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SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA.

PROTEÇÃO DE GERADORES

Eng. Paulo K. Maezono

Edição 3 - 2006

Schweitzer Engineering Laboratories, Comercial Ltda. – Rua Ana Maria de Souza, 61 – Campinas - SP CEP: 13084-660
Tel.: + 55 (19) 2103 8111 Fax: + 55 (19) 2103 8119 Internet: www.selinc.com.br E-mail: selbr@selinc.com
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SOBRE O AUTOR

Eng. Paulo Koiti Maezono

Formação

Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1969. Mestre
em Engenharia em 1978, pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, com os créditos obtidos em 1974
através do Power Technology Course do P.T.I – em Schenectady, USA. Estágio em Sistemas Digitais de
Supervisão, Controle e Proteção em 1997, na Toshiba Co. e EPDC – Electric Power Development Co. de
Tokyo – Japão.

Engenharia Elétrica

Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1970 a 1997, com
atividades de operação e manutenção nas áreas de Proteção de Sistemas Elétricos, Supervisão e
Automação de Subestações, Supervisão e Controle de Centros de Operação e Medição de Controle e
Faturamento. Participou de atividades de grupos de trabalho do ex GCOI, na área de proteção, com ênfase
em análise de perturbações e metodologias estatísticas de avaliação de desempenho.

Atualmente é consultor e sócio gerente da Virtus Consultoria e Serviços S/C Ltda. em São Paulo – SP. A
Virtus tem como clientes empresas concessionárias no Brasil e na Colômbia, empresas projetistas na área
de Transmissão de Energia, fabricantes e fornecedores de sistemas de proteção, controle e supervisão,
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, CEDIS – Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Área Acadêmica

Foi professor na Escola de Engenharia e na Faculdade de Tecnologia da Universidade Presbiteriana


Mackenzie no período de 1972 a 1987. É colaborador na área de educação continuada da mesma
universidade, de 1972 até a presente data.

Foi colaborador do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da EPUSP – Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, desde 1999 até 2002, com participação no atendimento a
projetos especiais da Aneel, Eletrobrás e Concessionárias de Serviços de Eletricidade.

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INDICE

1. INTRODUÇÃO A GERADORES ..........................................................................................................................5


1.1 OBJETIVO ........................................................................................................................................................5
1.2 O GERADOR SÍNCRONO ...............................................................................................................................5
1.2.1 Conceito ........................................................................................................................................................5
1.2.2 Sistema de Excitação.....................................................................................................................................6
1.2.3 Conexão ao Sistema Elétrico ........................................................................................................................6
1.2.4 Práticas de Aterramento do Neutro do Gerador...........................................................................................7
1.3 ANORMALIDADES EM GERADORES SÍNCRONOS................................................................................10
1.3.1 Faltas Externas, Sobrecarga e Carga Desbalanceada ...............................................................................11
1.3.2 Sobretensão.................................................................................................................................................12
1.3.3 Sobre-excitação em Grupo Gerador ...........................................................................................................13
1.3.4 Faltas Internas no Estator...........................................................................................................................14
1.3.5 Faltas Internas no Rotor .............................................................................................................................17
1.3.6 Perda de Excitação .....................................................................................................................................17
1.3.7 Perda de Sincronismo .................................................................................................................................19
1.3.8 Energização Acidental de Gerador.............................................................................................................20
1.3.9 Sobre e Sub-frequência ...............................................................................................................................24
1.3.10 Retorno de Energia.................................................................................................................................24
1.3.11 Outras .....................................................................................................................................................25
2. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO.................................................................................................................................26
2.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................26
2.2 SOBRECARGA TÉRMICA (49) ....................................................................................................................26
2.3 DESBALANÇO (FUNÇÃO 46 – SEQUÊNCIA NEGATIVA) ......................................................................27
2.4 POTÊNCIA ATIVA (FUNÇÃO 32) ..................................................................................................................31
2.5 DIFERENCIAL (87G).....................................................................................................................................32
2.5.1 Requisitos de uma Proteção Diferencial.....................................................................................................32
2.5.2 Proteção de Gerador e de Grupo Gerador / Transformador......................................................................33
2.6 FASE DIVIDIDA (87FD)................................................................................................................................35
2.7 SOBRECORRENTE (FUNÇÃO 50/51), SOBRECORRENTE SUPERVISIONADA POR TENSÃO
(FUNÇÃO 51V) E SOBRECORRENTE CONTROLADA POR TENSÃO (51C) .........................................36
2.8 IMPEDÂNCIA (FUNÇÃO 21) .......................................................................................................................37
2.9 PERDA DE CAMPO (FUNÇÃO 40) ..............................................................................................................39
2.9.1 Função 40 com característica R-X clássica................................................................................................39
2.9.2 PERDA DE SINCRONISMO (FUNÇÃO OUT-OF-STEP 78) ....................................................................41
2.10 PROTEÇÃO TERRA ESTATOR 90 / 95%.....................................................................................................42
2.11 FUNÇÃO TERRA ESTATOR 100% ..............................................................................................................44
2.11.1 Terra Estator (100%) – Usando Terceira Harmônica do Neutro do Gerador .......................................46
2.11.2 Terra Estator (100%) – Usando Terceira Harmônica através de TP’s em Delta Aberto ......................47
2.11.3 Terra Estator (100%) – Usando Comparação de Tensão de Terceira Harmônica entre Neutro e
Secundário de TP em Delta Aberto.........................................................................................................48
2.11.4 Terra Estator (100%) – Com Injeção de Sinal Sub-harmônico..............................................................48
2.12 TERRA-ROTOR (FUNÇÃO 64R) ..................................................................................................................50
2.13 SOBRE-EXCITAÇÃO (FUNÇÃO 24) E SOBRETENSÃO (FUNÇÃO 59) ..................................................53
2.14 SUBTENSÃO (FUNÇÃO 27) .........................................................................................................................56
2.15 FREQUÊNCIA (FUNÇÃO 81) .......................................................................................................................56
2.16 SUPERVISÃO DE CIRCUITO DE TP ...........................................................................................................58
2.16.1 Método de Detecção por Comparação de Tensão ..................................................................................59
2.16.2 Detecção de Falha de TP utilizando Componentes Simétricas ..............................................................59
2.17 PROTEÇÃO CONTRA ENERGIZAÇÃO ACIDENTAL DE GERADOR ....................................................60

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3. ESQUEMAS DE PROTEÇÃO .............................................................................................................................62


3.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................62
3.2 PEQUENOS GERADORES............................................................................................................................62
3.3 GERADORES MÉDIOS .................................................................................................................................64
3.4 GRUPOS GERADORES-TRANSFORMADORES .......................................................................................67
3.5 COMENTÁRIOS ............................................................................................................................................68
3.5.1 Esquema de Proteção..................................................................................................................................68
3.5.2 Redundância................................................................................................................................................68
3.5.3 Algumas Limitações de Algumas Funções de Proteção..............................................................................69
4. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................................70

5. GRANDEZAS POR UNIDADE............................................................................................................................71


5.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................71
5.2 BASE NUM PONTO DO SISTEMA ELÉTRICO ..........................................................................................72
5.3 ESCOLHA DE BASES PARA UM SISTEMA ELÉTRICO ...........................................................................73
5.4 DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U. ..................................................................................................74
5.5 CÁLCULO DE IMPEDÂNCIAS P.U. DE UM TRANSFORMADOR DE TRÊS ENROLAMENTOS NUMA
DADA BASE DE ESTUDO ............................................................................................................................78
5.6 EXEMPLO DE CÁLCULO COM DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U.............................................81
5.7 EXERCÍCIO PROPOSTO...............................................................................................................................83
6. COMPONENTES SIMÉTRICOS ........................................................................................................................84
6.1 CONCEITO.....................................................................................................................................................84
6.2 CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES SIMÉTRICOS......................................................................86
6.3 PARTICULARIDADES .................................................................................................................................91
6.4 CIRCUITOS EQUIVALENTES E IMPEDÂNCIAS SEQUENCIAIS ...........................................................93
6.4.1 Seqüências Positiva e Negativa...................................................................................................................93
6.4.2 Seqüência Zero............................................................................................................................................94
6.4.3 Exemplo.......................................................................................................................................................98
7. NOÇÕES DE CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO ........................................................................................100
7.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................100
7.2 DESLOCAMENTO DE EIXO DEVIDO A CHAVEAMENTO DE CIRCUITO LR....................................101
7.3 COMPORTAMENTO DE MÁQUINA SÍNCRONA PARA UM CURTO-CIRCUITO...............................103
7.4 CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO SIMÉTRICO ..........................................................................................107
7.4.1 Métodos de Cálculo de Curto-Circuito .....................................................................................................107
7.4.2 Exemplo do Primeiro Método ...................................................................................................................109
7.4.3 Exemplo do Segundo Método ....................................................................................................................111
7.5 CURTO-CIRCUITO FASE-TERRA.............................................................................................................113
7.5.1 Conceitos...................................................................................................................................................113
7.5.2 Seqüência Prática de Cálculos .................................................................................................................115
7.5.3 Curto-circuito envolvendo transformador triângulo-estrela.....................................................................117
7.5.4 Exemplo de cálculo ...................................................................................................................................119
7.5.5 Exercício Proposto....................................................................................................................................129
7.6 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO...................................................................................................................133
7.6.1 Conceito ....................................................................................................................................................133
7.7 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO-TERRA ....................................................................................................134
7.7.1 Conceito ....................................................................................................................................................134

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1. INTRODUÇÃO A GERADORES

1.1 OBJETIVO

O presente capítulo tem a finalidade de apresentar os conceitos e esquemas básicos de


geradores síncronos, bem como as anormalidades que podem afetar a operação desses
equipamentos. Este conhecimento servirá de base para compreender o alcance e a finalidade
das funções e esquemas de proteção.

1.2 O GERADOR SÍNCRONO

1.2.1 Conceito

Um gerador síncrono converte energia mecânica / térmica em energia elétrica.

Eixo da Turbina
entrada mecânica Ia

Ib Saída
Gerador
Ic
elétrica

Fonte DC para o
Campo

Figura 1.1 – Gerador Síncrono Básico

A energia para a turbina pode ser obtida de combustíveis fósseis como carvão, óleo ou gás
natural, ou outros resultantes de processos industriais ou de aproveitamento hidráulico. Ou
ainda de um motor alimentado por algum tipo de combustível.

A turbina a vapor ou a gás tem rotação entre 1800 e 3600 RPM enquanto que a turbina
hidráulica tem rotação abaixo de 300 RPM. Assim, tem-se rotores de pólos salientes (para
máquinas de baixa rotação) e pólos lisos (para máquinas de alta rotação).

A máquina síncrona (gerador ou motor) pode funcionar apenas na velocidade síncrona e


numa correta relação angular.

A armadura da máquina síncrona é o “estator” e a estrutura de campo é o “rotor”. A


armadura, comumente, tem um enrolamento trifásico. A estrutura de campo pode ter pólos
salientes ou não salientes, e corrente contínua é suprida para o enrolamento.

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A FEM gerada depende da quantidade de condutores da armadura, do fluxo magnético e


da velocidade. Uma máquina síncrona é sempre considerada como sendo equivalente a
uma FEM em série com a resistência da armadura e a reatância síncrona.

O diagrama fasorial mostra a relação entre as quantidades elétricas. Numa máquina


comum o fluxo da Potência Ativa (W) é relacionado ao Torque no eixo e o fluxo da
Potência Reativa (VAr) é relacionado à corrente no campo.

1.2.2 Sistema de Excitação

O sistema de excitação executa duas funções principais:

1. Produção de tensão DC (e potência) para forçar a corrente a fluir nos enrolamentos do


campo (rotor). Há uma relação direta entre as tensões no terminal do gerador com a
quantidade de corrente fluindo no campo.

2. Provisão de meio para regular a tensão nos terminais e amortecer oscilações do


sistema elétrico de potência.

Antes dos anos 60 os geradores síncronos eram providos de excitatrizes rotativas. Desde
os anos 60 foram adotados, como arranjos mais comuns, retificadores com pontes de
tiristores alimentados por um transformador conectado nos terminais de saída do gerador,
conhecidos como “Excitatriz de Alta Resposta Inicial por Retificador Controlado”.

Excitatrizes estáticas modernas apresentam a vantagem de prover uma resposta


extremamente rápida, com rápida mudança na tensão do terminal do gerador para faltas
no sistema. Essa rápida resposta contribui para manter a estabilidade transitória do
sistema durante e imediatamente após a falta no sistema elétrico. Controladores de
amortecimento do sistema (estabilizadores) também são associados às excitatrizes
estáticas.

Um outro sistema utilizado para geradores pequenos e de alta velocidade é o sistema “sem
escovas” (“brushless”). O gerador AC e os retificadores são rotativos (no rotor).

1.2.3 Conexão ao Sistema Elétrico

Um gerador síncrono de ser conectado diretamente ou através de transformador (grupo


gerador – transformador como unidade geradora):

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Sistema Elétrico Sistema Elétrico

Carga
G G Auxiliar
Carga
Carga Carga
Auxiliar

Gerador Diretamente Conectado Grupo Gerador Transformador


como UNIDADE

Figura 1.2 – Conexão de Gerador no Sistema Elétrico

Na conexão direta o gerador fornece energia diretamente para as cargas. É usado para
conectar máquinas menores.

Na conexão UNITÁRIA, o gerador é conectado através de um transformador elevador


dedicado a esse fim. O serviço auxiliar do gerador é suprido por um transformador auxiliar
conectado nos terminais do gerador.

No caso de Grupo Gerador – Transformador, pelo fato de se ter conexão delta no lado do
gerador, a corrente para curto-circuito a terra nos terminais do gerador ou mo enrolamento
estatórico pode ser dramaticamente reduzindo através do uso de aterramento adequando
no neutro do gerador.

1.2.4 Práticas de Aterramento do Neutro do Gerador

Há dois tipos (mais comuns) de aterramento do neutro do Gerador Síncrono:

- Aterramento de Baixa Impedância


- Aterramento de Alta Impedância

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Resistor
ou Resistor
Reator

Aterramento de Baixa Impedância Aterramento de Alta Impedância

Figura 1.3 – Tipos de Aterramento do Gerador Síncrono

Aterramento de Baixa Impedância

No chamado aterramento de “baixa impedância”, o gerador é aterrado através de resistor


ou reator no neutro. A reatância ou resistência é calculada de modo que se tenha uma
corrente entre 200 A e 150% da corrente nominal do gerador, para curto-circuito fase-
terra nos terminais da máquina.

Esse tipo de aterramento é utilizado quando há vários geradores operando numa barra
comum ou geradores diretamente conectados para alimentar a carga, sem transformador
elevador. Eles servem de fonte de terra.

Aterramento de Alta Impedância

No chamado aterramento de “alta impedância”, utiliza-se um transformador de distribuição


no neutro, com resistência conectada no lado secundário. Esse método de aterramento
permite grandes reduções de corrente de terra. O conjunto é especificado de modo que se
tenha corrente de terra na faixa 5 – 25 A, para curto-circuito fase-terra nos terminais do
gerador. É utilizado, em geral, para grupos geradores – transformadores.

O transformador deve ter a tensão primária nominal igual ou superior à tensão fase –
neutro do gerador e tensão secundária nominal de 120 ou 240 V. Este transformador deve
ter característica tal que não sature para curto fase – terra nos terminais da máquina, com
tensão de operação em torno de 105% da nominal.

A resistor no secundário deve ter característica tal que: “... para um curto circuito fase-terra
nos terminais do gerador, a potência dissipada no mesmo seja igual ou superior ao VA
(Volt - ampère) equivalente à perda reativa na capacitância de seqüência zero dos

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enrolamentos do gerador, seus terminais e os enrolamentos do transformador que são


conectados ao gerador” – vide bibliografia [3].

Em termos práticos, de acordo com a bibliografia [10], a resistência não pode ser superior
a, aproximadamente:

XC
R= ohms, para evitar possibilidade de transitórios de tensão devido a
3N 2
ferroressonância.

A figura a seguir mostra esquematicamente a reatância capacitiva:

Curto-Circuito
Fase-Terra

G S

XC
N2.R

Figura 1.4 – Curto-circuito Fase-terra e a Reatância Capacitiva

E o diagrama de impedâncias para o curto-circuito é mostrado a seguir:


Curto-Circuito Fase-Terra

ZT
ZG+ ZS+

XC
G S

ZT

ZG- ZS-
XC

ZT

ZG0
ZS0
XC
3.N2.R

Figura 1.5 – Diagrama de Impedâncias para Curto-circuito Fase-terra

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Xc é a reatância capacitiva total fase-terra, considerando as capacitâncias dos


enrolamentos do gerador, do transformador, do pára-raios e capacitor de surto da entrada.
N é a relação de espiras do transformador do neutro (AT/BT)

Diz a literatura que essa resistência limitará os transitórios de tensão a cerca de 260% do
valor fase-terra. Mas que uma maior redução no R não diminuirá esse limite.

Por outro lado, o cálculo e estimativa do Xc são trabalhosos. Assim, é regra prática
determinar o valor de R de tal maneira que limite a corrente de curto-circuito fase-terra em
aproximadamente 15 A, desprezando o efeito do Xc. Assim:

10 3.VG
R= ohms
15. 3.N 2

Onde, VG é a tensão fase - neutro nominal do gerador, N a relação de espiras do


transformador do neutro.

A potência do transformador de neutro deve ser tal que:

10 3.VG .VT
kVA = onde VT é a tensão nominal do lado AT do transformador de neutro em
3 . N 2 .R
kV.

Similarmente, a potência do resistor deve ser:

2
10 3.VG
kW = (continuamente)
3.N 2 .R

Esses valores consideram que a proteção não provoque trip, mas apenas acione alarme.

1.3 ANORMALIDADES EM GERADORES SÍNCRONOS

Os geradores são afetados por:

- Faltas externas, sobrecarga e carga desbalanceada.


- Sobretensão dinâmica.
- Sobre-excitação em Grupo Gerador
- Faltas internas no estator.
- Faltas internas no rotor.
- Perda de Campo e Perda de Sincronismo.
- Energização acidental de gerador.
- Sobre ou Sub-frequência.

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- Retorno de Energia.
- Outras

1.3.1 Faltas Externas, Sobrecarga e Carga Desbalanceada

Sobrecarga

Desde que a potência exigida seja maior que a potência nominal da máquina, haverá
sobrecorrente no gerador, com aumento das perdas e elevação da temperatura no
enrolamento estatórico. Isso pode causar envelhecimento precoce da isolação do
enrolamento.

Carga Desbalanceada

Uma carga desbalanceada, que é caracterizada pela existência de corrente de seqüência


negativa (I2), provoca correntes induzidas de frequência dupla no rotor. Além do aumento
da perda no enrolamento estatórico, o maior efeito ocorre no rotor (aquecimento).

Os seguintes limites para desbalanço contínuo são, em geral, considerados – vide


referência [5]:

Tipo de Gerador Condição I2 Permitida (% da corrente


nominal)
Com enrolamentos 10 %
amortecedores conectados
Pólos Salientes
Com enrolamentos 5%
amortecedores não conectados
Resfriamento Indireto 10 %
Resfriamento direto (até 960 8%
Rotor Cilíndrico MVA)
Idem, 961 a 1200 MVA 6%
Idem, 1201 a 1500 MVA 5%

Verifica-se então que uma carga continuamente desbalanceada da ordem de 5 a 10% da


corrente nominal do gerador causa aquecimento danoso no rotor.

Faltas Externas

Faltas externas ao gerador podem demandar altas correntes de curto-circuito supridas pelo
mesmo. Há necessidade de proteção de retaguarda para essas faltas.

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Deve-se observar que altas correntes estatóricas provocam estresse mecânico que podem
agravar eventuais defeitos já existentes. Sobre-aquecimentos devido a essas correntes,
por outro lado, são relativamente lentas e começam a provocar danos após 10 s, por
exemplo.

Com faltas assimétricas (deslocamento do eixo na corrente de curto-circuito) podem


ocorrer severas vibrações e sobre-aquecimento do rotor.

Há também limite de corrente I2 (seqüência negativa) de curto-circuito, o que na norma


ANSI C50.13 é mostrada como função de K:

Tipo de Máquina Condição K = I2.t (Permitida)


Pólos Salientes 40
Compensador Síncrono 30
Resfriamento Indireto 20
Resfriamento direto (0
10
Rotor Cilíndrico a 800 MVA)
Resfriamento direto
K = I2.t = 10 – (0,00625 x [MVA-800])
(801 a 1600 MVA)

1.3.2 Sobretensão

Durante a partida de um gerador síncrono, antes da sincronização, a tensão nos seus


terminais é mantida corretamente através do Regulador Automático de Tensão (AVR).
Após a sincronização, a tensão nos seus terminais é mantida em função do próprio AVR,
do nível de tensão do sistema e também através dos AVR das máquinas próximas (caso
existam).

Se a máquina está em paralelo com o Sistema Elétrico de Potência, sua potência é


pequena (desprezível) com relação à potência do sistema, e portanto não é possível que
essa máquina provoque qualquer alteração sensível na tensão do sistema, enquanto em
paralelo. Uma variação na excitação, neste caso, provocará alteração na potência reativa
trocada com o sistema.

Já numa máquina não conectada ao sistema, a tensão nos seus terminais dependerá da
excitação, num montante que dependerá da existência de outras máquinas suprindo a
mesma carga.

As máquinas em geral, possuem, então, limitadores de excitação, para que os limites de


projeto da corrente de campo e da potência reativa da máquina não sejam excedidos.

Sé há abertura do disjuntor da máquina a plena carga (rejeição de carga), a sobretensão


nos seus terminais será mantida pela rápida atuação do AVR.

Caso haja defeito no regulador automático ou se na ocasião o controle estiver em


“manual”, sobretensão muito severa pode ocorrer nos terminais da máquina. Essa

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sobretensão pode ainda ser aumentada pelo aumento da velocidade da máquina rodando
sem carga, devido a atuação relativamente lenta do regulador de velocidade. Por exemplo,
num gerador hidráulico, sobretensão da ordem de 50 a 100% pode ocorrer.

