração nas raízes
brasileiras. Nesta nova fase, compôs a Primeira e Segunda fantasia brasileira (para piano e
orquestra), Festas de Igrejas (poema sinfônico) e a série das 12 Valsas de Esquina (cada uma
composta sobre um dos 12 tons menores).

Em 1933, Mignone se muda para o Rio de Janeiro para exercer o cargo de titular da cadeira de
regência no Instituto Nacional de Música. É desta época a elaboração do bailado Maracatu do
Chico Rei com a colaboração de Mário de Andrade. Em 1939, pôr concurso, Mignone é
efetivado junto ao INM na matéria que lecionava.

A Alemanha e a Itália são visitadas em 37 e 38. Em Berlim, como regente convidado, conduz a
Orquestra Filarmônica. Rege em Hamburgo e em Roma. Do Departamento de Estado dos
Estados Unidos, recebe o convite no ano de 1942, entrando em contato com entidades
educacionais e realizando atividade musical.

No início da década de 50, escreve música para três filmes e assume a direção do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro. Do Conservatório Brasileiro de Música, foi fundador e professor,
da Academia Brasileira de Música, membro.

Nas últimas décadas, Mignone, continuando a intensa atividade como compositor, dedicou-se
à função de regente, conferencista e desenvolveu uma profícua participação em duo pianístico
com sua mulher, a pianista Maria Josephina.

Morreu no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1986, aos 88 anos.

A OBRA DE FRANCISCO MIGNONE

Francisco Mignone é considerado um dos três maiores compositores do país, ao lado de Villa-
Lobos e Lourenzo Fernandez. Compôs cerca de 700 peças. Sua obra é caracterizada pôr um
profundo sentido melódico, a rítmica precisa.É extremamente ampla a criação de Francisco
Mignone.Foram abordados os gêneros orquestral, instrumental, camerístico, dramático e
sacro.

Música Orquestral: Utilizando-se de um ou dois instrumentos solistas e orquestra, compôs


inúmeras obras do gênero: as Fantasias Brasileiras têm o piano como instrumento solista e
começam a surgir a partir de 1929, as Variações sobre um tema brasileiro para violoncelo é de
1935, Concertos para piano (1958), para violino (1960), duplo concerto para piano e violino
(1965/66), para violão (1975).

Compôs diversos poemas sinfônicos: Caramuru, Babaloxá e Batucajé, Festa de Igrejas,etc.

Música Vocal: A produção vocal de Mignone é das mais importantes entre os compositores
brasileiros. Determinada parcela destas obras é constituída de canções com textos em
espanhol, italiano português e francês de poetas famosos.

Música de Câmara: Mignone aproveita-se dos vários instrumentos, cordas, metais, madeiras e
mesmo o piano, buscando uma distinção quanto à qualidade timbrística. Criou trios para vários
e distintos instrumentos,quartetos de cordas, quinteto de cordas e quinteto de sopros.
Escreveu extensa obra para duos diversificados: piano e violino, violoncelo e piano, flauta e
oboé, etc.

Música Dramática: Mignone escreveu as óperas: O Contratador de


Diamantes (1921), L’Innocente (1927), Mizu (opereta escrita em 1937), O Chalaça (1972), O
Sargento de Milícias (1977).

Música para Piano: O piano foi para Mignone o instrumento preferido. Pianista de talento,
poderia ter sido um de nossos grandes intérpretes se não fosse o imperativo da
composição.Parte de sua produção é dedicada ao piano. Sonatas e Sonatinas a partir de 1941,
seis Prelúdios (1932), seis Estudos Transcendentais (1931), Doze Valsas de Esquina, Valsas
Brasileiras, Valsas-Choro e uma quantidade de outras peças extremamente comunicativas.
Bibliografia

Enciclopédia Barsa - Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

MARTINS,José Eduardo. "Francisco Mignone, o prazer de criar" - Jornal "O Estado de São
Paulo", 9 de março de 1986.

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