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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS – CESCAGE

http://www.cescage.edu.br/publicacoes/technoeng
3ª Edição/Jan – Jul de 2011
ISSN 2178-3586

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ÁREAS CLASSIFICADAS

ELECTRICAL INSTALLATIONS IN HAZARDOUS AREA

Carlos Eduardo Spinassi Elias1; LoílsonSerber Vieira2; Mauricio Biczkowski3


1
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – Ponta Grossa – Brasil
engenharia_carlos@yahoo.com.br
2
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – Ponta Grossa – Brasil
loilsonvieira@gmail.com
3
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE – Ponta Grossa – Brasil
Orientador
mauricio_bic@yahoo.com.br / mauricio.cescage@gmail.com

Resumo: O objetivo deste artigo é expor conceitos sobre instalações elétricas


em áreas classificadas citando métodos de escolha e classificação dos
equipamentos e cada tipo de área classificada. Principalmente visamos alertar
usuários, sendo leigos ou não; instaladores, equipes de manutenção e
projetistas de instalações elétricas ou de equipamentos em áreas classificadas
para conscientização da importância da existência, correto dimensionamento e
boa utilização dos equipamentos especiais.

Palavras-chave: instalações elétricas, áreas classificadas, segurança.

Abstract: The aim of this paper is to present concepts on electrical installations


in hazardous areas citing the best methods and classification of equipment and
each type of hazardous area. Primarily we aim to alert users, and lay or not,
installers, maintenance crews and designers of electrical installations or
equipment in hazardous areas to raise awareness of the importance of, proper
design and proper use of special equipment.

Key-words: electrical installations, hazardous areas, security.


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ISSN 2178-3586

INTRODUÇÃO

Por área classificada entende-se todo local onde haja risco de incêndio ou explosão
devido à presença de gases ou substâncias inflamáveis / explosivas sujeitas a entrar em
combustão a partir de fontes de ignição como arcos e faíscas geradas pela abertura e
fechamento de contatos ou por superaquecimento de algum equipamento em condições
normais de operação ou em condições de falha (ABPEX, 2006, p. 9).
Para evitar que essas fontes de ignição comprometam a segurança das instalações e
pessoas que as utilizam, são adotados métodos construtivos na fabricação dos equipamentos
que serão utilizados nessas áreas. Tudo de forma a evitar que a atmosfera explosiva seja
exposta aos riscos citados acima. Tais equipamentos são conhecidos como equipamentos “Ex”.
No Brasil, a norma que regulamenta essas instalações e equipamentos é a NBR 5418,
atualmente em vigor é a versão de maio de 1995. A norma estrangeira é a NEC
(NationalElectricalCode).

ESCOLHA DOS EQUIPAMENTOS

E como é feita a escolha desses equipamentos “Ex”? Que critérios devem ser
utilizados? Primeiramente, devemos entender as três soluções utilizadas na construção desses
equipamentos que são: confinar as fontes de ignição, segregar as fontes de ignição e reduzir os
níveis de energia para valores abaixo do necessário para que a mistura presente no ambiente
seja inflamada. (ABPEX, 2006).
A
Tabela 1 mostra cada tipo de proteção oferecida pelo equipamento, o princípio
construtivo utilizado e o código que cada proteção recebe, este sendo o primeiro passo para a
correta escolha do equipamento.
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Método de proteção Código Princípios


À prova de explosão Ex-d Confinamento
Pressurizado Ex-p
Encapsulado Ex-m
Segregação
Imersão em óleo Ex-o
Imerso em areia Ex-q
Ex-ia
Intrinsicamente seguro
Ex-ib
Supressão
Segurança aumentada Ex-e
Não acendível Ex-n
Qualquer solução diferente
Especial Ex-s
das anteriores

Tabela 1 - Métodos de proteção

Fonte: Adaptado de ABPEX (2006)

ESCOLHA EM FUNÇÃO DO GRUPO

Outro critério que pode ser utilizado na escolha dos equipamentos “Ex” é a escolha em
função do grupo, pois como cada tipo de produto inflamável tem características físico-
químicas e graus de periculosidade diferentes, foram classificados em dois grupos:
 GRUPO I: equipamentos fabricados para operar em minas subterrâneas.
 GRUPO II: equipamentos fabricados para operar em indústrias de superfície.
(ABPEX, 2006).