Os transformadores elevadores de grupos geradores / transformadores possuem (como


quase todos os transformadores de potência), joelho de saturação bem definido, a cerca
de 1,20 a 1,25 x V nominal. No caso de grupos, portanto, deve-se evitar que a tensão
ultrapasse esses valores, havendo necessidade de relé de sobretensão ajustado entre
1,15 e 1,20 da tensão nominal.

Em sistemas pequenos, se houver, ainda, alguma instalação com TP isolado a óleo, com
elo fusível no lado primário deste TP, há possibilidade de que ocorra fusão desse elo e
tanto o AVR como o relé de sobretensão ficarem sem tensão. O AVR pode interpretar
como severa queda de tensão e aumentar a excitação. E o relé não atuar. Nessas
condições, tem-se uma grave situação (há necessidade de dois conjuntos de TPs para
melhoria de confiabilidade).

TP’s modernos, com disjuntores em circuitos secundários, os contatos auxiliares desses


disjuntores devem atuar bloqueando o AVR e emitir alarme.

1.3.3 Sobre-excitação em Grupo Gerador

Sobre-excitação é a ocorrência de níveis excessivos de densidade de fluxo magnético


(weber / m2). A níveis elevados de densidade de fluxo, os caminhos magnéticos (ferro)
saturam e o fluxo começa a percorrer outros caminhos não projetados para tanto.

Os campos resultantes são diretamente proporcionais à tensão e inversamente


proporcionais à frequência. Assim, densidades altas de fluxo (e sobre-excitação) resultam
de sobretensão ou sub-frequência ou a combinação de ambos.

As normas ANSI / IEEE C50.13 e C57.12 para geradores e transformadores estabelecem


os seguintes limites para a relação V/Hz em condição de operação contínua:

Geradores: 1,05 p.u. (na base do gerador).

Transformadores: 1,05 p.u. (na base do lado secundário do transformador) à carga

nominal, com FP = 0,8 ou maior.

1,10 p.u. (na base do transformador) em vazio.

Esses limites se aplicam, a menos que explicitamente especificados pelo fabricante para
outros valores. Quando o limite V/Hz é excedido, ocorre a saturação do circuito magnético
do gerador e do transformador do grupo.

Danos devido a excessivo V/Hz ocorrem, geralmente, quando o grupo gerador /


transformador está “off line”, antes da sincronização. A probabilidade está associada à
possibilidade de falha de controle (AVR) e secundário de TP aberto.

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Relato de Caso

Relata-se caso de retorno de unidade geradora, com fusíveis secundários de TP


esquecidos abertos, colocando-se AVR em automático. Houve aumento excessivo de
excitação (AVR percebendo tensão zero devido a TP aberto). Com o disjuntor do grupo
aberto, a tensão alcançou 120% e a corrente teve valor superior a 30% do valor a plena
carga (saturação), antes do trip.

DISJUNTOR
ABERTO

TP
aberto TRSA
Partida
AVR

Figura 1.6 – Caso de Sobre-excitação devido a secundário de TP aberto

Figura 1.7 – Oscilograma correspondente

1.3.4 Faltas Internas no Estator

Pode ocorrer falha de isolação entre condutor e laminação, entre condutores de fases
diferentes e entre espiras de uma mesma fase. Pode também ocorrer rompimento de
juntas soldadas.

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Curto-circuito a Terra

Essas faltas ocorrem, normalmente, nas ranhuras da armadura. O dano nesse ponto é
diretamente relacionado ao nível de corrente estabelecido pelo sistema de aterramento do
gerador.

Baixas Correntes

Se a corrente for, por exemplo, inferior a 15 A e o gerador for desligado com tempo inferior
a alguns segundos, o dano pode ser muito pequeno e o serviço de reparo se limitará à
troca do trecho do enrolamento sem mexer com a laminação.

Dependendo da localização da falta e do tipo de aterramento, pode não haver corrente


suficiente de terra para relés de sobrecorrente. Neste caso outros meios de proteção
devem ser providenciados.

Figura 1.8 - Oscilograma com Curto-Circuito Fase-Terra. Alta impedância de aterramento.

Altas Correntes

Se o gerador está projetado com baixa impedância de aterramento e ocorrer curto-circuito


com corrente superior a 200 A de terra, por exemplo, o dano pode ser severo e haverá
necessidade de refazer parte da laminação. Mesmo com relé de proteção rápido, o dano
pode ser grande devido à alta constante de tempo do circuito do campo e o tempo
relativamente alto necessário para eliminar o fluxo do campo.

No caso de alta corrente de curto circuito à terra, pode ser instalado disjuntor de neutro
que seria atuado pela proteção de terra, para reduzir o tempo de eliminação da falta e,
conseqüentemente, o dano na laminação.

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Curto-Circuito entre fases

Esse tipo de falta é muito raro de ocorrer uma vez que, numa ranhura, a isolação entre
enrolamentos de duas fases é pelo menos o dobro da isolação de uma fase para a
laminação. Na ocorrência de uma falta entre fases, há maior probabilidade de ocorrência
nos terminais do enrolamento, fora das ranhuras. A corrente é severa mas há pouca
chance de afetar significativamente a laminação.

Deve-se observar, entretanto, que, apesar de haver abertura do disjuntor pela atuação
rápida da proteção, como mostra a figura a seguir, a corrente proveniente do gerador não
acaba instantaneamente (mesmo com a abertura do disjuntor do campo) devido à energia
que é armazenada no rotor e contribui para a corrente de curto-circuito:

Curto Entre
Fases

Figura 1.9 – Curto-Circuito entre Fases. Contribuição do Gerador.

A figura a seguir mostra um oscilograma de um curto circuito trifásico nos terminais de um


gerador síncrono. O curto-circuito iniciou como fase-terra mas evoluiu para trifásico após
cinco ciclos. O oscilograma foi interrompido, mas a corrente de contribuição do gerador
permanece por vários segundos:

Figura 1.10 – Exemplo de Oscilograma com Curto-Circuito entre Fases. Contribuição do


Gerador.

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Essa corrente que existe até que a energia do rotor seja descarregada faz com que os
danos referentes a um curto-circuito entre fases sejam grandes, mesmo com a rápida
atuação da proteção.

Assim sendo, aspectos de confiabilidade nos terminais dos enrolamentos são


considerados no projeto de modo que a probabilidade de curto entre fases seja a menor
possível.

Curto-Circuito entre espiras

Esse tipo de falta ocorre especificamente em um tipo de enrolamento (multi-espiras). Pode


haver necessidade de proteção sensível e especial para tanto.

1.3.5 Faltas Internas no Rotor

Curto-circuito a Terra

Uma falha de isolação no enrolamento rotórico pode causar curto-circuito entre o condutor
e a laminação (terra). Esse tipo de falta, entretanto, não representa perigo imediato (baixa
corrente de falta).

Entretanto, se houver uma segunda falha de isolação, pode ocorrer curto-circuito pleno
com severo desbalanço mecânico e elevada corrente.

Assim sendo, é essencial que se tenha um sistema de alarme / sinalização de “Terra


Rotor” para providências cabíveis logo que possível (operacionalmente).

Curto-circuito Entre Espiras do Rotor

Curto circuito entre espiras no rotor é muito raro de ocorrer. Mas quando ocorre causa
vibração e a parte “bypassada” do enrolamento rotórico tem sua temperatura elevada. A
alta temperatura danifica a isolação, motivando também falta a terra.

1.3.6 Perda de Excitação

Perda de Excitação

Uma perda total do campo pode ocorrer quando:

- Há abertura acidental do disjuntor do campo.


- Um curto-circuito ou fase-aberta no circuito do rotor.
- Uma falta no AVR (regulador automático de tensão) com redução da corrente de
campo a zero.
- Perda da fonte AC para o circuito de excitação (DC) pode também causar perda total
do campo.

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Assim, pode-se até haver um intertravamento entre o disjuntor de campo e o disjuntor da


máquina (ou do grupo gerador).

A perda de campo pode levar, na maioria dos casos, à perda de sincronismo em menos de
1 s, com a máquina operando como gerador de indução com velocidade inferior à
velocidade síncrona.

A figura a seguir mostra o oscilograma da máquina para perda de campo, antes do trip do
gerador / turbina:

Figura 1.11 – Exemplo de Oscilograma com perda súbita de campo.

Quando um gerador, com suficiente potência ativa, perde a corrente de campo, ele sai fora
de sincronismo e passa a rodar de modo assíncrono, com velocidade acima da velocidade
síncrona, absorvendo potência reativa.

A máxima potência ativa que pode ser gerada sem perda de sincronismo quando o gerador
perde o campo depende da diferença entre as reatâncias síncronas de eixo direto e eixo
em quadratura – para geradores com pólos salientes, a diferença é normalmente suficiente
grande para manter a máquina rodando com sincronismo mesmo com perda do campo,
com carga até 15 a 25% da nominal.

Para turbo geradores, tais reatâncias são praticamente iguais e a máquina cai fora de
sincronismo mesmo com pequena carga ativa. A velocidade de escorregamento aumenta
com a carga ativa.

O estator e regiões e parte do rotor irão aquecer, se a máquina rodar algum tempo fora de
sincronismo. A máxima temperatura, para ponto mais quente, para turbo geradores ocorre,
fora de sincronismo, com carga entre 20 e 35%.

A característica de operação de um turbo gerador típico é mostrada na figura a seguir:

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+ MVAr
pu
A
0,8

B
0,6
do
a sa
a tr
,8
l a0
m ina
No
c ia
tên
Po
0,6 0,8 + MW pu

Potênc
ia Nom
inal a 0
,95 adia F (xe = 0,2)
ntado
E C
F (xe = 0)

Figura 1.12 – Curva ABCD de Capabilidade de Turbo Gerador Típico

Na região sobre-excitada (gerador fornecendo potência reativa), a curva A-B é limitada


para corrente no campo (rotor) e a curva B-C é limitada pela corrente no Estator. Na região
sub-excitada, o gerador é limitado pelo aquecimento do estator e do ferro.

Com a perda de sincronismo, há aquecimento do rotor devido às correntes induzidas pelo


escorregamento e aquecimento do estator devido à sobrecarga (reativo). O tempo
permitido para tal situação depende da máquina, e está na ordem de grandeza que vai de
10 s a alguns minutos.

1.3.7 Perda de Sincronismo

A perda de campo está associada, geralmente, à perda de sincronismo da máquina. O


gerador passará a rodar com uma velocidade assíncrona maior que a síncrona, com
escorregamento.

Também as faltas no sistema elétrico supridor podem causar perda de sincronismo numa
máquina síncrona. O efeito elétrico da oscilação de potência para uma máquina com rotor
de pólos salientes e com enrolamento amortecedor é menor que aquele para máquina de
pólos lisos.

A melhor maneira de se detectar e visualizar o fenômeno da perda de sincronismo é a


análise da variação aparente da impedância vista nos terminais de um gerador síncrono,
ou nos terminais de alta tensão do transformador elevador desse gerador. Essa variação
na impedância pode ser detectada por relés de proteção.

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A figura a seguir mostra o conceito da perda de sincronismo em um sistema elétrico de


potência, entre dois sistemas geradores conectados por um sistema de transmissão,
através do diagrama de impedâncias:

jX

EA
ZB

/E
B
>
1
EA / E
B = 1

ZL
δ P
EA / EB < 1

R
ZA

ZA ZL ZB
EA EB

Figura 1.13 – Condição de Perda de Sincronismo. Típico Lugar Geométrico das


Impedâncias

1.3.8 Energização Acidental de Gerador

A energização acidental de gerador síncrono previamente desenergizado pode ocorrer,


com maior chance, em sistemas industriais. O resultado é o dano do gerador, com
possibilidade de destruição total. Em alguns casos há também dano na turbina. A
frequência relativamente grande dessas ocorrências (EUA) levou alguns fabricantes a
recomendar esquemas dedicados de proteção para detecção desse evento.

As causas têm se relacionado a erros operacionais ou falhas e defeitos em circuitos de


controle, ou ainda a combinação de ambos. Mostra a literatura que uma das maiores
causas de energização acidental de geradores tem sido o fechamento acidental do
disjuntor da máquina, conforme ilustrado nas figuras a seguir:

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Gerador Fechamento
Industrial Acidental

ENERGIZADO

TRSA
Partida

Gerador Fechamento
Acidental

G
ENERGIZADO

TRSA

Gerador
Seccionadora
aberta
G
ENERGIZADO

TRSA

Fechamento
Acidental

Gerador
Seccionadora
Fechada
G

TRSA
Flashover em um pólo
do disjuntor aberto

IMEDIATAMENTE
ANTES DA
SINCRONIZAÇÃO

Figura 1.14 – Energização Acidental de Gerador

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A corrente resultante de uma energização TRIFÁSICA é elevada, considerando que é


limitada apenas pela impedância de seqüência negativa do gerador, como mostra o circuito
equivalente dessa energização mostrada na figura a seguir:

Gerador Transformador Sistema

ZT
RG2
ZS+
EG ET
XG2
(Seq. Negativa) S

Figura 1.15 – Diagrama de Impedâncias para Energização Acidental de Gerador

A alta corrente estatórica induz altas correntes no rotor e há rápido aquecimento. Se o


gerador é conectado a um forte sistema elétrico de potência, a corrente no estator chegará
a um valor em torno de 3 a 4 x a corrente nominal, com a tensão entre 50 e 70% da
nominal, no caso de um grupo gerador / transformador.

Se a máquina é conectada a um sistema elétrico de potência fraco, a corrente pode chegar


a valor em torno de 1 a 2 x a corrente nominal, com a tensão entre 20 e 40% da nominal.

No caso de energização acidental através do transformador de serviço auxiliar, como a


fonte é muito fraca, a corrente no estator poderá estar entre 10 e 20% do valor nominal.

A figura a seguir mostra um oscilograma de energização acidental de gerador:

Figura 1.16 – Oscilograma de Energização Acidental de Gerador

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No caso de fechamento de um pólo de disjuntor (“flashover”) imediatamente antes da


sincronização do gerador ao sistema, há uma situação que pode ser estimada com o
seguinte circuito equivalente:

1 : ej30

X1S

X1G X1T

1 : e-j30

X2S

X2G X2T

3.Rn X0S

X0G X0T

Figura 1.17 – Circuito para cálculo de uma fase fechada

Neste caso, as correntes de seqüência positiva, negativa e zero são iguais entre si. Trata-
se de um caso semelhante a um curto-circuito fase-terra no lado da Alta Tensão.

Haverá substancial desbalanço, com aquecimento do rotor. Não há muito torque para
manter a rotação. É preciso analisar a curva I22.t = K da máquina.

Devido à limitação dos esquemas de proteção convencionais para detectar essa


energização, esquemas dedicados são recomendados – são sistemas que estão ativos
quando a máquina se encontra fora de operação.

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1.3.9 Sobre e Sub-frequência

Sobrefrequência

Trata-se aqui da sobrefrequência contínua e não momentânea. Ela estressa


mecanicamente a maquina mas não eletricamente. A sobrefrequência moderada, mesmo
contínua, não traz grandes problemas para o gerador.

Sub-frequência

Saturação de Circuito Magnético

Durante operação do gerador com sub-frequência, o seu circuito magnético (e do


transformador associado) pode saturar dependendo do nível de sub-frequência (V/Hz).
Caso haja a saturação, as perdas adicionais no ferro levam ao aquecimento do circuito
magnético. Mas isso ocorre para freqüências bem baixas e quando associada a subtensão.

Problemas em Turbinas a Vapor e a Gás

Podem sim ocorrer prolongada sub-frequência, relativamente moderada. Do ponto de vista


prático, as máquinas hidráulicas são pouco sensíveis à sub-frequência. Mas tanto os
geradores térmicos como as turbinas a vapor ou a gás apresentam limitações para sub-
frequência.

As turbinas a vapor são mais restritivas, quanto à operação com sub-frequência devido a
possibilidade de ressonância mecânica nos vários estágios das lâminas da turbina – com
aumento do estresse mecânico vibratório.

As turbinas a gás também são restritivas, mas não tanto quanto as turbinas a vapor. Mas
apresentam problemas de instabilidade de combustão e limitação da potência de saída da
turbina com a queda da frequência.

Os fabricantes apresentam limites de tempo para operação em condição de sub-frequência


em cada faixa de operação.

1.3.10 Retorno de Energia

O retorno de energia para um gerador síncrono ocorre quando o torque no eixo da turbina
ou do motor acionador passa a um valor inferior às perdas totais da unidade turbina –
gerador. A energia ativa flui então, do sistema ao qual está conectado para o gerador, no
sentido de tentar manter a velocidade síncrona (operando como motor síncrono).

Os problemas são para o meio acionador (turbina, motor) e não para o gerador elétrico.

No caso de turbina a vapor, uma redução no fluxo do vapor reduz o efeito de resfriamento
nas lâminas da turbina e sobre-aquecimento pode ocorrer. Também para turbina a gás
pode ocorrer sobre-aquecimento, mas com menos gravidade que a turbina a vapor – para
turbina a gás, pode ocorrer outro tipo de problema associado ao mancal. Turbina hidráulica

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(mormente do tipo Kaplan ou Bulbo) pode ter problema de cavitação (com dano). Máquinas
Diesel podem ser danificadas devido à lubrificação insuficiente e apresentam ainda risco
de explosão devido ao combustível não queimado.

As perdas totais à velocidade nominal, em função da potência nominal do grupo turbina /


gerador são, aproximadamente:

Turbina a vapor: 1 a 3%
Máquina Diesel: 25%
Turbina hidráulica: 3%
Turbina a gás: 5%

Esses valores correspondem a perdas quando não há corte total da energia através do
eixo da turbina. Assim, quando a máquina é alimentada pela turbina e pelo sistema, a parte
da perda suprida pelo sistema é menor que os valores acima.

Para grandes turbo geradores a vapor, a energia reversa pode ter valor inferior a 1% da
potência nominal. Para turbinas a gás e para máquinas diesel, não há problema de
sensibilidade (para fins de proteção). Para algumas turbinas hidráulicas, pode haver
problema de sensibilidade da proteção para detectar retorno de energia.

1.3.11 Outras

Sobrevelocidade

No caso de rejeição brusca de carga, por exemplo, pela abertura do disjuntor da máquina
com carga plena, espera-se que o sistema regulador de velocidade da máquina atue
imediata e corretamente, evitando velocidades não suportáveis para o conjunto turbina –
gerador.

Há portanto necessidade de proteção adicional para o caso de falha em algum


componente, seja do regulador, seja do sistema associado à turbina.

Outras mecânicas

Não consideradas neste capítulo.

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2. FUNÇÕES DE PROTEÇÃO

2.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo tem a finalidade de apresentar as funções de proteção aplicáveis para


geradores síncronos. Tem caráter geral, não cobrindo todas as funções que podem ser
encontradas no mercado, mas sim aquelas principais e comumente utilizadas.

2.2 SOBRECARGA TÉRMICA (49)

Uma proteção de sobrecarga, seja de equipamento, máquina rotativa, cabos ou linhas tem a
ver, sempre, com a temperatura que pode chegar o componente protegido em função de
carga excessiva.

Qualquer equipamento ou instalação não se aquece instantaneamente em função de carga


excessiva. Para um determinado degrau de corrente, para mais, a temperatura desse
componente variará exponencialmente em função da sua constante de tempo de
aquecimento.

A figura a seguir mostra o conceito de constante de tempo para o aquecimento de um corpo


homogêneo, para uma variação exponencial:

Temperatura

θ2

Variação
63% da
total
variação total

θ1

tempo

τ = Constante de Tempo
Figura 2.1 – Característica de Aquecimento de Corpo Homogêneo

Uma proteção de sobrecarga (proteção térmica – Código 49) deve, portanto, emular as
condições de aquecimento do componente protegido em função da corrente através desse
componente.

No passado, procurou-se construir relés térmicos com tecnologia eletromecânica que, através
de dissipadores térmicos (alumínio), tentavam simular a constante de tempo do equipamento
protegido. Mas esses dispositivos nunca conseguiram prover uma boa proteção para
sobrecarga. Eram viáveis apenas para alguns tipos de máquinas. A figura a seguir mostra o
esquema de um relé térmico com tecnologia eletromecânica:

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I carga

Equipamento

i i

Relé Térmico)

+ Vcc

i Trip por Trip por


corrente elemento térmico

Figura 2.2 – Esquema de Relé Térmico com Tecnologia Eletromecânica

Modernas Proteções Digitais

A tecnologia digital tornou possível, através de algoritmos específicos, a emulação de


constantes de tempo de aquecimento e demais parâmetros associados ao aquecimento de
transformadores, máquinas girantes, cabos e linhas.

Assim, alguns relés possuem a função 49 de “Sobrecarga Térmica” para ser devidamente
aplicada na detecção de aquecimentos provocados por sobrecargas, o que passa a ser uma
opção de utilização não existente num passado recente. Baseiam-se na modelagem de uma
réplica térmica com base na corrente de carga. O calor gerado, por exemplo, em cabo ou
transformador é função do tipo I2.R.t, isto é, proporcional à corrente ao quadrado. O quadrado
da corrente é integrado no tempo, para modelagem.

Assim, os diversos fabricantes nos seus diversos relés de proteção digitais apresentam
possibilidade de modelagem térmica do equipamento ou instalação a proteger contra
temperaturas elevadas causadas por sobrecarga.

A grande dificuldade no uso dessa função está na determinação da constante de tempo de


aquecimento e demais parâmetros (relacionados a normas) do componente protegido.

2.3 DESBALANÇO (FUNÇÃO 46 – SEQUÊNCIA NEGATIVA)

A função de seqüência negativa detecta desbalanços de corrente, com ou sem terra.


Correntes de seqüência negativa produzem campo girante no sentido reverso e induzem
correntes de frequência dupla no rotor. Pode haver aquecimento severo no rotor e nos
enrolamentos amortecedores.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 27 de 135


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Curtos-circuitos bifásicos e monofásicos possuem componentes de seqüência negativa, esta


função serve também para detectar curtos-circuitos não trifásicos que podem ter valor de
corrente inferior à corrente de carga normal da máquina.

Característica Térmica da Máquina

Os fabricantes de máquinas indicam o limite permissível de carga desbalanceada através de:

K
t PERM =
I
( 2 )2
IN

tPERM = Tempo máximo permissível de aplicação da corrente de seqüência negativa I2.

K = fator de assimetria da máquina (constante da máquina)

I2 / IN = Desbalanço de carga (relação entre I2 e IN).

O fator de assimetria depende da máquina e representa o tempo em segundos durante a qual


a máquina pode ser carregada com 100% de carga desbalanceada (I2 = IN), Este fator está,
tipicamente, na faixa 5 a 30 s.

O fator K de assimetria da máquina é o valor de tempo para (I2/IN) = 1, na curva característica


de carga desbalanceada fornecida pelo fabricante (valor primário).

I2 / IN

1,0

0,5
0,4

0,2

0,11
0,1
t (s)
10 20 50 100 200 500 1000

Figura 2.3 – Característica de Desbalanço de Máquina Rotativa

O aquecimento do objeto protegido (rotor) é calculado no relé tão logo as condições de


desbalanço são excedidas (ajuste I2>). A área corrente x tempo é constantemente calculada
para assegurar uma correta avaliação da carga que pode estar variando.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 28 de 135


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É dado trip desde que se atinja o limite, isto é, a área ((I2/IN)2.t) atinja o limite K.

Estágio de Tempo Definido

Para corrente de seqüência negativa superior a um valor alto, ajustável (I2 >>). A partir desse
valor, a curva é cancelada e a função de tempo definido é ativada (geralmente com tempo =
0s). É para detecção de corrente de curto circuito bifásico. A figura a seguir mostra esse valor
de tempo definido, sobreposto à curva de tempo inverso.

T ALARME

T I2 >>

I2 ADM I2 >>

Figura 2.4 – Zona de Trip da Proteção de Carga Desbalanceada

Relé SEL300G

O relé da SEL apresenta as seguintes curvas de ajustes (K):

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 29 de 135


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Figura 2.5 – Características K do relé SEL300G

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 30 de 135


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2.4 POTÊNCIA ATIVA (Função 32)

A função 32 na direção reversa (32R) é utilizada para geradores síncronos, na detecção de


retorno de energia.

Dependendo do tipo de turbina, deve ter uma grande sensibilidade no sentido inverso (da
ordem de 1,0% da potência nominal do gerador). A literatura sugere os seguintes ajustes:

Turbinas hidráulicas: 0,5 a 2%


Turbinas a vapor: 1 a 3%
Turbinas a gás: 1 a 3%
Diesel: > 5%

Entretanto, a melhor política é verificar a documentação do fabricante de cada turbina ou


grupo motor / gerador.

Quando ocorre motorização, a potência ativa estará entrando no gerador e a potência reativa
poderá estar entrando ou saindo, dependendo da excitação. Assim, a impedância vista pela
proteção poderá estar no segundo ou no terceiro quadrante.

No relé SEL300G, o ajuste é feito em p.u. (por unidade) da potência nominal do gerador. O
relé pede IN e VN para calcular MVA nominal. E possui dois ajustes, um na direção reversa e
outro na direção para frenjte:

Figura 2.6 – Características de ajustes da função 32 do relé SEL300G

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 31 de 135


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O ajuste 32P1P é na direção reversa (retorno de energia). O ajuste 32P2P pode ser ajustado
como sendo uma proteção de sobrecarga ((1.05 a 1,10 pu).

2.5 DIFERENCIAL (87G)

Na proteção de sistemas elétricos de potência, uma das funções mais utilizadas na proteção
é a função DIFERENCIAL. Como o próprio nome indica, seu princípio de funcionamento
baseia-se na comparação entre grandezas (ou composição de grandezas) que entram no
circuito protegido e grandezas de mesma natureza que saem do circuito protegido.

No caso de se apurar diferença entre grandezas comparadas, descontando-se os aspectos


esperados das condições de contorno como erros de TC´s, defasamentos angulares e
diferenças de potencial entre os lados comparados, pode-se concluir quanto à existência de
anormalidade no componente protegido.

A função DIFERENCIAL é utilizada na proteção de transformadores, equipamentos de


compensação reativa, máquinas rotativas, sistemas de barramentos, cabos e linhas de
transmissão. A função diferencial é recomendada para máquinas rotativas com potência
superior a um valor em torno de 1 MW (1000 kW).

Ela pode ser do tipo percentual (a maioria dos casos) ou do tipo “alta impedância”.

2.5.1 Requisitos de uma Proteção Diferencial

Os seguintes são os requisitos básicos de qualquer proteção diferencial:

• Deve considerar os efeitos de erros de precisão nos TC’s e TC’s auxiliares utilizados
para conexão da proteção.
• Deve manter a estabilidade (não atuar) para curto-circuito externo à área protegida,
mesmo com saturação de TC.
• Deve manter a estabilidade para correntes de magnetização transitória (energização)
quanto aplicada a transformadores de potência.
• Deve ter rápida atuação para curto-circuito interno, mesmo para aquelas faltas de baixa
corrente.
as correntes devem ser devidamente condicionadas antes da medição da diferença entre
as correntes de um lado e do outro. O princípio diferencial percentual é mostrado a seguir:

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 32 de 135


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Figura 2.7 – Princípio da Função Diferencial Percentual – Relé SEL300G

Geralmente, adota-se como operação o Módulo da Soma das correntes. Enquanto que
para a restrição adota-se a soma dos módulos.

Há sempre uma corrente mínima diferencial para atuação da função (O87P)

A inclinação 1 (SLP1) serve para correntes relativamente baixas onde o erro do TC ainda é
baixo. A inclinação SLP2 serve para correntes elevadas onde o erro do TC chega a 10%
para 20 x Inominal.

2.5.2 Proteção de Gerador e de Grupo Gerador / Transformador

A figura a seguir mostra uma conexão para proteção diferencial de grupo gerador /
transformador. Pode-se usa relé SEL300G para gerador e relé SEL387A para o grupo
gerador / transformador:

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 33 de 135


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52

87 Grupo

Transformador
Elevador

S. Aux.

87 Gerador
Gerador

Figura 2.8 – Conexão de TC’s para Proteção Diferencial de Gerador e de Grupo Gerador -
Transformador

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 34 de 135


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2.6 FASE DIVIDIDA (87FD)

As figuras a seguir ilustram o princípio.

Figura 2.9 – Fase Dividida / Conexão Transversal de TC’s

No caso de curto entre espiras, haverá diferença de corrente nos dois TC’s da fase em falta,
com atuação da proteção.

Há situações onde se utiliza 01 TC apenas com dois primários,como na figura a seguir:

Figura 2.10 – Fase Dividida com TC de dois primários

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 35 de 135


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2.7 SOBRECORRENTE (FUNÇÃO 50/51), SOBRECORRENTE SUPERVISIONADA POR


TENSÃO (FUNÇÃO 51V) E SOBRECORRENTE CONTROLADA POR TENSÃO (51C)

Haverá, sempre, a necessidade de proteção de retaguarda para faltas entre fases no


gerador e no transformador elevador, para aqueles com proteção diferencial.

Para aqueles geradores que não possuem proteção diferencial, haverá sempre a
necessidade de proteção para faltas entre fases.

Essa proteção é feita através de uma ou mais das seguintes funções:

- Proteção de sobrecorrente de fase (51).


- Proteção de sobrecorrente de fase, supervisionada por tensão (51V).
- Proteção de sobrecorrente de fase, controlada por tensão (51C).
- Proteção de impedância.

A proteção de sobrecorrente é sempre aplicada, como retaguarda ou como proteção


principal, para gerador de qualquer capacidade. A proteção de sobrecorrente simples é
ajustada para cerca de 1,20 a 1,30 x a corrente nominal da máquina e com tempo de cerca
de 5 s (grandes máquinas) se característica de tempo definido.

51V ou 21

G
51

Figura 2.11 – Proteção de Sobrecorrente e Proteção de Impedância

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 36 de 135


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A proteção de sobrecorrente com supervisão de tensão já é aplicada para geradores com


capacidade média ou alta (superior a 1000 kW). A vantagem dessa proteção com relação à
de sobrecorrente simples é que pode ser ajustada para correntes menores, para tensões
abaixo da nominal.

Figura 2.12 – Proteção de Sobrecorrente supervisionada por tensão

A figura acima mostra a característica da função 51V do relé SEL 300G. Nota-se que, para
tensões inferiores a 1.0 pu (100%), a sensibilidade da proteção de sobrecorrente aumenta,
isto é, diminui o valor de pickup.

Já uma proteção 51C (controlada por tensão) só atua quando a tensão for inferior a um dado
valor ajustado. Por exemplo, se ajusto a tensão para 0,7 pu (70%), o relé não irá atuar com
sobrecorrente para tensões superiores a esse.

2.8 IMPEDÂNCIA (FUNÇÃO 21)

Ela serve como proteção de retaguarda para curtos-circuitos no gerador ou no transformador


elevador, principalmente para faltas entre fases.

A proteção de impedância é conectada em TC do lado do neutro do Gerador e também aos


TP’s da máquina, como mostra a figura anterior.

A característica dessa proteção pode ser do tipo circular, como mostra a figura a seguir, uma
vez que a direcionalidade é inerente, isto é, toda falta na máquina estará na sua frente (uso
de TC’s do lado do neutro do gerador).

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Figura 2.13 – Proteção de Impedância de Gerador. Característica Circular

A figura acima é do relé SEL300G. Nota-se que tem característica mho deslocada. E
apresenta blindagem para carga, Isto é, uma região onde a carga pode chegar, sem atuar o
elemento 21. O relé tem ainda a possibilidade de ter uma segunda zona, com temporização
respectiva.

A proteção convencional pode, de um modo aproximado, ser ajustada para operar com cerca
de 70% da impedância de carga nominal da máquina, correspondente a uma corrente de 1 /
0,7 = 1,4 p.u. para tensão de 1,0 p.u. Esse ajuste, geralmente assegura retaguarda para
curtos no gerador e no transformador elevador. Temporização adequada é necessária para
seletividade com as demais proteções (geralmente 0,5 a 0,6 s). Caso se deseje um ajuste
mais fino, deve-se calcular as impedâncias vistas do gerador e do transformador para curto-
circuito no lado da Alta Tensão.

Numa proteção com duas zonas, como a proteção SEL300G da Schweitzer, pode-se ajustar
a primeira zona sem temporização adicional, porém alcançando apenas o lado da BT do
transformador elevador. A segunda zona, com temporização entre 0,5 e 1,0 s, poderia atingir
o lado da AT.

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2.9 PERDA DE CAMPO (FUNÇÃO 40)

2.9.1 Função 40 com característica R-X clássica.

O uso de característica de impedância no plano R-X, como mostrado na figura a seguir, é a


forma clássica de se ter a função 40 para máquinas síncronas:

R X
X'd / 2

Diâmetro=
1 p.u.

Diâmetro
= Xd

Figura 2.14 – Função perda de excitação (40). Característica clássica para Gerador. Relé
SEL300G

O deslocamento do círculo no sentido –X terá um valor ajustado de X’d / 2 (metade da


reatância transitória de eixo direto da máquina), considerando que, ao se perder o campo,
a impedância medida é maior em móduo que |X’d / 2|.

Classicamente, a característica da função 40 (que no fundo é um relé de impedância) é


ajustada como sendo um círculo de diâmetro igual a Xd (reatância síncrona de eixo direto).
O relé SEL300G apresenta essa característica clássica.

O relé SEL 300G oferece proteção 40 também com a característica com diâmetro 1.0 pu
(impedância da máquina), conforme a figura, com atuação instantânea. Isso porque,
quando de perda de campo, a impedância vista vai cair dentro dessa característica.

Note que 1 p.u. equivale à impedância calculada nas bases nominais da máquina:

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2
VN / 3 kV N
=
IN MVAN

Com a perda de campo, a máquina começa a absorver reativo, operando como gerador de
indução. A chamada primeira zona (circulo menor) detecta a perda de campo em
condições de carga nominal. A impedância cairá dentro dessa área. Em condições de
carga leve, a impedância poderá cair na segunda zona (circulo maior).

Figura 2.15 – Trajetória da impedâancia quando da perda de campo.

Considerando que em condição de oscilação de potência ou outra condição transitória, a


característica pode passar por essa área, há necessidade de temporizar a função 40
(diâmetro Xd) para dar tempo à atuação de regulador de tensão (atua no campo) e evitar
trip desnecessário.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 40 de 135


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2.9.2 PERDA DE SINCRONISMO (FUNÇÃO OUT-OF-STEP 78)

O uso da função 78 de perda de sincronismo é comum para grandes geradores síncronos.

Proteção SEL300G

O relé 300G implementa essa função 78 através da medição da impedância vista nos
terminais da máquina. A figura a seguir mostra a característica da função:

Figura 2.16 – Características da função 78. Proteção rSchweitzer.

Tanto num esquema como no outro, os elementos laterais 78R1 / 78R2 do lado direito e os
elementos laterais 78L1 / 78L2 do lado esquerdo, servem para detectar a passagem do
vetor impedância por eles, dentro do Mho. Assim, a lógica do relé permite detectar se é
oscilação de potência apenas ou perda de sincronismo.

A oscilação de potência é uma ocorrência trifásica, simétrica (sem desbalanço) portanto a


impedância medida pelo relé será sempre de seqüência positiva.

Uma condição de perda de sincronismo requer que a característica detectada (vetor da


impedância medida pela proteção) entre por um lado e saia pelo outro.

O relé pode detectar a entrada e saída por um mesmo lado. Neste caso, a oscilação tende
a se estabilizar.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 41 de 135


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2.10 PROTEÇÃO TERRA ESTATOR 90 / 95%

Para um gerador ou motor síncrono aterrado através de alta impedância, haverá baixa
corrente de curto-circuito fase-terra (da ordem de 15 A), o que muito difícil de ser detectado
por proteção de sobrecorrente ou diferencial. Assim, o critério de medição direta da corrente
de terra não pode ser utilizado.

Com alta impedância de aterramento, haverá suficiente tensão de seqüência zero


(Deslocamento de Neutro = 3. V0) que pode ser medido de duas maneiras:

- Através do secundário de TP (delta aberto ou soma das tensões de fase).


- Através da resistência de neutro, no secundário do Transformador de Neutro.

A figura a seguir mostra o caso do Transformador de Neutro

59
N VResidual

Figura 2.17 – Proteção Terra Estator com Tensão Residual de Neutro

O esquema detecta curto-circuito fase-terra em qualquer trecho, desde o enrolamento em


triângulo do transformador elevador até cerca de 90 a 95% do enrolamento estatórico. Não
detectará curtos próximos ao neutro.

Na figura a seguir mostra-se a utilização de tensão medida no secundário dos TP’s quando o
neutro é isolado.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 42 de 135


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59
N

VResidual

Figura 2.18 – Proteção Terra Estator com Tensão Residual Secundário de TP

A tensão através da proteção 59N equivale a Va + Vb + Vc = 3. V0 que é um valor


relativamente grande para sistemas aterrados com alta impedância:
Curto-Circuito Fase-Terra

ZT
ZG+ ZS+

XC
G S

ZT

ZG- ZS-
XC

i0 ZT

ZG0
ZS0
V0
XC
3.N2.R

Figura 2.19 – Tensão de Seqüência Zero

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 43 de 135


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Note que o esquema é aplicável pois, devido à conexão DELTA do transformador elevador,
as faltas a terra no lado do gerador são detectados através da tensão residual.

Em termos vetoriais:

VA = tensão do condutor A para TERRA


VBA VCB
VB
VB = tensão do condutor B para TERRA

VC = tensão do condutor C para TERRA


VA VC

A C
VAC

Condição Normal de Operação

VA = tensão do condutor A para TERRA

VB = tensão do condutor B para TERRA


VBA Aumentou
VCB
VB VC = tensão do condutor C para TERRA
Aumentou
VC
VA
VA + VB + VC = Valor Grande
VAC C
A

Curto Fase A - Terra

Figura 2.20 – Deslocamento do Neutro para Falta Fase-Terra

2.11 FUNÇÃO TERRA ESTATOR 100%

Faltas a terra em pontos próximos ao neutro ou no próprio fechamento do neutro precisam


ser detectados, uma vez que, no caso de um segundo curto-circuito fase-terra num outro
ponto da máquina, a falta será plena, sem a limitação introduzida pelo aterramento de alta
impedância.

Assim sendo para geradores de porte grande (depende do usuário e da recomendação do


fabricante), se utiliza uma proteção para detectar curtos-circuitos a terra em 100% do
enrolamento estatórico.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 44 de 135


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Há, basicamente, dois métodos de detecção de faltas a terra no estator:

- Utilizando medição de tensão de terceira harmônica.


- Utilizando injeção de um sinal sub-harmônico no neutro e medindo corrente
correspondente.

Técnica Envolvendo a Terceira Harmônica

Componentes de terceira harmônica de tensão estão presentes nos terminais de quase todas
as máquinas síncronas e sua intensidade varia de acordo com o projeto da máquina /
fabricante.

Se presentes em quantidade razoável, são utilizados para medir a ocorrência de faltas a terra
em pontos próximos ao neutro (0 – 30%).

A figura a seguir mostra as tensões de terceira harmônica (V3H) presentes no neutro e nos
terminais da máquina síncrona típica durante as diferentes condições de carga:

+ VTH
Plena Carga

Neutro Sem Carga


A) Condição Normal de
Operação
Sem Carga
Terminal
Plena Carga
- VTH

+ VTH
Neutro Terminal
Plena Carga

Sem Carga Sem Carga

Plena Carga

Neutro Terminal - VTH

B) Curto-Circuito a Terra no Neutro C) Curto-Circuito a Terra no Terminal

Figura 2.21 – Tensões de Terceira Harmônica no Neutro e nos Terminais da Máquina


Síncrona

Das figuras anteriores, tem-se:

1. O nível de tensão de terceira harmônica no NEUTRO da máquina é dependente das


condições de operação. Em geral a tensão (Terceira Harmônica) a plena carga é maior

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 45 de 135


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que a tensão (Terceira Harmônica) em vazio – mas dependendo da máquina, o inverso


pode ser verdadeiro.

2. Há um ponto no enrolamento estatórico em que a tensão de terceira harmônica é zero.

3. Para um curto-circuito a terra no ponto de fechamento do NEUTRO, a tensão de terceira


harmônica neste ponto torna-se zero. Para um curto-circuito próximo ao neutro, a tensão
de terceira harmônica do neutro terá um valor superior a zero, porém menor que a tensão
que existiria em operação.

No TERMINAL, a tensão de terceira harmônica irá crescer, com um curto-circuito no


NEUTRO.

4. Para um curto-circuito a terra no TERMINAL, a tensão de terceira harmônica neste ponto


torna-se zero. Para um curto-circuito próximo ao terminal, a tensão de terceira harmônica
no terminal terá um valor superior a zero, porém menor que a tensão que existiria em
operação.

No NEUTRO, a tensão de terceira harmônica irá crescer, com um curto-circuito no


TERMINAL

5. Como a tensão de terceira harmônica irá variar, de máquina para máquina, essa tensão
DEVE SER MEDIDA em condição de carga e em vazio, nos terminais e no neutro, antes
de se ajustar a proteção baseada na medição dessa grandeza.

2.11.1 Terra Estator (100%) – Usando Terceira Harmônica do Neutro do Gerador

Neste esquema utiliza-se uma função de Subtensão (27) para a Tensão de Terceira
Harmônica medida no Neutro do Gerador. A figura a seguir ilustra o mencionado:

52

59
F

VResidual

59 27
N TH

V3aHarm
59F 59N R.1 R.2

Terra Estator
90 / 95%
Terra Estator
27TH
100%

R.1 R.2 86

Figura 2.22 – Utilização da Terceira Harmônica do Neutro da Máquina Síncrona

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 46 de 135


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Ajusta-se a função 27 para não operar com tensão (Terceira Harmônica) em condição
normal de operação (plena carga ou vazio), mas que opere para curtos-circuitos perto do
neutro.

Na figura acima, a função 59N opera para tensão de 60 Hz (fundamental) e a função 27TH
opera para 180 Hz. A combinação das funções proporciona proteção para 100% do estator
(95% + 5%). Há suficiente “overlap” pois a função 27TH pode chegar a 30% do
enrolamento a partir do Neutro. E geralmente, não mais que uma tensão em torno de 1%
da tensão nominal será necessária para o “overlap”.

A função 27TH não deve provocar “trip” quando da partida ou parada da máquina. E
também, em alguns casos, não haverá Terceira Harmônica suficiente para a função em
condição “em vazio” ou carga leve. Assim, além da supervisão de tensão 59F (Vmin)
mostrada na figura acima, haverá necessidade de supervisão por sobrecorrente (de fase)
ou potência (Na proteção Siemens 7UM6 há Pmin e Vmin).

2.11.2 Terra Estator (100%) – Usando Terceira Harmônica através de TP’s em Delta Aberto

Neste esquema utiliza-se uma função de sobretensão 59TH para a Tensão de Terceira
Harmônica medida nos terminais da Máquina, através de TP’s.

A figura a seguir ilustra o mencionado:

52

59 59 V3aHarm
N VResidual
TH

59TH 59N R.1 R.2

Terra Estator Terra Estator


100% 90 / 95%

R.1 R.2 86

Figura 2.23 - Utilização da Terceira Harmônica dos TP’s dos Terminais da Máquina Síncrona

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 47 de 135


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Ajusta-se a função 59TH para não operar com tensão (Terceira Harmônica) em condição
normal de operação (plena carga ou vazio), mas que opere para curtos-circuitos perto do
neutro. Neste caso o ajuste pode ser mais difícil que o caso anterior.

Na figura acima, a função 59N opera para tensão de 60 Hz (fundamental) e a função 59TH
opera para 180 Hz. A combinação das funções proporciona proteção para 100% do estator
(95% + 5%).

A função 59TH não deve provocar “trip” quando da partida ou parada da máquina. Os
níveis dependem de máquina para máquina.

Assim, haverá necessidade de supervisão por sobrecorrente (de fase) ou potência. Na


proteção Siemens 7UM6 há Pmin e Vmin para supervisão.

2.11.3 Terra Estator (100%) – Usando Comparação de Tensão de Terceira Harmônica entre
Neutro e Secundário de TP em Delta Aberto.