Sendo que o grupo II é sub dividido em três subgrupos:


 IIA: substâncias derivadas do petróleo;
 IIB: elementos da família do eteno;
 IIC: hidrogênio e acetileno. (ABPEX, 2006).
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Listadas na Tabela 2 estão as substâncias pertencentes a cada grupo:

Grupo de periculosidade Produto


I Gás grisú

Acetona
Amônia
Benzeno
Butano
Ciclohexano
IIA
Gasolina
Hexano
Propano
Tolueno
Xileno
IIB Etileno
Ciclopropano
Sulfeto de
hidrogênio
IIC Hidrogênio
Acetileno

Tabela 2 - Grupos de periculosidade

Fonte: ABPEX (2006, p. 14)

ESCOLHA EM FUNÇÃO DA CLASSE DE TEMPERATURA

Um item muito importante e que requer atenção na hora do planejamento e da


escolha de qual equipamento “Ex” utilizar, é a classe de temperatura de utilização, pois alguns
equipamentos, mesmo em condições normais de operação, atuam em temperatura elevada.
Para instalações elétricas convencionais, caso o equipamento esteja em boas condições, esse
grau elevado de temperatura não apresenta risco, porém, em áreas classificadas, é necessário
assegurar que o calor gerado por esses equipamentos não se torne fonte de ignição em
condições normais de operação e nem em condição de falha, evitando que sua superfície se
torne demasiadamente aquecida.
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Por isso os equipamentos “Ex” podem ser escolhidos, também, em função da classe de
temperatura, conforme apresentado na
Tabela 3 - Classes de temperatura:

Temperatura
Classe de temperatura máxima de
superfície
T1 450°C
T2 300°C
T3 200°C
T4 135°C
T5 100°C
T6 85°C

Tabela 3 - Classes de temperatura

Fonte: ABPEX (2006, p. 15)

ESCOLHA EM FUNÇÃO DO ZONEAMENTO

Para facilitar a divisão das áreas classificadas também é possível fazer a escolha dos
equipamentos “Ex” em função do zoneamento. A norma brasileira designa o grau de risco de
cada área como zona e são dividas em zona 0, 1 e 2.
ZONA 0 é o local onde a ocorrência de mistura inflamável ou explosiva é contínua ou
existe por longos períodos. É o caso mais delicado e exige atenção redobrada se comparada
com as outras duas zonas. (ABPEX, 2006).
ZONA 1 é o local onde a ocorrência de mistura inflamável ou explosiva é provável de
acontecer em condições normais de operação dos equipamentos de processo presentes.
(ABPEX, 2006).
ZONA 2 é o local onde a ocorrência de mistura inflamável ou explosiva é pouco
provável de acontecer e, caso aconteça, é por curtos períodos de tempo. (ABPEX, 2006).
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De acordo com a
Tabela 4, podemos verificar os métodosde proteção que devem ser utilizados em cada
zona:

Zonas Método de proteção Código


1e2 À prova de explosão Ex-d
1e2 Pressurizado Ex-p
1e2 Encapsulado Ex-m
1e2 Imersão em óleo Ex-o
0 Imerso em areia Ex-q
Ex-ia
1e2 Intrinsicamente seguro
Ex-ib
1e2 Segurança aumentada Ex-e
0 Não acendível Ex-n
1e2 Especial Ex-s

Tabela 4 - Escolha em função do zoneamento

Fonte: ABPEX (2006, p. 18)

GRAU DE PROTEÇÃO

Existe uma portaria do INMETRO (nº 176/00) que regulamenta que “todos os
equipamentos elétricos instalados em áreas classificadas devem ser certificados (ABPEX, 2006,
p. 18) por entidades credenciadas além de obrigar que esses equipamentos devam ser
acompanhados do certificado e com marcação no equipamento”. (ABPEX, 2006). A
identificação, que deve ser visível no corpo do equipamento, segue o padrão mostrado na
Figura 1:
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Figura 1 - Identificação de equipamento Ex

Fonte: Acervo pessoal (2011).

O item que deve ser observado para identificar qual o tipo de equipamento “Ex” é
apresentado na Figura 2:

Figura 2 - Identificação de equipamento Ex

Fonte: Acervo pessoal (2011).

Através desse código (Figura 2), sabemos que:


 BR: A certificação desse equipamento é brasileira.
 Ex: Mostra que o equipamento possui proteção para área explosiva.
 d: Segundo a Erro! Fonte de referência não encontrada., percebe-se que o
equipamento é à prova de explosão.
 IIB: De acordo com a Tabela 2, este equipamento faz parte do Grupo IIB.
 T5: Pela
 Tabela 3, fica claro que este equipamento faz parte da classe de temperatura
T5 (temperatura de superfície máxima até 100°C).
Além disso, o equipamento apresenta uma informação fornecida pelo fabricante
conhecida como grau de proteção ou índice de proteção (IP), que indica que o equipamento
foi projetado para impedir que sólidos e líquidos adentrem seu interior. Essa informação é
dada em dois dígitos – de zero a oito – sendo que o primeiro dígito informa quais medidas
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construtivas foram tomadas para evitar entrada de sólidos e o segundo dígito representa as
medidas construtivas tomadas para evitar a penetração de líquidos no interior do
equipamento. (ABPEX, 2006).