Neste esquema utiliza-se um circuito para comparar (Diferencial de Tensão) as tensões


(3.V0) no neutro da máquina e no circuito residual do TP.

Geralmente há uma relação mais ou menos constante entre essas grandezas durante a
operação normal. Quando de curto-circuito, a relação é alterada e esse fato é utilizado
para detecção de curto-circuito.

O relé SEL300G usa este esquema através do elemento 64G2.

2.11.4 Terra Estator (100%) – Com Injeção de Sinal Sub-harmônico.

O princípio de funcionamento consiste na injeção de um sinal de tensão sub-harmônica


(geralmente 1/3 ou ¼ da frequência fundamental) no neutro do Gerador Síncrono através
de uma fonte independente, come medição da corrente nessa frequência.

Quando de um curto-circuito a terra no estator, essa corrente aumenta e a proteção atua.


Esse tipo de princípio cobre 100% do estator e não apenas regiões próximas ao neutro,
como nos casos anteriores.

A figura a seguir ilustra esse princípio:

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 48 de 135


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52

59 Entrada Alternativa
N VResidual W Z para Injeção

W Injeção 51I 59N R.1 R.2


de Sinal
Terra Estator Terra Estator
Z 100% 90 / 95%
51I

R.1 R.2 86

Figura 2.24 - Injeção de Sinal Sub-Harmônico no Neutro (ou no secundário de TP capacitivo


em Delta Aberto)

Vantagens deste princípio:

- Tem maior sensibilidade, com menor influência das capacitâncias na medição. Isso
porque a uma frequência menor, a reatância indutiva para esse sinal é
proporcionalmente menor e a reatância capacitiva é proporcionalmente maior.
- É independente da corrente de carga, tensão e frequência do sistema. Portanto, ativa
durante partida e parada da máquina.
- Cobre 100% do estator.
- Auto monitorado.

As desvantagens seriam:

- Necessidade de um segundo transformador de Neutro, para injeção de sinal, caso se


use o Neutro.
- Necessidade de fonte sub-harmônica e todo esquema de controle e supervisão
associado.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 49 de 135


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2.12 TERRA-ROTOR (FUNÇÃO 64R)

A proteção “Terra – Rotor” não é de aplicação universal. Nos EUA, geralmente, não são
utilizados. E em alguns locais da Europa, também não. A proteção SEL300G (filosofia
americana) não possui função terra-rotor.

A proteção aqui mencionada é para aqueles sistemas de excitação com escovas e anéis para
injeção de corrente contínua no campo (rotor). Não se trata de sistemas “brushless”.

O circuito do campo de uma máquina síncrona é um sistema DC não aterrado. Uma simples
falta à terra nesse sistema não afetará a operação do gerador, nem produzirá qualquer efeito
ou dano na máquina. Entretanto, caso haja a ocorrência de uma segunda falta a terra nesse
sistema, a porção do enrolamento do campo entre as duas faltas estará curto-circuitado,
produzindo fluxos desbalanceados nos entre-ferros da máquina. Os fluxos desbalanceados
produzem forças magnéticas desbalanceadas com conseqüente vibração e danos. Haverá
também desbalanço de corrente com temperaturas desbalanceadas e aquecimento do ferro
do rotor.

Com a atuação da proteção “Terra-Rotor”, que detectará a primeira falta a terra no campo,
tem-se as seguintes alternativas:

1. Providenciar desligamento automático e imediato do gerador e abertura do disjuntor do


campo.
2. Providenciar apenas alarme, sendo que as providências de parada da máquina seriam
manuais e controladas.

Há várias linhas de ação entre as concessionárias e os usuários industriais. O desligamento


automático imediato é menos comum. A bibliografia [5] informa que cerca de 82% das
máquinas pesquisadas utilizam esse tipo de proteção e cerca de 30% dos que utilizam
providenciam desligamento automático com a atuação dessa proteção.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 50 de 135


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Princípios Utilizados

A figura a seguir mostra três princípios de funcionamento dessa proteção:

EXCITA EXCITA EXCITA


64R TRIZ TRIZ TRIZ

Fonte
Fonte AC
64R AC 64R

Método de Divisão de Método de Injeção de Método de Injeção de


Tensão Sinal AC Sinal DC

Figura 2.25 – Princípios da Proteção Terra-Rotor

Eventualmente seria conveniente que o eixo do rotor (ligado ao ferro) seja aterrado através
de escova, uma vez que o filme de óleo introduz resistência suficiente para tirar a
sensibilidade da proteção.

Ferro

Enrolamento
do Campo EXCITA
TRIZ

Escova de
Aterramento

Figura 2.26 – Aterramento do Eixo através de Escova

Uma temporização de 2 a 3 s é introduzida na proteção 64R para evitar atuações


intempestivas por desbalanço transitórios, momentâneos (causados por exemplo por
tiristores do retificador).

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 51 de 135


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Uma proteção de retaguarda para a função 64R seria um dispositivo de detecção de


vibração.

Método da Divisão de Tensão

A primeira técnica é conectar resistor em paralelo com o campo. O ponto central do


resistor é aterrado através de um relé de sobrecorrente DC sensível. Quando de curto-
circuito a terra no enrolamento rotórico, haverá corrente através do relé que deverá atuar.

Note que neste princípio, havendo uma falta a terra no “ponto central” do enrolamento
estatórico, não haverá corrente pelo relé, caracterizando um ponto cego. Há algumas
sofisticações como utilizar varistores e resistores ao invés de simples resistor com ponto
central, para tentar evitar esse ponto cego.

Método de Injeção de Sinal AC

A segunda técnica consiste em aplicar uma fonte de tensão AC através de um ponto do


enrolamento do campo. Havendo terra em algum ponto, uma corrente AC irá circular no
relé (64) provocando sua atuação.

Método de Injeção de Sinal DC

A terceira técnica consiste em aplicar uma tensão DC ao invés de AC, através de um ponto
do enrolamento do campo. Havendo terra em algum ponto, uma corrente irá circular no
relé (64) provocando sua atuação.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 52 de 135


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2.13 SOBRE-EXCITAÇÃO (FUNÇÃO 24) E SOBRETENSÃO (FUNÇÃO 59)

A função 24 (V/Hz) é utilizada para proteger geradores e transformadores contra níveis


excessivos de densidade de fluxo magnético.

A função 59 é utilizada para proteger equipamentos contra estresse na isolação provocada


por excesso de tensão. Uma sobretensão sem sobre-excitação pode ocorrer para um gerador
com sobrevelocidade (rejeição de carga), quando a relação V/Hz permanece.

As limitações dos equipamentos são importantes para se determinar os ajustes das funções
V/Hz. A figura a seguir mostram os limites para gerador e transformador.

V/Hz (pu) V/Hz (pu)

1,40 1,40

1,30 1,30

1,20 1,20

1,10 1,10

0,1 1 10 100 1000 0,1 1 10 100 1000


0,01 0,01
Tempo (m) Tempo (m)

Gerador Típico Transformador Típico

V/Hz (pu)

1,40

1,30

1,20

1,10

Grupo Gerador. Curva do TR


na mesma base do Gerador 0,1 1 10 100 1000
0,01
Tempo (m)

Figura 2.27 – Limites dos Equipamentos para Sobre-excitação

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É comum a aplicação da função 24, principalmente para Grupos Geradores –


Transformadores com potência em torno de 100 MVA ou superior. Para geradores pequenos
e médios, uma pesquisa da bibliografia [5] mostra que a função não é utilizada.

O importante é que as características dessa função devem cobrir as limitações dos


equipamentos. A figura a seguir mostra características possíveis de proteção, cobrindo os
limites:

V/Hz (pu) V/Hz (pu)

1,40 1,40 Tempo


Tempo
Definido Definido
1,30 1,30

Tempo
1,20 Inverso 1,20

1,10 1,10

0,1 1 10 100 1000 0,1 1 10 100 1000


0,01 0,01
Tempo (m) Tempo (m)

Figura 2.28 – Característica Ideal de Proteção da Função 24

Grande parte (60%) das grandes máquinas já em operação utilizam dois elementos de tempo
definido. Mas isso se devia à limitação tecnológica do relé de proteção.

O ideal é a característica de proteção combinando curvas que possam cobrir os limites


(tempo definido e tempo inverso).

Proteção SEL300G

A figura a seguir mostra as características da função 24 da proteção. São bastante próximos


às características clássicas adotadas, conforme descrito acima.

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Figura 2.29 – Características da Função V/Hz do relé SEL300G

Sobretensão (59)

Pode-se aplicar função de sobretensão sob as seguintes condições:

- O ajuste deve ser maior que a máxima tensão normal de operação.


- A função deve ser temporizada, com característica de tempo definido ou de tempo
inverso, para dar tempo à atuação do regulador de velocidade em casos de variação
momentânea.
- Uma função instantânea pode ser ajustada para sobretensão severa.

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2.14 SUBTENSÃO (FUNÇÃO 27)

Em geral não se aplica, para fins de proteção.

2.15 FREQUÊNCIA (FUNÇÃO 81)

Limitação de operação para gerador síncrono.

Sobrefrequência

Há aumento de ventilação. A densidade de fluxo magnético a uma dada tensão nos terminais
é reduzida. Assim, não há aumento de temperatura desde que os níveis de tensão e a
potência nominal sejam mantidos.

Sub-frequência

Não há fortes restrições (normas) para gerador elétrico operando a baixa frequência. Mas
sabe-se que, à baixa frequência:

- Há redução de ventilação – portanto, há redução de kVA.


- É quase sempre acompanhada com sobrecarga (portanto, alta corrente de estator).

E também, para sub-frequência, pode haver excessiva densidade de fluxo (V/Hz), o que já foi
visto.

Limitação de operação para turbinas a vapor.

A figura a seguir mostra as limitações de frequência para uma típica turbina a vapor:
Hz

62
Operação Proibída
Limites de Frequência
61 Tempo Restrito de Operação t
[minutos]
60 Operação Contínua

59
Limites de Frequência
Tempo Restrito de Operação
58

57 Operação Proibída

56

0,001 0,005 0,01 0,05 0,1 0,5 1 5 10 50 100

Figura 2.30 – Limites de Operação para Sobre e Sub Frequência – Típica Turbina a Vapor.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 56 de 135


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O problema pode ser particularmente grave para CORRENTE DE SEQUÊNCIA NEGATIVA


no estator, com freqüências torcionais (lâminas) a cerca de 120 Hz.

A função de SOBREFREQUÊNCIA geralmente não precisa ser aplicada pois há o regulador


de velocidade e também a atuação do operador que evitam que sejam atingidas
sobrefrequências perigosas. E também há a proteção de sobrevelocidade da turbina.

Maior atenção deve ser dada à proteção de SUB-FREQUÊNCIA. Relés de frequência devem
ser aplicados e ajustados, considerando:

- Valores de “trip” e temporizações com base nos limites especificados pelo fabricante da
turbina. Valores de “alarme” ao operador, condizentes com a turbina.
- Coordenação com valores de “trip” para esquemas de rejeição de carga existentes na
planta ou na região (se for o caso).
- A proteção deve estar em operação mesmo que a turbina + gerador estejam alimentando
apenas o serviço auxiliar da planta.

Serviço Auxiliar de uma Planta Térmica

A capacidade de um sistema de suprimento de vapor permanecer em operação por períodos


de sub-frequência depende da margem disponível na capacidade dos MOTORES e cargas
acionadas por esses motores.

Os equipamentos auxiliares mais limitados são, geralmente, as bombas do gerador de vapor,


bombas de circulação de água bombas de condensadores, pois cada porcento de perda na
velocidade (frequência) há a correspondente perda percentual na capacidade das bombas.

Assim, a frequência mínima com que uma planta pode operar continuamente não depende
apenas das turbinas e suas características, mas também de todo o serviço auxiliar, que
depende de planta para planta.

O uso de relés de frequência para esse tipo de refinamento na proteção é desejável para
usinas termoelétricas.

Serviço Auxiliar de uma Usina Nuclear

A limitação do serviço auxiliar em condição de sub-frequência para uma planta nuclear é mais
delicado e há diferença de respostas para usinas com diferentes tipos de reatores. Por
exemplo, reator de água pressurizada (PWR) e reator de água fervente (BWR). Não é
objetivo deste curso detalhar a proteção dessas instalações. Mas fica aqui registrado que o
problema da redução das capacidades das diversas bombas por sub-tensão e sub-frequência
é um problema sério.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 57 de 135


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Turbina a Gás

As limitações para turbinas a combustão (CTG) são similares, em muitos aspectos, às


limitações das turbinas a vapor. Há porém algumas diferenças que podem implicar em
proteções diferentes.

As turbinas a gás, em geral, têm maior capacidade de operação à baixa frequência que as
turbinas a vapor. Assim, o ajuste de frequência para trip pode ter um valor menor que o da
turbina a vapor.

Unidades Combinadas

Em plantas com unidades combinadas de turbinas a vapor e a gás, deverá haver uma
proteção de sub-frequência para CADA unidade, cada um com ajustes referentes às suas
respectivas características. Ou, eventualmente, pode-se adotar o valor de maior frequência.

Geradores Hidroelétricos

Não se usa relés ou funções de sub-frequência para proteção de unidades geradoras em


plantas hidroelétricas.

Relés ou funções de sobrefrequência podem ser usados, opcionalmente, como retaguarda


para dispositivos de sobrevelocidade.

2.16 SUPERVISÃO DE CIRCUITO DE TP

TP’s são aplicados, geralmente, com a conexão estrela aterrada / estrela aterrada. A falha de
TP ou a falta de sinal no secundário do TP pode ocorrer por diversas causas. Curtos-circuitos
ou circuitos abertos na fiação AC, fusível rompido, etc.

A falta de sinal de TP pode provocar conseqüências graves para gerador ou motor síncrono,
uma vez que o regulador de tensão baseia sua atuação no sinal recebido do TP. A própria
proteção (tensão, frequência, potência, direcional, impedância, falha de excitação, sobre-
excitação, etc.) fica prejudicada.

Nos geradores maiores é prática comum o uso de dois conjuntos de TPs para a zona de
proteção do gerador. Geralmente há chaves fusíveis nos secundários. Em alguns TP’s há
fusíveis também no lado primário.

Através de algum circuito lógico, uma falta no TP pode ser detectado. No caso de detecção, o
regulador de tensão deve ser passado de automático para manual e todas as proteções que
dependem de tensão devem ser bloqueadas.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 58 de 135


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2.16.1 Método de Detecção por Comparação de Tensão

É o método mais comum para detectar perda de sinal de TP que, como mostra a figura a
seguir, compara as tensões trifásicas dos secundários dos dois conjuntos de TP’s
disponíveis:

60

Para Para
Proteção AVR

Figura 2.31 – Aplicação de Função de Balanço de Tensão

Esta função é, geralmente, ajustada para um desbalanço de tensão de cerca de 15% entre
os TP’s e não simplesmente a detecção de falta de tensão de um dos lados (100%). Isso,
para detectar resistência de mau contato (ex, borneira).

2.16.2 Detecção de Falha de TP utilizando Componentes Simétricas

É um método relativamente moderno que faz uso da relação entre as componentes


seqüências de tensão e corrente que podem ocorrer durante uma falta de fase.

Quando um sinal de TP é perdido, a tensão trifásica no secundário torna-se


desbalanceada. Conseqüentemente, uma tensão de seqüência negativa é produzida. A
tensão de seqüência positiva diminui de valor. Para fazer uma distinção entre falha de TP e
falha no circuito protegido (sem problema no TP), as correntes seqüenciais também são
verificadas. Verifica-se que se trata de um método facilmente implementado por proteções
de tecnologia digital microprocessada.

Esse tipo de verificação ou detecção de falha de TP deve ser utilizado quando há apenas
um conjunto de TP’s para o circuito do gerador.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 59 de 135


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2.17 PROTEÇÃO CONTRA ENERGIZAÇÃO ACIDENTAL DE GERADOR

Há várias funções que já fazem parte do sistema de proteção da máquina síncrona que
podem detectar, ou podem ser ajustadas para detectar uma energização acidental do
gerador. São eles:

• Proteção 40 – Perda de Campo.


• Proteção 32R – Potência Reversa / Retorno de Energia.
• Proteção 46 – Seqüência Negativa / Desbalanço.
• 50BF – Falha de Disjuntor.
• Proteções de retaguarda, como 51, 51V.

Entretanto, é prática comum a retirada de operação das proteções quando um gerador


encontra-se desligado, fora de serviço. Alguns usuários retiram fusíveis de TP. De qualquer
modo, as funções 40, 32R, 59, etc. dependem da tensão do TP do gerador para operar.

Assim, é recomendável que haja esquema dedicado para a detecção de energização


acidental de gerador. Cuidado deve ser tomado na implementação desse esquema, uma vez
que a tensão auxiliar DC não pode ser removida da proteção e de seu circuito de comando
quando o gerador encontra-se fora de operação. As bibliografias [4] e [5] mostram vários
desses esquemas.

A figura a seguir mostra um desses esquemas:

Gerador Transformador
Elevador

3 50 60
TRSA

81

81 81x

60 50

86
Drop Out 81
x
86
Temporizado

Figura 2.32 – Proteção para Energização Acidental de Gerador

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 60 de 135


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O relé de frequência identifica quando o gerador está fora de operação. Seu ajuste deve estar
bem abaixo da frequência da frequência de operação, mesmo em condição de emergência.
Seu contato NF deve permanecer fechado mesmo com a tensão do TP indo a zero. O relé
auxiliar 81x deve ter “drop-out” temporizado, isto é, deve permanecer fechado por um tempo
após o aparecimento de tensão no TP, com frequência próxima a nominal.

O relé 50 deve ser sensível o suficiente para detectar todas as correntes previstas de
energização acidental.

Esse tipo de proteção não protege contra energização acidental de uma fase.

O relé SEL300G apresenta todos os recursos, inclusive de lógica, para proteção contra
energiação acidental.

PROTEÇÃO DE GERADORES Funções de Proteção 61 de 135


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3. ESQUEMAS DE PROTEÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo tem a finalidade de apresentar esquemas de proteção para geradores


síncronos. As aplicações aqui mostradas cobrem as situações usuais de aplicação de
geradores e não cobrem todas as situações possíveis. Assim sendo, têm caráter geral.

Geradores comerciais e industriais ou de co-geração têm potências variando de valores


inferiores a 500 kVA até 50 MVA, com tensão de geração entre 480 V e 13.800 V de linha e
conectados diretamente sem transformador elevador.

As aplicações incluem:

- Gerador de emergência (“standby”).


- Co-geração.
- Produção Independente.
- Outras.

Máquinas em usinas de geração de energia elétrica têm potências, em geral, a partir de 20


MVA com tensão de geração de 13.800 V a 20.000 V e conectados através de transformador
elevador ao sistema de transmissão de energia elétrica.

A aplicação da proteção e o grau de complexidade dependem do custo e da importância


relativa da máquina protegida no sistema ao qual está inserido.

3.2 PEQUENOS GERADORES

Alguns fabricantes definem “pequeno gerador” como sendo aquele com potência até 500 kW
com tensão até 5 kV. Outros incluem geradores de até 1.000 kW com tensão até 2,4 kV. Note
que a classificação é bastante relativa.

Para esses geradores até 500 kW, a proteção mínima recomendada é constituída das
seguintes funções que não usam TP’s:

• Sobrecorrente de Fase (51)


• Sobrecorrente de Terra (51N) usando circuito residual de TC’s ou (51G) usando TC
toroidal. Ou ainda 51G em TC de neutro.
• Desbalanço de corrente – Seqüência Negativa (46).
• Sobrecarga térmica (49).

PROTEÇÃO GERADORES Esquemas de Proteção 62 de 135


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Opção:
Do TC Janela ( para 51G)

G G

51 51
51 46 49 51 46 49
N N

VN
RN =
3.(0,5a1,0).I No min al

Figura 3.1 – Proteção para Pequenos Geradores

Ainda para pequenos geradores, porém na faixa até ou em torno de 1.000 kW, recomenda-
se:

• Sobrecorrente de Fase (51) ou Sobrecorrente Supervisionada por Tensão (51V).


• Sobrecorrente de Terra (51N) usando circuito residual de TC’s ou (51G) usando TC
toroidal. Ou ainda 51G em TC de neutro.
• Desbalanço de corrente – Seqüência Negativa (46).
• Sobrecarga térmica (49).
• Retorno de Energia (32R)
• Perda de Campo (40)

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 63 de 135


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32
51 46 40 49
R

51G

Note que agora há, adicionalmente, uma proteção para o campo e duas funções que
necessitam de TP’s.

Atenção

Deve-se salientar que o uso das funções 40 e 46 depende da filosofia proposta ou sugerida
pelo fabricante do gerador. Há fabricante de gerador que recomenda essas funções apenas a
partir de 5.000 kW. Também o uso da função 64R para geradores em torno de 1.000 kW não
é generalizado.

3.3 GERADORES MÉDIOS

Para fins do presente estudo, vamos considerar gerador médio como sendo aquele com
potência entre 1.000 e 5.000 kW. Note, novamente, que a classificação é bastante relativa.
Nesta faixa de potência há muitas opções de proteção que dependem de:

- Cultura técnica de um país ou região.


- Fabricante do gerador e/ou da turbina.
- Tecnologia disponível.

O esquema a seguir baseia-se no catálogo técnico da proteção SEL300G

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 64 de 135


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No relé SEL300G, a função diferencial e a função de check de sincronismo é opcional

Funções Indicadas

A título de ilustração quanto à grande variedade de filosofias, apresenta-se a tabela a


seguir, que foi tirada de uma referência industrial e mostra uma outra filosofia com relação
à função 32R:

Geradores Industriais ou Comerciais de 2 a


13,8 kV com potência igual ou superior a 1
Tipo de Falta ou Distúrbio MW.
PROTEÇÃO POR RELÉS
Sobrecarga Térmica Essencial, uma por máquina.
Curto-circuito na rede Essencial, uma por máquina.
Curto-circuito no estator (entre fases) Essencial, uma por máquina.
Curto-circuito no estator (a Terra) Essencial, uma por máquina.
Curto-circuito no estator (entre espiras) Não essencial
Sobretensão Uma para a instalação industrial
Carga Desbalanceada Essencial, uma por máquina.

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 65 de 135


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Perda de Campo ou Perda de Essencial, uma por máquina.


Sincronismo
Falta a Terra no Rotor Essencial, uma por máquina. Para
máquinas “slip-ring” (anel escova).
Dispensável para a filosofia americana.
Subtensão Uma para a instalação industrial, mas
depende do que se desjeja com isso.
Sobre ou sub-frequência Não essencial
Reversão de Potência Não essencial
Supervisão de Partida Essencial, uma por máquina.

Outrossim, o documento técnico da proteção SEL300G apresenta a tabela a seguir, que


indica funções de proteção dependendo do tipo de aterramento de neutro do gerador:

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 66 de 135


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3.4 GRUPOS GERADORES-TRANSFORMADORES

Para fins do presente estudo, vamos considerar grupos geradores / transformadores de


média potência, aqueles constituídos de unidades de até cerca de 20.000 kW e como
grandes aqueles superiores a 20.000 kW.

Também nessa condição há muitas opções de proteção que dependem daqueles fatores já
mencionados.

A figura a seguir mostra um esquema típico de proteção para um grupo gerador –


transformador:

50/
50/51 87T opcional
51N

60

59

32
78 40 24
R

87U 81
49S

G 64R 87G

> 5 ou 10 MW
51
49 46 21 V

59
GN

51
GN

Figura 3.07– Esquema Típico para Grupo Gerador Transformador

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 67 de 135


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Utilizando proteção Schweitzer:

3.5 COMENTÁRIOS

3.5.1 Esquema de Proteção

O esquema é baseado na necessidade de proteção contra as anomalias que podem afetar


a operação normal do gerador ou grupo gerador-transformador. O estudo das
anormalidades e das funções de proteção, como mostradas nos capítulos 1 a 2 desta
apostila, permitem avaliar a importância de cada função de proteção.

Quanto mais caro o equipamento protegido, mais se justifica a aplicação de proteção.

A documentação técnica dos fabricantes de geradores e turbinas, bem como a dos


fabricantes de sistemas de proteção, constituem-se nas melhores fontes de referência para
determinar o esquema adequado para cada situação.

3.5.2 Redundância

Pode-se ter quase a totalidade das funções de proteção do Gerador numa única proteção
multifuncional. E pode-se, também, ter a totalidade das funções de proteção do
Transformador numa única proteção multifuncional.

Entretanto, não se recomenda, para grandes ou médios geradores, fazer a proteção com
um único relé. Há necessidade de redundância para uma melhor confiabilidade
(“dependabilidade”).

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 68 de 135


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3.5.3 Algumas Limitações de Algumas Funções de Proteção

A tabela a seguir mostra algumas limitações de algumas funções de proteção:

Função Limitações Observação


Diferencial do Gerador Sensibilidade de 5 a 10% de diferença de As limitações quanto a saturação
(87G) corrente. de TC, sobre-excitação e Inrush
são minimizadas com a aplicação
Saturação de TC. de proteção com tecnologia digital
Sobre-excitação e Inrush. microprocessada.

Diferencial do Grupo Sensibilidade de 25 a 30% de diferença de As limitações quanto a saturação


(87U) corrente. de TC, sobre-excitação e Inrush
são minimizadas com a aplicação
Saturação de TC. de proteção com tecnologia digital
Sobre-excitação e Inrush. microprocessada.

Impedância Faltas com alta resistência de contato. O problema do alcance é


minimizado com o uso de
Alcance limitado para incluir o TR elevador. proteção digital que permite várias
zonas de alcance com
temporizações distintas.

Sobrecorrente Sensibilidade limitada pela relação dos Limitações menores para relés
TC’s e faixa de ajustes. digitais, em virtude da maior
sensibilidade disponível e
Não detecta, por conseqüência, baixas
opção de sobrecorrente de
correntes de curto-circuito.
terra de alta sensibilidade.
Sobretensão Eventual ressonância no secundário. Relés digitais, desde que bem
especificados, atuam apenas
para frequência fundamental.
Perda de Excitação Oscilação de Potência x Perda de O uso de modernas funções
Campo. em relés digitais permitem
melhor discriminação.
Situações difíceis de serem
diferenciadas.
Terra Estator Oscilação em TP. Modernos relés digitais
apresentam funções com
Nível de terceira harmônica.
princípios melhor elaborados e
maior precisão.
Seqüência Negativa Dificuldade de determinação de nível de Não há problema de filtro para
desbalanço e problema de sintonia do relés digitais.
filtro de seqüência negativa.
Terra Rotor Intermitência. Resolvido por temporização
adequada.
Capacitâncias.
Relés digitais permitem melhor
discriminação de falta a terra,
mesmo com capacitâncias e
altas resistências.

PROTEÇÃO DE GERADORES Esquemas de Proteção 69 de 135


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4. BIBLIOGRAFIA

[1] Skilling, H. H. – “Electromechanics” – John Wiley & Sons, Inc. 1966.

[2] ANSI/IEEE C.37.96 – 1988. “Guide for AC Motor Protection”

[3] ANSI/IEEE C.37.101 – 1985. “Guide for Generator Ground Protection”

[4] ANSI/IEEE C.37.102 – 1987. “Guide for AC Generator Protection”

[5] IEEE Tutorial on the “Protection of Synchronous Generators – Cmpliments of Beckwith


Electric, Co. – 95 TP 102

[6] STROMBERG – “Application Guide for Protection of Synchronous Machines” – A-T


55.5200 EN1, 1982.

[7] Siemens – Documentação técnica de relés de proteção.

[8] MOZINA, Charles J. – “Power Plant Horror Stories” – Beckwith Electric Co., Inc.

[9] Mason, C. Russell – “The Art and Science of Protective Relaying” - John Wiley & Sons,
Inc. & GE Company, 1956

[10] Grigsby, L. L. (Editor-in-Chief) – “The Electric Power Engineering Handbook. – CRC


Press / IEEE Press, 2001.

[11] Schweitzer Engineering Laboratories – “300G_IM-CD_20041019.pdf” – Documentação


Técnica do relé SEL300G, 2004.

PROTEÇÃO DE GERADORES Bibliografia 70 de 135


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5. GRANDEZAS POR UNIDADE

5.1 INTRODUÇÃO

Para a resolução de um circuito elétrico simples já existe um certo grau de dificuldade se o


mesmo apresenta um ou mais transformadores. Mesmo com um transformador, há
necessidade de referir as impedâncias do sistema a um dos lados do transformador
(lembrando que a impedância vista de um lado é igual à impedância do outro lado
multiplicada pela relação de transformação ao quadrado). Ainda, num sistema trifásico
equilibrado há o fator 3 que relaciona tensões de linha (fase-fase) com tensões de fase
(fase-neutro), bem como as correntes de linha com as correntes de fase (dentro de um
triângulo).

Com a representação das tensões, correntes, potências e impedâncias de um Sistema


Elétrico em valores p. u. (“por unidade”), referidos a BASES (referências) previamente
adotadas para cada grandeza, aquelas dificuldades desaparecem, simplificando
radicalmente os cálculos para um determinado estudo, mesmo para sistemas bastante
grandes (centenas ou milhares de nós). Essa ferramenta de representação associada à
teoria de circuitos elétricos e à matemática matricial permite o uso de computadores para o
cálculo de circuitos elétricos de grande tamanho e complexidade.

Para se calcular o valor p.u. de uma grandeza, tem-se a seguinte expressão básica:

ValorDeFato
Valor _ p.u. =
ValorDaBase Re spectiva

O valor percentual é o valor p.u. multiplicado por 100.

Por exemplo:

a) Uma tensão de 207 Volts numa base de Vbase = 220 V

207 / 220 = 0,941 pu de tensão

b) Uma potência aparente de 80 MVA numa base de 100 MVA

80 / 100 = 0,8 pu de potência aparente

c) Uma potência de 50 MW + j80 MVAr numa base de 100 MVA

(50 + j80) / 100 = 0,5 + j0,8 pu de potência

d) Uma impedância de 30 + j70 ohms numa base de 100 ohms

(30 + j70) / 100 = 0,3 + j0,7 pu de impedância

FERRAMENTAS DE ANÁLISE PARA ENGENHEIROS E TÉCNICOS Grandezas PU 71 de 135


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e) Uma corrente de 1000 A numa base de 4183 A

1000 / 4183 = 0,239 pu de corrente

5.2 BASE NUM PONTO DO SISTEMA ELÉTRICO

A fixação das BASES para um determinado estudo é arbitrária, levando-se em


consideração as relações básicas entre as grandezas elétricas que são:

- Potência / Tensão = Corrente

- Tensão / Corrente = Impedância.

Das duas relações acima, chega-se a:


2
- (Tensão) / Potência = Impedância

Isto é, há quatro grandezas relacionadas em duas expressões básicas. Pode-se, então,


fixar arbitrariamente (num dado ponto do sistema elétrico delimitado por transformadores)
duas das grandezas.

Assim, as BASES para as duas grandezas restantes serão calculadas através das
relações básicas. Deve-se notar que para sistemas monofásicos ou trifásicos, o termo
corrente corresponde à corrente de linha, o termo tensão corresponde à tensão fase-neutro
e o termo potência corresponde à potência de uma fase.

Exemplo:

Num dado trecho do sistema elétrico de potência trifásico, escolhe-se arbitrariamente as


seguintes bases:

Pbase = 100 MVA trifásico = 100.000 / 3 MVA por fase (adotado)

Vbase = 138 kV de linha = 138 kV fase para neutro (adotado)


3
2
⎡138000 ⎤
⎢ 3 ⎥⎦
Zbase = ⎣
138 2
Donde: = = 190,44 ohms por fase (calculado)
100000000 100
3

100000
Ibase = 3 = 100000 = 418,38 A de linha (calculado)
138 3 x138
3

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Assim, para um dado ponto (trecho delimitado por transformadores) num sistema trifásico
pode-se adotar as seguintes fórmulas:

Dados: kVBase (tensão de linha) e MVABase (potência trifásica)

Calcula-se:

kVBase 2 kVABase
Zbasse = ohms IBase = Amperes
MVABase 3 xkVBase

5.3 ESCOLHA DE BASES PARA UM SISTEMA ELÉTRICO

Para todo o sistema elétrico adota-se o seguinte roteiro:

a) Escolhe-se uma Potência Trifásica Base arbitrária, que é válida para todo o sistema
elétrico de potência (Nota: costuma-se adotar 100 MVA).

b) Escolhe-se uma Tensão de Linha Base para um dado trecho do Sistema. As tensões
de base em outros trechos se relacionam-se à essa base através das relações de
transformação nominais dos transformadores de interligação dos trechos. (Nota:
costuma-se adotar a tensão Nominal de Operação do trecho).

c) Para cada trecho, tem-se então a Potência Base e a Tensão Base. Para cada trecho
calcula-se a Impedância Base e a Corrente Base, pelas fórmulas anteriores.

Exemplo:

Dado o sistema abaixo, determinar as bases de impedância e de corrente em cada


trecho, adotando-se uma base de potência de 100 MVA (válido para todo o sistema) e
base de tensão de 138 kV no trecho da LT:

TR1 - 35 MVA (Trifásico) TR2 - 35 MVA (Trifásico)


13,2 / 115 kV 115 / 13,2 kV
x = 10% x = 10%
M1
20 MVA - 12,5 kV
A B x”d = 20%
jX = j80 ohms

LT M2
C 10 MVA -12,5 kV
G
D x”d = 10%
30 MVA - 13,8 kV
x”d = 15%

Figura 3.1 – Diagrama Unifilar de Sistema Exemplo

Verifica-se os transformadores têm as seguintes relações de transformação:

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Transformador Relação (tensões de linha) Relação


TR1 13,2 / 115 1:8,712
TR2 115 / 13,2 8,712:1

Escolha das BASES:

Trecho do Trecho da LT Trecho dos


Gerador Motores
Bases Base de 100 MVA *
ADOTADAS Potência
(*arbitrárias)
Base de Tensão 138 / 8,712 = 138 kV * 138 / 8,712 = 15,84
(kV) de linha 15,84 kV kV
Bases Base de 3.645 418,38 3.645
CALCULADAS Corrente (A) de
como linha
conseqüência
Base de 2,509 190,44 2,509
Impedância (Ω)

MVABase = 100 MVA

KVABase = 100.000 kVA

Base de Impedância = (kVBase)2 / MVABase

Base de Corrente = KVABase / (√3 x kVBase)

Nota-se que as bases de tensão em cada trecho são determinadas pelas relações
nominais de transformação dos transformadores, a partir da base inicial adotada
(138 kV) na Linha de Transmissão.

Tendo-se as bases de tensão em cada trecho e a base de potência que é válida


para todo o sistema, usa-se as fórmulas mostradas para calcular as bases de
corrente e de impedância em cada trecho.

5.4 DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U.

Para o mesmo sistema do exemplo anterior, uma vez que as bases em cada trecho já
foram calculadas, calcular as impedâncias em p.u. (por unidade) de todos os
componentes, montando o diagrama de impedâncias em p.u. na base 100 MVA.

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O seguinte roteiro deve ser adotado:

a) Com base dos dados nominais (“placa”) dos equipamentos, calcular suas impedâncias
em p.u. (por unidade) na base adotada para o estudo (100 MVA e 138 kV na LT).

b) Conhecidas as grandezas p.u. de todos os componentes do sistema, montar o


diagrama de impedâncias, tomando-se o cuidado de mostrar todas as barras (nós) do
sistema.

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Para o Gerador:

X”d = 15% a 13,8 kV e 30 MVA (dados de “placa” – nominais)

Lembrando que,:

Valordefato(ohms)
x" d = pu Tem-se:
ZBase(ohms)
2
X”d = 0,15 x (13,8 / 30) ohms (valor de fato)

Impedância pu na BASE DO ESTUDO:

0,15 x13,8 2 2
Valordefato(ohms) 30 = 0,15 x 100 x 13,8 = 0,3795 pu
x" d = =
ZBasedoEstudo(ohms) 15,84 2 30 15,84 2
100

Para o TR1:

Escolhe-se um dos lados para o cálculo (pode ser qualquer, por exemplo o lado da LT).
2
X = 0,10 x (115 / 35) ohms (valor de fato)

Impedância pu na BASE DO ESTUDO:

0,10 x115 2 2
Valordefato(ohms ) 35 = 0,10 x 100 x 115 = 0,1984 pu
x= = 2
ZBasedoEstudo(ohms) 138 35 138 2
100

Se fosse utilizado o outro lado para os cálculos, teríamos o mesmo resultado:

0,10 x13,2 2 2
Valordefato(ohms) 35 = 0,10 x 100 x 13,2 = 0,1984 pu
x= =
ZBasedoEstudo(ohms) 15,84 2 35 15,84 2
100

Para a LT (Linha de Transmissão):

O valor dado já é o valor de fato: x = 80 ohms

Impedância pu na BASE DO ESTUDO:

Valordefato(ohms ) 80 8000
x= = 2
= = 0,42 pu
ZBasedoEstudo(ohms ) 138 138 2
100

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Para o TR2:

Escolhe-se um dos lados para o cálculo (pode ser qualquer, por exemplo o lado da LT).
2
X = 0,10 x (115 / 35) ohms (valor de fato)

Impedância pu na BASE DO ESTUDO:

0,10 x115 2 2
Valordefato(ohms ) 35 = 0,10 x 100 x 115 = 0,1984 pu
x= = 2
ZBasedoEstudo(ohms) 138 35 138 2
100

Para o M1:
2
X”d = 0,20 x (12,5 / 20) ohms (valor de fato)

Impedância pu na BASE DO ESTUDO:

0,20 x12,5 2 2
Valordefato(ohms) 20 = 0,20 x 100 x 12,5 = 0,6227 pu
x= =
ZBasedoEstudo(ohms) 15,84 2 20 15,84 2
100

Para o M2:
2
X”d = 0,10 x (12,5 / 10) ohms (valor de fato)

Impedância pu na BASE DO ESTUDO:

Valordefato(ohms) 0,10 x 12,5 2


x= = 10 = 0,10 x 100 x 12,5 = 0,6227 pu
ZBasedoEstudo(ohms) 15,84 2 10 15,84 2
100

Pode-se agora montar o diagrama de impedâncias em p.u. na base 100 MVA e 138 kV na
LT. Trata-se do diagrama de “seqüência positiva” que representa um sistema trifásico
equilibrado:

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A B C D
j 0,3795 j 0,1984 j 0,42 j 0,1984 j 0,6227

j 0,6227

Figura 3.2 – Diagrama de Impedâncias em pu na Base do Estudo

5.5 CÁLCULO DE IMPEDÂNCIAS P.U. DE UM TRANSFORMADOR DE TRÊS


ENROLAMENTOS NUMA DADA BASE DE ESTUDO

Roteiro

Um transformador de três enrolamentos tem potências nominais para cada enrolamento.


Por exemplo:

440/138/13,8 kV
p s p s t
189/150/50 MVA

Figura 3.3– Transformador de três enrolamentos

Observa-se que o enrolamento primário tem potência de 189 MVA enquanto que o
secundário tem 150 MVA. Então, entre o primário e o secundário, a potência está limitada
pelo enrolamento secundário. A mesma coisa ocorre entre o primário e terciário (limitado
pelo terciário) e o secundário e terciário (limitado pelo terciário).

Através de ensaios de curto-circuito podem-se determinar as impedâncias Zps, Zpt e Zst. Os


mesmos podem ser expressos em % ou p.u. em bases de potência diferentes (dados de
placa).

Para a determinação do circuito equivalente:

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Zp Zs
p s

t
Zt

Figura 3.4 – Diagrama de Impedâncias em pu na Base do Estudo

e a utilização do mesmo para cálculos, deve-se reduzir os valores à uma MESMA BASE
DE ESTUDO e determinar Zp, Zs, Zt. A seqüência de cálculos é a seguinte:

a) Zps (fato em ohms) = Zps (p.u. na base nominal) x Zbase (base nominal)

Zpt (fato em ohms) = Zpt (p.u. na base nominal) x Z’base (base nominal)

Zst (fato em ohms) = Zst (p.u. na base nominal) x Z’’base (base nominal)

Onde Zbase, Z’base e Z’’base são as eventuais bases de impedância, para bases de potência
diferentes (dados de placa – fabricante).

b) Zps (p.u. do estudo) = Zps (fato em ohms) / Zbase (estudo)

Zpt (p.u. do estudo) = Zpt (fato em ohms) / Z’base (estudo)

Zst (p.u. do estudo) = Zst (fato em ohms) / Z’’base (estudo)

Onde Zbase, Z’base e Z’’base (estudo) são as bases de impedância, na potência base adotada
para o estudo, dos lados dos transformadores.

c) Finalmente:

Zp = ½ (Zps + Zpt – Zst) pu

Zs = ½ (Zps + Zst - Zpt) pu

Zt = ½ (Zpt + Zst - Zps) pu

Valores estes que são utilizados no diagrama de impedâncias.

Exemplo:

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Para o transformador de três enrolamentos, cujos valores de placa são mostrados a seguir,
calcular as impedâncias em p.u. numa base de estudo de 100 MVA e base de tensão de
69 kV no lado de Alta Tensão.

66 / 13,2 / 2,3 kV
p s p s t
10 / 7,5 / 5 MVA

Figura 3.5 – Exemplo de transformador de três enrolamentos

Desprezando-se as resistências, as impedâncias de dispersão são dadas pelo fabricante:

Zps = 7% numa base de 7,5 MVA – 66/13,2 kV

Zpt = 9% numa base de 5,0 MVA – 66/2,3 kV

Zst = 6% numa base de 5,0 MVA – 13,2/2,3 kV

Determinar as impedâncias p.u. do circuito equivalente de seqüência positiva, para uma


base de 100 MVA – 69 kV no lado p.

Solução:

Lado p Lado s Lado t


Base Nominal Tensão 66 13,2 2,3
Potência Dados do fabricante – Valores % numa potência
Base do Estudo Tensão 69 13,8 2,4
Potência 100 MVA

a) Valores em ohms (fato)

66 2
Z ps = 0,07 x ohms visto pelo lado p
7,5

2,3 2
Z pt = 0,09 x ohms visto pelo lado t
5,0

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13,2 2
Z st = 0,06 x ohms visto pelo lado s
5,0

b) Valores em p.u. na base do estudo

66 2 2,3 2
0,07 x 0,09 x
7,5 5,0
Z ps = = 0,8539 pu Z pt = = 1,6531 pu
69 2 2,4 2

100 100

13,2 2
0,06 x
5,0
Z st = = 1,0979 pu
13,8 2
100

c) Valores em p.u. do diagrama de impedâncias

Z p = 1 ( Z ps + Z pt − Z st ) = 1 (0,8539 + 1,6531 − 1,0979) = 0,7045 pu


2 2

Z s = 1 ( Z ps + Z st − Z pt ) = 1 (0,8539 + 1,0979 − 1,6531) = 0,1493 pu


2 2

Z t = 1 ( Z pt + Z st − Z ps ) = 1 (1,6531 + 1,0979 − 0,8539) = 0,9485 pu


2 2

5.6 EXEMPLO DE CÁLCULO COM DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U.

Dado o sistema descrito nos itens 3.3 e 3.4 anteriores e considerando que a tensão na
barra comum dos motores esteja em 13 kV (tensão de linha), com cada motor consumindo
10 MVA com f.p. = 0,9 (indutivo), determinar a tensão nos terminais do gerador.