CONCLUSÃO

Os profissionais que trabalham com áreas classificadas, seja na operação,


dimensionamento, projeto ou na manutenção, devem estar sempre atentos às condições de
operação e às características técnicas dos equipamentos presentes nesses ambientes para que
sempre seja almejada a redução ou, se possível, a eliminação dos riscos presentes a níveis
aceitáveis que não façam com que os equipamentos elétricos se tornem fontes de ignição da
atmosfera explosiva.
O incremento da segurança e confiabilidade das instalações pode ser feito através de
bons trabalhos de prevenção e manutenção, evitando que atmosferas explosivas se
concentrem ou que equipamentos operem em más condições. Através de instalações
adequadas, que utilizem equipamentos “Ex” certificados, e por meio de programas
preventivos de manutenção é possível minimizar os riscos de explosão e, assim, obter a
segurança necessária para o trabalho nessas áreas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APBEX – Associação brasileira para prevenção de explosões. Pequeno manual prático de


instalações elétricas em atmosferas explosivas. 1 ed. 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. Instalações elétricas em áreas explosivas.


1995.

BULGARELLI, R. Instalações elétricas e de instrumentação para áreas classificadas. Disponível


em:
<http://www.osetoreletrico.com.br/web/documentos/fasciculos/Ed36_fasc_EX_capI.pdf><htt
p://www.osetoreletrico.com.br/ose/assets/2c688ee8/ed45_fas_inst_ele_instru_areas_class_c
ap10.pdf>. Acesso em 14 mai. 2011.

BULGARELLI, R. Instalações elétricas em atmosferas explosivas. RPBC/EM. 1 ed. 1998.

JUNK, A. R. A importância das adequações em uma área classificada. Disponível em:


<http://www.osetoreletrico.com.br/web/component/content/article/58-artigos-e-materias-
relacionadas/96-a-importancia-das-adequacoes-em-uma-area-classificada.html>. Acesso em
26 abr. 2011.

MACCOMEVAP. Guia informações técnicas áreas explosivas. Disponível em:


<http://www.maccomevap.com.br/pdf_informativos/Informa%E7%F5es_T%E9cnicas.pdf>. Acesso
em 12 mai. 2011.

MANTECON, V. S. Instalações elétricas em atmosferas explosivas. Disponível em:


<http://www.eq.ufrj.br/links/h2cin/carlosandre/eletrica.pdf>. Acesso em 26 abr. 2011.

RANGEL JUNIOR, E. Equipamentos elétricos e a segurança na indústria do petróleo e gás. Disponível


em: <http://www.internex.eti.br/segpetro.htm>. Acesso em: 12 mai. 2011
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Autores:
Nome completo: Carlos Eduardo Spinassi Elias
Filiação institucional: CESCAGE
Função ou cargo ocupado: Estudante
Endereço completo para correspondência: Rua Otacília Hasselmann de Oliveira, 370 – Jardim
Carvalho. CEP: 84015-800. Ponta Grossa – Paraná – Brasil.
Telefones para contato: (42) 9133-0661 / (42) 3238-7404.
e-mail: engenharia_carlos@yahoo.com.br

Nome completo:LoílsonSerber Vieira


Filiação institucional: CESCAGE
Função ou cargo ocupado: Estudante
Endereço completo para correspondência: Rua Antônio Contim Mendes, 66 – Jardim Esplanada. CEP:
84072-020. Ponta Grossa – Paraná – Brasil.
Telefones para contato: (42) 9916-5902 / (42) 3236-1734.
e-mail: loilsonvieira@gmail.com

Orientador:
Nome completo: Mauricio Biczkowski
Filiação institucional: COPEL DISTRIBUIÇÂO
Função ou cargo ocupado: Engenheiro de Manutenção, Automação, Proteção e Controle
Filiação institucional: CESCAGE
Função ou cargo ocupado: Docente da disciplina Instalações Elétricas II - CESCAGE
Endereço completo para correspondência: Rua Carlos Leopoldo Glaser, 184 – Campo Comprido. CEP:
81220-400. Curitiba – Paraná – Brasil.
Telefones para contato: (41) 9933-8744.
e-mail: mauricio.cescage@gmail.com

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