Bases do Estudo

Trecho do Gerador Trecho da LT Trecho dos Motores


Base de Potência 100 MVA *
Base de Tensão (kV) de linha 138 / 8,712 = 15,84 kV 138 kV * 138 / 8,712 = 15,84 kV
Base de Corrente (A) de linha 3.645 418,38 3.645

Base de Impedância (Ω) 2,509 190,44 2,509

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Nos motores

Vfato = 13 kV

Vm = 13 / 15,84 = 0,8207 /0o pu na base do estudo (trecho do motor)

Pfato = 10 MVA (cada motor)

Pm = 10/100 = 0,1 pu de potência na base do estudo (cada motor)

0,1
im = ∠ arccos 0,9 = 0,1218∠ − 25,8 o pu de corrente (cada motor)
0,8207

Para os dois motores: i2 m = 2 x0,1218∠ − 25,8 o = 0,2436∠ − 25,8 o pu de corrente

A B C D
j 0,3795 j 0,1984 j 0,42 j 0,1984

i (2 mot) = 0,2436 /-25,8o pu

vg = ? vm = 0,8207 /0o pu

Figura 3.6 – Diagrama p.u e Alimentação de Motores

Cálculos:

∆v = (j 0,1984 + j 0,42 + j 0,1984) x 0,2436 /-25,8o

∆v = 0,8168 /+90o x 0,2436 /-25,8o

∆v = 0,1990 /+64,16o

vg = vm + ∆v

vg = 0,8207 /0o + 0,1990 /+64,16o

vg = 0,8207 + 0,0867 + j 0,1791 = 0,9074 + j 0,1791 = 0,9249 /+11,17o

Como a base de tensão no trecho do terminal do gerador é 15,84 kV, tem-se:

vg = 0,9249 /+11,17o x 15,84 = 14,65 /+11,17o kV de linha

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Fator de potência nos terminais do gerador: Cos [-25,8 – 11,17)] = Cos –36,8 = 0,8 indutivo

Observa-se que o problema foi facilmente resolvido mesmo com a existência de dois
transformadores no circuito, com a utilização de grandezas p.u.

5.7 EXERCÍCIO PROPOSTO

Dado o sistema a seguir, calcular as impedâncias em p.u. e montar o diagrama (sequência


positiva) ma base de potência de 100 MVA e 400 kV na LT1.

Considerar a LT1 como longa. Assim, no modelo Pi, corrigir os parâmetros.

TR3
TR1

A1 B C D
LT1

G1 Reator
LT3

A2 E
H
TR5
I
G2
TR2 G F LT2

TR4

G1 = G2 TR1 = TR2 TR3 TR4 TR5

100 MVA 112 MVA 150/150/30 MVA 15 MVA 3X10 = 30 MVA


13,8 kV 13,8 / 400 kV 420/138/13,8 kV 13,8 / 0,22 kV 138 / 69 kV
X”d = 20% X = 10 % X=5% X = 5,5 %
Xpt = 20 % na base 30 MVA
Xst = 40% na base 30 MVA
Xps = 5% na base 150 MVA
p = barra C
s = barra D
t = barra E

LT1 Reator: LT2 LT3

r = 0,1 ohm / km 150 MVA x = 0,5 ohm / km x = 0,4 ohm / km


x = 0,3 ohm / km 400 kV l = 10 km l = 50 km
Xc = 0,18 Mohm.km
l = 300 km

Nota: Admitancia Shunt y = 1/Xc mho / km

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6. COMPONENTES SIMÉTRICOS

6.1 CONCEITO

Cálculos envolvendo circuitos elétricos polifásicos tornam-se mais simplificados para


sistemas EQUILIBRADOS, uma vez que os modelos (circuitos equivalentes) são feitos
monofásicos, sabendo-se implicitamente que as duas outras fases não representadas têm
o mesmo comportamento daquela fase representada, a menos dos defasamentos
angulares entre elas.

Para SISTEMAS TRIFÁSICOS DESBALANCEADOS os cálculos seriam demasiadamente


complicados caso se procurasse fazer modelo trifásico, analisando fase por fase e o
relacionamento entre elas.

Em 1918 foi desenvolvido um método de cálculo de circuitos polifásicos desbalanceados


pelo Dr. C. L. Fortescue, denominado “Método de Componentes Simétricos Aplicado à
Solução de Sistemas Polifásicos”.

Em resumo, o método consiste em decompor um sistema desequilibrado de N fases em N


sistemas de fasores equilibrados.

Um problema em análise poderia ser estudado e verificado dentro dos N sistemas e


finalmente recompondo os resultados para se obter o resultado final para o sistema
desequilibrado de N fases. No caso particular de sistema trifásico, ter-se-ia:

Componentes de
Sequência POSITIVA (que
é um sistema trifásico
equilibrado)

Componentes de
Sistema Trifásico Solução para o
Sequência NEGATIVA
desequilibrado a Sistema Trifásico
(que é um sistema trifásico
resolver desequilibrado.
equilibrado)

Componentes de
Sequência ZERO (que é
um sistema trifásico
equilibrado)

Aplicação de Fórmulas de Aplicação de Fórmulas de


Transformação Transformação

Figura 4.1 – Solução de Sistemas Desequilibrados

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Observa-se que dentro de cada seqüência (0, + ou -) há um sistema trifásico equilibrado,


podendo-se ter, para cada uma delas, um circuito equivalente monofásico:

Componentes de Impedâncias de seq. (+)


Sequência POSITIVA (que Tensões de seq. (+)
é um sistema trifásico Correntes de seq. (+)
equilibrado)

Componentes de Impedâncias de seq. (-)


Sequência NEGATIVA Tensões de seq. (-)
(que é um sistema trifásico Correntes de seq. (-)
equilibrado)

Componentes de Impedâncias de seq. (0)


Sequência ZERO (que é Tensões de seq. (0)
um sistema trifásico Correntes de seq. (0)
equilibrado)

Figura 4.2 – Cada seqüência é um sistema trifásico equilibrado

Esses circuitos seqüenciais estão inter-relacionados, e o relacionamento depende do


problema em análise no Sistema Desequilibrado.

Verifica-se mais adiante que para um sistema equilibrado, não há componentes de


seqüência zero ou negativa.

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6.2 CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES SIMÉTRICOS

A figura a seguir resume as características dos componentes seqüenciais:

ia0
Sequência Zero (0)
ib0
Sistema Trifásico
Fasores iguais (módulo e ângulo) nas três fases.
ic0

ia1

Sequência Positiva (1)

Sistema Trifásico
Fasores iguais em módulo e defasados 120 graus
Sequência de fases a, b, c (original do sistema)

ic1 ib1

ia2

Sequência Negativa (2)

Sistema Trifásico
Fasores iguais em módulo e defasados 120 graus
Sequência de fases c,b,a (inversa ao original)

ib2 ic2

Figura 4.3 – Características dos componentes simétricos

Conhecendo as características das seqüências, verifica-se que basta conhecer apenas


uma das fases de cada seqüência para se determinar as demais fases da mesma
seqüência.

EXEMPLO

Dados: ia0 = 5 /30o pu ia1 = 5 /30o pu ia2 = 5 /30o pu

Determinar os componentes simétricos das demais fases.

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Pelas características dos componentes simétricos pode-se compor os seguintes vetores:

ic0

ib0
ic1 ia1 ib2 ia2
ia0
30o 30o 30o

ib1 ic2

Figura 4.4 – Exemplo. Dados os componentes de uma fase


determina-se os de outras fases

Assim, tem-se:

Na Fase b: Ib0 = 5 /30o pu ib1 = 5 /-90o pu ib2 = 5 /+150o pu

Na Fase c: Ic0 = 5 /30o pu ic1 = 5 /+150o pu ic2 = 5 /-90o pu

RELAÇÕES

Cada um dos fasores do conjunto desequilibrado original é igual à soma vetorial de seus
componentes:

ia = ia0 + ia1 + ia2

ib = ib0 + ib1 + ib2

ic = ic0 + ic1 + ic2

va = va0 + va1 + va2

vb = vb0 + vb1 + vb2

vc = vc0 + vc1 + vc2

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Essas relações são FUNDAMENTAIS. A expressão matricial para essa relação é:

⎡Va ⎤ ⎡1 1 1 ⎤ ⎡Va 0 ⎤
⎢V ⎥ = ⎢1 a 2 a ⎥⎥ x ⎢⎢Va1 ⎥⎥
⎢ b⎥ ⎢
⎢⎣Vc ⎥⎦ ⎢⎣1 a a 2 ⎥⎦ ⎢⎣Va 2 ⎥⎦

Efetuando a multiplicação de matrizes, tem-se:

Va = Va 0 + Va1 + Va 2

Vb = Va 0 + a 2 .Va1 + a.Va 2 = Vb 0 + Vb1 + Vb 2

Vc = Va 0 + a.Va1 + a 2 .Va 2 = Vc 0 + Vc1 + Vc 2

onde a = 1/+120o

a2 = 1/-120o

são os chamados operadores vetoriais. Têm módulo 1 e quando multiplicam um vetor,


rodam esse vetor em 120 graus. Isto é:

- Qualquer fasor multiplicado por a tem como resultante um outro vetor de mesmo
módulo e defasado de +120 graus.

- Qualquer fasor multiplicado por a2 tem como resultante um outro vetor de mesmo
módulo e defasado de - 120 graus.

Assim,

vb1 = a2.va1 vc2 = a2.va2


vc1 = a.va1 vb2 = a.va2

va2
va1

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Figura 4.5 – Uso do operador a

As expressões acima, para tensão, são válidas também para corrente.

RELAÇÃO INVERSA

A relação inversa, isto é, dados os valores de fase, pode-se calcular os componentes


simétricos através da expressão:

⎡Va 0 ⎤ ⎡1 1 1 ⎤ ⎡Va ⎤
⎢V ⎥ = .⎢1 a
1
a 2 ⎥⎥ x ⎢⎢Vb ⎥⎥
⎢ a1 ⎥ 3 ⎢
⎢⎣Va 2 ⎥⎦ ⎢⎣1 a 2 a ⎥⎦ ⎢⎣Vc ⎥⎦

Efetuando a multiplicação de matrizes, tem-se:

Va 0 = 1 .(Va + Vb + Vc )
3

(
Va1 = 1 Va + a.Vb + a 2 .Vc
3
)
(
Va 2 = 1 Va + a 2 .Vb + a.Vc
3
)
Conhecendo-se os componentes da fase a, pode-se determinar os das demais fases,
como já mostrado.

As expressões acima, para tensão, são válidas também para corrente.

EXERCÍCIO

Dados: Ia = 10 /0o A e Ib = 10 /180o A (Trifásico desequilibrado)

Determinar os componentes simétricos das fases a, b e c.

⎡I a0 ⎤ ⎡1 1 1 ⎤ ⎡ 10∠0 o ⎤
⎢ I ⎥ = 1 .⎢1 a ⎢ ⎥
⎢ a1 ⎥ 3 ⎢ a 2 ⎥⎥ x ⎢10∠180 o ⎥
⎢⎣ I a 2 ⎥⎦ ⎢⎣1 a 2 a ⎥⎦ ⎢⎣ 0 ⎥

(
I a 0 = 1 . 10∠0 o + 10∠180 o + 0 = 0
3
)

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( ) (
I a1 = 1 10∠0 o + 1∠120 o x10∠180 o + 1∠ − 120 o x0 = 1 . 10∠0 o + 10∠ − 60 o
3 3
)
I a1 = 1 (10 + 10(0,5 − j.0,866)) = 1 .(15 − j.8,66) = 5 − j.2,898 = 5,755∠ − 30 o A
3 3

( ) (
I a 2 = 1 10∠0 o + 1∠ − 120 o x10∠180 o + 1∠120 o x0 = 1 . 10∠0 o + 10∠ + 60 o
3 3
)
I a 2 = 1 (10 + 10(0,5 + j.0,866)) = 1 .(15 + j.8,66) = 5 + j.2,898 = 5,755∠ + 30 o A
3 3

Conhecidos os componentes da fase a, pode-se determinar os das demais fases:

Ib2 Ia2 Ic1

30o

Ib1 Ia1
Ic2

Figura 4.6 – Componentes Simétricos das Fases a, b e c

I b0 = 0 I c0 = 0

I b1 = 5,755∠ − 150 o I c1 = 5,755∠ + 90 o

I b 2 = 5,755∠ + 150 o I c 2 = 5,755∠ − 90 o

Isto é, houve a transformação de um sistema desequilibrado em componentes simétricos


equilibrados.

Somando-se os componentes simétricos, volta-se aos valores de fase, desequilibrados:

Ic1 Ia2
Ib2
Ib Ia
Ic=0

Ia1
Ic2 Ib1

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Figura 4.7 – Determinação dos Valores de Fase a partir dos C. Simétricos

I a = 5,755∠ + 30 o + 5,755∠ − 30 o = 10∠0 o A

I b = 5,755∠ + 150 o + 5,755∠ − 150 o = 10∠180 o A

I c = 5,755∠ + 90 o + 5,755∠ − 90 o = 0 A

6.3 PARTICULARIDADES

Vimos que:

I a 0 = 1 .(I a + I b + I c )
3
Assim, para um sistema trifásico equilibrado onde a soma das três correntes de linha é
zero, tem-se:

I a0 = 0

Quando de um desbalanço para terra:

(I a + I b + I c ) = I N Donde: I a 0 = 1 .(I N )
3

ou: I N = 3.I 0

Vimos também que:

(
I a 2 = 1 I a + a 2 .I b + a.I c
3
)
Num sistema equilibrado: I c = a 2 .I b e I b = a.I c

Donde num sistema equilibrado: I a2 = 1


3
(I a + .I b + I c ) = 0
CONCLUSÃO

- Quando num sistema trifásico existe qualquer desbalanço, com ou sem terra,
aparecem componentes de seqüência negativa.

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- Quando num sistema trifásico existe desbalanço para terra, aparecem


componentes de seqüência zero.

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6.4 CIRCUITOS EQUIVALENTES E IMPEDÂNCIAS SEQUENCIAIS

6.4.1 Seqüências Positiva e Negativa


R jX

Linhas Curtas (Até aproximadamente 80 km)

R jX

- 2.j XC - 2.j XC

Linhas Médias (Até aprox. 200 km) – Mod Pi

j X (% ou pu)

Transf. de Dois Enrolamentos com R desprezada

R (pu ou %) j X (pu ou %)

Transf. de Distribuição de Dois Enrolamentos

j Xp j Xs

p s

t
j Xt

Xp + Xs = Xps Xp + Xt = Xpt Xs + Xt = Xst


Transf. de Três Enrolamentos com R desprezada

Figura 4.8 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Positiva e Negativa

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j Xd” ou j Xd’

Máquina Síncrona – SEQUÊNCIA POSITIVA

j Xd” ou j Xd’

Máquina Síncrona – SEQUÊNCIA NEGATIVA

j (Xs + Xr)

Em

Motor de Indução – SEQUÊNCIA POSITIVA

j (Xs + Xr)

Motor de Indução – SEQUÊNCIA NEGATIVA

Figura 4.9 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Positiva e Negativa de Máquinas

6.4.2 Seqüência Zero

Para Linhas de Transmissão, os modelos são iguais aos de seqüência positiva ou


negativa, porém com valores diferentes para R e X:

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R0 j X0

Linha Curta

R0 j X0

- 2.j X0C - 2.j X0C


Linha Média / Longa

Figura 4.10 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de LT’s

Para transformadores de potência, com alguma conexão triângulo, os circuitos


equivalentes de seqüência zero são:

Trafo de 2 enrolamentos -
j X0 Triângulo / Estrêla Aterrada

Trafo de 2 enrolamentos -
j X0 Triângulo / Estrêla Aterrada
3Rn

Rn

Trafo de 2 enrolamentos -
Triângulo / Estrêla

p j X0p j X0s
s

Trafo de 3 enrolamentos -
t Estrela Aterrada / Triângulo / Estrêla Aterrada
j X0t

Figura 4.11 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Transformadores com Delta

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Para transformadores trifásicos sem alguma conexão triângulo, com núcleo envolvido (3
pernas):

j X0 /2 j X0 /2

Trafo de 2 enrolamentos -
jXm0
Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada

Núcleo Envolvido

j X0 /2 j X0 /2
Trafo de 2 enrolamentos -
3.Rn Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada
jXm0

Núcleo Envolvido
Rn

j X0 /2 j X0 /2
Trafo de 2 enrolamentos -
3.Rn 3.Rn
jXm0 Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada

Rn Rn Núcleo Envolvido

j X0 /2

Trafo de 2 enrolamentos -
Estrela / Estrêla Aterrada
jXm0
Núcleo Envolvido

Trafo de 2 enrolamentos -
Estrela / Estrêla Aterrada
jXm0
Núcleo Envolvido

Figura 4.12 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Transformadores Trifásicos com Núcleo
Envolvido

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As justificativas para esses diagramas de seqüência zero estão no capítulo 5 do presente


documento.

Para transformadores trifásicos com núcleo envolvente, ou bancos trifásicos constituídos


de transformadores monofásicos, sem alguma conexão triângulo:

Trafo de 2 enrolamentos -
j X0
Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada

Trafo de 2 enrolamentos -
j X0 3.Rn Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada

Rn
Núcleo Envolvente

j X0
Trafo de 2 enrolamentos -
3.Rn 3.Rn Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada

Rn Rn
Núcleo Envolvente

Trafo de 2 enrolamentos -
Estrela / Estrêla Aterrada

Núcleo Envolvente

Trafo de 2 enrolamentos -
Estrela / Estrêla Aterrada
Núcleo Envolvente

Figura 4.13 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Bancos de Transformadores ou


Transformadores Trifásicos com Núcleo Envolvente

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Para geradores e motores:

Gerador ou Motor Gerador ou Motor


j X0

Gerador ou Motor Gerador ou Motor


j X0
3Rn
Rn

Figura 4.14 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Máquinas

6.4.3 Exemplo

Montar os diagramas de seqüência positiva, negativa e zero do sistema cujo unifilar está
mostrado a seguir:

TR1 TR4

G1 M

1 5

TR5 4 6
2
G2 3 7
8
TR2
TR6

G3

9
TR3 10

Figura 4.15 – Diagrama Unifilar do Exemplo

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Diagrama de Seqüência Positiva:

1 3 4 5

6
7 8

9 10

Figura 4.16 – Diagrama de Seqüência Positiva do Exemplo

Diagrama de Seqüência Negativa:

1 3 4 5

6
7 8

9 10

Figura 4.16 – Diagrama de Seqüência Negativa do Exemplo

Diagrama de Seqüência Zero:

1 3 4 5

2
6
8 9 10

Figura 4.17 – Diagrama de Seqüência Zero do Exemplo

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7. NOÇÕES DE CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO

7.1 INTRODUÇÃO

Curtos-circuitos em sistemas elétricos são eventos que ocorrem dentro de uma faixa
probabilística que depende dos parâmetros de projetos das instalações e equipamentos,
bem como de outros fatores relacionados ao ser humano, meio ambiente e acidentes
diversos.

Podem ocorrer diversos tipos de curto-circuito, sejam como eventos isolados ou também
simultaneamente com outros tipos de faltas ou mesmo outros curtos-circuitos. Um curto
circuito iniciado como um determinado tipo pode evoluir para outros tipos de curtos-
circuitos.

Para fins de cálculo, no que se refere a noções fundamentais, serão vistos os seguintes
tipos:

• Curto-circuito Trifásico
• Curto-circuito fase-terra
• Curto-circuito Bifásico
• Curto-circuito Bifásico-Terra

O cálculo de curto-circuito trifásico é o mais fácil das quatro categorias citadas.

Estatísticas mostram que a maior parte dos curtos-circuitos envolvem terra. Uma causa
primordial da ocorrência de curtos-circuitos é a descarga atmosférica, sendo que as
instalações mais expostas são as linhas aéreas de transmissão e de distribuição. Curtos-
circuitos que não envolvem terra são menos freqüentes.

A tabela a seguir mostra uma estatística de ocorrências de curtos-circuitos em linhas de


transmissão do Sistema Interligado Brasileiro:

Natureza Elétrica % das ocorrências


138 kV 230 kV 345 kV 440 kV 500 kV 750 kV Todos
CC Fase – Terra 68,0 85,3 81,4 85,3 91,6 87,3 76,4
CC Bifásico 8,0 4,7 4,3 4,9 3,3 2,9 6,4
CC Trifásico 3,1 1,4 0,4 1,0 0,6 2,9 2,2
CC Bifásico - Terra 12,8 4,8 9,0 1,0 2,3 5,9 9,0
CC Trifásico – Terra 3,1 1,0 1,1 0,3 0,5 0 2,1
Sem Natureza Elétrica 1,1 1,1 3,4 4,4 1,2 1,0 1,2

Referência: Relatório ONS / DPP-GPE 33/2000 de abril de 2000 que efetua a análise estatística dos dados de
1998 para o Sistema Interligado.

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7.2 DESLOCAMENTO DE EIXO DEVIDO A CHAVEAMENTO DE CIRCUITO LR

Todo chaveamento de circuito indutivo ou capacitivo em corrente alternada está associado


ao aparecimento do chamado “componente dc”.

A figura a seguir mostra o conceito envolvido em chaveamento de circuitos indutivos ou


capacitivos.
R L

Emax sen(ωt+α) ωt

Figura 6.01 - Chaveamento de Circuito RL – Corrente Alternada em 60 Hz

Considerando a tensão e = |Em| . sen (ωt + α) , a equação diferencial para o circuito acima
será:

di
| E m | .sen(ω .t + α ) = R.i + L.
dt
A solução para a equação mostra que a corrente i em função do tempo será:

| Em | − Rt
i= .[sen(ω.t + α − θ ) − e L .sen(α − θ )
|Z |
onde,

| Z |= R 2 + (ω .L) 2 e θ = arctan(ω .L R)

O primeiro termo da equação acima, da corrente, é senoidal com o tempo. O segundo


termo é uma grandeza não periódica que decai exponencialmente com o tempo, com a
constante de tempo (L/R). Esta grandeza não periódica é chamada de “componente dc” da
corrente.

Essas parcelas são mostradas na figura a seguir:

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i (t)
t (s)

i (t)

t (s)

Figura 6.02 – Componente DC e Componente AC de um Chaveamento de Circuito LR

A figura a seguir mostra o resultante dessas duas componentes:


i (t)

t (s)

Figura 6.03 - Corrente de Chaveamento de Circuito RL

Nota-se que, além da manobra de uma chave, a própria ocorrência de curto circuito no
sistema elétrico equivale a chaveamento de circuito RL ou RLC. Assim, componentes DC
sempre aparecerão. Com mais intensidade em partes do sistema próximas à geração,
onde o valor R/L é pequeno (ou τ = L/R = constante de tempo, grande).

Note que τ = (X/R) / ω


A taxa de queda da exponencial é:

• 63% após 1 constante de tempo


• 86% após 2 constantes de tempo
• 95% após 3 constantes de tempo.

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A equação mostra que dependendo do instante do tempo da onda de tensão em que


ocorre o chaveamento, o valor do componente DC pode ser maior ou menor (até zero, se
θ = α, isto é, quando o senoide da tensão está no seu valor máximo).

A figura a seguir mostra a variação da constante de tempo em função do valor X/R do


ponto de curto circuito.

ms
Constante de Tempo t
50 60 Hz
40
30
20
10

2 4 6 8 10 12 14 16 X/R

Figura 6.04 – Constante de tempo da componente DC

7.3 COMPORTAMENTO DE MÁQUINA SÍNCRONA PARA UM CURTO-CIRCUITO

Supondo que ocorra um curto circuito nos terminais de uma máquina síncrona, sendo que
numa das fases (aquela em análise), o evento ocorre quando a senóide da tensão está
passando pelo seu ponto máximo. Nesta fase então, não ocorrerá deslocamento de eixo
devido à componente dc.

A indutância da máquina para essa condição não pode ser considerada constante. Quando
uma máquina síncrona sobre uma brusca variação de corrente, a tendência seria uma
brusca variação de fluxo no circuito magnético da máquina. Porém essa brusca variação de
fluxo não ocorre.

Enrolamento
amortecedor

PERÍODO SUBTRANSITÓRIO PERÍODO TRANSITÓRIO PERÍODO APÓ S SUBTRANSITÓRIO

Caminho do Fluxo de Reação logo Caminho do Fluxo de Reação após o Caminho do Fluxo de Reação em
após o início do curto-circuito período subtransitório regime de curto-circuito sustentado

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Figura 6.05 – Variação do fluxo magnético no circuito magnético da máquina sob curto circuito

A figura a mostra, no tempo, a variação do caminho que as linhas de fluxo de reação da


armadura percorrem devido à influência do enrolamento amortecedor.

No primeiro período, chamado de período subtransitório, as linhas de fluxo percorrem um


caminho de alta relutância, portanto de baixa indutância ou baixa reatância indutiva.

No período subsequente, com uma maior acomodação das linhas de fluxo, a relutância do
circuito magnético diminui, aumentando a reatância indutiva.

Com o prosseguimento do evento, as linhas de fluxo acomodam-se num caminho em


regime, com relutância ainda menor. Esta fase, de regime, está associada a uma reatância
indutiva maior que as anteriores.

Numa máquina síncrona de pólos salientes, a reatância total que limita a corrente de curto
circuito é a reatância síncrona de eixo direto:

X d = X reação da armadura + X dispersão

Pode-se então definir um valor de reatância síncrona de eixo direto para cada período
mencionado.

Período Reatância Síncrona de Eixo Direto Observação


Subtransitório X”d
Transitório X’d X’d > X”d
Regime Xd Xd > X’d

A figura a seguir mostra a corrente diminuindo com o tempo em função da variação da


indutância da máquina:

I"Máx
I’Máx

IMáx

tempo

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Figura 6.06– Períodos subtransitório, transitório e regime associados às correntes máximas

As máximas correntes (valores de pico) seriam:

I”máx = Emax / X”d

I’máx = Emax / X’d

Imax = Emax / Xd

Valores máximos ou valores eficazes, de cada período, são consideradas para várias
finalidades, como:

• Capacidades dinâmica e térmica de equipamentos de potência e instalações;


• Capacidades de chaveamento de equipamentos de manobra;
• Ajustes de relés de proteção;
• Escolha de elos e chaves fusíveis.

No decorrer do tempo, a corrente de curto circuito nos terminais de uma máquina síncrona
obedece à expressão:

i (t ) = 2.[( I "d − I 'd ).e − t / τ " + ( I 'd − I d ).e − t / τ ' ].sen(ωt + φ )


d d

No gráfico a seguir é mostrada a variação no tempo das exponenciais subtranstiória e


transitória:

2.I"d I "d − I 'd


No instante t = t”d
e
2 .I ' d I 'd − I d No instante t = t’d
e
Id
t
t”d t'd

Corrente de Curto-Circuito em Máquina Síncrona

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Figura 6.07 – Períodos sub-transitório e transtório

No instante t”d (uma constante de tempo τ”d), houve variação de 63% de todo o período
sub-transitório.

No instante t’d (uma constante de tempo τ’d), houve variação de 63% de todo o período
transitório.

CORRENTE ASSIMÉTRICA

O curto-circuito mostrado é conhecido como corrente SIMÉTRICA (sem considerar o


deslocamento do eixo). Entretanto, vimos que, dependendo do instante da forma de onda
da tensão onde ocorre a falta, há deslocamento do eixo.

Assim sendo, além da corrente variar em cada período (subtransitório, transitório, regime),
há o deslocamento de eixo que pode fazer com que a corrente se torne maior ainda, nos
instantes iniciais da falta.

A expressão a seguir mostra o valor da corrente instantânea, assimétrica (isto é, já


considerando o deslocamento DC):

I EFICAZ = ( 1 + 2.e −2 t / τ ).I


Onde τ = constante de tempo (L/R) do local de falta = X/(ω.R)

I = valor eficaz da corrente SIMÉTRICA

t = instante em s

EXEMPLO DE OSCILOGRAMA

O oscilograma (simulado no programa ATP) a seguir mostra as correntes nos terminais de


um gerador síncrono para um curto-circuito trifásico:
+30

Corrente - Fase A
+15
kA

+0

-15

-30
+60

Corrente - Fase B
+30
kA

+0

-30
+30
Corrente - Fase C
kA

+0

-30

-60
0 0.4 0.8 1.2 1.6 2

Tempo (s)

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Figura 6.08 – Oscilograma típico para curto-circuito trifásico nos terminais de um gerador síncrono

Na fase A percebe-se os períodos subtransitório, transitório e regime. Nas demais fases


percebe-se a ocorrência de deslocamento de eixo (chaveamento RL)

Em termos de circuito equivalente, o curto-circuito trifásico nos terminais do gerador é


representado como a figura a seguir:

j.X”d ou j.X’d ou j.Xd

Emax Curto-
circuito

Figura 6.09 – Circuito equivalente para curto-circuito trifásico nos terminais de uma máquina síncrona

7.4 CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO SIMÉTRICO

7.4.1 Métodos de Cálculo de Curto-Circuito

O cálculo se faz utilizando os diagramas de impedâncias seqüenciais mostrados


anteriormente. Por exemplo, para o cálculo de um curto-circuito trifásico, se utiliza o
diagrama de seqüência positiva e se conecta o ponto de curto-circuito à referência.
Exemplo:

TR1 TR2

A B C M1
LT LT

G
D E M2
F
G

A B Icc Contribuição do lado Gerador C Icc Contribuição do lado Motores E F


j X”d

D
E1" G
icc E2"

Figura 6.10 – Exemplo de diagrama de impedâncias identificando o ponto de curto-circuito

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Quando se deseja calcular a máxima corrente possível, utilizam-se as reatâncias


subtransitórias tanto para o Gerador como para os Motores.

Geralmente não se conhece os valores de E1” e E2” que são as tensões atrás das
reatâncias subtransitórias, nas condições de carga.

Assim, há dois métodos de cálculo de curto-circuito:

a) Método das tensões atrás das reatâncias subtransitórias.

A seqüência de cálculos para este método é a seguinte:

• Determinação da tensão no ponto de curto-circuito (Vf), antes do curto-circuito.


• Determinação das correntes de carga antes do curto-circuito.
• Com X”d nos geradores do sistema representado, e nas condições de pré-falta
anteriores, cálculo das tensões E”g atrás das reatâncias subtransitórias.
• Com os valores E”g, calcula-se as correntes em todos os ramos, bem como a
corrente total de curto-circuito.

Este método não era muito utilizado no passado, devido à complexidade de modelagem
do sistema e da quantidade elevada de cálculos. Hoje em dia, com computadores
poderosos em capacidade e velocidade, tal cálculo não é problema.

b) Método utilizando o Equivalente de Thevenin no ponto de curto-circuito.

A seqüência de cálculos para este método é a seguinte:

• Determinação da tensão no pondo de curto-circuito (Vf), antes do curto-circuito.


Esta é a “Tensão de Thevenin” ( Vth ).

• Determinação da impedância de Thevenin ( Zth ) equivalente do Sistema, visto do


ponto de curto-circuito. Para isso, se faz o curto circuito de todas as f.e.m. do
diagrama de impedâncias. Para o cálculo do Zth, faz se a associação série –
paralela de todas as impedâncias representadas.
• Determinação da corrente total de curto-circuito, pelo equivalente de Thevenin:

Zth

Vth icc Total

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Figura 6.11 – Equivalente de Thevenin no ponto de curto-circuito

• Determinação das correntes nos diversos ramos do diagrama de impedâncias, a


partir da corrente de curto-circuito total.
• Em cada ramo, somar as condições de curto-circuito calculadas, com as correntes
de pré-falta (carga) que havia no instante imediatamente anterior à ocorrência.

Para uma grande parte dos casos práticos em sistemas de transmissão, quando as
correntes de curto circuito são bem maiores que a corrente de carga, não se faz essa
soma de condições de pré-falta para fins de simplificação.

Em alguns casos, entretanto, é essencial que se tenha somada as condições de pré-


falta para ajustes ou para análise do desempenho da proteção.

7.4.2 Exemplo do Primeiro Método

Considera-se um sistema bem simples, de um gerador conectado a um motor síncrono


através de uma linha:
A B
LT

G M Síncrono
30 MVA 30 MVA
13,2 kV 13,2 kV
x”d = 20% x”d = 20%

Figura 6.12 – Sistema exemplo para cálculo de curto-circuito

Considerando que o motor está consumindo 20 MW a 12,8 kV e fator de potência 0,8


indutivo, ocorre curto-circuito trifásico na barra B (terminais do motor).

Há necessidade do cálculo das condições subtransitórias nas máquinas síncronas.

Para isso, monta-se o diagrama de impedâncias numa base do estudo de 30 MVA e 13,2
kV. Como essas bases do estudo coincidem com as bases nominais das máquinas, tem-
se:
A B
j.0,20 j.0,10 j.0,20

E”g E”m

Figura 6.13 – Diagrama de Impedâncias do sistema exemplo a 30 MVA e 13,2 kV

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Determinação das condições de pré-falta:

Tensão de pré-falta (ponto de curto) Vf = 12,8/13,2 = 0,9697 / 0o pu

No motor:

20 MW / 0,8 = 25 MVA de carga. Î 25 MVA / 30 MVA (base) = 0,8333 pu de potência.

ArcCos (0,8) = 36,87o

im = (0,8333 / 0,9697) / -36,87o = 0,8594 / -36,87o pu de corrente de carga.

vm = 12,8/13,2 = 0,9697 / 0o pu de tensão no motor.

Tensões atrás das reatâncias subtransitórias:

E”g = vm + im x (j0,10 + j0,20) = 0,9697 / 0o + 0,8594 / -36,87o x 0,30 / +90o

E”g = 0,9697 / 0o + 0,2570 / +53,13o

E”g = 0,9697 + 0,1547 + j0,2062 = 1,1244 + j0,2062

E”g = 1,1431 / 10,39o pu

E”m = vm - im x ( j0,20) = 0,9697 / 0o - 0,8594 / -36,87o x 0,20 / +90o

E”m = 0,9697 / 0o - 0,17188 / +53,13o

E”m = 0,9697 - 0,1031 - j0,1375 = 0,8666 - j0,1375

E”g = 0,8774 / -9,01o pu

Cálculo das correntes na condição de curto-circuito:

I"g B
I"m
A

j.0,20 j.0,10 j.0,20


E”g = 1,1431 /10,39o E”m = 0,8774 /-9,01o
I"total

Figura 6.14 – Tensões atrás das reatâncias subtransitórias e correntes de curto-circuito

i”m = E”m / j0,2 = 0,8774 /-9,01o / 0,20 /90o = 4,387 /-99,01o pu

i”g = E”g / j0,3 = 1,1431 /10,39o / 0,30 /90o = 3,810 /-79,61o pu

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i”total = i”m + i”g

i”total = 4,387 /-99,01o + 3,810 /-79,61o = -0,6870 – j4,3329 + 0,6870 – j3,7475

i”total = - j 8,0804 pu

Cálculo das correntes em ampère:

Ibase = 30.000 kVA / (1,732 x 13,2 kV) = 1312,2 A

i”m = 4,387 /-99,01o x 1312,2 A = 5.755 /-99,01o A

i”g = 3,810 /-79,61o x 1312,2 A = 5.000 /-79,61o A

i”total = - j 8,0804 x 1312,2 A = 10.603 /-90o A

7.4.3 Exemplo do Segundo Método

Para o mesmo sistema, Vth = vm = 0,9697 / 0o

A B
j.0,20 j.0,10 j.0,20

Mesmo do exemplo anterior

A B
j.0,20 j.0,10
j.0,20

Impedância de Thevenin
vista pelo ponto de curto

Figura 6.15 – Cálculo da Tensão e da Impedância de Thevenin visto do ponto de curto-circuito

Zth = ( j0,3 x j0,2 ) / (j0,3 + j0,2 ) = - 0,06 / j0,5 = j0,12

Zth

Vth I” f

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Figura 6.16 – Equivalente de Thevenin

I”total = Vth / Zth = 0,9697 /0o / 0,12 /90o = 8,080 /-90o pu

I”total = 8,080 /-90o pu x 1312,2 A = 10.603 /-90o A

Contribuições parciais de curto-circuito:


Ig Im

j.0,10
j.0,20 j.0,20
B
A
- j 8,08

Figura 6.17 – Equivalente de Thevenin

Ig = -j8,080 x (0,2) / (0,2+0,3) = -j3,232 pu

Im = -j8,080 x (0,3) / (0,2+0,3) = -j4,848 pu

Contribuições totais, somando as condições de pré-falta:

Corrente de carga Ic = 0,8594 / -36,87o = 0,6875 – j0,5156 pu

I”g = Ig + Ic = 0,6875 – j0,5156 – j3,232

I”g = 0,6875 – j3,7476 = 3,810 /-79,61o pu

I”m = Im – Ic = - j 4,848 - 0,6875 + j0,5156 = - 0,6875 – j 4,3324

I”m = 4,387 /-99,01o pu

Estes resultados conferem com aqueles do primeiro método.

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7.5 CURTO-CIRCUITO FASE-TERRA

7.5.1 Conceitos

As condições de contorno para um curto-circuito fase-terra são mostradas a seguir:

B
Sistema I Sistema II
A

Ifc Ifb Ifa

Figura 6.19 – Condições de contorno para um curto-circuito fase-terra

Isto é:

Ifa ≠ 0 Va = 0 (no ponto de curto-circuito)

Ifb = 0 Vb ≠ 0

Ifc = 0 Vc ≠ 0

Para facilitar a nomenclatura, vamos chamar de Ia, Ib e Ic as correntes Ifa, Ifb, Ifc. Da teoria de
componentes simétricos, tem-se:

⎡I a0 ⎤ ⎡1 1 1 ⎤ ⎡I a ⎤
⎢ I ⎥ = .⎢1 a
1
a 2 ⎥⎥ x ⎢⎢ I b ⎥⎥
⎢ a1 ⎥ 3 ⎢
⎢⎣ I a 2 ⎥⎦ ⎢⎣1 a 2 a ⎥⎦ ⎢⎣ I c ⎥⎦

introduzindo as condições de contorno:

⎡I a0 ⎤ ⎡1 1 1 ⎤ ⎡I a ⎤
⎢ I ⎥ = 1 .⎢1 a a 2 ⎥⎥ x ⎢⎢ 0 ⎥⎥
⎢ a1 ⎥ 3 ⎢
⎢⎣ I a 2 ⎥⎦ ⎢⎣1 a 2 a ⎥⎦ ⎢⎣ 0 ⎥⎦

Resolvendo, tem-se:

Ia0 = Ia / 3 Ia1 = Ia / 3 Ia2 = Ia / 3

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Isto é Ia0 = Ia1 = Ia2

Essa condição colocada nos circuitos equivalentes de seqüências positiva , negativa e zero
nos permite deduzir aspectos importantes:

ia1
Z1

Seq. + Ea Va1 = Ea - Z1.ia1


Va1

ia2
Z2

Va2 = - Z2.ia2
Va2
Seq. -

ia0
Z0

Va0 = - Z0.ia0
Seq. 0 Va0

Figura 6.20 – Condições de curto fase-terra nos Diagramas de Impedância

Como Ia0 = Ia1 = Ia2 tem-se:

Va1 = Ea1 – Z1. Ia1

Va2 = - Z2. Ia1

Va0 = - Z0. Ia1

Como Va1 + Va2 + Va0 = Va = 0

Ea1 – Z1.Ia1 – Z2.Ia2 – Z0.Ia0 = 0

Ia1 = Ea1 / (Z1+Z2+Z0)

Lembrando que Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2

Ia = 3.Ia1 = 3. Ea1 / (Z1+Z2+Z0)

Onde:

Ea1 = VTh de seqüência positiva no ponto em curto

Z1 = ZTh de seqüência positiva vista do ponto de curto.

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Z2 = ZTh de seqüência negativa vista do ponto de curto. (= Z1)

Z0 = ZTh de seqüência zero vista do ponto de curto.

Conhecendo-se as sequências positiva, negativa e zero de uma das fases (Ia0 = Ia1 = Ia2),
pode-se determinar as de outras fases, como já visto na teoria de componentes simétricos.

Conhecendo os componentes simétricos de uma fase, pode-se determinar os valores desta


fase.

Do que foi visto, verifica-se que para o cálculo de curto-circuito fase-terra, coloca-se os
diagramas de seq. +, - e 0 em série, a partir do ponto em curto-circuito:

Va1
V(I) V(II) Seq. +
ia1(I) ia1(II)

Z1(I) ia1 Z1(II)

Va2

ia2(I) ia2(II) Seq. -

Z2(I) Z2(II)
ia2

Va0
Seq. 0
ia0(I) ia0(II)

Z0 (I) ia0 Z0 (II)

Figura 6.21 – Cálculo de curto-circuito fase-terra pelo método Thevenin

Nota-se na figura que Ia0 = Ia1 = Ia2 . Para cada contribuição (lado I e lado II) pode-se
determinar as correntes pela divisão de correntes.

7.5.2 Seqüência Prática de Cálculos

a) Estabelecer as Bases do estudo.

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b) Determinas os diagramas de impedância, nas três sequências, em p.u. na base


estabelecida para o estudo.

c) Identificar o ponto de curto-circuito em cada um dos diagramas.

d) Interligar os diagramas em série. A referência da corrente é sempre “saindo” do


diagrama.

e) Determinar a tensão de pré falta ponto de curto circuito (VTh).

f) Determinar as impedâncias de Thevenin (ZTh), de sequencia positiva e zero. A de seq.


negativa é igual à da seq. positiva.

g) Interligar os diagramas de Thevenin em série.

Va1
Vf+=VTh
ia1

Z1

Va2

ia2

Z2

Va0

ia0

Z0

Figura 6.22 – Cálculo da corrente total de curto-circuito fase-terra pelo método Thevenin

h) Calcular Ia0 = Ia1 = Ia2

i) Voltar aos diagramas interligados (Item d anterior) e efetuar as divisões de corrente


pelos vários ramos, em cada seqüência.

j) Para cada ramo tem-se, então, as correntes de seq. +, - e 0.na fase em curto. Pode-se
determinar as componentes simétricas das demais fases, lembrando que:

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a0
Sequência Zero (0)
b0 Sistema Trifásico
Fasores iguais (módulo e ângulo) nas três fases.
c0

a1

Sequência Positiva (1)

Sistema Trifásico
Fasores iguais em módulo e defasados 120 graus
Sequência de fases a, b, c (original do sistema)

c1 b1

a2

Sequência Negativa (2)

Sistema Trifásico
Fasores iguais em módulo e defasados 120 graus
Sequência de fases c,b,a (inversa ao original)

b2 c2

Figura 6.23 – Características de Componentes Simétricos

k) Conhecendo-se as componentes de cada fase, calcula-se os valores de fase a, b e c.

l) Caso as condições de pré-falta (carga) interessem, sobrepor os efeitos da carga, fase


por fase.

m) Para cada ponto do sistema, por simples resolução de circuito elétrico, pode-se
determinar Va0 , Va1 e Va2. Compondo-se essas componentes simétricas, tem-se os
valores de fase. Por exemplo, para a fase a, Va = Va0 + Va1 + Ia2

n) Lembrar também que para a corrente de neutro tem-se a relação:

IN = 3. I0

7.5.3 Curto-circuito envolvendo transformador triângulo-estrela

Vamos supor um curto circuito fase-terra no lado da baixa tensão de um transformador em


derivação, conforme figura a seguir.

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Lado
Fonte

Figura 6.24 – Curto fase-terra no lado da BT de um transformador triângulo-estrela

Haverá corrente em uma fase do lado estrela aterrado e corrente em duas fases do lado da
linha, fora do triângulo. A compensação de ampères espiras (princípio de funcionamento
do transformador) explica este fato.

Em termos de componentes simétricos, onde se separa o sistema desequilibrado em três


sistemas equilibrados, cada um deles com uma característica específica (seqüência
positiva, negativa e zero), tem-se a seguinte representação:

I1 LT + 30 Graus I1A

Z1 LT Z1 TR
Z1Sist
I2B I1C
I2A I1A
I0A
I2 LT I2A I0B
- 30 Graus
I2C I1B I0C
Z2LT Z2TR
Z2Sist

I1C I2B
I0C I0B I0A
I0 LT = 0 I0A I1A
I2A
Z0LT
Z0Sist I2C I1B
Z0TR

IC = 0 IB = 0 = IA

Figura 6.25 – Componentes simétricas para curto fase-terra no lado da BT

Isto é, há corrente na fase A e não nas duas outras fases. A teoria de cálculo de curto
circuito utilizando circuitos equivalentes mostra que as condições de carga, antes do curto-
circuito, devem ser somadas às condições calculadas de curto-circuito para se obter as
correntes das fases.

No lado da LT, lado de alta tensão do transformador, não há corrente de seqüência zero,
mas apenas de seqüência positiva e negativa. Considerando que há rotação de –30 Graus
para a seqüência positiva e + 30 graus para a seqüência negativa, temos:

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I1LT + 30 Graus I1A

I1CLT I1ALT
I1C
Z1LT Z1TR + 30 Graus
Z1Sist
I1A

I1BLT
I1B No Lado BT
Na LT
(Curto)
I2LT I2A I2BLT I2B
- 30 Graus - 30 Graus I2A

Z2LT Z2TR
Z2Sist I2ALT
I2CLT I2C

I0LT = 0 I0A I2BLT I1ALT I1CLT


IALT ICLT
Z0LT
Z0Sist Z0TR I1BLT I2ALT I2CLT

IBLT = 0 Na LT

Figura 6.26 – Componentes simétricas no lado AT para curto fase-terra no lado da BT

Comprova-se que há corrente em duas fases, sendo opostas. Em grandeza por unidade, o
valor é 1,732 vezes o valor p.u. da corrente de curto do lado da BT.

7.5.4 Exemplo de cálculo

A B
Barra Infinita (fonte
extremamente forte)

G TR1 LT E
TR2
60 MVA 75 MVA F
12,7 kV 13,8 / 69 kV R=0 75 MVA
X”d = 0,20 pu X=8% j X = j 10 ohms 69 / 230 kV
X0 = 15% RN = 2 ohms j X0 = j 25 ohms X=8%

Figura 6.32 – Sistema exemplo para cálculo de curto-circuito fase-terra

a) Calcular as correntes subtransitórias para curto-circuito da fase a para terra na barra B.

b) Calcular as contribuições vindas do TR1 e da LT, em 69 kV.

c) Tensão de pré-falta em B = 69 kV. Desprezar a carga.

Escolha das Bases

Vamos escolher uma base de 100 MVA de potência e 69 kV na LT. Assim:

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BASES Trecho Gerador Tr1 Trecho LT Tr2 Trecho Sistema


Tensão 13,8 kV 1:5 69 kV 1:3,333 230 kV
Potência 100 MVA
2 2
Impedância (13,8) / 100 = (69) / 100 = 47,61 (230)2 / 100 = 529 ohms
1,9044 ohms ohms
Corrente 100.000 / (1,732 x 100.000 / (1,732 x 69) 100.000 / (1,732 x 230)
13,8) = 4.183,8 A = 836,8 A = 251 A

Cálculo e montagem dos diagramas de impedâncias

Gerador
⎛ 12,7 2 ⎞
⎜ 60 ⎟
Seqüência positiva (e negativa): X "d = 0,20.⎜ 2 ⎟ = 0,2823 pu na base do estudo
⎜ 13,8 ⎟
⎝ 100 ⎠

⎛ 12,7 2 ⎞
⎜ 60 ⎟
Seqüência zero: X 0 = 0,15.⎜ 2 ⎟ = 0,2117 pu na base do estudo
⎜ 13,8 ⎟
⎝ 100 ⎠

Transformador TR1

⎛ 13,82 ⎞
⎜ 75 ⎟
X = 0,08.⎜ 2 ⎟ = 0,1067 pu na base do estudo
⎜ 13,8 ⎟
⎝ 100 ⎠

2
RN = 2
= 0,042 pu na base do estudo 3.R N = 0,1260
69
100

LT

10
X= = 0,2100 pu na base do estudo
69 2
100

25
X0 = = 0,5251 pu na base do estudo
69 2
100

Transformador TR2

⎛ 230 2 ⎞
⎜ 75 ⎟ = 0,1067 pu na base do estudo
X = 0,08.⎜ 2 ⎟
⎜ 230 ⎟
⎝ 100 ⎠

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Barra Infinita

X=0 R=0

Tensão de Pré Falta

V = 69 / 69 (base) = 1 /0o pu

A B C D
j 0,2823 j 0,2100

j 0,1067 j 0,1067

Vf = 1,0 /0 graus

Figura 6.33– Diagrama de Seqüência Positiva

A B C D A B C D
j 0,2823 j 0,2100 j 0,2117 j 0,5251

j 0,1067 j 0,1067
j 0,1067
j 0,1067

0,1260

Figura 6.34 – Diagrama de Seqüência Negativa Figura 6.29 – Diagrama de Seqüência Zero

Para determinar o curto-circuito na barra B, coloca-se esses diagramas em série, por essa
barra:

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j 0,1067 j 0,1067

B
j 0,2823 j 0,2100
A C D
ia1

j 0,1067 j 0,1067

B
j 0,2823 j 0,2100
A C D
ia2

3 x 0,042
= 0,1260

j 0,1067
j 0,1067

j 0,2117 B j 0,5251
A C D
ia0

Figura 6.35 – Modelagem de curto-circuito fase-terra

Cálculo das impedâncias de Thevenin

Sequências positiva e negativa:

Lado do gerador: z = j (0,2823 + 0,1067) = j 0,3890

Lado da linha: z = j (0,2100 + 0,1067) = j 0,3167

ZTh + = j (0,3890 x 0,3167) / (0,3890 + 0,3167) = j 0,1746

ZTh - = j 0,1746

Sequências zero:

Lado do trafo: z = 0,1260 + j 0,1067 = 0,1651 /40,26o

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Lado da linha: z = j (0,5251 + 0,1067) = j 0,6318 = 0,6318 /90o

ZTh 0 = (0,1651 /40,26o x 0,6318 /90o) / (0,1260 + j 0,1067 + j 0,6318)

ZTh 0 = (0,1043 /130,26o / (0,1260 + j 0,7385)

ZTh 0 = 0,1043 /130,26o / 0,7492 /80,3o

ZTh 0 = 0,1392 /49.96o = 0,08955 + j 0,1066

Cálculo da corrente total para cada seqüência

Va1
o
1,0 /0
ia1

j 0,1746

Va2

ia2

j 0,1746

Va0

ia0

0,08955 + j 0,1066

Figura 6.36 – Cálculo das correntes totais das sequências

i = ia1 = ia2 = ia0 = 1 /0o / ( j 0,1746 + j 0,1746 + 0,08955 + j 0,1066)

i = ia1 = ia2 = ia0 = 1 /0o / (0,08955 + j 0,4558) = 1 /0o / 0,4645 /78,9o

i = ia1 = ia2 = ia0 = 2,1528 /-78,9o pu

Corrente total na fase a:

ia = ia1 + ia2 + ia0 = 3 x 2,1528 /-78,9o pu = 6,4584 /-78,9o pu

Em ampères (corrente total de curto na fase a):

Ia = pu x Ibase = 6,4584 /-78,9o x 836,8 A = 5.404 /-78,9o A

Divisão de corrente na seqüência positiva:

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j 0,3890 j 0,3167

A B C D

ia1 ‘ ia1 “

ia1 =2,1528 /-78,9o

Figura 6.37 – Divisão de corrente na seqüência positiva

ia1’ = 2,1528 /-78,9o x ( j 0,3167 ) / (j 0,3890 + j 0,3167)

ia1’ = 2,1528 /-78,9o x 0,4488

ia1’ = 0,9662 /-78,9o = 0,1860 – j 0,9481 pu

ia1” = 2,1528 /-78,9o - 0,9662 /-78,9o = 1,1866 /-78,9o = 0,2284 – j 1,1644 pu

Divisão de corrente na seqüência negativa:

j 0,3890 j 0,3167

A B C D

ia2 ‘ ia2 “

ia2 =2,1528 /-78,9o

Figura 6.38 – Divisão de corrente na seqüência negativa

ia2’ = 0,9662 /-78,9o = 0,1860 – j 0,9481 pu

ia2” = 1,1866 /-78,9o = 0,2284 – j 1,1644 pu

Divisão de corrente na seqüência zero:

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0,1651 /40,26

90
0,1260 8/
31
0,6
j 0,1067 j 0,1067
A C D
B j 0,5251

ia0 “
ia0 ‘

ia0 =2,1528 /-78,9o

Figura 6.39 – Divisão de corrente na seqüência zero

ia0 ’ = 2,1528 /-78,9o x ( j 0,6318 ) / (0,1260 + j 0,1067 + j 0,6318)

ia0 ’ = 2,1528 /-78,9o x ( j 0,6318 ) / (0,1260 + j 0,7385)

ia0 ’ = 2,1528 /-78,9o x ( 0,6318 /90o ) / (0,7492 /80,3o)

ia0 ’ = 1,8154 /- 69,2o = 0,6447 – j 1,6971

ia0 “ = 2,1528 /-78,9o x ( 0,1651 /40,26o ) / (0,1260 + j 0,1067 + j 0,6318)

ia0 “ = 2,1528 /-78,9o x (0,1651 /40,26o) / (0,7492 /80,3o)

ia0 “ = 0,4744 /-118,94o = - 0,2296 – j 0,4152

Composição de correntes para cada lado

Lado do transformador

ia ’ = ia1 ’ + ia2 ’ + ia0 ’

ia ’ = 0,1860 – j 0,9481 + 0,1860 – j 0,9481 + 0,6447 – j 1,6971

ia ’ = 1,0167 – j 3,5933 = 3,7344 /-74,2o pu (3,7344 x 836,8 = 3.125 A)

Lado da linha

ia “ = ia1 “ + ia2 “ + ia0 “

ia “ = 0,2284 – j 1,1644+ 0,2284 – j 1,1644 - 0,2296 – j 0,4152

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ia “ = 0,2272 – j 2,744 = 2,7534 /-85,3o pu (2,7534 x 836,8 = 2.304 A)

Diagrama elucidativo

Seq. +
A B C D

ia1 ‘= 0,9662 /-78,9o ia1" = 1,1886 /-78,9o

ia1 =2,1528 /-78,9o

Seq. -

A B C D

ia2 ‘= 0,9662 /-78,9o ia2" = 1,1886 /-78,9o

ia2 =2,1528 /-78,9o

Seq. 0

A
B C D

ia0 ' = 1,8154 /-69,2o ia0 " = 0,4744 /-118,94o

ia0 =2,1528 /-78,9o

Figura 6.40 – Divisão de correntes

Cálculo das correntes nas fases do Lado do transformador

Seqüência positiva

ia1’ = 0,9662 /-78,9o pu


ib1’ = 0,9662 /-120 -78,9o = 0,9662 /+ 161,1o pu
ic1’ = 0,9662 /+120 -78,9o = 0,9662 /+ 41,1o pu

Seqüência negativa

ia2’ = 0,9662 /-78,9o pu


ib2’ = 0,9662 /+120 -78,9o = 0,9662 /+ 41,1o pu

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ic2’ = 0,9662 /-120 -78,9o = 0,9662 /+ 161,1o pu

Seqüência zero

ia0 ’ = 1,8154 /-69,2o


ib0 ’ = 1,8154 /-69,2o
ic0 ’ = 1,8154 /-69,2o

Cálculo das correntes nas fases do Lado da linha

Seqüência positiva

ia1” = 1,1886 /-78,9o


ib1” = 1,1886 /-120 -78,9o = 1,1886 /+ 161,1o
ic1” = 1,1886 /+120 -78,9o = 1,1886 /+ 41,1o

Seqüência negativa

ia2” = 1,1886 /-78,9o

ib2” = 1,1886 /+120 -78,9o = 1,1886 /+ 41,1o

ic2” = 1,1886 /-120 -78,9o = 1,1886 /+ 161,1o

Seqüência zero

Ia0 “ = 0,4744 /-118,94o

Ib0 “ = 0,4744 /-118,94o

ic0 “ = 0,4744 /-118,94o

Valores nas fases do lado do Transformador

ia ’ = 1,0167 – j 3,5933 = 3,7344 /-74,2o pu

ib ’ = ib1 ’ + ib2 ’ + ib0 ’ = 0,9662 /+ 161,1o + 0,9662 /+ 41,1o + 1,8154 /-69,2o


ib ’ = - 0,9141 + j 0,3130 + 0,7281 + j 0,6352 + 0,6447 - j 1,6971

ib ’ = 0,4587 – j 0,7466 = 0,8781 /- 58,4o pu

ic ’ = ic1 ’ + ic2 ’ + ic0 ’ = 0,9662 /+ 41,1o + 0,9662 /+ 161,1o + 1,8154 /-69,2o

ic ’ = 0,4587 – j 0,7466 = 0,8781 /- 58,4o pu

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Valores nas fases do lado da linha

ia “ = 0,2272 – j 2,744 = 2,7534 /-85,3o pu

ib “ = ib1 “ + ib2 “ + ib0 “ = 1,1886 /+ 161,1o + 1,1886 /+ 41,1o + 0,4744 /-118,94o

ib “ = - 1,1245 + j 0,3850 + 0,8957 + j 0,7814 – 0,2296 – j 0,4152

ib “ = - 0,4584 + j 0,7512 = 0,8781 / + 121,6o pu

ic “ = ic1 “ + ic2 “ + ic0 “ = 1,1886 /+ 41,1o + 1,1886 /+ 161,1o + 0,4744 /-118,94o

ic “ = - 1,1245 + j 0,3850 + 0,8957 + j 0,7814 – 0,2296 – j 0,4152

ic “ = - 0,4584 + j 0,7512 = 0,8781 / + 121,6o pu

A seguir é mostrado o diagrama trifilar elucidativo dos valores calculados.


B
Ic’ = 0,8781 / -58,4 pu Ic” = 0,8781 / + 121,6 pu

Ib’ = 0,8781 / -58,4 pu Ib” = 0,8781 / + 121,6 pu

Ia’ = 3,7344 /-74,2 pu


Ia” = 2,7534 /-85,3 pu

RN

Ia = 6,4584 /-78,9 pu

3.I0’ = 3x1,8154 /-69,2 pu


3.I0’’ = 3x0,4744 /-118,9 pu
IN’ = 3.I0’ = 5,4462 /-69,2 pu
IN’’ = 3.I0’’ = 1,4232 /-118,9 pu

Figura 6.41 – Diagrama trifilar com indicação das correntes calculadas

Para se conhecer os valores em ampères, basta multiplicar os valores p.u. pela base de
corrente do estudo, para o trecho da LT.

FERRAMENTAS DE ANÁLISE PARA ENGENHEIROS E TÉCNICOS Curto-Circuito 128 de 135


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7.5.5 Exercício Proposto

No exercício anterior, calcular as correntes em (A) em cada fase do Gerador (lado 13,8 kV
do TR1). Considerar que há rotação de + 30 graus, para a seqüência positiva, quando se
passa do lado estrela para o lado delta.

I A (a-b) Ic = 0,8781 / -58,4 pu

Ib = 0,8781 / -58,4 pu

b
IB (b-c) b
Gerador a c
Ia = 3,7344 /-74,2 pu
a
c

I C (c-a) RN

IN ’ = 3.I 0 ’ = 5,4462 /-69,2 pu

SOLUÇÃO 1

Da resolução do exercício temos as correntes de contribuição do lado do transformador:

ia1 = 0,9662 |-78,9o pu

ib1 = 0,9662 |-120 -78,9o pu = 0,9662 |+161,1o pu

ic1 = 0,9662 |+120-78,9o pu = 0,9662 |+41,1o pu

ia2 = 0,9662 |-78,9o pu

ib2 = 0,9662 |+120 -78,9o pu = 0,9662 |+41,1o pu

ic2 = 0,9662 |-120-78,9o pu = 0,9662 |+161,1o pu

ia0 = 0,9662 |-69,2o pu

ib0 = 0,9662 |-69,2o pu

ic0 = 0,9662 |-69,2o pu

Para obtermos os valores de corrente do lado delta do transformador, para os fasores de


sequência positiva, somamos (+30o ) e para os fasores de sequência negativa, somamos
(-30o):

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ia1d = 0,9662 |+30 -78,9o pu = 0,9662 |-48,9o

ib1d = 0,9662 |+30 +161,1o pu = 0,9662 |-168,9o

ic1d = 0,9662 |+30 +41,1o pu = 0,9662 |+71,1o

ia2d = 0,9662 |-30 -78,9o pu = 0,9662 |-108,9o

ib2d = 0,9662 |-30 +41,1o pu = 0,9662 |+11,1o

ic2d = 0,9662 |-30 +161,1o pu = 0,9662 |+131,1o

Portanto do lado delta do transformador temos:

iad = ia1d + ia2d = 0,9662 |-48,9o + 0,9662 |-108,9o =

= 0,6352 -j0,7281 -0,3129 -j0,9141 = 0,3223 -j1,6422 = 1,6735 |-78,9o pu

ibd = ib1d + ib2d = 0,9662 |-168,9o + 0,9662 |+11,1o =

= -0,9481 -j0,1860 + 0,9481 +j0,1860 = 0

icd = ic1d + ic2d = 0,9662 |+71,1o + 0,9662 |+131,1o =

= 0,3129 +j0,9141 -0,6351 +j0,7281 = -0,3222 +j1,6422 = 1,6735 |101,1o pu

Portanto:

IA = iad = 1,6735 |-78,9o pu

IB = ibd = 0

IC = icd = 1,6735 |101,1o pu = -1,6735 |-78,9o pu

Ibase = 100.000 / (1,732 x 13,8) = 4.183,82 A

Logo:

IA = 1,6735 x 4.183,82 = 7.002 A

IB = 0

IC = 1,6735 x 4.183,82 = 7.002 A

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Solução 2 ( Trabalhando com as correntes em Amperes)

IC = 0,8781 |-58,40
(734,68 A)

IA

IB = 0,8781 |-58,40
IAD (734,68 A)
734,68 |-58,4o A
734,68 |-58,4o A

IB IAC
IAB
3.124,81 |-74,2o A

IC

IA = 3,7344 |-74,20
(3.124,81 A)

Ibase = 100.000 / (1,732 x 69) =


= 836,7641 A

Para “passar” a corrente em amperes do lado estrela para o lado delta, observar que a
relação de transformação não é 13,8 : 69 (ou 1:5) e sim 1 : 2,8868 (relação de
transformação entre fases)

Portanto:

IAD = 3.124,81 |-74,2o x 2,8868 A = 9.020,70 |-74,2o

IBD = 734,68 |-58,4o x 2,8868 A = 2.120,87 |-58,4o

ICD = 734,68 |-58,4o x 2,8868 A = 2.120,87 |-58,4o

Corrente fora do delta:

IA = IAD - IBD = 9.020,70 |-74,2o - 2.120,87 |-58,4o =

= 2.456,1584 -j8.679,8799 -1.123,889 +j 1.798,5998 = 1.332,2694 -j6.881,2801 =

= 7.009,06 |-79,04o A

IB = IBD - ICD = 0

IC = ICD - IAD = 2.120,87 |-58,4o - 9.020,70 |-74,2o =

= 1.123,889 -j1.798,5998 -2.456,1584 +j8.679,8799 = -1.332,2694 +j6.881,2801 =

= 7.009,06 |100,96o A = -7.009,06 |-79,04o A

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Solução 3: (trabalhando com as correntes em pu)

Para “passar” a corrente em pu do lado estrela para o lado delta, observar que existe um
fator 3

Portanto temos que:

IAD = (3,7344 / 3 ) |-74,2o pu = 2,156 |-74,2o pu

IBD = (0,8781 / 3 ) |-58,4o pu = 0,507 |-58,4o pu

ICD = (0,8781 / 3 ) |-58,4o pu = 0,507 |-58,4o pu

A corrente fora do delta será:

IA = IAD - IBD = 2,156 |-74,2o pu - 0,507 |-58,4o pu = 0,587 -j2,0745 -0,2657 +j 0,4318

= 0,3213 -j1,6427 = 1,6738 |-78,9o pu

IB = IBD - ICD = 0

IC = ICD - IAD = 0,507 |-58,4o pu - 2,156 |-74,2o pu = 0,2657 -j0,4318 -0,587 +j2,0745

= -0,3213 +j1,6427 = 1,6738 |101,06o pu = -1,6738 |-78,9o pu

Como Ibase = 100.000 / (1,732 x 13,8) = 4.183,82 A temos:

IA = 1,6738 |-78,9o pu x 4.183,82 = 7.002 |-78,9o A

IB = 0

IC = 1,6738 |101,1o pu x 4.183,82 = 7.002 |101,1o A = -7.002 |-78,9o A

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7.6 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO

7.6.1 Conceito

A figura a seguir mostra as condições de contorno de um curto-circuito bifásico:

B
Sistema I Sistema II
A

Ifc=0 Ifb Ifa

Figura 6.42 – Curto-circuito Bifásico

No ponto de curto circuito: Va = Vb. E as correntes totais são: Ia = -Ib e Ic = 0. A figura a


seguir mostra um oscilograma real de um curto circuito bifásico.

IA IB IC 3I 0 VA VC VB
5000
0
IA

- 5000
5000
0
IB

- 5000
5000
0
IC

- 5000
2000
1000
3I0

-0
25
VC VB VA

0
- 25
25
0
- 25

4 8 12
Cy c e
ls

Figura 6.43 – Oscilograma de curto-circuito bifásico

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Pode-se mostrar que para calcular um curto-circuito bifásico, coloca-se os diagramas de


seqüência positiva e negativa em paralelo. Não há seqüência zero pois não há terra.

ia1 ia2

ia1(I) ia1(II) ia2(I) ia2(II)

Z1(I) Z1(II) Z2(I) Z2(II)

V(II) Va2
V(I) Va1

Seq. + Seq. -

Figura 6.44 – Modelagem de Curto-circuito Bifásico

7.7 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO-TERRA

7.7.1 Conceito

A figura a seguir mostra as condições de contorno de um curto-circuito bifásico:

B
Sistema I Sistema II
A

Ifc=0 Ifb Ifa

Ifb+Ifa

Figura 6.49 – Curto-circuito Bifásico-Terra

Verifica-se que Vb = Vc = 0 no ponto de curto. E que Ic =0.

Pode-se mostrar que para calcular um curto-circuito bifásico, coloca-se os diagramas de


seqüência positiva e negativa em paralelo. Não há seqüência zero pois não há terra.

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ia1
ia2 ia0

ia1(I) ia1(II) ia2(I) ia2(II) ia0(I) ia0(II)

Z1(I) Z1(II) Z2(I) Z2(II) Z0(I) Z0(II)


V(I) V(II) Va2 Va0
Va1

Seq. + Seq. - Seq. 0

Figura 6.51 – Modelagem de curto-circuito Bifásico-Terra

São Paulo, abril de 2006.

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